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RESUMO CONSTITUCIONAL I - Poder Constituinte

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1 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Poder Constituinte 
Poder de constituir, poder de criar as regras de estruturação do Estado, 
partindo-se da premissa de ser em prol do povo. 
Na monarquia ou monopólio de governo dominou o mundo em sua 
história. A ideia de que o povo deveria escolher o seu governante, portanto o 
fim do absolutismo, só se deu com a independência dos Estados Unidos da 
América (13 Colônias Americanas). Este país nunca foi governado por um 
imperador, causando o fim de uma Era ao influenciar a Europa. 
A Revolução Francesa ocorreu apenas em 1789. Emmanuel Joseph 
Saieyès (Abade Saieyès) entendia que o poder deveria ser do povo, sendo 
contrário ao absolutismo. Esse acabou sendo eleito deputado pelo terceiro 
Estado com a Queda da Bastilha e consequentemente a queda do império 
francês, passando a ser República. 
Na França haviam três Estados: Nobreza e alto clero (representando 
apenas 20% da população) e os plebeus. Estes pagavam impostos para 
manter a nobreza e alto clero, realizavam desde as atividades econômicas, 
exercidas nas indústrias, nos comércios, na agricultura, nas profissões 
científicas e liberais e até os serviços domésticos. Exerciam ainda quase a 
totalidade das funções públicas, excluídas apenas aquelas que eram 
injustamente reservadas aos privilegiados, ou seja, os lugares lucrativos e 
honoríficos. 
O poder constituinte é um poder do povo, para o povo, com o povo. 
Democracia é o governo do povo, para o povo, com o povo. 
Art. 1º parágrafo único da CF/88: Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição. 
Quem exerce o poder constituinte é o parlamento, por pessoas que são 
representantes do povo e que foram eleitos. No Brasil vigora o parlamento é 
bicameralista (duas Câmaras, uma dos deputados federais e o Senado 
Federal), e apenas os deputados federais, estaduais e vereadores quem 
representam o povo, sendo os senadores representantes dos Estados. 
A Câmara dos deputados possuem 513 deputados federais para 26 
Estados e DF. A CF diz que nenhum Estado pode ter mais do que 70 ou menos 
do que 08 deputados federais. São Paulo é o único Estado que tem 70 
deputados federais, seguido por Minas Gerais que tem 68, enquanto Roraima, 
Amapá e DF apenas 8. São Paulo tem 70 deputados federais para representar 
40 milhões de paulistas, cada um representando 571000 paulistas. Roraima 
tem aproximadamente 450 mil habitantes, cada deputado representando 
56250. Tratando-se de senadores, cada estado, independentemente da 
quantidade de habitantes, tem três e mais o DF, sendo, portanto, 81 senadores 
no total. 
Não há em nosso ordenamento jurídico nenhuma hipótese de um 
deputado federal, estadual ou vereador ocupar o cargo sem ter recebido voto, 
justamente por serem representantes do povo. Já senador tem essa 
possibilidade, sendo ele o suplente de senador. 
 
 
2 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
A doutrina diz que há dois tipos de poder constituinte: 
1. Poder constituinte originário ou primário: É poder de criar uma nova CF. 
Hoje os deputados federais e senadores não podem criar uma nova CF, 
pois eles não foram eleitos para tal, podendo no máximo alterar a CF e criar 
leis. 
Para criar uma nova CF há a necessidade de uma ruptura da atual CF em 
relação ao período em que ela está em vigor, e haver autorização para se 
convocar uma Assembleia Constituinte. Par isso deve ser criado um 
dispositivo legal autorizando/prevendo a convocação da constituinte na CF 
através de emenda constitucional (PEC). 
Esse poder tem as seguintes características: 
a) Poder soberano: Está acima de todos os demais poderes e pode criar 
regras que bem entender. Não há divisão dos poderes, visto que ele é 
do Estado que representa o povo, logo o poder emana do povo. 
O poder do Estado é uno, logo o que há é a divisão das funções em 
função criadora (Poder Legislativo), administrativa (Poder Executivo) e 
função de aplicar a lei (Poder Judiciário). 
Como forma de evitar o abuso no exercício das funções, os poderes 
podem exercer, além de sua função básica, também a função dos 
demais poderes, o que se denomina "sistema de freios e contrapesos" 
(poder de fiscalizar o outro não somente nas suas funções típicas, mas 
também quando há o abuso na garantia). 
As garantias que são dadas aos seus membros diferenciam um poder 
de outro. Elas não são absolutas, pois podem ser revistas pelos 
poderes. São elas: imunidade parlamentar para o Poder Legislativo, 
trabalhar com o dinheiro público e ser monocrático (trabalhar sozinho) 
para o Poder Executivo e vitaliciedade e inamovibilidade para o Poder 
Judiciário. 
Caso algum dos ministros do STF tome alguma decisão que se entenda 
abusiva, deve ser apresentado ao Senado Federal para que ele 
responda pelo processo de impeachment. Caso o Presidente do 
Senado seja omisso a sua função, perderá seu cargo. 
O poder constituinte está à cima de todos os demais poderes, pois ele 
pode acabar com essas garantias e extinguir os próprios poderes, ou 
ainda dividir ainda mais estes poderes. A CF de 1891 acabou com o 
poder moderador, extinguiu este poder. 
Para uma melhor limitação dos poderes, o Presidente seria apenas 
chefe de Estado e o Primeiro Ministro chefe de Governo, haveria a 
criação do Tribunal Constitucional que ficaria com as questões de 
controle de constitucionalidade, acabaria com o bicameralismo 
formando uma única Casa como ocorre no Perú e no Equador (nos 
quais não existe a figura do Senado), a única Casa receberia o nome de 
Assembleia do povo. 
b) Poder inicial: Cria um novo Estado com novas regras. 
Não pode se alegar direito adquiridos com a antiga constituição após o 
surgimento de uma nova CF, pois esse direito acaba junto com ela. 
 
