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Paper América Latina

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Paulo Roberto L. Rodrigues Junior 
Tutor: Vitor Mattos 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – História (FLC2875HID) – Prática do Módulo I – 
dd/mm/aa 
Abolição da Escravatura na América Latina e no 
Brasil 
 
Paulo Roberto L. Rodrigues Jr. 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise dos processos de abolição da 
escravidão em alguns países da América Latina e no Brasil. Será feito uma breve explanação 
do processo de comercialização de escravos após a chegada dos europeus nas Américas e 
como foi surgindo os movimentos abolicionistas em diferentes países colonizados por 
portugueses e espanhóis. Em relação ao Brasil, será feito uma análise mais aprofundada de 
como o movimento abolicionista ganhou força até a assinatura da Lei Áurea em 1888, e 
como isso impactou política e economicamente o nosso país. 
 
Palavras-chave: Brasil; América Latina; Escravidão, Abolição da Escravatura. 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
A América Latina é formada por 20 países, e eles têm em comum seus antigos 
colonizadores, portugueses e espanhóis. No período das grandes navegações, após a 
descoberta do Novo Mundo, o interesse maior dos países europeus era encontrar novas terras 
abundantes em ouro e prata. Após as expedições colonizadoras, em meados do século XVI, os 
europeus começaram a utilizar as colônias americanas para produção de alimentos, como o 
açúcar, cacau criação de gado, café, entre outros e também extração de matérias prima. 
Nesse contexto, foi necessária uma enorme quantidade de mão de obra, e para realizar 
esses trabalhos foram utilizados nativos indígenas e milhões de africanos que eram 
comercializados como escravos. Os escravos africanos foram submetidos a trabalhos forçados 
por séculos, até que começaram a ocorrer os processos abolicionistas, e o Brasil foi o último 
país da América Latina a abolir a escravidão. 
No tocante a abolição da escravatura, ela ocorreu de diferente maneira em cada país. O 
Haiti foi o primeiro país da América Latina a abolir a escravidão, e isso ocorreu através de 
2 
 
 
 
uma longa revolução. Já o Brasil foi o último país a abolir, e isso custou o poder à família 
real. 
A escolha deste tema para a elaboração deste artigo foi feita para mostrar como a 
liberdade dos povos negros ainda é jovem na grande maioria dos países da América Latina, 
pois há pessoas que têm parentes de duas ou três gerações que foram escravizadas, e também 
para analisarmos as diferentes maneiras e circunstancias que a abolição da escravatura foi 
realizada em diferentes países. 
Além disso, o presente artigo também tem como objetivo elencar alguns dos mais 
importantes eventos de abolição da escravidão em alguns países da América Latina e no 
Brasil, e como esses eventos foram responsáveis por mudar o rumo desses países política e 
economicamente. 
Para a realização do referido trabalho acadêmico, foi realizada a leitura de livros de 
história do Brasil, da América Latina assim como de diversos artigos que abordam o tema, 
além de pesquisas em sites, blog e revistas. 
 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
América Latina é um grupo formados por vinte países, são eles: Argentina, Bolívia, 
Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, 
Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e 
Venezuela. O termo América Latina foi utilizado pela primeira vez no século XX: 
 
Foram os franceses os primeiros a usar a expressão “América Latina”. Por volta de 1860, o imperador 
Napoleão III tentava aumentar sua influência no México...Um bom jeito de aproximar culturalmente os dois 
países era destacando o que eles tinham em comum, como a mesma origem do idioma. Tanto o francês quanto o 
espanhol e o português são línguas derivadas do latim. (NARLOCH, 2011, p. 17) 
 
Inicialmente, após a descoberta das novas terras e passado o transe dos primeiros 
contatos com os nativos, os quais andavam praticamente nus, os monarcas europeus se 
empenharam em enviar homens que adentrassem o interior do novo mundo em busca de ouro 
e prata, pois havia grande necessidade de tais metais preciosos, a Europa inteira precisava de 
3 
 
