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AULA 4 GESTÃO DE CUSTOS Prof. Valter Pereira Francisco Filho 2 TEMA 1 – CONCEITO DO CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADE O custeio baseado em atividades foi desenvolvido pelos professores americanos Robert Kaplan e Robin Cooper em meados da década de 1980, na Universidade de Harvard. Seu principal objetivo é o tratamento dos custos indiretos, cada vez mais representativo nas empresas. Antes, os sistemas tradicionais não atendiam a essa demanda. Diversas organizações adotaram a metodologia e seus princípios alteraram a forma como a gestão de custos é realizada. É fundamental entender que a gestão de custos faz parte de um contexto maior, que é o modelo de gestão, não sendo o custeio baseado em atividades a panaceia de todos os males da empresa. O custeio baseado em atividades, conhecido como ABC (Activity-Based Costing), é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, segundo Martins (2008, p. 87). Bruni (2012, p.121) indica que, de forma mais recente, com a evolução dos ambientes produtivos, existiu a necessidade de ampliação das linhas de produção e a diversificação dos produtos ou serviços. Cada vez mais, reduz-se a importância dos custos variáveis e diretos e aumenta-se o papel desempenhado pelos custos fixos ou indiretos. Custeios tradicionais precisam ser revistos. A principal característica desse custeio frente às outras metodologias é que ele acontece em duas fases. Na primeira fase fazemos o custeio das atividades e processos realizados pela organização. Na sequência, as atividades são alocadas aos produtos ou serviços, ou ainda a qualquer objeto de custeio desejado. Figura 1 – Custeio em duas fases Fonte: Martins, 2015, p. 143. Assim, a metodologia produz, além dos custos dos produtos e serviços, o custo das atividades realizadas, possibilitando novas dimensões de análise ao processo de custeio. No sistema tradicional, quando detalhamos os custos 3 lançados aos produtos, encontramos as naturezas dos recursos, como mão de obra, materiais, energia elétrica, combustível, comissão etc. Essa é uma visão limitadora da ação de gestão. Dentro do custeio baseado em atividades, podemos observar os custos de cada atividade consumida pelo produto. Observe o exemplo apresentado no quadro a seguir: Figura 2 – Dimensões de análise utilizando o custeio por atividades Fonte: Player, 1997, p. 69. Neste estudo de caso apresentado por Player (1997, p. 69), a análise de custos mostrou diferenças relevantes no esforço para atender aos seis canais de distribuição, captando os diversos requisitos que cada canal demanda, a partir de um mix de venda e do volume comprado. Os processos e as atividades analisadas são demandados pelos clientes e depois associadas aos produtos por ele comprado, permitindo avaliar, por exemplo, diferentes níveis de consumo de recursos e os resultados de cada linha de produtos em cada um dos canais. A metodologia do custeio baseado em atividades gera uma nova abordagem de gestão, chamada gestão baseada em atividades, do inglês Activity- based management, permitindo a empresa ajustar sua estrutura funcional para cada um dos processos de negócio. 4 Figura 3 – Utilização da gestão baseada em atividades Fonte: Player, 1997, p. 150. Essa configuração permite que a empresa realize todo seu gerenciamento e planejamento financeiro por processo e atividade, enfatizando a visão do cliente e sua percepção de valor agregado dos produtos e serviços da empresa. Para Player (1997, p. 47), talvez o maior avanço da gestão baseada em atividades nos últimos tempos seja a mudança na forma como está sendo utilizada. Aplicações anteriores mostram seu uso como uma ferramenta de redução de custos, como suporte para um estudo específico ou piloto. Cada vez mais vemos sendo incluído como parte do processo formal de gestão, sendo necessário definir: qual é o processo de implementação? Qual é a frequência com que as informações serão atualizadas? Qual treinamento ao usuário é necessário para maximizar o uso do sistema? Qual tipo de estrutura organizacional é necessário para apoiar o sistema? Quais são os conjuntos de qualificações e experiência funcional desejados dos colaboradores? Como podemos expandir o uso do sistema? 