Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P á g i n a | 1 Partograma Representação gráfica do trabalho de parto e serve como a “anamnese” do parto, é utilizado para diagnosticar distorcia do trabalho de parto (complicações que ocorrem durante o trabalho de parto e podem acarretar risco de morte para a mãe e para o bebê). Verdadeiro relato da evolução do parto. O trabalho de parto distócico não é um diagnóstico, mas um sinal de anormalidade durante o processo, cuja causa deve ser procurada antes de se instituir o tratamento adequado. A identificação das distorcias é feita pela observação das curvas de dilatação cervical e de descida da apresentação expressas no partograma. Composto por: o Data e hora do início das informações, o Dilatação cervical (cm), o Altura da cabeça uterina (planos de de Lee), o Apresentação fetal, o Posição fetal, o Frequência cardíaca fetal (fcf), o Número de contrações, o Aspecto da bolsa e do líquido amniótico, o Uso ou não de ocitocina e demais medicamentos. O exame completo de todas essas variáveis permite conhecer a evolução do parto e dos fatores etiológicos responsáveis pela evolução normal ou anormal do mesmo. Utilização do partograma melhora a qualidade da assistência clínica ao parto, devendo este ser incluído na rotina de todas as maternidades. O partograma faz parte do prontuário médico, portanto ao preencher uma coluna (correspondente à uma hora), o Examinador deve assinar, indicando que realizou o exame. OBJETIVOS DO PARTOGRAMA: o Avaliar a evolução do trabalho de parto. o Permitir o diagnóstico precoce de distórcias intraparto. o Orientar a tomada de condutas apropriadas em momentos oportunos. PREENCHIMENDO CORRETO DO PARTOGRAMA 1. IDENTIFICAÇÃO: primeira parte do partograma é a identificação da paciente, sendo que cada serviço tem seu cabeçalho específico, porém todos devem conter= nome completo da paciente, documento/atendimento, idade da gestante, paridade, comorbidades e idade gestacional. P á g i n a | 2 2. DILATAÇÃO E ALTURA DO FETO (PLANOS DE DE LEE): A segunda parte do preenchimento refere-se ao acompanhamento da dilatação cervical e da altura do feto, duas informações que devem ser anotadas a cada toque vaginal que for realizado, a cada hora. O preenchimento é feito a partir da esquerda para a direita e, além das outras duas informações, é necessário anotar a hora real (hora naquele momento) e a hora de registro (1, 2, 3, 4, etc.). Obs: inicia-se o registro gráfico quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto (≥ 2 CONTRAÇÕES EFICIENTES EM – cada uma ≥ 40 segundos – EM UM TEMPO DE 10 MINUTOS E COM DILATAÇÃO CERVICAL MÍNIMA DE 3CM). SIGNIFICADO DOS SÍMBOLOS: o Triângulo: é referente à dilatação e está correlacionado com a escala à esquerda. A dilatação varia de 1cm a 10cm (máximo), sendo que a velocidade de dilatação é de 1cm/h. o Círculo: representa a altura do feto que orienta como está a descida da criança, respeitando os planos de De Lee (vai de AM até vulva). Além da altura do feto, deve fazer a marcação da posição do occipito (rotação da cabeça dentro da bacia), ao realizar o toque vaginal deve localizar a fontanela posterior (lambda) e registrar a sua posição no partograma por meio de um desenho (“Y”). Caso, ao toque vaginal, seja sentido a fontanela anterior (bregma) deve-se representar por meio de um losango (“◊”). LINHA DE ALERTA E DE AÇÃO: Ambas podem estar presentes ou não no partograma, se não estiverem será de responsabilidade de quem abre o partograma desenhá-las. A linha de alerta (esquerda) mostra a necessidade de atenção à possibilidade de ter que tomar uma atitude, pois o parto está mais lento do que deveria ser – deve ser traçada 1h após a abertura do partograma. A linha de ação (direita) mostra a necessidade de alguma intervenção, deve interromper o curso natural – deve ser traçada 4h após a abertura do partograma. 3. FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL: A terceira parte é o registro de batimentos fetais e deve ser marcado apenas com um ponto na frequência que o feto apresenta no momento do exame. Os batimentos cardíacos são auscultados no dorso do bebê, pois se encontra mais próximo da superfície da barriga da mãe, portanto ressoa mais. Deve auscultar por 10min para verificar se está havendo aceleração ou desaceleração dos batimentos cardíacos fetais, pode-se fazer a cada 30min, ao invés de a cada 1h. FCF IDEAL: para bebês pré-termo, o FCF é ideal entre 120-160bpm e para bebês a termo, o BCF é ideal entre 110- 160bpm. 4. CONTRAÇÕES: Em seguida, há o registro das contrações, número de quadrados que pintar, representa a quantidade de contrações em 10min. As contrações devem ser sentidas no abdome da paciente, lembrar-se de desprezar a primeira contração se ao colocar a mão já estiver havendo uma contração. Para as contrações efetivas, deve-se preencher todo o quadrado. Se não forem efetivas, mas durarem entre 20 e 39 segundos pinta-se apenas metade do quadrado, traçando uma linha na diagonal. 5. BOLSA, LÍQUIDO AMNIÓTICO E OCITOCINA: A quarta e última parte é onde será anotado se há ou não o uso de ocitocina, o aspecto do líquido amniótico e o aspecto da bolsa o BOLSA: pode se encontrar íntegra (BI) ou rota (BR). o LÍQUIDO AMNIÓTICO (LA): pode ser claro e sem grumos (LCSG), claro e com grumos (LCCG) ou meconial (LMEC). P á g i n a | 3 - LCSG: geralmente presente em fetos prematuros de 36 semanas. - LCCG: os grumos indicam prematuridade pulmonar. - LMEC: líquido amniótico esverdeado. É importante ressaltar que apenas com o rompimento da bolsa é possível avaliar o líquido amniótico. o OCITOCINA: É importante marcar se foi utilizada ou não e, caso seja utilizada, a dose administrada. A ocitocina serve para estimular as contrações, porém a maior parte das pacientes entra em trabalho de parto espontâneo. PERÍODOS DE PARTO E DISTOCIAS DIAGNOSTICADAS: O trabalho de parto distócico é a não ocorrência destes fenômenos de dilatação do colo e de descida do feto. PERÍODOS DO PARTO DISTÓCIAS DIAGNOSTICADAS PREPARATÓRIO o Fase latente prolongada. DILATAÇÃO o Fase ativa prolongada; o Parada secundária dilatação; Parto precipitado. PÉLVICO o Período pélvico prolongado o Parada secundária descida. - FASE LATENTE PROLONGADA: caracteriza-se por velocidade de dilatação inferior a 1,0cm/h no primeiro período do parto. - PARADA SECUNDÁRIA DE DILATAÇÃO: dilatação cervical permanece a mesma em dois ou mais toques sucessivos (intervalo entre os toques de duas horas ou mais). - PARTO PRECIPTADO: caracteriza-se pela curva de dilatação muito rápida e excessivo padrão de contrações. - PERÍODO EXPULSIVO PROLONGADO: quando a descida da apresentação acontece de maneira muito lenta. - PARADA SECUNDÁRIA À DESCIDA: caracteriza-se pela ausência de descida da apresentação em dois toques sucessivos com intervalo de 1h. PREPARATÓRIO: A. FASE LATENTE PROLONGADA: O padrão das contrações uterinas é inefetivo e praticamente não ocorre dilatação cervical e nem descida da apresentação. ABERTURA DO PARTOGRAMANA NA HORA ERRADA. Considera-se fase latente prolongada quando se determina duração do trabalho superior a 20 horas. o CONDUTA: Nesse momento a melhor conduta é não abrir o partograma e mandar a paciente para a casa, explicando os sinais de alerta para só aí ela poder voltar para ser internada. ✓ Sinais de alerta: perda de líquido, sangramento uterino, contrações eficientes a cada 5 minutos, diminuição dos movimentos fetais. A conduta nessa distórcia é expectante, desde que a vitalidade fetal esteja preservada. s ocitócitos devem ser evitados, pois aumentam a incidência de cesariana, em decorrência do colo uterino desfavorável. DILATAÇÃO: P á g i n a | 4 B. FASE ATIVA PROLONGADA OU DISTÓCIA FUNCIONAL: a dilatação do colo uterino ocorre muito lentamente, numa velocidade menor que 1cm/hora. A curva da dilatação ultrapassa a linha de alerta