Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna V. Chagas M3-patologia Inflamação é uma resposta inflamatória protetora do organismo, cujo maior objetivo é remover o agente causador da agressão e reparar o tecido lesado. Respostas inflamatóriasà Eventos que envolvem um conjunto de: • Fenômenos bioquímicos (mediadores bioquímicos) • Fenômenos morfológicos (área inflamada sofre necrose, por isso a área inflamada fica com a morfologia alterada) • Fenômenos fisiológicos (aumenta fluxo sanguíneos na área, aumenta permeabilidade vascular, medula óssea trabalha mais para produzir mais células), são sucessivos (ocorrem em momentos: fenômenos irritativos, vasculares, exsudativos, necrotizantes e reparativos), ativos e complexos (pois uma serie de moléculas participam desta inflamação), pelos quais se exterioriza a reação vascular e tissular dos tecidos vivos a qualquer agressão. (resposta do tecido frente a uma agressão, para manter a homeostasia) Nomenclaturaà Termo designativo do local (órgão, tecido ou cavidade) afetado, acrescido do sufixo ITE. A adjetivação deverá ser feita conforme o tipo do processo. Obs: processo inflamatório é tecidual. Se for sanguíneo é uma septicemia. Na inflamação ocorre alteração do padrão morfológico normal, inchaço (edema inflamatório - exsudato), rubor (devido o envolvimento de fenômenos vasculares), calor (devido mediadores inflamatórios, alto padrão metabólico - calor movimenta moléculas, favorecendo a movimentação de molecular) e dor (nociceptores). Aspectos importantes: ● Os componentes da reação inflamatória que destroem e eliminam os microrganismos e tecidos mortos também são capazes de lesar os tecidos normais em maior ou menor grau. (em uma inflamação SEMPRE haverá um dano tecidual por mínimo que seja, é algo inevitável) ● Por isso, a lesão pode coexistir com reações inflamatórias benéficas e inteiramente normais com certo grau de lesão ● Em uma resposta inflamatória a patologia pode tornar-se um evento dominante e pode ser uma consequência da inflamação: - Se a reação inflamatória for muito forte: Quando a infecção é acentuada - Se a resposta inflamatória for prolongada também pode ser maléfica (relação com câncer por provocar mutações) e é prolongada porque o agente causador resiste a erradicação (é uma resposta lenta que se prolongou) INTRODUÇÃO A INFLAMAÇÃO - Se for inapropriada: quando é direcionada a antígenos próprios nas doenças autoimunes (ex: doença de Cronh) ou contra antígenos ambientais geralmente inócuos nos distúrbios alérgicos (ex: anafilaxia) Na inflamação aguda, predomina a resposta imune inata. Exemplo de patologia em que o quadro clínico esta associada a resposta inflamatória desequilibrada (exagerada ou mal direcionada): Anafilaxia; Lúpus; Doença de Cohn Etapas da Reação Inflamatória: 1. Reconhecimento do agente lesivo 2. Recrutamento dos leucócitos (a resposta inflamatória ativa o recrutamento de leucócito onde esta ocorrendo o estímulo agressor) 3. Remoção do agente (pelos leucócitos) 4. Regulação (controle) da resposta (o objetivo do controle da resposta inflamatória é controlar o dano para que ele não seja exacerbado, evitar para que não seja uma resposta sistêmica. Agentes que atuam nesse controle podem ser citocinas como IL-1, IL-6, TNF, IFNy, e citocina anti-inflamatórias como IL-10, IL-13,IL-4) 5. Resolução (reparo tecidual) que pode ter sido causada pelo agente agressor ou pela própria resposta inflamatória Muitas doenças onde a resposta inflamatória é exacerbada ela é assim porque não há o controle, então a regulação é sempre necessária → Objetivos principais da resposta inflamatória: identificar, neutralizar e eliminar o agente agressor → Infecção desencadeia inflamação mas nem todo processo inflamatório tem origem infecciosa Uma resposta inflamatória pode ser bem sucedida no sentido de que vai elaborar uma boa defesa contra aquele agressor, estimula a reposição e gerar proteção, ou seja, em uma infecção por exemplo, deve-se gerar uma imunidade (memória contra aquele agressor) Uma resposta inflamatória pode ser maléfica, isso ocorre se ela for muito exacerbada ou muito prolongada (pois a inflamação se perpetua podendo acarretar a perda de regeneração tecidual) ou quando se da pelo reconhecimento de antígenos próprios podendo interferir na função do órgão. Também envolve uma perda do controle homeostático, ou seja, uma resposta inflamatória que ocorre de forma sistêmica, como a anafilaxia, em que há o choque anafilático devido a perda do controle homeostático. Ex: COVID-19à há a interferência nos funções dos pulmões devido a inflamação que foi causada, pois a resposta inflamatória esta sendo