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O PAPEL DO CONTADOR NAS PERÍCIAS JUDICIAIS NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA

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FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS DE
SÃO JOAQUIM DA BARRA - FACESB
MIRIAM REGINA FORNER FERRARI
	
O PAPEL DO CONTADOR NAS PERÍCIAS JUDICIAIS NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA
SÃO JOAQUIM DA BARRA
2020
MIRIAM REGINA FORNER FERRARI
O PAPEL DO CONTADOR NAS PERÍCIAS JUDICIAIS NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA
Monografia apresentada a Faculdade de Ciências Empresariais de São Joaquim da Barra – FACESB, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Msc. Rodrigo Borges Nicolau
SÃO JOAQUIM DA BARRA
2020
MIRIAM REGINA FORNER FERRARI
O PAPEL DO CONTADOR NAS PERÍCIAS JUDICIAIS NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA TRABALHISTA
Monografia apresentada a Faculdade de Ciências Empresariais de São Joaquim da Barra – FACESB, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em /10/2020, pela Banca Examinadora Constituída pelos Professores:
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________________
Prof. Msc. Rodrigo Borges Nicolau
Orientador FACESB/ SP
__________________________________________________
Prof. 
Examinador FACESB/SP
__________________________________________________
Prof. 
Examinador FACESB/SP
São Joaquim da Barra,09 de outubro de 2020.
Dedico ao homem que Deus permitiu estar em minha vida, sempre me apoiando nos momentos de alegria e nos momentos mais difíceis, e que jamais me permitiu desistir e desanimar nos momentos de cansaço e diante dos obstáculos da vida.
Homem companheiro, amigo, meu marido, este que muitas vezes abriu mão de momentos de lazer e descanso para estar sempre ao meu lado me incentivando a nunca desistir do meu grande sonho.
. 
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, por ter me dado força, coragem, garra, determinação e sabedoria para desenvolver não somente este trabalho, mas sim aos anos dedicados aos estudos.
Ao meu marido Mucio que em nenhum momento me deixou desistir, sempre me incentivando nos momentos de desanimo e cansaço quando a vida nos tenta derrubar estava lá sempre me encorajando a nunca abandonar o meu objetivo.
Aos amigos diretos ou indiretos que conquistei ao logo desses quatro anos de muito estudo, amigos estes que contribuiu com a troca de conhecimentos e aprendizado.
Meus familiares que mesmo que de forma indireta sempre torceram para mais esta conquista na minha vida. 
Ao meu orientador Rodrigo Nicolau que dedicou um momento de seu tempo para estar me instruindo no que fosse necessário.
“O perito forense nomeado pelo Juízo compromete-se a exercer seu honroso múnus fielmente, determinando, assim, uma relação de lealdade e confiança com o Poder Judiciário, e, enaltecendo os magistrados, promotores e advogados que delegaram ao perito a séria tarefa de perquirir a verdade, contribuindo, assim, para o deslinde do processo em tela”. (Nerio Rojas)
RESUMO
O trabalho teve a finalidade de mostrar a importância da Perícia Contábil como ferramenta essencial nos processos trabalhistas sanando dúvidas para soluções do litigio. A perícia deve ser realizada pelo profissional habilitado e ter conhecimento do assunto em decisão. Em busca da verdade e esclarecimento ao juiz em diversas questões o trabalho do perito contador é desenvolvido de acordo com as leis e a ética profissional, utilizando de todo procedimento técnico e científico, transcrevendo seu lado pericial de forma clara e objetiva. 
Palavras chaves: Pericia Contábil. Processos Trabalhistas. Perito Contador. Laudo Pericial. Liquidação de Sentença. Ciências Contábeis.
ABSTRACT
The purpose of the work was to show the importance of Accounting Expertise as an essential tool in labor proceedings, solving doubts for litigation solutions. The expertise must be performed by the qualified professional and have knowledge of the subject in decision. In search of truth and clarification to the judge on several issues, the work of the expert accountant is developed in accordance with the laws and professional ethics, using all technical and scientific procedures, transcribing his expert side in a clear and objective way.
Key words: Accounting Expertise. Labor Proceedings. Accountant Expert. Forensic report. Settlement of Award. Accounting Sciences.
LISTA DE ABREVIATURAS
CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADR
CLT – CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
CPC – CÓDIGO PROCESSO CIVIL
CRC – CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE
IBRACON – INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO BRASIL
NBC – NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE
TRT8 – TRIBUM=NAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8º REGIÃO
TST – TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
LISTAS DE FIGURAS
FIGURA 1- EXECUÇÃO TRABALHISTA----------------------------------------- 37
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)--------------------21
Quadro 02 - Modelo de Laudo Pericial -------------------------------------------26
Quadro 03 – Entrega do Laudo-----------------------------------------------------29
Quadro 04 - Nomeação do perito e suas etapas de apresentação-------32
Quadro 05 -Comparação dos Profissionais ------------------------------------34
Quadro 06 - Modelo de Escusa ----------------------------------------------------37
Quadro 07 - Cálculos do Laudo Pericial -----------------------------------------47
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	13
1.1 OBJETIVOS	16
1.1.1 Objetivo geral	16
1.1.2 Objetivos Específicos	16
1.2 JUSTIFICATIVAS	16
2 TEORIA DA CONTABILIADADE	17
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIADE	17
2.2 CONCEITOS, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE.	18
2.2.1 Conceitos	18
2.2.2 Objeto da Contabilidade	19
2.2.3 Objetivo da Contabilidade	19
3 PERICIA	21
3.1CONCEITO	21
3.2 PERCIA CONTÁBIL	21
3.2.1 Classificação das Perícias	23
3.3 PERICIA JUDICIAL TRABALHISTA	24
4 LAUDO PERICIAL	26
5 METODOLOGIA DA PESQUISA	29
6 PERITO CONTÁBIL E SUA NOMEAÇÃO	30
6.1 PERITO CONTABIL	30
6.1.1 Perito Contábil Assistente	32
6.2 IMPEDIMENTO	34
7 LIQUIDAÇÃO SENTENÇA NO PROCESSO TRABALHISTA	37
7.1 Das Liquidações.	37
7.2 EXECUÇÃO DO PROCESSO TRABALHISTA	39
7.3 PJe-Calc Cidadão	40
8 ESTUDO DE CASO	42
8.1 Processo Trabalhista com Perícia Contábil	42
8.2 Processo Trabalhista por Arbitramento	45
REFEÊNCIAS	46
ANEXO A - PROCESSO TRABALHISTA COM PERICIA CONTÁBIL	49
ANEXO B – PROCESSO TRABALHISTA SEM PERICIA CONTABIL	62
1 INTRODUÇÃO
Contabilidade é a ciências que estuda, interpreta e registram os fenômenos do patrimônio de uma entidade, sua finalidade é através de registros e analise dos fatos assegurar seu controle e fornecer a seus administradores informações necessárias sobre o estado do patrimônio e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade. 
A contabilidade é tão antiga, quanto podemos imaginar mesmo na antiguidade o homem já utilizava da ferramenta para controlar seus bens. O registro de seu patrimônio era realizado de maneira quantitativa para avaliar se estava crescendo ou não.
Os estudos da Perícia Contábil em nosso país foram iniciados através do código deProcesso Civil de 1939 e regulamentada em 1946 por intermédio do Decreto-Lei nº 9.295, assinada pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, trouxe disposições de como técnico da contabilidade e contadores devem exercer tal profissão.
A contabilidade possui vários campos de atuação, os quais o profissional tem o dever de possuir habilidades para executar o trabalho que lhe é confiado.
Em todas as áreas nos deparamos com a figura do perito, inclusive na profissão contábil. No entanto abordaremos o papel do contador nas pericias judiciais na liquidação de sentença trabalhista.
 Perícia contábil é um conjunto de procedimentos técnicos e científicos de acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), para instância decisória, com a necessidade de subsidiar a justa solução do litigio, mediante os laudos ou parecer contábeis. 
De acordo com Melloexistem três tipos de perícia: judicial, extrajudicial e arbitral.
Perícia judicial ocorre no momento
que há argumentação no processo e o juiz não tendo profundo conhecimento do assunto, nomeia um perito para levantar a veracidade sobre os fatos.
Pericia extrajudicial é realizada sem que aja um pedido de um juiz, sem que exista um processo em andamento no judiciário.
