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Unidade I

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•	Unidade I – Dos Direitos Fundamentais. (40h)
o1.1 Teoria Geral dos direitos fundamentais: evolução histórica; características; dimensões e gerações dos direitos fundamentais; eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
o1.2 Dos direitos individuais: vida, liberdade, privacidade, propriedade, igualdade.
o1.3 Dos direitos fundamentais sociais;
o1.4 Dos direitos difusos;
o1.5 Do direito à nacionalidade;
o1.6 Dos direitos políticos;
o1.7 Dos partidos políticos;
•	Unidade II – Das garantias fundamentais. (20h)
o2.1 Teoria Geral das Garantias fundamentais;
o2.2 Garantias Fundamentais individuais e coletivas;
o2.3 Ações constitucionais: Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança Individual e Coletivo, Mandado de Injunção, Ação Popular, Ação Civil Pública e Direito de Petição.
	A expressão “direitos fundamentais” surgiu na França durante o movimento político e cultural que originou a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.
•	Direitos fundamentais x Direitos Humanos: enquanto os direitos humanos se encontram consagrados nos tratados e convenções internacionais (plano internacional), os direitos fundamentais são os direitos humanos consagrados e positivados na Constituição de cada país (plano interno), podendo o seu conteúdo e conformação variar de acordo com cada Estado.
•	CRFB/1988: direitos e garantias fundamentais x direitos humanos.
 
•	Iniciaram sendo simples promessas. Depois descobriu-se necessário a intermediação legislativa, sendo são definitivamente reconhecidos como autênticas normas constitucionais (princípios e/ou regras) de caráter vinculante para todos os poderes públicos, inclusive, o legislador.
•	Classificação doutrinária dos direitos fundamentais:
1.	Teoria do status (Jellinek)
a)	Status	passivo:	sujeito	encontra-se	em	um	posição	de sujeição em relação ao Estado.
b)	Status negativo: dever do Estado	não intervir na esfera individual dos indivíduos.
c)	Status positivo: direito do cidadão perante as ações estatais.
d)	Status ativo: participação nas atividades políticas do Estado.
 
2.	Classificação trialista
a)	Direitos de defesa (ou resistência): dever de abstenção por parte do Estado, não podendo intervir na autonomia do indivíduo. Ex: inviolabilidade do direito à vida, direito de manifestação de pensamento, direito de locomoção etc.
b)	Direitos à prestações: impõem um dever de agir por parte do Estado. Ex: alimentação, saúde, trabalho etc.
c)	Direitos de participação: indivíduo faz parte da formação da vontade política do Estado.
 
