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Tópicos Especiais em Direito Público (Optativa) Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. 3 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a APRESENTAÇÃO Nesta nossa disciplina trataremos de assuntos como a visão do Direito Público, a atuação do Estado, a Organização Política – Administrativa da República, os Princípios da Administração Pública, veremos também uma visão elementar da atividade financeira do Estado e o Direito Financeiro (orçamento público, despesa etc.), bem como o processo administrativo, atos de improbidade administrativa e, por fim, os contratos administrativos. É nossa expectativa que você aprenda bastante. Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida, além das videoaulas. No mínimo, você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior se você acompanhar também a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso ao longo dos estudos. a – Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas Assuntos/módulos Leituras sugeridas Videoaula Fundamental Complementar Visão do Direito Público Direito, seus ramos e sub-ramos (Diógenes Gasparini. Curso Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2008 Ver videoaula correspondente Prestação dos serviços públicos Conceito. Dever de prestar. Formas de prestação. Princípios dos serviços públicos. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. Ver videoaula correspondente Organização política administrativa da República Federação. União. Estados. Municípios e Distrito Federal. Repartição de Competências. Poder Executivo. Poder Legislativo e Poder Judiciário. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Malheiros. ARAUJO, Luiz Alberto David; JUNIOR, Vidal Serrano unes. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Verbatin. Ver videoaula correspondente Princípios da administração pública Princípio da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2008 Ver videoaula correspondente Atividade financeira do Estado e Direito Financeiro Conceito de atividade financeira. Características. Direto financeiro. Despesa pública. Receita pública. Orçamento público. SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Direito Tributário e Financeiro. Vol. 24. São Paulo, Atlas, 2011. Ver videoaula correspondente Contratos administrativos Conceito. Características. Estudo do equilíbrio econômico financeiro. Extinção. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008 MEIRELLES, Hely Lopes. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. Ver videoaula correspondente Processo administrativo Estudo da Lei n. 9784/99 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008 Ver videoaula correspondente Improbidade administrativa Estudo da LIA – Lei 8.429/92 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008 Ver videoaula correspondente 4 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Nota: ver as referências bibliográficas para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas. b – Referências bibliográficas Livro-texto ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Verbatim, 2013. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HARADA, Kioshi. Direito Financeiro e Tributário. 17. ed. Revista e ampliada. São Paulo: Atlas, 2008. MEIRELLES, Hely Lopes. Curso de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Direito Tributário e Financeiro. Vol. 24. 6. ed. Séries Leituras Jurídicas Provas e Concursos. São Paulo: Atlas, 2011. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Positivo. São Paulo: Editora Malheiros, 2010. Outras referências CRETELLA JUNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo moderno. 12. ed. São Paulo: RT, 2008. 5 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PÚBLICO (OPTATIVA) Unidade I DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO O homem é um ser gregário, por natureza viveu sempre em sociedade. Para tanto, abdicou de uma parcela de sua liberdade, buscando, como contrapartida, normas que garantissem sua segurança e os seus direitos. Assim, surgiu o Direito. O Direito, como um conjunto de normas de conduta humana, impostas coativamente pelo Estado, constitui uma unidade indivisível, maciça, monolítica. Embora seja assim, como ciência jurídica, é dividido, somente para fins didáticos, em diversos ramos. Reconhecendo- se, desde os romanos, dois grandes ramos: público e privado. O Direito Público regula as relações jurídicas em que predomina o interesse do Estado. Nessa perspectiva, são ramos do Direito Público: o Direito