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4. Discriminação e racismo Na cidade de Izmir, Turquia, um caso de discriminação chegou até os campos de futebol. O jornal turco Hurriyet Gazetesi noticiou, no início de 2009, que um árbitro do país, cujo nome não foi revelado, foi proibido de comandar partidas após ter assumido a condição de homossexual. A lei turca proíbe homossexuais de prestar serviço militar e esse foi o argumento utilizado para excluir o árbitro dos jogos, já que “o artigo 25 da lei arbitral da Federação Turca de Futebol prevê que pessoas isentas do serviço militar não podem trabalhar como árbitros”, como informou Osman Avci, secretário-geral da Junta Central de Árbitros. A Lei Arbitral está baseada em uma lei federal, portanto não há instância, na Turquia, à qual se possa recorrer. A reportagem do jornal Hurriyet revelava que o juiz pensava em apelar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS Esse tribunal foi estabelecido em Strasbourg, cidade francesa localizada na região da Alsácia-Lorena, em 1959, para deliberar sobre alegadas violações da Convenção Europeia de Salvaguarda dos Direitos Humanos, baseada na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Essa convenção foi assinada em Roma no dia 4 de novembro de 1950 pelos ministros de quinze países europeus. Seu principal objetivo é garantir os direitos civis e políticos fundamentais dos habitantes dos países-membros: direito à liberdade, direito à vida, direito a julgamento justo, direito de respeito à privacidade e à vida familiar, liberdade de expressão, liberdade de pensamento, consciência e religião, além de proteção à propriedade. A Convenção proíbe, em particular, tortura e tratamento ou punição desumana ou degradante, trabalho forçado, detenção arbitrária e ilegal e discriminação377. O Tribunal tem julgado principalmente (perto de 64% do total) casos de violação do artigo 6º da Convenção, que trata do direito a julgamento justo: Artigo 6º 1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável, por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso a sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade ou parte do processo, quando, a bem da moralidade, da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de menores ou a proteção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstancias especiais, a publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça. 2. Qualquer pessoa acusada de uma infração presume-se inocente enquanto a sua culpabilidade não tiver sido legalmente provada. 3. O acusado tem, como mínimo, os seguintes direitos: a) Ser informado no mais curto prazo, em língua que entenda e de forma minuciosa, da natureza e da causa da acusação contra ele formulada; b) Dispor do tempo e dos meios necessários para a preparação da sua defesa; c) Defender-se a si próprio ou ter a assistência de um defensor da sua escolha e, se não tiver meios para remunerar um defensor, poder ser assistido gratuitamente por um defensor oficioso, quando os interesses da justiça o exigirem; d) Interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e obter a convocação e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas condições que as testemunhas de acusação; e) Fazer-se assistir gratuitamente por intérprete, se não compreender ou não falar a língua usada no processo. Mas cerca de 8% dos casos levados ao Tribunal dizem respeito a violações sérias dos artigos 2º e 3º da Convenção (direito à vida e proibição de tortura ou tratamento desumano ou degradante). Artigo 2º 1. O direito de qualquer pessoa à vida é protegido pela lei. Ninguém poderá ser intencionalmente privado da vida, salvo em execução de uma sentença capital pronunciada por um tribunal, no caso de o crime ser punido com esta pena pela lei. 2. Não haverá violação do presente artigo quando a morte resulte de recurso a força, tornado absolutamente necessário: a) Para assegurar a defesa de qualquer pessoa contra uma violência ilegal; b) Para efetuar uma detenção legal ou para impedir a evasão de uma pessoa detida legalmente; c) Para reprimir, em conformidade com a lei, uma revolta ou uma insurreição. Artigo 3º Ninguém pode ser submetido a torturas, nem a penas ou tratamentos desumanos ou degradantes. Dentro da ordenação jurídica internacional, a Convenção é aplicável e incorporada às leis internas dos países-membros, atualmente em número de 47. Os 24 juízes são eleitos para um período de seis anos pela Assembleia Parlamentar do Conselho Europeu a partir de uma lista de três candidatos de cada país. Atuam com independência. O Tribunal é mantido por