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Prévia do material em texto

Economia Brasileira 
Contemporânea
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Júlio Cesar Gomes 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização 
dos Governos Militares
• O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização 
dos Governos Militares
• A Primeira Fase (1964 a 1967)
• A Segunda Fase (1968 a 1973)
 · Descrever o cenário econômico após o Golpe de 1964;
 · Analisar as principais medidas do PAEG;
 · Caracterizar as ações de reforma estrutural do sistema financeiro, 
tributário e das relações de trabalho; 
 · Analisar os principais aspectos do “Milagre Brasileiro”;
 · Descrever as principais medidas do PED; 
 · Analisar o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND);
 · Caracterizar o efeito do Choque do Petróleo;
 · Caracterizar os efeitos da alta de juros de 1982;
 · Caracterizar as medidas de ajuste recessivo, anti-inflacionária.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Golpe de 1964 e os Planos de 
Estabilização dos Governos Militares
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Contextualização
Alguns mecanismos das políticas econômicas determinadas no período militar 
foram herdados pela Nova República, após a Abertura, em 1985, alinhando-se com 
a perspectiva desenvolvimentista inaugurada na era Vargas e ainda permanecem 
para muitos como estratégias válidas para promover o capitalismo no País.
Assista à reportagem exibida por meio do link abaixo, para conhecer o legado 
do período militar.
50 anos do Golpe Militar. O “Milagre Econômico” e o legado
https://youtu.be/rvhA95tPMuIEx
pl
or
8
9
O Golpe de 1964 e os Planos de 
Estabilização dos Governos Militares
A estabilidade política do período militar foi mantida por um regime de exceção, 
instituído pelo golpe militar que depôs o então presidente João Goulart em 31 de 
março de 1964 (GIAMBIAGI, 2011). 
No que tange ao desempenho da economia, a primeira metade do período 
militar, de 1964 a 1973, caracterizou-se pela busca de estabilização econômica 
e política e intenso crescimento econômico, englobando duas fases distintas: 
1964 a 1967 e 1968 a 1973.
O período de 1964-73 abrigou três mandatos de presidentes militares: Humberto 
Castello Branco (1964-66), Arthur da Costa e Silva (1967-69) e Emílio Garrastazu 
Médici (1969-73). 
Fonte: commons.wikimedia.org
No governo Castello Branco, o modelo de política econômica foi estabelecido 
pelo ministro do Planejamento Roberto Campos e por Octávio Bulhões, o Ministro 
da Fazenda. Ambos eram economistas de perfil ortodoxo. Foram empossados 
em abril de 1964 e permaneceram até o fim da gestão de Castello Branco. 
Fonte: Adaptado de puggina.org
9
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
No diagnóstico apresentado em fins de abril de 1964, em documento reservado, 
intitulado “A Crise Brasileira e Diretrizes de Recuperação Econômica”, Roberto 
Campos apontou duas linhas principais de ação para a superação da crise: 
 · O lançamento de um plano de emergência destinado a diminuir e eliminar 
a inflação (que veio a ser o PAEG);
 · O lançamento de reformas estruturais na área fiscal e financeira.
Roberto Campos (Bob Fields) fala sobre o “golpe” de 1964
https://youtu.be/UKu4CFfnlgcEx
pl
or
Deste modo, na gestão de Castello Branco, a política econômica teve os 
seguintes objetivos:
 · O combate gradual à inflação;
 · A expansão das exportações;
 · A retomada do crescimento. 
No entanto, devido ao desequilíbrio monetário e externo, a política econômica 
dos governos militares foi inicialmente restritiva. Apenas a partir de 1967-68, a 
retomada do crescimento econômico tornou-se a meta principal.
No que tange ao desempenho da economia, o período de 1964 a 1973 englobou 
duas fases distintas:
A Primeira Fase (1964 a 1967)
Caracterizou-se pelo ajuste conjuntural e estrutural da economia para conter 
o processo inflacionário, o desequilíbrio externo e a estagnação econômica. 
Neste contexto, a economia brasileira apresentou um comportamento do tipo 
stop and go, embora o crescimento médio do PIB tenha sido razoável (4,2% ao 
ano). Outro aspecto importante foi a realização de reformas estruturais, como a 
reforma tributária e financeira.
Roberto Campos considerava que as causas da inflação eram os déficits gover-
namentais e a contínua pressão salarial. Os déficits fomentavam a expansão dos 
meios de pagamento que, por sua vez, estimulava os aumentos de salários. 
Esse diagnóstico determinou as seguintes medidas corretivas estabelecidas 
pelo PAEG:
 · Um programa de ajuste fiscal, com base em metas de aumento da 
receita (via aumento da arrecadação tributária e de tarifas públicas) e de 
contenção (ou corte, em 1964) de despesas governamentais;
 · Um orçamento monetário que previa taxas decrescentes de expansão dos 
meios de pagamentos; 
10
11
 · Uma política de controle do crédito ao setor privado pela qual o crédito 
total ficaria limitado às mesmas taxas de expansão definidas para os 
meios de pagamento; 
 · Um mecanismo de correção salarial no qual as revisões salariais nor-
teadas pelo critério da manutenção, durante o período de vigência de 
cada reajustamento, do salário real médio verificado no biênio anterior, 
acrescido de porcentagem correspondente ao aumento de produtividade 
(GIAMBIAGI, 2011).