3 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Exemplo: A CF/67 previa que os militares não pagavam imposto de 
renda, já a CF/88 prevê que "todos são iguais perante a lei" e que 
"homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações". O imposto de 
renda é para todos que ganham a partir de uma quantidade de reais, 
independentemente do que a antiga constituição previa. 
Quando entrar em vigor uma nova constituição ela pode inclusive mudar 
o nome do país. Exemplo: CF/67 o país de chamava "Estados Unidos 
do Brasil" e com a CF/88 passou a se chamar "República Federativa do 
Brasil". 
c) Poder ilimitado: Surgiram dois posicionamentos doutrinários. 
Para os positivistas o poder constituinte originário é um direito, não há 
limites para ele, podendo criar, mudar e até extinguir todo e qualquer 
direito ou regra (incluindo os direitos fundamentais). A mudança é 
absoluta, ilimitável. Pensadores: Carl Schmitt e José Afonso da Silva. 
Já para os jusnaturalistas o poder constituinte originário não é um 
direito, mas um fato de tal modo que devem ser respeitados os direitos 
fundamentais (como os direitos humanos). A mudança não é absoluta, 
mas sim relativa, havendo limites para impedir o retrocesso. 
Os direitos fundamentais estão relacionados ao direito interno, descrito 
em regra na CF, enquanto os direitos humanos estão relacionados aos 
direitos descritos nos tratados e convenções internacionais. Esses 
tratados não podem ser rompidos de forma unilateral, pois há risco a 
segurança jurídica. Pensadores: Jorge Miranda, Manoel Gonçalves 
Ferreira Filho, Zulmar Fachin, Vladimir Brega Filho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tanto para os jusnaturalistas quanto para os internacionalistas deve o 
poder constituinte originário respeitar os direitos fundamentais, direitos 
humanos e os tratados anteriormente criados, sob pena de colocar em 
riso a segurança jurídica. 
 
Quando surge uma nova constituição, podem ocorrer fenômenos que 
levam também a dúvidas: 
I. Recepção: Para que ocorra a recepção há a necessidade da entrada em 
vigor de uma nova constituição. Os dispositivos normativos 
infraconstitucionais que com a constituição nova estiveram compatíveis,no 
 Pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos): Representa 
o princípio da força obrigatória dos contratos, que diz: se as partes 
estiverem de acordo e desejarem se submeter a regras estabelecidas 
por elas próprias, o contrato obriga seu cumprimento como se fosse lei. 
 A cláusula rebus sic stantibus instrumentaliza a teoria da imprevisão, 
tendo o objetivo de ancorar a execução do contrato às condições 
existentes ao tempo em que as partes manifestaram suas vontades. 
 Com a teoria da imprevisão, faz-se possível a resolução ou revisão do 
contrato quando da ocorrência de fatos novos e imprevisíveis às partes, 
sem que tenham contribuído para a ocorrência. 
 
4 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
ordenamento jurídico permanecerão, e aqueles que com o novo 
ordenamento jurídico constitucional contrariar não serão recepcionados e 
deixarão o ordenamento jurídico. 
Difere-se de revogação, na qual uma lei revoga a outra lei incompatível. 
Quando uma lei revoga outra, a lei anterior torna-se inaplicável (perde sua 
aplicabilidade) deixando o ordenamento jurídico. Uma CF não recepciona 
outras leis incompatíveis. Quando uma CF nova não recepciona um 
dispositivo normativo anterior a ela, o torna ineficaz (perde sua eficácia) 
deixando o ordenamento jurídico. 
A recepção ocorre sobre questões de ordem formal (formalismo) ou material 
(matéria)? Imaginemos que em 1969 (então em vigor a CF/67) entrou em 
vigor a lei X. Esta lei, seguindo o procedimento descrito na CF/67 continuou 
a ter aplicabilidade, até que a CF/88 para aquele tipo de assunto criou um 
novo rito. Se os ritos foram mudados de tal modo que o rito que criou a Lei 
X/69 está incompatível com a CF/88, esta lei X será mantida no 
ordenamento jurídico? O rito para se criar leis na atual CF está no artigo 61 
e seguintes. Sim, será mantido. O STF pacificou o entendimento no sentido 
em que a recepção não recai sobre questões de ordem formal (formalismo). 
O formalismo de um dispositivo infraconstitucional deve ser avaliado no 
momento em que esta lei nasce e entra no ordenamento jurídico, de acordo 
com a constituição que rege aquele momento. Logo, a Lei X/69 deveria 
seguir o rito da CF/67. Se assim o fez, tudo está certo, mesmo que a CF/88 
tenha mudado esta regra. 
Exemplo: O atual código comercial foi criado seguindo o rito determinado 
pela Constituição de 1824. Lei nº 556, de 25 de junho de 1850. 
Exemplo: A Lei Aurea quando foi elaborada e aprovada seguindo o rito da 
Constituição de 1824. Lei nº 3.353 de 13 de maio de 1888. 
Rito foi aquele observado para que ela seja aprovada como projeto de lei 
nas casas do Congresso Nacional e após venha a sofrer a sanção do chefe 
do Executivo. Se para a época em que ela foi criada estava correta 
mantenho aquele rito. 
Exemplo: O CP foi instituído pelo decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940. Quando o CP foi criado, estava em vigor a CF de 1937. Logo o CP 
teve que observar quanto ao seu rito, aquele determinado pala CF/37. 
A CF/88 não prevê a figura legislativa do "decreto-lei" (foi extinta). O CP, 
diante da atual situação da CF/88 que não prevê o decreto-lei, não extinguiu 
o seu rito. O CP pode ser alterado segundo a doutrina e a jurisprudência por 
lei ordinária. Logo apesar de ser um "decreto-lei" o atual CP tem "status" de 
lei ordinária. 
Exemplo: Quando o CTN foi criado estava em vigor a CF/46. Lei nº 5.172, 
de 25 de outubro de 1966. Logo, os assuntos descritos no atual CTN 
criados em 1966 seguiu o rito de lei ordinária, conforme determinava a 
CF/46. Ocorre que na atual CF/88, o mesmo assunto previsto no atual CNT 
deve ser tratado por lei complementar conforme consta do art. 146. Pela 
CF/46 o assunto poderia ser aprovado por maioria simples, mas pela atual 
CF o mesmo assunto deve ser aprovado por maioria absoluta. Neste caso, 
apesar do CTN ser uma lei ordinária, com a entrada em vigor da CF ela 
 