muito forte, provocando lesão e consequentemente perda de função do órgão Causas da Inflamação: Estímulos: - Infecção: sempre vai haver a liberação de PAMPS • Ferida contaminada • Pneumonia • Hepatite aguda - Lesão tecidual/ irritação- sempre vai haver a liberação de DAMPS • Agentes físico/químico • Infarto - Corpo estranho nossos receptores identificam essas moléculas como estranha e elaborar uma resposta contra elas • Sutura/implante • Sílica Resposta: - Eliminação do estímulo - Remoção não imediata - Progresso da doença Classificações da resposta inflamatória de acordo com o tempo de duração: I. HIPERAGUDA (de horas - dias-semanas) Processos inflamatórios graves de evolução extremamente rápida, possui alta intensidade de resposta inflamatória e por isso possui maior risco, podendo levar a óbito. Exemplos: 1. Meningite bacteriana aguda Liquor do paciente: grande quantidade de neutrófilos, na viral não temos isso, temos infiltrado de monócitos, linfócitos.... Na bacteriana purulenta temos muitos neutrófilos Meningococcemia: disseminação da Neisseria meningites pelo sangue, vasculite na criança na imagem abaixo que causa púrpuras decorrentes da inflamação, hiperestimulação de coagulação, quadro grave, ela evolui e lesa o tecido muito rápido 2. Rejeição hiperaguda de transplantes Um outro exemplo de rejeição hiperaguda é a rejeição hiperaguda de transplantes que ocorre muito rápido devido à anticorpos pré- existentes na circulação, hoje em dia é mais raro. Uma rejeição hiperaguda de transplantes acontece quanto o indivíduo possui anticorpos pré-formados e esses anticorpos, quando é feito o transplante, a resposta é muito rápida pois já havia anticorpos pré-existentes que vão agir contra os antígenos presentes nos vasos sanguíneos do doador. Os anticorpos pré-formados se ligam aos antígenos do órgão transplantado e ativam o complemento, o complemento causa uma inflamação do endotélio e cascata de coagulação (a cascata de coagulação pode ser ativada quando se tem uma lesão do endotélio vascular). O complemento ativa recrutamento de leucócitos para a região do enxerto e esses leucócitos liberam as proteínas tóxicas que danificam o endotélio e ativam a cascata de coagulação. O sangue será cessado, devido ao vaso sanguíneo obstruído. 3. Falência hepática aguda associada a medicamentos Fígado com extensa lesão: infiltrados inflamatório de linfócitos e eosinófilos. Hepatócitos adjacentes mostram degeneração com balonamento e áreas de colestase (são esses pontinhos mais marrons). Isto está associado a disfunção do fígado. àDoses excessivas podem provocar uma falência hepática do fígado, é muito rápido II. AGUDA (de dias- semanas-meses): A marca registrada de uma inflamação aguda é a presença de eventos vasculares de vasodilatação e aumento de permeabilidade vascular • Predominam fenômenos vasculares exsudativos (são responsáveis pela hiperemia ativa patológica que é onde o foco inflamatório fica muito avermelho pois tem muito sangue chegando neste local, chama-se hiperemia ativa porque é decorrente de umprocesso inflamatória; edema e predomínio de infiltrado de polimorfo nucleares (neutrófilos são os principais polimórficos nucleares, o neutrófilo é a célula marcadora da infecção aguda) à inflamação aguda tem um período de tempo curto • Fenômenos vasculares: aumento da circulação sanguínea, aumento da permeabilidade vascular e aumento do diâmetro vascular; esses efeitos exigem alto gasto de ATP, ou seja, demanda metabólica é muito alta. Por esse motivo, a inflamação aguda é de curta duração, não é possível manter esse alto gasto energético por muito tempo. • Fenômenos exsudativos: saída de células e plasma rico em proteínas do sangue para o tecido porque a aprede esta mais permeável,, levando à maior osmolaridade tecidual, atraindo água e provocando edema. Há também hiperemia ativa patológica -aumento do fluxo sanguíneo arterial (ativa) para aumentar a nutrição do tecido, por conta de um agente agressor (patológica) III. SUBAGUDA (de semanas a meses) Transição entre aguda e crônica. Ocorre fenômenos tanto vasculares (exsudativos) quanto proliferativos. Fenômenos vasculares exsudativos e proliferativos, ocorrendo hiperemia, edema, proliferação tecidual fibroblástica (fibroblastos que são as células de reparo tecidual) e angioblástica (proliferação de angioblastos que vão formar novos vasos naquele local), com infiltrado de polimorfonucleares, principalmente, eosinófilos e também infiltrados mononucleares como monócitos, linfócitos, macrófagos e plasmócitos) IV. CRÔNICA (de meses a anos): Associada a uma inflamação que não se resolveu. O estímulo agressor se perpetua por meses