5 Para muitas empresas, evoluir seu sistema de gestão de custos impõe desafios em várias dimensões, sendo necessária uma ação articulada dentro do contexto do processo de gestão. TEMA 2 – CONCEITO DE COST DRIVER O primeiro ponto a ser abordado neste tema é a tradução do termo cost driver. Se fizermos uma tradução livre, podemos entendê-lo como condutor de custo, o fator que determina como os recursos são conduzidos às atividades e como as atividades são conduzidas aos objetos de custeio, produtos, serviços e outros. A grande maioria dos livros utilizam o termo direcionador de custos, mas temos outras versões como gerador de custos ou fator de custos. O conceito de cost driver é abrangente dentro da gestão de custos, sendo utilizado para compreender e mensurar os resultados desagregados das empresas. Para Martins (2015, p. 146), cost driver é o fator que causa variação no nível de consumo de recursos, fazendo variar o custo de um grupo de recursos. Esse grupo deve expressar o custo de uma atividade. O cost driver é a variável que representa a relação de causa e efeito entre seu próprio volume e o consumo de recursos, sendo o valor final do custo explicado tanto pelo volume do respectivo cost driver quanto pelo preço dos insumos. Tomando-se como exemplo a atividade de comprar, um possível cost driver seria a quantidade de pedidos de compra processados. Esse cost driver será́ confirmado e validado se for constatada uma relação de causa e efeito entre a variação da quantidade de pedidos de compra processados e a variação do custo da atividade de comprar. Nesse exemplo, o custo da atividade pode estar representado por mão de obra (utilização do tempo das pessoas), materiais de consumo (papel, toner etc.), telefonia, ocupação de espaço físico, entre outros. Com base nessa informação, a empresa poderá alterar suas políticas de compras, reduzindo o número de pedidos processados e, por conseguinte, reduzir os recursos aplicados nessa atividade. O segundo passo é a alocação aos produtos, identificando quanto que cada um deles demanda de esforço da atividade de comprar. Para se elaborar o rol de direcionadores de custos, deve-se observar diretamente os processos e entrevistar as pessoas que executam as atividades e também seus superiores; ao final, algum executivo da alta administração deve validar e homologar a relação. 6 A partir daí́, deve-se manter registro dos dados reais do volume de cost drivers e dos respectivos custos. Quadro 1 – Exemplos de cost drivers Atividades Cost driver Manuseio de materiais Pesos transportados ou viagens realizadas Compras Número de ordens de compras Ajustes de equipamentos Número ou horas de ajustes Programação da produção Número de máquinas empregadas ou número de pedidos colocados Refugos Número de unidades geradoras de refugos Fonte: Bruni, 2012, p. 126. A vantagem do custeio baseado em atividades é a visão de processo que se difunde por toda a organização, evidenciando como os recursos caminham e influenciam os resultados e competitividade dos produtos e serviços ofertados pela empresa. TEMA 3 – COST DRIVERS ESTRUTURAIS E DE EXECUÇÃO Compreender o comportamento dos custos significa conhecer profundamente do “negócio” que está sendo gerido ou avaliado, para poder compreender a complexa relação entre o nível de atividade e os recursos consumidos, e a geração de lucro. Para Shank e Govindarajan (1997, p. 22), os conceitos de custos relacionados com o volume de produção permeiam o pensamentoe os trabalhos sobre custos: custos fixos versus custos variáveis, custos médios versus custos marginais, análise custo-volume-lucro, análise do ponto de equilíbrio, orçamentos flexíveis e margem de contribuição, para citar apenas alguns. No gerenciamento estratégico de custos, o volume de produção é visto como captando muito pouco da riqueza do comportamento dos custos. Para compreender melhor os resultados gerados com base no comportamento dos custos, Shank e Govindarajan (1997, p. 23) apontam dois grupos de cost driver: os estruturais e os de execução. Da perspectiva dos cost drivers estruturais, há pelo menos cinco escolhas estratégicas da empresa que influenciam a os recursos estruturais consumidos pelos diversos produtos e serviços da organização. Vamos a eles: 7 Quadro 2 – Cost drivers estruturais Escala O tamanho de um investimento a ser feito em produção, pesquisa e desenvolvimento e em recursos de marketing. Escopo Grau de integração vertical. A integração horizontal é mais relacionada a escala. Experiência Quantas vezes no passado a empresa já fez o que está fazendo agora. Tecnologia Que tecnologia de processos são usadas em cada fase da cadeia de valor da empresa. Complexidade A amplitude da linha de produtos ou de serviços a ser oferecida aos clientes. Fonte: Shank, 1997, p. 23. Cada cost driver estrutural envolve escolhas que a empresa realiza em relação à sua estratégia e planejamento operacional de longo prazo. São decisões que impactam a empresa por um longo prazo e de alto custo para reversão. A escolha da escala do investimento deve ser calibrada com o planejamento operacional e as perspectivas futuras do mercado da empresa. Um investimento superestimado gerará um custo adicional de manutenção da estrutura, além de ociosidade dos recursos. No caso de um