Pericia arbitral a análise são definidas através de uma lei 9.307/96, lei da arbitragem que determina a necessidade de uma perícia para solucionar eventuais controvérsias, onde as partes em concordância escolhe um perito independente. A arbitragem é um meiode solução de conflitos fora do poder judiciário sem a participação do poder publico.
A arbitragem só é permitida para resolução de conflitos relativos direitos patrimoniais disponíveis (que possam ser avaliados monetariamente) e que as partes tenham celebrado Convenção de Arbitragem, que estabelecerá uma clausula arbitral, onde as partes acertam que num conflito futuro, caso ocorra será solucionado por meio de arbitragem e que só poderão recorrer ao poder judiciário caso seja necessário uma medida mais cautelar.
A perícia contábil arbitral se da quando um dos sócios de uma empresa precisa que seja feito a liquidação da empresa, seja ela total, ou seja, ela em relação a um dos sócios ou ate mesmo em outras circunstancias e que demande o trabalho do perito, e se houver alguma demandaque seja levada para o poder judiciário o perito tem que informar a irregularidade ao juiz.
 Para cada pericia há um perito habilitado a executar, como; pericia medica, pericia civil, pericia grafotécnica, pericia fiscal, a que vamos abordar nesse trabalho é o papel do contador nas pericias judiciais na liquidação de sentença trabalhista.
Um dos maiores campos de atuação dos peritos é na Justiça do Trabalho, onde se têm maiores índices de reclamações contra as empresas, reclamações tais como: registros de empregados, salários e direitos ligadosa relaçõesde trabalho. 
A perícia contábil se faz necessária quando há a necessidade de verificação de situações irregularidades administrativas e contábeis decorrentes de negligencia profissional, erros técnicos e de escrituração, fraudes dentre outros adulterações e fraudes que envolva fatos patrimoniais de pessoas, empresas e instituições.
Quando a necessidade dos empregados recorrerem à justiça do trabalho é pelo simples fato terem sido negligenciados e que necessitam de um juiz para a apreciação dos fatos em questão e o julgamento da ação.
Em muitos casos para concluir o processo, exige-se mais informações sobre os fatos, assim excedendo o nível de conhecimento do juiz se faz necessário à busca de auxilio ao perito e que por sua vez deverão apresentar provas pericias para facilitar a instrução do processo e ajudando o magistrado na tomada de decisão. 
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo geral da pesquisa é abordar papel do contador nas perícias judiciais na liquidação de sentença trabalhistas.
1.1.2 Objetivos Específicos
- Analisar por meio de um referencial bibliográfico dados pertinentes ao assunto que embasam posterior pesquisa de documentos/ campo;
- Apresentar práticas de cálculos trabalhistas demonstrando posteriores mudanças em decisões judicias por meio destes;
- Demonstrar o papel do contador como perito judicial para que, por meio de seu trabalho se tenha decisões mais claras e consequentemente, justas.
1.2 JUSTIFICATIVAS
A escolha do presente tema é, inicialmente devido ao interesse em aperfeiçoar os estudos na realização de perícia em um processo trabalhista, a fim de levar informações às pessoas que necessitam recorrer à justiça para reaver seus direitos que lhes foram negados durante o período de empregabilidade e ou prestação de serviço.
Sendo assim, mais que uma razão pessoal em aperfeiçoar sobre o tema, este é de grande relevância por ser também de grande contribuição acadêmica e social, visto que poderá servir para futuras pesquisas e até mesmo o resultado desta favorecer parte significativa da sociedade.
2 TEORIA DA CONTABILIADADE
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIADE
A contabilidade é tão antiga quanto à história da própria civilização, havendo a necessidade social de proteção à posse, a perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar seus propósitos, aumentando sua riqueza individual.
De acordo com Sá (2008, p.29), “conceitos contábeis existiram remotamente, desde a antiguidade, pois foi preciso “dar nome” a fatos, coisas e procedimentos relativos à riqueza e aos registros dela, mas a organização racional das percepções. Guiadas por uma denominação, foi algo muito além, ou seja, teve compromissos com uma ordem de raciocínios”.
O homem antigo, já tinha como objetivo o patrimônio representado pelo rebanho e outros bens no aspecto quantitativo. Os primeiros registros foram de forma rudimentar, logo encontrou formas mais eficientes para processar seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos.
A informação precisa de quem iniciou a técnica contábil não se tem, porem de acordo com Sá (2008, p.22), esses dados eram registrados de forma empírica pelo homem primitivo, pois este utilizava os instrumentos que dispunha para registro dos fatos nas paredes das grutas e em pedaços de ossos. Assim o desenho do animal ou coisa, representava o que ele possuía os riscos e rabiscos a quantidade existente.
Os registros combinavam o figurativo com o numérico, gravava-se a cara do animal e o número de cabeças existentes.
O sistema contábil é dinâmico, evoluiu com a duplicação de documentos e“selos de sigilos”, tornando os registros diários e posteriormente sendo sintetizados em papiros e tábuas. No final de um determinado período sofre nova sintetização, tendo novos agrupamentos de vários períodos o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual.
Segundo Nonato (2014), com o passar do tempo, a técnica contábil começa a evoluir com o aumento das atividades indústrias e comerciais, houve-se a necessidade de registros de informações cada vez mais precisa. A evolução deu - se no século XIII quando diversas cidadanias italianas serviram de entrepostos comerciais. 
Frei Luca Pacioli em sua grande obra de 1494 (Tratactus de Computis et Scripturis – contabilidade por partidas dobradas), já tratava da teoria contábil do débito e do crédito, inventários, livros mercantis, registros de operações, lucros e perdas, levando-se a acreditar que nessa época já se formava o “corpo” da contabilidade que se conhece atualmente. Pode-se dizer, portanto, que foi nesse período que a contabilidade mais evoluiu em sua teoria.
 Cada período caracterizou a própria evolução contábil, seus métodos considerados avançados e utilizações atendendo suas necessidades no momento seja ela na forma primitiva através das pedrinhas ou na última geração de softwares, o que se pode perceber é que a evolução da contabilidade numa chegará ao seu ápice tão cedo. 
O mundo sempre estará em constante evolução seja financeira, seja intelectual, seja tecnológica a contabilidade sempre estar contribuindo de alguma forma.
2.2 CONCEITOS, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE.
2.2.1 Conceitos
A Contabilidade é a ciências que tem por objetivo o estudo das variações quantitativas e qualitativas ocorridas no patrimônio das entidades, fornecendo o máximo de informações uteis para tomadas de decisões. 
Para Sá (2008, p.46) “Contabilidade é a ciências que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”.
De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade- NBC T1, Resolução CFC nº785/95 revogada pela Resolução nº 1121/2008, conceitua a contabilidade em:
A Contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas pelo patrimônio da Entidade particularizada, a geração de informações
quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, quanto monetários.
Pode-se definir a contabilidade como uma ferramenta de suma importância para todas as entidades e também para pessoa física, sendo que através dela seja avaliada a situação financeira e econômica da entidade, assim possa decidir qual a melhor maneira de administrar o negócio.
	
2.2.2 Objeto da Contabilidade
A Contabilidade tem o seu objeto o Patrimônio de uma entidade, ou seja, patrimônio de pessoas jurídicas e físicas. O patrimônio constitui em Bens Diretos e Obrigações.
Segundo Silva apud Franco (2008) o objeto da Contabilidade:
É o patrimônio e seu campo de aplicação o das entidades econômico- administrativas assim chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo, seja ele econômico ou social, utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessária a seus fins. (Silva apud Franco 2008).
Assim, os bens são materiais, os direitos são os valores que a entidade tem a receber, partes positivas do patrimônio. As obrigações são todos os valores que a entidade tem a necessidade de pagar pela entidade, parte negativa do patrimônio.
2.2.3 Objetivo da Contabilidade
Segundo o Conselho Federal de Contabilidade “objetivo da contabilidade aplica-se a particularização das entidades, buscar prover aos usuários com informações de natureza econômica, financeira e física do Patrimônio”.
Segundo Mairon (2011, p.17):
O objetivo da contabilidade é de acordo com a Estrutura Conceitual Básica, o de permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre tendências futuras (MARION, 2011, p. 17).
Segundo o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), define o objetivo da contabilidade como sendo um sistema de informação e avaliação a prover seus usuários com demonstrações e analise de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade.