5 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
passou a ter "status" de lei complementar, devendo ser recepcionada como 
tal. 
Segundo o STF, o controle de constitucionalidade sobre o rito (formalismo) 
utilizado na criação do dispositivo normativo deve ser feito levando em 
consideração a constituição que estava em vigor no momento em que ela 
foi aprovada, não pelo rito novo previsto na nova constituição. 
Logo o controle da recepção é feito apenas em relação à matéria (material), 
pois se uma lei criada em uma constituição anterior violar a matéria da atual 
CF, ela deverá deixar o ordenamento jurídico pela não recepção. 
Na recepção ela ocorre de modo tácito pela nova CF, ou seja, a nova CF 
não expressa qual ou quais dispositivos ela manterá no ordenamento 
jurídico. 
Ocorre que há casos em que pode haver divergência entre magistrados. 
Alguns entendem que uma determina lei anterior a CF está em vigor 
(recepcionada) e outros entendem que não foi recepcionada, fato que pode 
gerar insegurança jurídica. Neste caso o STF pode declarar expressamente 
ou não se houve a recepção. 
Exemplo: Lei n. 5250/67 (lei de imprensa), criada na ditadura militar. O STF 
quando do julgamento da ADPF n. 130 reconheceu que a Lei n. 5250/67 
não foi recepcionada pela atual CF, pois viola o direito de informação. 
Supremo julgou a lei de imprensa incompatível com a CF. 
A mesma constituição que garante a liberdade de expressão frisou Celso de 
Mello, garante também outros direitos fundamentais, como os direitos à 
inviolabilidade, à privacidade, à honra e à dignidade humana. Para ele, 
esses direitos são limitações constitucionais à liberdade de imprensa e 
sempre que essas garantias, de mesma estatura, estiverem em conflito, o 
poder judiciário deverá definir qual dos direitos deverá prevalecer, em cada 
caso, com base no princípio da proporcionalidade. 
O instrumento que o STF se utiliza para fazer controle de recepção é a 
ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental). 
Entrada em vigor com uma nova constituição. ⇨ Os dispositivos 
infraconstitucionais contrários a ela deixam o ordenamento jurídico sendo 
reconhecido as suas ineficácias. Ocorre apenas sobre a forma material 
(matéria da lei), pois o formalismo da lei foi avaliado no momento em que foi 
criada no ordenamento (como a lei áurea). ⇨ Se algumas leis no seu rito se 
tornarem incompatível, devem ser mantidas com rito novo (como o CP). ⇨ 
O STF deve ser provocado para dizer expressamente se determinado 
dispositivo foi ou não recepcionado. 
II. Desconstitucionalização: Rebaixamento de um ou mais dispositivos que 
se encontram dentro de uma constituição velha e que é mantido em vigor 
pela nova constituição com natureza infraconstitucional. Deve ocorrer de 
maneira expressa. 
Esse fenômeno é de origem do Direito Português (1975) desde a primeira 
constituição (1824) até a atual (1988). Não foi mantido de forma expressa 
dispositivo de uma constituição anterior, salvo no caso de a grande emenda 
69 que alterou quase 80% da CF/67. 
 
6 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Em 2019 houve nova reforma das regras da previdência social com a 
emenda constitucional nº 103, propondo ao parlamento para que as regras 
da previdência social fossem rebaixadas pra para nível de lei 
complementar. Como forma de uma eventual e futura mudança das regras 
da previdência sejam mais facilitadas. 
III. Repristinação: Lei A foi revogada pela Lei B. O que impede a existência e 
aplicabilidade da Lei A é a existência da Lei B. Posteriormente a Lei B é 
revogada pela Lei C. O motivo que impede a aplicabilidade da Lei A deixa 
de existir, fazendo-a voltar ao ordenamento jurídico pela repristinação. 
Entretanto isso não é possível no ordenamento jurídico, pois causaria 
insegurança jurídica. 
Exemplo: Lei A seria o Código Comercial de 1850 e a Lei B a nova Lei do 
Cheque, que entrou em vigor em 1950 e alterou as regras em relação ao 
Código Comercial revogando a A. A Lei C seria a nova Lei do Cheque de 
2021 que, posteriormente, revogou a Lei B. Pela repristinação,se a Lei A 
voltasse a ter aplicabilidade causaria uma insegurança jurídica, já que são 
opostas. 
No Brasil a repristinação tem proibição expressa na lei. Decreto-lei n. 4657, 
de 4 de setembro de 1942, art. 2 § 3º “Salvo disposição em contrário, a lei 
revogada (a) não se restaura por ter a lei revogadora (b) perdido a 
vigência”. 
Os decretos-leis tem status de lei ordinária, sendo possível a revogação do 
decreto acima por projeto de lei. Este, a princípio, não seria caso de 
inconstitucionalidade, mas não seria capaz de autorizar a repristinação, pois 
se eventualmente haver a repristinação, haverá violação a segurança 
jurídica no ordenamento. 
O princípio da segurança é um direito fundamenta que está no "caput" do 
art. 5 da CF, portanto a proibição da repristinação está implicitamente na 
CF. Na CF a repristinação é uma norma plena, logo não precisa de um 
dispositivo infraconstitucional para regulamentá-la, mas pode ter para 
reforçar a regra. Sua regra material é mantida desde 1942 (vigor a CF/37) 
até hoje com a atual constituição. A revogação do decreto-lei n. 4657 por 
projeto de lei que autoriza a repristinação seria inconstitucional, pois violaria 
o princípio da segurança. O que é realmente proibido é o retorno da lei 
revogada de forma "tácita", mas não a proibição de for expressa. O 
conteúdo da Lei A pode voltar, mas votará em forma de Lei C. Este ato de 
uma terceira lei retornar a primeira de forma expressa não é incidência de 
repristinação. 
IV. Efeito repristinatório: É o ato jurídico pelo qual uma lei revogada (Lei A) 
por outra lei posterior (Lei B) retorna ao ordenamento jurídico pelo fato de a 
lei que a revogou (Lei B) ter sido declarada inconstitucional pelo STF e, 
dessa forma, perdido a sua eficácia. 
A Lei A é revogada pela Lei B, perdendo a sua vigência e devendo ser 
respeitados os atos praticados durante a sua vigência. Segurança jurídica. 
Art. 5 XXXVI da CF: A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito 
e a coisa julgada. 
 
7 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
A Lei B é revogada pela Lei C, perdendo a sua vigência por ato do STF. 
Decreto-lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942, art. 2 § 3º: Salvo disposição em 
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a 
vigência. 
A partir do momento em que a Lei B é declarada inconstitucional pelo STF 
com o controle de constitucionalidade, essa perderá a sua eficácia e não 
apenas a vigência. Se ela é ineficaz, não produz efeito jurídicos, e logo não 
tinha força para revogar a Lei A. Esta não deveria ter deixado o 
ordenamento jurídico e retorna (efeito repristinatório). 
 
