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MODELO HABEAS CORPUS - Prática Penal

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
Advogada xxx, vem respeitosamente, perante uma das colendas Câmaras desse 
Egrégio Tribunal, com fulcro no art. 5º, inciso LXVIII da Constituição da República, e nos 
termos dos artigos 647 a 667 do CPP, vem à Vossa Excelência impetrar HABEAS 
CORPUS, COM PEDIDO DE LIMINAR em favor de NELLY CONSUELO QUISPE 
RIVERA, Peruana, artesã, nascida em 13 de junho de 1980, em Lima, filha de Luciana Rivera 
Estrada e Ceferino Crispe Vargas, residente na Av. Los Jasmines, nº 455, independência, 
Lima, Peru, preso em flagrante na Delegacia Especial no Aeroporto do Rio de Janeiro, pelos 
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
DOS FATOS: 
 O paciente foi preso em flagrante no dia 17 de agosto de 2004, por suposta infração ao 
art. 304 do Código Penal, por fazer uso de documento público falso lavrado o auto na 
Delegacia de Polícia Federal, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, onde foi enviada 
ao complexo penitenciário Bangu VII encarcerada e permanece. O paciente é acusado de 
supostamente ter cometido os ilícitos de falsidade ideológica, parto suposto e uso de 
documento falso. 
Primeiramente, o constrangimento ilegal do paciente está caracterizado pelo excesso de 
prazo. Com efeito, desde a decretação de sua prisão em flagrante, já transcorreram mais de 09 
anos, como até o momento o inquérito ainda não foi concluído, nem foi decretada a prisão 
preventiva da paciente, deverá a mesma ser colocada em liberdade. 
No caso vertente, trata-se de imputação por falsidade de documento público, embora 
seja necessário maior rigor da autoridade pública não é necessário a antecipação de punição 
pelo Estado. 
No direito brasileiro, conforme disposição constitucional, assegura que todo cidadão é 
considerado inocente até que seja provado o contrário. Consequentemente, como regra, toda 
pessoa deverá aguardar o julgamento em liberdade. Existem, porém, exceções. São casos em 
que o indivíduo fica preso enquanto aguarda o julgamento, sendo o principal deles conhecido 
como prisão em flagrante. Só que, para evitar abusos por parte da policia, e já conhecendo a 
demora dos processos judiciais, o direito brasileiro estabelece um prazo máximo para que a 
pessoa presa em flagrante permaneça detida. Esse prazo é de 81 dias. 
 Após esse período, ninguém deve permanecer preso aguardando julgamento. 
Naturalmente, há exceções que são examinadas pelos tribunais e podem fugir a regra geral. 
 DO DIREITO 
O alto índice de criminalidade atual infunde tal receio em conceder liberdade, que 
chegam os juízes a rejeitar a conclusão favorável resultante do poder discricionário e livre 
convencimento, à vista das peças processuais, em cada caso concreto. Para aplicar a política 
criminal pro societate adotam fórmulas genéricas de alusão ao texto legal, mas a vala comum 
se por um lado assegura afastar o risco à sociedade, por outro lado aumenta este risco, pela 
convivência na carceragem policial daquele ainda passível de recuperação, favorecendo com 
isso que volte a delinqüir. 
 Tal periculum in mora, pelo exposto, não pode singelamente advir da espécie de crime 
imputado ao réu, pois esta circunstância é de natureza penal, e, como tal, serve apenas para a 
aplicação de pena, sendo inidônea, por si só, para instruir uma prisão de cunho processual. 
 E nesse sentido tem sido a orientação do STJ: 
"Liberdade provisória. Crime in thesi inafiançável. A prisão antes da sentença 
condenatória com trânsito em julgado deve ser reservada para situações de absoluta 
necessidade. Não se fazendo presentes os motivos de tutela preventiva, artigo 312 do CPP, 
ainda que tenha havido flagrante e o crime seja in thesi inafiançável, pode o acusado obter 
liberdade provisória, a teor do disposto no parágrafo único do art.310 do CPP" (STJ - 6ª T. - 
HC 5.691 - RJ - Rel. Min. Fernando Gonçalves, D.J.U. 23/6/97, RJ 238 - ago/97 - 
Jurisprudência criminal, p.142, g.n.). 
 O periculum in mora deve ser efetivamente demonstrado e tal não ocorreu. Como já 
dito, a vala comum da política criminal pro societate, se por um lado assegura afastar o risco 
por outro o aumenta, pela convivência na carceragem policial daquele ainda passível de 
recuperação. 
Buscando dar máxima aplicabilidade ao preceito constitucional contido na primeira 
parte do art. 5.º, LXII, da CF, impôs a Lei n. 11.449/2007 que a autoridade policial, dentro de 
24 horas depois da prisão, encaminhe ao Juiz competente o auto de prisão em flagrante 
acompanhado de todas as oitivas colhidas (art. 306, § 1.º, 1.ª parte). Embora a CF tenha 
determinado a imediata comunicação da prisão à autoridade competente, não havia qualquer 
previsão legal de prazo para que tal determinação fosse cumprida. Assim, similarmente à 
entrega da nota de culpa, a lei impôs o prazo máximo de 24 horas após a prisão para o envio 
dos autos à autoridade competente. 
 A alteração legislativa visou propiciar ao preso a garantia de que a autoridade 
judiciária terá rápido acesso ao auto de prisão em flagrante, possibilitando, com isso, o 
imediato relaxamento da prisão, se ilegal, tal como determina o art. 5.º, LXV, da CF. Impede-
se, dessa maneira, que o indivíduo seja mantido no cárcere indevidamente 
DOS PEDIDOS 
 Diante do exposto, por estar demonstrado quantum satis o constrangimento ilegal que 
sofre o paciente, requer a concessão LIMINAR da ordem, como permite o § 2º do art. 660 do 
CPP, concedendo-se, de toda sorte, a ordem da habeas corpus pleiteada, para relaxar a prisão 
do paciente, ou para reconhecer, ex vi do parágrafo único do art. 310 do CPP, o direito do 
paciente de responder em liberdade à ação penal. 
 Nesses Termos, 
 Pede Deferimento. 
 xi, 30 de outubro de 2014. 
___________________________ 
Advogada OAB/xx

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