 Ainda destaca o objetivo da contabilidade sendo:
De permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Em ambas as avaliações, todavia, as demonstrações contábeis constituirão elemento necessário, mas não suficiente. Sob o ponto de vista do usuário externo, quanto mais a utilização das demonstrações contábeis se referir à exploração de tendências futuras, mais tenderá a diminuir o grau de segurança das estimativas envolvidas. Quanto mais a análise se detiver na constatação do passado e do presente, mais acrescerá e avolumará a importância da demonstração contábil. (IBRACON, p.2)
Contudo, pode-se verificar que o objetivo da Contabilidade é de fornecer informações de acordo com leis e normas estabelecidas, assim atendendo as necessidades das entidades para tomadas de decisões.
3 METODOLOGIA 
Este capítulo abordará os procedimentos e a metodologia utilizada no decorrer da presente pesquisa que foi elaborada através de pesquisa bibliográfica de natureza explicativa, envolvendo leitura, análise e interpretação de livros, revistas acadêmicas e site científicos de uma forma geral toda informação seja ela impressa ou eletrônica de passível ser fonte de consulta, contendo um estudo de caso aplicado.
Uma leitura sistemática do material selecionado, realizando anotações, os quais formaram o banco de dados a ser utilizado, assim atingindo objetivos com a contribuição de diversos autores com o fichamento.
Para França e Vasconcellos a pesquisa bibliográfica é:
Utilizada para todos os outros tipos de pesquisa, dando suporte a elas e auxiliando na determinação do problema, objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final. (França e Vasconcellos 2007,p.242).
Os documentos apresentados é uma fonte rica de dados, que examina materiais que ainda não foram analisados de uma forma analítica, buscando novas interpretações ou interpretações complementares.
Para a pesquisa pode ser utilizado documentos variados, porem estabelecer quais os objetivos em analise e filtrar o mais importante, para isso o pesquisador devera interpretar os dados de maneira coerente e a partir dai chegar a uma significativa para sua conclusão.
Segundo Godoy a palavra documento deve ser entendia de uma forma ampla incluindo materiais escritos que:
Podem também ser classificados como primários, que são aqueles produzidos por pessoas que vivenciaram diretamente o evento que esta sendo estudado ou secundário, quando coletados por pessoas que não estavam presentes por ocasião de sua ocorrência (GODOY, 1995, p. 22).
Sendo assim a pesquisa bibliográfica é fundamental e deve se tornar rotina para pesquisadores e estudantes em suas pesquisas, levando em conta os documentos apresentados para analise respeitando dada situação do fato ou realidade, onde o pesquisador observa o fenômeno mais de perto.
4 PERÍCIA
4.1CONCEITO
Conforme Mello (2013, p.7) “do latim peritia, a palavra pericia designa talento ou habilidade que advém da experiência em alguma área conhecida”.
De acordo com Sá (2011.p.3) a perícia:
É conhecimento adquirido pela experiência, na Roma antiga a perícia passou a designar saber, a tecnologia da perícia é a que enseja opinião sobre verificação feita, relativa ao patrimônio individualizado, para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, em fim todo e qualquer procedimento necessário à opinião. 
Ainda Sá (2011) a perícia judicial contábil é um meio de apresentar a realidade de um fato ou situação, auxiliando a magistratura na tomada de decisão. No entanto sabe-se que, para realizar a perícia é preciso se utilizar de técnicas condizentes que permitem chegar a uma opinião clara e concisa, em conformidade com a lei e as técnicas contábeis apropriadas e um profissional habilitado.
Mediante o posicionamento dos autores, pode se dizer que a perícia nada mais é que uma minuciosa demonstração da veracidade sobre as análises dos fatos mediante conhecimentos especializados em legislação e experiência profissional.
4.2 PERÍCIA CONTÁBIL
A perícia contábil é a busca pela veracidade dos fatos, por meio de procedimentos técnicos e científicos. O perito deve ser um profissional experiente e habilitado, sua responsabilidade é desenvolver seu trabalho de forma clara e objetiva.
De acordo com Sá a perícia contábil é:
 [...] a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramento, em suma todo e qualquer procedimento necessário a opinião. (Sá. 2011. p.03).
Segundo o autor“o perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e intelectualmente, e exercer virtudes morais e éticas com compromisso com a verdade”.
De acordo com Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – Resolução nº 858 de 21/10/1999. (Item 13.1.1).
A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.
O conselho federal de contabilidade, conceitua as normas de contabilidade sobre a pericia contábil de acordo com quadro 1.
Quadro 1
Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC)
NBCT – 13 Da Perícia Contábil
NBCT - 13.1 Conceituação e Objetivo
NBCT - 13.2 Planejamento
NBCT - 13.3 Execução
NBCT - 13.4 Procedimentos
NBCT - 13.5 Laudo Pericial
NBCT - 13.6 Parecer Pericial Contábil
NBCP – 2 Normas Profissionais do Perito Contábil
NBCP - 2.1 Competência Profissional
NBCP - 2.3 Impedimento e Suspeição
NBCP - 2.4 Honorários
NBCP - 2.6 Responsabilidade
e Zelo
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE.
A NBC T 13 é bem sucinta no que tange à perícia contábil, pois sua finalidade é constituir procedimentos técnicos, científicos, elementos de provas necessários à solução de litígios, perante um laudo ou parecer pericial contábil, de acordo com as normas e legislação específica.
Sendo assim, após um trabalho árduo na analise dos fatos, utilizando de todo seu conhecimento e experiência, o profissional emite o seu parecer e opinião dentro de toda a legislação pertinente, assim elaborando planilhas e cálculos que demostram se os valores pleiteados estão corretos ou não.
A atribuição é exclusivamente ao profissional graduado e habilitado junto ao conselho regional de contabilidade de sua jurisdição.
4.2.1 Classificação das Perícias
A perícia contábil pode ser classificada em: perícia contábil judicial, perícia contábil extrajudicial e perícia contábil arbitral.
Segundo Mello a pericia contábil judicial é exercida sob a tutela da justiça; a perícia contábil extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntario.
Mello ainda define:
A perícia contábil judicial é realizada em procedimentos processuais do Poder Judiciário, em função de determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos. É desenvolvida com base em condições legais especificas e pode ocorrer nas fases de conhecimento (apreciação das provas) e execução (liquidação).
A perícia contábil arbitral é realizada no juízo arbitral ou câmara de arbitragem (instancia escolhida pelas partes envolvidas), com base na Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996.
A perícia contábil voluntária ou particular (também conhecida como extrajudicial) é desenvolvida por profissionais escolhidos diretamente pelos agentes particulares que identificam sua necessidade. Assim, nesse tipo de pericia não existe o agente intermediário, como a justiça, a câmara de arbitragem ou qualquer outro órgão do Estado. (Mello 2013, p.27)
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TP 01 – Normas Técnicas de Pericia Contábil.
A perícia contábil, tanto judicial como a extrajudicial, é de competência exclusiva de contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade. Entende- se como perícia judicial aquela exercida sob a tutela da justiça. A perícia extrajudicial é aquela exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntário.
A perícia arbitral é aquela exercida sob o controle da lei da arbitragem. Perícia estatal é executada sob o controle de órgão do estado, tais como pericia administrativa das Comissões Parlamentares de Inquérito, de pericia criminal e do Ministério Publico. Perícia voluntária é aquela contratada espontaneamente pelo interessado ou de comum acordo entre as partes.
O conselho federal de contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, considera que:
O Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, prescreve, no art. 25, letra c, c/c o art. 28, que as perícias judiciais ou extrajudiciais são consideradas trabalhos técnicos de contabilidade e constituem atribuições privativas de contadores legalmente habilitados (registrados em CRC); 
Sendo assim, a figura do perito é de extrema importância para analise dos fatos e emitir opiniões para auxiliar a magistratura em toda de decisões no litigio.
4.3 PERICIA JUDICIAL TRABALHISTA
A perícia trabalhista é a forma de esclarecer controvérsias existentes na relação de trabalho que ainda necessite de esclarecimento e que não tenha comprovação por meio de documentos ou quando existir dúvidas nas informações. 
