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Direitos Humanos - Ricardo Castilho(3) (1)

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4.
 Discriminação e racismo
Na cidade de Izmir, Turquia, um caso de discriminação
chegou até os campos de futebol. O jornal turco Hurriyet
Gazetesi noticiou, no início de 2009, que um árbitro do país,
cujo nome não foi revelado, foi proibido de comandar partidas
após ter assumido a condição de homossexual.
A lei turca proíbe homossexuais de prestar serviço militar e
esse foi o argumento utilizado para excluir o árbitro dos jogos,
já que “o artigo 25 da lei arbitral da Federação Turca de Futebol
prevê que pessoas isentas do serviço militar não podem
trabalhar como árbitros”, como informou Osman Avci,
secretário-geral da Junta Central de Árbitros.
A Lei Arbitral está baseada em uma lei federal, portanto não
há instância, na Turquia, à qual se possa recorrer. A
reportagem do jornal Hurriyet revelava que o juiz pensava em
apelar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS
Esse tribunal foi estabelecido em Strasbourg, cidade francesa
localizada na região da Alsácia-Lorena, em 1959, para deliberar
sobre alegadas violações da Convenção Europeia de
Salvaguarda dos Direitos Humanos, baseada na Declaração
Universal dos Direitos Humanos da ONU. Essa convenção foi
assinada em Roma no dia 4 de novembro de 1950 pelos
ministros de quinze países europeus. Seu principal objetivo é
garantir os direitos civis e políticos fundamentais dos
habitantes dos países-membros: direito à liberdade, direito à
vida, direito a julgamento justo, direito de respeito à
privacidade e à vida familiar, liberdade de expressão, liberdade
de pensamento, consciência e religião, além de proteção à
propriedade.
A Convenção proíbe, em particular, tortura e tratamento ou
punição desumana ou degradante, trabalho forçado, detenção
arbitrária e ilegal e discriminação377.
O Tribunal tem julgado principalmente (perto de 64% do
total) casos de violação do artigo 6º da Convenção, que trata do
direito a julgamento justo:
Artigo 6º
1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada,
equitativa e publicamente, num prazo razoável, por um tribunal
independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer
sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de caráter civil,
quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal
dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso a sala
de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a
totalidade ou parte do processo, quando, a bem da moralidade, da
ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática,
quando os interesses de menores ou a proteção da vida privada das
partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente
necessária pelo tribunal, quando, em circunstancias especiais, a
publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça.
2. Qualquer pessoa acusada de uma infração presume-se inocente
enquanto a sua culpabilidade não tiver sido legalmente provada.
3. O acusado tem, como mínimo, os seguintes direitos:
a) Ser informado no mais curto prazo, em língua que entenda e de forma
minuciosa, da natureza e da causa da acusação contra ele formulada;
b) Dispor do tempo e dos meios necessários para a preparação da sua defesa;
c) Defender-se a si próprio ou ter a assistência de um defensor da sua escolha
e, se não tiver meios para remunerar um defensor, poder ser assistido
gratuitamente por um defensor oficioso, quando os interesses da justiça o
exigirem;
d) Interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e obter a
convocação e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas
condições que as testemunhas de acusação;
e) Fazer-se assistir gratuitamente por intérprete, se não compreender ou não
falar a língua usada no processo.
Mas cerca de 8% dos casos levados ao Tribunal dizem
respeito a violações sérias dos artigos 2º e 3º da Convenção
(direito à vida e proibição de tortura ou tratamento desumano
ou degradante).
Artigo 2º
1. O direito de qualquer pessoa à vida é protegido pela lei. Ninguém
poderá ser intencionalmente privado da vida, salvo em execução de
uma sentença capital pronunciada por um tribunal, no caso de o crime
ser punido com esta pena pela lei.
2. Não haverá violação do presente artigo quando a morte resulte de
recurso a força, tornado absolutamente necessário:
a) Para assegurar a defesa de qualquer pessoa contra uma violência ilegal;
b) Para efetuar uma detenção legal ou para impedir a evasão de uma pessoa
detida legalmente;
c) Para reprimir, em conformidade com a lei, uma revolta ou uma insurreição.
Artigo 3º
Ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos
desumanos ou degradantes.
Dentro da ordenação jurídica internacional, a Convenção é
aplicável e incorporada às leis internas dos países-membros,
atualmente em número de 47. Os 24 juízes são eleitos para um
período de seis anos pela Assembleia Parlamentar do Conselho
Europeu a partir de uma lista de três candidatos de cada país.