verba específica repassada pelos países-membros com base na população e no PIB (a verba para 2009 foi de 56 milhões de euros). Qualquer indivíduo, grupo ou organização não governamental pode entrar com ação no Tribunal, inclusive sem o concurso de advogado, mas não são aceitas ações contra países que não façam parte da Convenção. O Tribunal julga, normalmente, cerca de 30 mil casos por ano, muitos deles envolvendo casos gerais da sociedade, como questões associadas a aborto, suicídio assistido, escravidão doméstica, uso do lenço islâmico em escolas e universidades, proteção de fontes de jornalistas, discriminação e preocupações ambientais. Nas comemorações dos 60 anos da Convenção Europeia de Salvaguarda dos Direitos Humanos, foi homenageado René Cassin, um dos principais autores do texto original, que presidiu o Tribunal entre 1965 e 1968. Cassin recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1968. DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO Preconceito é um conjunto de crenças estereotipadas que conduzem a posturas negativas em relação a um indivíduo, ou um grupo de indivíduos (mesmo que estas posturas sejam apenas interiores – mentais). Portanto, a discriminação decorre do preconceito. A discriminação, por sua vez, sociologicamente, é qualquer manifestação declarada de um preconceito na forma de atitudes desfavoráveis que se destinam a excluir pessoa ou pessoas, de determinado grupo. Os grupos mais atingidos pela discriminação costumam ser, principalmente, os pobres, os idosos, os negros, os imigrantes, os obesos, os indígenas, as mulheres, as pessoas com deficiência e os homossexuais. As manifestações ocorrem sob diferentes maneiras, disfarçadas de gracejos, anedotas, observações pretensamente inocentes, até invocações raivosas e grosseiras. Expressões de preconceito, derivadas, como em geral são, de raízes culturais demandam educação continuada e tempo para serem minimizadas. Um dos locais em que com mais regularidade se manifesta o preconceito é a escola, onde as atitudes podem assumir a forma de bullying, um fenômeno que, se não observado e eliminado em tempo, pode destruir vidas e sonhos. O outro local propício para a manifestação do preconceito é o ambiente de trabalho, até porque é onde as pessoas permanecem em contato durante a maior parte do dia. Como veremos a seguir, muitas têm sido as medidas implementadas no Brasil e em todo o mundo no sentido de combater condutas discriminatórias, ou mesmo no sentido de minorar as consequências nefastas daí advindas. Entretanto, seja qual for o local, a origem ou o fundamento das atitudes discriminatórias ou preconceituosas, o importante é ter ciência de que a solução definitiva para este problema só será possível através da formação moral dos indivíduos de nossa sociedade. Em outras palavras, o respeito à dignidade intrínseca de cada ser humano parece ser uma manifestação natural daquele que aprendeu a respeitar as diferenças e os diferentes. PROGRAMA “BRASIL, GÊNERO E RAÇA” Algumas iniciativas têm sido tomadas para reduzir a discriminaçãono ambiente de trabalho. Uma delas é a implantação, pelo Ministério do Trabalho, em 1997, do Programa “Brasil, Gênero e Raça”, destinado a cumprir as diretrizes e os princípios da Convenção n. 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina efetivo combate à discriminação no acesso e na relação de emprego ou na profissão. A Convenção n. 111, no seu artigo 1º, manda que não seja aceita qualquer exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social. O Programa “Brasil, Gênero e Raça” avançou e incluiu casos de orientação sexual, estado de saúde, deficiência, cidadania e obesidade. Isto se deve ao fato de que o País é também signatário de outras convenções da OIT, como a que delibera sobre trabalho parcial, a que garante equidade de remuneração entre homens e mulheres e a que determina proteção às pessoas portadoras de deficiência. Vejamos o que diz o artigo 1º da Convenção n. 111 da OIT: Artigo 1º (1) Para os fins da presente Convenção, o termo “discriminação” compreende: a) Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão; b) Toda e qualquer distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada pelo Estado-membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de patrões e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados. (2) As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para determinado emprego não são consideradas como discriminação. (3) Para fins da presente Convenção, as palavras “emprego” e “profissão” incluem não só o acesso à formação profissional, ao