As metas do PAEG para a inflação indicavam uma estratégia do tipo gradualista. 
O Plano não visou a suprimir o processo inflacionário em curto lapso de tempo, 
mas apenas a atenuá-lo ao longo de três anos, admitindo ainda uma inflação de 
dois dígitos (10%) no terceiro ano.
A opção pelo gradualismo foi justificada no PAEG com base no argumento de 
que havia a necessidade de uma “inflação corretiva” que evitasse uma grave crise 
de estabilização.
GAMBIAGI, Fábio; VILELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer. Economia 
brasileira contemporânea. (1945-2010). Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.Ex
pl
or
Por sua vez, as Reformas Estruturais tiveram por foco a estrutura tributária 
e a financeira.
A Reforma Tributária visava aumentar a arrecadação do governo através do 
aumento da carga tributária da economia e da racionalização do sistematributário. 
Nesse sentido, tinha como objetivo reduzir os custos operacionais da arrecadação, 
eliminando os impostos de pouca relevância financeira e definindo uma estrutura 
tributária capaz de incentivar o crescimento econômico. 
Para tal, as principais medidas implementadas foram:
a) Instituição da arrecadação de impostos através da rede bancária; 
b) Extinção dos impostos do selo (federal), sobre profissões e diversões públicas 
(municipais); 
c) Criação do ISS (Imposto Sobre Serviços), a ser arrecadado pelos municípios; 
d) Substituição do imposto estadual sobre vendas, incidente sobre o faturamento 
das empresas, pelo ICM (Imposto Sobre a Circulação).
Por sua vez, a Reforma Financeira pretendeu complementar o Sistema 
Financeiro Brasileiro (SFB), constituindo um segmento privado de longo prazo no 
Brasil cujos mecanismos de financiamento fossem capazes de sustentar o processo 
de industrialização já em curso, e de forma não inflacionária. 
11
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Inicialmente, a Reforma Financeira teve que reorganizar o funcionamento do 
mercado monetário, o que foi feito com a criação de duas novas instituições: 
 · O Banco Central do Brasil (Bacen), como executor da política monetária;
 · O Conselho Monetário Nacional (CMN), com funções normativas e 
reguladoras do SFB.
Para viabilizar esse modelo, foi necessário ainda estabelecer outras medidas: 
 · Definição de regras claras de funcionamento do mercado de capitais;
 · Dotação das instituições financeiras, bem como as empresas interessadas 
no financiamento direto, de condições de acesso a recursos de longo prazo;
 · Ampliação do grau de abertura da economia ao capital externo, de risco, 
por meio de investimentos diretos, e, principalmente, de empréstimo. 
Importante!
Até meados da década de 1960, o sistema financeiro brasileiro constituía-se, basicamente, 
de quatro tipos de instituições: bancos comerciais privados e financeiras, que realizavam 
a provisão de capital de giro para as empresas; caixas econômicas federais e estaduais, 
voltadas para o crédito imobiliário; e bancos públicos (Banco do Brasil e Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico - BNDE), que eram os únicos que atuavam na intermediação a 
prazos mais longos. Instituições não bancárias, embora existissem, tinham papel secundário 
no mercado financeiro do Brasil anterior a 1964.
A carência dessas instituições e instrumentos tornou-se evidente durante o Plano de 
Metas de JK, cujo financiamento teve como fonte predominante a emissão de moeda, 
algumas fontes fiscais ou parafiscais e o capital externo. A emissão de moeda era uma 
forma de financiamento de natureza inflacionária, na medida em que os recursos 
novos criados pelo governo não retornavam como poupança financeira, mas a partir de 
depósitos à vista, disponíveis para gasto imediato. 
A reforma financeira estabelecida pela lei nº 4595, de 31/12/1964 foi importante porque 
até então o Brasil não tinha um Banco Central. De fato, antes de 1945, o Banco do Brasil 
- um banco comercial - funcionava também como um banco central. Em 1945, foi criada 
a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), dirigida por um Conselho presidido 
pelo Ministro da Fazenda, que seria o precursor do futuro banco central.
A SUMOC era responsável pela formulação da política monetária, mas na prática, não 
possuía o controle da sua execução, que era realizada por vários órgãos: i) Banco do 
Brasil através de suas Carteiras de Redesconto (CARED), de Câmbio e Comércio Exterior 
(CACEX); ii) da Caixa de Mobilização Bancária (CAMOB), uma instituição administrada 
pelo diretor da CARED; e da Caixa de Amortização, do Ministério da Fazenda. A Caixa de 
Amortização emitia moeda, demandada pela CARED ou pela CAMOB, após a autorização 
do Conselho da SUMOC.
BARBOSA, Fernando de Holanda. O Sistema Financeiro Brasileiro. 
https://goo.gl/Wi34Z5
Você Sabia?
12
13
As principais estratégias criadas para atrair os recursos necessários foram 
os seguintes: 
1. Regulamentação de alguns tópicos da Lei no 4.131 (de 1962), a fim de permitir 
a captação direta de recursos externos por empresas privadas nacionais; 
2. Resolução 63 do Bacen, que regulamentou a captação de empréstimos exter-
nos pelos bancos nacionais para repasse às empresas domésticas; 
3. Mudança na legislação sobre investimentos estrangeiros no País, para facilitar 
as remessas de lucros ao exterior, tornando o mercado brasileiro mais compe-
titivo na captação de investimentos diretos;
4. Criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que veio substituir 
o regime de trabalho vigente nos anos de 1960, que garantia a estabilidade do 
trabalhador no emprego após dez anos de serviço no mesmo estabelecimento.