 
 
prata; estavam já quase exauridos os filões da Boêmia, da Saxônia e do Tirol (Galeano, 2000, 
p.17) 
Esse processo de exploração deixou marcas que podem ser vistas ainda hoje nos países 
latino americanos, pois foram mais de três séculos em que portugueses e espanhóis 
exploraram as terras de suas colônias, trouxeram para as américas milhões de escravos 
africanos, e quando essas colônias conseguiam se tornar independentes, muitas vezes tinham 
que pagar multas aos seus países colonizadores e ficavam com um país desigual, baseado em 
uma economia escravocrata e sem condições de se desenvolver. 
O comércio de escravos negros com certeza foi um dos mais marcantes fatores que 
ajudou a moldar a América Latina para ser o que é hoje. É bem verdade que os índios também 
sofreram com o processo de escravidão, como nos conta Trespach (2018) a escravização de 
povos indígenas iniciou logo com Colombo, escravização essa que foi largamente utilizada na 
América Central por outros conquistadores, como por exemplo Cortés, que recebeu mais de 
20 mil escravos índios pela conquista dos astecas. 
Porém vários fatores corroboraram para que a utilização de indígenas como mão de 
obra escrava não tenha alcançado proporções como a escravização de negros, e talvez o fator 
crucial para isso tenha sido a questão biológica, pois os indígenas não tinham imunidade 
contra essas doenças trazidas pelos europeus. Galeano (2000) afirma que bactérias e vírus 
foram aliados os aliados mais eficientes que europeus traziam, a varíola e o tétano, várias 
enfermidades pulmonares, intestinais e venéreas, o tracoma, o tifo, a lepra, a febre amarela, as 
cáries que apodreciam as bocas. 
Dessa maneira, milhões de indígenas pereceram nas mãos dos conquistadores 
europeus, então a solução encontrada para obter mão de obra para executar os trabalhos 
forçados nas novas terras foi trazer escravos de outro continente, a África. 
Essa “solução” encontrada por portugueses e espanhóis não foi apenas pelo fato de 
terem dizimados os indígenas nas américas, mas teve um grande viés econômico e comercial. 
Segundo Costa (2016), a proibição da escravização de indígenas tem como intenção 
incentivar o comércio de escravos, um dos grandes negócios dos portugueses. 
Esse comércio de mão de obra escrava, que de começo fora visto como apenas mais 
um ramo econômico para enriquecer os traficantes de escravos e também os senhores donos 
de terras que os compravam para obter mão de obra para suas fazendas, acabou moldando o 
estilo de vida nas colônias, principalmente nas portuguesas e espanholas. 
4 
 
 
 
A compra e a venda de escravos se torna uma engrenagem importantíssima no sistema 
mercantil, e essa operação comercial começa a ser efetuada não só pelos próprios traficantes, 
que já não mais precisaram caçar, mas passaram a adquirir escravos diretamente de 
mercadores africanos (Costa, 2016, p. 404), como também por padres, que no Brasil 
ganhavam 5% de comissão sobre a venda de negros e tinham barcos que eram utilizados para 
esse comércio (Trespach, 2018, p.43) 
Com o comércio de escravos funcionando a todo vapor a partir do século XVI, aliado 
às diversas epidemias e confrontos que aniquilaram diversos povos indígenas, alguns países, 
principalmente na América Central, tinham uma população de negros muito superior a de 
europeus, como por exemplo Porto Rico, que tinha uma população negra de aproximadamente 
7 vezes maior que de europeus, e o caso mais conhecido, o Haiti, na época ilha de São 
Domingos, que tinha uma população negra quase 100 vezes superior à de brancos. 
As estimativas mais aceitas é que cerca de 12 milhões de escravos negros tenham 
desembarcado nas américas duranteo período colonial, porém o número real de africanos que 
foram submetidos ao processo de escravização ligado às américas pode ser bem superior a 
esses números, se levarmos em consideração escravos que não chegaram com vida nas 
colônias europeias. 
O tráfico de escravos no Atlântico fluiu intensamente até o início do século XIX, 
quando a Inglaterra declarou que o tráfico de escravos era igual a pirataria, portanto ilegal. 
Dessa maneira os países latino-americanos foram proibindo o tráfico de escravos 
oficialmente. O Brasil, assim como na questão da abolição, também foi o último a proibir tal 
comércio, e mesmo após a proibição permitia o funcionamento de um comércio ilegal. O 
tráfico de escravos teve fim de fato apenas em meados dos anos 60 do século XIX, por fortes 
pressões dos ingleses. 
Infelizmente o fim do tráfico de escravos no Atlântico não foi o ponto final da 
escravidão na América Latina. Apesar de muitos países já terem abolido a escravidão há 
alguns anos, muitos países ainda permitiam o trabalho escravo, e o Brasil foi o último país 
não só da América Latina, mas de todo o ocidente a abolir a escravidão. 
Entre os processos de abolição da escravidão na América Latina, vamos dar uma 
enfatizada nos casos de Brasil e Haiti. No Brasil por se tratar do nosso país e para fazermos 
uma reflexão de como tudo isso ajudou a formar a nossa sociedade dos dias atuais. E do Haiti 
pois foi o marco inicial da abolição da escravatura na América Latina, e como todo início, foi 
5 
 
