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Resenha - FREUD Sobre o início do tratamento

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FREUD, Sigmund. SOBRE O INÍCIO DO TRATAMENTO (NOVAS RECOMENDAÇÕES 
SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE) 1913. In: Edição Standard Brasileira das Obras 
Psicológicas Completas de Sigmund Freud [ESB]. Rio de Janeiro: Imago, [s/d.], v. XII, 1996. 
p.74-89 (pdf). 
 
Resenha 
 
 O Texto inicia com o autor fazendo uma bela analogia. Ele compara as sutilezas das 
regras utilizadas pelos mestres do jogo de Xadrez com as que são estabelecidas pelo analista 
durante tratamento psicanalítico. O autor então informa de seu esforço para reunir algumas 
das regras para o início do tratamento com o intuito de ajudar os psicanalistas militantes. E diz 
que embora algumas delas pareçam insignificante, serão importantes por sua relação com o 
plano geral do tratamento. Em seguida adverte que pode ocorrer, pela plasticidade de todos os 
processos mentais, um curso de ação mostrar-se ineficaz, diante de um, considerado errôneo, 
conduzir ao fim desejado, entretanto, isso não o impede de estabelecer um procedimento, 
visto que em média, é eficaz. 
 O primeiro procedimento apontado por Freud como sendo este um hábito seu, é de 
aceitar o paciente por um período de no máximo duas semana, a fim de que ele possa 
conhecer sua história e decidir se ela é apropriada para a psicanálise. Seria uma espécie de 
sondagem. Esse procedimento por si só já marca o início de uma psicanálise, pois sua 
distinção se dá pela permissão dada ao paciente de falar quase todo o tempo, sem dar a ele 
nada mais que o absolutamente necessário para fazê-lo prosseguir em seu discurso. 
 Freud diz que há também razões diagnósticas para começar um tratamento e diz ver-se 
com frequência uma neurose com sintomas histéricos ou obsessivos não acentuadas, logo 
apropriadas para o tratamento. 
 O segundo procedimento apontado por Freud diz respeito às dificuldades especiais que 
surgem e traz como exemplo situações que envolvem laços sociais (família, amigos, etc.). E 
adverte do risco que esses laços podem correr de serem desfeitos no percurso do tratamento. 
O ideal seria encontrar um substituo de confiança. 
 Freud chama a atenção para nosso primeiro relacionamento com a paciente sendo esse 
normalmente agradável, porém, essa impressão favorável será destruída na primeira 
dificuldade que surgir na análise. Já ao cético deve ser dito que a análise não exige fé e que 
ele pode crítico e desconfiado, pois isso não será considerado como efeito de seu julgamento. 
Pata Freud, tal desconfiança é apenas um sintoma. 
 O terceiro procedimento apontado por Freud diz respeito aos acordos quanto a tempo e 
dinheiro. Referindo-se ao tempo, ele orienta ceder uma hora determinada, como é feito nas 
demais profissões (professor de música, de idiomas, etc.) essa postura inibirá o paciente de 
ficar trazendo desculpas infundadas para sua faltas às seções de análise. Freud enfatiza muito 
essa questão do compromisso com o horário e ainda confirma a significação do fator 
psicogênico na vida cotidiana dos homens, da frequência com que se simula doenças e da 
inexistência do acaso. Ele chega a essa conclusão tendo por base alguns anos de prática da 
psicanálise. 
 Para Freud, os atendimentos deveriam ser três vezes na semana, menos que isso não 
trazem vantagem nem para o analista nem para o paciente; e reforça que no início de uma 
análise, é inteiramente fora de questão. Para Freud, mesmo interrupções breves têm efeito 
obscurecedor sobre o trabalho. 
 Freud considera importuna a pergunta que o paciente faz quanto ao tempo de duração 
do tratamento. E orienta que seja evitado fornecer resposta direta. Ele dizia que utilizava a 
resposta dado pelo filósofo ao caminhante na fábula de Esopo, diante de uma questão 
semelhante. Respondia: Caminha! Assim como para o filósofo era preciso conhecer a 
amplitude do passo do caminhante antes de lhe dizer quanto tempo duraria a viagem, assim 
ocorrerá no tratamento. 
 Na sequência, Freud diz que a psicanálise é sempre uma questão de longos períodos de 
tempo, de meio ano ou de anos inteiros - de períodos maiores do que o paciente espera. E 
orienta a chamar a atenção do paciente para essa questão, assim o analista estará privando o 
paciente do direito de mais tarde dizer que foi enganado para um tratamento de cuja extensão 
e implicações não se deu conta. 
 Em seguida o autor compara o poder do analista sobre os sintomas da doença à 
potência sexual masculina, referindo-se a integralidade do organismo e remete isso à neurose 
que também tem um caráter de organismo, ou seja, suas manifestações não são independentes 