 
 Na repristinação há uma Lei A revogada por Lei B que é revogada por 
Lei C. A Lei A voltaria para o ordenamento jurídico. Os atos anteriores 
perdem vigência, logo possuem eficácia quanto ao seu tempo de 
vigência (art. 5 XXXVI da CF) e perdem aplicabilidade a partir do 
momento que a lei nova entra no ordenamento. 
 No efeito respristinatório há uma Lei A revogada por Lei B que é 
declarada inconstitucional por ato do STF (ADI C). O ultimo ato torna 
ineficaz a lei revogadora, portanto os atos praticados durante a vigência 
da B não tem validade e eficácia. 
2. Poder constituinte derivado ou secundário: Poder constituinte derivado 
(secundário) é o poder de se alterar a constituição originária. Assim como 
ocorre com o poder constituinte originário, o poder constituinte derivado 
também possui suas características próprias, sendo elas: 
a) Subordinado: O motivo da existência do poder derivado é a expressa 
previsão pelo poder originário, e disto advém sua terceira característica. 
Exemplo: Art. 60 da CF prevê expressamente a possibilidade de 
alteração da CF original. 
b) Secundário: Está abaixo dos demais poderes. Um ato de modificação 
da CF pode ser declarado inconstitucional pelos poderes. 
c) Limitado: A violação a qualquer das limitações imposta na CF (material, 
formal, circunstancial ou temporal) terá como consequência, a 
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Portanto, todas as leis 
inconstitucionais violaram uma das limitações. A doutrina divide esta 
limitação em quatro formas: 
 Material: Relacionada à matéria, o que pode ou não ser objeto de 
deliberação ou emenda para alterar a CF. A doutrina divide a limitação 
material em explicita/expressa e implícita. 
Limitação material explicita ou expressa: Diz expressamente o que não 
poderá ser objeto de emenda em determinado assunto. O constituinte 
não deixou margem de dúvida sobre a sua intenção, ou seja, a lei diz 
Medida provisória não revoga lei, apenas a suspende. 
 
8 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
textualmente que aquele dispositivo não pode sofrer alterações de um 
ou mais sentidos. 
Exemplo: Art. 60 da CF § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais. Pena de 
morte é vedada. 
Limitação material implícita: Ocorre quando a CF não trata da questão 
de forma explícita ou expressa, mas de forma implícita, de modo que 
haverá a necessidade de se efetuar uma interpretação da causa, do 
fato ou do ato. Esses meandros podem causar uma divergência das 
interpretações da norma. 
Exemplo: A possibilidade ou não de se autorizar o início do 
cumprimento de pena após o julgamento em 2ª instância devido ao 
julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC) 43, 
44 e 54, onde por maioria de votos o STF entendeu haver violação ao 
princípio da presunção de inocência, descrito no artigo 5º, inciso LVII da 
CF. Art. 5 LVII da CF: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória. 
A propositura de um projeto de emenda para autorizar a prisão em 
segundo grau poderia ocorrer, visto que a CF não é expressa, pois não 
diz sobre prisão, mas sobre culpa em seu artigo 5º LVII. Caso dissesse 
“Ninguém será considerado culpado, e consequentemente não poderá 
ter início o cumprimento de pena, enquanto não houver o transito em 
julgado da sentença penal condenatória”. 
Se a prisão de segundo grau fosse uma limitação material explicita não 
caberia a ela emenda constitucional. 
Exemplo: Art. 228 da CF: São penalmente inimputáveis os menores de 
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. Pode ser 
considerada uma limitação material implícita (tornando possível a 
limitação da maioridade) ou explícita (tornando impossível a limitação 
da maioridade). Menores de 18 anos podem ser sentenciados pela 
prática de ato infracional, e na Fundação Casa pode haver maiores de 
18 anos, caso estes tenham cometido a infração aos 17 anos e seu 
cumprimento de pena é de tempo máximo (três anos), ficando, portanto 
até os 21 anos. 
 Formal: É formalística e ritualística, e se divide em subjetiva e objetiva. 
Limitação formal subjetiva: Quem pode apresentar o projeto. 
Art. 60 da CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de 
um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das 
Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Uma proposta de emenda deve ser assinada por 171 membros (1/3 da 
câmara dos deputados), ou 27 senadores (1/3 da câmara do Senado 
Federal), ou o Presidente da República, ou ainda 14 Assembleias 
 
9 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Legislativas das unidades da Federação (mais da metade das 27 
Assembleias Legislativas), manifestando-se, cada uma delas, no 
mínimo 25% dos membros (maioria relativa de seus membros). 
É possível, por exemplo, apresentar proposta de emenda para alterar a 
redação do paragrafo único do artigo 1º da CF para passar a dizer que 
todo poder emana de Deus, entretanto deve-se respeitar o que foi dito 
anteriormente. 
Exemplo: A Assembleia Legislativa de São Paulopossui 94 membros 
(deputados estaduais). Portanto, para uma emenda ser apresentada 
deverá ser assinada por 24 membros (25% dos 94 são 47 membros e 
50% dos 47 são 24). 
Leis no Brasil são criadas pelo Poder Legislativo. Entretanto, o 
Presidente da República é quem tem a maior capacidade de 
apresentação de projetos, inclusive existindo projetos que somente ele 
pode apresentar, como o Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), concessão de 
aumento salarial aos funcionários públicos federais, criação de cargos 
públicos e escolha daqueles que mexem no orçamento. 
Se o Chefe do Poder Executivo sancionar projeto de lei que deveria ser 
de sua autoria exclusiva, mas que foi apresentado por membro do 
legislativo, este vício de iniciativa nunca se convalidará, permanecerá 
ad eternum, ou seja, a qualquer momento pode alguém pode promover 
uma ação direta de inconstitucionalidade. Nasceu com vício, com vício 
permanecerá. 
A Assembleia Legislativa de um Estado pode conceder projetos de lei 
que envolvam finanças. O que não pode é haver intervenção no 
orçamento Executivo. 
O Projeto de Lei nº 476/94, de autoria do então Prefeito Paulo Maluf da 
cidade de São Paulo, foi aprovado pela Câmara Municipal Paulistana, 
transformando-se na Lei nº 11.659/94, que dispunha sobre a 
obrigatoriedade do uso de cinto de segurança pelos ocupantes dos 
bancos dianteiros dos automóveis que circulassem pelo município de 
São Paulo. 
Art. 22 XI da CF: Compete privativamente a União legislar sobre trânsito e 
transporte. 
Referida Lei foi declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo. Contra a decisão da Corte Paulista houve recurso 
ao Supremo Tribunal Federal que no julgamento do Recurso 
Extraordinário nº 227.384-8, tendo como Relator o Ministro Moreira 
Alves, o STF manteve a decisão do TJSP, conforme consta do 
Informativo 273 daquela Suprema Corte. Foi declarada inconstitucional 
por ilegitimidade, violação formal subjetiva, a matéria pode ser 
discutida, mas apenas em âmbito federal, e não municipal. 
Limitação formal objetiva: Procedimento propriamente dito, ritualístico. 
Todo projeto legislativo deve seguir um rito, sendo a primeira etapa a 
apresentação ou legitimidade. 
 
