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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS FACULDADE DE MATEMÁTICA PRÉ-CÁLCULO Professores: Mayara Brito Wilson Oliveira. Resumo: Este material foi desenvolvido pelos professores Mayara Brito e Wilson Oliveira com o objetivo de ser um material de apoio para os alunos de cálculo 1, visto que estes alunos são calouros e que a carga horária do curso não permite fazer um estudo mais aprofundado de funções reais. Neste material abordamos a de�nição de função e alguns casos particulares de funções reais, fazendo o estudo de seus grá�cos e classi�cando com relação ao crescimento/ decrescimento, injetividade, sobrejetividade e destacando algumas propriedades importantes de cada função. O intuito é dar ao aluno uma bagagem de exemplos maior de funções reais, e assim poder utilizar nos exemplos de limite e continuidade da disciplina em sala de aula ou exercícios. Sumário INTRODUÇÃO 3 1 CONJUNTOS 6 1.1 Conjunto Unitário, Vazio e Universo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 Conjuntos Iguais, Subconjunto e Reunião, Intersecção e Diferença de Conjuntos 8 1.3 Conjuntos numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2 PRODUTO CARTESIANO DE CONJUNTOS 18 3 FUNÇÃO 21 4 FUNÇÃO AFIM 28 5 FUNÇÃO QUADRÁTICA 36 6 INEQUAÇÕES 44 6.1 Inequações simultâneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 7 MÓDULO 50 7.1 Equações Modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 7.2 Inequação Modular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 7.3 Função Modular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 8 FUNÇÃO EXPONENCIAL 62 8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 8.2 Potência de expoente natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 8.3 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 8.4 Potência de expoente inteiro negativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 8.5 Raiz enésima aritmética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 8.6 Potência de expoente racional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 8.6.1 Grá�co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 8.6.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 8.7 Equação exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 9 FUNÇÃO LOGARÍTMICA 72 9.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 9.2 Consequências da de�nição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 9.3 Propriedades operatórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 9.4 Mudança de base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 9.4.1 Propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 9.5 Função Logarítma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 9.5.1 Grá�co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 9.5.2 Domínio e Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 9.5.3 Propriedade do grá�co da função logaritma . . . . . . . . . . . . . . . 82 10 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 84 10.1 Função Seno e Cosseno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 10.2 Função Tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 BIBLIOGRAFIA 85 . INTRODUÇÃO Este material a surgiu da experiência dos autores quando estes ministraram algumas vezes a disciplina para os cursos de Cálculo 1, Cálculo 2 e Matemática Geral. O principal objetivo destas notas é fazer com que os alunos compreendam com clareza os conceitos introdutórios de matemática do ponto vista geométrico, numérico, algébrico e lingüístico. Desenvolvendo também a capacidade de modelagem de problemas matemá- ticos e provas envolvendo conjuntos, conjuntos numéricos, funções reais com seus casos particulares, facilitando sua aprendizagem quando for apresentado o conceito de limite e continuidade. Para desenvolver a capacidade do estudante de pensar por si mesmo em termos das novas de�nições, incluímos no �nal de cada seção uma lista de exercícios. Nossa expectativa é que este texto assuma o caráter sustentável de uma experiência permanentemente renovável, sendo, portanto, bem-vindas às críticas e/ou sugestões apre- sentadas por todos - professores ou alunos quantos dele �zerem uso. O material encontra-se dividido em 10 capítulos, de modo que primeiro é feito uma de�nição formal de conjuntos com o objetivo de de�nir conjunto numérico visando auxiliar na explicação do conceito de função real. No segundo capítulo encontra-se o estudo sobre plano cartesiano com o intuito de mais adiante utilizar esta ferramenta para o esboço (o desenho) dos grá�cos das funções reais, dando assim uma abordagem geométrica e visual para o assunto. No capítulo 3, �nalmente de�nimos função real como uma relação entre conjuntos nu- méricos. Além disso, fazemos a de�nição de grá�co de função e como podemos representar este no plano cartesiano. Encontram-se também neste capítulo os conceitos de injetividade, sobrejetividade, crescimento e decrescimento de função. Toda a abordagem geral e formal se encerra nesta seção. Pois nos capítulos seguintes, serão estudadas algumas funções par- ticulares, com o objetivo de destacar suas propriedades individuais e dar ao aluno o maior números de exemplos de funções. Escolhemos então abordar da seção 4 a 10 as funções: a�m, quadrática, inequações, modular, exponencial, logarítmica e trigonométricas, mais especi�camente as funções seno, cosseno e tangente. Acreditamos que com o estudo detalhado de cada uma dessas funções, o aluno ganhe uma bagagem de conhecimento que possibilite no entendimento da de�nição de limite, auxiliando assim uma melhor aprendizado dos demais tópicos da disciplina. 1 CONJUNTOS Faremos aqui uma revisão das principais noções da teoria dos conjuntos, naquilo que importa à Matemática Elementar. Tais noções possui grande aplicabilidade na representação dos principais conjuntos numéricos. Um conjunto é formado de objetos ou entidades bem de�nidos. (A teoria dos conjuntos foi desenvolvida pelo matemático russo Georg Cantor, 1845 - 1918). Eis alguns exemplos: 1) Conjunto das vogais; 2) conjunto dos números impares positivos; 3) Conjuto dos planetas do sistema solar; 4) Conjunto dos números primos positivos; 5) Conjunto dos nomes dos meses de 31 dias. Os objetos que compõem um conjunto particular são chamados de elementos ou mem- bros. Assim, nos exemplos anteriores, temos os elementos: 1) a, e, i, o, u; 2) 1, 3, 5, 7, 9, · · · ; 3) Mercúrio, Venus, Terra, Marte,· · · ; 4) 2, 3, 5, 7, 13, · · · ; 5) janeiro, março, maio, agosto, outubro, dezembro. Indicamos conjunto e elemento, em geral, por letras maiúsculas A, B, C, · · · e minúsculas, respectivamente. Quando um objeto x é um dos elementos que compõem o conjunto A, dizemos que x pertence a A ou A contém x, e escrevemos x ∈ A; caso contrário, escrevemos x /∈ A (lê-se: x não pertence a A). É habitual representar um conjunto pelos pontos inte- riores a uma linha fechada e não entrelaçada. Assim, na representação ao lado temos: a ∈ A, b ∈ A e d /∈ A No caso de usarmos um círculo para representar um conjunto, estaremos usando assim o chamado diagrama de Euler-Venn. Um conjunto com um número �nito de elementos pode ser exibido escrevendo todos os seus elementos entre chaves e inserindo vírgulas entre eles. Assim, {a, b, c}, denota o conjunto cujos elementos são a, b e c. Observação 1.1. A ordem em que os elementos são escritos não altera um conjunto. As- sim, {a, b, c} = {b, c, a} = {c, a, b}, bem como a repetição de elemento não tem efeito. Por exemplo, {a, b, c} = {a, b, c, a, b, c, a}. Quando queremos descrever um conjuntoA por meio de uma propriedade característica P de seus elementos x, escrevemos A = {x; x satisfaz a propriedade P}. Exemplo 1.1. Veja os dois exemplos abaixo. 1) {x| x x é divisor inteiro de 3} = {1,−1, 3,−3}; 2) {x| x x é inteiro e 0 6 x 6 500} = {1, 2, · · · , 499, 500}. 1.1 Conjunto Unitário, Vazio e Universo Existem alguns conjuntos especiais e iremos de�nir a seguir. De�nição 1.1 (Conjunto Unitário). Chama-se conjunto unitário aquele que possui um único elemento. Exemplo 1.2. O Conjunto dos divisores de 1, inteiros e positivos: {1}, é um conjunto unitário. De�nição 1.2 (Conjunto Vazio). Chama-se conjunto vazio aquele que não possui ele- mento algum. O simbolo usual para o conjunto vazio é ∅ ou {}. Exemplo 1.3. O conjunto {x| x 6= x} = ∅ é um conjunto vazio. De�nição 1.3 (Conjunto Universo). O termo conjunto-universo (ou universal ) é, às vezes, usado para um conjunto U que contém todos os conjuntos em um dado contexto. Assim, admitiremos, no que segue, que todos os conjuntos considerados sejam subconjuntos de um conjunto-universo U . 1.2 Conjuntos Iguais, Subconjunto e Reunião, Intersecção e Dife- rença de Conjuntos Dados dois conjuntos podemos relacionar ou comparar seus elementos. Assim, nosso ob- jetivo agora é identi�car quando dois conjuntos são iguais, o que acontece quando juntamos elementos de dois conjuntos distintos ou quando olhamos somente os elementos em comum desses conjuntos. De�nição 1.4 (Igualdade de Conjuntos). Dois conjuntos A e B são iguais quando todo elemento de A pertence a B e, reciprocamente, todo elemento de B pertence a A. Em simbolos: A = B ⇔ (∀x) (x ∈ A ⇔ x ∈ B). (1) Exemplo 1.4. 1) {a, b, c, d} = {d, b, c, a}; 2) {2, 4, 6, 8, 10, · · · } = {x| x é inteiro, positivo, não nulo e par}; 3) {x| 2x+ 1 = 5} = {2}. Se A não é igual a B, escrevemos A 6= B. Claramente, A 6= B se existe pelo menos um elemento de A que não pertencente a B ou existe em B pelo menos um elemento não pertencente a A. De�nição 1.5 (Subconjunto). Sejam A e B conjun- tos. Dizemos que A é um subconjunto de B se, e so- mente se, todo elemento de A é um elemento de B e usamos a notação A ⊂ B para indicar tal inclusão. Em símbolo, temos: A ⊂ B ⇔ (∀x) (x ∈ A ⇒ x ∈ B). (2) Figura 1: A é um subconjunto de B. Exemplo 1.5. A seguir estão listados alguns exemplos de subconjuntos. 