 
 
duro, foi a abolição mais difícil, sendo necessário uma revolução violenta e sangrenta, e que 
deixou feridas abertas que sangram até hoje nesse pobre país. 
 
 
2.1 HAITI 
 
O Haiti fica localizado na ilha de Hispaniola, na América Central, e foi nesse local que 
Colombo estabeleceu a primeira colônia europeia nas américas (Narloch, 2011, p. 159). A ilha 
foi dividida entre espanhóis e franceses, e o lado oeste, onde fica o Haiti, pertencia à França. 
Nesse período o Haiti era chamado de São Domingos. 
O território era ocupado por inúmeras fazendas, que em sua grande maioria produzia 
açúcar. A produção de açúcar era tão grande que competia até mesmo com o Brasil, que tem 
um território 300 vezes maior. Além do açúcar, era produzido também café, anil, cacau, 
algodão entre outros, o que fazia do Haiti, nesse período chamado de São Domingos, a 
colônia mais rica da França. 
Porém, para manter essa grande produção na colônia, era necessário um grande 
número de escravos. A estimativa é de que no Haiti havia quinhentos mil escravos negros que 
eram explorados nas plantações e nos engenhos. E o número de brancos presentes na colônia 
era muito menor, de aproximadamente trinta mil. 
Mesmo estando em número muito maior, os escravos negros eram submissos aos 
brancos, e eram submetidos a extensas jornadas de trabalho forçado, frequentemente 
acompanhadas de severos castigos e açoites. 
É bem verdade que ocorreu uma tentativa de acabar com o domínio dos brancos sobre 
os escravos negros, porém foi um plano elaborado sem muita organização, e apesar de ter 
conseguido envenenar algumas centenas de pessoas, logo foi descoberto, e como pena para o 
seu crime, foi condenado a morte, sendo queimado vivo em uma praça de Cap-Fraçais. 
Porém na França ocorria uma das revoluções mais marcantes de todos os tempos, e 
que veio a influenciar diversos movimentos republicanos ao redor do mundo. E causou um 
impacto direto e imediato em suas colônias, pois após a Revolução Francesa foi proclamada a 
abolição da escravidão nas colônias francesas. 
Quando essa notícia chegou na colônia de São Domingos, logo se propagou entre os 
escravos das diversas fazendas da colônia e começou a causar uma inquietação entre os 
cativos. No ano de 1791 iniciam-se as rebeliões, que foram planejadas por diversos escravos 
6 
 
 
 