•	Características:
a)	Universalidade
b)	Historicidade
c)	Inalienabilidade
d)	Imprescritibilidade
e)	Irrenunciabilidade
f)	Relatividade (limitabilidade)
•	Dimensões/Gerações:
a)	Primeira	dimensão	(liberdade):	Primeiras	Constituições	escritas.
Direitos civis e políticos. Dever de abstenção do Estado.
b)	Segunda dimensão (igualdade material): direitos sociais, econômicos e culturais.
c)	Terceira dimensão (fraternidade): atenuação das diferenças entre
países ricos e pobres.
d)	Quarta dimensão*: democracia, informação e pluralismo.
e)	Quinta dimensão*: direito à paz.
•	Direitos e garantias dos direitos
-	O reconhecimento e a positivação de um direito fundamental não é
suficiente para que o mesmo tenha efetividade.
-	Dessa forma, são necessários mecanismos capazes de garantir esses direitos fundamentais = garantias fundamentais.
-	A garantia é chamada também de writ constitucional. Ex: MS, HC, HD,
MI.
•	Deveres fundamentais
oCapítulo I, Título II (Direitos e deveres fundamentais)
oEstão no art. 5º, em sua maioria, porém existem outros esparsos ao
longo da Constituição.
oA ideia central da CF é que para todo direito fundamental exista um dever fundamental.
oOs deveres fundamentais são impostos não somente ao Estado, mas
também aos cidadãos em geral.
Grupos de deveres fundamentais (Dimitri Dimoulis)
a)	Dever de efetivação: medidas de proteção aos indivíduos. Destinado
ao estado.
b)	Deveres	específicos	do	Estado	ex:	assistência	jurídica	gratuita, indenização por erro do Judiciário.
c)	Deveres de criminalização do estado: punição criminal
d)	Deveres dos cidadãos e da sociedade ex: alistamento eleitoral, voto
obrigatório, educação.
e)	Deveres	decorrentes	do	exercício	de	direitos	ex:	direito	à
propriedade
•	Eficácias dos direitos fundamentais:
oNa doutrina liberal clássica os direitos fundamentais são compreendidos como limitações ao exercício do poder estatal, restringindo-se ao âmbito das relações entre o particular e o Estado (direitos de defesa). Por esta relação jurídica ser hierarquizada, de subordinação, utiliza-se a expressão eficácia vertical dos direitos fundamentais.
oPorém, a constatação de que a opressão e a violência contra os indivíduos são oriundas não apenas do Estado, mas também de múltiplos atores privados, fez com que a incidência destes direitos fosse estendida ao âmbito das relações entre particulares
•	Eficácias dos direitos fundamentais:
A projeção dos direitos fundamentais a estas relações, nas quais os particulares se encontram em uma hipotética relação de coordenação (igualdade jurídica), é denominada de eficácia horizontal (ou privada, ou externa ou em relação a terceiros) dos direitos fundamentais.
oAplicação dos direitos fundamentais àquelas relações contratuais entre particulares nas quais há um desequilíbrio fático e/ou jurídico entre as partes envolvidas, tais como as relações trabalhistas e as consumeristas = eficácia diagonal.
	Teoria da ineficácia horizontal (state action)
-		No direito norte-americano o entendimento doutrinário e jurisprudencial amplamente adotado é de que, com exceção da Décima Terceira Emenda (proibição da escravidão), os direitos fundamentais impõem limitações apenas aos poderes públicos, não vinculando a conduta dos particulares. A doutrina da state action parte da premissa de que os direitos fundamentais protegem os indivíduos em face do Estado
	Teoria da eficácia horizontal indireta
-	O modelo de efeitos indiretos é adotado na Alemanha pelo Tribunal Constitucional Federal e por grande parte da doutrina.
-	Esta concepção tem como ponto de partida o reconhecimento de um direito geral de liberdade. Seria a possibilidade de os participantes de uma relação privada afastarem as disposições de direitos fundamentais, sem a qual a liberdade contratual restaria comprometida. Assim, os direitos fundamentais poderiam ser relativizados nas relações contratuais a favor da "autonomia privada" e da "responsabilidade individual".
	Teoria da eficácia horizontal direta
-	Atualmente é a teoria majoritária na Espanha, na Itália e em Portugal.
-	Destaca que a incidência dos direitos fundamentais deve ser estendida às relações entre particulares, independentemente de qualquer intermediação legislativa, ainda que não se negue a existência de certas especificidades nesta aplicação, bem como a necessidade de ponderação dos direitos fundamentais com a autonomia da vontade.
 
•	Dimensão subjetiva e dimensão objetiva dos direitos fundamentais
-	Dimensão subjetiva: os direitos fundamentais são pensados sob a perspectiva dos indivíduos. O indivíduo que possui um direito fundamental é titular de posição jurídica subjetiva contemplada por norma jusfundamental, que pode ter a estrutura de princípio e/ou de regra.
-	Dimensão objetiva: critérios de controle das ações estatais.
 
a)	normas de competência negativa: ao que é dado como liberdade e livre arbítrio ao indivíduo, é objetivamente retirado do Estado.
b)	pautas interpretativas e critérios para a configuração do direito infraconstitucional: efeito irradiador das normas de direitos fundamentais
c)	impõem aos poderes públicos o dever de proteção e promoção de posições jurídicas fundamentais contra possíveis violações por terceiros, tornando-se verdadeiros mandamentos normativos direcionados ao Estado.
 