Administrativo, o Direito Constitucional, Tributário, Penal, Processual e outros. Por outro lado, o Direito Privado disciplina as relações entre particulares, tutelando, sobretudo, os interesses individuais, de modo a assegurar a convivência harmônica das pessoas em sociedade, além da fruição de seus bens, pensando nas relações de indivíduo a indivíduo. São ramos do Direito Privado: o Direito Civil e o Direito Comercial (Direito Empresarial). No Direito Privado, vigora o princípio da autonomia da vontade, significando que as partes podem eleger livremente as finalidades a alcançar e utilizar todos os meios para atingi-las, desde que nenhum deles, finalidades e meios, sejam proibidos pelo Direito. No Direito Público, ao contrário, se ocupa dos interesses da sociedade como um todo, ou seja, dos interesses públicos. No Direito Público não vigora o princípio da autonomia da vontade, mas a ideia de função, de dever de atendimento do interesse público. O Direito Administrativo, o Direito Constitucional e o Direito Tributário, que iremos ver ao longo de alguns temas dos “Especiais de Direito Público”, como ramo do Direito Público, devem, de forma inescusável e irrenunciável, atender ao interesse público.Direito Administrativo como sub-ramo do Direito Público O Direito Administrativo, como rege as relações jurídicas do Poder Público, esse dotado de prerrogativas de autoridade na consecução do interesse público, constituiu-se um ramo do Direito Público. É, portanto, uma disciplina que estuda as relações entre a Administração e os administrados. Versa sobre atos administrativos (licenças, autorizações), desapropriações, responsabilidade civil do Estado, autarquias, serviços públicos. Todos esses assuntos e muitos outros são estudados pelo ramo do Direito Público denominado Direito Administrativo. 6 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade I Direito Constitucional como sub-ramo do Direito Público O Direito Constitucional pode ser conceituado como o ramo do Direito Público que tem por objeto o estudo da Constituição. A Constituição é o complexo de regras que dispõem sobre a organização do Estado, origem e organização dos Poderes, organização das liberdades públicas e competências estatais. De acordo com o conceito de José Afonso da Silva, Direito Constitucional “é o ramo do direito público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”. Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado. Ela encontra-se no ápice do nosso ordenamento jurídico. Direito Tributário como sub-ramo do Direito Público O Direito Tributário é ciência que estuda os princípios e as normas que disciplinam a ação estatal de exigir, fiscalizar e arrecadar os tributos. Na doutrina de Hugo de Brito Machado, verifica-se que é “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas às imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”. Direito Administrativo – conceito Em sentido amplo, o Direito Administrativo pode ser conceituado como um ramo do Direito Público interno que tem como objeto a busca pelo bem comum da coletividade e pelo interesse público. Contudo, na doutrina brasileira, o conceito de Direito Administrativo é tema de grande divergência. Essa polêmica decorre de uma definição clara quanto ao seu objeto, que vem sendo sistematicamente ampliado, modificado, ou mesmo reduzido em alguns pontos, em virtude de novos anseios da sociedade, como também mutações estatais que foram vivenciadas nas últimas décadas. Vejamos alguns: Para Celso Antonio Bandeira de Mello[1]: “o direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”. Percebe-se que o autor enfatiza a ideia de função administrativa. Hely Lopes Meirelles, por sua vez, destaca o elemento finalístico na conceituação: os órgãos, agentes e atividades administrativas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo Estado. Vejamos: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.[2] Maria Sylvia Zanella di Pietro coloca em evidência como objeto do Direito Administrativo os órgãos, agentes e as pessoas integrantes da Administração Pública no campo jurídico não contencioso. Para a autora, o Direito Administrativo é o “ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exercer e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.