10 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Art. 60 da CF: A constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de 
um terço, no mínimo, dos membros da câmara dos deputados ou do senado 
federal; II - do presidente da república; III - de mais da metade das 
assembleias legislativas das unidades da federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Quanto aos legitimados, esse rol é taxativo. Não cabe a PEC por 
iniciativa popular. Se houver uma proposta de emenda (PEC) via 
inciativa popular e for dado o encaminhamento, será ele 
inconstitucional. Entretanto, se a iniciativa popular for assinada 
posteriormente pelo Presidente da república, ou por ao menos 1/3 da 
Câmara ou do Senado é possível. 
Art. 61 § 2º da CF: A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à 
câmara dos deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por 
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com 
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 
Toda PEC deverá começar sua tramitação pela Câmara dos deputados, 
ressalvado o caso de PEC de iniciativa do senado, onde, neste caso a 
tramitação começará no próprio Senado. A regra é o que a Câmara dos 
deputados funciona como Casa "iniciadora" e o Senado como Casa 
"revisora". A única hipótese em que o Senado será Casa iniciadora 
ocorrerá nos projetos de sua própria iniciativa. 
A PEC uma vez protocolada na secretaria da Casa iniciadora deverá 
ser lida em plenário. A leitura serve para levar ao conhecimento dos 
demais parlamentares da existência de uma nova PEC na Casa. A 
secretaria envia pelo e-mail institucional de cada deputado o projeto. 
Em seguida a PEC é encaminhada para a CCJ (Comissão de 
Constituição e Justiça) que irá emitir um parecer sobre a 
constitucionalidade da questão ou não. Seus membros são eleitos para 
um mandato de dois anos. Nem todo deputado é membro da CCJ, mas 
todo membro da CCJ é membro do parlamento. Uma vez analisada na 
CCJ, a PEC poderá: 
- Ser rejeitada (não irá para o Plenário), se a comissão entender pela 
presença de inconstitucionalidade. Se não preencher os requisitos 
exigidos pela constituição, a comissão decidiu pela sua 
inadmissibilidade. Quando isso ocorre, a carreira da PEC na câmara 
acabou. Ela irá para o arquivo. Nesse caso, diz-se que a decisão da 
CCJ tem caráter terminativo, é uma proposta inconstitucional que não 
irá a plenário. A PEC em questão, por sua vez, deixa de ser examinada, 
a não ser em um único caso, quando o autor da proposta pede sua 
apreciação preliminar pelo plenário. Nesse caso, ele precisará do apoio 
de um terço do total dos deputados que vão decidir apenas se a 
proposta pode ou não ser admitida. Sendo rejeitada a PEC somente 
poderá ser reapresentada no ano seguinte (isso não significa que é um 
ano depois). Um ano seguinte é considerado 2 de fevereiro do ano que 
vem, após o ano que foi apresentada. A não apresentação da PEC 
rejeitada no mesmo ano é em a limitação temporal. 
 
11 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
- Ser aprovada no plenário da câmara dos deputados, sendo 
necessários no mínimo 308 votos (3/5 da Câmara, 513 dividido por 5 e 
o resultado multiplicado por 3 arredondado). Se aprovada, a PEC 
deverá sofrer uma segunda votação, e nesta deverá no mesmo modo 
atingir no mínimo 308 votos (3/5), e caso contrário será rejeitada e vai 
ao arquivo. 
A PEC aprovada na cada iniciadora vai para a Casa revisora e nela 
passará pela mesma ritualística da casa iniciadora. Ao chegar à 
secretaria determina a leitura no plenário do Sedado e é em seguida 
encaminhada para a CCJ do Senado. Esta pode reconhecer a 
inconstitucionalidade da PEC e determinar seu arquivamento e se for 
aprovada na CCJ, irá ao plenário do Senado. Na primeira votação do 
plenário precisa obter maioria de 3/5 (49 votos), caso não obtenha é 
arquivada. No segundo turno de votação precisa novamente obter 
maioria de 3/5 (49 votos), caso não obtenha é arquivada. Ao ser 
aprovada na Casa revisora, questiona-se: 
O projeto foi aprovado com emendas ou não? PEC aprovada na Casa 
revisora sem que esta tenha apresentado qualquer alteração ao projeto 
original é transformada em emenda constitucional, encaminhada para 
promulgação (será dada ciência as Casas de que existe uma nova 
emenda). 
Se a proposta de emeda for aprovada na casa revisora com alteração 
do projeto original, deverá a Casa revisora devolver a PEC para a Casa 
iniciadora. A votação da Casa iniciadora sobre as alterações feitas pela 
Casa revisora será em votação única e poderá ser derrubada por 
maioria absoluta. Se a Casa iniciadora não concorda com a alteração 
feita pela Casa revisora, essa retirará a alteração feita pela Casa 
Revisora e encaminhará para promulgação, valendo desta forma a sua 
vontade. Princípio da primazia da Casa iniciadora. 
Art. 60 § 3º da CF: A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de 
ordem. 
 
 
 
 
Não existe na PEC, quando aprovada nas duas Casas, a figura da 
sanção e veto, ou seja, o Presidente só participa de uma PEC se ele for 
o autor, caso o contrário não existe sua presença. 
Após a publicação deve levar ao conhecimento da população a 
existência de uma nova Emenda Constitucional através de publicação 
no D.O.U. Somente a partir da publicação é que poderá ser atacada por 
Controle de Constitucionalidade. 
Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 art. 3º: Ninguém se escusa de 
cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
Não confunda proposta de emenda com emenda 
parlamentar. A primeira é a proposta em si, já a 
segunda são alteraçõespropostas de alterações do 
projeto original. 
 
 
12 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Uma PEC pode ser rejeitada e consequentemente arquivada: 
1. Se rejeitada pela CCJ da câmara dos deputados; 
2. Quando rejeitada em votação no plenário da câmara já no 1º turno (- 3/5); 
3. Quando rejeitada em votação no plenário da câmara já no 2º turno (- 3/5); 
4. Se rejeitada pela CCJ do senado; 
5. Quando rejeitada em votação no plenário do senado já no 1º turno (- 3/5); 
6. Quando rejeitada em votação no plenário do senado já no 2º turno (- 3/5). 
Em qualquer destas situações a PEC não poderá ser reapresentada no 
mesmo ano, sob pena de violar a limitação temporal. 
 