1) {a, b} ⊂ {d, b, c, a}; 2) {a} ⊂ {c, a}; 3) {x| xé inteiro e par} ⊂ {x| xé inteiro}. Quando A ⊂ B, também podemos escrever B ⊃ A, lê-se "B contém A". Com a notação A 6⊂ B indicamos que "A não está contido em B", isto é, a negação de A ⊂ B. É evidente que A 6⊂ B somente se existe ao menos um elemento de A que não pertence a B. Assim, por exemplo, temos: {a, b, c} 6⊂ {b, c, d, e}. Figura 2: A não é um subconjunto de B. Observação 1.2. Vimos em (??) o conceito de igualdade de conjuntos. Note que, nesta de�nição está explícito que todo elemento de A é elemento de B e vice-versa, ísto é, A ⊂ B e B ⊂ A, portanto, podemos escrever: A = B ⇔ (A ⊂ B e B ⊂ A). Assim, para provar que A = B devemos provar que A ⊂ B e B ⊂ A. De�nição 1.6 (Reunião de Conjuntos). Sejam A e B conjuntos. Chama-se reunião de A e B o conjunto formado pelos elementos que pertencem a A ou a B, denotada por A ∪ B, isto é, A ∪B = {x ∈ U | x ∈ A ou x ∈ B}. (3) Figura 3: Reunião de A com B. Exemplo 1.6. 1) {a, b} ∪ {c, d} = {a, b, c, d}; 2) {a, b} ∪ {a, b, c, d} = {a, b, c, d}; 3) {a, b, c} ∪ {c, d, e} = {a, b, c, d, e}; 4) {a, b, c} ∪ ∅ = {a, b, c}. De�nição 1.7 (Reunião de Conjuntos). Sejam A e B conjuntos. Chama-se intersecção de A e B o conjunto formado pelos elementos que pertencem a A e a B, denotada por A∩B, isto é, A ∩B = {x ∈ U | x ∈ A e x ∈ B}. (4) Exemplo 1.7. 1) {a, b, c} ∩ {b, c, d, e} = {b, c}; 2) {a, b} ∩ {a, b, c, d} = {a, b}; 3) {a, b, c} ∩ {a, b, c} = {a, b, c}; 4) {a, b} ∩ ∅ = ∅. Figura 4: Intersecção de A com B. De�nição 1.8 (Diferença de Conjuntos). Sejam A e B conjun- tos. Chama-se diferença de A e B o conjunto formado pelos elementos de A que não pertencem a B, denotada por A−B, isto é, A−B = {x | x ∈ A e x /∈ B}. (5) Exemplo 1.8. 1) {a, b, c} − {b, c, d, e} = {a} 2) {a, b, c} − {b, c} = {a} 3) {a, b} − {c, d, e, f} = {a, b} 4) {a, b} − {a, b, t, x, z} = ∅ Figura 5: Diferença de A com B Se A ⊂ B, então B−A é chamado o complementar de A em B. Os conjuntos A e B são chamados disjuntos se A∩B = ∅. O complementar de A em U é simplesmente chamado de complementar de A e denotado por A′ ou Ac, sem referência explícita a U .Assim, A−B = A ∩Bc Figura 6: O complementar de A. Exemplo 1.9. Sejam U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}, A = {1, 2, 4}, B = {2, 3, 5} e C = {1, 2, 4, 5}. Então: A ∪B = {1, 2, 3, 4, 5} A ∩B = {2} A−B = {1, 4} B − A = {3, 5} A− C = ∅ Ac = {0, 3, 5, 6} Bc = {0, 1, 4, 6} Exercício 1.1. 1) Assinalar no diagrama ao lado, um de cada vez, os seguintes conjuntos: (a) A∩B ∩C (c) A∪ (B ∩C) (b) A∩ (B ∪C) (d) A∪B ∪C 2) Se A = {a, b, c} e B = {a, d}, determinar A−B, B − A, A ∩B e A ∪B. 3) Se A ∩B = {a, c}, A−B = {b} e A ∪B = {a, b, c, d} determinar A e B. 4) Se U = {a, b, c, d, e, f}, A = {c, d, e}, B = {a, b, c} e C = {a, b, c, d}, determi- nar (a) (A−B) ∪ (B − A) (b) (A ∪B)− (B ∩ A) (c) (B − A) ∩ C (d) (A− C)− (B − A) (e) (B − A)− [(C − A) ∪ (C −B)] (f) (C − A) ∪B 5) Se U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, determinar (a) A = {x ∈ U tal que, x é par} (b) B = {x ∈ U tal que, x é impar} (c) C = {x ∈ U tal que, x é primo} (d) D = {x ∈ U tal que, x é multiplo de 2} 6) Numa faculdade em que estudavam 250 alunos, houve, no �nal do semestre, reposição nas disciplinas de Cálculo 1 e Quimica, sendo que 10 alunos �zeram reposição das duas matérias, 42 �zeram reposição de Quimica, x alunos �zeram reposição apenas em cálculo 1 e 187 não �zeram reposição. Determinar (a) Quantos alunos �caram, no total, em reposição? (b) Quantos �zeram reposição apenas em Cálculo 1? (c) Quantos �caram apenas em uma matéria? 1.3 Conjuntos numéricos A noção de conjunto numérico é simples e fundamental na Matemática. Apartir dos conceitos sobre conjuntos podemos expressar todos os conceitos matemáticos. O primeiro conjunto numérico a surgir foi o conjunto dos números naturais N = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, · · · }. Esse conjunto é, originalmente, um modelo matemático de representação de �todas� as quantidades e, posteriormente, com o advento das operações elementares, em particular a adição e a multiplicação, foi possível somar e multiplicar dois números quaisquer de N, obtendo-se um número de N, o que em linguagem moderna signi�ca dizer que em N é fechado em relação à soma e à multiplicação, isto é, ∀ x, y ∈ N⇒ x+ y ∈ N e x · y ∈ N (O símbolo ∀ signi�ca �para todo� ou �qualquer que seja�). No entanto,o conjunto N não é fechado com relação a subtração, este problema surgiu com a impossibilidade de se subtrair um número do outro no conjunto N quando o primeiro era menor do que o segundo ou com a tentativa de se resolver problemas do tipo Problema 1.1. Resolva a equação x+ a = 0, onde a ∈ N. A resposta deste problema é x = −a, com a ∈ N, mas −a /∈ N, ísto é, o simétrico de um número natural não existe em N. O resultado disso é que o simbolo a − b não tem signi�cado em N para todos a, b ∈ N, isto é, em N a subtração não é uma operação. Daí, a necessidade de se construir um conjunto contendo uma �cópia� de N e onde pudéssemos, além de somar e multiplicar, subtrair um elemento do outro sem qualquer restrição. Assim, surgiu o conjunto dos números inteiros Z = {· · · ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, · · · }. Vamos destacar alguns subconjuntos de Z. 1. O conjunto dos números inteiros positivos Z+ = {0, 1, 2, 3, · · · }. 2. O conjunto dos números inteiros negativos Z− = {· · · ,−3,−2,−1, 0}. 3. O conjunto dos números inteiros não-nulos Z∗ = Z− {0} = {· · · ,−3,−2,−1, 1, 2, 3, · · · } Observe que todo número natural é um nú- mero inteiro, mas não vale reciproca, ísto é, nem todo número inteiro é um número natu- ral, temos Figura 7:N ⊂ Z No conjunto Z os problemas anteriores não ocorrem, isto é, a − b ∈ Z, ∀a, b ∈ Z, mas surge a impossibilidade de se efetuar a divisão de certos números inteiros ou de resolver equações do tipo Problema 1.2. Resolva a equação 2x− 3 = 0. Esta equação nos oferece como solução x = 3 2 , que por sua vez, não é um inteiro. Assim criou-se o conjunto dos números racionais Q = {a b : a, b ∈ Z, com b 6= 0 } Note que a b representa a divisão de a por b e, por isso, b é diferente de zero. Sejam x = a b , y = c d ∈ Q, logo a, b, c, d ∈ Z e b, d 6= 0. Então, de�nimos em Q seguintes operações (i) (Soma) x+ y = a b + c d =: ad+ bc bd ∈ Q (ii) (Multiplicação) x · y = a b · c d =: ac bd ∈ Q É possível provar que estas operações possuem as seguintes propriedades: (A1) x+(y+z) = (x+y)+z, ∀x, y, z ∈ Q (M1) x·(y·z) = (x·y)·z, ∀x, y, z ∈ Q (A2) x+ y = y + x, ∀x, y ∈ Q (M2) x · y = y · x, ∀x, y ∈ Q (A3) x+ 0 = 0 + x = x, ∀x ∈ Q (M3) x · 1 = 1 · x = x, ∀x ∈ Q A cada x ∈ Q existe um único elemento, denotado por −x ∈ Q tal que x+ (−x) = −x+ x = 0 A cada x ∈ Q existe um único elemento, denotado por x−1 = 1 x ∈ Q tal que x · (x−1) = x−1 · x = 1 (D) x(y + z) = xy + xz, ∀x, y, z ∈ Q (x+ y) · z = xz + yz, ∀x, y, z ∈ Q. Com esta estrutura, dizemos que Q é um corpo. Agora, note que, em verdade, −x e x−1 são comunmente chamados de aposto e inverso, resepectivamente. Assim, se x = a b , então x−1 = b a , pois x−1 = c d ⇒ x · x−1 = 1⇒ a b · c d = 1⇒ c d = b a . Portanto, a b ÷ c d = a b · ( c d )−1 = a b · d c , isto é, na divisão de uma fração por uma outra fração: conserva-se a primeira e multiplica-se pelo inverso da segunda. Observe que todo número inteiro é um número racional, mas não vale reciproca, ísto é, nem todo número racional é um número inteiro. Figura 8: Z ⊂ Q Dado um número racional a b e um número natural n > 2, nem sempre n √ a b é racional. Por exemplo. √ 2 /∈ Q fato este demonstrado em [4]. Logo, um novo problema surge, mais precisamente, Problema 1.3. A equação x2 = 2 não admite solução em Q. Assim, surge a necessidade de introduzir um novo conjunto numérico que contém Q e onde a radiciação pode ser de�nida. Tal conjunto é chamado conjunto dos números reais, indicado por R e de�nido como R = Q ∪ I, onde I é conjunto dos números que não são racionais e denominados de irracionais. Logo, todo recional não é irracional e vice-versa, em simbologia temosQ∩I = ∅, ísto é, os conjuntos são disjuntos. Em geral, temos Figura 9: Os conjuntos são disjuntos Figura 10: R = Q ∪ I Sejam x, y ∈ R. Então x + y ∈ R e x · y ∈ R. Com estas operações o conjunto R é um corpo. Todas as propriedades válidas em Q são válidas em R, além disso, várias outras proprie- dades podem ser veri�cadas em R, que omitiremos neste texto no intuito de não estendermos demais este material didático, no entanto, sempre que necessário voltamos a recordar algu- mas delas. No que segue, os conjuntos numéricos embasarão todos os conceitos precedentes. 2 PRODUTO CARTESIANO DE CONJUNTOS Uma ferramenta muito utilizada no estudo de funções é o plano cartesiano que nos auxilia a "desenhar� o grá�co das aplicações, tornando assim o estudo mais visual e que nos possibilita, até certo ponto, realizar um estudo geométrico das funções. Sendo assim, começamos este material de�nindo o produto cartesiano entre conjuntos e mais adiante faremos uma breve introdução ao plano cartesiano voltando a nossa atenção para entender como vamos "desenhar� o grá�co de funções neste meio. Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {x, y, z} o produto cartesiano de A por B denotado por A×B é o conjunto de todas as combinações possíveis dos pares ordenados da forma (a, b) onde a ∈ A e b ∈ B, assim: A×B = {(1, x), (2, x), (3, x), (4, x), (1, y), (2, y), (3, y), (4, y), (1, z), (2, z), (3, z), (4, z)}. Agora vamos fazer o contrário, ou seja, B × A: B × A = {(x, 1), (x, 2), (x, 3), (x, 4), (y, 1), (y, 2), (y, 3), (y, 4), (z, 1), (z, 2), (z, 3), (z, 4)}, observamos que A×B 6= B × A. Assim, formalmente de�nimos o produto cartesiano da seguinte forma. De�nição 2.1. Dado dois conjuntos não vazios A e B, de�nimos o conjunto A×B = {(a, b)|a ∈ A e b ∈ B}. Exemplo 2.1. Dado o conjunto A = {1, 2}, o produto cartesiano de A com ele mesmo é dado por A× A = {(1, 2), (2, 1), (1, 1), (2, 2)} O plano cartesiano é formado por duas retas numéricas perpendiculares, ou seja, formam um ângulo de 90o entre si. A linha vertical é chamada de eixo das ordenadas (y). Já a linha horizontal é chamada de eixo das abscissas (x). Desse modo, o plano se divide em quatro partes chamados de quadrantes que são numerados no sentido ante horário (conforme a �gura abaixo), onde no 1o quadrante temos os valores para x e y positivos, no 2o quadrante temos os valores para x negativo e para y positivo, no 3o quadrante temos os valores para x e y negativos, e no 4o quadrante temos os valores para x positivo e para y negativo. Figura 11: Plano cartesiano e seus quadrantes. Para cada ponto P do plano tracemos uma paralela ao eixo y, que intercepta o eixo dos x no ponto P1 cuja coordenada x é chamada de abscissa de P . Tracemos, também, por P uma paralela ao eixo x, que intercepta o eixo dos y no ponto P2 cuja coordenada y é chamada de ordenada de P . Portanto, cada ponto P do plano determina um par ordenado de números reais, denotado por (x, y) e vice-versa. Como mostra a �gura abaixo Figura 12: Sistema de eixos perpendiculares Sendo assim, um ponto que tem como abscissa x = 1 e ordenada y = 3 está no primeiro quadrante e será denotado por (1, 3). Veja a seguir este ponto e outro sendo representados no plano cartesiano. É importante observarmos que o ponto (1, 3) é diferente do (3, 1), logo a ordem dos valores importam. Exemplo 2.2. No exemplo 2.1 �zemos o produto cartesiano do conjunto A = {1, 2} com Figura 13: Pares ordenados (3, 1), (1, 3), (−2, 2), (−3,−1), (2,−1) representados no plano cartesiano. ele mesmo e obtemos o seguinte conjunto de pares ordenados A× A = {(1, 2), (2, 1), (1, 1), (2, 2)}, colocando esse produto no plano cartesiano temos o seguinte resultado Figura 14: Representação o produto cartesiano A× A no plano cartesiano. 3 FUNÇÃO Antes de iniciar esse capítulo, é importante nos fazer o seguinte questionamento: O que é uma função? e qual a razão de estudarmos tal conteúdo? primeiramente, uma forma simples de explicar função é dizendo que é uma relação entre dois conjunto não-vazios. Em nosso dia a dia fazemos uso de funções (relações) as vezes sem perceber. Por exemplo, quando vamos a padaria, sabemos que se o valor da unidade do pão é R$0,50, e pretendemos comprar 8 pães, então pagaremos R$4,00. Intuitivamente, sabemos que para ecnontrar a valor a ser pago pelos 8 pães basta multiplicar 8 por 0, 5. De modo geral, precisamos multiplicar 0, 5 pelo número de pães que deseja comprar. Desse modo, estamos relacionando o conjunto da quantidade de pães com o conjunto dos números (valor real). E existem diversas situações do nosso cotidiano que precisamos utilizar funções para resolver o problema. Assim, vamos de�nir o que é uma função. De�nição 3.1. (Função) Dados dois conjuntos não-vazios A e B, uma função f de A em B é uma aplicação que relaciona a cada elemento de A um único elemento de B. Geometricamente, temos a seguinte situação. Se A é um conjunto com 5 elementos e B é um conjunto com 6 elmentos. Uma função f de A em B pode ser dada como no diagrama a baixo (�gura 15). Observe que não há nem um elemento do conjunto A que não esteja relacionado com um elemento de B, além disso, todos os elementos de A estão sendo relacionados com um único elemento de B. Note ainda, que é possível existir um elemento de B que "recebe� dois elementos distintos de "A". Figura 15: Diagrama da função f de A em B. Vejamos agora alguns exemplos relacionando o conjunto A com o conjunto B e classi�- caremos se tal relação é ou não função. (a) Como há um elemento do conjunto A quenão está se relacionando com nem um ele- mento do conjunto B, esta relação não é uma função. (b) Note que mesmo existindo elementos de A que se relacionam com o mesmo elemento de B, esta relação é uma função, pois cumpre com a de�nição de função. (c) Note que mesmo tendo todos os elementos de A se relacionando com um mesmo elemento de B, esta relação é uma função, pois cumpre com a de�nição. (d) Esta relação não é uma função, pois existe um elemento de A que está se relacionando com dois eleemntos distintos do conjunto B. Figura 16: Exemplos de Relações entre um conjunto A e um conjunto B. Dados dois conjuntos não-vazios A e B, denotamos por f : A −→ B, a função f de A em B. Além disso, chamamos de domínio da função f ao conjunto de partida A, e denotamos por Df . Denominamos de contradomínio da função ao conjunto de chegada B. E o subconjunto dos elementos de B que estão relacionados com algum elemento de A, é chamado de imagem (Imf ) que em notação de conjunto temos Imf = {b ∈ B : b = f(a), para alguma ∈ A}. Exemplo 3.1. Considere os conjuntos A = {a, b, c, d} e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, tome a se- guinte função f : A −→ B dada pelo diagrama a baixo. O domínio da função f é o conjunto Df = A = {a, b, c, d}. O contradomínio de f é o conjunto B, e o conjunto imagem é dado por Imf = {1, 2, 4}. Observação 3.1. Observamos pelo Exemplo (3.1) que o conjunto imagem de f é um sub- conjunto do contradomínio B, ísto é, Imf ⊂ B. Exemplo 3.2. Voltando para o nosso exemplo inicial, considere A o conjunto dos pães e B o conjunto dos números que representam o valor a ser pago por cada quantidade x de pães, observe que o conjunto B pode ser escrito como o conjunto dos múltiplos de 0, 5, ou seja B = {y ∈ R : y = n.0, 5 com n ∈ N}. Assim, de modo geral temos que para cada x correspondente a quantidade de pães a função f aplicada em x, denotaremos por f(x), nos dá o valor da multiplicação 0, 5.x, ou seja, f(x) = 0, 5.x, a esta expressão chamamos de lei de formação da função f . Com o objetivo de dar exemplos mais concretos e detalhar sobre lei de formação das funções, vamos de�nir função real, que é o nosso foco de estudo nesse material. De�nição 3.2. (Função real) Uma função f : A −→ B é chamada função real quando A,B ⊆ R. ou seja, é uma função que leva números reais em números reais. Segue da de�nição anterior que a função do exemplo 3.2, dada por f(x) = 0, 5.x é uma função real. Vejamos a seguir, mais exemplos de funções reais presentes no nosso dia a dia. Exemplo 3.3. Em todos os exemplos a seguir, temos f : R −→ R. 1. Um taxista cobra uma taxa �xa no valor de R$:5,00 e mais R$: 3,85 por quilômetro rodado, assim, a lei de formação que representa o valor a ser pago por uma corrida de x quilômetros é f(x) = 5 + 3, 85x. 2. Um certo canhão atira um projétil descrevendo uma curva parabólica e o movimento é modelado pela função f(t) = −8t2 + 120t, sendo t a variável calculada em segundos e f(t) dado em metros. 3. Um professor da UFPA avalia a turma de cálculo 1 através de um teste cuja cada questão correta o discente soma 1 ponto na nota �nal, logo podemos relacionar o número de questões que o aluno acertou no teste, com a nota que ele irá tirar, da seguinte maneira Número de acertos (x) Nota �nal f(x) 0 0 1 1 2 2 5 5 10 10 . Observe que, esta situação poderia ser modelado pela função f(x) = x, onde x representa o número de acertos. Esta função é conhecida como função iden- tidade. Note ainda, que no exemplo em questão podemos restringir o domínio de acordo com o desejado, ísto é, con- forme o número de questão presente no teste, acarretando assim, em uma res- trição do contradomínio. 4. O preço do litro da gasolina em um posto é R$: 3,75, então Litros (x) Valor a pagar f(x) 1 3,75 2 7,5 3 11,25 5 18,75 10 37,5 · · · · · · x f(x) = 3, 75x . O total a pagar depende da quantidade de gasolina abastecida. Podemos estabelecer uma relação entre a quantidade de litros de gasolina e o valor a ser pago, seguinte lei de formação f(x) = 3, 75x, onde x representa a variável litro. As funções reais além da abordagem por conjuntos, podemos fazer uma abordagem geo- métrica. Utilizando o plano cartesiano podemos representar gra�camente o comportamento da função no decorrer do seu domínio. Para tal, vamos de�nir o que é o grá�co de uma função. De�nição 3.3. (Grá�co de uma função.) O grá�co de uma função f : A −→ B, onde A,B ⊆ R é de�nido como sendo o conjunto Graf(f) = {(x, f(x)) : x ∈ Df} ⊂ R2. Desse modo, o grá�co é um subconjunto do espaço R2, que pode ser representado no plano cartesiano. Assim, geometricamente temos. Dado f : A −→ B, para cada x ∈ A a função f associa um elemento y = f(x) ∈ B, e assim podemos montar o par ordenado (x, f(x)) que faz parte do grá�co da função e pode ser posto no plano cartesiano da seguinte forma. Considere o eixo das abscissas (eixo x) como sendo o conjunto A e o eixo das ordenadas como sendo o conjunto B, portanto a representação do ponto (x, f(x)) será dada como na �gura abaixo. Figura 17: Representação do par ordenado (x, f(x)). Exemplo 3.4. Vamos esboçar o grá�co da função 1 do nosso exemplo 3.3. Vimos que a lei de formação da função é dada por f(x) = 5 + 3, 85x. Agora, façamos uma tabela onde atribuiremos valores para a variável x e calcularemos o valor de cada f(x) para formarmos os pares ordenados (x, f(x)) e por �m plotar esses pontos no plano cartesiano. Primeiramente, precisamos saber quais valores podemos atribuir a x, ou seja, determinar o domínio da função f . Note que, não é possível x ser um número negativo, pois esta variável representa a quilometragem rodada. Sendo assim, o domínio da função f é o conjunto Df = {x ∈ R : x ≥ 0}. Figura 18: Plotagem dos pontos do grá�co da função f(x) = 5 + 3, 85x. Observe que os pontos seguem um ordem, como se estivessem formando uma reta, e de fato está. A função f(x) = 5 + 3, 85x é uma função a�m, e está será a classe de função estudada no próximo capítulo. Além disso, a imagem da função é o conjunto Imf = [5,+∞). Para �nalizar este capítulo vamos falar sobre a classi�cação de funções, dentre as quais vamos destacar o conceito de função crescente e decrescente, injetora, sobrejetora e bijetora. Vejamos a seguir a de�nição formal de cada uma dessas. A partir de agora denotaremos por D ⊆ R o domínio das funções reais. De�nição 3.4. (Função Crescente.) Dizemos que uma função f : D −→ R,onde D ⊆ R, é crescente se, para todo x1, x2 ∈ D, se x1 < x2 então f(x1) < f(x2). De�nição 3.5. (Função Decrescente.) Dizemos que uma função f : D −→ R, onde D ⊆ R, é decrescente se, para todo x1, x2 ∈ D, se x1 < x2 então f(x1) > f(x2). De�nição 3.6. (Função Injetora.) Dizemos que uma função f : D −→ R, com D ⊆ R, é injetora se, para todo x1, x2 ∈ D, se x1 6= x2 então f(x1) 6= f(x2). De�nição 3.7. (Função Sobrejetora.) Dizemos que uma função f : D −→ R, com D ⊆ R, é sobrejetora se Imf = R. Isto é, para todo y ∈ R, existe x ∈ D tal que f(x) = y. De�nição 3.8. (Função Bijetora.) Dizemos que uma função é bijetora se é injetora e sobrejetora. Utilizaremos estes conceitos para classi�car cada uma das funções que serão apresentadas no próximos capítulos. 