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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA DISCIPLINA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MARIA EDUARDA LOPES VIÉGAS CÂMARA AVALIAÇÃO DA ADESIVIDADE DE UM SISTEMA ADESIVO AUTOCONDICIONANTE EM DENTES IRRADIADOS NATAL 2015 Maria Eduarda Lopes Viégas Câmara AVALIAÇÃO DA ADESIVIDADE DE UM SISTEMA ADESIVO AUTOCONDICIONANTE EM DENTES IRRADIADOS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Dr. André Luís Dorini. Co-Orientadora: Profª. Drª. Marília Regalado Galvão Rabelo Caldas. Natal 2015 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Câmara, Maria Eduarda Lopes Viégas. Avaliação da adesividade de um sistema adesivo autocondicionante em dentes irradiados / Maria Eduarda Lopes Viégas Câmara. – Natal, RN, 2015. 24 f.:il. Orientador: Prof. Dr. André Luís Dorini. Co-Orientadora: Profª. Drª. Marília Regalado Galvão Rabelo Caldas. Monografia (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia 1. Resinas compostas – Monografia. 2. Adesividade – Monografia. 3. Radioterapia – Monografia. I. Dorini, André Luís. II. Caldas, Marília Regalado Galvão Rabelo. III. Titulo. RN/UF/BSO Black:D226 MARIA EDUARDA LOPES VIÉGAS CÂMARA AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO DE UM SISTEMA ADE SIVO CONVENCIONAL EM DENTES IRRADIADOS. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. APROVADO EM: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Prof. Dr. André Luís Dorini Orientador e presidente da banca UFRN _____________________________________________________ Profª. Drª Maria Cristina dos Santos Medeiros Membro UFRN ______________________________________________________ Profª Ms Diana Ferreira Gadelha de Araújo Membro UFRN DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho aos meus pais, Magna e Lucildo, em agradecimento a todo o apoio dado desde o início dessa minha trajetória. Sem eles, nada disso seria possível. Obrigada por tudo. AGRADECIMENTOS É com enorme satisfação que eu finalizo uma das etapas mais importantes da minha vida, apresento o meu trabalho de conclusão de curso e encerro a minha graduação em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me permitir estar vivendo esse sonho, por nunca me abandonar nas horas difíceis e por me proporcionar tantos momentos de alegria. Ele é o maior dos mestres que eu poderia ter. Agradeço infinitamente aos meus pais, que sempre me deram todo o apoio desde que eu pensei em prestar vestibular para Odontologia, e me deram a força e tudo o que foi necessário para continuar nessa jornada. À minha mãe, Magna, minha guerreira, meu exemplo de mulher, de caráter e honestidade, eu só tenho a dizer que apesar das áreas serem distintas, eu almejo ser uma profissional com pelo menos parte do prestígio e respeito que ela tem. Sou extremamente orgulhosa em tê-la como mãe. Ao meu pai, Lucildo, um homem batalhador, determinado e que sempre correu em busca dos seus ideais. Faz de tudo para ver seus filhos trilharem seus caminhos pra que sejam felizes seguindo suas carreiras independentemente das circunstâncias. Meu orgulho como pai. Um casal que se completa e que criam seus filhos da melhor forma possível, com todo o cuidado, amor e incentivo que nós precisamos. Eu só tenho a agradecer a isso. Sem eles eu jamais estaria aqui. Aos meus avós maternos, Rejane e Evangelista, exemplo de pais, obrigada por todo o carinho e amor incondicional que sempre me deram, o que foi essencial para a realização de mais esse sonho. À minha avó paterna, exemplo de vida, Sílvia, que infelizmente veio a falecer durante a minha graduação, mas que está lá do céu olhando e orando para mim. Só tenho a agradecer a vocês. Ao meu irmão Lucas, que apesar de morar do outro lado do mundo, é extremamente presente na minha vida. Onde se tem amor, 17.000 km de distância não é nada. Não é a toa que ele está aqui para me prestigiar nesse momento tão importante, como ele sempre fez. Obrigada por todo o apoio, por todas as vibrações com minhas conquistas e por ser o melhor irmão que eu poderia ter. Ao meu namorado Daniel, que há tantos anos compartilhamos as nossas vitórias juntos, apoiando um ao outro, sempre me acalmando nos momentos de estresse, me abraçando nos momentos difíceis e comemorando nos momentos de alegria. Nunca mediu esforços para me ajudar, e está sempre