Para Santos:
A perícia trabalhista ocorre na justiça do trabalho: nas varas do trabalho nos Tribunais Regionais a até mesmo no Tribunal Superior do Trabalho. Ela pode ser exercida também em acordos e conciliações, através do trabalho do perito assistente, com a apresentação do parecer pericial. Esta é uma forma de atuação do perito na fase de instrução do processo, pois, nessa etapa as partes devem apresentar as provas necessárias para esclarecimento da verdade (SANTOS,2008 p.704).
A realização da pericia contábil trabalhista dar se há, quando houver divergências entre as partes, sendo de um lado o empregador e do outro o empregado, em busca da constatação da veracidade sobre á contabilização relacionado ao salário e demais verbas pagas como: horas extras, comissões, decimo terceiro salário, entre outros.
Zanna (2007, p.413) “salienta que a ação judicial trabalhista não termina com asentença, pois não sendo mencionado, em seu texto, o valor a pagar ao empregado, requer aatuação do perito contador que fará os cálculos dos direitos atribuídos”.
No entanto, o perito contábil escolhido para desempenhar a função pericial trabalhista, deve conhecer perfeitamente as legislações aplicadas a essa área, além de conhecimento em cálculos,a contabilização da folha de pagamento, dando um devido suporte quando o juiz necessitar para seu julgamento.
5 LAUDO PERICIAL
O decreto LEI nº9.295-4, na alínea “c” do art.25, determina que o laudo pericial contábil e o parecer técnico contábil somete sejam elaborados por contador ou pessoa jurídica, que estejam devidamente registrados e habilitados no conselho regional de contabilidade. A habilitação é comprovada mediante certidão de regularidade emitida pelo conselho regional de contabilidade.
A Norma Brasileira de Contabilidade TP 01, decreto lei 9.295/46, alterada pela lei nº 12.249/10, conceitua laudo pericial contábil:
48. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho.
49. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico-contábil, de forma clara e precisa, as suas conclusões. 
50. O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito do juízo e pelo perito-assistente, que adotarão padrão próprio, respeitada a estrutura prevista nesta Norma, devendo ser redigidos de forma circunstanciada, clara, objetiva, sequencial e lógica. 
51. A linguagem adotada pelo perito deve ser clara, concisa, evitando o prolixo e a tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido conhecimento da prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas devem ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser inseridos no laudo e no parecer, de modo a se obter uma redação que qualifique o trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Ainda Norma Brasileirade Contabilidade TP 01, decreto lei 9.295/46, alterada pela lei nº 12.249/10: 
82. O laudo pericial contábil deve conter, no mínimo, os seguintes itens:
(a) Identificação do processo e das partes;
(b) Síntese do objeto da perícia;
(c) Metodologia adotada para os trabalhos periciais;
(d) Identificação das diligencias realizadas;
(e) Transcrição e respostas aos quesitos;
(f) Conclusão;
(g) Anexos;
(h) Apêndices;
(i) Assinatura do perito contador que nele fara constar sua categoria profissional de contador e seu número de registro em conselho regional de contabilidade, comprovando mediante certidão de regularidade, É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil.
Para Mello o laudo pericial consiste em: 
Formalização do trabalho desenvolvido pelo perito judicial e deve conter a apresentação escrita das analises técnicas de questões levantadas e que são objeto da perícia, bem como as conclusões técnicas que deve auxiliar o juiz na formação de sua convicção, no esclarecimento de dúvidas ou para outros fins. (Mello, 2013, p.70).
Ainda Mello, a apresentação do laudo deve atender algumas condições disposta pelo código processo civil art. 421, onde estabelece a principal delas o prazo fixado pelo juiz.
QUADRO 2
Modelo de Laudo
Pericial.
Modelo de Laudo Pericial Contábil
EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIRETO DA___ª VARA _____________ DA COMARCA DE _______________.
PROCESSO: _______________
AUTOR:___________________
RÉU:_____________________
_____________________, contador, devidamente registrado no órgão de classe competente, sob nº CRC ___________, perito judicial nomeado as fls.__________dos autos do processo em referencia, tendo procedido aos estudos, analises e diligencias que se fizeram necessárias, vem respeitosamente apresentar a consideração de Vossa Excelência o seguinte.
Laudo Pericial Contábil
1 Considerações iniciais
(Detalhamento das questões em discussão nos autos, objeto e objetivo da pericia, provas produzidas, nomeação do perito, decisões entre outros.)
2 Desenvolvimento do trabalho pericial
(Descrição dos dados e documentos analisados pela pericia, indicação da realização de pesquisas e diligências, metodologia utilizada, planilhas e demonstrativos de calculo, entre outros.)
3 Quesitos formulados
(Relação dos quesitos formulados pelo juiz e pelas partes, com a apresentação de respostas técnicas fundamentadas.) 
4 Conclusão técnica
( Apresentação das considerações técnicas finais da pericia, com apuração de valores, resultados, atualizações, entre outros.).
5 Encerramento
(Encerramento do laudo, com a indicação do numero de paginas, data, assinatura, indicação do nome do perito, numero de registro profissional, entre outros.)
6 Relação de anexos e documentos
(Indicação de planilhas, cálculos, livros, registros, etc. apresentados com o laudo.)
Fonte:MELLO, 2013 p.93
Segundo Sá (2011, p.44) “laudo é, de fato um pronunciamento ou manifestação de um especialista, ou seja, o que entende ele sobre uma questão ou várias, que se submetem a sua apreciação.”
QUANDRO 3
Entrega do Laudo
Fonte: Sistemáticada Perícia no Processo Civil
Nota-se então, que o laudo pericial é um documento emitido pelo especialista nomeado pelo juiz, deve ser de excelente qualidade, contendo argumentos convincentes sobre sua opinião e que todos os quesitos devem ser respondidos, assim concluindo seu trabalho de forma abrangente.
 O laudo pericial deve ser entregue dentro do prazo estabelecido, obedecendo todas as formalidades, não deve conter documentos, informações que conduz ao julgador duvidas e assim induzindo a uma interpretação errada.
6 PERITO CONTÁBIL E SUA NOMEAÇÃO
6.1 PERITO CONTÁBIL
O perito contábil é um profissional com formação superior com conhecimentos técnicos ou científicos que o torna apto a auxiliar a justiça quando necessário a aplicação de suas habilidades para provar algum fato ou ato.
Sendo nomeação pelo magistrado, o perito judicial estará recebendo um voto de confiança, para esclarecer qualquer fato contraditório entre as partes e que através de laudo pericial e o conhecimento técnicos e científicos auxiliá-lo na liquidação da sentença.
Segundo a determinação existente no Código Processo Civil art. 156 – lei 13.105/2015, a participação do perito como auxiliar técnico do juiz esta vinculado às especificações de exigências legais como:
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
 § 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados. 
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.
 § 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade.
 § 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.
Conforme menciona no código processo civil lei 13.105/2015Art. 158. 
O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de dois a cinco anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.
De acordo com normas brasileira de contabilidade (item 7) a habilitação o profissional:
O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua manifestação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao disposto no Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil. 
QUADRO 4
Nomeação do perito e suas etapas de apresentação.
Fonte: Sistemáticada Perícia no Processo Civil
O compromisso moral e ético deve fazer parte das qualidades de um profissional, conforme menciona Sá (2011, p.88), muito grande é a responsabilidade do perito contábil, e os erros por dolo ou má-fé em seu trabalho podem resultar em sérias sanções de natureza civil, criminal e ética, com graves consequências materiais e de naturezas moral e ética profissional.
Para a atribuição exclusivamente ao profissional graduado e habilitado junto ao conselho regional de contabilidade de sua jurisdição, devendo apresentar a certidão especifica emitida pelo conselho regional de contabilidade, na forma regulamentada pelo conselho federal de contabilidade.
Lourenço, (2008, p.41) “a competência exclusiva de contador registrado no conselho regional de contabilidade (CRC), para a realização de pericia judicial, extrajudicial e arbitral.”.
Sendo assim o perito contábil tem que ser imparcial, e divulgar somente as informações fundamentadas em fatos concretos, constatando e identificando as fontes informativas, oferecer respostas, raciocínio técnico fundamentado e circunstanciado, permanecer fiel nas referencias asquestões objeto do trabalho, e refletir com muita nitidez uma posição de imparcialidade.
6.1.1 Perito Contábil Assistente
 O perito contador assistente tem as mesmas qualidades técnicas de um perito judicial. O perito assistente deve auxiliar o perito contador ou o advogado da parte que o contratou, assim deve programar e detalhar seu processo dentro das normas brasileiras de contabilidade.