emprego e às diferentes profissões, como também às condições de emprego. O Programa “Brasil, Gênero e Raça” é nacional, mas está descentralizado nos chamados Núcleos de Promoção da Igualdade de Oportunidades e de Combate à Discriminação no Emprego e na Profissão378, que funcionam junto às respectivas Delegacias e Subdelegacias Regionais do Trabalho. O trabalho dos núcleos, em parceria com secretarias municipais e estaduais do emprego, é apurar reclamações sobre a ocorrência de práticas discriminatórias – não conseguindo resolvê-las amigavelmente, encaminham os casos para a instância apropriada. RACISMO Nenhum governo que aplica privilégios pode ser justo. Principalmente quando os privilégios são concedidos em função de diferenças, sejam quais forem: econômicas, religiosas, étnicas, sociais ou raciais. Em setembro de 2001, na cidade de Durban (província de KwaZulu-Natal, na África do Sul), foi realizada a Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa, com a presença de representantes de 173 países. A declaração de princípios que resultou da conferência só foi assinada por 99 dos países presentes. As conclusões, consolidadas no “Acordo sobre os Fatos do Passado”, foram as seguintes: 1) A escravidão é crime contra a humanidade. 2) O colonialismo induziu ao racismo. 3) O regime do apartheid foi equivalente ao genocídio de judeus, e portanto também foi um crime contra a humanidade. 4) As injustiças resultantes da escravidão, do colonialismo, do racismo, do apartheid e do genocídio levaram à pobreza e ao subdesenvolvimento. Conduziu a Conferência a ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson, na época atuando como Alta-Comissária da ONU para Direitos Humanos. Segundo os historiadores Cláudio Recco e Gabriel Bandouk, os países africanos tentaram aprovar uma proposta de reparação aos abusos da escravidão. Mas o máximo que conseguiram foi uma postura de condenação ao escravismo, ao colonialismo e ao racismo por parte da União Europeia e dos Estados Unidos. Comentam os autores: “Não é de estranhar que os mesmos países que apoiam o ressarcimento aos judeus pelo holocausto não apoiem reparações a negros e povos indígenas. (...) O documento final limita-se apenas a utilizar a expressão ‘medidas efetivas para reverter as consequências dos atos do passado’”379. No Brasil, o racismo foi inicialmente punido como contravenção. A primeira lei a tratar o racismo como crime de preconceito data de 1951, por iniciativa de Afonso Arinos de Mello Franco. O Deputado Plínio Barreto, então relator da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, ao comentar o projeto de lei que mais tarde seria transformado na Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951, disse: “Nunca houve lei alguma que pudesse desarraigar sentimentos profundos e trocar a mentalidade de um povo. Mas isto não impede que, por meio de leis adequadas, se eliminem algumas das manifestações públicas desse preconceito”. Em 1989, foi aprovada a Lei n. 7.716, de 5 de janeiro, definindo os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor: “Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Mas é necessário um esclarecimento sobre nomenclatura para que melhor se entenda a questão no seu aspecto jurídico. Racismo é um termo que expressa quase sempre a crença de que existe hierarquia entre raças ou etnias. Preconceito racial é opinião consolidada que conduz a uma generalização equivocada sobre determinada etnia. Discriminação racial é algo que vai além da crença ou da opinião. São atitudes intolerantes, restritivas ou excludentes que ofendem o princípio da igualdade. Essas atitudes é que são combatidas pela lei. O crime previsto pela Lei n. 9.459 é a injúria por preconceito e foi incluído no Código Penal: Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: (...) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência380: Pena − reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. Este crime é resultado de uma ofensa à honra de uma pessoa ou de um grupo de pessoas específico, utilizando-se, para isso, de referências a elementos de raça, cor, etnia etc. (ex.: utiliza-se de palavras depreciativas relacionadas a esses elementos para ofender a intimidade de outrem). Já o crime previsto pela Lei n. 7.716/89 é o chamado crime de racismo, que não se confunde com o que acabamos de ver. O crime de racismo resulta da discriminação racial, gerando segregação de um indivíduo, recusa de atendimento, negação de emprego, impedimento de acesso a determinados lugares etc. Os movimentos mundiais contra o racismo são coincidentes no tempo. Enquanto Afonso