O fundo de garantia por tempo de serviço — FGTS
O FGTS é um fundo formado por depósitos mensais, por parte do empregador, em nome de 
cada trabalhador, de valor inicial equivalente a 8% dos respectivos salários nominais. Com o 
FGTS, as empresas ganharam o direito de demitir funcionários a qualquer momento. Em caso 
de demissão ou em algumas situações especiais (como a compra de imóvel, por exemplo), 
os recursos poderiam ser liberados para o trabalhador. A ideia era que a fl exibilização do 
mercado de trabalho, permitida pelo Fundo, não estimularia as demissões, gerando uma 
maior quantidade de contratações de empregados, na medida em que diminuía o risco e 
os custos de longo prazo do emprego para os empregadores. Infelizmente, não é possível 
avaliar quantitativamente essa hipótese. Isso exigiria alguma forma de comparação entre 
as taxas de desemprego antes e depois do FGTS. Contudo, a pesquisa de emprego do IBGE só 
teve início na década de 1980.
DIZ, Rosangela Maria Kraviski Grainert. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. ANIMA: 
Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET. Curitiba PR - Brasil. Ano IV, nº 9, 
jan/jun 2013. ISSN 2175-7119.
https://goo.gl/35RT39
Ex
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Em março de 1967, o professor de Economia da USP, Antônio Delfim Netto, 
tornou-se ministro da Fazenda. Delfim Netto manteve, em linhas gerais, a política 
de combate gradual à inflação, mas imprimiu uma mudança de ênfase da política 
econômica em dois aspectos: 
1. O controle da inflação passou a enfatizar o componente de custos, em vez 
da demanda, já que a economia operou em ritmo de stop and go nos três 
anos do governo Castello Branco.
2. O combate à inflação foi associado às políticas de incentivo à retomada do 
crescimento econômico.
13
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
A Segunda Fase (1968 a 1973)
O crescimento econômico que ocorreu durante o período de 1968-73 retomou 
e complementou o processo de difusão da produção e consumo de bens duráveis, 
iniciado com o Plano de Metas de JK. 
Em 1968, a economia brasileira inaugurou uma fase de crescimento vigoroso, 
que se estendeu até 1973. Este período caracterizou-se por uma política monetária 
expansiva e pela intensificação da atividade econômica, a uma média anual de 
11,1%, liderado pelo setor de bens de consumo durável e, em menor escala, pelo 
de bens de capital. A taxa de investimento, que ficou estagnada em torno de 15% 
do PIB no período de 1964-67, subiu para 19% em 1968 e encerrou o período 
com pouco mais de 20%. Houve também a gradual redução da inflação e do 
desequilíbrio externo.
Extraído de: https://goo.gl/fQne7z
Ex
pl
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Neste período, a política econômica foi marcada pelo Plano Estratégico de 
Desenvolvimento (PED), lançado em meados de 1968, cujas prioridades eram: 
1. A estabilização gradual dos preços, mas sem a fixação de metas explícitas 
de inflação; 
2. O fortalecimento da empresa privada, visando à retomada dos investimentos; 
3. A consolidação da infraestrutura, a cargo do governo; 
4. A ampliação do mercado interno, visando a sustentação da demanda de 
bens de consumo, especialmente dos bens duráveis. 
Do ponto de vista técnico, a ausência de metas explícitasde inflação no 
PED favoreceu a implementação de políticas de crescimento, assim como a 
adoção da política de minidesvalorizações cambiais a partir de 1968. Neste caso, 
buscava-se evitar que a inflação (ainda na casa dos dois dígitos) provocasse uma 
defasagem cambial que viesse a prejudicar a balança comercial e, indiretamente, 
a atividade econômica. 
O PED foi um plano mais “desenvolvimentista” que do que o PAEG, embora 
buscasse manter o combate gradual à inflação. Utilizava investimentos públicos e 
políticas propícias à recuperação dos investimentos privados. A diminuição prévia 
da inflação nos anos anteriores facilitou a adoção de um plano dessa natureza em 
1968, assim como a sua continuidade no governo Médici (1969-73).
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“Com o afastamento de Costa e Silva, a mesma orientação de política econômica foi mantida 
no governo Médici (1969-73). No campo político, porém, o período marca uma fase de nítida 
radicalização do regime autoritário. Em resposta às inúmeras manifestações contrárias ao 
regime militar desde 1964, em dezembro de 1968, o governo Costa e Silva decretou o AI-5 
(Ato Institucional no 5), que suspendeu as garantias constitucionais, fechou o Congresso 
por tempo indeterminado e cassou mandatos de políticos opositores ao regime. Ao AI-5 
seguiu-se um longo período, conhecido como “anos de chumbo”, marcado por prisões 
arbitrárias (e sem qualquer direito de defesa por parte do acusado), torturas e deportações 
de cidadãos considerados “subversivos da ordem” — leia-se, críticos ao regime autoritário. 
Esse ambiente político favoreceu, indiretamente, a política antiinfl acionária do governo, 
calcada no controle direto de preços e na contenção dos salários reais. “
GAMBIAGI, Fábio; VILELA, André; CASTRO, Lavínia Barros de; HERMANN, Jennifer. Economia 
brasileira contemporânea. (1945-2010). Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p. 65).