4 FUNÇÃO AFIM Este capítulo é dedicado ao estudo das funções a�ns, aquelas cujo o grá�co são retas. Antes de iniciar a de�nição e estudo de funções a�m, vamos falar da função real mais simples, a função constante. De�nição 4.1. (Função Constante.) Uma função f : R −→ R é dita constante se é da forma f(x) = a, onde a ∈ R. Uma função constante é aquela no qual para qualquer valor dado a x a função assume o mesmo valor �xo. Exemplo 4.1. A função f(x) = 2, é uma função cujo domínio é Df = R e assim para todo valor real que atribuímos a x a função f sempre vai associar o valor 2, logo o grá�co da função é uma reta paralela ao eixo x que intercepta o valor 2 no eixo y. O grá�co da função real constante f é dado pelo conjunto Graf(f) = {(x, f(x)) : x ∈ R} = {(x, a) : x ∈ R}, ísto é,os seus pontos sempre descreverão uma reta paralela ao eixo x e que interceptará o eixo y no valor �xado a, ou seja, dado a função f(x) = a, onde a ∈ R, o grá�co de f será da forma A função constante não é injetora e nem sobrejetora, pois, dada a função f(x) = a temos Imf = {a}, logo Imf 6= R. Portanto, f não é sobrejetora. Por outro lado, dados x1 e x2 distintos em Df = R temos f(x1) = a e f(x2) = a, ou seja, f(x1) = f(x2). Concluímos que f não é injetora. Um caso particular de função a�m é a função linear que iremos apresentar agora. De�nição 4.2. (Função Linear.) Uma função f : R −→ R é linear se é da forma f(x) = ax, para todo x ∈ R, onde a ∈ R∗. (a) Se a > 0, o grá�co �ca na parte superior do eixo y. (b) Se a < 0, o grá�co �ca na parte inferior do eixo y. Figura 19: Grá�cos de funções constantes. O nome "função linear� se dá devido ao fato de que a função satisfaz a seguinte propri- edades: dados x1, x2 ∈ Df e α ∈ R não-nulo, então f(αx1 + x2) = αf(x1) + f(x2). De fato, temos que f(x1) = ax1 e f(x2) = ax2, então f(αx1 + x2) = a(αx1 + x2) = a(αx1) + ax2 = α(ax1) + ax2 = αf(x1) + f(x2). Um propriedade interessante da função linear é que f(0) = 0. Com efeito, f(0) = a.0 = 0. O que implica que o grá�co de uma função linear é uma reta que passa pela origem e quanto maior em módulo o valor dado a constante a maior é a inclinação da reta. Exemplo 4.2. Dadas as funções lineares f(x) = 2x e g(x) = 15x, observe que a inclinação da reta g(x) é maior que a de f(x). Figura 20: Grá�co das funções f(x) = 2x e g(x) = 15x. O coe�ciente da função linear carrega uma interpretação geométrica muito importante, principalmente na de�nição de limite de funções. Sendo assim, considere a função linear f(x) = ax e tome um ponto x genérico no domínio de f , isso nos dá um ponto (x, f(x)) no grá�co da função. Tomando os pontos (0, 0), (x, 0) e (x, f(x)), formamos um triângulo retângulo, ver �gura 4, onde o α é o ângulo de inclinação da reta. Assim, usando as relações fundamentais da trigonometria num triângulo retângulo temos tanα = f(x) x , ou seja, f(x) = tan(α)x. E como f(x) = ax, segue que tan(α)x = ax =⇒ tanα = a. Portanto, o coe�ciente a da função linear é o valor da tangente do ângulo de inclinação da reta. Figura 21: Interpretação geométrica do ângulo de inclinação da reta da função linear f(x) = ax. O crescimento e decrescimento da função linear da forma f(x) = ax depende do sinal de a, pois se a é positivo a função é estritamente crescente, e se a é negativo a função é estritamente decrescente. A função linear é injetora. De fato, dada a função linear f(x) = ax, com a 6= 0, devemos mostrar que dados x1, x2 ∈ Df tal que f(x1) = f(x2), isto implica que x1 = x2. Então, dados x1, x2 ∈ Df temos f(x1) = f(x2)⇐⇒ ax1 = ax2 ⇐⇒ x1 = x2, como f é uma função linear genérica, segue que toda função real linear é injetiva. (a) Se a > 0 a função é estritamente crescente. (b) Se a < 0 a função é estritamente decres- cente. Figura 22: Grá�cos de funções lineares. A função linear é sobrejetora. Com efeito, dados a função linear f(x) = ax, com a 6= 0 e y ∈ R qualquer, temos f(x) = y ⇐⇒ ax = y ⇐⇒ x = y a . Então, dado y ∈ R qualquer, existe x = y a ∈ D tal que f(y a ) = y. Logo, toda função linear é bijetora. Após fazer uma abordagem sobre as funções constantes e lineares, vamos �nalmente de�nir o que é uma função a�m. De�nição 4.3. (Função A�m.) Uma função a�m é uma função da forma f(x) = ax+ b, com a 6= 0 e a, b ∈ R. A seguir apresentamos alguns exemplos de funções a�ns, identi�cando os coe�cientes "a� e "b� de cada uma das funções. Exemplo 4.3. Seja f : R −→ R uma função real dada por: 1. f(x) = 2x+ 3 é uma função a�m onde a = 2 e b = 3; 2. f(x) = −10x+ 25 é uma função a�m onde a = −10 e b = 25; 3. f(x) = −9x− 100 é uma função a�m onde a = −9 e b = −100; 4. f(x) = 1 2 x− √ 2 é uma função a�m onde a = 1 2 e b = √ 2; 5. f(x) = −30 não é uma função a�m, pois a 6= 0. Dada uma função a�m genérica f(x) = ax+ b, observe que f(x) = 0 quando ax+ b = 0, logo x = − b a (lembre-se que a 6= 0). O ponto x = − b a é chamado raiz da equação, ou seja, temos um ponto do grá�co dado por (− b a , 0). Por outro lado, se x = 0 temos f(0) = a0+b = b, assim obtemos um outro ponto do grá�co dado por (0, b). Como o grá�co de uma função a�m é uma reta inclinada, tal grá�co intercepta o eixo x no valor − b a , e no eixo y no valor b. A inclinação e o crescimento/decrescimento da função depende do sinal das constantes a e b, vejamos os grá�cos das funções a�m do exemplo anterior e observar qual é a in�uência do sinal de tais constantes. (a) f(x) = 2x + 3. (b) f(x) = −10 + 25. (c) f(x) = −9x− 100. (d) f(x) = 12x− √ 2 Figura 23: Grá�cos de funções a�ns. Note que as funções f(x) = 2x+3 e f(x) = 1 2 x− √ 2 tem grá�cos crescentes e a constante a são positivas, e as funções f(x) = −10x + 25 e f(x) = −9x − 100 são decrescentes e consequentemente a constante a são negativas. Assim, o sinal de a in�uência no crescimento e decrescimento da função. A constante b indica o ponto de intercepção do grá�co com o eixo y, assim, se b é negativo, como nas funções f(x) = −9x − 100 e f(x) = 1 2 x − √ 2, o grá�co da função intercepta o eixo y em um ponto a baixo do eixo x, e no caso onde b é positivo, como nas funções f(x) = 2x+ 3 e f(x) = −10x+ 25, o grá�co intercepta o eixo y a cima do eixo x. Vamos mostrar algebricamente que quando a constante a é negativa a função f(x) = ax+ b é decrescente. De fato, dados x1, x2 ∈ R de modo que x1 < x2, assim x1 < x2 =⇒ ax1 < ax2 =⇒ ax1 + b < ax2 + b =⇒ f(x1) < f(x2), segue da de�nição 3.4 que f é crescente. De modo análogo, mostramos que quando a < 0 a função é decrescente. Assim, de modo geral temos as seguintes situações, apresentadas na �gura 4. Toda função a�m é bijetora. Com efeito, dados x1, x2 ∈ R tal que f(x1) = f(x2), ou seja, ax1 + b = ax2 + b o que implica x1 = x2. Logo, f é injetora. Resta provar que f é sobrejetora. De fato, seja y ∈ R qualquer, queremos encontrar x ∈ R tal que f(x) = y. Assim, y = f(x) se y = ax+ b, logo, x = y−b a (lembre-se que a 6= 0). Portanto, f(y−b a ) = y, o que implica f ser sobrejetora. (a) Se a > e b > 0 a função é cres- cente e tem o grá�co semelhante a este. (b) Se a > e b < 0 a função é crescente e tem o grá�co se- melhante a este. (c) Se a < e b < 0 a função é decrescente e tem o grá�co se- melhante a este. (d) Se a < e b > 0 a função é de- crescente e tem o grá�co semelhante a este. Figura 24: Grá�cos da função a�m f(x) = ax+ b estudando o sinal das constantes a e b. Agora que já de�nimos e estudamos o comportamento dos grá�cos das funções constan- tes, linear e a�m, vamos exercitar um pouco. Exercício 4.1. Para cada uma das funções a seguir classi�que em constante, a�m e/ou linear e esboce o grá�co. 1. f(x) = 1; 2. f(x) = 2x+ 9; 3. f(x) = −4x; 4. f(x) = − √ 3; 5. f(x) = −12x; 6. f(x) = −8x− 3; 7. f(x) = 2 3 x; 8. f(x) = 0; 9. f(x) = −3 2 x+ 7; 10. y(x) = −π 3 x− √ 7. 