ou anos, visto que, o agente agressor não foi eliminado ex: tuberculose, hepatite C, infecção por sílica • Predominam os fenômenos proliferativos (proliferação fibroelástico e angioblástico, além de infiltrado de células mononucleares , principalmente, linfócitos, plasmócitos e macrófagos). Esse tipo de inflamação ocorre quando o agente agressor não consegue ser eliminado e segue sendo monitorado e contido pelo sistema imunológico, sendo o grau de inflamação muito baixo. (a fibrose e a angiogênese são os principais fatores que caracterizam a inflamação crônica) • Fenômenos proliferativos: proliferação fibroblástica (alta concentração e produção de colágeno), proliferação angioblástica (formação de células endoteliais jovens para composição de novas estruturas vasculares), infiltrado leucocitário (células mononucleares -> linfócitos, plasmócitos e macrófagos). Ex: cirrose hepática OBS- O infiltrado não é mais polimorfonuclear pois o tempo de evolução muda o perfil de célula que estão chegando lá, na inflamação aguda não há mais neutrófilos Na inflamação crônica, não necessariamente terá uma inflamação aguda visível, pode-se desenvolver com uma inflamação que não se manifesta inicialmente. Marcas registradas de uma inflamação aguda: Presença de hiperemia que esta associada ao acúmulo de sangue naquela região inflamada, este acúmulo de sangue tem relação com a dilatação vascular (dilatação do vaso sanguíneo). Predomínio de polimorfos nucleares ou segmentados, sendo o neutrófilo o principal segmentado (com núcleos com vários segmentos) Presença de fenômenos exsudativos- extravasamento de plasma rico proteínas e células através da parede do vaso 1- Predomínio de neutrófilos (polimorfonucleares) infiltrando a submucosa 2- Neutrófilos infiltrados na mucosa muscular EX: diabetes tipo II (antes do indivíduo que tem diabetes tipo II começar a ficar resistente a insulina, ele tem um estado inflamatório sistêmico, porem é uma inflamação de baixo grau e isso esta associado a citocinas produzidas no tecido adiposo visceral porque neste tecido os adipócitos produzem as adipocinas que são citocinas produzidas no tecido adiposo, algumas dessas adipocinas possuem ação pró-inflamatória e outras anti-inflamatórias, porém como há muita gordura visceral, as adipocinas são produzidas em baixa quantidade porém por muito tempo e isso interfere na ação da insulina nos receptores das células e assim, a longo prazo o individuo desenvolve diabetes tipo II EX: O indivíduo obeso esta no grupo de risco da COVID-19 pois o obeso já esta em um estado inflamatório em baixo grau, assim, a infecção por covid amplifica a resposta inflamatória que já existia previamente EX: Hepatite C- A maioria dos indivíduos que possuem hepatite C não apresentam o quadro clinico grave como icterícia, febre, urina escura, etc, mas o vírus esta la e esta inflamando o fígado e só assim depois de muitos anos o individuo vai começar a apresentar disfunção hepática, ou seja, houve o predomínio de uma resposta fraca inflamatória que não conseguiu eliminar rapidamente a infecção e o com o processo de lesão e reparo constante vai chegar uma hora em que não será mais possível reparar aquele órgão e ele vai entrar em um processo de fibrose Porque o vírus causa uma inflamação crônica? R: Devidos aos seus mecanismos de escape EX: Vírus da hepatite CàMuitos mecanismos de escape por aumento da produção de células T regulatórias que inibem a resposta imune, essas células Treg estão aumentadas em pacientes com hepatite c, inibem a células T CD4 e CD8, inibindo a imunidade contra o vírus da hepatite C. EX: Tuberculoseà A bactéria é intracelular e por ser intracelular ela usa estratégias para escapar da fagocitose IV.1 CRÔNICA ATIVA: Trata-se da inflamação crônica reagudizada, ou seja, com a superposição de fenômenos vasculares, exsudativos em área inflamada cronicamente. (já tinha a presença de um processo crônico pré existe e de repente um nova agressão exacerbou aquela resposta inflamatória) - ex.: hepatite C silenciosa crônica que reagudizada, há manifestação clínica rápida - Ex 2.: falência do fígado aguda sobre um processo crônico, isso pode levar a uma falência. Paciente com certo grau de fibrose hepática, mas processo estava compensado, sem manifestação clínica aparente. De repente, esse paciente tem uma infecção nova no fígado que exacerba aquela lesão no fígado e há falência no órgão. área de fibrose e angiogênese (angiogênese nesta imagem não esta tão destacada) em volta pela proliferação de fibroblastos (característica da inflamação crônica) , nódulo de proliferação de hepatócitos se dividindo desordenadamente
Compartilhar