Arinos propunha a lei no Brasil, nos Estados Unidos o pastor Martin Luther King Jr. liderava a resistência não violenta (baseada nos ensinamentos de Gandhi381) contra a opressão racial. O caso mais exemplar foi o boicote ao transporte público em Montgomery, no Estado do Alabama. Rosa Parks, uma mulher negra, havia se recusado a ceder o seu lugar a uma passageira branca e, por essa razão, foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote como forma de protesto e todos os negros da cidade recusaram-se, durante 381 dias, a usar o transporte público. Com a vitória do movimento, Martin Luther King fortaleceu sua liderança e, em 1963, iniciou uma campanha em Birmingham, também no Estado do Alabama, para a realização de um censo que aprovasse o voto dos negros, mais um passo na direção do fim da segregação racial. Em 28 de agosto de 1963 comandou a marcha para Washington. Na capital, diante do Memorial de Abraham Lincoln, pronunciou para 200 mil pessoas o seu famoso discurso I have a dream (Eu tenho um sonho)382. Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em abril de 1968, foi assassinado em Memphis, no Estado do Tennessee, por um branco que havia escapado da prisão. Em 1986, o Presidente RonaldReagan, pressionado por uma imensa campanha que chegou a reunir mais de seis milhões de assinaturas, decretou que a terceira segunda-feira do mês de janeiro passasse a ser feriado dedicado a celebrar a memória do líder pacifista. Em abril de 2009, a ONU aprovou um acordo de combate ao racismo que reafirma as conclusões da primeira conferência realizada em Durban em 2001. Um acordo de efetividade discutível, dado que os Estados Unidos, a Alemanha, o Canadá e mais seis países da Europa não participaram. Uma das principais recomendações foi a redução de medidas restritivas de imigração nos países ricos, o que pode contribuir para diminuir a tensão desses em relação aos estrangeiros. Uma sugestão apresentada pelo Brasil foi incorporada ao texto do acordo, de que sejam definidos em lei os direitos dos imigrantes. LEI CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO EMPREGO Praticamente ao mesmo tempo em que o Brasil se preparava para cumprir o disposto na Convenção n. 111 da OIT, editou uma lei que, por si, já foi um avanço na direção do respeito aos direitos humanos no Brasil da época. Foi a Lei n. 9.029, de 13 de abril de 1995, que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho383. É importante mencionar que a referida lei faz menção à “situação familiar” e à “origem”, vedando qualquer prática discriminatória com base nesses critérios. Trata-se de inovação importante, eis que a Constituição Federal não os menciona384. A ONG católica Comissão Pastoral da Terra informou que recebeu, em 2012, denúncias referentes a pelo menos 3.000 trabalhadores que estariam submetidos a trabalhos forçados. Em decorrência de intensa campanha, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado federal aprovou, em junho de 2013, emenda constitucional que permitiria a expropriação de propriedades onde for comprovado o uso do trabalho forçado, sem direito a indenização aos proprietários. Essa Emenda Constitucional n. 81/2014 (chamada Emenda do Trabalho Escravo) foi promulgada em junho de 2014. Mantém o conceito de trabalho análogo à escravidão do artigo 149 do Código Penal. O dispositivo diz que “comete o crime quem submete o empregado a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. Também deve ser lembrada a Emenda Constitucional n. 72/2013, que garante a cerca de 6,5 milhões de trabalhadores domésticos do país o direito ao pagamento de hora extra, seguro-desemprego, aposentadoria e jornada de trabalho de oito horas diárias (no máximo) e 44 horas semanais, entre outros direitos. Em se tratando de relação trabalhista, toda legislação protetiva será sempre insuficiente. Isso porque se trata de relação jurídica marcada por uma forte assimetria entre as partes contratantes. Assim é que o empregador busca, com o contrato de trabalho, satisfazer uma necessidade que se lhe afigura inafastável do ponto de vista empresarial ou mesmo pessoal, ao passo que o empregado coloca à disposição sua força física ou intelectual para obter remuneração que lhe permita sobreviver. Sendo assim, para o empregador, o contrato de trabalho é, do ponto de vista pragmático, uma possibilidade a ser concretizada; para o empregado, uma necessidade premente, imprescindível à reprodução material de sua existência. É precisamente essa a razão pela qual, nesse campo, a igualdade não pode ser compreendida apenas em seu viés formal. Afirmar que são