Ex
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Em 1968, propulsionada pelo PED, a economia brasileira iniciou uma fase de 
intenso crescimento que se estendeu e se acelerou até 1973 - o “Milagre Brasileiro”.
Essa façanha foi tornada possível por algumas condições econômicas e políticas 
favoráveis, que foram aproveitadas com êxito pelo governo.
As condições econômicas e políticas favoráveis ao “Milagre econômico” foram 
as seguintes:
1. A existência de capacidade ociosa na economia, fruto da debilidade 
econômica da fase anterior; 
2. Ampla liquidez no mercado internacional; 
3. O regime autoritário vigente, que eliminava a contestação social e os lobbies 
dos grupos de interesse; 
4. A “simpatia” americana pelo regime. 
Para aproveitar tais condições, o governo implementou um conjunto de medidas:
1. A adoção do controle de preços (inclusive salários); 
2. A política de juros tabelados (em níveis baixos); 
3. A política de crawling peg para o câmbio (baseada em minidesvalorizações 
cambiais, de acordo com a inflação), que evitou movimentos bruscos da 
taxa de câmbio real, estimulando as exportações e, indiretamente, o nível de 
atividade econômica; 
4. A política deliberada de captação de recursos externos que favoreceu o 
controle do câmbio e o financiamento da expansão econômica.
15
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Fonte: gazetadopovo.com.br
A seguir, o choque dos preços do petróleo entre 1973-74 deu início a uma 
longa fase de dificuldades para a economia brasileira, pois estabeleceu restrições 
externas de bens de capital e de insumos industriais, além de subir os preços 
dos combustíveis.
Em resposta, o modelo de ajuste estrutural implementado no governo Geisel 
(1974-78) teve como objetivo fomentar a produção nacional de bens cruciais ao 
crescimento econômico. 
O ajuste externo adotado no governo Geisel foi do tipo estrutural, materializado 
no II PND, em meados de 1974. Tratava-se de um ousado plano de investimentos 
públicos e privados (incentivados por políticas específicas), a serem implementados 
ao longo do período de 1974-79 para promover o desenvolvimento econômico.
Os novos investimentos eram dirigidos aos setores estratégicos para o crescimento 
da economia brasileira: infraestrutura, bens de produção (capital e insumos), energia 
e exportação. 
No primeiro, o objetivo era a ampliação da malha ferroviária, da rede de teleco-
municações e da infraestrutura para produção e comercialização agrícola, visando 
ampliar a oferta para o mercado interno e para exportação. No segundo, o foco 
do II PND eram os segmentos de siderurgia, química pesada, metais não ferrosos e 
minerais não metálicos. 
Por sua vez, no terceiro, os investimentos planejados se dirigiam aos seguintes 
vetores econômicos:
 · Pesquisa, exploração e produção de petróleo e derivados; 
 · Ampliação da capacidade de geração de energia hidrelétrica; 
 · Desenvolvimento de fontes de energia alternativas aos derivados de 
petróleo, com ênfase no álcool combustível.
Esse conjunto de iniciativas visava avançar no processo de substituição de importa-
ções e ampliar a capacidade exportadora do País de bens primários, manufaturados 
e semimanufaturados.
16
17
Diante do alto custo e do longo prazo de maturação dos investimentos, e da 
virtual inexistência de mecanismos privados de financiamento de longo prazo no 
Brasil, a viabilização do II PND dependeu de fontes de financiamento público e 
externo. O primeiro apoiou-se no BNDE, a quem coube o financiamento dos 
investimentos privados, com base em linhas especiais de crédito a juros subsidiados. 
Além disso, os investimentos públicos foram financiados por recursos do orçamento 
(impostos) e por empréstimos externos captados pelas empresas estatais, em 
melhores condições de obtenção de crédito do que as empresas privadas.
No campo político, foi promovido por Geisel 
um processo de distensão do regime. Esta aber-
tura política não pretendia afastar os militares 
do poder civil, mas institucionalizá-los através da 
formação de uma base partidária sólida, que fa-
vorecesse a sua legitimação política. Para tal, 
o apoio das elites empresariais do País era es-
tratégico para enfraquecer tanto a linha dura 
militar, quanto os movimentos políticos de es-
querda, presentes no MDB, nos sindicatos e or-
ganizações estudantis, que combatiam o regime 
militar e o modelo de economia capitalista que 
vinha sendo implementado desde 1964.
Nesse contexto, o II PND, atendia, simultaneamente, ao projeto de desenvol-
vimento econômico e ao projeto de poder do governo militar: “Em suma, uma 
resposta ortodoxa à crise [de 1974] conduziria a restrições econômicas imediatas, 
acirraria os conflitos distributivos e reduziria muito as possibilidades de o governo 
promover com sucesso a ‘distensão’ política em que se empenhava” (SALLUM JR., 
1996, p. 51).
Na verdade, no governo Geisel, embora a preocupação com o processo infla-
cionário estivesse presente, o objetivo era vencer os desafios do desenvolvimento 
econômico. No que tange à inflação, o governo apenas conseguiu evitar a sua ace-
leração. Quanto ao PIB, embora abaixo da meta anunciada e apresentando uma 
desaceleração no biênio 1977-78, a taxa média anual de crescimento no governo 
Geisel foi ainda bastante elevada: 6,7%.
