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Vinícius Polinski Garcia Fisiologia da Contração Muscular e da Marcha Humana 1. Descreva a anatomia fisiológica do músculo esquelético. Os músculos esqueléticos são formados por numerosas fibras. Cada uma destas fibras é formada por subunidades sucessivamente menores. Essas subunidades são centenas de milhares de miofibrilas. Cada miofibrila é formada por cerca de 1500 filamentos de miosina adjacentes e por 3000 filamentos de actina, longas moléculas de proteínas polimerizadas responsáveis pelas contrações reais musculares. As miofibrilas possuem faixas escuras e claras. As faixas claras possuem filamentos de actina (faixas I) – isotrópicas a luz polarizada. As faixas escuras possuem filamentos de miosina, assim como as extremidades dos filamentos de actina, onde se superpõem aos de miosina (faixas A) – anisotrópicas a luz polarizada. Também são notadas pequenas projeções laterais dos filamentos de miosina – são as chamadas pontes cruzadas. Além disso, as extremidades dos filamentos de actina são ligadas ao disco Z. Esse disco é composto por proteína filamentosa diferente das de actina e miosina, mas será responsável por cruzar transversalmente toda miofibrila conectando umas as outras por toda a fibra muscular. Entre dois discos Z, encontra-se o sarcômero. Quando há contração o sarcômero diminui seu comprimento, ao passo que o contrário irá aumenta-lo. Vinícius Polinski Garcia Sarcolema: é uma membrana celular da fibra muscular. Ela irá se fundir com a fibra do tendão em cada extremidade da fibra muscular. A fibra do tendão irá se agrupar em feixes para formar os tendões dos músculos que se inserem nos ossos. Moléculas Filamentosas de Tinina: com a constante contração dos músculos, é difícil manter lado a lado os filamentos de actina e miosina. As Tininas serão responsáveis por fazer a manutenção dessas posições. Por ser uma molécula de grande flexibilidade, a tinina irá desempenhar um papel de arcabouço para que os filamentos de actina e miosina fiquem em seus lugares. Uma extremidade da tinina se liga ao disco Z e a outra ao filamento de miosina, funcionando como uma espécie de mola. Sarcoplasma: é o líquido intracelular onde as miofibrilas ficam em suspensão. Ele irá preencher os espaços entre as miofibrilas. É constituído por grande quantidade de potássio, magnésio e fosfato, além de diversas enzimas proteicas. Nota-se também a presença de diversas mitocôndrias que, por sua vez, irão fornecer grande quantidade de ATP para a contração muscular. Retículo Sarcoplasmático: é o retículo endoplasmático especializado do músculo esquelético. Ele desempenha papel importante na regulação da contração muscular. 2. Explique o papel dos íons cálcio sobre a contração muscular. Os íons cálcio estão presentes no retículo sarcoplasmático. Quando grande parte da eletricidade do potencial de ação flui pela fibra muscular, os íons cálcio são liberados em grande quantidade. A troponina (TN), um complexo ligante de cálcio constituído por 3 proteínas, controla o posicionamento de um polímero proteico alongado, a tropomiosina. Em um músculo esquelético no estado de repouso, a tropomiosina enrola-se ao redor dos filamentos de actina e cobre de forma parcial todos os sítios que permitiriam a ligação da miosina na actina. Essa é a posição de bloqueio da tropomiosina, ou posição “desligada”. Vinícius Polinski Garcia Ao serem liberados, os íons cálcio irão ativar as forças atrativas entre os filamentos de miosina e actina, assim irá ocorrer o deslizamento desses filamentos (processo contrátil). A mudança entre os estados “ligado” e “desligado” da tropomiosina é regulada pela troponina. Quando a contração é iniciada em resposta ao cálcio, uma das proteínas do complexo (a troponina C) liga-se reversivelmente ao Ca2+. O complexo cálcio-troponina C desloca a tropomiosina, afastando-a completamente dos sítios de ligação à miosina na actina. Essa posição “ligada” permite que as cabeças da miosina formem ligações cruzadas fortes, de alta energia, e executem o movimento de força, puxando o filamento de actina. Esses ciclos de contração ficam se repetindo enquanto os sítios de ligação estiverem expostos. Em fração de segundo, a bomba de Ca++ da membrana irá mandar esses íons novamente para o retículo sarcoplasmático fazendo com que a contração cesse. Para que o relaxamento muscular possa ocorrer, as concentrações citoplasmáticas de Ca2+ precisam diminuir. Pela lei de ação das massas, o Ca2+ desliga-se da troponina quando há uma redução do cálcio citosólico. Na ausência de Ca2+, a troponina permite que a tropomiosina retorne para o estado “desligado”, recobrindo os sítios de ligação à miosina presentes nas moléculas de actina. 