Para Zanna:
[...] ao assistente técnico são dados apenas dez dias da data em que ocorrer a juntada do laudo pericial contábil pelo perito judicial (ou da data da publicação para manifestação das partes, segundo outro entendimento legal), para que apresente sua manifestação, independente de intimação. [...] (ZANNA, 2007, p. 43).
Segundo a NBC PP 01 de 27 de fevereiro de 2015, item 8 a nomeação o perito assistente se dá:
A indicação ou a contratação de perito-assistente ocorre quando a parte ou a contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que dependa de conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento suficiente, discernimento, com irrestrita independência e liberdade científica para a realização do trabalho. 
Cabe ao
perito assistente verificar as diferentes hipóteses de abordagem do objeto da prova pericial, fazendo com que o perito oficial perceba as diferentes interpretações da matéria em estudo.
O perito contador deve auxiliar o seu assistente sobre algumas medias a serem tomadas com antecedência, devido o prazo de cumprimento ser escasso, informações estas como data de protocolamento do laudo, enviar copia do laudo com anterioridade para tomada de conhecimento e se colocar a disposição do colega para maiores esclarecimentos. 
Segundo Mello:
O assistente técnico pode ser indicado por cada uma das partes litigantes em um processo judicial para atuar como profissional de confiança e acompanhar o trabalho do perito. Nesse caso, deve começar sua atuação com o inicio da atividade de perito judicial e formalizar seu trabalho técnico por meio da entrega de parecer técnico critico ao laudo, apresentado após a juntada do trabalho do perito.(Mello 2013, p.30).
Quadro 5
Comparação dos Profissionais.
	COMPARAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
	PERITO 
	 ASSISTENTE TÉCNICO 
	Nomeado pelo Juiz
	Indicado pelo litigante
	Contador Habilitado 
	Contador Habilitado 
	Sujeito a impedimento ou suspeição, prevista no CPC 
	Não está sujeito ao impedimento
	Recebe seus honorários mediante alvará determinado pela Justiça 
	Recebe seus honorários diretamente da parte que o indicou 
	O prazo para entrega dos trabalhos é determinado pelo Juiz 
	O prazo de manifestação para opinar sobre o laudo do perito é de 10 dias após a publicação do laudo oficial.
	Profissional de confiança do Juiz 
	Profissional de confiança da parte 
Fonte: Elaborado pelo Autor
No entanto o perito assistente é indicado pelas partes e não tem a necessidade de aprovação do juiz, mas o mesmo precisa ter o seu registro junto ao Conselho Federal de Contabilidade para que seu entendimento seja verdadeiro, assim seguindo as mesmas normas aplicada para o perito contador.
O perito assistente deve ter profundo conhecimento da matéria a ser periciada, assim como suas reponsabilidades sociais, éticas, profissionais e legais, assim devendo zelar pela sua guarda e segurança.
6.2IMPEDIMENTO
Pode haver situações que impedem o perito contador e o perito contador assistente de atuar no cargo para a realização da perícia. Apósa nomeação pelo juiz, o perito deve declarar no prazo 	legal uma petição justificando a sua escusa, o motivo impedimento ou da suspensão que possa comprometer a sua imparcialidade assim comprometendo o seu resultado no trabalho. 
A Norma Brasileira de Contabilidade PP01 item 16 de 27 de fevereiro de 2015, diz que os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes; 
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes; 
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário ou de direção; 
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges; 
(e) ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes; 
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão; e 
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das partes. 
Para Athar a escusa do perito é considerada:
Os motivos cabíveis de impedir o perito nomeado e o perito indicado de realizarem a pericia são idênticos aos motivos aplicados, por exemplo, ao próprio juiz tais como, for parte no processo em que atuara; for casado com uma das partes ou advogados; tiver atual cargo de confiança com a parte; for amigo muito intimo de uma das partes; for inimigo de uma das partes; for parente de parte ate terceiro grau etc. O perito ainda pode pedir sua destituição pelos canais usuais quando seus honorários forem definitivamente fixados abaixo do que ele propôs, quando não dominar a área ou quando houver outro motivo considerado de forca maior ou intimo. (Athar 2019 p.37).
As condições de impedimento ou alegação de incapacidade de deve ser bem fundamentada e evidentemente provada para a tomada de decisão do juiz para nomeação de outro perito contador.
O perito de evitar qualquer tipo de interferência em seu trabalho, de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade o impedimento ou suspensão são:
16. São situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suasfunções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral. Ositens previstos nesta Norma explicitam os conflitos de interesse motivadores dos impedimentos edas suspeições a que está sujeito o perito nos termos da legislação vigente e do Código de ÉticaProfissional do Contabilista.
17. Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator determinante que ele se declareimpedido, após, nomeado, contratado, escolhido ou indicado quando ocorrerem as situaçõesprevistas nesta Norma, nos itens abaixo.
18. Quando nomeado em juízo, o perito deve dirigir petição, no prazo legal, justificando a escusa ou omotivo do impedimento.
19. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-contador assistente deve comunicara ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, com cópia ao juízo.
Impedimento legal
20. O perito-contador nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando não puder exercer suasatividades com imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou ocorrendo pelo menosuma das seguintes situações:
(a) for parte do processo;
(b) tiver atuado como perito contador contratado ou prestado depoimento como testemunha noprocesso;
(c) tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes ou seusprocuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador assalariado;
(d) tiver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até oterceiro grau, postulando no processo ou entidades da qual esses façam parte de seu quadrosocietário ou de direção;
(e) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu cônjuge ou parente,consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, no resultado dotrabalho pericial;
(f) exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-contador, em função deimpedimentos legais ou estatutários;
(g) receber dádivas de interessados no processo;
(h) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e
(i) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização ou conhecimento do juizou árbitro. (NBC PP 01 p.25)
QUADRO 6
MODELO DE ESCUSA
MODELO N°. 01 - ESCUSA EM PERÍCIA JUDICIAL
(IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – PERITO-CONTADOR)
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) ............................
Autor:
Réu:
Ação:
Processo n°.:
............................., Contador (a) registrado (a) no CRC ........, na condição de perito-contador nomeado noprocesso acima referido, vem à presença de Vossa Excelência comunicar, nos termos do art. ....... doCódigo de Processo Civil (citar n°. do item do Impedimento Legal, Técnico ou Suspeição) e da NormaBrasileira de Contabilidade NBC PP 01, do Conselho Federal de Contabilidade, o seu impedimento para aprodução da prova pericial contábil, pelos motivos esclarecidos a seguir:
Obs.: Tais motivos são somente aqueles insertos no art. .......... do Código de Processo Civil e nos itens de
impedimento ou suspeição da NBC PP 01.
Termos em que pede deferimento.
Sendo assim o perito habilitado quando em pericia judicial deve analisar de forma criteriosa as condições na pericia que assumirá, como uma analise preliminar do caso, prazo de entrega, levantamento de dados e informações, o não cumprimento coloca o perito em um serio risco de ser declarado incompetente pelo juízo e ter a sua substituição por outro profissional. 
7LIQUIDAÇÃO SENTENÇA NO PROCESSO TRABALHISTA
7.1 Das Liquidações.
A liquidação de sentença se da por duas modalidades,
sendo: por arbitramento e pelo procedimento comum.
Na liquidação de sentença por arbitramento o juiz determina para as partes apresentares pareceres ou documentos, podendo decidir de imediato, ou nomear um perito para averiguação dos fatos.
De acordo com Código Processo Civil:
Art. 510.  Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial. 
No procedimento comum para liquidação de sentença, a parte requerida será intimada para apresentar contestação no prazo de 15 dias orientando-se no seguimento o processo pelo procedimento comum do Código de Processo Civil.
Segundo Código Processo Civil: 
Art. 511.  Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.
A liquidação de sentença é cálculo feito quando o valor da condenação depende de simples cálculo e antecede a execução quando a decisão defere direito, mas não define valor.
É possível que a liquidação seja feita por mais de uma hipótese, ou seja, por cálculos, por arbitramento e por artigo. A liquidação por cálculo consiste na apresentação dos cálculos das partes.
