Buscar

Efeitos Sistêmicos da Inflamação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Efeitos Sistêmicos da 
Inflamação 
Introdução 
Os efeitos sistêmicos da inflamação estão relacionados à 
secreção de mediadores inflamatórios celulares 
(produzidos por células como mastócitos, macrófagos e 
células endoteliais) e plasmáticos que atingem níveis 
significativos na corrente sanguínea. Com isso, há sinais 
e sintomas como febre, astenia e até quadros graves de 
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica. 
Febre 
A febre consiste no aumento da temperatura corporal 
entre 1 e 4 graus que ocorre durante uma inflamação, 
principalmente quando essa é causada por uma infecção. 
Isso porque é causada pela ativação da Cox2 e produção 
de prostaglandinas, em especial PGE2, no hipotálamo, 
que ajusta e eleva a temperatura corporal. Essa reação é 
estimulada por pirógenos endógenos como IL-1 e TNF 
ou exógenos como o LPS bacteriano (que estimula a 
produção do TNF e IL-1, aumentando a febre). 
Proteínas de Fase Aguda 
São proteínas plasmáticas produzidas principalmente 
pelo fígado, sendo aumentadas em centenas de vezes na 
inflamação aguda. Elas incluem fibrinogênio, proteína 
amilóide sérica A (SAA) e proteína C-reativa (PCR). A 
SAA e o fibrinogênio são produzidos nos hepatócitos 
por estímulo da IL-6, enquanto a SAA é estimulada 
principalmente por IL-1 e TNF. 
Ações: ​a PCR e a SAA são proteínas que agem se 
ligando a micróbios, opsonizando-os e ativando o 
complemento pela via clássica, além de se ligarem à 
cromatina e ajudar a dissolvê-la. Já o fibrinogênio age se 
ligando a hemácias, fazendo com que sedimentem mais 
rápido, o que promove aumento da velocidade de 
hemossedimentação (VHS) durante a inflamação aguda. 
 
Leucocitose 
A leucocitose consiste no aumento do número de 
leucócitos, podendo chegar a 15.000, 20.000 ou até 
100.000 células por ml. Essa ação ocorre pela ação de 
citocinas como IL-1 e TNF, que estimulam a liberação 
do estoque de células da medula óssea, inclusive células 
imaturas ou bastões (desvio à esquerda), além de 
aumentar a produção de leucócitos cronicamente. Uma 
neutrofilia (aumento de neutrófilos), se vê em reações 
bacterianas, a eosinofilia (aumento de eosinófilos) se vê 
em parasitoses, colagenoses e alergias, a linfocitose 
(aumento de linfócitos) é vista em infecções virais. 
Leucopenia 
A Leucopenia consiste na redução do número global de 
leucócitos e pode ocorrer em infecções por certos vírus 
como HTLV e o HIV, riquétsias e protozoários como os 
do gênero ​Leishmania​. 
Reações dos Linfáticos 
Durante a resposta inflamatória, ocorre uma reação 
linfática no sentido de filtrar o patógeno e estimular a 
reação nos folículos para a produção de clones de células 
T e plasmócitos. Isso pode se manifestar com uma 
linfonodomegalia (hiperplasia linfonodal) que se 
denomina de linfadenite reativa, na qual o nodo sofre 
hiperplasia e possui sinais flogísticos, evidenciando uma 
intensa proliferação celular. Além disso, vasos linfáticos 
também podem reagir (linfangite), formando estrias 
vermelhas que se distribuem a partir do local lesionado. 
 