[3] 7 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PÚBLICO (OPTATIVA) Segundo José dos Santos Carvalho Filho[4], o Direito Administrativo pode ser conceituado como ramo do Direito Público que estuda princípios e normas reguladores do exercício da função administrativa. Fonte do Direito Administrativo Fonte é o local de onde algo provém. No Direito, as fontes são os fatos jurídicos de onde nascem as normas emanam. As fontes jurídicas podem ser de dois tipos: - primárias – nascedouro principal e imediato das normas; - secundárias – são instrumentos acessórios para originar normas, derivados de fontes primárias. No Direito Administrativos, somente a lei constitui fonte primária na medida em que as demais fontes (secundárias) estão a ela subordinadas. Doutrina, jurisprudência e costumes são fontes secundárias. A lei é o único veículo habilitado para criar diretamente deveres e proibições, obrigações de fazer ou não fazer, no Direito Administrativo (art. 5, II, da CF). A doutrina não cria diretamente a norma, mas esclarece o sentido e o alcance das regras jurídicas conduzindo o modo como os operadores do Direito devem compreender as determinações legais. A jurisprudência, entendida como reitera decisões dos tribunais sobre determinado tema, não tem a força cogente de uma norma criada pelo legislador, mas influencia decisivamente a maneira como as regras passam a ser entendidas. Os costumes são práticas reiteradas da autoridade administrativa capazes de estabelecer padrões obrigatórios de comportamentos. Ao serem repetidos constantemente, criam o hábito de os administrados esperarem aquele modo de agir, causando incerteza e instabilidade social sua repentina alteração. Importante relembrar que os costumes não têm força jurídica igual à da lei, razão pela qual só podem ser considerados vigentes e exigíveis quando não contrariarem nenhuma regra ou princípio estabelecido na legislação. Costumes contra legem não se revestem de obrigatoriedade. [1] Curso de Direito Administrativo, p. 37. [2] Direito Administrativo Brasileiro, p. 38. [3] Direito Administrativo, p. 47. [4] Manual de Direito Administrativo, p. 8. 8 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade I SERVIÇOS PÚBLICOS 1- Serviços públicos e domínio econômico A Constituição Federal de 1988 estabeleceu uma divisão clara entre dois setores de atuação: o domínio econômico (arts. 170 a 174) e o serviço público (arts. 175 e 176). O domínio econômico ou a ordem econômica é campo de atuação próprio dos particulares e tem como fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre-iniciativa. Seus princípios estão elencados no artigo 170, da CF/88, e são: soberania, propriedade privada, função social da propriedade, livre concorrência, defesa do consumidor, defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental de produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação, redução das desigualdades regionais e sociais, busca do pleno emprego, tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. O Estado atua no domínio econômico como agente normativo e regulador. A exploração direta de atividade econômica pelo Estado, ressalvados os casos previstos na CF, só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou à relevante interesse coletivo (art. 173). Nessas hipóteses, a atuação estatal na exploração direta da atividade econômica ocorrerá por meio das empresas públicas e sociedade de economia mista. No tocante à prestação dos serviços públicos, esses são de titularidade do Estado, somente admitindo a transferência a particulares quando houver expressa delegação estatal, como ocorre nas concessões e nas permissões. 2- Conceito Os doutrinadoresapresentam diferentes conceitos de serviço público, vejamos: Para Maria Sylvia Zanella di Pietro, serviço público é: “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob o regime jurídico total ou parcialmente público”.[1] Hely Lopes Meirelles define como sendo: “todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades sociais essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado”.[2] Celso Antonio Bandeira de Mello: “serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade e comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça as vezes, sob o regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais-, instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo”.