A liquidação por arbitramento recorre à prova pericial em virtude da complexidade da matéria e a exigência inclusive do juiz a definição dos parâmetros, para auferir o valor a executar. E a liquidação por artigo quando se faz necessário provar novos fatos e muito se da na liquidação da perícia contábil no âmbito trabalhista.
Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho art.879 diz:
Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos. 
§ 1o Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.
§ 1o -A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições previdenciárias devidas.
 § 1o -B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente.
 § 2o Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de 8 (oito) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.
 § 3o Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho, o Juiz procederá à intimação da União para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão. 
§ 4o A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os critérios estabelecidos na legislação previdenciária. 
§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o valor total dos verbos que integram o salário de contribuição, na forma do art. 28 da Lei no8.212, de 24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atualização do órgão jurídico. 
§ 6o Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o Juiz poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. 
§ 7o A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no  8.177, de 1o de março de 1991.
Nas liquidações de sentença conforme o art. 883 da Consolidação das Leis do Trabalho devem incluir juros de mora desde a data do ajuizamento.
Art. 883. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial.
Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do juízo.
Desta forma uma vez que a sentença dar-se por liquidada não pode modificar, ou inovar, assim o juiz intimara as partes para a apresentação do cálculo de liquidação. A parte condenada é intimada a pagar adívida mediante deposito em dinheiro em juízo ou oferecendo bens para penhora no prazo de 48(quarenta e oito) horas, o não cumprimento no pagamento no valor da sentença acarretara multa de mora a penhora de bens o quanto baste para a liquidação.
7.2 EXECUÇÃO DO PROCESSO TRABALHISTA
A fase de execução do processo trabalhista é quando se impõe o cumprimento do que foi determinado pela justiça, que só começa quando houver a condenação ou acordo não cumprido na fase de conhecimento.
O Tribunal Superior do trabalho diz:
A execução trabalhista tem início quando há condenação e o devedor não cumpre espontaneamente a decisão judicial ou quando há acordo não cumprido. A primeira parte da execução é a liquidação, em que é calculado, em moeda corrente, o valor do que foi objeto de condenação. A liquidação pode ocorrer a partir de quatro tipos de cálculos: cálculo apresentado pela parte, cálculo realizado por um contador judicial, cálculo feito por um perito (liquidação por arbitramento) e por artigos de liquidação (procedimento judicial que permite a produção de provas em questões relacionadas ao cálculo).
A execução do processo trabalhista pode ter variações de acordo com a vara do trabalho de cara região, umas pode pedir para a reclamante apresentar o cálculo de liquidação, outra pode pedir para a reclamada, em alguns casos a própria vara faz o cálculo, ou nomeia um perito para a apresentação do cálculo.
Na Consolidação das Leis do Trabalho art.876, paragrafo único nos diz:
Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executados pela forma estabelecida neste Capítulo. 
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea “a” do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças.
que proferir e dos acordos que homologar.
Figura 1
Fonte: Manual do advogado.
7.3 PJe-Calc Cidadão
Em janeiro de 2015, Tribunal Regional doTrabalho da 8º Região, foi encarregado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, a elaborarum sistema de calculo trabalhista nacional que pudesse ser utilizada de forma padronizada entre todos os Tribunais do Trabalho e que futuramente possa ser integrado ao PJe-JT.
O PJe-Calc é o Sistema de Cálculo Trabalhista desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, a pedido do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, para utilização em toda a Justiça do Trabalho como ferramenta padrão de elaboração de cálculos trabalhistas e liquidação de sentenças, visando à uniformidade de procedimentos e confiabilidade nos resultados apurados.
O programa é executado na máquina do usuário sem a necessidade de conexão com a internet com a destinação para advogados, perito e o publico em geral com a mesma versão utilizada nos tribunais do trabalho.
8 ESTUDO DE CASO
8.1 Processo Trabalhista com Perícia Contábil
O processo refere-se a uma ação reclamatória trabalhista, na qual
houve a necessidade de realização de Perícia Contábil, ação está em transitado na Vara do Trabalho da cidade de São Joaquim da Barra, Estado de São Paulo.
Nesse processo a reclamante, alega que manteve contrato de trabalho com a ré, prestando serviços em escolas do Município de São Joaquim da Barra em razão do contrato de prestação de serviço decorrente de licitação. Afirma que a empregadora vinha descumprindo as obrigações do contrato e que não quitou as verbas da rescisão contratual.
Alega a reclamante que trabalhou para a reclamada de 03.09.2018 a 21.10.2019 e que não recebeu as verbas rescisórias que lhe eram devidas, além de não terem sido efetuados os depósitos do FGTS e multa de 40%, o que ora requer.
Em defesa, a reclamada confessa que não efetuou o pagamento das verbas rescisórias em razão de problemas financeiros, com exceção do FGTS que alega ter depositado. Todavia, nenhum documento foi juntado para comprovar os depósitos em conta vinculada e o só fato de constar a informação nos holerites não pode ser considerada como prova de efetivo depósito.
Assim, considerando a confissão da reclamada, bem como que não há nos autos documentos que comprovem os depósitos do FGTS e multa de 40% decido julgar PROCEDENTE o pedido e condeno-a, ao pagamento:
- saldo salarial 21 dias;
- aviso prévio indenizado;
- 13º salário;
- férias + 1/3;
- depósitos do FGTS de todo o contrato, acrescido de multa de 40%;
Por fim, tendo em vista a confissão da reclamada, quanto ao não pagamento das verbas rescisórias, decide julgar PROCEDENTEo pedido de pagamento da multa prevista no §8º, do art. 477, ambos da CLT.
Considerando que a reclamada não nega que deixou de pagar as verbas rescisórias, bem como que há informação de arresto de valores no processo nº 0010026-57.2020, DEFIROa antecipação de tutela, determinando que se efetive a penhora no rosto dos autos acima mencionados, onde foi arrestado o crédito da reclamada junto ao Município de São Joaquim da Barra.
Cumpridos os requisitos do art. 790 § 3º da CLT, bem como da Lei 5.584/70 e, nos termos da OJ nº 304 da SDI-I do TST, defiro à reclamante os benefícios da Justiça Gratuita, isentando-a das custas e despesas processuais.
A Lei nº 13.467/17 introduziu o 791-A ao texto celetista, prevendo a possibilidade de arbitramento de honorários de sucumbência, a serem fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação de sentença. Outrossim, acrescentou art. 223-G, XI, destacando que ao apreciar o pedido, o juízo considerará a situação social e econômica das partes. 
Deste modo, tendo por norte os artigos acima referidos e considerados os critérios fixados no § 2º, art. 791-A da CLT, condeno a reclamada ao pagamento dos honorários advocatícios da parte contrária no percentual 10%, calculados sobre o valor que resultar da liquidação da sentença.
Fica autorizada a dedução da totalidade dos valores comprovadamente quitados sob a mesma rubrica das parcelas deferidas nestes autos, a fim de se evitar o enriquecimento ilícito da autora.
Diante das razões acima expendidas, decido julgar PROCEDENTES, com resolução do mérito, os pedidos deduzidos na Reclamação Trabalhista a fim condenar a reclamada I – MEa pagar à reclamante as verbas a seguir discriminadas, com observância dos termos da fundamentação, que deste dispositivo é parte integrante: 
1. saldo salarial 21 dias;
 2. aviso prévio indenizado;
 3. 13º salário;
 4. férias + 1/3;
5. depósitos do FGTS de todo o contrato, acrescido de multa de 40%;
 6. multa do artigo 477 da CLT; 
7. honorários advocatícios da parte contrária no percentual 10%, calculados sobre o valor que resultar da liquidação da sentença;
 Concedo a reclamante os benefícios da justiça gratuita.
 Para o cálculo dos valores retro deferidos, deverá ser observada a incidência de juros, na forma da Lei n. 8.177/91, a partir do ajuizamento da ação, no importe de 1% ao mês sob a forma simples, observada a Súmula 200 do TST. 
A atualização monetária deve ocorrer a partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços, conforme art. 459, parágrafo único da CLT e Súmula 381 do TST, observando-se o índice IPCA-E, já que no dia 5.12.2017, quando já vigente a Lei 13.467 /2017, a maioria dos ministros da 2ª Turma do Supremo julgou improcedente a Reclamação 22.012/RS, apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) contra decisão que determinou a adoção do IPCA-E no lugar da TR para a atualização de débitos trabalhistas.