Atuam com independência. O Tribunal é mantido por verba
específica repassada pelos países-membros com base na
população e no PIB (a verba para 2009 foi de 56 milhões de
euros). Qualquer indivíduo, grupo ou organização não
governamental pode entrar com ação no Tribunal, inclusive
sem o concurso de advogado, mas não são aceitas ações contra
países que não façam parte da Convenção. O Tribunal julga,
normalmente, cerca de 30 mil casos por ano, muitos deles
envolvendo casos gerais da sociedade, como questões
associadas a aborto, suicídio assistido, escravidão doméstica,
uso do lenço islâmico em escolas e universidades, proteção de
fontes de jornalistas, discriminação e preocupações ambientais.
Nas comemorações dos 60 anos da Convenção Europeia de
Salvaguarda dos Direitos Humanos, foi homenageado René
Cassin, um dos principais autores do texto original, que
presidiu o Tribunal entre 1965 e 1968. Cassin recebeu o Prêmio
Nobel da Paz em 1968.
DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO
Preconceito é um conjunto de crenças estereotipadas que
conduzem a posturas negativas em relação a um indivíduo, ou
um grupo de indivíduos (mesmo que estas posturas sejam
apenas interiores – mentais). Portanto, a discriminação decorre
do preconceito.
A discriminação, por sua vez, sociologicamente, é qualquer
manifestação declarada de um preconceito na forma de
atitudes desfavoráveis que se destinam a excluir pessoa ou
pessoas, de determinado grupo.
Os grupos mais atingidos pela discriminação costumam ser,
principalmente, os pobres, os idosos, os negros, os imigrantes,
os obesos, os indígenas, as mulheres, as pessoas com
deficiência e os homossexuais. As manifestações ocorrem sob
diferentes maneiras, disfarçadas de gracejos, anedotas,
observações pretensamente inocentes, até invocações raivosas e
grosseiras.
Expressões de preconceito, derivadas, como em geral são, de
raízes culturais demandam educação continuada e tempo para
serem minimizadas.
Um dos locais em que com mais regularidade se manifesta o
preconceito é a escola, onde as atitudes podem assumir a forma
de bullying, um fenômeno que, se não observado e eliminado
em tempo, pode destruir vidas e sonhos.
O outro local propício para a manifestação do preconceito é o
ambiente de trabalho, até porque é onde as pessoas
permanecem em contato durante a maior parte do dia.
Como veremos a seguir, muitas têm sido as medidas
implementadas no Brasil e em todo o mundo no sentido de
combater condutas discriminatórias, ou mesmo no sentido de
minorar as consequências nefastas daí advindas.
Entretanto, seja qual for o local, a origem ou o fundamento
das atitudes discriminatórias ou preconceituosas, o importante
é ter ciência de que a solução definitiva para este problema só
será possível através da formação moral dos indivíduos de
nossa sociedade. Em outras palavras, o respeito à dignidade
intrínseca de cada ser humano parece ser uma manifestação
natural daquele que aprendeu a respeitar as diferenças e os
diferentes.
PROGRAMA “BRASIL, GÊNERO E RAÇA”
Algumas iniciativas têm sido tomadas para reduzir a
discriminaçãono ambiente de trabalho. Uma delas é a
implantação, pelo Ministério do Trabalho, em 1997, do
Programa “Brasil, Gênero e Raça”, destinado a cumprir as
diretrizes e os princípios da Convenção n. 111 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que determina efetivo
combate à discriminação no acesso e na relação de emprego ou
na profissão.
A Convenção n. 111, no seu artigo 1º, manda que não seja
aceita qualquer exclusão ou preferência fundada na raça, cor,
sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem
social. O Programa “Brasil, Gênero e Raça” avançou e incluiu
casos de orientação sexual, estado de saúde, deficiência,
cidadania e obesidade. Isto se deve ao fato de que o País é
também signatário de outras convenções da OIT, como a que
delibera sobre trabalho parcial, a que garante equidade de
remuneração entre homens e mulheres e a que determina
proteção às pessoas portadoras de deficiência.
Vejamos o que diz o artigo 1º da Convenção n. 111 da OIT:
Artigo 1º
(1) Para os fins da presente Convenção, o termo “discriminação”
compreende:
a) Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo,
religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que
tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de
tratamento em matéria de emprego ou profissão;
b) Toda e qualquer distinção, exclusão ou preferência que tenha por
efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de
tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser
especificada pelo Estado-membro interessado depois de consultadas as
organizações representativas de patrões e trabalhadores, quando estas
existam, e outros organismos adequados.
(2) As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações
exigidas para determinado emprego não são consideradas como
discriminação.
(3) Para fins da presente Convenção, as palavras “emprego” e
“profissão” incluem não só o acesso à formação profissional, ao
emprego e às diferentes profissões, como também às condições de
emprego.