Quando ela vai para promulgação: 
1. Quando aprovada na casa revisora sem qualquer alteração em relação ao 
projeto que veio da casa iniciadora; 
2. Quando aprovada na casa revisora com qualquer alteração em relação ao 
projeto que veio da casa iniciadora e a casa iniciadora concordar com esta 
alteração; 
3. Quando aprovada na casa revisora com qualquer alteração em relação ao 
projeto que veio da casa iniciadora e a casa iniciadora "não" concordar com 
esta alteração, retirando a mudança. 
Nestes casos a PEC se converteu em emenda constitucional. 
 
O Projeto de Lei Ordinária pode ser proposto por qualquer deputado 
Federal, senador; Presidente da República, tribunais e iniciativa 
popular, entretanto há projetos de lei ordinária que são exclusivos do 
executivo. Todo Projeto de Lei Ordinária deverá iniciar seus trabalhos 
na Câmara dos deputados, ressalvo o Projeto de Autoridade de 
senador. 
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do presidente 
da república, do supremo tribunal federal e dos tribunais superiores terão início 
na câmara dos deputados. 
Uma iniciativa popular é resultante de um abaixo assinado, no qual só 
admite a participação de eleitores no exercício, devendo apresentar o nº 
do seu título de eleitor. Logo, não pode participar de inciativa popular: 
os menores de 16 anos, estrangeiros (salvo o português equiparado e 
que solicitou a equiparação), o condenado em crime por sentença 
transitado em julgado e esteja cumprindo a pena mesmo que em 
liberdade e o condenado por trânsito em julgado por improbidade 
administrativa. Hoje se aceita a assinatura digital. 
Na iniciativa o que se apresenta até a Câmara é uma ideia de assunto. 
Com a chegada das assinaturas na Câmara dos deputados e estando 
em ordem, o presidente da Câmara nomeará um deputado Federal que 
elaborará o Projeto de Lei de iniciativa popular. Este deverá ser lido em 
plenário, e em seguida encaminhado para as comissões temáticas. A 
câmara possui 25 comissões temáticas diferentes. 
Na PEC após a leitura no plenário ele vai para a CCJ, enquanto na PLO 
vai para as comissões temáticas, que não tem poder de arquivamento, 
mas emitirá um parecer opinativo, e em seguida para a CCJ. Na CCJ a 
 
13 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
PLO será avaliada segundo a sua constitucionalidade e, neste caso, 
poderá ser arquivada se a CCJ entender pela inconstitucionalidade. 
Uma PEC arquivada somente poderá ser representada no ano seguinte, 
enquanto que uma PLO arquivada poderá ser reapresentada no mesmo 
ano, desde que tenha a assinatura de maioria absoluta dos membros da 
Câmara dos deputados e do Senado Federal. Se for reapresentada na 
CD necessita de 257 assinaturas e no SF de 41 assinaturas. 
Uma PEC não pode em hipótese alguma ser reapresentada no mesmo 
ano em que foi arquivada. 
Uma PLO até poderá ser reapresentada no mesmo ano em que foi 
arquivada, desde que tenha a assinatura de pelo menos maioria 
absoluta dos membros da Câmara ou do Senado. Não há exceção a 
limitação temporal. 
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá 
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante 
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das casas do 
congresso nacional. 
Na CCJ a PLO poderá: 
 Ser arquivada por inconstitucionalidade. 
 Ser aprovada pela constitucionalidade (ser encaminhada ao 
plenário da casa iniciadora). 
Ao ser votado no plenário da casa iniciadora, a PLO poderá: 
 Não atingir a votação necesária, qual seja, maioria simples ou 
relativa (ser arquivada). Uma PLO arquiva, poderá ser 
reapresentada no mesmo ano, desde que tenha a assinatura de 
maioria absoluta dos membros da CD ou SF. 
 Ser aprovada por maioria simples ou relativa e encaminhada para a 
casa revisora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maioria simples = Maioria relativa. 
Maioria dos presentes na sessão do plenário (50% + o primeiro número 
inteiro) desde que presente na sessão a maioria absoluta (art. 47 da CF). 
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada casa 
e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria 
absoluta de seus membros. 
Quórum de instalação de sessão (abertura de uma sessão) exige a 
presença de maioria absoluta, sendo no mínimo 257 deputados (CD) ou 41 
senadores (SF). Entretanto para aprovar, uma PEC, por exemplo, é 
necessário 3/5, ou seja, 513/5 vezes 3 resulta 308 votos. Ou seja, se só há 
257 pessoas no plenário, não há quórum necessário para aprovar, só para 
iniciar a seção. 
Salvo a maioria simples, em que a votação é feita pelos presentes, o 
restante é contado pelo todo. 
É comum o jogo político para não ocorrer devidas votações. 
 
 
14 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Ao chegar na casa revisora, a PLO é: 
 Lida no plenário. 
 Encaminhada para as comissões temáticas. 
 Encaminhada para a CCJ. 
A CCJ poderá: 
 Reconhcer a inconstitucionalidade e arquivar. Uma PLO arquivada 
poderá ser reapresentada no mesmo ano, desde que tenha a 
assinatura de maioria absoluta dos membros da CD e SF. 
 Reconhcer a constitucionalidade e encaminhar para votação de 
plenário. 
A PLO que será votada no plenário da casa revisora poderá: 
 Ser rejeitada (arquivada). Uma PLO arquiva poderá ser 
reapresentada no mesmo ano, desde que tenha a assinatura de 
maioria absoluta dos membros da CD ou SF. 
 Ser aprovada na casa revisora. A PLO tem apenas uma única 
votação em cada uma das casas do CN, uma votação na CD e mais 
uma votação no SF. 
Ela pode ser aprovada: 
 Sem emendas parlamentares, ou seja, sem sofrer qualquer 
alteração na casa revisora. PLO será encaminhada para sanção e 
veto do Presidente da República (não existe na PEC). 
 Com emendas parlamentares, ou seja, sofreu alteração na casa 
revisora. Retorno da PLO para a casa iniciadora. 
A casa iniciadora decidirá se concorda ou não com a alteração da 
porcentagem em "metade" e poderá: 
 Concordar com a emenda parlamentar da casa revisora e manter 
sem alteração. PLO será encaminhada para sanção e veto do 
Presidente da República. 
 Discordar com a emenda parlamentar da casa revisora. Vai 
prevalecer a vontade da casa iniciadora (primazia da casa 
iniciadora) e retirar a emenda da casa revisora. PLO será 
encaminhada para sanção e veto do presidente da república. 
Portanto, a PLO vai à sanção ou veto do Presidente da República: 
 Quando aprovada sem emendas na casa revisora. 
 Quando aprovada com emendas na casa revisora estas emendas 
são mantidas pela casa iniciadora. 
 Quando aprovada com emendas na casa revisora estas emendas 
são retiradas pela casa iniciadora, prevalecendo a vontade desta. 
Em qualquer situação de rejeição e consequente arquivamento da PLO 
ela poderá ser reapresentada no mesmo ano por maioria absoluta de 
qualquer das casas (CD e SF). 
Art. 66. A casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei 
ao presidente da república, que, aquiescendo, o sancionará. 
Sanção e veto são atos exclusivos do Presidente da República ou 
quem estiver exercendo o cargo. A sanção é o ato de aquiescência, 
concordância do presidente com o projeto de lei, e com ela o projeto se 
converte em lei. Tanto a sançãoquanto o veto são atos irretratáveis, 
não há como o presidente voltar atrás. 
 