todos iguais perante a lei não basta, pois o substrato material-social sobre o qual a lei incide coloca as pessoas em situações flagrantemente distintas perante ela, de modo que o resultado da aplicação uniforme da norma é também gerador de novas desigualdades. A quem vive no império da necessidade, oprimido pela sociedade de consumo e, não raro, vítima da própria falta de instrução, não resta senão se submeter. E essa submissão é muitas vezes acompanhada de uma série de humilhações promovidas pelo empregador. Como as contingências materiais se sobrepõem a qualquer formulação intelectual que se possa ter de dignidade, não é de espantar que, para sobreviverem no mercado de trabalho, as pessoas criem para si uma versão conformada de dignidade, ajustada às condições particulares em que vivem. Daí que, tanto quanto possível, a legislação trabalhista vise à consagração da igualdade material. Não obstante, é notório que, diante da estrutura econômica de nosso país, excludente e concentradora de renda por natureza, as pessoas estão cada vez mais relutantes em recorrer à Justiça do Trabalho. Isso explica a demora na equiparação salarial entre os gêneros e o fato de ainda se encontrarem escravos em solo pátrio em pleno século XXI. Por ser uma concretização de uma subjacente estrutura de dominação e exploração, o contrato de trabalho dá margem, portanto, a um sem-número de transgressões dos direitos humanos. A discriminação é uma das mais frequentes. RELAÇÃO DE TRABALHO: DIFERENTES FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO Numa relação trabalhista, a discriminação pode se dar em diferentes fases. Já no período de seleção do candidato, ou fase pré-contratual, são frequentes as notícias de eleição de critérios discriminatórios, como sexo, cor, estatura, opção sexual, forma física e mesmo aparência. Temos aqui os famigerados anúncios de “necessita-se de empregado com boa aparência”, verdadeiros embustes contra a igualdade constitucionalmente assegurada. Inexistindo pertinência clara e objetiva entre a característica eleita como necessária e a finalidade a que se destina o cargo, configura-se a discriminação. Também em entrevistas, ainda no processo de admissão, a discriminação campeia em larga medida, expressa em perguntas sobre a vida pregressa do candidato, sobre sua vida sexual, sua religião etc. Já no interior da empresa, são comuns as perseguições, com vedação à ascensão na carreira ou até a participação em promoções internas com base em critérios escusos, como os acima mencionados. Isso sem falar nas perenes vigilância e coação moral sobre aqueles que ajuízam ação trabalhista contra a própria empresa. Por fim, encerrado o contrato de trabalho, temos ainda as “listas negras” dos ex-empregados que levaram a juízo suas contendas com os antigos empregadores. São relações contendo os nomes daqueles que já ajuizaram reclamações trabalhistas, largamente compartilhadas entre as empresas. Além de representarem uma real e persuasiva ameaça contra o exercício do direito de ação, tais listas levam a efeito verdadeira discriminação contra os trabalhadores que simplesmente exerceram seu direito constitucionalmente assegurado de acessar a justiça, motivo pelo qual a jurisprudência tem entendido que tal prática dá ensejo à indenização por dano moral. Todas essas práticas, independentemente da fase em que ocorrerem – pré, durante ou pós-contrato –, encontram-se expressamente vedadas pelo artigo 1º da Lei n. 9.029/95, acima transcrito. GÊNERO, A BUSCA DA IGUALDADE A questão da igualdade entre mulheres e homens constitui um dos princípios fundamentais da Organização das Nações Unidas. A discriminação com base no sexo do indivíduo é proibida pelos mais importantes documentos da organização: o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a Convenção sobre os Direitos da Criança, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a Convenção contra a Tortura, todos eles inspirados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. Outra convenção a ser destacada é a adotada pela Unesco em 1960, relativa à luta contra a discriminação no campo do ensino. Especificamente em relação a gênero, a comunidade internacional vem adotando, seguidamente, documentos que orientam os países na direção da igualdade. Já em 1949, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotavaa Convenção para a Supressão do Tráfico de Pessoas e da Exploração da Prostituição de Outrem e, em 1953, a Convenção sobre os Direitos Políticos das Mulheres. Em 1957, foi a vez da Convenção sobre a Nacionalidade das Mulheres Casadas, tendo a Convenção