O Programa “Brasil, Gênero e Raça” é nacional, mas está
descentralizado nos chamados Núcleos de Promoção da Igualdade
de Oportunidades e de Combate à Discriminação no Emprego e na
Profissão378, que funcionam junto às respectivas Delegacias e
Subdelegacias Regionais do Trabalho.
O trabalho dos núcleos, em parceria com secretarias
municipais e estaduais do emprego, é apurar reclamações
sobre a ocorrência de práticas discriminatórias – não
conseguindo resolvê-las amigavelmente, encaminham os casos
para a instância apropriada.
RACISMO
Nenhum governo que aplica privilégios pode ser justo.
Principalmente quando os privilégios são concedidos em
função de diferenças, sejam quais forem: econômicas,
religiosas, étnicas, sociais ou raciais. Em setembro de 2001, na
cidade de Durban (província de KwaZulu-Natal, na África do
Sul), foi realizada a Conferência Mundial contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa, com a
presença de representantes de 173 países. A declaração de
princípios que resultou da conferência só foi assinada por 99
dos países presentes.
As conclusões, consolidadas no “Acordo sobre os Fatos do
Passado”, foram as seguintes:
1) A escravidão é crime contra a humanidade.
2) O colonialismo induziu ao racismo.
3) O regime do apartheid foi equivalente ao genocídio de judeus, e
portanto também foi um crime contra a humanidade.
4) As injustiças resultantes da escravidão, do colonialismo, do racismo,
do apartheid e do genocídio levaram à pobreza e ao
subdesenvolvimento.
Conduziu a Conferência a ex-presidente da Irlanda, Mary
Robinson, na época atuando como Alta-Comissária da ONU
para Direitos Humanos.
Segundo os historiadores Cláudio Recco e Gabriel Bandouk,
os países africanos tentaram aprovar uma proposta de
reparação aos abusos da escravidão. Mas o máximo que
conseguiram foi uma postura de condenação ao escravismo, ao
colonialismo e ao racismo por parte da União Europeia e dos
Estados Unidos. Comentam os autores: “Não é de estranhar
que os mesmos países que apoiam o ressarcimento aos judeus
pelo holocausto não apoiem reparações a negros e povos
indígenas. (...) O documento final limita-se apenas a utilizar a
expressão ‘medidas efetivas para reverter as consequências dos
atos do passado’”379.
No Brasil, o racismo foi inicialmente punido como
contravenção. A primeira lei a tratar o racismo como crime de
preconceito data de 1951, por iniciativa de Afonso Arinos de
Mello Franco. O Deputado Plínio Barreto, então relator da
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados,
ao comentar o projeto de lei que mais tarde seria transformado
na Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951, disse:
“Nunca houve lei alguma que pudesse desarraigar sentimentos
profundos e trocar a mentalidade de um povo. Mas isto não impede
que, por meio de leis adequadas, se eliminem algumas das
manifestações públicas desse preconceito”.
Em 1989, foi aprovada a Lei n. 7.716, de 5 de janeiro,
definindo os crimes resultantes de preconceito de raça ou de
cor: “Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional”.
Mas é necessário um esclarecimento sobre nomenclatura para
que melhor se entenda a questão no seu aspecto jurídico.
Racismo é um termo que expressa quase sempre a crença de
que existe hierarquia entre raças ou etnias. Preconceito racial é
opinião consolidada que conduz a uma generalização
equivocada sobre determinada etnia.
Discriminação racial é algo que vai além da crença ou da
opinião. São atitudes intolerantes, restritivas ou excludentes
que ofendem o princípio da igualdade. Essas atitudes é que são
combatidas pela lei.
O crime previsto pela Lei n. 9.459 é a injúria por preconceito
e foi incluído no Código Penal:
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
(...)
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência380:
Pena − reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Este crime é resultado de uma ofensa à honra de uma pessoa
ou de um grupo de pessoas específico, utilizando-se, para isso,
de referências a elementos de raça, cor, etnia etc. (ex.: utiliza-se
de palavras depreciativas relacionadas a esses elementos para
ofender a intimidade de outrem).
Já o crime previsto pela Lei n. 7.716/89 é o chamado crime de
racismo, que não se confunde com o que acabamos de ver.
O crime de racismo resulta da discriminação racial, gerando
segregação de um indivíduo, recusa de atendimento, negação
de emprego, impedimento de acesso a determinados lugares
etc.
Os movimentos mundiais contra o racismo são coincidentes
no tempo. Enquanto Afonso Arinos propunha a lei no Brasil,
nos Estados Unidos o pastor Martin Luther King Jr. liderava a
resistência não violenta (baseada nos ensinamentos de
Gandhi381) contra a opressão racial. O caso mais exemplar foi o
boicote ao transporte público em Montgomery, no Estado do
Alabama. Rosa Parks, uma mulher negra, havia se recusado a
ceder o seu lugar a uma passageira branca e, por essa razão, foi
presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote
como forma de protesto e todos os negros da cidade
recusaram-se, durante 381 dias, a usar o transporte público.