3. Descreva a sequência de degradação do ATP no processo de contração muscular. Quando um músculo se contrai, é realizado trabalho com necessidade de energia, então grandes quantidades de ATP são degradadas, formando ADP durante o processo da contração; quanto maior a quantidade de trabalho realizada pelo músculo, maior a quantidade de ATP degradada, o que é referido como efeito Fenn. - Acredita-se que esse efeito ocorra na seguinte sequência: 1. Antes do início da contração, as pontes cruzadas das cabeças se ligam ao ATP. A atividade da ATPase das cabeças de miosina imediatamente cliva o ATP, mas deixa o ADP e o íon fosfato como produtos dessa clivagem ainda ligados à cabeça. Nessa etapa, a conformação da cabeça é tal que se estende, perpendicularmente, em direção ao filamento de actina, só que ainda não está ligada à actina 2. Quando o complexo troponina-tropomiosina se liga aos íons cálcio, os locais ativos no filamento de actina são descobertos, e as cabeças de miosina, então, se ligam a esses locais. 3. A ligação entre a ponte cruzada da cabeça e o local ativo no filamento de actina causa alteração conformacional da cabeça, fazendo com que se incline em direção ao braço da ponte cruzada, o que gera um movimento de força para puxar o filamento de actina. A energia que ativa o movimento de força é a energia já armazenada, como uma mola “engatilhada”, pela alteração conformacional que ocorreu na cabeça quando as moléculas de ATP foram clivadas. 4. Uma vez em que a cabeça da ponte cruzada esteja inclinada, é permitida a liberação do ADP e do íon fosfato que estavam ligados à cabeça. No local onde foi liberado o ADP, nova molécula de ATP se liga. A ligação desse novo ATP causa o desligamento da cabeça pela actina. 5. Após a cabeça ter sido desligada da actina, a nova molécula de ATP é clivada para que seja iniciado novo ciclo, levando a novo movimento de força. Ou seja, a energia volta a “engatilhar” a cabeça em sua posição perpendicular, pronta para começar o novo ciclo do movimento de força. Vinícius Polinski Garcia 6. Quando a cabeça engatilhada (com a energia armazenada derivada da clivagem do ATP) se liga a novo local ativo no filamento de actina, ela descarrega e de novo fornece outro movimento de força Desse modo, o processo ocorre, sucessivamente, até que os filamentos de actina puxem a membrana Z contra as extremidades dos filamentos de miosina, ou até que a carga sobre os músculos fique demasiadamente forte para que haja mais tração 4. Descreva as etapas da contração muscular. As etapas para o início e execução da contração muscular são: Etapa 1: os potenciais de ação cursam pelo nervo motor até suas terminações nas fibras musculares. Etapa 2: em cada terminação, o nervo secreta pequena quantidade da substância neurotransmissora (acetilcolina). Etapa 3: a acetilcolina age em área local da membrana da fibra muscular para abrir múltiplos canais de cátion, “regulados pela acetilcolina”, por meio de moléculas de proteína que flutuam na membrana. Vinícius Polinski Garcia Etapa 4: a abertura dos canais regulados pela acetilcolina permite a difusão de grande quantidade de íons sódio para o lado interno da membranadas fibras musculares. Dessa forma, ocorrerá despolarização local que, por sua vez, gera a abertura de canais de sódio, dependentes de voltagem. Será desencadeado o potencial de ação na membrana. Etapa 5: o potencial de ação se propaga por toda a membrana da fibra muscular do mesmo modo como o potencial de ação cursa pela membrana das fibras nervosas. Etapa 6: o potencial de ação despolariza a membrana muscular, e grande parte da eletricidade do potencial de ação flui pelo centro da fibra muscular. Assim, o retículo sarcoplasmático (RE das células musculares) libera grande quantidade de íons cálcio armazenados nesse retículo. Etapa 7: os íons cálcio ativam as forças atrativas entre os filamentos de miosina e actina, fazendo com que deslizem ao lado um do outro (processo contrátil). Etapa 8: após fração de segundo, os íons cálcio são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático pela bomba de Ca++ da membrana, onde irão ficar armazenados até que novo potencial de ação muscular se inicie. Ao remover os íons cálcio das miofibrilas a contração muscular cessa. 