uma das outras, condicionam-se mutuamente e dão-se apoio recíproco. 
 Quanto a questão do dinheiro, para Freud, um analista não discute que o dinheiro deve 
ser considerado, em primeira instância, como meio de autopreservação e de obtenção de 
poder, mas sustenta que fatores sexuais acham-se envolvidos no valor que lhe é atribuído. 
Pessoas civilizadas vão tratar o dinheiro conforme tratam das questões sexuais (com a mesma 
incoerência, pudor de hipocrisia). Freud orienta a abster-se de fornecer tratamento gratuito e 
não fazer exceções em favor de colegas e familiares. O tratamento gratuito aumenta 
enormemente algumas da resistências do neurótico. 
 O quarto procedimento apontado por Freud diz respeito ao paciente deitar-se no divã 
enquanto o analista senta atrás dele, fora de sua vista. E apresenta razões para isso, além da 
base histórica. Ele diz que o paciente deve ser poupado de que as expressões faciais do 
analista forneça ao paciente material para interpretação ou influencie no que lhe conta. E 
adverte que os paciente em geral acham incômodo, mas ele insiste nessa postura, pois seu 
propósito e resultado são impedir que a transferência se misture imperceptivelmente às 
associações do paciente. 
 Outra questão que é abordada é quanto ao ponto e com que material deve o tratamento 
começar. Freud diz que o material é indiferente. Deve-se deixar que o paciente fale devendo 
ele estar livre para escolher em que ponto começar. Porém, bem no começo, deve-se fazer 
uma observação ao paciente: ele deverá falar tudo que lhe passar pela mente, mesmo que 
pareça tentado a dizer a si mesmo que isto ou aquilo é irrelevante aqui. 
 O analista não deve esperar uma narrativa sistemática e nada deve ser feito para 
incentivá-la. Cada detalhe da história terá de ser repetido mais tarde e é apenas com estas 
repetições que aparecerá material adicional para suprir as importantes associações que são 
desconhecidas do paciente. 
 Na sequência do texto, Freud dá um breve perfil dos possíveis pacientes que 
aparecerão diante do analista. Aqueles que preparam com cuidado tudo que irão dizer e, dessa 
forma, se disfarça com avidez é resistência. Isso ocorre para impedir que pensamentos 
desagradáveis venham à superfície. 
 Antes de apresentar o próximo perfil, Fred faz uma ressalva. Ele diz que o analista 
deve, sem demora, aconselhar o paciente de que a terapia deve ser assunto dele e do terapeuta. 
Deverá ser excluído todos os demais de partilhar conhecimento, mesmo que pessoas íntimas. 
 O próximo perfil é de paciente que pedem que o tratamento seja mantido secreto. Fica 
evidente aqui que a decisão desse paciente já revela uma característica de sua história secreta. 
 O outro perfil apresentado por Freud é do paciente que não consegue pensar em nada 
pra dizer. Sua implícita solicitação de que lhe digamos sobre o que falar não deve ser 
atendida. Temos que ter em mente o que se acha aqui envolvido. Uma forte resistência se 
adiantou a fim de defender a neurose. 
 Indicações como essas são bastante inteligíveis para Freud. Tudo que é relacionado 
com a situação atual representa uma transferência para o analista. Assim, fica o analista 
obrigado a começar por descobrir esta transferência, e um caminho que dela parte fornecerá 
rápido acesso ao material patogênico do paciente. 
 Outra pergunta que o analista enfrenta é quanto deveele fazer comunicações ao 
paciente? Qual o momento para revelar-lhe o significado oculto das ideias que lhe ocorrem, e 
para iniciá-los nos postulados, e procedimentos técnicos da análise? Para Freud, a resposta só 
pode ser: somente após uma transferência eficaz ter-se estabelecido no paciente, um rapport 
apropriado com ele. E isso só o tempo fornecerá. O próprio paciente fará essa ligação e 
vinculará o terapeuta a uma imagem das pessoas por quem estava acostumado a ser tratado 
com afeição. 
 Em seguida Freud faz uma advertência quanto à diagnósticos relâmpagos bem como 
comunicação prematura de uma solução, pois são situações que porão o tratamento em risco. 
 Freud finaliza o texto falando da força motivadora primária na terapia, que é o 
sofrimento do paciente e o desejo de ser curado. O analista, no momento correto, mostrará ao 
paciente o caminho ao longo dos quais deverá dirigir suas energias. E encerra afirmando que a 
psicanálise ocorre se a intensidade da transferência foi utilizada para a superação das 
resistências. Pois, o paciente só fará uso da instrução na medida em que é induzido a fazê-la 
pela transferência, é por esta razão que nossa primeira comunicação deve ser retida até que 
uma forte transferência se tenha estabelecido.

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