Com a vitória do movimento, Martin Luther King fortaleceu
sua liderança e, em 1963, iniciou uma campanha em
Birmingham, também no Estado do Alabama, para a realização
de um censo que aprovasse o voto dos negros, mais um passo
na direção do fim da segregação racial. Em 28 de agosto de
1963 comandou a marcha para Washington. Na capital, diante
do Memorial de Abraham Lincoln, pronunciou para 200 mil
pessoas o seu famoso discurso I have a dream (Eu tenho um
sonho)382.
Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da
Paz.
Em abril de 1968, foi assassinado em Memphis, no Estado do
Tennessee, por um branco que havia escapado da prisão.
Em 1986, o Presidente RonaldReagan, pressionado por uma
imensa campanha que chegou a reunir mais de seis milhões de
assinaturas, decretou que a terceira segunda-feira do mês de
janeiro passasse a ser feriado dedicado a celebrar a memória do
líder pacifista.
Em abril de 2009, a ONU aprovou um acordo de combate ao
racismo que reafirma as conclusões da primeira conferência
realizada em Durban em 2001. Um acordo de efetividade
discutível, dado que os Estados Unidos, a Alemanha, o Canadá
e mais seis países da Europa não participaram. Uma das
principais recomendações foi a redução de medidas restritivas
de imigração nos países ricos, o que pode contribuir para
diminuir a tensão desses em relação aos estrangeiros. Uma
sugestão apresentada pelo Brasil foi incorporada ao texto do
acordo, de que sejam definidos em lei os direitos dos
imigrantes.
LEI CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO EMPREGO
Praticamente ao mesmo tempo em que o Brasil se preparava
para cumprir o disposto na Convenção n. 111 da OIT, editou
uma lei que, por si, já foi um avanço na direção do respeito aos
direitos humanos no Brasil da época.
Foi a Lei n. 9.029, de 13 de abril de 1995, que proíbe a
exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras
práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de
permanência da relação jurídica de trabalho383.
É importante mencionar que a referida lei faz menção à
“situação familiar” e à “origem”, vedando qualquer prática
discriminatória com base nesses critérios. Trata-se de inovação
importante, eis que a Constituição Federal não os menciona384.
A ONG católica Comissão Pastoral da Terra informou que
recebeu, em 2012, denúncias referentes a pelo menos 3.000
trabalhadores que estariam submetidos a trabalhos forçados.
Em decorrência de intensa campanha, a Comissão de
Constituição e Justiça do Senado federal aprovou, em junho de
2013, emenda constitucional que permitiria a expropriação de
propriedades onde for comprovado o uso do trabalho forçado,
sem direito a indenização aos proprietários. Essa Emenda
Constitucional n. 81/2014 (chamada Emenda do Trabalho
Escravo) foi promulgada em junho de 2014. Mantém o conceito
de trabalho análogo à escravidão do artigo 149 do Código
Penal. O dispositivo diz que “comete o crime quem submete o
empregado a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, a
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por
qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
com o empregador ou preposto”.
Também deve ser lembrada a Emenda Constitucional n.
72/2013, que garante a cerca de 6,5 milhões de trabalhadores
domésticos do país o direito ao pagamento de hora extra,
seguro-desemprego, aposentadoria e jornada de trabalho de
oito horas diárias (no máximo) e 44 horas semanais, entre
outros direitos.
Em se tratando de relação trabalhista, toda legislação
protetiva será sempre insuficiente. Isso porque se trata de
relação jurídica marcada por uma forte assimetria entre as
partes contratantes. Assim é que o empregador busca, com o
contrato de trabalho, satisfazer uma necessidade que se lhe
afigura inafastável do ponto de vista empresarial ou mesmo
pessoal, ao passo que o empregado coloca à disposição sua
força física ou intelectual para obter remuneração que lhe
permita sobreviver.
Sendo assim, para o empregador, o contrato de trabalho é, do
ponto de vista pragmático, uma possibilidade a ser
concretizada; para o empregado, uma necessidade premente,
imprescindível à reprodução material de sua existência.
É precisamente essa a razão pela qual, nesse campo, a
igualdade não pode ser compreendida apenas em seu viés
formal. Afirmar que são todos iguais perante a lei não basta,
pois o substrato material-social sobre o qual a lei incide coloca
as pessoas em situações flagrantemente distintas perante ela,
de modo que o resultado da aplicação uniforme da norma é
também gerador de novas desigualdades.