5 FUNÇÃO QUADRÁTICA Este capítulo é dedicado ao estudo das funções quadráticas, ou seja, as funções poli- nomiais de grau 2. Destacamos que o grá�co desse tipo de função é uma parábola, cuja concavidade depende do sinal de uma das constantes. De�nição 5.1. (Função Quadrática.) Uma função quadrática é uma função f : R −→ R dada por f(x) = ax2 + bx+ c, com a 6= 0. Exemplo 5.1. Listamos a seguir alguns exemplos de funções quadráticas destacando quais são seus coe�cientes. • f(x) = 2x2 + 4x+ 1, logo a = 2, b = 4, c = 1; • f(x) = −3x2 + 5x+ 10, logo a = −3, b = 5, c = 10; • f(x) = x2 − 81, logo a = 1, b = 0, c = −8; • f(x) = −12x2 + 4x, logo a = −12, b = 4, c = 0; • f(x) = −x2, logo a = −1, b = 0, c = 0. O grá�co da função quadrática é uma parábola, cuja concavidade depende do sinal do coe�ciente a. (a) Concavidade positiva se a > 0. (b) Concavidade negativa se a < 0. Figura 25: Concavidade do grá�co da função quadrática de acordo com o sinal do coe�ciente a. Considerea seguinte função quadrática f(x) = x2 +1, observe que f(−2) = 5 e f(2) = 5, desse modo f não é injetora. Agora, será que existe x ∈ R tal que f(x) = 0? Queremos encontrar x que satisfaça x 2 + 1 = 0, ou seja x2 = −1. Porém, essa última igualdade não ocorre, pois x2 ≥ 0. então, f não é sobrejetora. Além disso não possui raiz real. Vamos agora fazer a dedução da equação de Bhaskara, muito utilizada para o cálculo das raízes de funções quadráticas. Dada a função f(x) = ax2 + bx + c, com a 6= 0, vamos resolver a equação ax2 + bx + c = 0. Assim, manipulando a equação do lado esquerdo, temos: ax2 + bx+ c = a ( x2 + b a x+ c a ) = a ( x2 + b a x+ b2 4a2 − b 2 4a2 + c a ) = a ( x2 + b a x+ b2 4a2 ) + a ( − b 2 4a2 + c a ) = a ( x+ b 2a )2 + a ( −b 2 + 4ac 4a2 ) = a [( x+ b 2a )2 − ∆ 4a2 ] (∆ = b2 + 4ac). Agora, ax2 + bx+ c = 0 , se e somente se, a [( x2 + b 2a )2 − ∆ 4a2 ] = 0. Como a 6= 0, então ( x+ b 2a )2 − ∆ 4a2 = 0( x+ b 2a )2 = ∆ 4a2 . (6) Precisamos agora analisar o sinal de Delta. Logo • Se ∆ ≥ 0 temos x+ b 2a = ± √ ∆ 4a2 x = − b 2a ± √ ∆ 2a x = −b±∆ 2a Desse modo temos duas raízes para a função, dadas por x1 = −b+ ∆ 2a e x2 = −b−∆ 2a . • Se ∆ < 0 temos ∆ 4a2 < 0 e ( x+ b 2a )2 ≥ 0, logo a igualdade (6) não é possível ocorrer no conjunto dos números reais. Em resumo, temos: • Se ∆ > 0 então a função tem duas raízes x1 e x2 reais e distintas; • Se ∆ = 0, a função terá duas raízes x1 e x2 reais e iguais, dadas por x1 = x2 = −b2a ; • Se ∆ < 0 a função não possui raiz real, pois não existe x ∈ R tal que ax2 + bx+c = 0. Vejamos agora como esboçar o grá�co de uma função quadrática utilizando somente o sinal de ∆ e do coe�ciente a. Considere a função quadrática f(x) = ax2 + bxc, o grá�co da função se dada por (a) Se a > 0 e ∆ > 0. (b) Se a > 0 e ∆ = 0. (c) Se a > 0 e ∆ < 0. (d) Se a < 0 e ∆ > 0. (e) Se a < 0 e ∆ = 0. (f) Se a < 0 e ∆ < 0. Figura 26: Grá�cos de funções quadráticas analisando o sinal de ∆ e a. Nos exemplos a seguir vamos esboçar os grá�cos de algumas funções quadráticas. Exemplo 5.2. Dada a função f(x) = x2− x− 6, primeiro vamos determinar o delta desta função. Assim, como a = 1, b = −1 e c = −6 então ∆ = (−1)2 − 4 ∗ 1 ∗ (−6) = 25. Como ∆ > 0 então a função possui duas raízes reais distintas, dadas por x1 = −(−1) + √ 25 2 ∗ 1 = 3 e x2 = −(−1)− √ 25 2 ∗ 1 = −2. Além disso, fazendo x = 0 temos f(0) = −6. Desse modo temos os seguintes pontos do grá�co de f : (0,−6), (3, 0), (−2, 0). Utilizando a informação de que o grá�co é uma parábola, temos o seguinte grá�co. Figura 27: Grá�co da função f(x) = x2 − x− 6. Exemplo 5.3. Vamos fazer o mesmo para a função g(x) = −x2 − 13x − 36. Neste caso temos a = −1, b = −13 e c = −36, assim ∆ = (−13)2 − 4 ∗ (−1) ∗ (−36) = 25. Do mesmo modo que o exemplo anterior, como ∆ > 0 a função possui duas raízes reais distintas dadas por x1 = −(−13) + √ 25 2 ∗ (−1) = −9 e x2 = −(−13)− √ 25 2 ∗ (−1) = −4. Agora temos f(0) = −36. Assim, obtemos os seguintes pontos do grá�co (0,−36), (−9, 0) e (−4, 0). Segue do fato de a < 0 que a concavidade da parábola é negativa, logo o grá�co é dada por Figura 28: Grá�co da função g(x) = −x2 − 13x− 36. Já comentamos no início da seção que a função quadrática não é sobrejetora, logo existem números reais que não pertencem ao conjunto imagem. Além disso, note que quando o grá�co da função tem concavidade positiva a parábola possui um ponto que distingue a função do seguinte modo, do lado esquerdo ao ponto, a função é decrescente, e a direita do ponto, a função é crescente. Ou seja, tal ponto é o menor valor que a função atinge (o menor valor para a imagem da função). Este ponto é chamada ponto de mínimo. Figura 29: Ponto de mínimo de uma função quadrática cujo coe�ciente a > 0. Do mesmo modo, se a concavidade do grá�ca da função quadrática for negativa, a função terá um ponto onde ao lado esquerdo do ponto, a função é crescente, e do lado direito ao ponto, a função é decrescente. Neste caso, o ponto é o maior valor que a função pode atingir, chamado ponto de máximo. Figura 30: Ponto de máximo de uma função quadrática cujo coe�ciente a < 0. Para calcular o ponto de máximo ou mínimo de uma função quadrática vamos utilizar o resultado do teorema a seguir. Teorema 5.1. Seja f : R −→ R dada por f(x) = ax2 + bx+ c, a 6= 0. i) Se a < 0 então yM = −∆ 4a é máximo de f e xM = −b 2a , além disso Imf = (−∞, yM ]; ii) Se a > 0 então ym = −∆ 4a é mínimo de f e xm = −b 2a , além disso Imf = [ym,∞). Exemplo 5.4. Considere a função f(x) = 2x2 − 4x + 5, encontre as raízes de f , o ponto de máximo ou mínimo, e determine o conjunto imagem. Solução: Primeiro vamos calcular o ∆ para poder determinar as raízes. Temos a = 2, b = −4 e c = 5, logo ∆ = (−4)2 − 4 ∗ 2 ∗ 5 = −24. Assim, x1 = 4 + √ −24 4 e x2 = 4− √ −24 4 . Como Delta é negativo, a função não possui raízes reais. Então o grá�co não intercepta o eixo x. Agora, desde que a = 2 > 0 então o grá�co da função tem concavidade positiva, o que implica na existência de um ponto de mínimo, dado por ym = −∆ 4a = −(−24) 4 ∗ 2 = 3 e xm = −b 2a = −(−4) 2 ∗ 2 = 1, ou seja, o ponto de mínimo é (1, 3). Logo, o menor valor para a imagem da função é y = 3. Desse modo temos Imf = [3,∞), já que a > 0. Por �m, temos o seguinte grá�co Figura 31: Grá�co da função f(x) = 2x2 − 4x+ 5. Toda equação quadrática pode ser fatorada. Desse modo, dada a função do segundo grau f(x) = ax2 + bx + c, sejam x1 e x2 as raízes de f então f(x) = (x − x1)(x − x2). De fato, (x− x1)(x− x2) = x2 − (x1 + x2)x+ x1x2 = x2 − ( −b+ √ ∆ 2a + −b− √ ∆ 2a ) x+ ( −b+ √ ∆ 2a )( −b− √ ∆ 2a ) = x2 − −2b 2a x+ b2 −∆ 4a2 = x2 + b a x+ b2 − (b2 − 4ac) 4a2 = x2 + b a x+ c a = ax2 + bx+ c = f(x). Exemplo 5.5. Vamos fatorar f(x) = −7x2−5x+2, para isso precisamos calcular as raízes da função. Assim, ∆ = b2 − 4ac = (−5)2 − 4 ∗ (−7) ∗ 2 = 81. Logo, x1 = −b+ √ ∆ 2a = 5 + √ 81 2 ∗ (−7) = −1 x2 = −b− √ ∆ 2a = 5− √ 81 2 ∗ (−7) = 2 7 . portanto, a função f pode ser fatorada como f(x) = (x− x1)(x− x2) = (x+ 1)(x− 27). Observe que ao fatorar uma função quadrática f(x) = ax2+bx+c encontramos a seguinte igualdade (x − x1)(x − x2) = x2 − (x1 + x2)x + x1x2. Assim, para determinar as raízes da equação temos que calcular ax2 + bx+ c = 0, como a 6= 0, podemos dividir a equação por a e obter x2 + b a x+ c a = 0 Por outro lado, as raízes também satisfazem a igualdade x2 − (x1 + x2)x + x1x2 = 0. Comparando com a igualdade anterior, temos b a = x1 + x2 e c a = x1x2. (7) Portanto, uma outra forma de determinar as raízes de uma função quadrática é encontrar dois números que satisfação as igualdades de (7). Exercício 5.1. Para as funções a seguir Calcule as raízes, o ponto de máximo ou mínimo, o conjunto imagem e esboce os grá�cos. 1. f(x) = x2 − 3x+ 4; 2. f(x) = −x2 − 5x+ 4; 3. f(x) = 2x2 + x; 4. f(x) = −8x2 + 4; 5. f(x) = 5x2 + 6x+ 9; 6. f(x) = 25x2 − 10x+ 1; 7. f(x) = −10x2 − 45; 8. f(x) = −3x2 − 3x− 6; 9. f(x) = 10x2 − 7x+ 8. Exercício 5.2. Fatore as funções quadráticas a seguir. 1. f(x) = 2x2 − 3x− 5; 2. f(x) = 2x2 − x; 3. f(x) = −x2 − x+ 6; 4. f(x) = −3x2 − 3x+ 6; 5. f(x) = 5x2 − 3x− 7; 6. f(x) = 1 2 x2 − x− 8; 7. f(x) = 1 5 x2 + 4x− 9; 8. f(x) = 1 8 x2 + 4x− 11; 9. f(x) = −3 2 x2 + 3x; 10. f(x) = −3 7 x2 + 7. 6 INEQUAÇÕES O objetivo neste capítulo é realizar o estudo das soluções de inequações do tipo f(x) < g(x) (f(x) menor que g(x)), f(x) > g(x) (f(x) maior que g(x)), f(x) ≤ g(x) (f(x) menor ou igual a g(x))ou f(x) ≥ g(x) (f(x) maior ou igual a g(x)), onde f e g são funções reais. De�nição 6.1. Sejam f : Df −→ R e g : Dg −→ R, funções cujo os domínios Df e Dg são subconjuntos dos números reais. Chamamos inequações na incógnita x a qualquer uma das sentenças abaixo: • f(x) < g(x); • f(x) ≤ g(x); • f(x) > g(x); • f(x) ≥ g(x). Exemplo 6.1. Vejamos alguns exemplos. 1) 3x− 5 < 5 é uma inequação com f(x) = 3x− 5e g(x) = 5; 2) x2 + 3x− 4 ≥ x3 é uma inequação onde f(x) = x2 + 3x− 4 e g(x) = x3; 3) √ x+ 3 > 3x é uma inequação onde f(x) = √ x+ 3 e g(x) = 3x. Resolver uma inequação signi�ca encontrar os valores ou intervalos reais ao qual a va- riável x pode assumir os valores e satisfazer a desigualdade. Para tanto, como estamos trabalhando com funções, devemos determinar o conjunto onde podemos encontrar a solu- ção da inequação. De�nição 6.2. (Solução da inequação.) chamamos domínio de validade da inequação f(x) < g(x) ao conjunto D = Df ∩ Dg. Dizemos que x0 ∈ D é solução da inequação f(x) < g(x) se f(x0) < g(x0). Por exemplo, considere a inequação 3x2 + 2x + 1 < 9x2, podemos relacionar f(x) = 3x2 + 2x + 1 e g(x) = 9x2. Note que Df = R e Dg = R, assim o domínio de validade é D = R. Note que x = 1 é solução da inequação, pois f(1) = 6 e g(x) = 9, logo f(1) < g(1). Existem outras soluções para a inequação? De�nição 6.3. (conjunto Solução.) O conjunto solução da inequação f(x) < g(x) é o conjunto {x0 ∈ Df ∩Dg|f(x0 < g(x0))}. Vejamos no exemplo a seguir como determinar o conjunto solução de uma inequação envolvendo funções do primeiro grau. Figura 32: Grá�co das funções f(x) = −5x+ 4 e g(x) = −3x. Exemplo 6.2. Seja f(x) = −5x+ 4 e g(x) = −3x, vamos resolver a inequação −5x+ 4 < −3x. Assim, ⇔ −5x+ 4 < −3x (somando 3x na desigualdade) ⇔ −2x+ 4 < 0 (somando -4 na desigualdade) ⇔ −2x < −4 (multiplicando a desigualdade por− 1 2 ) ⇔ x > 2 Logo, o conjunto solução da inequação é {x ∈ R|x > 2}. Gra�camente, observe que após o valor x = 2 o grá�co da função g(x) �ca a cima do grá�co da função f(x), ou seja, os valores da imagem da função g são maiores que os valores da imagem da função f , quando x assume valores a cima de 2. Observação 6.1. Lembre-se que ao multiplicar uma inequação por um número negativo, a inequação troca o sentido. Por exemplo, temos 3 < 8, multiplicando por −1 esta desigual- dade torna-se −3 > −8, e não −3 < −8. Dizemos que duas inequações são equivalentes se tiverem o mesmo conjunto solução. Assim, a inequação −5x + 4 < −3x é equivalente a inequação −2x + 4 < 0, e que serão equivalentes as inequações −2x < −4 e x > 2. Exemplo 6.3. A inequação 3x + 1 ≤ 4x2 é equivalente a 4x2 − 3x − 1 ≥ 0, ou seja, o conjunto solução são os valores para x tal que a função quadrática f(x) = 4x2 − 3x − 1 é não negativa. Gra�camente, são as abscissas dos pontos cujo o grá�co �ca acima do eixo x. Resolvendo a equação quadrática, encontramos que as raízes são −0, 25 e 1, como a constante que acompanha o termo quadrático é positivo (a = 4), o grá�co é uma parábola com concavidade para cima que corta o eixo x nos valores −0, 25 e 1, veja o esboço do grá�co abaixo. Figura 33: Grá�co da função quadrática f(x) = 4x2 − 3x− 1. Desse modo, a solução para a inequação são os valores para x que estão abaixo de −0, 25 e acima de 1, pois para esses valores o grá�co da função está a cima do eixo x. Logo, o conjunto solução é a união de dois intervalos semi-abertos, já que os valores −0, 25 e 1 também são soluções para a inequação. Então, S =]−∞,−0, 25] ∪ [1,∞[. 