O II PND gerou ou seguintes efeitos entre as décadas de 1970 e 1980: 
1. A substituição do petróleo na matriz energética brasileira: o peso do 
petróleo importado no consumo final de petróleo no Brasil, que foi crescente 
até 1979, quando atingiu 86%, caiu para 77% em 1983 - na pauta de 
importações, porém, o peso dos combustíveis (derivados de petróleo) só 
começou a ser reduzido de forma importante a partir de 1986. Essa queda 
relativa nas importações de petróleo reflete a substituição do insumo na 
matriz energética brasileira, cuja participação reduziu-se de 43% em 1978 
para 34% em 1983.
Fonte: commons.wikimedia.org
17
UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
2. O aumento das exportações brasileiras: o quantum de exportações 
cresceu continuamente a partir de 1978, à exceção apenasdo ano de 1982, 
no auge da recessão internacional provocada pelo segundo choque do 
petróleo e pelo aumento dos juros externos. A partir desse ano, o crescimento 
real das exportações tornou-se superior às taxas de crescimento real do PIB;
3. O aumento das exportações de bens manufaturados: o peso dos bens 
básicos nas exportações totais reduziu-se de 65% em 1973, para 32% em 
1984. Este declínio foi compensado pelo aumento do peso relativo dos bens 
manufaturados: de 23% para 56% no mesmo período;
4. A tendência à substituição de importações entre 1970 e 1980: por 
exemplo, o peso dos bens de capital importados na FBCF no Brasil reduziu-
se de 12,3% (em média) no período de 1971-73 para 3,5% entre 1981-83.
5. Aumento posterior do endividamento externo: um dos efeitos negativos 
do II PND se deve à ousadia da sua estratégia de endividamento externo, que 
ensejou a posteriori um aumento considerável da dívida pública. Contudo, 
outro fator relevante foi o próprio modelo de ajuste externo adotado nos 
anos 1979-84 para enfrentar os choques externos do período.
A seguir, o general João Figueiredo assumiu a Presidência da República em março 
de 1979 e convidou M. H. Simonsen, ministro da Fazenda no governo Geisel, para 
a pasta do Planejamento - que se tornaria o comando central da política econômica 
na gestão de Figueiredo. No início de 1979, a economia brasileira entrava no 12o 
ano consecutivo de vigoroso crescimento e endividamento externo. 
Ao longo de 1979, ocorreu um segundo choque do petróleo, que teve um efeito 
negativo prolongado sobre a política econômica, devido a dois fatores: 
 · Retração das importações dos produtos nacionais por parte dos países 
industrializados;
 · Racionamento maior de crédito para os países em desenvolvimento. 
O governo passou então a adotar uma estratégia de ajuste recessivo, acompanhan-
do a mudança nas condições estruturais e conjunturais de operação da economia 
brasileira, que incluiu as seguintes medidas:
 · Combinação de ajuste de preços relativos - taxa de câmbio, tarifas públicas;
 · Controle da absorção interna (promovido por uma política de juros 
reais elevados).
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Importante!
Segunda crise do petróleo
“Ficou conhecida como a Segunda Crise ou Segundo Choque do Petróleo o corte na venda 
e distribuição deste item por parte do segundo maior produtor mundial, o Irã, em meio 
à revolução fundamentalista pela qual passou o país em 1979. Nesse ano, o governo 
impopular, notoriamente corrupto e pró-ocidente do xá Reza Pahlevi seria deposto por 
um movimento de cunho moralista e religioso cujo líder era o aiatolá Khomeini, e que é 
importante salientar, não tinha a mesma simpatia pelos países dependentes do petróleo 
como acontecia com os responsáveis pelo regime deposto. Assim, as mudanças no país 
trarão uma enorme turbulência no mercado do petróleo, sendo que pela segunda vez na 
década de 70 (a primeira vez sendo em 1973), o preço do produto, fundamental para o 
funcionamento da economia mundial, vai às alturas, chegando a dobrar o seu original valor 
pós-crise de 1973, isso em janeiro de 1980, fomentada tal escalada ainda pelos temores de 
racionamento energético nos EUA.
Ao contrário do Primeiro choque, este terá maior duração, pois além da paralisação da 
produção logo após a Revolução, o novo governo islâmico fundamentalista irá controlar 
os preços do produto de acordo com a sua orientação político-religiosa. Os Estados 
Unidos, então aliado íntimo do governo do Xá, agora se tornarão os maiores inimigos 
do país, especialmente após o dramático episódio que se seguiu imediatamente à 
revolução: a crise dos reféns da embaixada norte-americana, capturados em meio a 
invasão de tal prédio em Teerã, capital do país, tornaram-se subitamente moeda de 
troca do governo de Khomeini, permanecendo 444 dias sob vigilância armada, com suas 
vidas em potencial risco.
No Brasil, mais uma vez a economia irá sofrer com o novo choque. Se na primeira vez, 
os preços dispararam e a infl ação fi cara fora de controle devido ao imenso desequilíbrio 
que se apresentava na balança comercial nacional, agora o país estava à beira da 
quebra, com as consequências dos desmandos e obras faraônicas do Regime Militar 
afl orando, além dos erros da política energética equivocada do governo, que vinham 
cobrando um alto preço da população com a disparada do preço da gasolina e do diesel 
nas bombas dos postos. Ao menos dessa vez, o novo choque iria produzir uma mudança 
radical na política brasileira com relação aos combustíveis, dando início ao investimento 
no desenvolvimento de alternativas à gasolina, emergindo o álcool combustível como 
solução nos postos de todo o país, e que até hoje subsiste, sendo, porém uma inovação 
a ser ainda propagada ao resto do mundo. “
O Segundo Choque do Petróleo em 1979
https://goo.gl/dSTzcc
Você Sabia?