15 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
ADPF 714, 715 e 716: Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e 
publicada. Manifestada a aquiescência do poder executivo com projeto de lei, 
pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as 
etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação. 
STF representação nº 432/PE, rel. Min. Ary Franco: “O poder do veto, se 
usado pelo executor, não poder ser retratado”. 
A sanção pode ser total (sobre a íntegra do projeto) ou parcial (sobre 
parte do projeto). Se há uma sanção parcial é porque há veto parcial. A 
sanção não precisa ser justificada, ou seja, basta assinatura. Porém em 
se tratando de sanção parcial, aquela parte que foi vetada deverá sofrer 
justificativa. 
Ela ainda pode ser expressa (com a inclusão da assinatura) ou tácita 
(sem dizer nada, sem mesmo com a assinatura). Esta ocorre após o 15º 
dia do recebimento do projeto sem manifestação, no 16º dia a sanção é 
automática (tácita). Ocorrendo a sanção e sendo publicada, o único 
meio de ataque será via controle de constitucionalidade. 
Art. 66 § 3º: Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da 
República importará sanção. 
O veto é a não aquiescência ou discordância do presidente em relação 
ao projeto de lei. Ele sempre deverá ser justificado, não existindo veto 
tácito. Ele pode ser total (sobre todo o projeto) ou parcial (sobre parte 
do projeto). Se for em parte do projeto, logo parte foi sancionada. Não 
pode haver veto de palavras, ele se ampliará a toda a frase (efeito 
extensivo). 
Art. 66 § 2º: o veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de 
parágrafo, de inciso ou de alínea. 
A justificativa do veto pode ser inconstitucionalidade (contrariar a CF) 
devendo dizer qual artigo da CF está sendo violado, inclusive em se 
tratando de princípio, ou político (contrário ao interesse público). 
Art. 66 § 1º: Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em 
parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou 
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento. 
Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, 
inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou 
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do 
recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao 
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 
A concretização do veto decorre de dois atos: que seja expresso dentro 
do prazo de 15 (quinze) dias, sob pena da sanção tácita e que seja 
comunicado em 48 horas ao Congresso. A manifestação de vontade 
negativa – a discordância – e a comunicação fundamentada. Assim, 
aquela, dentro da quinzena, impede a sanção tácita do projeto, mas, 
somente conjugada com esta, aperfeiçoa o veto, o que deve ocorrer nas 
48 horas seguintes à quinzena. Desse modo, se não houver 
 
16 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
tempestivamente essa comunicação, o veto não se aperfeiçoou e 
sancionado estará o projeto. 
A justificativa escrita decorre de imposição legal, sem a qual as 
Câmaras devem desconhecer o ato do Presidente. 
Para a doutrina a consequência para a falta de comunicação a casa 
legislativa dos motivos do veto nas 48 horas seguintes a sua 
concorrência, levará a sanção tácita. O veto não coloca fim ao projeto 
de lei, pois, o veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta 
dias a contar de seu recebimento. 
A apreciação do veto deve ser realizada em sessão unicameral, ou 
seja, CD e SF. Os trabalhos das casas do CN (CD e SF) são realizados 
de forma separada (bicameral) de modo que uma agirá como casa 
iniciadora e outra revisora. 
O CN é formado pelo CD e SF, com 513 e 81 membros, 
respectivamente, resultando 594 membros. Para o veto ser rejeitado 
pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, ou seja, a 
soma de 50% de cada Casa (297). Sempre que as casas de reunirem 
de forma unicameral para decidir algo, a contagem de votos deverá ser 
feita de forma individualizada, ou seja, separada. 
Após as votações para a aprovação nas casas iniciadora, e revisora, e 
serem revisadas, se for provado que são constitucionais, ela é 
sancionada. Com a derrubada do veto o projeto se converte em lei. 
Um projeto de lei se converte em lei pela não comunicação dos motivos 
do veto nas 48 horas seguintes à casa legislativa, conforme 
entendimento firmado pela doutrina. 
Uma vez ocorrendo a transformação do projeto em lei, a lei será 
encaminhada para promulgação. No caso de PEC, ela é promulgada 
pelas mesas (art. 66 § 3º), já de PLO, ela é promulgada pelo Presidente 
(art. 66 § 5º e 7º). 
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao 
presidente da república. 
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo 
presidente da república, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não 
o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. 
O vice-presidente do senado está obrigado a promulgar, sob pena de 
perder o cargo de vice-presidente do senado. O senado possui dois 
vice-presidentes, devendo o primeiro promulgar. 
Deverá promulgar Presidente da república, Presidente do senado; ou o 
1º vice-presidente do senado, respectivamente. Quem mandar 
promulgar deverá encaminhar para publicação. Publicação no D.O.U 
(federais); D.O.E (estaduais) e D.O.M (municipais). 
A lei complementar tem o mesmo rito da lei ordinária, com as 
seguintes diferenças: 
- Quórum de aprovação: A lei complementar exige maioria absoluta, 
conforme o artigo 69 da Constituição Federal. Na lei ordinária há a 
necessidade de quórum diferente para instalação e aprovação, sendo 
ela de maioria absoluta e maioria simples/relativa, respectivamente. Já 
na lei complementar o quórum para instalação e aprovação são os 
mesmos, de maioria absoluta. 
 