6.1 Inequações simultâneas Nesta seção vamos estudar inequações do tipo f(x) < g(x) < h(x), ou f(x) ≤ g(x) ≤ h(x), onde f, g, h : R −→ R. Ou seja, devemos resolver duas inequações f(x) < g(x) e g(x) < h(x), ou (no outro caso), f(x) ≤ g(x) e g(x) ≤ h(x). Assim, o conjunto solução são os valores para a incógnita x que satisfazem as duas inequações simultaneamente. Exemplo 6.4. Vamos resolver a inequação 4x+ 3 < x < −2x+ 5. Desse modo, temos que resolver duas inequações 4x+ 3 < x (8) e x < −2x+ 5. (9) Resolvendo a inequação (8): 4x+ 3 < x⇔ 3x+ 3 < 0⇔ 3x < −3⇔ x < −1. Logo, a solução da inequação (8) é S1 =]−∞,−1[. Vamos resolver agora a inequação (9): x < −2x+ 5⇔ 3x < 5⇔ x < 5 3 . Então, a solução para a inequação (9) é S2 =]−∞, 53 [. A solução geral é dada pela interse- ção de S1 com S2, ou seja, os valores que satisfazem simultaneamente as duas inequações. Portanto, a solução é S =] − ∞,−1[. Geometricamente, temos a seguinte interpretação, observe os grá�cos das funções 4x+ 3, x e −2x+ 5, note que após o valor de x = −1 temos que a reta referente a função −2x+ 5 está a cima da reta identidade (f(x) = x) e esta está acima da reta da função −2x + 5. Portanto, para todos os valor de x que estão abaixo do valor −1 essa ordem se mantem, logo o resultado para a inequação 4x+ 3 < x < −2x+ 5 é de fato o intervalo ]−∞,−1[. Figura 34: Grá�cos das funções 4x+ 3, x e −2x+ 5. Exemplo 6.5. Vamos resolver a inequação 1 2 x ≤ 1 2 x2 − 1 ≤ −x + 2. Logo, temos que resolver duas inequações dadas por 1 2 x ≤ 1 2 x2 − 1, (10) 1 2 x2 − 1 ≤ −x+ 2. (11) Primeiro vamos resolver a inequação (10). 1 2 x ≤ 1 2 x2 − 1 0 ≤ 1 2 x2 − 1 2 x− 1, Desse modo, devemos estudar o sinal da equação quadrática 1 2 x2 − 1 2 x − 1 e determinar o intervalo onde a função é positiva. Assim, encontramos ∆ = 9 4 e x1 = −1, x2 = 2, como a = 1 2 > 0, a concavidade do grá�co é positiva. Então, o sinal da equação é dada pela �gura a seguir. Logo, a função 1 2 x2 − 1 2 x − 1 é positiva no intervalo S1 =] − ∞,−1] ∪ [2,+∞[, Figura 35: Sinal da função quadrática 1 2 x2 − 1 2 x− 1. consequentemente, no intervalo S1, também ocorre a desigualdade 1 2 x ≤ 1 2 x2 − 1. Agora vamos resolver a inequação (11). 1 2 x2 − 1 ≤ −x+ 2 1 2 x2 + x− 3 ≤ 0. Ou seja, devemos encontrar o intervalo onde a função 1 2 x2 + x − 3 é negativa. Então, calculando as raízes e o delta, temos ∆ = √ 7, x1 = −1− √ 7 e −1 + √ 7. Como a = 1 2 > 0, a concavidade é positiva, desse modo, o sinal será dada por Assim, a função 1 2 x2 + x− 3 é negativa no intervalo S2 = [−1− √ 7,−1 + √ 7]. Portanto, a solução para a inequação 1 2 x ≤ 1 2 x2 − 1 ≤ −x+ 2 é dada por S = S1 ∩ S2 = [−1,−1 + √ 7]. Exercício 6.1. Encontre o conjunto solução das seguintes inequação. 1. 3x+ 2 < x− 1; 2. −2x+ 5 < 5x; 3. 9x < 15x+ 3; 4. −3x− 9 < 2x− 6; 5. 15x− 8 > 0; 6. −24x+ 10 ≤ 4x; 7. 1 2 x+ 8 ≥ 10x− 5; 8. 3 4 x− 5 ≤ 4x+ 11; 9. −7 5 x+ 6 > 3 8 ; 10. −2x2 + 5 < 6x; 11. 5x2 > 4x2 − 6; 12. −1 2 x2 ≥ x2 − 9; 13. 6 5 x2 + 5x < 8 5 x− 10; 14. 7x2 − 8x+ 5 ≤ −3x2 + 3x− 20. 7 MÓDULO Este capítulo é dedicado ao estudo de equações, inequações e funções modulares. De�nição 7.1. O valor absoluto de um número real x é de�nido por: |x| = x, se x ≥ 0−x, se x < 0. Exemplo 7.1. Vejamos agora alguns exemplos de módulos de números reais. |0| = 0, | − 2| = 2, |4| = 4, | − 101| = 101. Para todo x, y ∈ R são válidas as seguintes propriedades, cujo as demonstrações serão omitidas: 1. |x| ≥ 0; 2. |x| = 0⇐⇒ x = 0; 3. |x2| = x2; 4. |xy| = |x|.|y|; 5. x ≤ |x|; 6. |x+ y| ≤ |x|+ |y|; 7. |x− y| ≥ |x| − |y|; 8. |x| < a e a > 0, então −a ≤ x ≤ a; 9. |x| ≥ a e a > 0, então x ≥ a ou x ≤ −a. 7.1 Equações Modulares Uma equação modular é uma igualdade de expressões envolvendo módulo. Vejamos alguns exemplos resolvidos. Exemplo 7.2. Vamos resolver em R a equação |3x − 1| = 2. Primeiro, vamos usar a de�nição de módulo, assim |3x− 1| = 3x− 1, se 3x− 1 ≥ 0 e −(3x− 1), se 3x− 1 < 0. Assim, temos 3x− 1 = 2 ou −(3x− 1) = 2. Portanto, devemos resolver as duas igualdades. 3x− 1 = 2 −(3x− 1) = 2 3x = 3 −3x = 1 x = 1 x = −1 3 . Portanto, a solução para a equação modular |3x− 1| = 2 é S = {−1 3 , 1} Exemplo 7.3. Considere a equação modular |3x + 2| = |x − 1|, primeiro vamos analisar cada módulo separadamente. Assim temos |3x+ 2| = 3x+ 2, se x ≥ −2 3 e −(3x+ 2), se x < −2 3 . |x− 1| = x− 1, se x ≥ 1 e −(x− 1), se x < 1. Logo estamos com a seguinte con�guração Figura 36: Estudo do sinal das expressões 3x+ 2 e x− 1. Temos três intervalos para serem estudados, ]−∞,−2 3 [, [−2 3 , 1[ e [1,+∞[. Vamos ana- lisar. 1. Quando x < −2 3 temos −(3x + 2) e −(x − 1), logo devemos resolver a igualdade −3x− 2 = −x+ 1, obtendo como resposta x = −3 2 . 2. Para x ∈ [−2 3 , 1[ temos 3x+ 2 e −(x− 1) , assim vamos resolver a igualdade 3x+ 2 =−(x− 1), cuja solução é x = −1 4 . 3. Agora se x ∈ [1,+∞[ temos 3x+ 2 e x− 1 então obtemos a equação 3x+ 2 = x− 1, resolvendo, temos como resposta x = −3 2 Portanto, o conjunto solução para a equação modular |3x+ 2| = |x− 1| é S = {−1 4 ,−3 2 }. O exemplo a seguir é uma equação modular envolvendo uma expressão do segundo grau. Exemplo 7.4. Vamos resolver a equação |x2 + x − 5| = |4x − 1|. Primeiro, usamos a de�nição de módulo para as expressões x2 + x− 5 e 4x− 1. Assim |x2 + x− 5| = x2 + x− 5, se x ∈ (−∞, −1− √ 21 2 ] ou x ∈ [−1+ √ 21 2 ,+∞) e −(x2 + x− 5), se x ∈ (−1− √ 21 2 , −1 √ 21 2 ). e |4x− 1| = 4x− 1, se x ≥ 1 4 e −(4x− 1), se x < 1 4 . Vamos analisar da seguinte forma, na �gura 7.4 na primeira linha temos o estudo do módulo para a expressão quadrática x2 + x − 5. Note que antes do valor −1− √ 21 2 e após −1− √ 21 2 , devemos considerar a expressão x2 +x−5. No intervalo (−1− √ 21 2 , −1+ √ 21 2 ) temos a expressão −(x2 + x − 5). Agora, na segunda linha temos o estudo do módulo para 4x − 1, de modo que antes do valor 1 4 consideramos −(4x − 1) e após 1 4 temos a expressão 4x − 1. Por �m, obtemos 4 intervalos para analisar, tais intervalos estão numerados na �gura, estes nos darão 4 equações para resolvermos. Na tabela abaixo encontram-se listados os quatro intervalos e suas respectivas equações. I x2 + x− 5 = −(4x− 1) II −(x2 + x− 5) = −(4x− 1) III −(x2 + x− 5) = 4x− 1 IV x2 + x− 5 = 4x− 1 Porém, observe que as equações correspondentes ao intervalo II e III são a mesma, basta multiplicar uma destas por −1. Do mesmo modo, concluímos que as equações dos Figura 37: intervalos I e IV também são a mesma. portanto, devemos resolver as equações x2 +x−5 = 4x− 1 e −(x2 + x− 5) = 4x− 1. Resolver a equação x2 + x − 5 = 4x − 1 é equivalente a resolver a equação quadrática x2−3x−4 = 0, cuja solução é −1 e 4. Assim como resolver a equação −(x2+x−5) = 4x−1 é correspondente a −x2 − 5x + 6 = 0, que tem como raízes −6 e 1. Por �m, a solução a equação modular |x2 + x− 5| = |4x− 1| é S + {−6,−1, 1, 4}. 7.2 Inequação Modular Esta Seção é destinada ao estudo das inequações modulares. Destacamos de início que a solução será dada por intervalos, ou seja, podem existir mais de um valor que solucione a inequação. Exemplo 7.5. Resolver em R a inequação |3x− 2| < 4. Usando a propriedade de módulo e algumas manipulações algébricas temos |3x− 2| < 4 −4 < 3x− 2 < 4 −2 < 3x < 6 −2 3 < x < 4 3 . Portanto, a solução para a inequação |3x− 2| < 4 é o conjunto/intervalo S = { x ∈ R|−2 3 < x < 4 3 } = ( −2 3 , 4 3 ) . Exemplo 7.6. Considere a inequação |5x − 10| ≥ 15, segue das propriedades de módulo que 5x− 10 ≥ 15 ou 5x− 10 ≤ −15. Portanto, devemos resolver as duas inequações. Logo, 5x− 10 ≥ 15 5x ≥ 25 x ≥ 5 5x− 10 ≤ −15 5x ≤ −5 x ≤ −1 Então, a solução para o problema é o conjunto S = {x ∈ R|x ≤ 1 ou x ≥ 5} = (−∞, 1] ∪ [5,+∞). 