Deverá a reclamada comprovar nos autos os recolhimentos de Imposto de Renda, considerando-se as tabelas e alíquotas próprias aos rendimentos apurados, com base no Ato Declaratório nº 01/2009 da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, respaldado pelo princípio da capacidade contributiva, inserido no art. 145, § 1º, da CRFB/88, autorizando-se a retenção do imposto de renda, acaso incidente (art. 46 da Lei n. 8541/92 e Súmula n. 368 do TST) de forma mensal, nos termos do que determina a IN 1127 /2010.
Procederá à reclamada ao recolhimento da contribuição previdenciária (art. 30, inciso I, da Lei n. 8.212/91) sobre as parcelas que constituem base de suas respectivas incidências, nos termos da lei, sob pena de execução na forma prevista pelo art. 876, parágrafo único, da CLT, incluído pela Lei n. 10.035/00, se houverem.
Em caso de execução de sentença, a cota previdenciária do empregado e o valor do imposto de renda, eventualmente devidos, deverão ser deduzidos de seu crédito, cabendo ao empregador o recolhimento da cota patronal, observando a natureza das parcelas deferidas na forma do art. 28 da Lei n. 8212/91 e, ainda, o teor do art. 276, §4º, do Dec. 3.048/00.
Ficam as partes cientes de que a execução desta sentença processar-se-á nos termos dos artigos 880 e seguintes da CLT, aplicando-se o CPC, quando compatível.
Custas processuais as expensas das reclamadas, fixadas no valor de R$ 161,09 e calculadas sobre o valor da condenação provisoriamente arbitrado na quantia de R$ 8.054,54.
DECISÃO
 Laudo pericial contábil juntado aos autos sob o ID. nº 4fb960e, de 27.06.2020: 
Devidamente intimadas a manifestarem sobre os cálculos elaborados pela perícia contábil, as partes deixaram transcorrer in albis seu prazo. 
HOMOLOGO o laudo pericial de ID. 4fb960e e FIXO o quantum debeatur da condenação no importe de R$ 10.032,71, conforme demonstrativo inserto na tabela abaixo (visualização disponível no PJE, no ID da presente decisão), atualizado até 01.06.2020: 
Quadro 7
Cálculos do Laudo Pericial
	CREDOR
	TITULO 
	VALOR R$
	TOTAL
	AUTOR (A)
	principal 
	 R$ 7.366,79 
	 R$ 7.718,56 
	
	juros
	 R$ 351,77 
	
	UNIÃO (INSS)
	cota autor
	 R$ 186,60 
	 R$ 663,47 
	
	cota réu
	 R$ 476,87 
	
	Advogado (autor)
	honorários sucumbenciais 
	 R$ 790,52 
	 R$ 790,52 
	Perito (a)
	honorários periciais contábeis
	 R$ 700,00 
	 R$ 700,00 
	União
	Custas processuais
	 R$ 160,16 
	 R$ 160,16 
	TOTAL DE VERBAS HOMOLOGADAS
	 R$ 10.032,71 
Fonte: Vara do Trabalho de São Joaquim da Barra Processo nº 0010027-42.2020.5.15.0117
Parâmetros da liquidação: 
1) o crédito trabalhista autoral representa seu valor líquido já descontado o valor referente à contribuição previdenciária - cota autor; 
2) o valor da condenação relativo ao principal sofrerá correção até o efeito pagamento. Após, serão acrescidos de juros de mora, desde a data do ajuizamento da ação, ocorrido em 08.01.2020 (artigo 883, da CLT); 
3) os valores previdenciários ficarão sujeitos aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, cujo termo inicial se revela no segundo dia do mês seguinte à liquidação de sentença.
Os valores ora apurados se enquadram na situação prevista na Instrução Normativa n.º 1.500, de 29 de outubro de 2014, não sendo, pois, passíveis de incidência de recolhimentos fiscais. 
Dispensada a manifestação da União Federal, nos termos do artigo 1º, caput,
da Portaria do Ministério de Estado da Fazenda nº 582 de 11.12.2013.
 Neste ato, determino que a citação da reclamada se dê através do i. PATRONO DA EXECUTADA, VIA DEJT, para os fins do art. 880-CLT, uma vez que no processo do trabalho, a citação na fase de execução não precisa ser pessoal, estando o i. patrono constituído nos autos, muito mais apto a recebê-la do que qualquer representante do executado que possa ser encontrado pelo Oficial de Justiça.
 Com o pagamento, conclusos para liberações. Decorrido o prazo sem o pagamento ou a garantia da execução, deverá o reclamante, em cinco dias, manifestar se tem interesse no prosseguimento da execução, nos termos do artigo 878, da CLT.
8.2. Processo Trabalhista por Arbitramento
O processo refere-se a uma ação reclamatória trabalhista, na qual não houve a necessidade de realização de Perícia Contábil, ação está em transitado na Vara do Trabalho da cidade de São Joaquim da Barra, Estado de São Paulo.
Nesse processo a reclamante, alega que desde o inicio ate o final do seu contrato de trabalho sempre conduziu caminhão borracharia e que seus serviços eram preponderantemente no campo e que trabalhava menos na borracharia.
Sempre houve coletor digital onde o reclamante marcava dos dias e horários trabalhado, (no inicio marcava horários de inicio e términos da jornada, e no ultimo ano do contrato, passou a marcar os horários do intervalo também).
Trabalhou em dois turnos distintos; quando trabalhava no turno da noite marcava horário de saída por volta das 7h e, no outro turno, o horário de saída era marcado por volta das 15h20min; quando trabalhava no turno da noite seu horário de entrada era 23h20min e, no turno do dia, o horário de entrada era às 7h;
Na época em que marcava os intervalos para refeição e descanso no ponto costumava parar para o intervalo por volta de 23h, havendo vezes que chegou a parar 1h da madrugada; neste caso, fazia intervalo da 1h até 1h15, 1h20min;
Houve vezes em que fazia o intervalo intrajornada de 1h (o depoente reportou-se a dias de chuva ou dias em que estava na Usina); como média, isto acontecia em 5 dias, a considerar o módulo de 25 dias de trabalho;
A reclamada administrava área de vivência para tomada de refeições, uso de banheiros, tomada de água, "mas ás vezes a gente ficava longe e preferia tomar as refeições ali na cabine do caminhão mesmo porque não compensava a perca de tempo do deslocamento";
A troca de turno demorava cerca de 30 minutos;
Nãohavia diferenças de tempo de intervalo entre turnos diurnos e noturnos; às vezes gastava 30 minutos; na maioria das vezes, 20 minutos;
Quando saía ás 15h20min, a troca de turno iniciava às 15h40min; quando saía às 7h, a troca iniciava às7h20min.
O reclamante sustentou que trabalhou em condições de trabalho aptas a gerar o direito ao adicional de insalubridade.
A reclamada, na defesa, negou os fatos e os pedidos.
A reclamada apresentou contestação escrita. Refutou todas as vindicações. Requereu a compensação e ou dedução de importâncias pagas com as eventualmente deferidas.
As partes juntaram documentos.
Foi produzida prova pericial ambiental
Determinada a realização de perícia ambiental, o perito constatou que o autor, em determinados períodos, trabalhou exposto ao agente físico calor acima dos limites de tolerância. Não verificou a exposição a outros agentes em condições insalubres (ID. 0626cca, de 07.4.2018).
A exposição do autor ao calor é fato incontroverso, já que em grande parte do contrato trabalhou no campo, executando atividades moderadas, submetendo-se ao limite de tolerância à exposição ao calor de 26,7ºC Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG).
Realizadas as medições, apurou-se que o autor ficouexposto ao calor acima dos limites de tolerância nos períodos de 01/07/2014 a 02/02/2016 e de 09/10/2017 a 04/01/2018. No intervalo entre um e outro período eletrabalhou em turno noturno.
Na forma do entendimento consubstanciando naOrientação Jurisprudencial 173 da Seção Especializada de Dissídios Individuais I doTribunal Superior do Trabalho (TST) mais especificamente, inciso II da referidaorientação, o demandante tem direito sim ao adicional de insalubridade, a 20%(grau médio) sobre os salários mínimos vigentes em cada uma das épocas deexposição.
As variações de clima e temperatura, vento etc. nãoafastam o calor havido na região de trabalho do reclamante, pelo menos na maiorparte do ano.