5. Diferencie contração isotônica de contração isométrica. Contração Isotônica A contração muscular é dita isotônica quando o músculo encurta, mas sua tensão permanece constante por toda a contração. O músculo contrai, encurta e gera força suficiente para mover a carga. Nas contrações isotônicas, os sarcômeros encurtam ainda mais. Entretanto, como os elementos elásticos foram estirados ao máximo, o músculo encurta. Exemplo: Pegar halteres, um em cada mão, e flexionar os cotovelos até que os halteres toquem os ombros. É uma contração isotônica por gerou força e movimentou uma carga. Contração Isométrica A contração muscular é dita isométrica quando o músculo não encurta durante a contração. O músculo contrai, mas não encurta, a força produzida não é capaz de mover a carga. Em uma contração isométrica, os sarcômeros encurtam e geram força, porém os elementos elásticos são estirados, permitindo que o comprimento muscular permaneça constante. Exemplo: Segurar halteres mantendo-os imóveis à sua frente, os músculos dos braços estarão gerando tensão (força) para se opor à carga dos halteres, mas não estarão gerando movimento. 6. Quais os processos remodelação muscular e como ocorrem. Todos os músculos do corpo são constantemente remodelados para que se ajustem as funções a eles requeridas. Nesses processos, podem ocorrer: alterações nos diâmetros, forças alteradas, Vinícius Polinski Garcia fibras musculares alteradas. A remodelação é rápida e geralmente dura no máximo poucas semanas. Os processos de remodelação são: hipertrofia e atrofia musculares. Hipertrofia: é referida quando a massa muscular total aumenta. Isso ocorre com o aumento do número de filamentos de actina e de miosina em cada fibra muscular. Ela ocorre em um grau maior quando o músculo trabalha contra a carga durante o processo contrátil. Poucas e fortes contrações a cada dia são necessárias para uma hipertrofia significativa (6 a 10 semanas). Não se sabe bem o motivo para que haja hipertrofia, porém sabe-se que: a síntese de proteínas é aumentada durante esse processo e o sistema enzimático fornecedor de energia também aumenta. Atrofia: é referida quando a massa muscular diminui. Ocorre quando um músculo fica sem uso por muitas semanas. Nessa situação, a velocidade de degradação das proteínas contráteis é maior que a reposição. A via da ubiquitina-proteasoma (dependente de ATP) é uma via responsável por essa degradação. A ubiquitina marca as proteínas e o proteasoma as destrói. O tecido muscular estriado esquelético apresenta uma alta suscetibilidade a lesões tendo em vista sua intensa solicitação durante o cotidiano dos indivíduos. O potencial regenerativo apresenta três fases identificadas no processo de regeneração muscular: Fase de destruição: caracterizada pela ruptura e necrose de miofibras, formação de hematoma entre miofibras rompidas e reação inflamatória. Fase de reparo: constituída de fagocitose do tecido necrosado, regeneração de miofibras, produção de tecido conjuntivo cicatricial e neovascularização dentro da área lesada. Fase de remodelação: período no qual ocorre maturação de miofibras regeneradas, contração e reorganização do tecido cicatricial e recuperação da capacidade funcional do músculo. 7. Descreva ciclo da marcha humana e seus mecanismos. A marcha pode ser definida como uma maneira ou um estilo de caminhar. Seu ciclo se divide em duas fases: apoio e balanço. Fase De Apoio Equivale a 60% do ciclo e acontece quando uma perna suporta todo o peso mantendo-se em contato com a superfície. Dessa forma, o peso é sustentado para que ocorra o avanço. Durante o apoio há momentos de apoio unipedal e bipedal. São três atividades principais que ocorrem na fase de apoio: Contato inicial (batida de calcanhar): início do ciclo e a fase de apoio. Apoio intermediário (apoio unipedal): metade da fase. Apoio termina (calcanhar-fora): quando o calcanhar da extremidade do pé que está a frente sai do solo levando o corpo para frente. Fase de Balanço Ocorre quando a perna que não faz apoio avança para o próximo passo. Vinícius Polinski Garcia Essa fase é subdividida em: Balanço inicial. Balanço intermediário. Balanço terminal. A etapa inicial (aceleração) desta fase ocorre quando o dedo da extremidade em movimento deixa o solo e continua até a etapa intermediária ou o ponto no qual a extremidade em balanço está diretamente sobre o corpo. Em sequência, no balanço terminal (desaceleração), a perna se prepara para o contato inicial com o solo ou está pronta para o suporte do peso (contato inicial), quando a fase de apoio é reiniciada. Dessa forma, o ciclo da marcha é a alternância entre essas fases e o movimento dos braços em sentido inverso às pernas do mesmo lado (manter o equilíbrio).
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