investimento subestimado, o impacto pede ser um prejuízo de produtividade ou a perda de mercado por não conseguir atender à demanda. O escopo trata da presença da empresa em diversos elos da cadeia de valor do segmento. Essa administração estratégica da empresa definirá em quais elos da cadeia a empresa deverá estar presente ou realizar as suas alianças estratégicas. Quando falamos de experiência como condutor da estrutura de custos, estamos falando da curva de aprendizagem. Cada novo processo, cada novo produto ou serviço levará a empresa a novas necessidades de aprendizado da força de trabalho e do modelo de gestão. Não podemos deixar de destacar o papel de feedback que a gestão de custos exerce na empresa. O tópico tecnologia é tão difícil que não é de surpreender que os contadores o tenham esquecido, conforme afirma Shank (1997, p. 23). A tecnologia envolve quaisquer métodos, técnicas, processo e ferramentas aplicadas nas atividades empresariais, o que depende da produtividade agregada pela tecnologia escolhida e aplicada, gerando diferentes impactos nos custos para diferentes escolhas. A complexidade como cost driver tem grande importância, principalmente no que se refere ao processo de gestão. Técnicas de gestão, como o custeio baseado em atividades, nasceram para atender a uma complexidade cada vez 8 maior nos negócios, tanto nas variedades de produtos e serviços, quanto na extensão física e abrangência de atividades desenvolvidas. O segundo grupo de cost drivers, os de execução, está relacionado diretamente com a eficiência da empresa. Catelli (2010, p. 207) coloca que a eficácia em relação a uma atividade, refere-se à obtenção dos resultados desejados, enquanto a eficiência refere-se à relação recursos consumidos/produtos gerados. Assim, níveis de eficácia e eficiência podem ser planejados de forma a constituírem parâmetros para se avaliar um desempenho, à medida que se verifique o grau em que detenha essas qualidades. Quadro 3 – Cost drivers de execução Envolvimento da força de trabalho Participação – o conceito de comprometimento da força de trabalho com a melhoria contínua. Gestão da qualidade total Crenças e realizações objetivando a qualidade do produto e do processo. Utilização da capacidade Dadas as escolhas de escala na construção da unidade. Eficiência do layout das instalações Quão eficiente, em comparação com as normais atuais, é o layout? Configuração do produto O projeto ou a formulação são eficientes? Exploração de ligações Com os fornecedores e/ou clientes para a cadeia de valor da empresa. Fonte: Shank, 1997, p. 24. Começando pelo envolvimento da força de trabalho, temos um aspecto de comportamento humano, que pode trazer dificuldades na sua mensuração ou interpretação. Mas esse tópico fala mais dos aspectos relacionados ao modelo de gestão da empresa, da cultura organizacional, de como é tratada a melhoria contínua dos processos, frente ao modelo de planejamento e controle implementado, gerando aprendizagem à força de trabalho. A gestão da qualidade total está muito relacionada ao cost driver anterior, tratando um pouco mais dos aspectos específicos dos sistemas de qualidade, que devem ser certificados e apresentados aos clientes e fornecedores. A utilização de capacidade como cost driver é diretamente uma medida de eficiência, colocando em evidência a ociosidade dos investimentos realizados e a necessidade de uma produtividade atrelada à escala. Quando comparamos plantas fabris novas e antigas, conseguimos visualizar a eficiência do layout das instalações, e como a expansão e os ajustes necessários para o crescimento modificam esse driver. Ele também é influenciado pela tecnologia aplicada nos processos. 9 Podemos entender que a configuração do produto está ligada ao seu desenho de solução baseado no entendimento da necessidade ou do problema do cliente. O que se avalia aqui é o quão essa configuração impacta nos custos, buscando opções que sejam mais baratas, sem fugir da visão das definições do cliente. A exploração de oportunidades nas ligações com clientes e fornecedores busca reduzir o atrito desse contato, reduzindo burocracia e automatização atividades operacionais. Mas o principal aspecto que devemos levar em consideração é a relação ganha-ganha que deve ser estabelecida, independente do poder de barganha das partes envolvidas, o que tem sido cada vez mais difícil com a competitividade acirrada. Quaisquer que sejam os cost drivers que a empresa avalia e monitora, dentro de seu processo de gestão de custos, temos ideias-chave importante: Quadro 4 – Ideias-chaves dos cost drivers Para a análise estratégica, o volume não é geralmente a forma mais útil para explicar o comportamento dos custos; Em um sentido estratégico, é mais útil explicar a posição de