A combinação desses choques atingiu gravemente os países importadores de 
petróleo, e, em especial, os endividados, tais como o Brasil, pois deteriorou ainda 
mais os termos de troca comercial. 
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UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
O aumento dos juros americanos contribuiu para aumentar seus déficits em 
conta corrente de duas maneiras: 
1. através da retração das importações dos países industrializados, dentre 
os quais estava os Estados Unidos, que sempre tinha sido um comprador 
importante de produtos brasileiros; 
2. através do aumento das despesas com a dívida externa, uma vez que uma 
parte dela significativa era contratada a taxas flutuantes, revistas a cada seis 
meses, indexadas a prime rate. 
Ao mesmo tempo, os juros mais altos dificultavam a captação de novos 
empréstimos pelos países já endividados. Este fato atraía recursos para os países 
industrializados, pois aumentavam o risco atribuído, pelos investidores estrangeiros, 
aos países devedores, porque implicavam maiores despesas com a dívida já 
contratada e maiores custos de “rolagem” da dívida vincenda. Nessas condições, 
a compensação dos déficits em conta corrente por superávits na conta de capital, 
como se fez no Brasil durante o “Milagre”, não era mais possível. 
O resultado desse novo cenário internacional foi o racionamento do crédito para 
os países altamente endividados - a maior parte da América Latina - e a deflagração 
da “crise da dívida” latino-americana. Incapazes de saldar ou de refinanciar as 
elevadas despesas financeiras em dólares, esses países tiveram que declarar 
moratória da dívida externa, tais como o México, em agosto de 1982. À moratória 
mexicana, seguiu-se um longo período de estancamento do fluxo de capital para os 
países em desenvolvimento, bem como de renegociação da dívida externa latino-
americana (caso a caso), que se estendeu até a década de 90.
Este novo contexto exigia do Brasil novas e rápidas medidas de ajuste externo. 
Na visão do Ministro Mário Henrique Simonsen, encarregado de definir a nova 
política econômica, dessa vez, o ajuste recessivo se impunha como única forma 
de controlar o grave desequilíbrio do BP. Porém, como toda política econômica 
restritiva, a implementada pelo ministro gerou críticas e resistências no setor 
privado e até dentro do governo, nas estatais. Essas pressões culminaram com 
a renúncia de Simonsen e a sua substituição por Delfim Netto, que determinou a 
política econômica até o fim do governo Figueiredo.
Fonte: uol.com.br
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O diagnóstico inicial de Delfim Netto foi que o estrangulamento externo que 
afetava a economia brasileira em 1979 se devia a um desajuste de preços relativos 
que distorcia a distribuição dessa demanda entre os diversos setores. 
Na visão de Delfim Neto, diante dos novos choques externos, a taxa de câmbio 
deveria ser corrigida para promover o redirecionamento da demanda em favor dos 
bens de produção doméstica e estimular as exportações. 
Para tal, foram estabelecidas as seguintes medidas:
 · Os mecanismos de controle monetário existentes foram intensificados, o 
que gerou taxas negativas de crescimentodo M1 e do crédito no biênio 
1979-80;
 · Uma maxidesvalorização cambial foi realizada, de 30% nominais, em 
dezembro de 1979.
Em suma, o modelo de ajuste externo implementado no período de 1979-80 
se pretendia não recessivo, e combinava formas de controle fiscal e monetário 
com ajustes de preços relativos com o objetivo de favorecer a balança comercial 
e de recuperar as contas públicas, resolvendo, ao mesmo tempo, o desequilíbrio 
externo e fiscal. 
Na prática, porém, esse ajuste de preços não funcionou, porque a aceleração da 
inflação corroía rapidamente os aumentos reais obtidos a cada rodada de correção, 
o que penalizou a população brasileira, favorecendo a concentração de renda. 
Mas a recessão foi evitada. No biênio 1979-80, o PIB cresceu à taxa média de 
8% ao ano no período, devido às seguintes medidas:
 · Aumento das exportações;
 · “Crescimento inercial” dos investimentos públicos e privados do II PND, 
que estavam sendo finalizados.
No que tange ao BP, porém, o desequilíbrio externo não foi sequer amenizado 
entre 1979-80, devido a diversos fatores: 
1. a maxidesvalorização de 1979 não se materializou em desvalorização real do 
câmbio, porque foi consumida pelo rápido aumento da inflação; 
2. apesar do forte crescimento das exportações, o déficit comercial aumentou 
alavancado pelo aumento dos preços (especialmente do petróleo) e, em 1979, 
também da quantidade de importações; 
3. sob o efeito do aumento dos juros internacionais, as despesas com rendas 
cresceram; 
4. os superávits da conta de capital não foram suficientes para cobrir os déficits 
correntes, tornando o BP deficitário. 
Com isso, o País registrou significativa perda de reservas internacionais, que 
passaram de US$12 bilhões em 1978 para US$7 bilhões em 1980.
