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P á g i n a | 1 Puerpério Normal Nome que se dá ao período pós-parto! Tem início após a dequitação (saída completa da placenta) e se estende até a 6ª ou 8ª semana completa após o parto (cerca de 40 dias). Pode durar até o 12º mês pós-parto, pois é um período em que mulher retorna ao seu estado pré-gravídico, como estava antes de engravidar – as modificações fisiológicas levam até 12 meses para desaparecer por completo. O puerpério normal é aquele período pós-parto que não tem complicações, mesmo que durante o trabalho de parto tenha ocorrido complicações. CLASSIFICAÇÃO o PUERPÉRIO IMEDIATO: vai da dequitação (saída completa da placenta) até o término da 2ª hora após o parto. Esse período do puerpério coincide com o 4º período do trabalho de parto, portanto é necessário manter a assistência ativa e a vigilância para que a paciente tenha boa contratilidade uterina e não desenvolva atonia uterina (fibras uterinas quando não realizam a contração corretamente causa a atonia) e consequentemente a hemorragia pós-parto, que são consideradas emergências puerperais. o PUERPÉRIO MEDIATO: do início da 3ª hora até o final do 10º dia após o parto. o PUERPÉRIO TARDIO: do 11º dia até o retorno das menstruações ou até a 6ª/8ª semana nas lactantes. MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS E FUNCIONAIS NO PUERPÉRIO 1. MODIFICAÇÕES UTERINAS o INVOLUÇÃO UTERINA: Quando a mulher entra em trabalho de parto, a ocitocina armazenada é liberada e promove a contração uterina, a dilatação do colo e a expulsão do feto. A ocitocina também promove a contração uterina para que o útero no pós-parto vá involuindo, ficando cada vez menor até atingir o seu tamanho pré-parto e vá para a cavidade pélvica. Após 24h pós-parto o útero atinge a altura da cicatriz umbilical. Após 1 semana alcança, o útero alcança a região entre a cicatriz umbilical e a sínfise púbica. No 12º dia pós-parto o fundo do útero localiza-se rente a parte superior da sínfise púbica. Em cerca de 6 a 8 semanas pós-parto atinge seu tamanho pré gravídico (70 a 90 cm³). Após a 1ª gravidez pode ser de 130 a 140 cm³, mas continua não sendo palpável. o LÓQUIOS: sangue que a mulher elimina via vaginal após o parto chama lóquios. Sangramento/secreção que vai se modificando nas suas características ao longo dos dias. Após a dequitação (saída da placenta do útero), persiste a porção basal da decídua, decídua é o endométrio que sofreu alterações pela gravidez. As perdas dos lóquios variam de 200 a 500 ml no total e duram de 4 a 8 semanas no pós-parto. Decídua se divide em duas novas camadas: - Camada superficial: sofre descamação, é o sangramento do puerpério. - Camada profunda: responsável pela regeneração do novo endométrio, o qual recobre por completo a cavidade endometrial até o 16º dia após o parto. TIPOS DE LÓQUIOS: - Lochia Rubra: Ocorre nos primeiros dias pós-parto e constitui-se de uma grande quantidade de eritrócitos = mantém a cor vermelha vivo do sangramento. P á g i n a | 2 - Lochia Fusca: Após 3 a 4 dias, os lóquios vão se tornando sero sanguíneo, mais acastanhados, devido à hemoglobina semi-degradada (pela hemossiderina) - Lochia Flava: Após o 10º dia pós-parto, pela incorporação de leucócitos e pela diminuição de volume da loquiação, assumem uma coloração amarela. - Lochia Alba: Posteriormente esbranquiçada, não tem presença de sangue, apresenta muitos leucócitos e é nesse período que a gestante geralmente chega para ter alta do puerpério. É muito comum que as pacientes se queixem de um corrimento fétido (lochia alba). o COLO UTERINO: Após a expulsão fetal e a dequitação, o colo uterino encontra-se amolecido, com pequenas lacerações nas margens do orifício externo, que continua dilatado até 1 semana. Com 1 semana de puerpério ainda tem 1cm de dilatação. Após 6 a 12 semanas ocorre o reparo total do colo e a reepitelização do mesmo. o VAGINA E VULVA: vagina se encontra alargada e lisa, e imediatamente após o parto diminui gradualmente suas dimensões e a rugosidade da vagina reaparece na 3ª semana de puerpério, vagina “não fica larga”, pois é um órgão muscular. A maioria das mulheres tem o hímen anular e após a passagem da apresentação do feto pelo hímen, as pequenas lacerações são chamadas de carúnculas himenais. o TREMORES PÓS-PARTO: observados de 25 a 50% pós-parto vaginal, ocorrem no 4º período (a mulher se encontra na sala de parto ou na recuperação pós-anestésica). Ocorrem de 1 hora a 1 hora e meia após dequitação e dura de 2 a 60 minutos. Os tremores podem ocorrer por: - Hemorragia materno-fetal: Após a dequitação ainda pode ocorrer à passagem de pequena quantidade de sangue fetal para a corrente sanguínea da mãe e isso pode gerar um tremor ➔ o corpo da mãe reconhece como corpo estranho. - Microembolia amniótica: A paciente pode apresentar microembolias do líquido amniótico, líquido amniótico passa para a corrente sanguínea da mãe em pequena quantidade e isso pode gerar um tremor➔ o corpo da mãe reconhece como corpo estranho. - Reação termogênica materna após dequitação. - Hipotermia pós-anestesia. - Parede Abdominal: Pode