•	Suporte fático dos direitos fundamentais
-	O suporte fático pode ser definido como o conjunto de condições previstas por uma norma que, quando verificadas, geram uma determinada consequência jurídica. Tem doiselementos principais: âmbito de proteção e intervenção.
	Âmbito de proteção: bem protegido.
	Intervenção: Para que a consequência jurídica de uma norma de direito fundamental possa ser acionada o suporte tático deve ser preenchido. Para que isso ocorra, não é suficiente a simples realização no plano fático de
 
uma situação protegida pela norma. É necessário que ocorra uma intervenção no bem protegido, decorrente de um ato estatal ou particular. Por isso, apesar de contraintuitiva, a inclusão da intervenção entre os elementos do suporte tático é indispensável.
Obs: A intervenção em um direito fundamental é admitida SOMENTE quando constitucionalmente fundamentada. Ex: intervenção na liberdade de comunicação telefônica.
-	A legitimidade da intervenção pressupõe a existência de norma constitucional (explícita ou implícita) que a fundamente, pois, do contrário, consistirá em violação suscetível à correspondente sanção jurídica.
 
•	Conteúdo essencial
-	A noção de conteúdo essencial surge no direito constitucional europeu a partir de sua introdução como garantia dos direitos fundamentais na Lei Fundamental de Bonn de 1949. A determinação daquilo que está protegido envolve duas grandes dicotomias: uma em relação ao objeto (enfoque objetivo ou subjetivo) e outra no tocante à natureza (absoluta ou relativa).
-	Para a teoria objetiva, a proteção do conteúdo essencial impede restrições que tornem os direitos fundamentais sem significado para todos os indivíduos ou para a maior parte deles ou, ainda, para a vida social (ALEXY, 2008b). O intuito é assegurar a proteção do direito em sua globalidade, com referência apenas à sua dimensão institucional, independentemente da dimensão subjetiva (SERNA; TOLLER, 2000). Vale dizer: o objeto protegido é a garantia geral e abstrata prevista na norma (direito fundamental objetivo), e não a posição jurídica concreta do particular (direito fundamental subjetivo).
 
-	Para a teoria subjetiva, a análise da violação deve ser feita em cada situação individualmente considerada. A garantia do conteúdo essencial teria por finalidade proteger os direitos individuais de cada sujeito jurídico, de modo a evitar que o seu exercício Legítimo seja frustrado. Pretende-se, portanto, impedir o sacrifício do direito subjetivo ao ponto de perder qualquer significado para o titular.
-	De acordo com a teoria absoluta, existe um núcleo no âmbito de proteção de cada direito fundamental, cujos Limites são intransponíveis, embora eventualmente outros fatores possam justificar sua restrição. Sob tal perspectiva, o conteúdo essencial refere-se ao espaço de maior intensidade valorativa do direito, sua parte intocável, delimitada em abstrato por meio da interpretação. A proteção constitucional em sentido forte é assegurada apenas para o "núcleo duro", considerado o "coração do direito". A parte periférica pode sofrer intervenções Legislativas, ainda que dentro de determinados Limites.
Para a teoria relativa, a definição daquilo que deve ser definitivamente protegido depende das circunstâncias do caso concreto (possibilidade fática) e das demais normas envolvidas (possibilidade jurídica).
O conteúdo essencial será, portanto, algo variável por depender do resultado da ponderação. Sob esse prisma, inexiste delimitação fixa e reestabelecida, por não se tratar de elemento estável nem de parte autônoma do direito fundamental.
A Legitimidade da restrição irá depender de sua imprescindibilidade na realização de princípios ou de bens jurídicos considerados de maior valia, ocorrendo a violação do direito apenas nos casos de restrição inexigível ou desnecessária.
A garantia do conteúdo essencial estabelece, portanto, um Limite fraco consistente na necessidade de justificar as restrições mediante o recurso ao postulado da proporcionalidade.
 