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UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Em face da crise, a partir de 1981, a ênfase do ajuste externo recaiu sobre o 
controle da absorção interna. Assumiu-se, então, explicitamente, o modelo de ajuste 
recessivo, embora uma nova maxidesvalorização cambial tenha sido implementada 
em 1983. Novamente, os custos do ajuste foram mais altos e duradouros do que os 
seus benefícios. 
À semelhança do biênio 1979-80, os efeitos positivos da política restritiva sobre 
a balança comercial foram mais significativos do que sobre a contracorrente e o sal-
do global do Balanço de Pagamento (BP). Isto aconteceu no período de 1981-83, 
quando o saldo comercial aumentou US$9,3 bilhões, enquanto os da contracor-
rente e do BP cresceram, respectivamente, US$6,0 bilhões e US$3,4 bilhões. 
Além disso, a manifestação de um novo desequilíbrio externo em 1985 atestou a 
fragilidade do ajuste obtido nos anos 1981-84.
O legado negativo desta política econômica de ajuste foi permanente, pois a 
tendência à aceleração inflacionária se manteve até meados da década de 1990. 
Fonte: og.infg.com.br
Em relação às contas públicas, apesar da redução do déficit operacional para 
3,0% do PIB em 1984, o déficit nominal e a dívida pública interna mantiveram sua 
trajetória ascendente, devido aos seguintes fatores:
 · A pressão da inflação;
 · As correções cambiais sucessivas;
 · A política de juros altos;
 · A proteção dos devedores externos, 
 · A influência das operações de esterilização do capital externo (nos períodos 
de superávit do BP), que contribuíam para o aumento do estoque da 
dívida pública.
Na verdade, estas experiências malsucedidas de ajuste externo do período de 
1979-84 evidenciavam a influência de um fator determinante de desequilíbrio 
externo brasileiro: o crescimento exógeno dos encargos da dívida externa, devido 
à elevação dos juros internacionais. 
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Neste contexto, ao final do período militar, o ajuste externo e fiscal requerido 
dependia diretamente de uma redução significativa das despesas financeiras que 
pesavam sobre o BP e as contas públicas. A solução do problema dependia da 
renegociação ampla da dívida externa, com a aceitação de um deságio por parte 
dos credores, que só foi estabelecida em 1994, o que favoreceu a estabilização do 
câmbio e dos preços no País.
Importante!
“Desde 1930, o Estado tem funcionado sistematicamente como mecanismo de proteção 
das várias atividades econômicas existentes no País, frente às vicissitudes dos mercados 
internacional e nacional. A partir do Estado Novo, o poder público passou a atuar, 
também, como promotor da diferenciação do aparelho produtivo nacional, ampliando sua 
capacidade industrial. Neste sentido, existe um parentesco direto entre a implantação da 
siderurgia pesada em Volta Redonda durante o Estado Novo, a execução do Plano de Metas 
de Juscelino Kubitschek (1956-1961) e a do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) de 
Ernesto Geisel (1974-1979). Para a compreensão da natureza da relação Estado-sociedade 
na história brasileira, é estratégico ressaltar a forte continuidade do estilo de atuação do 
Estado Desenvolvimentista, através de distintos regimes - o Estado Novo, a Constituição de 
1946 e o autoritarismo inaugurado em 1964.
Há, hoje, um amplo consenso sobre a importância do II PND como momento da afi rmação 
máxima das características desta forma de Estado e da defi nição dos contornos da crise 
atual. Frente ao estrangulamento externo ocasionado pela alta extraordinária dos preços 
internacionais do petróleo, o governo Geisel desencadeou um ambicioso programa 
de substituição de importações sob a égide do Estado, mas com maciça utilização 
de empréstimos externos. Esta onda de investimentos na área de bens de capital e 
intermediários, na qual a distribuição das aplicações orientava-se pelo famoso tripé - 
capital estrangeiro, nacional e estatal -, amplia a autonomia industrial do País frente ao 
Exterior. Com isso, as taxas de crescimento do PIB, embora menores que as vigentes nos 
anos do milagre econômico (1968-1973), foram ainda elevadas.
Entretanto, a redução conseguida na dependência produtiva teve como contrapartida 
a elevação da dependência fi nanceira em relação ao mercado internacional de capitais. 
Enquanto as taxas internacionais de juros mantinham-se relativamente baixas e o preço 
do petróleo conservava-se no mesmo patamar, o País conseguiu preservar sua capacidade 
de pagamentos absorvendo novos capitais que permitiam rolar a dívida. A partir da alta 
violenta da taxa internacional de juros, em 1979, e da nova elevação do patamar dos preços 
do petróleo, a capacidade de adaptação da economia brasileira ao ambiente econômico 
internacional foi posta em xeque. Restringiu-se paulatinamente o acesso do Brasil ao 
mercado internacional de capitais, até a completa interrupção dos fl uxos voluntários a 
partir do setembro negro mexicano de 1982 (15). Estas restrições obrigaram a uma redução 
das atividades econômicas do País. O ajuste recessivo anterior e posterior aos acordos com 
o FMI teve o condão de adaptar a economia como um todo para enfrentar a crise da balança 
de pagamentos. Paulatinamente, foram gerados os excedentes exportáveis necessários ao 
pagamento do serviço da dívida externa. Nos anos 80 e, especialmente, depois de 1982, 
o setor capitalista privado se adapta a patamares inferiores de produção, diminuindo 
celeremente seu endividamento interno e externo.”