A quem vive no império da necessidade, oprimido pela
sociedade de consumo e, não raro, vítima da própria falta de
instrução, não resta senão se submeter. E essa submissão é
muitas vezes acompanhada de uma série de humilhações
promovidas pelo empregador.
Como as contingências materiais se sobrepõem a qualquer
formulação intelectual que se possa ter de dignidade, não é de
espantar que, para sobreviverem no mercado de trabalho, as
pessoas criem para si uma versão conformada de dignidade,
ajustada às condições particulares em que vivem.
Daí que, tanto quanto possível, a legislação trabalhista vise à
consagração da igualdade material. Não obstante, é notório
que, diante da estrutura econômica de nosso país, excludente e
concentradora de renda por natureza, as pessoas estão cada
vez mais relutantes em recorrer à Justiça do Trabalho. Isso
explica a demora na equiparação salarial entre os gêneros e o
fato de ainda se encontrarem escravos em solo pátrio em pleno
século XXI.
Por ser uma concretização de uma subjacente estrutura de
dominação e exploração, o contrato de trabalho dá margem,
portanto, a um sem-número de transgressões dos direitos
humanos. A discriminação é uma das mais frequentes.
RELAÇÃO DE TRABALHO: DIFERENTES FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO
Numa relação trabalhista, a discriminação pode se dar em
diferentes fases. Já no período de seleção do candidato, ou fase
pré-contratual, são frequentes as notícias de eleição de critérios
discriminatórios, como sexo, cor, estatura, opção sexual, forma
física e mesmo aparência. Temos aqui os famigerados anúncios
de “necessita-se de empregado com boa aparência”,
verdadeiros embustes contra a igualdade constitucionalmente
assegurada. Inexistindo pertinência clara e objetiva entre a
característica eleita como necessária e a finalidade a que se
destina o cargo, configura-se a discriminação.
Também em entrevistas, ainda no processo de admissão, a
discriminação campeia em larga medida, expressa em
perguntas sobre a vida pregressa do candidato, sobre sua vida
sexual, sua religião etc.
Já no interior da empresa, são comuns as perseguições, com
vedação à ascensão na carreira ou até a participação em
promoções internas com base em critérios escusos, como os
acima mencionados. Isso sem falar nas perenes vigilância e
coação moral sobre aqueles que ajuízam ação trabalhista contra
a própria empresa.
Por fim, encerrado o contrato de trabalho, temos ainda as
“listas negras” dos ex-empregados que levaram a juízo suas
contendas com os antigos empregadores. São relações
contendo os nomes daqueles que já ajuizaram reclamações
trabalhistas, largamente compartilhadas entre as empresas.
Além de representarem uma real e persuasiva ameaça contra o
exercício do direito de ação, tais listas levam a efeito
verdadeira discriminação contra os trabalhadores que
simplesmente exerceram seu direito constitucionalmente
assegurado de acessar a justiça, motivo pelo qual a
jurisprudência tem entendido que tal prática dá ensejo à
indenização por dano moral.
Todas essas práticas, independentemente da fase em que
ocorrerem – pré, durante ou pós-contrato –, encontram-se
expressamente vedadas pelo artigo 1º da Lei n. 9.029/95, acima
transcrito.
GÊNERO, A BUSCA DA IGUALDADE
A questão da igualdade entre mulheres e homens constitui
um dos princípios fundamentais da Organização das Nações
Unidas. A discriminação com base no sexo do indivíduo é
proibida pelos mais importantes documentos da organização: o
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos, a Convenção sobre os Direitos da Criança, a
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial e a Convenção contra a
Tortura, todos eles inspirados na Declaração Universal dos
Direitos do Homem, de 1948.
Outra convenção a ser destacada é a adotada pela Unesco em
1960, relativa à luta contra a discriminação no campo do
ensino.
Especificamente em relação a gênero, a comunidade
internacional vem adotando, seguidamente, documentos que
orientam os países na direção da igualdade. Já em 1949, a
Assembleia Geral das Nações Unidas adotavaa Convenção
para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da
Prostituição de Outrem e, em 1953, a Convenção sobre os
Direitos Políticos das Mulheres. Em 1957, foi a vez da
Convenção sobre a Nacionalidade das Mulheres Casadas,
tendo a Convenção sobre o Consentimento para Contrair
Matrimônio, Idade Mínima e Registro de Casamento sido
adotada em 1962. Em 1967, foi acolhida pela ONU a Declaração
sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres. Em
1972, começou a ser elaborada a Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres.
O ano de 1975 foi declarado pela ONU como o Ano
Internacional da Mulher. Naquele mesmo ano foi promovida,
no México, a Primeira Conferência Mundial da Mulher, que
contou com 4 mil participantes. Das 133 delegações presentes,
113 eram chefiadas por mulheres.