- Com a finalidade de conciliar os objetivos e as teses essenciais das teorias
absolutas e relativas, Peter Haberle (2003) propõe uma teoria combinada para
a determinação do conteúdo essencial. Para o autor, as duas teorias, que geralmente
são contrapostas de forma irreconciliável, desenvolvem pontos de vista
que antes de serem excludentes, permitem chegar com frequência a um ponto
de conciliação. Nessa concepção intermediária, a ponderação de bens é utilizada como critério-guia para determinar o conteúdo essencial, o qual deve ser estabelecido com referência a cada direito, e não como medida fixa deduzida independentemente do conteúdo essencial dos outros bens jurídico-constitucionais.
Para Haberle (2003), a ponderação de bens não significa a renúncia a noções 1mportantes das teorias absolutas do conteúdo essencial em seus objetivos, mas, ao contrário, "permite proteger 'de um modo absoluto' o âmbito de Liberdade jusfundamental com base em valorações, sem que isso ocorra às custas de um isolamento do direito fundamental de outros bens jurídico-constitucionais.
 
•	Restrições aos direitos fundamentais
-	A problemática envolvendo as restrições (ou limites) a direitos fundamentais
está diretamente relacionada à amplitude do suporte fático.
Nos termos da teoria interna, os limites aos direitos fundamentais são fixados por meio de um processo interno ao próprio direito, sem a influência de outras normas. O direito e os limites a ele imanentes formam uma só coisa. Por ser delimitado aprioristicamente através da interpretação, o direito tem sempre caráter definitivo, nunca provisório (prima facie), isto é, em termos de estrutura normativa, possuem sempre a estrutura de regras, aplicando-se segundo a lógica do "tudo ou nada".
-	Para a teoria externa, as restrições não atingem o conteúdo abstratamente considerado, mas apenas o seu exercício no caso concreto. Diversamente da teoria interna, que pressupõe a existência de apenas um objeto (o direito com os seus limites imanentes), a teoria externa diferencia o direito das restrições, situando-as fora dele (SILVA, 2010). A determinação do conteúdo definitivamente protegido envolve duas etapas claramente distintas..
A identificação do conteúdo inicialmente protegido (âmbito de proteção), o qual deve ser determinado da forma mais ampla possível; e, a definição dos limites externos (restrições) decorrentes da necessidade de conciliação com outros direitos e bens constitucionalmente protegidos.
As ideias de restrição, de sopesamento e de proporcionalidade presentes na teoria dos princípios de Robert Alexy estão intimamente ligadas à teoria externa e ao modelo do suporte fático amplo. A teoria externa pressupõe a distinção entre direito provisório (prima facie) e definitivo, como a adotada na teoria dos princípios.
Na definição de Alexy (2008), os princípios, enquanto "mandamentos de otimização", consagram um direito provisório restringível por outras normas em sentido oposto. Sob esse prisma, a determinação do direito definitivo somente é possível à luz das circunstâncias fáticas do caso concreto e após a ponderação entre os princípios colidentes ou a aplicação das regras do postulado da proporcionalidade.
 
-	Classificação:
Na teoria externa, a metodologia de análise da legitimidade constitucional das restrições compreende três etapas. Na primeira, deve ser feita a
verificação do enquadramento de uma dada ação, característica ou situação no
âmbito de proteção de um direito fundamental (subsunção). Em seguida, caso se verifique a existência de uma verdadeira restrição ao conteúdo do direito, deve ser averiguada a existência de justificação constitucional adequada para a restrição. Por fim, deve-se apurar se houve uma restrição legítima ou uma violação ao direito fundamental.
O direito definitivamente protegido somente é identificado após a análise do âmbito de proteção e da restrição: se uma determinada ação, característica ou situação estiver contida no âmbito de proteção e não for objeto de restrição, estará definitivamente protegida; se determinada ação, característica ou situação não estiver contida no âmbito de proteção ou, caso esteja, seja abrangida também por uma restrição, não estará protegida.
O conceito de restrição possuitrês características fundamentais (ALEXY, 2008). A primeira é a sua constitucionalidade, pois uma intervenção no âmbito de proteção do direito fundamental só será considerada restrição se compatível com o texto constitucional. Caso não seja constitucionalmente fundamentada, trata-se de uma violação, e não de restrição. Uma segunda característica é que as normas restritivas podem ser tanto do tipo regra, como do tipo princípio.
Por fim, a restrição somente pode ocorrer em relação a princípios de direito fundamental. No caso de regras, por já serem o resultado de uma ponderação realizada pelo legislador constituinte, não são admitidas restrições, embora seja possível o afastamento de uma regra no caso concreto (derrotabilidade) ou a criação de uma exceção a ela. A partir das características mencionadas, as restrições podem ser definidas como normas (princípios ou regras) constitucionalmente fundamentadas que intervêm no âmbito de proteção de princípios jusfundamentais.
 