BRASILIO SALLUM JR, Brasilium; KUGELMAS, Eduardo. O Leviathan declinante: a crise 
brasileira dos anos 80. Estudos Avançados, 5(13), 1991. 
https://goo.gl/vcCsX4
Você Sabia?
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UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Importante!
Inicialmente, o “Milagre econômico” brasileiro apresentou os seguintes aspectos positivos:
• A inflação muito mais baixa: 15% em 1973, em comparação com o índice de 80% 
em 1963; 
• A reorganização da estrutura fiscal e financeira; 
• A recuperação do BP;
• O próprio ritmo acelerado de crescimento econômico.
Essas condições econômicas favoráveis foram testadas a partir do Primeiro choque dos 
preços do petróleo em fins de 1973, que exigiu um esforço de substituição de importaçõesde bens de capital através de empréstimos. Mas com o segundo choque do petróleo em 
1979 e a alta de juros ocorrida no início da década de 80, esta política foi colocada em 
xeque. Restringiu-se gradualmente ao acesso do Brasil ao mercado internacional de 
capitais e a capacidade de importações de bens de capital, petróleo e seus derivados, e 
aumentou a inflação e o endividamento interno e externo. 
Foi então exigido um ajuste externo e fiscal através da redução significativa das desp-
esas financeiras que pesavam sobre o BP e as contas públicas, que era muito difícil de 
acomodar nos saldos comerciais e no resultado primário do governo. A solução era 
fazer a renegociação ampla da dívida externa, que devia incluir a aceitação de um 
deságio por parte dos credores, que só foi obtida em 1994, que quando finalmente se 
conseguiu gerar a estabilização do câmbio e dos preços no País.
Em Síntese
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro Pós-1930
ABREU, Alzira A. de et al. (coord.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro 
Pós-1930 (ed. rev. e atual.). Rio de Janeiro: Editora FGV/CPDOC, 2001.
A Lanterna na Popa
CAMPOS, Roberto de. A Lanterna na Popa: memórias. 2.ed. Rio de Janeiro: 
Topbooks, 1994.
Desenvolvimento Capitalista no Brasil
CRUZ, Paulo D. “Notas sobre o endividamento externo brasileiro nos anos setenta”. 
In: L. G. Belluzzo; COUTINHO, R. (orgs.). Desenvolvimento Capitalista no Brasil, 
vol. 2. São Paulo: Brasiliense, 1983.
A Era dos Extremos
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São 
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Economia Brasileira Contemporânea
SOUZA, Nilson Araújo de. Economia brasileira contemporânea: de Getúlio a 
Lula. 2. ed., ampl. São Paulo: Atlas, 2008.
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UNIDADE O Golpe de 1964 e os Planos de Estabilização dos Governos Militares
Referências
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do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, 1988. (Série PNPE, n. 19.)
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Desenvolvimento e Crise no Brasil: história, 
economia e política de Getúlio Vargas a Lula. 5.ed. São Paulo: Editora 34, 2003.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995. 
FISHLOW, Albert. “A economia política do ajustamento brasileiro aos choques 
do petróleo: uma nota sobre o período 1974/84”. Pesquisa e Planejamento 
Econômico, vol. 16, n. 3, pp. 507-550, dez. 1986.
FURTADO, Milton Braga. Síntese da economia brasileira. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Livros Técnicos e Científicos, 2012.
GIAMBIAGI, Fabio; CASTRO, Lavínia Barros De; HERMANN, Jennifer. Economia 
brasileira contemporânea: 1945-2010. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier 2011.
GREMAUD, Amaury Patrick; TONETO JUNIOR, Rudinei.; VASCONCELLOS, 
Marco Antônio Sandoval. Economia Brasileira Contemporânea. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2012.
IANNI, Otavio. 1986. Estado e planejamento econômico no Brasil. 4.ed. Rio 
de Janeiro: Civilização Brasileira.
LACERDA, A. C. et al. Economia Brasileira. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
LAGO, L. A. C. “A Retomada do Crescimento e as Distorções do ‘Milagre’: 1967-73”. 
In: M. de P. Abreu (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica 
Republicana — 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 1997. cap. 10, pp. 233-294.
MONTEIRO FILHA, Dulce C. “A Contribuição do BNDES para a Formação da 
Estrutura Setorial da Indústria Brasileira no Período 1952/89”. Revista do BNDES, 
vol. 2, nº 3, pp. 151-166, jun. 1995.
SALLUM JR., Brasilio. Labirintos: dos generais à Nova República. São Paulo: 
Hucitec, 1996.
SERRA, José. “Ciclos e Mudanças Estruturais na Economia Brasileira do Pós-
Guerra”. In: Luiz G. de M. Belluzzo; Renata Coutinho (orgs.). Desenvolvimento 
Capitalista no Brasil: ensaios sobre a crise. São Paulo: Brasiliense, 1982.
SILVA, Ricardo. Planejamento econômico e crise política: do esgotamento 
do Plano de Desenvolvimento ao malogro dos programas de estabilização. Rev. 
Sociol. Polít., Curitiba, 14: p. 77-101, jun. 2000.
SKIDMORE, Thomas. Brasil: De Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
SOCHACZEWSKI, Antônio Cláudio. Desenvolvimento Econômico e Financeiro 
do Brasil: 1952-1968. São Paulo: Trajetória Cultural, 1993.
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