sobre o Consentimento para Contrair Matrimônio, Idade Mínima e Registro de Casamento sido adotada em 1962. Em 1967, foi acolhida pela ONU a Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres. Em 1972, começou a ser elaborada a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. O ano de 1975 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher. Naquele mesmo ano foi promovida, no México, a Primeira Conferência Mundial da Mulher, que contou com 4 mil participantes. Das 133 delegações presentes, 113 eram chefiadas por mulheres. Apesar de todos esses documentos serem vinculativos, ou seja, obrigarem os signatários a inseri-las em suas legislações nacionais, são letras maiúsculas demais para ações minúsculas demais. Todos sabemos em que grau as mulheres continuam tendo seus direitos desrespeitados em vários lugares do mundo. As conferências quinquenais da mulher seguiram sendo organizadas: Copenhague em 1980, Nairóbi em 1985, Beijing em 1995. A reunião na China foi a última, porque ficou decidida naquele encontro uma plataforma de ação que, a cada cinco anos, é reavaliada. Em junho de 2000, em Nova York, discutiu-se “A mulher no ano 2000: igualdade entre os gêneros, desenvolvimento e paz no século XXI”. Em março de 2005, também em Nova York, foi realizada uma reunião decenal com o seguinte tema: “Beijing 10 anos depois: logrando igualdade de gênero, desenvolvimento e paz”. Os três objetivos prioritários desses encontros de acompanhamento são estes: obter a igualdade plena de gênero e a eliminação da discriminação por motivos de gênero; conseguir a plena participação das mulheres no desenvolvimento; e lograr maior contribuição das mulheres à paz mundial. Isto se daria por meio da garantia de três condições: igualdade no acesso à educação, igualdade de oportunidades no trabalho e atenção à saúde das mulheres. Em tese, não é tanta coisa assim a fazer. Mas a identificação de dificuldades abrange questões de fundo cultural, estas, sim, muito mais complexas. Em primeiro lugar, falta participação dos homens no processo de igualdade. Da mesma forma, não parece haver vontade política suficiente por parte dos Estados (em geral liderados por homens). Resulta daí que falta reconhecimento da contribuição das mulheres na sociedade, e por isso mesmo são poucas as mulheres nos postos de tomada de decisões. Contribui para a perenização das mulheres em situação inferior a escassez de serviços sociais de apoio, que não se podem obter sem financiamento e fomento. E, afinal, por falta de educação (cujo conteúdo é definido pelos líderes – ou seja, homens), há pouca sensibilização entre as próprias mulheres. Em grande parte das culturas, nos quatro cantos do mundo, a mulher não tem direito à propriedade, não tem direito de controlar os bens e não tem independência em relação aos filhos. No Brasil, também a discriminação de gênero na relação de trabalho é proibida em sede constitucional. O artigo 7º, XXX, da Constituição Federal estabelece a “proibição de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”. Não é, contudo, o que observamos na prática. Com efeito, é sabido que, via de regra, as mulheres não ocupam cargos de direção e para uma mesma função, em relação aos homens, recebem menos385. Além disso, a chamada dupla jornada de trabalho é uma realidade. O trabalho desempenhado pelas mulheres fora de casa é tido como uma complementação da renda, cabendo a elas, ainda, todos os afazeres domésticos. Sob essa perspectiva, é possível dizer que a progressiva inserção das mulheres no mercado de trabalho, para além de uma conquista, decorreu da pauperização de toda a classe trabalhadora. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, XX, consagrou também o direito à “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”, o qual foi de fato, e em parte, alcançado com a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher, promulgada pelo Decreto n. 4.377, de 13 de setembro de 2002. Em âmbito internacional, o processo de especificação do sujeito de direito (surgido no pós-guerra, trata-se de um realce das condições concretas e específicas do público a ser protegido), no caso, as mulheres, foi reforçado pela Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993 e pela Declaração e Plataforma de Ação de Pequim de 1995, que enfatizaram ser os direitos das mulheres parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais386. SOLUÇÕES PARA A DESIGUALDADE DE GÊNERO A ONU, nos seus comitês de defesa da mulher, encontrou grupos especialmente vulneráveis, que demandam atenção prioritária. São eles: mulheres idosas ou de