Apesar de todos esses documentos serem vinculativos, ou
seja, obrigarem os signatários a inseri-las em suas legislações
nacionais, são letras maiúsculas demais para ações minúsculas
demais. Todos sabemos em que grau as mulheres continuam
tendo seus direitos desrespeitados em vários lugares do
mundo.
As conferências quinquenais da mulher seguiram sendo
organizadas: Copenhague em 1980, Nairóbi em 1985, Beijing
em 1995. A reunião na China foi a última, porque ficou
decidida naquele encontro uma plataforma de ação que, a cada
cinco anos, é reavaliada. Em junho de 2000, em Nova York,
discutiu-se “A mulher no ano 2000: igualdade entre os gêneros,
desenvolvimento e paz no século XXI”.
Em março de 2005, também em Nova York, foi realizada uma
reunião decenal com o seguinte tema: “Beijing 10 anos depois:
logrando igualdade de gênero, desenvolvimento e paz”. Os
três objetivos prioritários desses encontros de
acompanhamento são estes: obter a igualdade plena de gênero
e a eliminação da discriminação por motivos de gênero;
conseguir a plena participação das mulheres no
desenvolvimento; e lograr maior contribuição das mulheres à
paz mundial. Isto se daria por meio da garantia de três
condições: igualdade no acesso à educação, igualdade de
oportunidades no trabalho e atenção à saúde das mulheres.
Em tese, não é tanta coisa assim a fazer. Mas a identificação
de dificuldades abrange questões de fundo cultural, estas, sim,
muito mais complexas. Em primeiro lugar, falta participação
dos homens no processo de igualdade. Da mesma forma, não
parece haver vontade política suficiente por parte dos Estados
(em geral liderados por homens). Resulta daí que falta
reconhecimento da contribuição das mulheres na sociedade, e
por isso mesmo são poucas as mulheres nos postos de tomada
de decisões. Contribui para a perenização das mulheres em
situação inferior a escassez de serviços sociais de apoio, que
não se podem obter sem financiamento e fomento. E, afinal,
por falta de educação (cujo conteúdo é definido pelos líderes –
ou seja, homens), há pouca sensibilização entre as próprias
mulheres.
Em grande parte das culturas, nos quatro cantos do mundo, a
mulher não tem direito à propriedade, não tem direito de
controlar os bens e não tem independência em relação aos
filhos.
No Brasil, também a discriminação de gênero na relação de
trabalho é proibida em sede constitucional. O artigo 7º, XXX,
da Constituição Federal estabelece a “proibição de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil”. Não é, contudo, o que
observamos na prática. Com efeito, é sabido que, via de regra,
as mulheres não ocupam cargos de direção e para uma mesma
função, em relação aos homens, recebem menos385.
Além disso, a chamada dupla jornada de trabalho é uma
realidade. O trabalho desempenhado pelas mulheres fora de
casa é tido como uma complementação da renda, cabendo a
elas, ainda, todos os afazeres domésticos. Sob essa perspectiva,
é possível dizer que a progressiva inserção das mulheres no
mercado de trabalho, para além de uma conquista, decorreu da
pauperização de toda a classe trabalhadora.
A Constituição Federal, em seu artigo 7º, XX, consagrou
também o direito à “proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”, o
qual foi de fato, e em parte, alcançado com a Convenção sobre
a eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher, promulgada pelo Decreto n. 4.377, de 13 de setembro
de 2002.
Em âmbito internacional, o processo de especificação do
sujeito de direito (surgido no pós-guerra, trata-se de um realce
das condições concretas e específicas do público a ser
protegido), no caso, as mulheres, foi reforçado pela Declaração
e Programa de Ação de Viena de 1993 e pela Declaração e
Plataforma de Ação de Pequim de 1995, que enfatizaram ser os
direitos das mulheres parte inalienável, integral e indivisível
dos direitos humanos universais386.
SOLUÇÕES PARA A DESIGUALDADE DE GÊNERO
A ONU, nos seus comitês de defesa da mulher, encontrou
grupos especialmente vulneráveis, que demandam atenção
prioritária. São eles: mulheres idosas ou de meia-idade;
mulheres adolescentes e jovens; mulheres refugiadas ou
asiladas; mulheres indígenas; mulheres trabalhadoras
independentes; mulheres imigrantes; mulheres trabalhadoras
rurais; mulheres com deficiência e mulheres chefes de família.
Uma sentença constante no Processo n. 2008.014.010008-2, do
Segundo Juizado Especial Cível da cidade de Campos dos
Goytacazes no Estado do Rio de Janeiro, vem causando
polêmica. Um cidadão, autor da ação, teve problemas com o
aparelho de TV e estava processando a loja. Lá pelas tantas, diz
a sentença, assinada pelo Juiz Cláudio Ferreira Rodrigues:
“Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor,
presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial.