disposto a fazer o melhor por mim. Sem dúvidas, é a pessoa com o coração mais bonito que eu já conheci. Eu só tenho a agradecer por Deus ter te colocado na minha vida. Agradeço a todos os meus familiares, por estarem sempre ao meu lado, comemorando as minhas conquistas, especialmente a Cal, a minha segunda mãe, pelo amor indescritível e por todo o cuidado que sempre teve comigo. Agradeço a todos os meus mestres, pelos ensinamentos passados, pela paciência, pelo apoio e por sempre acreditarem em mim e me fazerem acreditar que eu posso ir além. Tenho cada um de vocês como exemplos de profissionais. Esse agradecimento vai em especial aos meus orientadores, professor André Dorini e professora Marília Regalado. Marília, um doce de pessoa, eu só tenho a agradecer por estar sempre disposta a me ajudar com sua experiência e paciência. Foi essencial te ter como co-orientadora. Obrigada por estar sempre com um sorriso no rosto e com palavras boas para me dizer. Hoje você mais que uma mestre, é uma amiga, e sempre fará parte da minha história profissional como uma das pessoas mais importantes. Obrigada de coração. E é com muita emoção que agora eu agradeço ao meu orientador André. Sem dúvidas, a pessoa mais importante de toda a minha graduação. Ele não é só o meu orientador de TCC, mas sim meu orientador profissional. Alguém que eu quero levar para o resto da minha vida. Ele fez coisas por mim que poucos professores fariam. Literalmente me adotou como pupila e conseguiu me passar nesse tempo todos os ensinamentos possíveis, não só de Odontologia, mas de vida. Um guerreiro que não mede esforços para fazer o que mais ama, ensinar. E consegue. Devo muito do que eu sei hoje a ele. Obrigada, você sempre será importantíssimo na minha vida, e eu serei eternamente grata, não tenha dúvidas. Mas nossa jornada não termina por aqui, ainda vamos fazer muita coisa juntos, se Deus quiser. Agradeço toda a paciência, todo o carinho, todos os ensinamentos e toda a disponibilidade que você sempre teve e incluo nisso os seus pais, Maria José e Luiz Alfredo, pessoas maravilhosas que nos ofereceram a sua casa em Fortaleza para que pudéssemos ficar enquanto fazíamos a parte experimental do nosso trabalho na UFC. Tenho todos no meu coração como minha família. Por fim, agradeço as duas universidades que me apoiaram nessa pesquisa. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que me proporcionou uma graduação de excelência, e a Universidade Federal do Ceará, que nos cedeu o laboratório do departamento de Odontologia, para que nós pudéssemos fazer todo o experimento do nosso trabalho lá, com total apoio do Professor Vicente Saboia, o qualeu não tenho palavras pra agradecer a sua disponibilidade em ajudar, assim como a dos seus alunos, que nos ajudaram arduamente durante todos os dias que estivemos fazendo o experimento. Obrigada a todos. Sem dúvidas, cada um de vocês foram especiais para a minha formação. “ Para ser bem-sucedido no trabalho, a primeira coisa a fazer é apaixonar-se por ele. ” Mary Lauretta RESUMO Objetivo: Avaliar a resistência de união de um sistema adesivo autocondicionante à dentes irradiados. Materiais e métodos: 24 terceiros molares, dos quais 12 foram aleatoriamente expostos à radiação, foram preparados a partir da remoção do esmalte oclusal, expondo então uma superfície plana de dentina. O sistema adesivo Single Bond Universal (3M) foi aplicado em cada grupo de acordo com as instruções do fabricante. Em seguida, foi acrescentado dois incrementos de resina composta Filtek Z350 XT ou Aura, de 2 mm, fotopolimerizados por 20s cada, de acordo com as instruções do fabricante. Os corpos de prova foram hemi-seccionados originando espécimes em forma de palito. Para avaliação da resistência de união, foi feito um teste de microtração, utilizando a máquina EMIC DL – 2000 (EMIC, Brazil) com célula de carga de 500N, e velocidade de microtração de 0,5mm/min. Resultados: Não houve diferença estatística significante entre a resistência de união de dentes que foram ou não expostos à radiação e que utilizaram um sistema adesivo autocondicionante. Conclusão:Embora as doses de radiação aplicadas causem um aumento da dureza superficial do esmalte e também alterações na morfologia dos túbulos dentinários, essas alterações nada interviram na resistência de união. Palavras-chave: Adesividade, radioterapia, resinas compostas. ABSTRACT Objective: To evaluate the bond strength of a self-etching adhesive system to the irradiated teeth. Materials and methods: third molars 24, 12 of which were randomly exposed to radiation, were prepared from the removal of occlusal enamel, then exposing a flat dentin surface. The Single Universal Bond adhesive system (3M) was applied to each group according to the manufacturer's instructions. Then it was added in two increments of composite resins Filtek Z350 XT or Aura, 2 mm, light cured for 20s each, according to the manufacturer's instructions. The samples were hemi-sectioned specimens originating shaped toothpick. To evaluate the bond strength a microtensile test was done using the machine EMIC DL - 2000 (EMIC, Brazil) with 500N load cell, and microtensile speed of 0.5 mm / min. Results: There was no statistically significant difference between the bond strength of teeth that were or were not exposed to radiation and who used a self-etching adhesive system. Conclusion: Although the applied radiation doses cause an increase in enamel surface hardness and also changes in the morphology of the dentinal tubules, these changes nothing intervened in bond strength. Keywords: Adhesiveness, radiotherapy, composite resins. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11 2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 13 3 RESULTADOS .................................................................................................... 15 4 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 16 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 18 6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 19 7 ANEXOS ................................ ............................................................................ 22 11 1 INTRODUÇÃO A cada ano, aproximadamente 500.000 novos casos de câncer de cabeça e pescoço (CCP) são diagnosticados no mundo. O tratamento de escolha consiste em cirurgia, radiação, e combinação de cirurgia/radiação [1]. A intensificação da radioterapia no câncer de cabeça e pescoço levou a melhoras significativas no controle do tumor e no aumento da sobrevida desses pacientes. Nos casos em que a radiação é parte da terapia, esta pode ser aplicada antes ou após a cirurgia, ou mesmo ser o único tratamento. No entanto, esta radioterapia, além de causar a morte das células neoplásicas, afeta também as células normais, originando, por vezes, severas complicações, muitas das quais na cavidade oral [2]. Entre as consequências clínicas orais mais comuns da radioterapia estão: hiposalivação, mucosite, perda do sabor, trismo, osteorradionecrose e cáries de radiação. O risco da deterioração dental pelo início repentino das cáries rampantes de radiação e a osteorradionecrose são ameaças ao longo da vida. São nesses efeitos colaterais tardios que estão incluídas a severa e debilitante destruição da dentição associada à perda da função mastigatória, que interfere na ingestão nutricional e nas atividades sociais diárias do paciente [3]. As doses de tolerância dos tecidos sadios se concentram em torno de 60 Gy, e a sensibilidade dos tecidos tumorais varia de 30 a 60 Gy 7. A dose clínica de radiação varia entre 40 a 70 Gy, fracionada geralmente em doses diárias de 1,8 a 2 Gy, num período de quatro a sete semanas, de acordo com o planejamento terapêutico [4]. Tais doses de radiação podem causar efeitos diretamente sobre os tecidos duros do dente (esmalte e dentina), as quais podem levar a alterações morfológicas na constituição do mesmo e eventualmente interferir na maneira como estes tecidos reagem ao processo de união aos materiais restauradores adesivos [5-12]. 12 Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da irradiação com Cobalto 60 (Co-60) sobre a resistência de união de um sistema adesivo autocondicionante em dentina. A hipótese nula testada é de que a irradiação não interfere na resistência de união em dentina. 