[3] 9 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PÚBLICO (OPTATIVA) 3- Dever de prestar A prestação de serviços públicos é de responsabilidade da Administração Pública, ou de quem lhe faça as vezes, de acordo com o artigo 175, da Constituição Federal, e das regras de delegação de serviços estipulada pela Lei n. 8.987/95. O titular da prestação de um serviço público é a Administração e ela só poderá transferir a execução do serviço público para terceiros. Sendo a Administração a única titular da prestação desses serviços, poderá fiscalizar a execução e aplicar sanções e penalidades. A Constituição Federal atribuiu diversos serviços públicos à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal. Vejamos como foi feita a divisão de atribuições: - Compete à União – art. 21, X a XII: manter o serviço postal e o correio aéreo nacional, explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens etc. - Compete aos estados – art. 25, 2º, da CF: serviços locais de gás canalizado, na forma da lei - Compete aos municípios – art. 30, da CF: organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; prestar, com cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população. - Compete ao Distrito Federal: são atribuídas as competências legislativas reservadas aos estados e aos municípios. Art. 32, § 1º. 4- Formas de prestação dos serviços públicos A execução dos serviços públicos poderá se dar de maneira centralizada ou de forma descentralizada, a seguir definidas: • Centralizada: sempre que a execução do serviço for realizada pela Administração direta do Estado, ou seja, pelo próprio ente político competente, que poderá realizá-las por meio do ente político ou por meio de seus órgãos, visando a imprimir eficiência aos serviços que disponibiliza, a exemplo das Secretarias, Ministérios etc. • Descentralizada: quando os serviços forem prestados por pessoas físicas ou jurídicas que não se confundem com a Administração direta, mas que podem ou não integrar a Administração Pública indireta ligada ao ente político competente para a prestação do serviço. Se estiverem dentro da Administração Pública indireta, poderão ser autarquias, fundações, empresas públicas ou sociedades de economia mista (Administração indireta do Estado – por outorga). Se estiverem fora da Administração, serão particulares e poderão ser concessionários e permissionários (prestação indireta por delegação). 10 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade I 5- Princípios do serviço público A prestação de serviços públicos está submetida à incidência de todos os princípios gerais do Direito Administrativo. Além desses, existem diversos princípios específicos aplicáveis exclusivamente à prestação dos serviços públicos. São eles: a) Continuidade: não podem ser interrompidos por quaisquer motivos. b) Igualdade: encontra respaldo no art. 5º, da CF/88 – não se pode fazer, no oferecimento dos serviços públicos, distinção a quem quer que seja. Todos têm direito aos serviços. c) Eficiência: exige atualização do serviço. d) Mutabilidade do regime jurídico: a Administração Pública está autorizada a promover mudanças no regime de prestação de serviços a fim de adequá-los sempre ao interesse coletivo. Requisitos: os serviços públicos devem ser prestados aos usuários com a observância de certos requisitos, a fim de que eles estejam sempre adequados à forma em que foram propostos (conforme o art. 175, § único, IV – CF/88). Portanto, os requisitos mais apontados pela doutrina e jurisprudência são: a) Regularidade: prestada segundo padrões de qualidade e quantidade definidos e impostos pela Administração Pública; envolve um conjunto de condições e técnicas exigidas na prestação dos serviços. b) Continuidade: caráter de contínuo e sucessivo. Uma vez instituído e regulamentado deve ser prestado normalmente. c) Eficiência: exige sempre a preocupação com o bom resultado, sem desperdícios. Máximo de resultado com o mínimo de investimentos. d) Segurança: a prestação dos serviços não deve colocar os usuários em riscos; e) Atualidade: acompanhar as modernas técnicas de oferecimento. f) Generalidade: o oferecimento do serviço público deve ser igual para todos. Decorrente do princípio da igualdade, tracejado no art. 5º, da CF. g) Cortesia: obriga a Administração a oferecer aos usuários de seus serviços um bom tratamento. h) Modicidade: impõe que sejam os serviços públicos prestados mediante taxas ou tarifas justas, pagas pelos usuários para remunerar os benefícios recebidos e permitir o seu melhoramento e expansão. 