Os direitos fundamentais, por terem hierarquia constitucional, somente podem ser restringidos por normas constitucionais (restrições diretamente constitucionais) ou em virtude delas (restrições indiretamente constitucionais).
As restrições diretamente constitucionais são as impostas por outras normas de hierarquia constitucional e podem estar consagradas em cláusulas escritas ou não escritas. As cláusulas restritivas escritas podem estar contidas no mesmo dispositivo que consagra o direito fundamental ou em outro dispositivo da constituição.
As restrições indiretamente constitucionais são as autorizadas, de forma expressa ou implícita, pela constituição, como no caso das cláusulas de reserva legal. Na reserva legal simples, o dispositivo constitucional consagra uma competência para estabelecer restrições sem fazer qualquer tipo de exigência quanto ao conteúdo ou à finalidade da lei restritiva. Na reserva legal qualificada, a constituição autoriza que a lei estabeleça restrições, mas limita o conteúdo destas, fixando condições especiais, estabelecendo os fins a serem perseguidos ou os meios a serem utilizados.
A reserva Legal implícita tem como fundamento, portanto, as cláusulas restritivas não escritas. Na Constituição brasileira de 1988 é possível deduzi-la da "cláusula de reserva legal subsidiária" (CF, art. 5º, II).
•	O limite dos limites
-	A temática se relaciona às condições formais e materiais que devem balizar A atuação do legislador infraconstitucional na criação de restrições legislativas ao conteúdo dos direitos fundamentais.
-	A restrição estatal aos direitos fundamentais revela um paradoxo: tais direitos, ao mesmo tempo em que são limitações ao poder do Estado podem também ser limitados por ele. Por isso, a importância de que a atividade limitadora do Estado seja, também, uma atividade limitada.
-	Requisito formal: o requisito formal atua como uma espécie de zona de proteção formal aos direitos fundamentais. É o caso da exigência de lei para a restrição de.um direito fundamental (princípio da reserva legal).
 
-	Requisitos formais:
a)	Princípio da não retroatividade
b)	postulado da proporcionalidade
c)	princípio da generalidade e abstração
d)	princípio da proteção do núcleo essencial.
•	O Postulado da Proporcionalidade
A natureza e o conteúdo da proporcionalidade são objeto de divergências. Com relação ao aspecto substancial, discute-se se os termos proporcionalidade e razoabilidade designam realidades idênticas ou distintas. No tocante à natureza, a despeito da expressão "princípio da proporcionalidade" ter se consolidado no âmbito doutrinário e jurisprudencial, não há consenso se a proporcionalidade opera como princípio, regra ou postulado ("máxima").
-	Requisitos formais:
a)	Princípio da não retroatividade
b)	postulado da proporcionalidade
c)	princípio da generalidade e abstração
d)	princípio da proteção do núcleo essencial.
•	O Postulado da Proporcionalidade
A natureza e o conteúdo da proporcionalidade são objeto de divergências. Com relação ao aspecto substancial, discute-se se os termos proporcionalidade e razoabilidade designam realidades idênticas ou distintas. No tocante à natureza, a despeito da expressão "princípio da proporcionalidade" ter se consolidado no âmbito doutrinário e jurisprudencial, não há consenso se a proporcionalidade opera como princípio, regra ou postulado ("máxima").
 