Sem ele, como o autor poderia assistir as gostosas do Big Brother, ou o
Jornal Nacional, ou um jogo do Americano x Macaé, ou principalmente
jogo do Flamengo, do qual o autor se declarou torcedor? Se o autor
fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade
de haver televisor, já que para sofrer não se precisa de televisão”.
A principal solução para que se alcance a igualdade de
gênero é jurídica. As legislações nacionais devem cuidar para
que os direitos acordados na Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres sejam
inseridos em todos os âmbitos, seja social, político ou de
trabalho. Este é o caminho inicial para que se destruam os
estereótipos negativos. Com a lei será possível dar início ao
processo de eliminação da violência contra as mulheres:
pobreza, falta de educação, precariedade de atendimento de
saúde, uso da mulher em conflitos armados e alienação da
mulher dos cargos de poder e dos meios de comunicação.
Nesse aspecto, o Brasil andou bem.
Apresentou reservas aos tratados internacionais. Essas
reservas são dispositivos que estabelecem a intenção de um
país de aplicar o acordado em tratados, sem permitir conflitos
com a norma jurídica interna. Em 2002, o governo brasileiro
apresentou um relatório demonstrando não apenas os
dispositivos da Constituição de 1988 e da legislação
infraconstitucional (como a Lei Maria da Penha) que garantem
a igualdade de gêneros, mas também as políticas públicas
implementadas para apoiar essa legislação. Entre elas a criação
de delegacias dedicadas ao atendimento da mulher e a
definição da violência doméstica como tipo penal.
	Prefácio
	Apresentação
	Nota à 5ª edição
	Nota à 4ª edição
	Nota à 3ª edição
	Nota à 2ª edição
	Parte 1 - Introdução
	1. O processo histórico de reconhecimento dos direitos humanos fundamentais
	ORDEM E ORDENAÇÃO
	LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS HUMANOS
	O JUSNATURALISMO MODERNO
	OS DIREITOS DA PESSOA HUMANA
	2. O constitucionalismo, primórdios
	3. Constitucionalismo na Idade Média
	CARTAS FORAIS
	A MAGNA CARTA
	PERSONAGENS ENVOLVIDOS COM A MAGNA CARTA
	A REPÚBLICA DAS DUAS NAÇÕES
	4. Constitucionalismo na Idade Moderna
	A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
	PETITION OF RIGHTS: SEMENTE DA REVOLUÇÃO INGLESA
	O HABEAS CORPUS ACT
	Período Colonial NAAMÉRICA DO NORTE31
	A Guerra dos Sete Anos
	A Colonização Na América do Norte
	A ESCRAVIDÃO Na América do Norte
	Sistema Legal na América COLONIAL
	Iluminismo e Independência
	Liberalismo
	Socialismo
	A Declaração de Virgínia
	A Bill of Rights Norte-americana
	Cai a Monarquia
	5. Constitucionalismo contemporâneo
	ANTECEDENTES TEÓRICOS DA REVOLUÇÃO FRANCESA
	Antecedentes Práticos da Revolução Francesa
	O Levante Popular de 1789
	A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
	CRUZ VERMELHA, A PRIMEIRA AÇÃO HUMANITÁRIA EM GUERRAS
	ESTADOS UNIDOS MEXICANOS
	A Constituição Mexicana de 1917
	A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
	O BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
	O TRATADO DE VERSALHES
	A República de Weimar
	A Constituição DE WEIMAR DE 1919
	ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO RUSSA
	A BASE TEÓRICA DA REVOLUÇÃO RUSSA
	Cai a Monarquia
	O NERVOSO PERÍODO ENTRE GUERRAS
	A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
	A CONVENÇÃO DE GENEBRA
	Direito Internacional Humanitário
	6. O nascimento do sistema internacional de proteção dos direitos humanos
	A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
	A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948
	O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
	O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
	OS SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
	PRECEDENTES
	O SISTEMA EUROPEU
	O SISTEMA INTERAMERICANO
	O SISTEMA AFRICANO
	O SISTEMA ÁRABE
	O SISTEMA ASIÁTICO
	7. Tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico pátrio
	Tratados internacionais: PRINCIPAIS apontamentos
	A formação dos tratados internacionais
	Os tratados internacionais de direitos humanos em nosso ordenamento
	A posição do STF à luz do artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal
	O artigo 5º, § 1º, da Constituição Federal e a incorporação de tratados internacionais de direitos humanos pelo ordenamento jurídico nacional
	8. A evolução dos direitos humanos nas Constituições brasileiras
	Constituição de 1824
	Constituição de 1891
	Constituição de 1934
	Constituição de 1937
	Constituição de 1946
	Constituição de 1967
	Constituição de 1988
	INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
	9. Direitos humanos: uma questão terminológica
	As caracteríSticas dos direitos fundamentais
	A ideia de fases, gerações ou dimensões de direitos fundamentais
	Primeira fase, geração ou dimensão: as liberdades públicas e os direitos políticos
	Segunda fase, geração ou dimensão: os direitos sociais, econômicos e culturais
	Terceira fase, geração ou dimensão: os direitos de solidariedade
	As “Novas” Dimensões ou Gerações
	Implementação dos direitos sociais:a crÍtica à teoria das gerações, a “reserva do possível” e o “mínimo existencial”
	Direitos fundamentais, Constituição, Estado de Direito, Estado Social e Democracia
	10. A dignidade da pessoa humana: reflexões sobre seu conteúdo, seu papel e sua aplicação
	O jusnaturalismo
	O positivismo jurídico
	O pós-positivismo
	O neoconstitucionalismo
	A construção histórica do conceito de dignidade da pessoa humana: breves apontamentos
	A definição de dignidade da pessoa humana:uma tentativa de aproximação
	Dignidade da pessoa humana: modalidades de eficácia
	A dimensão positiva da dignidade da pessoa humana: um esclarecimento necessário
	A dignidade da pessoa humana em nossa Constituição
	É a dignidade da pessoa humana um princípio absoluto?