e, às vezes, a linha de ação e o cruzamento podem ocorrer após uma das linhas. Essa distócia geralmente decorre de contrações uterinas não eficientes (falta de motor). O partograma foi aberto no momento correto, porém a curva de dilatação ultrapassou a linha de alerta e a linha de ação – o cruzamento ocorreu após a linha de alerta. O obstetra deveria tomar uma atitude quando a paciente apresentava 5cm de dilatação e a altura fetal estava em -4. o CONDUTA: A correção da velocidade de dilatação do colo é feita nesta fase pela administração de ocitocina OU pela rotura da bolsa das águas. C. PARADA SECUNDÁRIA DE DILATAÇÃO: diagnosticada por dois toques sucessivos, com intervalo de 2 horas ou mais, com a paciente em trabalho de parto ativo. Nesta distócia a dilatação cervical permanece a mesma durante duas horas ou mais, ultrapassa a linha de alerta e, por vezes, a linha de ação. Obs: nesse tipo de distócia há associação frequente com sofrimento fetal (hipóxia fetal), agravando o prognóstico perinatal, sendo que a causa principal desse parto disfuncional é a desproporção cefalopélvica relativa (quando o feto não fez alguma rotação) ou absoluta. o CONDUTA: A rotura da bolsa das águas, a deambulação da parturiente ou a analgesia peridural podem determinar evolução normal do parto, porem casos estes procedimentos não modifiquem a evolução do partograma orienta-se parto cesárea. D. PARTO PRECIPITADO OU TAQUITÓCICO: É diagnosticado quando a dilatação cervical e a descida e expulsão do feto ocorrem num período de 4 horas ou menos. O padrão da contratilidade uterina é de taquissistolia (muita contração) e hiperssistolia e caso a placenta esteja no limite de sua função aparece o sofrimento fetal, feto só recebe oxigênio entre uma contração e outra, e durante a contração o fornecimento de oxigênio é cortado, como está ocorrendo muita contração o feto pode entrar em sofrimento fetal, pois não ocorre um fornecimento adequado de oxigênio. Como é um parto rápido, as lacerações do trajeto também são mais frequentes neste tipo de parto, pois não há tempo para acomodação dos tecidos pélvicos, ocorrendo descida e expulsão do feto de modo abrupto. Também pode acontecer em decorrência de iatrogenia por “overdose” de ocitocina. Esse partograma foi feito em uma paciente que teve um parto normal em 4h (3h após a internação), pois a dilatação e a descida do bebê ocorreram de maneira muito rápida. P á g i n a | 5 CONDUTA: Orienta-se atenção à vitalidade fetal no período de dilatação cervical e revisão detalhada do canal do parto após o delivramento. PÉLVICO: E. PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO: manifesta-se, no partograma, com a descida da apresentação progressiva, mas excessivamente lenta – nota-se dilatação completa do colo uterino e demora na descida e expulsão do feto. A causa desta distócia geralmente deve-se à contratilidade uterina ineficiente. o CONDUTA: Sua correção é obtida pela administração de ocitocina, rotura da bolsa das águas e ainda pela utilização do fórcipe, desde que preenchidos os pré-requisitos para sua aplicação. Também se recomenda à parturiente posição vertical (sentada ou em pé), pois favorece a descida da apresentação. F. PARADA SECUNDÁRIA DA DESCIDA: diagnosticada por dois toques sucessivos com intervalo de 1 hora ou mais, com dilatação completa do colo uterino. Considera-se que há parada secundária da progressão da apresentação quando ocorre cessação da descida por pelo menos 1 hora após o início da mesma. Geralmente está correlacionada com desproporção céfalo pélvica e distócia de rotação o CONDUTA: acontecimento obstétrico ominoso e deve ter pronta correção (cesária) para evitar consequências desastrosas tanto para a mãe como para o feto. Ambas as linhas (dilatação e descida) se cruzaram antes da linha de alerta, porém a descida fetal não ocorreu mais, pois não ocorreu a rotação interna, deve-se realizar cesária,
Compartilhar