13 2 MATERIAIS E MÉTODOS Neste estudo foram utilizados 24 terceiros molares provenientes do Setor de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Departamento de Odontologia da UFRN, mediante parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa CAEE nº 45188415.7.0000.5537. Os dentes extraídos foram armazenados em timol 0,5% até o momento de serem usados, com o objetivo de evitar crescimento bacteriano e alterações na morfologia do substrato. Foram lavados com água e sabão, raspados com curetas periodontais e receberam profilaxia com pedra pomes e água, realizada com escova de Robinson em baixa rotação [13]. Após isso, foram divididos aleatoriamente em dois grupos principais, um exposto à radiação e outro não exposto, e então subdivididos em 04 grupos (n=6), de acordo com o tratamento recebido, conforme o quadro 1: Quadro 1 - Grupos de estudo: IRRADIADO NÃO IRRADIADO Filtek Z350 + Single Bond Universal (n=6) Z350 XT Aura + Single Bond Universal (n=6) AURA Filtek Z350 + Single Bond Universal (n=6) Z350 XT Aura + Single Bond Universal (n=6) AURA Aleatoriamente, 12 dentes foram expostos a irradiação com Co-60 em aparelho de telecobaltoterapia (Theraton 780, Ottawa, Canada) no Centro Avançado de Oncologia da Liga Norte Rio-Grandense contra o Câncer (LNRGCC). Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA TRS 398), o meio padrão para calibração do feixe de radiação é a água [14]. Conforme o modelo linear quadrático, os dentes foram imersos em 1,5 cm de água destilada, em um campo de 18x27cm, distância da fonte de 80 cm para o campo 10/10 e profundidade de 0,5 cm, totalizando 70,13 cGy/min. O tempo total de irradiação foi de 27,6 minutos, gerando uma dose única total de 1935,588 cGy. Tal dose corresponde a uma Dose Biológica Efetiva (BED) total similar àquela obtida com 35 ciclos diários de 2000 cGy [15]. 14 Uma vez que o substrato escolhido foi a dentina, o terço médio do esmalte oclusal da coroa dental foi seccionado perpendicularmente ao seu longo eixo através do corte de um disco diamantado acoplado a uma máquina de corte de precisão (Struers Minitom, Compenhagen, Denmark) sob refrigeração, expondo assim, uma superfície plana de dentina [16]. Em seguida, a dentina foi planificada, utilizando lixas de carbeto de silício (Bosch, Gerlingen, German) de granulação decrescente 100 e 600, com refrigeração abundante em água, em baixa velocidade (100 RPM). O sistema adesivo AdperSingle Bond Universal (3M ESPE, St. Paul, Minnesota, USA) foi aplicado em cada grupo de acordo com as instruções do fabricante. Em seguida, acrescentou-se dois incrementos de resina composta, Filtek Z350, cor EA2 (3M ESPE, St. Paul, Minnesota, USA) ou Aura, cor DC3 ou DC4 (SDI, Bayswater, Victoria, Australia), de 2 mm, fotopolimerizados (DB 685; Dabi Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil) por 20s cada, de acordo com as instruções do fabricante. A potencia do LED, aferida por radiômetro, foi de 1625 mW/cm2. Após confecção dos corpos de prova, os dentes foram armazenados em água destilada por 24h em estufa a 37°C. Em seguida, foram feitas 3 secções paralelas ao longo eixo do dente no sentido vestíbulo-lingual, e 4 secções no sentido mésio-distal, gerando corpos de prova em formato de palito [17]. Para avaliação da resistência de união, foi utilizada a máquina EMIC DL – 2000 (EMIC, São José dos Pinhais, Paraná, Brazil) com célula de carga de 500N, e velocidade de microtração de 0,5mm/min[18]. O teste estatístico utilizado para a verificação da resistência de união para os grupos testados foi ANOVA dois fatores. 15 3 RESULTADOS Tabela 1 – Média e desvio padrão para os valores de resistência de união (MPa) para as resinas compostas testadas: Tratamento Resina SBU Irradiado Z350 32,20 (±11,96)A Aura 35,76 (±6,75)A Controle Z350 38,37 (±16,9)A Aura 34,32 (±7,5)A Letras iguais indicam ausência de diferenças estati camente significativas ( α=5%) Não houve diferenças na resistência de união das resinas Aura e Z350 ao adesivo autocondicionante Single Bond Universal, independente dos dentes terem sido irradiados previamente ou não. 16 4 DISCUSSÃO Esse estudo demonstrou que não houve diferença estatística entre os grupos irradiados e não irradiados, sendo então aceita a hipótese nula do trabalho. É observado na literatura que pacientes que receberam tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço apresentam um meio bucal extremamente desafiador para a odontologia restauradora, uma vez que podem apresentar elevados índices de cáries, deterioração e falha das restaurações[19-21]. Em estudos realizados por Hu et al. (2002) [19], Hu et al. (2005) [20] e Mc Comb et al. (2002) [21] foi observado que a causa mais comum das falhas de diversos