-	A proporcionalidade, como exposta a seguir, deve ser compreendida como um
"postulado", isto é, como uma metanorma que prescreve o modo de raciocínio e de
argumentação relacionado às normas restritivas de direitos fundamentais.
-	O postulado da proporcionalidade é composto pela adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito.
A adequação envolve a análise do meio empregado e do objetivo a ser alcançado. Exige-se, de início, a Legitimidade de ambos. Medidas restritivas de direitos fundamentais, para passarem pelo crivo da proporcionalidade, devem ser Legítimas e
aptas para fomentar fins igualmente Legítimos. Se determinada medida embaraça a realização de um princípio X e se mostra incapaz de fomentar um princípio Y, significa que a intervenção é inadequada.
Para ser legítimo, o meio deve ser designado de modo preciso e ser juridicamente
permitido, tanto em termos materiais como formais. Por exemplo: com a finalidade de reduzir os custos da execução penal - objetivo Legítimo -, podem ser fixadas penas alternativas - meio Legítimo -, mas não pode ser adotada a pena de morte – meio ilegítimo-, por violar o artigo 5º, XLVII, "a", da Constituição.
 
A necessidade (ou exigibilidade) impõe que, dentre os meios similarmente adequados
para fomentar determinado fim, seja utilizado o menos invasivo possível.
Uma medida deve ser considerada desproporcional quando for constatada, de forma inequívoca, a existência de outra menos onerosa e com semelhante eficácia. O teste da necessidade é feito em duas etapas: primeiro, verifica-se a existência de medidas alternativas similarmente eficazes para fomentar o fim almejado para, em seguida, analisar se tais medidas são menos gravosas que a efetivamente adotada.
Proporcionalidade em sentido estrito
-	Para analisar o grau de intensidade da intervenção em um direito fundamental
e o de realização de outro fim, abandona-se o âmbito da otimização em relação às
possibilidades fáticas para se adentrar no âmbito das possibilidades jurídicas. A proporcionalidade em sentido estrito corresponde à "lei material do sopesamento", segundo a qual "quanto maior for o grau de não satisfação ou de afetação de um princípio, tanto maior terá que ser a importância da satisfação do outro" (ALEXY, 2008).
 
Proibição de proteção insuficiente
-	O postulado da proporcionalidade possui uma dupla face: de um lado, as regras Que compõem (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) Impedem a adoção de cargas coativas indevidas ou excessivas por parte dos poderes
públicos (proibição de excesso); de outro, a proporcionalidade impõe aos órgãos estatais o dever de tutelar de forma adequada e suficiente os direitos fundamentais consagrados na constituição (proibição de proteção insuficiente).
-	Mandatos constitucionais de criminalização.
Proporcionalidade x razoabilidade
-	Equivalentes pelo STF e pela doutrina.
O postulado da proporcionalidade, no entanto, diferencia-se da razoabilidade não apenas por sua origem, mas também por sua estrutura e forma de aplicação.
No postulado da proporcionalidade existe uma relação de causalidade entre o meio e o fim, exigindo-se dos poderes públicos a escolha de medidas adequadas, necessárias e proporcionais para a realização de suas finalidades.
 
Por seu turno, a razoabilidade "determina que as condições pessoais e individuais dos sujeitos envolvidos sejam consideradas na decisão", aplicando-se a situações nas quais se manifeste um conflito entre o geral e o individual, norma e realidade regulada por ela ou critério e medida.
•	Concorrência e colisão entre direitos fundamentais
-	A concorrência de direitos fundamentais ocorre quando um comportamento do mesmotitular se enquadra no âmbito de proteção de mais de um direito fundamental.
No cruzamento de direitos fundamentais determinado comportamento é
incluído no âmbito de proteção de mais de um direito, liberdade ou garantia.
-	A colisão de direitos ocorre quando dois ou mais direitos abstratamente válidos entram em conflito diante de um caso concreto, hipótese na qual as soluções serão divergentes de acordo com o direito aplicado.

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