meia-idade; mulheres adolescentes e jovens; mulheres refugiadas ou asiladas; mulheres indígenas; mulheres trabalhadoras independentes; mulheres imigrantes; mulheres trabalhadoras rurais; mulheres com deficiência e mulheres chefes de família. Uma sentença constante no Processo n. 2008.014.010008-2, do Segundo Juizado Especial Cível da cidade de Campos dos Goytacazes no Estado do Rio de Janeiro, vem causando polêmica. Um cidadão, autor da ação, teve problemas com o aparelho de TV e estava processando a loja. Lá pelas tantas, diz a sentença, assinada pelo Juiz Cláudio Ferreira Rodrigues: “Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autor poderia assistir as gostosas do Big Brother, ou o Jornal Nacional, ou um jogo do Americano x Macaé, ou principalmente jogo do Flamengo, do qual o autor se declarou torcedor? Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de haver televisor, já que para sofrer não se precisa de televisão”. A principal solução para que se alcance a igualdade de gênero é jurídica. As legislações nacionais devem cuidar para que os direitos acordados na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres sejam inseridos em todos os âmbitos, seja social, político ou de trabalho. Este é o caminho inicial para que se destruam os estereótipos negativos. Com a lei será possível dar início ao processo de eliminação da violência contra as mulheres: pobreza, falta de educação, precariedade de atendimento de saúde, uso da mulher em conflitos armados e alienação da mulher dos cargos de poder e dos meios de comunicação. Nesse aspecto, o Brasil andou bem. Apresentou reservas aos tratados internacionais. Essas reservas são dispositivos que estabelecem a intenção de um país de aplicar o acordado em tratados, sem permitir conflitos com a norma jurídica interna. Em 2002, o governo brasileiro apresentou um relatório demonstrando não apenas os dispositivos da Constituição de 1988 e da legislação infraconstitucional (como a Lei Maria da Penha) que garantem a igualdade de gêneros, mas também as políticas públicas implementadas para apoiar essa legislação. Entre elas a criação de delegacias dedicadas ao atendimento da mulher e a definição da violência doméstica como tipo penal. Prefácio Apresentação Nota à 5ª edição Nota à 4ª edição Nota à 3ª edição Nota à 2ª edição Parte 1 - Introdução 1. O processo histórico de reconhecimento dos direitos humanos fundamentais ORDEM E ORDENAÇÃO LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS HUMANOS O JUSNATURALISMO MODERNO OS DIREITOS DA PESSOA HUMANA 2. O constitucionalismo, primórdios 3. Constitucionalismo na Idade Média CARTAS FORAIS A MAGNA CARTA PERSONAGENS ENVOLVIDOS COM A MAGNA CARTA A REPÚBLICA DAS DUAS NAÇÕES 4. Constitucionalismo na Idade Moderna A ESCRAVIDÃO NO BRASIL PETITION OF RIGHTS: SEMENTE DA REVOLUÇÃO INGLESA O HABEAS CORPUS ACT Período Colonial NAAMÉRICA DO NORTE31 A Guerra dos Sete Anos A Colonização Na América do Norte A ESCRAVIDÃO Na América do Norte Sistema Legal na América COLONIAL Iluminismo e Independência Liberalismo Socialismo A Declaração de Virgínia A Bill of Rights Norte-americana Cai a Monarquia 5. Constitucionalismo contemporâneo ANTECEDENTES TEÓRICOS DA REVOLUÇÃO FRANCESA Antecedentes Práticos da Revolução Francesa O Levante Popular de 1789 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão CRUZ VERMELHA, A PRIMEIRA AÇÃO HUMANITÁRIA EM GUERRAS ESTADOS UNIDOS MEXICANOS A Constituição Mexicana de 1917 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O BRASIL NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O TRATADO DE VERSALHES A República de Weimar A Constituição DE WEIMAR DE 1919 ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO RUSSA A BASE TEÓRICA DA REVOLUÇÃO RUSSA Cai a Monarquia O NERVOSO PERÍODO ENTRE GUERRAS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A CONVENÇÃO DE GENEBRA Direito Internacional Humanitário 6. O nascimento do sistema internacional de proteção dos direitos humanos A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS DE 1948 O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS OS SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PRECEDENTES O SISTEMA EUROPEU O SISTEMA INTERAMERICANO O SISTEMA AFRICANO O SISTEMA ÁRABE O SISTEMA ASIÁTICO 7. Tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico pátrio Tratados internacionais: PRINCIPAIS apontamentos A formação dos tratados internacionais Os tratados internacionais de direitos humanos em nosso ordenamento A posição do STF à luz do artigo 5º, § 3º, da Constituição Federal O artigo 5º, § 1º, da Constituição Federal e a incorporação