ocorrer frouxidão dos músculos, principalmente do reto abdominal, pois a distensão é muito grande. Além disso, pode ocorrer a diástase do músculo reto abdominal,pode melhorar com exercícios físicos, mas há casos que só melhoram se forem submetidos abdominoplastia, de tão grande que fica a diástase. o ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS E PLASMÁTICAS: Na gestação ocorrem aproximadamente 30% de aumento de massa eritrocitária e de 40 a 50% de aumento de volemia = hemodiluição, portanto anemia dilucional. Após o parto perde-se cerca de 14% desta massa. Pode ocorrer uma leucocitose em até 25.000leucócitos/ml, sem desvio e sem clínica nenhuma de processo infeccioso (sem dor a palpação, sem febre e sem saída de pus pelo colo). o COAGULAÇÃO: Após a dequitação ocorre redução do número de plaquetas e aumento secundário dias após o parto. O fibrinogênio aumenta no pós-parto, juntamente com o fator VIII e o plasminogênio. Período da gestação é conhecido como período onde os eventos tromboembólicos são grandes devido ao aumento dos fatores de coagulação e no puerpério a mulher continua com esse fator de risco, portanto, no pós-parto, não pode ficar deitada, deve fazer deambulação precoce, há riscos aumentados de eventos tromboembólicos (urgência pós-parto). o SISTEMA ENDÓCRINO: Para as mulheres que não amamentam, a menstruação deve descer entre a 7ª a 9ª semana pós-parto. Nas lactentes, a menstruação ocorre mais tarde, pois ao produzir o leite, a prolactina inibe o GnRh no hipotálamo, não tendo secreção de FSH e LH, e consequentemente não há crescimento e nem rompimento de folículo, não irá ocorrer a ovulação. P á g i n a | 3 o PERDA PONDERAL: Perde-se em média 50% do ganho na gestação nas primeiras 6 semanas pós-parto. o ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS: desaparecem até 1 ano pós parto. Desaparece o cloasma gravídico (melasma). Ocorre queda de cabelo (queixa muito comum) até o 5º mês pós-parto e melhora de 6 a 15 meses pós-parto. Durante a gravidez há aumento de aporte sanguíneo no corpo e consequentemente há o nascimento de mais fios de cabelo, e quando esse aporte sanguíneo acaba irão cair, são fracos. o MAMAS: A apojadura (descida do leite) ocorre aproximadamente 72h pós-parto a partir do momento em que o feto começa a sugar (estimulado pela ocitocina). No final da gestação produz o colostro (rico em proteínas, gordura e em imunoglobulinas) e isso é suficiente para alimentar a criança nos primeiros dias, além disso, a criança já nasce com uma reserva nutricional suficiente. ASSISTÊNCIA NO PUERPÉRIO IMEDIATO E MEDIATO o Verificar sinais vitais frequentemente, principalmente a pressão arterial e o pulso. o Monitorar as contrações uterinas e o sangramento: ficar atento à atonia uterina, pois pode entrar em choque hemodinâmico. o Episiotomia (quando presente) ea cicatriz cirúrgica (quando cesariana). o Mamas. o Abdome: verificar a involução uterina, e avaliar a volta dos ruídos hidroaéreos. o Membros inferiores: tomar cuidado com os fatores de coagulação aumentados, cuidado com trombose. o Dieta e deambulação: Após o parto as mulheres sentem muita fome, principalmente após o parto normal. Pode ser orienta a uma dieta geral, não há restrições. A deambulação precoce é muito importante, estimula a micção, estimula os movimentos peristálticos e evita os casos de TEP. o Hemorroida: Cerca de 7 a 8% das mulheres ao final da gestação apresentam hemorroida e cerca de 20% no puerpério. A hemorroida durante a gravidez surge porque o útero comprime a veia cava inferior (VCI) e a mulher tem dificuldade de retorno venoso – o sangue fica represado principalmente nas veias de membro inferior e no plexo hemorroidário, que consequentemente irá exteriorizar o vaso sanguíneo. A hemorroida no puerpério surge, pois é necessário muito líquido para fazer a produção de leite e consequentemente a quantidade de água no intestino fica diminuída influenciando na formação de hemorroida. o Cuidado com as mamas: utilizar os sutiãs adequados (de amamentação) para ajudar na fluidez do leite (canalículos em posição anatômica). A técnica correta de amamentação é importante para que não ocorra intercorrências com a criança. A lanolina anidra modificada é um produto natural que pode ser utilizado de forma tópica no mamilo e aréola para manter a lubrificação e facilitar a sucção do bebê, além de evitar as fissuras, que são a porta de entrada para mastite e desmame precoce. o Retorno ambulatorial: ocorre de 4 a 8 semanas pós-parto. o Anticoncepção: pode ser iniciada 40 dias pós-parto, antes disso a própria amamentação inibe a ovulação, mas mesmo assim deve-se tomar cuidado, pois não é 100% eficaz. Antes dos 40 dias a paciente não pode ter relação sexual devido ao alto risco de infecção pós-parto, colo uterino ainda está aberto. Tipos: - Anticoncepcional oral de progesterona: Desorgestrel (75mcg) 28 dias sem pausa. - Progesterona de depósito: Acetato de medroxiprogesterona (50-150mg). Se 50mg, 1 injeção mensal no glúteo, se 150mg 1 injeção trimestral. - DIU (de cobre tem no SUS). - Preservativo.
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