custos em termos das escolhas estruturais e das habilidades de execução que moldam a posição competitiva da empresa; Nem todos os direcionadores estratégicos são igualmente importantes o tempo todo, mas alguns (mais de um) deles são provavelmente muito importantes em todos os casos; Para cada direcionador de custos existe uma estrutura específica para análise de custos que é fundamental para a compreensão do posicionamento de uma empresa. Sem um analista de custos bem-treinado requer conhecimento destas várias estruturas. Fonte: Shank, 1997, p. 25/26. A utilização dos cost drivers dentro da gestão de custos deve ser realizada numa amplitude que abranja a análise da cadeia de valor e do posicionamento estratégico escolhido pela empresa. TEMA 4 – METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO A metodologia de implantação do custeio baseado em atividades segue um certo padrão, diferenciando na ênfase estratégica ou operacional. Di Domenico (1994, citado por Duran, 2000) propõe uma metodologia de implantação como mostrado no quadro X a seguir: 10 Quadro 5 – Passos para implementar a metodologia do custeio baseado em atividades 1 Identificação das atividades de produçãoe suporte da empresa, pela elaboração de um fluxograma de atividades geral, indicando os principais recursos utilizados em cada etapa de produção. Esta etapa é de extrema importância, pois com base na fragmentação da organização em atividades elementares, de fácil compreensão, tem-se uma visão melhor de como os recursos são empregados. 2 Detalhamento das afinidades com informações técnicas (dados de produtividade) relacionados à produção, em cada etapa de fabricação. Devem-se determinar os recursos consumidos por cada atividade. 3 Detalhamento das atividades para as áreas suporte (departamento de vendas e marketing, departamento de engenharia de projeto e fabricação, departamento de manutenção, departamento de planejamento e controle da produção etc.) e levantamento dos recursos utilizados com dados completos. 4 Determinação dos direcionadores de custos de primeiro e segundo níveis e dos critérios para calculá-los. Nessa fase se define qual a causa que gera as atividades. Devem-se buscar direcionadores comuns para cada processo analisado, facilitando, assim, o cálculo do custo da atividade por objeto de custo. 5 Determinação do custo das atividades ou fase I de alocação. Nessa fase, deve-se seguir uma abordagem de decomposição dos custos, isto é, um rastreamento dos custos do livro razão da contabilidade das empresas. 6 Determinação do custo dos produtos ou fase II de alocação. Após terem sidos calculados todos os custos das atividades, são agregados aos produtos os custos de todas atividades que são realizadas na sua manufatura. 7 Determinação dos índices de mensuração de desempenho das atividades. São definidos dados operacionais e financeiros usados para ajustar a performance da companhia. Fonte: Duran, 2000. Observamos que, apesar de uma sequência metodológica, qualquer implantação esbarra numa série de pequenas “ciladas”. Player (1997, p. 5) indica quais os pontos principais que devem ser observados para vencer essas “ciladas”. Vamos destacar os mais relevantes. Para qualquer processo que envolva evolução do modelo de gestão da empresa, é necessário o patrocínio da alta administração, fazendo o corpo gerencial aderir ao projeto. Assim consegue-se vencer boa parte da resistência natural à mudança. A comunicação sobre os objetivos do projeto e os resultados esperados devem ser clara e alcançar todos na organização. Assim, eliminam-se informações controversas que podem prejudicar o andamento das atividades planejadas. É importante entender que o projeto não é uma iniciativa isolada, mas faz parte de um contexto estratégico-operacional da empresa. Quem deve ser responsável pelo projeto? A figura responsável carrega o fardo do sucesso e do insucesso do projeto, portanto é necessário envolver um time de profissionais que representem as áreas principais da empresa, e que 11 notadamente são reconhecidos internamente por sua capacidade técnica e de relacionamento interpessoal. O investimento no processo de implantação envolve consultoria externa e muitos recursos internos, entre horas de trabalho e de capacitação. Fica claro que é necessário reservar no orçamento uma verba adequada ao processo. Por último, destacamos a estratégia de fazer um projeto piloto, de implantação em apenas uma área da empresa, criando um modelo testado e aprovado antes de expandir para toda a organização, gerando credibilidade e confiança no processo. TEMA 5 – AVALIAÇÃO E EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE CUSTEIO A avaliação dos sistemas de gestão de custos deve levar em conta as necessidades futuras da empresa, permitindo