de tratados internacionais de direitos humanos pelo ordenamento jurídico nacional 8. A evolução dos direitos humanos nas Constituições brasileiras Constituição de 1824 Constituição de 1891 Constituição de 1934 Constituição de 1937 Constituição de 1946 Constituição de 1967 Constituição de 1988 INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL 9. Direitos humanos: uma questão terminológica As caracteríSticas dos direitos fundamentais A ideia de fases, gerações ou dimensões de direitos fundamentais Primeira fase, geração ou dimensão: as liberdades públicas e os direitos políticos Segunda fase, geração ou dimensão: os direitos sociais, econômicos e culturais Terceira fase, geração ou dimensão: os direitos de solidariedade As “Novas” Dimensões ou Gerações Implementação dos direitos sociais:a crÍtica à teoria das gerações, a “reserva do possível” e o “mínimo existencial” Direitos fundamentais, Constituição, Estado de Direito, Estado Social e Democracia 10. A dignidade da pessoa humana: reflexões sobre seu conteúdo, seu papel e sua aplicação O jusnaturalismo O positivismo jurídico O pós-positivismo O neoconstitucionalismo A construção histórica do conceito de dignidade da pessoa humana: breves apontamentos A definição de dignidade da pessoa humana:uma tentativa de aproximação Dignidade da pessoa humana: modalidades de eficácia A dimensão positiva da dignidade da pessoa humana: um esclarecimento necessário A dignidade da pessoa humana em nossa Constituição É a dignidade da pessoa humana um princípio absoluto? A dignidade da pessoa humana e o artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal Parte 2 - Caminhos para o futuro 1. Liberdade, fundamento dos direitos humanos Liberdade no pensamento da Antiguidade e na atualidade Liberdade econômica Impacto da Recessão no Mercado de Trabalho ASSÉDIO MORAL NA RELAÇÃO DE TRABALHO Liberdade de Imprensa A Liberdade da Nacionalidade Liberdade Política LIBERDADE E IGUALDADE 2. Aspectos nacionais e internacionais EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS ENSINO A DISTÂNCIA EDUCAÇÃO E TRABALHO INFANTIL Parte 3 - Atentados contra as liberdades 1. Pena de morte PENA DE MORTE NO MUNDO PENA DE MORTE NO BRASIL REFUTAÇÃO PEREMPTÓRIA DA PENA DE MORTE: MAIS ARGUMENTOS A HISTÓRIA DO ESCRAVO FRANCISCO OS PAÍSES E A PENA DE MORTE 2. Prisão desumana Os PROBLEMAS DO SISTEMA CARCERÁRIO O ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL: POSICIONAMENTO DO STF O ENCARCERAMENTO EM MASSA COMO FENÔMENO POLÍTICO NECESSIDADE DE SUPERAÇÃO DO ENCARCERAMENTO EM MASSA – PROPOSTAS DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS O PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA A COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS A CORTE INTERAMERICANa DE DIREITOS HUMANOS O BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS: A LEI DE ANISTIA (LEI N. 6.683/79) PRIMEIRA CONDENAÇÃO DO BRASIL NA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS POR VIOLÊNCIA POLICIAL 3. Tortura A aUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA COMO INSTRUMENTO PARA COMBATE À TORTURA 4. Discriminação e racismo TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO PROGRAMA “BRASIL, GÊNERO E RAÇA” RACISMO LEI CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO EMPREGO RELAÇÃO DE TRABALHO: DIFERENTES FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO GÊNERO, A BUSCA DA IGUALDADE SOLUÇÕES PARA A desiGUALDADE DE GÊNERO Parte 4 - Objetivos e desafios: metas do milênio da ONU 1. Os oito objetivos do milênio BALANÇO DAS AÇÕES DOS OBJETIVOS DO MILÊNIO FOME EDUCAÇÃO IGUALDADE DE GÊNEROS MORTALIDADE NA INFÂNCIA SAÚDE MATERNA COMBATE A DOENÇAS SUSTENTABILIDADE PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO AGENDA 2030 Parte 5 - Justiça: reflexões 1. Questões fundamentais para a efetividade da justiça a questão do idoso no Brasil A QUESTÃO DO CONSUMIDOR NO BRASIL A QUESTÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL Parte 6 - A eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares 1. Introdução Fundamentação constitucional da eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre particulares O artigo 5º, § 1º, da Constituição Federal: “aplicação” imediata dos direitos e garantias fundamentais Modelos da aplicabilidade dos direitos fundamentais às relações entre particulares O modelo direto O modelo indireto O não modelo: negação de quaisquer efeitos dos direitos fundamentais sobre a relação entre particulares Outros modelos: state action Modelos teóricos existentes no Brasil Referências
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