17 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta. 
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada 
casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a 
maioria absoluta de seus membros. 
Há hierarquia entre uma lei ordinária e uma lei complementar? Para a 
lei complementar deve ser observado o princípio da reserva especial da 
lei complementar. Ou seja, um assunto somente será de lei 
complementar quando a Constituição Federal disser expressamente 
desta forma. Todas as vezes que a palavra “lei” vier descrita de forma 
isolada, estar-se-á tranado de lei ordinária. 
No julgamento nº 419.629-8/DF, o min. Sepúlveda disse ao deferir 
liminar na AC 346 que o conflito entre lei complementar e lei ordinária 
não há de solver-se pelo princípio da hierarquia, mas sim em função de 
a matéria estar ou não reservada ao processo de legislação 
complementar. 
Art. 146 CF: Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de 
competência, em matéria tributária, entre a união, os estados, o distrito federal 
e os municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária. 
Art. 146-a. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de 
tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem 
prejuízo da competência de a união. 
Art. 18 § 4º da CF: A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento 
de municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei 
complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, 
às populações dos municípios envolvidos, após divulgação dos estudos de 
viabilidade municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da união, dos 
estados, do distrito federal e dos municípios nãopode exceder os limites 
estabelecidos em lei complementar. 
Pode uma lei ordinária tratar ou revogar matéria de lei complementar? 
Não, pois estaria sendo aprovado o assunto com um quórum menor ao 
que é exigido pela CF. Logo caso isto ocorra, haverá 
inconstitucionalidade da lei. 
Pode uma lei complementar tratar e revogar matéria de lei ordinária? 
Sim, pois o quórum foi mais elevado. 
Se uma lei complementar tratar de um assunto de lei ordinária, ele será 
realmente uma lei complementar? Para uma lei ser puramente 
complementar ela deve ser formalmente complementar (ter seguido o 
rito de provação por maioria absoluta) e ser materialmente 
complementar (quando a CF disser que ela deve ser por lei 
complementar). Exemplo: Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. 
Segundo a doutrina e a jurisprudência do STF, podem existir leis 
complementares que são: formalmente complementar (seguiu o rito de 
aprovação por maioria absoluta) ou não materialmente constitucional 
(porque a matéria era de lei ordinária). Neste caso não haverá 
inconstitucionalidade, a lei deveria ser criada por lei ordinária, mas foi 
 
18 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
criada por lei complementar, ou seja, precisaria de um quórum menor e 
foi aprovada com quórum maior. Não poderia apenas o inverso. 
Lei complementar nº 70/91 criou o Cofins, contribuição do artigo 195 da 
CF (tudo o que há nele leva para a criação de lei ordinária). Essa lei 
complementar é um exemplo típico de lei complementar que é apenas 
formalmente complementar, mas materialmente ordinária. 
Art. 195 da CF: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, e das 
seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade 
a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: § 4º a lei poderá instituir 
outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade 
social. 
Lei n. 10.865/2004 alterou a lei complementar n. 70/91. De acordo com 
as regras, a lei complementar pode alterar lei complementar e lei 
ordinária, e a lei ordinária pode alterar apenas lei ordinária e lei 
complementar, desde que esta lei complementar seja apenas 
formalmente, mas não materialmente complementar. Caso for uma lei 
complementar apenas formalmente complementar, mas não 
materialmente, poderá desta forma ocorrer a alteração por outra lei 
ordinária. 
A circunstância de ter sido instituída por lei formalmente complementar 
(rito aprovado por maioria absoluta da lei complementar nº 70/91) não 
lhe dá, evidentemente, a natureza de contribuição social nova, a que se 
aplicaria o disposto no § 4º do artigo 195 da constituição, porquanto 
essa lei, com relação aos dispositivos concernentes à contribuição 
social por ela instituída é materialmente ordinária, por não tratar, nesse 
particular, de matéria reservada, por texto expresso da constituição, à 
lei complementar. 
Ou seja, uma matéria poderá ser aprovada por lei complementar 
quando a CF disser expressamente. 
Regra: Existem leis complementares formalmente e materialmente ou 
não materialmente, neste ultimo caso poderão ser alteradas por lei 
ordinária. 
Quando se diz que uma lei ordinária não pode revogar, alterar, 
modificar uma lei complementar estar-se-á referindo a lei complementar 
propriamente dita, aquela que nasceu formalmente e materialmente 
complementar, seguindo ao princípio da especialidade da lei 
complementar. 
- A lei ordinária pode excepcionalmente ser aprovada sem a 
necessidade de passar pelo plenário da casa, conforma autoriza o art. 
58, §2º, inciso I da CF: 
Art. 58 § 2º: Às comissões, em razão da matéria de sua competência, 
cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do 
regimento, a competência do plenário, salvo se houver recurso de um 
décimo dos membros da casa. 
 
19 Bianca Marinelli – Direito Constitucional I – 3º termo 
As comissões temáticas podem discutir e votar projeto de lei que 
dispensar, na forma do regimento, a competência do plenário. No voto 
de bancada as lideranças partidárias podem decidir não encaminhar o 
projeto de lei ordinária para votação no plenário, mas apenas na própria 
comissão temática. 
“Projeto de lei que dispensar” se refere à PLO, pois a palavra lei 
aparece isoladamente. 
O quórum para aprovação de um projeto de lei ordinária pelo voto de 
bancada nas comissões é de maioria absoluta. Se a PLO for para 
votação no plenário, o quórum para aprovação será de maioria simples 
ou relativa. Mas se houver decisão das bancadas dos partidos para que 
a votação ocorra apenas nas comissões, neste caso haverá a 
necessidade de maioria absoluta. No voto de bancada só votam os 
mesmos dos partidos que estão nas comissões, salvo se houver 
recurso de um décimo dos membros da casa. 
Se uma lei complementar que for aprovada pelas comissões, ela 
receberá um número de uma lei ordinária. Se uma lei ordinária for 
aprovada como lei complementar no plenário das casas, recebe o nome 
de lei complementar, e poderá ser posteriormente ser alterada por outra 
lei ordinária ou complementar, pois, neste caso, ela tem formalmente 
característica de lei complementar, mas é ordinária. 
Aqueles parlamentares que forem contrários ao voto de bancada podem 
apresentar recurso à mesa da casa, com a assinatura de apenas 10% 
de todos os membros da casa. Desta forma o recurso faz com que a 
votação vá ao plenário, observado a regra. A votação no plenário é a 
regra, na bancada é exceção, ocorrendo somente se houver interesse 
das bancadas. Caso ocorra uma votação de bancada contrariando a 
minoria, esta pode se juntar e conseguir 10% das assinaturas. Na 
Câmara no Senado, por exemplo, com 513 membros, necessitaria a 
assinatura de 52 (10%) para ser enviado ao plenário, no Senado com 
81 membros necessitaria de 9 (8,1, 10%). O voto de bancada pode ser 
derrubado pelo recurso de apenas 10% dos membros da casa. Ele não 
é permitido na lei complementar.

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