de várias fazendas, o que proporcionou ataques em centenas de fazendas ao mesmo tempo, 
sem dar chance para que os senhores conseguissem se reorganizar e reagir contra o levante 
dos negros. 
Em 1794 surgiu um então ex-escravo que rapidamente ascende ao poder e toma as 
rédeas da liderança no processo de revolução. Seu nome é François-Dominique Toussaint 
L’Ouverture, e teve um tratamento privilegiado na condição de escravo, tendo oportunidade 
de se alfabetizar e ler obras que o influenciaram durante a vida. 
Chegando na condição de líder na revolução, juntou homens e formou um exército 
organizado e disciplinado, e conseguiu derrotar os franceses, que queriam ter o controle sobre 
a ilha novamente, os espanhóis, que entraram na batalha para ter o controle sobre toda a ilha 
de Hispaniola, e também os ingleses, que não viram com bons olhos o levante dos escravos e 
queriam mostrar para as suas colônias que não admitiriam atos similares. 
Porém após as batalhas, L’Ouverture adotou medidas que acabaram dessagrando os 
ex-escravos. Primeiramente, tinha como propósito conquistar a confiança de Napoleão 
Bonaparte, então imperador francês, porém Bonaparte não queria diálogo com os negros 
haitianos, e sim retomar o poder sobre a ilha e manter o regime escravista. Em segundo lugar, 
L’Ouverture deu continuidade ao processo de fabricação de açúcar, sob a justificativa de que 
era necessário para fins financeiros e econômicos, e para dar continuidade foi necessário que 
os negros voltassem a trabalhar arduamente nas lavoras e engenhos. E para piorar, ainda 
manteve a produção e gerenciamento das fazendas nas mãos dos brancos. Resumindo, pouca 
coisa mudou para a maioria da população negra. 
Esse descontentamento com o governo de L’Ouverture acabou sendo a causa de uma 
tentativa de de revolta por parte de seu próprio sobrinho. Porém a revolta não teve sucesso, e 
o sobrinho de L’Ouverture foi fuzilado sem julgamento prévio. Além de tentativas de 
revoltas, L’Ouverture também enfrentou algumas tentativas de levantes por parte dos mulatos, 
um grupo de homens que já era livre mesmo no tempo do domínio francês mas que ainda 
assim vivia a margem da sociedade, sob constante exploração dos brancos. 
Em 1801 Napoleão decidiu retomar o controle sobre a ilha novamente, e para tal 
missão enviou 25 mil homens. Com a moral em baixa, vários soldados e oficiais abandonaram 
L’Ouverture, e isso fez com que as tropas francesas obtivessem várias vitórias e conseguissem 
tomar o controle da Ilha. L’Ouverture se rendeu e foi enviado para uma prisão na França. 
Apesar de obter um certo controle inicial sobre São Domingos, os franceses não 
conseguiram acalmar os ânimos dos negros, que temiam pela volta da escravidão, e então teve 
7 
 
 
 
início uma guerra sangrenta, marcada pelo excesso de violência, com milhares de execuções e 
uma devastação que atingiu todo o país, provocada por incêndios causados por ambos os 
lados. 
Os negros saíram vencedores do conflito, e no dia primeiro de janeiro de 1804 foi 
proclamada a independência do Haiti. Porém os massacres não encerraram com a declaração 
de independência. Após a batalha pela independência, soldados negros começaram um 
verdadeiro extermínio dos brancos, indo de casa e casa e matando homens, mulheres e 
crianças brancas. 
Esses atos, aliados às pressões de França e Espanha para que outras nações não 
reconhecessem o Haiti como nação livre, acabaram provocando sanções extremamente 
prejudiciais ao Haiti, colocando o país em uma espécie de isolamento mundial. Para agravar 
ainda mais a situação, o ambiente político do país sempre foi muito instável, durante o século 
XIX, a maioria dos governantes foram assassinados ou destituídos do cargo. 
O século XX foi talvez até mais agitado politicamente. No começo do século o Haiti 
foi ocupado pelos EUA, por mitivos que envolviam a Primeira Guerra Mundial. Os 
americanos retiraram seus soldados apenas em meados dos anos 30. Após esse período nova 
onda de instabilidade marcou o cenário político, quando o país presenciou ditadurase outros 
governos sendo destituídos. 
No começo do século XXI a ONU decide intervir no país para tentar dar um rumo aos 
haitianos. A missão ficou sob controle do Brasil, e teve início em 2004 e foi encerrada em 
2017. Apesar dos esforços, a missão não conseguiu apresentar grandes avanços para o país 
caribenho, que atualmente vive mais uma instabilidade política marcada por tentativas de 
golpe de estado. 
 