11 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO PÚBLICO (OPTATIVA) 6- Classificação Vários critérios têm sido adotados pela doutrina para classificar os serviços públicos. Para Hely Lopes Meirelles, eles podem ser: 1- Quanto à essencialidade a) Serviços públicos propriamente ditos/essenciais: são os imprescindíveis à sobrevivência da sociedade e, por isso, não admitem delegação ou outorga. Devido ao reconhecimento de sua necessidade e essencialidade, a Administração presta de forma direta e exclusiva. Ex.: polícia, saúde, defesa nacional etc. b) Serviços de utilidade pública: são úteis, mas não essenciais, atendem ao interesse da continuidade, podem ser prestados diretamente pelo Estado, ou por terceiros, mediante remuneração paga pelos usuários e sob constante fiscalização. São nominados de pró-cidadão. Ex.: transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefonia etc. 2) Quanto à adequação a) Serviços próprios do Estado: não encontram possibilidade de delegação, em face da necessidade das atribuições próprias do Poder Público para sua execução. Ex.: a imposição do Princípio as Supremacia do Interesse Público. Dessa forma, somente serão prestados por entes da Administração Pública. Possuem, ainda como características, a possibilidade de serem gratuitos ou possuírem baixo custo. Saúde púbica, higiene, segurança e justiça para o usuário. b) Serviços impróprios doEstado: apesar de não possuírem características de necessidades essenciais à comunidade, atendem aos interesses comuns de seus membros. Sendo assim, o particular que necessitar de tal serviço pagará por sua prestação, quer seja aos entes da Administração que os presta (como autarquias), ou pelos delegados da Administração (como os concessionários, permissionários ou autorizados). São serviços prestados de forma descentralizada. Ex.: serviço telefônico e serviço de distribuição de energia. 3) Quanto à finalidade a) Serviços administrativos: visam às necessidades internas, burocráticas ou introduzem e preparam outros serviços que serão prestados ao público. A Administração Pública os presta a si mesma. A administração executa para compor melhor sua organização. Ex.: como o que implanta centro de pesquisas, ou edita a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo para divulgação dos atos administrativos b) Serviços industriais: não são atividades próprias do Estado. São os que produzem renda para aquele que os presta. A remuneração decorre de tarifa ou preço público, devendo ser prestados por terceiros e pelo Estado, de forma supletiva (art. 173, da CF). Ex.: energia elétrica, transporte público. 12 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade I Há, ainda, a classificação em: Serviços gerais ou uti universi: não possuem usuários ou destinatários específicos, são prestados pela Administração Pública à coletividade em geral, sem atender a uma coletividade específica. Têm como característica sua indivisibilidade, por não poderem ser mensuráveis em sua utilização. Encontram sua remuneração originária por meio de impostos. Ex.: iluminação pública, calçamento público, asfaltamento das ruas, implantação de abastecimento de água, prevenção de doenças e outros do gênero. Serviços individuais ou uti singuli: podem ser mensurados e são divisíveis, pois sua necessidade é auferida de acordo com a utilização de cada usuário, são remunerados por taxas ou tarifas controladas pelo Estado. Ex.: serviços de telefonia, iluminação domiciliar. Cada usuário utiliza os serviços conforme sua necessidade e paga na proporção de sua utilização 7- Direitos dos usuários Nos termos do disposto no art. 7º, da Lei n. 8987/95, são direitos e obrigações dos usuários, além daqueles estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor: a) receber serviço adequado; b) receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses individuais ou coletivos; c) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente; d) levar ao conhecimento do Poder Público da concessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado etc. Obs.: ver a Lei 8.987/95. 8- Remuneração dos serviços públicos Entre a oferta dos serviços públicos e o preço cobrado por tal prestação deve existir uma equidade, ou seja, o preço não deve ser excessivo e nem a oferta ruim, entre ambos deve existir uma equivalência. a) Remuneração por taxa: quando a fruição tiver natureza compulsória, deve obedecer ao princípio da anterioridade (art. 145, II, CF/88) e ser definida por lei. b) Remuneração por tarifa: quando a fruição for facultativa, pode ser definida por Decreto, não estando sujeita ao princípio da anterioridade. A taxa ou tarifa deve compensar adequadamente os serviços; os usuários devem pagar o capital, o melhoramento, a expansão e o lucro se for prestado por terceiros. [1] Direito Administrativo, p. 97. [2] Direito Administrativo Brasileiro, p. 316. [3] Curso de Direito Administrativo, p. 671. _ftnref2 _ftnref4 _ftn2 _ftn3 _ftn4
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