7.3 Função Modular Feita a de�nição de módulo, de�nimos a função modular como sendo uma aplicação f : R −→ R dada por f(x) = |x| = x, se x ≥ 0 e −x, se x < 0. O grá�co desta função precisa ser analisado nos dois casos que está determinado a lei da função, isto é, para x < 0 e x ≥ 0. Desse modo, para valores de x menores que zero, a função será dada por −x, logo, uma reta decrescente até valores próximo de zero. E para valores de x maiores que zero, a função modular associa f(x) ao próprio x, ou seja, o grá�co neste intervalo será uma reta crescente. Portanto, o grá�co da função modular tem um formato em "V"como mostra a �gura abaixo. Figura 38: Grá�co da função modular |x|. Observe que f(−1) = | − 1| = 1 e f(1) = |1| = 1, desse modo a função modular não é injetora. Você pode veri�car essa informação utilizando quaisquer números simétricos, pois, dado a, b ∈ R tal que a = −b então |a| = | − b|. Vejamos também que a função módulo não é sobrejetora, pois temos Imf = {y ∈ R; y = f(x) para algum x ∈ Df} = [0,+∞[ 6= R. Com relação ao crescimento e decrescimento da função modular, como visto no parágrafo anterior, no intervalo ] − ∞, 0[ a função se comporta como a função −x, portanto neste intervalo é decrescente. Agora, no intervalo [0,+∞ a função modulo é dada pela função identidade f(x) = x, sendo assim, crescente nesse intervalo. Vamos estudar o que acontece quando multiplicamos a função modular ou somamos um valor real. Ou seja, vamos estudar o comportamento de funções do tipo f(x) = a|bx+ c|+d onde a, b, c, d ∈ R. Primeiro vamos analisar o comportamento da função f(x) = a|x|, com a 6= 0, visto que se a = 0 resulta na função nula. Abaixo encontram-se os grá�cos da função f para alguns valores de a positivo e negativos. Observe que quando a > 0 o seu valor in�uencia na amplitude do grá�co, de modo que quanto maior o valor menos "fechado"o grá�co se torna. Do mesmo modo ocorre quando a < 0, com a diferença de que o sinal negativo da constante faz com que a função tenha um "giro"com relação ao eixo x, ou seja, a imagem da função neste caso será Imf =]−∞, 0]. Portanto, concluímos que a constante a está in�uenciando na abertura do grá�co com relação ao eixo y. (a) Se a > 0. (b) Se a < 0. Figura 39: Grá�cos de funções modulares do tipo f(x) = a|x|, analisando o sinal para a ∈ R∗. Agora, estudando o comportamento para a função f(x) = |bx|, com b 6= 0. Observamos que ao usar a propriedade de módulo temos f(x) = |b|.|x|, assim recaímos em uma função modular que está sendo multiplicada por um real positivo, visto que |b| > 0. Logo, podemos concluir que a constante b in�uencia também na abertura do grá�co, com a diferença de que a imagem da função f(x) = |bx| será sempre positiva, ou seja, Imf = [0,+∞[. Analisando o comportamento para a função f(x) = |x + c|, note que |x + c| = 0 se x + c = 0, ou seja, x = −c. Desse modo, concluímos que x = −c é a raiz da função f(x) = |x+ c|. Agora, usando a de�nição de módulo, a função f é dada por f(x) = |x+ c| = x+ c, se x+ c ≥ 0 e −(x+ c), se x+ c < 0. Dando a c alguns valores reais, como dados na �gura a baixo, notamos que para c > 0 o grá�co da função sofre um deslocamento de tamanho c para a esquerda e quando c < 0 o grá�co sofre um deslocamento de tamanho |c| para a direita. Figura 40: Grá�co da função f(x) = |x+ c| para valores de c = 5, c = 0 e c = −3. Até o momento, as funções modulares tem imagens do tipo ]−∞, 0] ou [0,+∞[. Será que todas as funções modulares tem essa característica? a resposta é não. Para justi�car essa resposta vamos estudar o comportamento da função f(x) = |x| + d, com d ∈ R. Fazendo uso da de�nição de módulo obtemos f(x) = |x|+ d = x+ d, se x ≥ 0 e −x+ d, se x < 0. Esboçando o grá�co para d > 0 e para d < 0 obtemos as seguintes imagens: (a) Se d > 0. (b) Se d < 0. Figura 41: Grá�cos de funções modulares do tipo f(x) = |x|+ d, para d > 0 e d < 0. Dese modo, temos que Imf = [d,+∞[. Portanto, não podemos a�rmar que a imagem de uma função modular é sempre positivo ou sempre negativa. além disso, concluímos que a constante d gera um deslocamento vertical no grá�co da função, de forma que se d > 0 o deslocamento é no sentido positivo do eixo y, e se d < 0 o deslocamento é no sentindo contrário. De modo geral, a função modular é de�nida como: De�nição 7.2. A função módulo ou modular é uma aplicação f : R −→ R dada por f(x) = |g(x)|, onde g : R −→ R é também uma função. Apresentamos a seguir alguns exemplos. Exemplo 7.7. Dada a função f(x) = |x− 2|, por de�nição temos f(x) = |x− 2| = x− 2, se x− 2 ≥ 0 e −(x− 2), se x− 2 < 0. Portanto, o grá�co da função sofrerá um deslocamento horizontal para a esquerda de duas unidades, como visto nos exemplos a cima. Neste caso, temos Img = [0,+∞[. Exemplo 7.8. Considere a função g(x) = |x2−x−2|. Usando a de�nição de módulo temos g(x) = |x2 − x− 2| = x2 − x− 2, se x2 − x− 2 ≥ 0 e −(x2 − x− 2), se x2 − x− 2 < 0. Figura 42: Grá�co da função f(x) = |x− 2|. Vamos interpretara lei de formação da função g. Primeiro, lembre que o grá�co da função quadrática x2 − x − 2 é uma parábola com concavidade positiva e que tem como raiz −1 e 2 (veja o grá�co na �gura 7.8(a)). Note que nos intervalos ]−∞,−1) e (2,+∞[ a função quadrática x2 − x − 2 é positiva, isto é, x2 − x − 2 > 0. Além disso, em x = −1 e x = 2 tem-se x2−x−2 = 0. Logo, olhando a lei de formação da função g(x), a primeira condição, dada por "x2−x−2, se x2−x−2 ≥ 0�, pode ser substituída por "x2−x−2, se x ∈]−∞,−1] ou x ∈ [2,+∞[�. Geometricamente, nesse intervalo o grá�co da função g(x) coincide com o grá�co da função quadrática em questão. Analisando agora o intervalo (−1, 2) temos que a função quadrática é negativa, isto é, x2 − x − 2 < 0. Assim, segue da segunda condição da lei de formação da função g(x) = |x2−x−2|,que neste intervalo "−(x2−x−2), se x2−x−2 < 0� é correspondente a a�rmação "−(x2− x− 2), se x ∈ (−1, 2)�. Geometricamente, no intervalo (−1, 2) a função sofre uma rotação (re�exão) em torno do eixo x, tornando assim, esta parte do grá�co positiva. Veja a �gura 7.8(b). Exemplo 7.9. Dada a função h(x) = 2|x + 1| − 3, vamos usar a de�nição para o módulo |x+ 1|, logo |x+ 1| = x+ 1, se x+ 1 ≥ 0 e −(x+ 1), se x+ 1 < 0. Agora vamos juntar com a de�nição da lei da função h(x) para obter de forma explicita o comportamento de h, ou seja (a) Grá�co da função quadrática x2 − x− 2. (b) Grá�co da função g(x) = |x2 − x− 2|. Figura 43: Grá�cos de funções. h(x) = 2|x+ 1| − 3 = 2(x+ 1)− 3, se x+ 1 ≥ 0 e −2(x+ 1)− 3, se x+ 1 < 0. Isto é, a condição "2(x+ 1)− 3, se x+ 1 ≥ 0"nos diz que quando x ≥ −1 a função h se comporta como a função 2(x+ 1)− 3. E a condição "−2(x+ 1)− 3, se x+ 1 < 0�, diz que para x < −1 a função h é dada por −2x − 5. Assim, o grá�co de h(x) é dado pela �gura 7.9. Além disso, observe que Imh = [−3,+∞[. Figura 44: Grá�co da função h(x) = 2|x+ 1| − 3. Exemplo 7.10. Vamos esboçar o grá�co da função f(x) = −|−x2+4|+4 de modo intuitivo. Primeiro, esboçamos o grá�co da função quadrática −x2 + 4, dado na �gura 7.10 (a). Em seguida, esboçamos o grá�co do módulo de −x2 + 4, ou seja, geometricamente, vamos obter um grá�co onde as partes negativas do grá�co da função quadrática serão re�etidas em torno do eixo x, observe a �gura 7.10 (b). Agora, multiplica-se por −1 a função |−x2 + 4|, isto é, vamos esboçar o grá�co de −|−x2 +4|, o que nos dará o grá�co da �gura 7.10 (c). Por �m, somamos 4, ou seja, vamos "subir"o grá�co em 4 unidades, o resultado �nal é o esboçado na �gura 7.10 (d). (a) Grá�co da função −x2 + 4. (b) Grá�co da função |−x2 + 4|. (c) Grá�co da função −|−x2+4|. (d) Grá�co da função −| − x2 + 4|+ 4. Figura 45: Grá�cos de funções. Note que Imf =]−∞, 4]. Exercício 7.1. Esboce o grá�co das funções modulares a seguir: 1. f(x) = |x− 1|; 2. f(x) = | − 2x+ 3|; 3. f(x) = −|3x+ 5|; 4. f(x) = −2| − x− 9|; 5. f(x) = 3|x− 5| − 1; 6. f(x) = |x2 + 2|; 7. f(x) = |x2 + x− 1|; 8. f(x) = −|x2 + 2x| − 3; 9. f(x) = −5| − x2|+ 6 8 FUNÇÃO EXPONENCIAL 8.1 Introdução Suponha que em 2000 o censo demográ�co, indicam que, a população brasileira era de 150000000 de habitantes e estava crescendo à taxa aproximada de 1, 5% ao ano. A taxa de crescimento populacional leva em consideração a natalidade, a mortalidade, as imigrações etc. Suponha que tal crescimento seja mantido pelas próximas 2 décadas, ísto é, pelos pró- ximos 20 anos. Nessas condições, qual seria a população brasileira ao �nal de x anos (x = 1, 2, · · · , 20), contados a partir de 2000? Passado 1 ano a partir de 2000 (em 2001), a população, em milhões, seria: 150︸︷︷︸ população em 2000 + aumento︷ ︸︸ ︷ 1, 5% · 150︸ ︷︷ ︸ 1, 5 100 =0,015 = 150 + 0, 015 · 150 = 1, 015 · 150 Aproximadamente 152, 25 milhões de habitantes. Passados 2 anos a partir de 2000 (em 2002), a população, em milhões, seria: 1, 015 · 150︸ ︷︷ ︸ população em 2001 + 1, 015 · 1, 015 · 150︸ ︷︷ ︸ aumento = 1, 015 · 150(1 + 0, 015) = 1, 0152 · 150 Aproximadamente 154, 53 milhões de habitantes. / Passados 3 anos a partir de 2000 (em 2003), a população, em milhões, seria: 1, 0152 · 150︸ ︷︷ ︸ população em 2002 + 1, 015 · 1, 0152 · 150︸ ︷︷ ︸ aumento = 1, 0152 · 150(1 + 0, 015) = 1, 0153 · 150 Aproximadamente 156, 85 milhões de habitantes. ... ... ... ... passados x anos, contados a partir de 2000, (x = 1, 2, · · · , 20), a população brasileira, em milhões de habitantes, seria: 1, 015x · 150 A função que associa a população (y), em milhões de habitantes, ao número de anos x, transcorridos a partir de 2000, é: y = 1, 015x · 150, que é um exemplo de função exponencial, a qual passaremos a estudar agora. 8.2 Potência de expoente natural De�nição 8.1. Seja a ∈ R e n ∈ N. Chama-se potência de base a e expoente n o número an tal que: a0 = 1, para a 6= 0,an = an−1 · a, ∀n > 1. Desta de�nição decorre que: a1 = a0 · a = 1 · a = a, a2 = a1 · a = a · a, a3 = a2 · a = a · a · a, · · · , e, de modo geral, para n ∈ N e n > 2, temos que an é o produto de n fatores iguais a a, ísto é, an = a · a · a · a · · · · · a.︸ ︷︷ ︸ n fatores Vejamos alguns exemplos de potências: 30 = 1, (−2)0 = 1, 61 = 6, ( 1 4 )1 = 1 4 , 42 = 4 · 4 = 16, (−3)2 = (−3) · (−3) = 9, ( 2 3 )3 = 2 3 · 2 3 · 2 3 = 8 27 . 8.3 Propriedades Sejam a, b ∈ R e m,n ∈ N, então valem as seguintes propriedades P1 a m · an = am+n P2 am an = am−n, a 6= 0 e m > n P3 (a · b)n = an · bn P4 (a b )n = an bn , b 6= 0 P5 (a m)n = am·n. Estas propriedades são úteis para simpli�car expressões. Veja um exemplo Exemplo 8.1. Supondo a · b 6= 0, simpli�quemos a exprressão y = (a3b4)3 (a4)2b7 . Aplicando as propriedades acima, temos: y = (a3)3 · (b4)3 a8 · b7 = a9 · b12 a8 · b7 = a9−8 · b12−7 = a · b5. Observação 8.1. Segue da de�nição (8.1) que: • an = 0, ∀n ∈ N, n > 1, se a = 0 • a > 0 ⇒ an > 0, ∀n ∈ N • a < 0 ⇒ an > 0, ∀n ∈ N tal que n é par,an < 0, ∀n ∈ N tal que n é impar. 