 
2.2 BRASIL 
 
 
A escravidão está ligada ao Brasil desde o início da chegada dos portugueses em 
território brasileiro. Apesar de um primeiro encontro amigável entre os indígenas e a 
tripulação de Cabral, os próximos anos seriam duros com naturais da terra. 
Através de guerras e parcerias com tribos indígenas, os portugueses escravizaram 
centenas de milhares de índios, que eram usados como mão de obra em diversos tipos de 
8 
 
 
 
trabalhos forçados, em especial no corte e carregamento de pau brasil, primeiro produto 
exportado em grandes quantidades do Brasil para Europa. Conforme nos conta Trespach 
(2018), no Brasil a escravização dos índios deu-se de forma indiscriminada desde a chegada 
de Cabral, 1500, e persistiu por todo o período colonial. 
Porém quando Portugal decide utilizar o Brasil para produzir grandes quantidades de 
açúcar, a escravidão de indígenas começa a diminuir, inclusive é formalmente proibida. 
Porém a decisão de proibir a escravidão dos índios não feita por sentimentos de benevolência, 
mas sim comercial. 
A decisão tem um duplo sentido: primeiro, incentivar a importação de escravos (o grande negócio dos 
portugueses) e, segundo, desestimular as Entradas no sertão – onde se caçavam esses índios para escraviza-los- 
e, com isso, salvaguardar também as terras de qualquer tipo de prospecção de ouro, prata e pedras preciosas. 
(COSTA, 2016, p. 40) 
 
Sendo assim, fica explícito que a intenção dos portugueses era incentivar o comércio 
de escravos negros, e um fator que explica esse grande interesse nesse comércio, é que os 
primeiros engenhos de açúcar construídos no Brasil não são portugueses, mas sim de 
investidores judeus que moravam na Holanda. Dessa forma, como afirma Costa (2016) O 
negócio de Portugal era... o monopólio da oferta do trabalho escravo e as taxas que recolhia 
da produção do açúcar nos engenhos do Brasil. Ou seja, o lucro maior de Portugal era o 
comércio de escravos da África para o Brasil, e não o comércio de açúcar. 
Além de ser o negócio mais lucrativo dos portugueses a princípio, o uso de escravos 
era mais vantajoso para os senhores que os adquiriam, isso porque os escravos negros tinham 
habilidades com criação de gado e montagem a cavalo, além de serem imunes a doenças 
como febre amarela e malária (TRESPACH, 2018), doenças que mataram milhares de índios, 
pois eles não tinham imunidade a essas novas doenças. 
Com o passar dos anos e ocorrendo um crescente interesse da coroa portuguesa por 
sua colônia, a população foi crescendo, cidades foram sendo criadas, novos negócios 
surgiram, enfim, o Brasil começava, ainda que a passos lentos, a se desenvolver, e isso tornou 
o tráfico de escravos ainda maior e necessário no Brasil. 
Afora os trabalhos realizados na área rural, a mão de obra escrava teve uma grande 
demanda também nas cidades, tanto prestando serviços braçais, de carregamento de produtos 
e objetos, como até mesmo de vendedores ambulantes para seus senhores, além de prestarem 
serviços domésticos dentro das casas de seus senhores. 
9 
 
 
 
Tendo conhecimento desses fatos, podemos observar que a utilização de mão de obra 
escrava era algo que estava tão arraigado na sociedade brasileira no período colonial e 
imperial, que começamos a entender o porquê de o Brasil ter sido o último país do ocidente a 
abolir a escravidão. 
Durante todo o século XVI e XVII a escravidão foi encarada como algo não apenas 
trivial, mas vital para economia brasileira e portuguesa. Porém a Revolução Industrial e o 
crescente comércio global não eram compatíveis com o sistema escravista. Esse sistema não 
permitia que um país como o Brasil viesse a desenvolver um mercado interno e nem uma 
sociedade consumista. 
A Inglaterra buscou insistentemente formas para acabar com o tráfico de escravos em 
terras brasileiras, fez uma série de tratados e alianças, inclusive reconheceu a independência 
brasileira sob o compromisso de que o novo governo tomaria medidas para pôr fim a 
escravidão, porém nenhuma dessas medidas surtiu efeitos reais. 
Dessa maneira, em meados do século XIX a Inglaterra, que fazia papel de xerife dos 
mares, proibiu o tráfico de escravos no Atlântico, através da lei Bill Aberdeen, e todo e 
qualquer navio que fosse capturado transportando escravos seria acusado de pirataria. Com 
isso, a tripulação seria julgada de acordo com as leis inglesas e os escravos seriam devolvidos 
ao seu continente. 
Apesar dos esforços, essa lei também não conseguiu reduzir o número de escravos 
transportados da África ao Brasil. A lei foi aprovada em 1845, e segundo Costa (2016), no 
ano de 1846, a entrada de escravos no Brasil saltou de 20 para 50 mil; em 1847, para 56 mil; 
e, em 1848, para 60 mil. 
Efetivamente, no Brasil, a primeira medida real que foi tomada em relação a 
escravidão ocorreu em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós. Essa lei acabou com o tráfico de 
escravos em território brasileiro. O negócio do tráfico de escravos era muito rentável, e para 
não criar um conflito com os traficantes de escravos, algo que poderia colocar em risco a 
monarquia, o governo, juntamente com o Barão de Mauá, articula um excelente negócio, tanto 
para o governo quanto para os traficantes de escravos, evitando um conflito entre as partes. 
Vale ressaltar, que essa medida em nada afetou a vida dos negros que já viviam em 
situação de escravidão, porém impediu que novos negros fossem trazidos ao Brasil na 
condição de escravo. Prova de que não houve preocupação com os negros, é que o governo 
tratou logo de criar medidas para manter boas relações com os traficantes de escravos. 
10 
 