Outras Manifestações 
Além dessas manifestações, a resposta aguda promove 
aumento da pulsação e frequência cardíaca, anidrose 
(redirecionamento do fluxo sanguíneo), calafrios, frio 
intenso, hipo ou anorexia, sonolência e mal-estar. 
Acredita-se que os sintomas sejam respostas induzidas 
por ações neurais de citocinas. 
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica 
A SIRS é uma resposta inflamatória que ocorre em 
diversos sintomas que se associa a níveis generalizados 
de citocinas como TNF e IL-1. Tais citocinas promovem 
resistência à insulina e hiperglicemia, redução no débito 
cardíaco e choque hipotensivo, além de coagulação 
intravascular disseminada e hiperglicemia, que, em 
conjunto, compõem a tríade de efeitos patológicos da 
sepse. Esses fatores ocorrem por uma junção de resposta 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Efeitos Sistêmicos da Inflamação 
Ações patológicas: na inflamação aguda, essas ações 
são benéficas, mas o nível alto crônico de proteínas de 
fase aguda gera efeitos patológicos importantes. Isso 
porque a SAA se associa à doença amilóide secundária, 
a PCR se relaciona a maior mortalidade cardiovascular 
por infarto (é vista na aterosclerose e na doença 
coronariana), já a hepcidina, também encontrada na 
fase aguda, promove anemia se crônica. 
Características da Linfadenite reativa: a hiperplasia dos 
linfonodos em si não é necessariamente causada por 
uma reação inflamatória e por isso deve ser distinguida 
de inflamações anteriores e neoplasias. Na linfadenite 
reativa, há presença de sinais flogísticos, não há 
aderência aos planos profundos e pode inclusive haver a 
fistulação e drenagem de conteúdo purulento em uma 
infecção secundária. Isso se distingue dos linfonodos de 
consistência mais fibroelástica, não aderidos e indolores 
dos processos crônicos e dos linfonodos metastáticos, 
que são aderidos, fibrosos, imóveis e indolores. 
imune desenfreada ao patógeno (geralmente bactérias, 
em especial as gram-negativas), associadas com os 
próprios efeitos do patógeno. 
Manifestações: ​a partir desses efeitos etiopatogênicos, 
desenvolvem-se manifestações clínicas como 
rebaixamento do nível da consciência, hipotensão, 
oligúria, insuficiência respiratória e embolias, fase 
inicial de sudorese seguida por anidrose e febre 
irregular, podendo a condição apresentar um curso fatal. 
 
Efeitos da Inflamação Sistêmica Crônica 
As inflamações agudas geralmente são resolvidas em um 
período de 12 semanas. Porém, diante de germes pouco 
virulentos ou da insuficiência na resposta inflamatória 
(que pode ocorrer nas imunodeficiências adquiridas, 
genéticas ou medicamentosas), a resposta pode se 
manter por um longo períodos, gerando repercussões. 
Manifestações patológicas: essa resposta está associada 
com aumento da produção de radicais livres e moléculas 
hiperglicadas, favorecendo a produção de ácidos graxos 
pró-inflamatório, também, gerando alteração das 
respostas autônomas e do eixo hipotálamo-hipófise. 
Sobre os efeitos pró-inflamatórios, geram leucocitose e 
elevados níveis de PCR, tornando o indivíduo propenso 
à mortalidade cardiovascular, um estado que se observa 
em indivíduos obesos (o tecido adiposo produz 
mediadores inflamatórios). A inflamação crônica 
também está relacionada a doenças como Alzheimer, 
Parkinson e Diabetes Mellitus do tipo 2, embora não 
haja total clareza dessa contribuição nessas patogênese. 
Formas de Resolução da Inflamação 
Quando a inflamação é resolutiva podem ocorrer 
algumas formas de cura, sendo mais representativas: 
cicatrização e regeneração. 
Regeneração: ​processo em que há proliferação de células 
e tecidos (lábeis ou estáveis), substituindo aquele tecido 
pelo tipo celular lesado, preservando a forma e a função, 
como ocorre na pele, trato gastrointestinal e fígado. 
Nesse sentido, a regeneração pode ser entendida como 
uma restituição anátomo-funcional de um tecido lesado, 
ocorrendo principalmente quando a lesão não é extensa, 
como ocorre em pneumonias menos severas. 
Reparo por cicatriz fibrosa: ​é a cura por deposição de 
colágeno e outros elementos do conjuntivo fibroso que 
promovem uma nova configuração no órgão, com perda 
funcional que varia conformea extensão da cicatriz. 
Esse processo ocorre em uma sequência que envolve 
inflamação, angiogênese e migração e proliferação 
fibroblástica (que junto ao infiltrado formam o tecido de 
granulação), formação da cicatriz e, por fim, uma 
remodelação daquele tecido. A cura por fibrose ocorre 
principalmente em lesões mais extensas como ocorre na 
pele ou que comprometem órgãos com células fixas 
como o sistema nervoso e os músculos estriados. Caso a 
fibrose seja extensa ela pode comprometer até mesmo o 
tecido que não foi originalmente lesado, como ocorre na 
fibrose pulmonar, cardíaca após o infarto e peritoneal 
após traumas que promovem adesão de seus folhetos. 
 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Efeitos Sistêmicos da Inflamação 
Obs.: também há cura por encistamento, quando os 
restos celulares e o exsudato não são eliminados ou 
absorvidos, sendo recobertos por uma cápsula contendo 
tecido epitelial ou fibroso (pseudocisto). Há ainda cura 
por calcificação, em que aquele tecido lesado é parcial 
(quando o organismo permanece reativando a reação), 
ou totalmente recoberto pelo cálcio, podendo ossificar. 
Obs2.: a cura anatômica nem sempre anda junta à cura 
clínica, como na endocardite em que a fibrose da valva 
não impede evolução para um defeito funcional.

Continue navegando