	A dignidade da pessoa humana e o artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal
	Parte 2 - Caminhos para o futuro
	1. Liberdade, fundamento dos direitos humanos
	Liberdade no pensamento da Antiguidade e na atualidade
	Liberdade econômica
	Impacto da Recessão no Mercado de Trabalho
	ASSÉDIO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO
	Liberdade de Imprensa
	A Liberdade da Nacionalidade
	Liberdade Política
	LIBERDADE E IGUALDADE
	2. Aspectos nacionais e internacionais
	EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS
	ENSINO A DISTÂNCIA
	EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL
	Parte 3 - Atentados contra as liberdades
	1. Pena de morte
	PENA DE MORTE NO MUNDO
	PENA DE MORTE NO BRASIL
	REFUTAÇÃO PEREMPTÓRIA DA PENA DE MORTE: MAIS ARGUMENTOS
	A HISTÓRIA DO ESCRAVO FRANCISCO
	OS PAÍSES E A PENA DE MORTE
	2. Prisão desumana
	Os PROBLEMAS DO SISTEMA CARCERÁRIO
	O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL: POSICIONAMENTO DO STF
	O ENCARCERAMENTO EM MASSA COMO FENÔMENO POLÍTICO
	NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO DO ENCARCERAMENTO EM MASSA – PROPOSTAS DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
	O PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA
	A COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
	A CORTE INTERAMERICANa DE DIREITOS HUMANOS
	O BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS: A LEI DE ANISTIA (LEI N. 6.683/79)
	PRIMEIRA CONDENAÇÃO DO BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS POR VIOLÊNCIA POLICIAL
	3. Tortura
	A aUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA COMO INSTRUMENTO PARA COMBATE À TORTURA
	4. Discriminação e racismo
	TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS
	DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO
	PROGRAMA “BRASIL, GÊNERO E RAÇA”
	RACISMO
	LEI CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO EMPREGO
	RELAÇÃO DE TRABALHO: DIFERENTES FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
	GÊNERO, A BUSCA DA IGUALDADE
	SOLUÇÕES PARA A desiGUALDADE DE GÊNERO
	Parte 4 - Objetivos e desafios: metas do milênio da ONU
	1. Os oito objetivos do milênio
	BALANÇO DAS AÇÕES DOS OBJETIVOS DO MILÊNIO
	FOME
	EDUCAÇÃO
	IGUALDADE DE GÊNEROS
	MORTALIDADE NA INFÂNCIA
	SAÚDE MATERNA
	COMBATE A DOENÇAS
	SUSTENTABILIDADE
	PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO
	AGENDA 2030
	Parte 5 - Justiça: reflexões
	1. Questões fundamentais para a efetividade da justiça
	a questão do idoso no Brasil
	A QUESTÃO DO CONSUMIDOR NO BRASIL
	A QUESTÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL
	Parte 6 - A eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares
	1. Introdução
	Fundamentação constitucional da eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares
	O artigo 5º, § 1º, da Constituição Federal: “aplicação” imediata dos direitos e garantias fundamentais
	Modelos da aplicabilidade dos direitos fundamentais às relações entre particulares
	O modelo direto
	O modelo indireto
	O não modelo: negação de quaisquer efeitos dos direitos fundamentais sobre a relação entre particulares
	Outros modelos: state action
	Modelos teóricos existentes no Brasil
	Referências

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