 
 
Somente em 1871 foi aprovada uma lei que de fato começou a efetivamente atingir os 
negros no tocante a abolição da escravatura. A Lei do Ventre Livre colocava os filhos 
nascidos de mulheres escravas, a partir de 1871, na condição de livres. Apesar de representar 
uma grande conquista para os negros, o real motivo por trás da aprovação da referida lei, era 
incentivar a imigração de trabalhadores europeus. 
Esse interesse em trazer os imigrantes tinha dois principais motivos. O primeiro era 
promover mudanças sociais e econômicas, para desenvolver o país através de uma sociedade 
trabalhadora, criar um mercado interno e ter uma economia girando com mais intensidade. E 
o segundo motivo era de cunho racial, pois nesse período surgiram teorias de que negros e 
mestiços teriam uma propensão maior ao crime, a indolência e a promiscuidade, e que um 
processo de branqueamento da população seria benéfico para o futuro do país. 
Em 1885 é dado mais um passo rumo a abolição, dessa vez com a Lei dos 
Sexagenários. Essa lei dava liberdade aos escravos ao completar 60 anos de idade. Porém 
mais uma vez a lei não foi de grande valia aos escravos, primeiro porque poucos conseguiam 
sobreviver até os 60 anos de idade, segundo, que os que conseguiam chegar na idade para 
ganhar alforria ainda tinham que pagar uma indenização aos ex-senhores, que eram pagas 
com mais alguns anos de trabalho, entre 4 ou 5. E por último que após serem finalmente 
libertos pouco lhes restava, haja visto que não tinham nem onde cair mortos, e o governo 
ignorou esse fato e deixou os velhos escravos abandonados a sorte. 
Podemos observar, mais uma vez, que o governo simplesmente ignorou a condição 
dos escravos com sessenta anos. E pior ainda, prometeu uma indenização para os senhores de 
escravos, a elite do período imperial, que seria paga pelos próprios escravos com mais alguns 
anosde serviço. 
Somente em 1888, no dia 13 de maio, é que foi promulgada a Lei Áurea, que 
finalmente extinguiu a escravidão no Brasil. Mas a situação dos negros não veio a melhorar 
instantaneamente após a abolição. É bem verdade que não eram mais obrigados a trabalhar 
longas e exaustivas horas em serviços pesados sob açoites nas fazendas, porém os escravos 
foram abandonados mais uma vez a própria sorte. 
Não houve uma política para dar assistência aos ex-escravos, muitos tiveram que 
morar nas ruas, outros voltaram para trabalhar nas fazendas, a sociedade via os negros com 
muito preconceito e discriminação, e essa falta de amparo no processo de abolição da 
escravatura deixou sequelas que podem ser vistas até hoje na nossa sociedade. 
11 
 
 
 