8.4 Potência de expoente inteiro negativo Pretendemos aqui, de�nir potências de expoente inteiro negativo de modo que as pro- priedades (8.3) continuem válidas. Observe os exemplos seguintes: • 42 · 4−2 = 42+(−2) = 40 = 1; assim , 4−2 = 1 42 • 5 3 55 = 53−5 = 5−2 Por outro lado, temos: 53 55 = 5 · 5 · 5 5 · 5 · 5 · 5 · 5 = 1 5 · 5 = 1 52 . Os cálculos acima sugerem a de�nição seguinte. De�nição 8.2. Dado a ∈ R, a 6= 0, e n ∈ N, de�nimos a potência de base a e expoente −n o número a−n, que é o inverso de an, pela relação a−n = 1 an , Vejamos alguns exemplos: 3−2 = 1 32 = 1 9 , (−5)−2 = 1 (−5)2 = 1 25 , 2−4 = 1 24 = 1 16 . Observação 8.2. Todas as propriedades (8.3) continuam válidas para potência de expoente inteiro negativo. 8.5 Raiz enésima aritmética Dado a ∈ R, com a 6= 0 e na ∈ N, n > 1, chama-se raiz enésima aritmética de a o número b ∈ R, com b > 0 tal que bn = a. O símbolo n √ a, chamado radical, indica a raiz enésima aritmética de a. Nele, a é chamado radicando, e n, índice. Em símbolos temos n √ a = b ⇔ b > 0 e bn = a. Vejamos alguns exemplos: • √ 16 = 4, pois 42 = 16 • 5 √ 32 = 2, pois 25 = 32 • 3 √ 27 = 3, pois 33 = 27 Observação 8.3. Da de�nição, decorre que ∀a > 0 e n ∈ N∗: ( n √ a)n = a . Propriedades Sejam a, b ∈ R, com a, b > 0, m ∈ Z e n, p ∈ N∗, valem as seguintes propriedades: • n √ am = n·p √ am·p • n √ a · b = n √ a n √ b • n √ a b = n √ a n √ b (b 6= 0) • ( n √ a) m = n √ am • p √ n √ a = p·n √ a 8.6 Potência de expoente racional Assim como �zemos antes, pretendemos dar signi�cado às potências de expoente racional lembrando que a sua de�nição deve satisfazer as propriedades operatórias já vistas nesta secção. Observe os casos particulares: • 3 12 · 3 12 = 3 12+ 12 = 31 = 3; assim, ( 3 1 2 )2 = 3, ou seja, 3 1 2 é a raiz quadrada aritmética de 3, ísto é, √ 3 = 3 1 2 . • 2 13 · 2 13 · 2 13 = 2 13+ 13+ 13 = 21 = 2; assim, ( 2 1 3 )3 = 2, ou seja, 2 1 3 é a raiz cúbica aritmética de 8, ísto é, 3 √ 8 = 8 1 3 . Os casos particulares acima,fornecem a seguinte de�nição. para a ∈ R, a > 0 e n ∈ N∗, temos a 1 n = n √ a. Façamos agora os cálculos seguintes: • 8 32 · 8 32 = 8 32+ 32 = 82· 32 = 83. Assim, ( 8 3 2 )2 = 83 e, portanto, a raiz quadrada aritmética de 83 é igual a 8 3 2 , ou seja, √ 83 = 8 3 2 . • 2 23 · 2 23 · 2 23 = 2 23+ 23+ 23 = 23· 23 = 22. Assim, ( 2 2 3 )3 = 22 e, portanto, a raiz cúbica aritmética de 22 é igual a 2 2 3 , ou seja, 3 √ 22 = 2 2 3 . Considerando todo o exposto anterior alcançamos a seguinte de�nição: De�nição 8.3. Dados a ∈ R∗+, p ∈ Z e q ∈ N∗ de�ni-se potência de base a e expoente p q ∈ Q pela relação a p q = q √ ap, ou seja, a potência de base a e expoente p q é a raiz qnésima aritmética de ap Exemplo 8.2. • 2 12 = √ 2 • 8 13 = 3 √ 8 = 2 • 3 12 = √ 3 Observação 8.4. As propriedades (8.3) continuam válidas para potência com expoentes racionais. Agora, robustecidos com os pré-requisitos vistos anteriormente, vamos iniciar o estudo das funções exponenciais. Função exponencial Dado a ∈ R, tal que a > 0 e a 6= 1, denominamos de função exponencial de base a a função f de R em R que associa a cada x real o número ax. Simbolicamente, temos: f : R −→ R x 7−→ ax. Exemplo 8.3. • f(x) = 2x • f(x) = ( 1 4 )x • f(x) = ( 1 2 )x • f(x) = 100x • f(x) = (√ 3 )x • f(x) = πx 8.6.1 Grá�co Vamos esboçar dois grá�cos de funções exponenciais e, em seguinda, observar pelo seu comportamento algumas propriedades. Exemplo 8.4. Vamos esboçar o grá�co de f(x) = 3x. x y -3 1 27 -2 1 9 -1 1 3 0 1 1 2 √ 3 ≈ 1, 71 1 3 2 9 3 27 Note que ∀x ∈ R, 3x > 0 e, deste modo, Im = R∗+. Figura 46: Exemplo função exponencial Exemplo 8.5. Vamos traçar o grá�co da função f(x) = ( 1 2 )x . x y -3 8 -2 4 -1 2 0 1 1 1 2 2 1 4 3 1 8 Note que ∀x ∈ R, ( 1 2 )x > 0 e, deste modo, Im = R∗+. Figura 47: Exemplo função exponencial 2 8.6.2 Propriedades 1. Na função exponencial f(x) = ax, temos: x = 0⇒ f(x) = f(0) = a0 = 1, ísto é, o par ordenado (0, 1) pertence ao graf(f) para todo a ∈ R (a > 0 e a 6= 1). Em outras palavras, podemos a�rmar que o grá�co de toda função exponencial corta o eixo y no ponto de ordenadas 1. 2. A função exponencial f(x) = ax é crescente se a > 1 e o seu grá�co está representado ao lado Dados x1, x2 ∈ R, temos: x1 < x2 ⇔ f(x1) < f(x2) ⇔ ax1 < ax2 Figura 48: Função exponencial crescente 3. A função exponencial f(x) = ax é decrescente se 0 < a < 1 e o seu grá�co está representado ao lado Dados x1, x2 ∈ R, temos: x1 < x2 ⇔ f(x1) > f(x2) ⇔ ax1 > ax2 Figura 49: Função exponencial decrescente 4. A função exponencial f(x) = ax, com 0 < a 6= 1, é injetora, pois veja que, dados x1, x2 ∈ R tais que x1 6= x2 (por exemplo x1 < x2), segue: Se a > 1, temos: f(x1) < f(x2) Se 0 < a 6= 1, temos: f(x1) > f(x2) e, portanto, em ambos os casos, f(x1) 6= f(x2). Em resumo, temos as seguintes observações com relação ao grá�co da função f(x) = ax. 1◦) A curva representativa está toda acima do eixo das abscissas, pois ax > 0,∀x ∈ R 2◦) Corta o eixo y no ponto de ordenada 1. 3◦) Se a > 1 a função é crescente e se 0 < a < 1 a função é decrescente. 4◦) Toma um dos aspectos abaixo. Figura 50: Aspecto função exponencial 8.7 Equação exponencial Uma equação exponencial é aquela que possui a incógnita no expoente de pelo menos uma de suas potências. Veja alguns exemplos: • 2x = 4; • 3x = 27; • ( 1 4 )x = 16; • ( 1 9 )x = 81. Para resolução de equações exponenciais, podemos usar o seguinte método prático: Que consiste em reduzir ambos os membros da equação à potência de mesma base "a" (com 0 < a 6= 1) e, daí, aplicar a propriedade: ax = ay ⇒ x = y, sempre que for possível aplicar tal propriedade, encontramos facilmente a solução da equação exponencial. Vejamos alguns exercícios resolvidos: Exercício 8.1. Resolva as seguintes equações exponenciais em R: a) 2x = 64 b) 2x = 1 32 c) ( 2 3 )x = 27 8 d) 2x = 3 √ 16 e) 2x 2−5x+6 = 1 Solução: a) Fatorando 64, podemos escrever 64 = 26, logo: 2x = 64 ⇒ 2x = 26 ⇒ x = 6 ⇒ S = {6}. b) Observe que: 2x = 1 32 = 32−1, assim, fatorando 32, podemos escrever 32 = 25, segue daí que: 2x = 32−1 ⇒ 2x = (25)−1 ⇒ 2x = 2−5 ⇒ x = −5 ⇒ S = {−5}. c) Aqui temos:( 2 3 )x = 27 8 ⇒ ( 2 3 )x = 33 23 ⇒ ( 2 3 )x = ( 3 2 )3 ⇒ ( 2 3 )x = ( 2 3 )−3 ⇒ x = −3, portanto, S = {−3}. d) Fatorando 16, temos 16 = 24, assim, podemos escrever 2x = 3 √ 16 ⇒ 2x = 3 √ 24 ⇒ 2x = 2 4 3 ⇒ x = 4 3 ⇒ S = { 4 3 } e) Observe que: 2x 2−5x+6 = 1 = 20, assim, para encontrarmos a incógnita x, basta re- solvermos esta equação quadrática x2 − 5x + 6 = 0. Resolvendo por Bhaskára, ísto é, x = −b± √ b2 − 4ac 2a , como no caso em questão a = 1, b = −5 e c = 6, segue que: x = −(−5)± √ (−5)2 − 4 · 1 · 6 2 · 1 ⇒ x = 5± √ 1 2 ⇒ x = 5± 1 2 , portanto, temos como solução desta equação x = 3 ou x = 2, ou seja, S = {2, 3}. 9 FUNÇÃO LOGARÍTMICA 9.1 Introdução Suponhamos que um notebook novo custe hoje R$ 1800, 00 e sofra uma depreciação de 20% ao ano de uso. Depois de quanto tempo de uso do eletrônico será igual a R$ 900, 00? Vejamos, a cada ano que passa o valor do notebook passa valer 80% do que valia no ano anterior. Então, seu valor atualiza-se de seguinte forma: • após 1 ano de uso: 80% de R$ 1800, 00, ou seja, R$ 1440, 00 • após 2 ano de uso: 80% de R$ 1440, 00, ou seja, R$ 1152, 00 • após 3 ano de uso: 80% de R$ 1152, 00, ou seja, R$ 921, 00 e assim por diante. O valor do eletrônico em reais atualiza-se, ano a ano, de acordo com a sequência: 1800; (0.8) · 1800; (0.8)2 · 1800; (0.8)3 · 1800; · · · ; (0.8)x · 1800, em que x indica o número de anos de uso. Logo, para respondermos à pergunta feita, devemos resolver a equação (0.8)x·1800 = 900, ou seja, (0.8)x = 0.5, que é uma equação exponencial. No entanto, não é possível reduzir as potências a uma base comum. Fato é que, esse tipo de situação ocorre de forma natural em diversos problemas do cotidiano e para resolver essa e outras equações não redutíveis á uma mesma base iniciemos agora o estudo de logarítmos. De�nição 9.1 (Logarítmo). Sendo a, b ∈ R, tais que a, b > 0, com a 6= 1, chama-se logarítmo de b na base a o expoente x ao qual se deve elevar a base a de modo que a potência ax seja igual a b. Simbolicamente, temos: loga b = x ⇔ ax = b. Em loga b = x dizemos que: • a é a base do logaritmo; • b é o logaritmando; • x é o logarítmo. Vejamos alguns exemplos: • log2 8 = 3, pois 23 = 8 • log3 1 9 = −2, pois 3−2 = 1 9 • log2 16 = 4, pois 24 = 16 • log7 7 = 1, pois 71 = 7 • log3 81 = 4, pois 34 = 81 • log5 1 = 0, pois 50 = 1. Observação 9.1. As restrições para a (0 < a 6= 1) e para b (b > 0) indicadas na De�ni- ção (9.1) garantem a existência e unicidade de x = loga b. I Convenção natural Convencionamos que, quando a base do logarítmo de b for omitida, estamos tratando do logaritmo de b na base 10, í. é: log b = log10 b, e estes logarítmos serão chamados de logarítmos decimais. Assim, por exemplo, log 100 = 2, pois 102 = 100. 9.2 Consequências da de�nição Decorrem da de�nição (9.1) de logarítmo as seguintes propriedades para (a, b, c ∈ R, 0 < a 6= 1, b, c > 0). • O logarítmo de 1 em qualquer base a é igual a zero, ísto é: loga 1 = 0, pois a 0 = 1. • O logarítmo da base em qualquer base é igual a 1. loga a = 1, pois a 1 = a. • A potência de base a e expoente loga b é igual a b. aloga b = b, a justi�cativa desta propriedade está no fato de que por um lado loga b = x ⇔ ax = b, (12) por outro lado, por caracterização de potência, temos loga b = x ⇔ aloga b = ax. (13) Das Equações (12) e (13) segue que: aloga b = ax = b. • Dois logaritmos em base comuns são iguais se,e somente se, os logaritmandos são iguais. loga b = loga c ⇔ b = c. A justi�cativa desta propriedade é bem direta, basta notar que: loga b = loga c de�nição de︷ ︸︸ ︷⇔︸︷︷︸ logaritmo aloga c = b terceira︷ ︸︸ ︷⇔︸︷︷︸ consequencia c = b. Exemplo 9.1. calcular o valor de 21+log2 4. Solução: Note que 21+log2 4 = 21 · 2log2
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