materiais dentários restauradores em dentes de pacientes irradiados foi o deslocamento do material, sendo que cáries secundárias não foram encontradas nas margens das restaurações que se soltaram. Esses sinais clínicos nos fazem acreditar que o embricamento micromecânico entre a superfície dentária e o material restaurador pode estar prejudicado, gerando uma menor retenção e consequentemente menor longevidade das restaurações, independentemente da ação de cáries secundárias. Springer et al. (2005) [22] relatam que a radiação pode exercer efeito destrutivo direto nos tecidos dentais mineralizados, em especial na junção amelo-dentinária, embora tenham conseguido demonstrar destruição radiogênica do colágeno apenas em tecido pulpar de dentes humanos. Eles mostraram também que a irradiação não afeta mensuravelmente a extensão da destruição de colagéno mineralizado de tecido dental, o que pode estar relacionado com a relativamente baixa concentração de proteína presente na dentina e esmalte. Segundo Walker (1975) [23], em seu estudo os resultados sugeriram que a irradiação terapêutica não afeta significativamente a susceptibilidade de dentes à desmineralização in vivo. Contudo, suas observações não excluem 17 outros possíveis efeitos diretos da radiação, como o aumento da fragilidade dos dentes causada pela degradação de proteínas. Em relação a microdureza da dentina, Golçalves et al. (2014) [24] constataram que os valores de microdureza da dentina diminuiu após doses de radiação cumulativa de 10 , 20 , 30 , 50 e 60 Gy em comparação com a dentina não irradiada. Já relacionado a microestrutura, na dentina de dentes não irradiados houve um aumento na alterações morfológicas após doses de radiação de 30 e 60 Gy em todas as regiões analisadas em comparação com a dentina não irradiada . Alterações na dentina intertubular, peritubular e intratubular puderam ser observadas como a radiação em doses aumentadas. Utilizando doses de 30 Gy, fissuras na estrutura dentinária tornou-se evidente a 10.000 e 20.000 ampliações. Com dose de radiação cumulativa de 60 Gy, os túbulos dentinários ficaram destruídos. As fibras colágenas foram gradualmente fragmentadas com o aumento das doses de radiação. A dureza reduzida de dentina irradiada não parece também ter influência sobre a resistência de união em dentina[25-26]. Além disso, Fisher et al. (1971) [27] não conseguiu provar neste estudo uma influência do colapso da matriz de colágeno de dentina após a irradiação. Ao utilizar a microscopia eletrônica de varredura, Kielbassa et al. (1998) [28] não encontraram diferenças entre espécimes de dentina irradiada e não irradiada. Esta pode ser outra razão para os achados no nosso estudo. Alterações na dureza, estrutura cristalina e matriz de colágeno, pode não influenciar na resistência de união de sistemas adesivos dentinários. Os dados obtidos com a pesquisa aqui relatada corroboram, portanto, com a literatura consultada. No entanto, dentro das limitações do estudo, há outras variáveis que podem influenciar no processo de adesão, como por exemplo, o substrato dental e o envelhecimento das restaurações. Assim sendo, trabalhos adicionais são necessários avaliando outros tipos de substratos e utilizando metodologias de ciclagem térmica ou mecânica, para tentar simular tais situações. 18 5 CONCLUSÃO Baseado nos resultados desse estudo, pode-se concluir que a irradiação não promoveu alteração na resistência de união de um sistema adesivo autocondicionante. 19 6 REFERÊNCIAS 1. Bruno CJ, Patricia MR, Erika LM, Renata CL, Andre LC, Mark AS, Addah RF (2008) Oral health status of 207 head and neck cancer patients before, during and after radiotherapy. Clin Oral Investig, 12: 19-24. 2. Al-Nawas B et al. (2000) Using Ultrasound Transmission Velocity to Analyse the Mechanical Properties of Teeth After In Vitro, In Situ, and In Vivo irradiation. Clin Oral Investig 4: 168.172. 3. Monteiro L, Barreira E, Medeiros L (2005) Osteorradionecrose dos Maxilares. Rev Port de Estomatol Med Dent Cir Maxilofac 46: 49-62. 4. Mohammadi N et al. 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Restauração em dois incrementos de resina composta na superfície de dentina. 24 Corte dos dentes em palitos formando os corpos de prova. Teste de microtração dos corpos de prova.
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