Mas para a monarquia, o que mais pesou foi o fato de que, diferentemente das outras 
vezes, não houve auxílio, nem amparo e nem indenizações aos donos dos escravos. Há uma 
frase que diz, que quando o governo e as elites estão satisfeitos no Brasil, vive-se no melhor 
dos mundos, porém as elites não estavam nada satisfeitas, e a monarquia já sentia o desgaste e 
o avanço do movimento republicano. 
Não demorou para que uma parcela de militares e civis membros da burguesia se 
voltassem contra o governo, e em 15 de novembro Deodoro da Fonseca, por influência de 
outros militares e de membros da burguesia, proclama a república e derruba a monarquia. 
Nesse episódio, mais uma vez a vida do povo em geral pouco o nada foi alterada, a transição 
de regime ocorreu para agradar e beneficiar uma parcela da elite que estava insatisfeita com o 
antigo regime. 
Podemos observar, que a queda da monarquia se deu, além do desgaste que vinha 
sendo causado, evidentemente, em função da abolição da escravatura, a Lei Áurea foi o 
estopim da queda do governo de D.Pedro II. Podemos ver nesse fato a mentalidade da elite 
brasileira, que é quem tem as rédeas do poder junto com o governo, de que aceitou todos os 
outros passos que levaram à abolição pois foram indenizados de alguma forma ou outra, 
porém quando não receberam nenhuma indenização ou reparação, se voltaram contra o 
governo. 
Infelizmente essa troca de favores de entre políticos e a elite é algo que marca a 
história brasileira desde sempre, mesmo que muitas vezes velado, esse modus operandi esteve 
presente em diversos momentos decisivos e ainda hoje faz parte do dia a dia da política 
nacional, e mais que isso, se tornou algo essencial para o andamento do país, pois como 
afirma Costa (2016), no Brasil, quando o governo e as elites econômicas estão satisfeitos, 
vive-se no melhor dos mundos possíveis. 
 
 
 
 
2.3 ABOLIÇÃO EM OUTROS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA 
 
 
A República Dominicana foi o segundo país da América Latina a abolir a escravidão. 
Em 1822, após se emancipar da Espanha, líderes do governo do vizinho Haiti invadem o lado 
12 
 
 
 
leste da ilha e unificam o território, e conforme fizeram em seu país, põe fim a escravidão. A 
República Dominicana permanece unificada até 1844, quando enfim consegue sua 
independência. 
Honduras, El Salvador, Nicarágua, Guatemala e Costa Rica formavam um único país, 
a Federação Centro Americana, e nesse país a abolição ocorreu em 1824. Todos esses países 
ficam na América Central, e é importante ressaltar que a América Central era grande 
produtora de açúcar e café, e foi o destino de milhões de escravos, portanto a abolição da 
escravatura, ainda que não tenha ocorrido da forma ideal, foi uma grande vitória para os 
negros. 
Na América do Sul o Chile foi o primeiro país a abolir a escravidão, em 1823. Na 
sequência a abolição ocorreu na Bolívia, em 1826, Paraguai e Uruguai, em 1842, Equador e 
Colômbia, em1851, Argentina, em 1853, Venezuela e Peru, em 1854, e o penúltimo país da 
América Latina a abolir a escravidão foi Cuba, em 1886, dois anos antes do Brasil. No 
México, único país latino-americano localizado na América do Norte, a abolição ocorreu em 
1829. 
Vale fazer uma observação sobra a população negra da Argentina, que foi 
praticamente toda exterminada nos conflitos que a Argentina se envolveu no século XIX, e os 
poucos que sobreviveram acabaram indo embora para países vizinhos, como Brasil e Chile, 
pois sofriam muita discriminação por parte da sociedade argentina. Essa dizimação e fuga de 
argentinos negros fez com que a população negra no país praticamente zerasse. 
Ao contrário do Brasil, nos outros países da América do Sul a população escrava não 
era tão grande, e a economia não dependia tanto da mão de obra escrava, por isso os processos 
de abolição ocorreram sem grandes obstáculos. 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
 Os materiais utilizados na construção do presente artigo foi basicamente livros 
sobre o tema que pertencem ao autor do artigo e demais livros no formato e-book encontrados 
na internet. Esses materiais foram utilizados principalmente para embasar o trabalho através 
de citações. 
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 Além dos livros que estão elencados na bibliografia, outros títulos e artigos 
que também abordam o tema deste paper foram utilizados para leitura adicional, para que o 
autor pudesse ter outras fontes e adquirir mais conhecimento sobre o conteúdo. 
 Sobre o processo de elaboração do paper, podemos distribuir em três partes: 
primeiro foi feita a escolha do assunto, que deveria respeitar o tema proposto pela instituição 
de ensino, que era “O Brasil e a América Latina”, e nesse contexto o assunto escolhido foi a 
escravidão e a abolição na América Latina e no Brasil. 
O segundo passo foi iniciar leituras e pesquisas para me aprofundar neste tema. 
Durante pouco mais de um mês foi realizada a leitura de artigos, matérias, alguns poucos 
vídeos sobre o assunto foram assistidos, e após conseguir juntar uma quantidade de conteúdo 
que foi considerada suficiente para elaboração do artigo foi dado início à terceira parte. 
A terceira parte foi a elaboração, quando o autor então começa a redigir o artigo, 
embasado nos processos anteriores e utilizando livros de autores especialistas no assunto para 
dar um embasamento científico ao corpo do seu paper. 
 