que essa função não seja apenas uma narrativa dos resultados passados, mas sim um direcionamento futuro. O novo ambiente demanda informações mais relevantes e precisas relacionadas aos custos e desempenhos de atividades, processos, produtos, serviços e clientes. Kaplan (1998) indica que as empresas estão utilizando sistemas de custeio para aperfeiçoar diversos aspectos de negócio, considerando que os sistemas devem estar adequados aos aspectos tecnológicos e de competitividade global nos aspectos de rapidez e qualidade. Quadro 6 – Ações de aperfeiçoamento utilizando sistemas de custeio Projetar produtos e serviços que correspondam às expectativas dos clientes e possam ser produzidos e oferecidos com lucro; Sinalizar onde é necessário realizar aprimoramentos contínuos ou descontínuos (reengenharia) em qualidade, eficiência e rapidez; Auxiliar os funcionários ligados à produção nas atividades de aprendizado e aprimoramento contínuo; Orientar o mix de produtos e decidir sobre investimentos; Escolher fornecedores; Negociar preços, características dos produtos, qualidade, entrega e serviço com clientes; Estruturar processos eficientes e eficazes de distribuição e serviços para os mercados e públicos-alvo. Fonte: Kaplan, 1998, p. 12-13. Para que essas funções sejam desempenhadas com sucesso, Kaplan (1998) propõe um modelo de quatro estágios para projetar um sistema de custos, considerando a qualidade dos dados e relatórios externos, a visão desagregada de resultados e o apoio ao controle operacional e estratégico. 12 Quadro 7 – Modelo em quatro estágios para projetar um sistema de custos Fonte: Kaplan, 1998, p. 23. Os sistemas de custeio de Estágio I são caracterizados por Kaplan (1998) pelo esforço necessário para consolidar as informações devido à utilização de vários sistemas de informações, além de ajustes posteriores ao fechamento. De forma geral, nesse estágio, os sistemas são em geral inadequados ao processo de gestão. A maioria das empresas possuem sistemas financeiros que são bem descritos pelo Estágio II, pois, segundo Kaplan (1998, p. 25), são adequados à avaliação dos estoques para o propósito de geração de relatórios financeiros e para a preparação de relatórios financeiros periódicos. Atendem aos padrões de auditoria e princípios para elaboração dos demonstrativos definidos pelas autoridades governamentais, de regulamentação e tributárias. Podemos concluir 13 que, com base nesse ponto, as empresas começam a mirar mais as necessidades internas e menos as externas. As evoluções tecnológicas dos sistemas de informações permitiram o desenvolvimento do Estágio III, possibilitando, segundo Kaplan (1998, p. 30), sistemas de custeio baseados em atividades, custeando processos, produtos, serviços, clientes e unidades organizacionais, trazendo informações desagregadas de qualidade. Outra característica marcante é a oferta de feedback operacional aos operadores e funcionários da linha de frente, no tempo adequado, informações precisas, tanto financeiras quanto não financeiras, sobre o desempenho dos processos de negócio. No Estágio IV, os sistemas de feedback operacional e os sistemas ABC são integrados e, juntos, formam o alicerce para a preparação das demonstrações financeiras externas. Quadro 8 – Estágio IV no processo de geração de informações Fonte: Kaplan, 2018, p. 34. Nesse estágio, os sistemas são preparados para maximizar os benefícios dos gerentes responsáveis pelas decisões, e o foco maior é nas reais informações necessárias para administrar o negócio. 14 REFERÊNCIAS BRUNI, A. L. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. (Série Finanças na Prática) CATELLI, A. (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica – GECON. 2. ed., 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010. DURAN O; RADAELLI L. Metodologia ABC: implantação numa microempresa. Gestão de Produtos, v. 7, n. 2, São Carlos, ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2000000200003>. Acesso em: 23 nov. 2018. KAPLAN, R. S. Custos e desempenho: administre seus custos para ser mais competitivo. Tradução de O. P. Traduções.São Paulo: Futura, 1998. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed., 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. _____. Métodos de custeio comparados: custos e margens analisados sob diferentes perspectivas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. PLAYER, S. ABM – activity-based management: lições do campo de batalha. São Paulo: Makron Books, 1997. SHANK, J. K.; GOVINDARAJAN, V. A revolução dos custos: como reinventar e redefinir sua estratégia de custos para vencer em mercados crescentemente competitivos. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ: Campus, 1997.
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