 
4. CONCLUSÃO 
 
A América Latina foi construída através de muito trabalho escravo. Basicamente, todo 
o período colonial dos países que formam hoje a América Latina, está manchado de sangue e 
suor dos escravos africanos e indígenas. Mesmo após a independência, muitos países 
continuaram aceitando a escravidão como forma de trabalho. 
Esse processo de explorar os negros como mão de obra escrava durante séculos fez 
com que as pessoas desenvolvessem um preconceito, uma discriminação contra a raça negra, 
e isso ficou evidente após os processos de abolições que abordamos aqui e é nítido ainda nos 
dias de hoje, infelizmente. 
No Brasil, pudemos ver de maneira bem clara que a única vez que a elite se revoltou 
foi quando não foi indenizada após perder seus escravos. Na Argentina, após a abolição já não 
existiam muitos negros no país, pois a maioria já tinha sido morta em guerras em que o país 
se envolveu e os utilizaram na linha de frente, e os poucos que sobraram abandonaram o país 
pois não tinham oportunidade alguma na Argentina. 
O Haiti até hoje vive em uma situação lastimável, pois nunca foi bem visto e nem 
considerado digno de merecimento de ajuda para desenvolver sua economia e o país. Será que 
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a falta de interesse em ajudar o Haiti se deve a sua história? O Haiti é o único país das 
Américas onde os escravos se rebelaram contra os brancos e assumiram as rédeas da 
administração. Mesmo nos tempos modernos teve seu território invadido sem nem mesmo ter 
declarado guerra pelos EUA. 
A própria Inglaterra, só pressionou os países americanos a abolirem a escravidão pois 
tinha interesse em aumentar o número de trabalhadores assalariados que pudessem criar uma 
economia interna forte de outros paísespara conseguirem vender seus produtos. Isso é tão 
óbvio, que assim que a abolição foi decretada, o Brasil e outros países iniciaram um 
planejamento para atrair imigrantes europeus para seus países. 
Sendo assim, podemos ver claramente que os negros nunca foram vistos como seres 
humanos pelos colonizadores e pelos grandes fazendeiros que os utilizavam coo mercadoria e 
mão de obra, o intuito da abolição nunca foi ser uma causa humanitária, mas sim econômica. 
Fica claro que o papel do negro na sociedade era simplesmente servir e obedecer, nunca 
houve um planejamento para incluir os negros no mercado de trabalho ou na sociedade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
COSTA, Marcos. A história do Brasil para quem tem pressa / Marcos Costa. – 1. Ed. – 
Rio de Janeiro: Valentina, 2016. 200p. : il. ; 21 cm. 
 
GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. Tradução de Galeno de Freitas. 
39ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 307p. Título original: Las venas abiertas de 
America Latina. (Coleção Estudos Latino-Americanos, v.12). 
 
NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da América Latina / Leandro 
Narloch, Duda Teixeira. – São Paulo: Leya, 2011. 336 p. : il. 
 
TRESPACH, Rodrigo. Histórias não (ou mal) contadas: escravidão, do ano 1000 ao 
século XXI / Rodrigo Trespach. – 1. Ed. – Rio de Janeiro : Harper Collins, 2018. 208 p. : il.

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