Esses elementos conduzem o Juízo a reconhecer o laborem contato com o agente físico calor acima dos limites de tolerância, exceção feitaaos meses de maio a agosto de cada ano, épocas em que o clima, sabidamente, émais ameno, bem assim no período em que o autor se ativou em turno noturno.
No que se refere ao trabalho em exposição ao agentequímico, o Juízo acolhe as conclusões do perito e seus esclarecimentos, afastandoas impugnações do autor.
 O laudo constatou que o reclamante manuseava agentequímico,contudo, esclareceu que a forma de trabalho (ambiente aberto e manuseiocom uso de pincel) e a sua frequência (exposição extremamente reduzida) nãoproporcionava a caracterização da insalubridade. Relatou, em adição, que oreclamante trocava, em média, cinco pneus por dia, ocasião em que utilizava oproduto químico, e, ainda assim, não teve contato direto com as mãos, na medidaem que ele fazia uso de um pincel, e mais, mourejava em áreas aberta.
No laudo adotado pelo autor como prova emprestada, a fimde justificar as impugnações do trabalho técnico produzido nesse processo, não hárelatos de fatos a comprovar que ambos os borracheiros exerciam exatamente asmesmas funções, com a mesma frequência de uso do produto químico e o mesmométodo de utilização.
 Assim, não é elemento de prova suficiente a infirmar asconclusões do perito, mormente porque o autor esteve presente durante a diligênciapericial e prestou informações que influenciaram nas conclusões do perito.
O Juízo acolhe, portanto, as conclusões do perito noparticular.
Diante de todo o exposto, justifica-se a condenação daparte passiva ao pagamento de adicional de insalubridade, grau médio (20%) de 01/07/2014 a 02/02/2016 e de 09/10/2017 a 04/01/2018, com exclusão, entretanto, dosmeses de maio a agosto (meses mais frios, como média) com reflexos, pela média,em aviso prévio, em natalinas, em férias acrescidas de um terço.
O pedido de reflexos de adicional de insalubridade emFundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) será apreciado de maneiraapartada, na sequência da presente fundamentação.
Quanto à base de cálculo do adicional de insalubridade,oSupremo Tribunal Federal (STF) por sua Súmula Vinculante (SV) nº 4, vedou autilização do salário mínimo nacional como base de cálculo (por conta da vedaçãoconstitucional da indexação do mínimo) e proibiu a alteração da base de cálculo pordecisão judicial. A Corte Suprema remeteu a questão ao legisladorinfraconstitucional. Tecnicamente, ausente regulamentação por lei federal, asituação do adicional de insalubridade, a partir da edição da indigitada Súmula,ficou, no que toca à base de cálculo, análoga à do adicional de penosidade (direitoconstitucional dependente de regulamentação desde a promulgação da ConstituiçãoFederal - CF, em 1988). Todavia, como a Constituição Federal, entre outrosprincípios, rege-se também pelo Princípio da Vedação ao Retrocesso, que se irradiapara o plano infraconstitucional (já que as leis buscam na CF seus fundamentos devalidades) especialmente em questões como as ora analisadas, atinentes à saúdedo ser humano trabalhador, e como o STF declarou a inconstitucionalidade de partedo artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas sem a expressapronúncia de sua nulidade, decide o Juízo, até que nova lei venha disciplinardefinitivamente a matéria, determinar que as bases de cálculo do adicional emquestão continuem sendo os salários mínimos nacionais vigentes em cada um dosmeses da condenação. Aliás, a se perpetuar a recente história de valorização dosalário mínimo (em comparação com a inflação e com os reajustes das categorias)parece mesmo mais adequado,
nesse cenário criado pela mencionada SúmulaVinculante, a consideração desse salário como base de cálculo do adicional deinsalubridade.
O reclamante afirmou que trabalhava em jornada extraordinária, em escala 5x1, fruindo intervalo intrajornada reduzido e que permanecia à disposição da reclamada no final da jornada aguardando a troca turno, tempo esse jamais computado na jornada. Pleiteou pelas horas extraordinárias correspondentes, acrescidas dos reflexos.
A ré impugnou os pedidos. Sustentou que o obreiro cumpria jornada de trabalho diversa da alegada, consoante folhas de ponto juntadas com a defesa.
As folhas de ponto consignam jornada de trabalho variável.Consequentemente, ausente marcação "britânica", cabia à parte autora o ônus deprovar que trabalhou em jornada diversa daquela registrada nos controles formaisde horários (inciso I do art. 333 do CPC e art. 818 da Consolidação das Leis doTrabalho - CLT, e Súmula 338 do Tribunal Superior do Trabalho - TST).
O reclamante, em réplica, impugnou a validade das folhasde ponto, notadamente no que se refere aos intervalos intrajornada e ao tempo àdisposição no final do trabalho. Aliás, do conteúdo da prova oral infere-se que acontrovérsia central ficou adstrita apenas em relação aos intervalos intrajornadas eaos horários de saída assinalados no ponto formal.
No que diz respeito ao tempo de espera para troca deturno, a prova oral foi conclusiva: o reclamante permanecia por um tempo àdisposição da empresa entre o apontamento do encerramento da jornada e a subidano ônibus para o retorno à sua cidade de origem, tempo este não computado najornada de trabalho obreira. Esse fato foi confirmado, de forma incisiva econvincente, pela testemunha ouvida (item 3 do depoimento). Esse período, comefeito, deveria integrar a jornada de trabalho (art. 4º da CLT). Deveria a reclamadacuidar, na organização das trocas de turno, de colocar à disposição da partereclamante ônibus em condições de rápida partida, ou pelo menos uma partida emtempo pouco menor, levando em conta a necessidade de outros trabalhadoresembarcarem também. A troca de turno e seus sucedâneos (como o é a espera doônibus e o tempo de embarque) é procedimento inerente à prestação de serviços enada há que justifique sua exclusão da jornada de trabalho, sobretudo porque odemandante, no ponto, também fica à disposição da parte empregadora.
No que se refere ao intervalo intrajornada, também mereceacolhida a versão da parte autora. O conteúdo da prova oral conduz à conclusão deque o trabalhador fruía tempo de descanso inferior ao assinalado no controle deponto e previsto na lei. A testemunha, convincente neste ponto também, afirmouque os trabalhadores dispunham de poucos minutos de intervalo em razão dovolume de serviço, esclarecendo que se alimentavam em 15/20 minutos, em média,e logo voltavam a trabalhar (item 6 do depoimento) exceção feita a 5 vezes por mês,quando conseguiam fruir o intervalo de 1h (dias de chuva) - tópico n. 7 dodepoimento.
Em razão da exposição feita até aqui, o Juízo, comfundamento no princípio do livre convencimento motivado (art. 371 do CPC) acolheos horários de trabalho registrados nas folhas de ponto, exceção feita aosintervalos intrajornadas, ora fixados, por arbitramento, em 1h por dia detrabalho nos cinco primeiros dias trabalhados de cada mês, e 20 minutos nosdemais dia de trabalho, e aos horários de término da jornada, casos em quehaverá consideração de que a jornada foi prorrogada por mais 20 minutos acontar para além dos horários registrados como de saída no ponto formal.
Toma-se como pressuposto, também, a circunstância de que a frequência aotrabalho está fielmente consignada nas folhas de ponto, haja vista a ausênciade impugnação específica a esse respeito.
Reconhecida a prática de jornada de trabalho diversadaquela observada pela empregadora o longo do contrato, é evidente a existênciade horas extras inadimplidas.
Tendo em vista a jornada de trabalho acolhida, o Juízocondena a parte reclamada a pagar em favor do autor as horas extraordináriastrabalhadas em todo o período, a partir dos dias de trabalho registrados noscontroles de ponto, assim consideradas as laboradas para além da oitava diária eda quadragésima quarta semanal (inciso XIII do artigo 7º CF) isso com base najornada acima reconhecida, em valores a serem apurados em regularliquidação de sentença, por simples cálculos, observando-se, ainda, os seguintesparâmetros e os limites da inicial: a) adicional convencional durante o período devigência das normas coletivas e, na sua ausência, adicional mínimo constitucionalde 50%; b) divisor 220; c) a quantidade de horas extras será feita mês a mês; d) aredução da hora noturna, nos termos do art. 73 da CLT; e) a observação da regracontida no § 1º do art. 58 da CLT (superado o limite diário de dez minutos, as horasserão contadas mês a mês, inclusive os minutos inseridos nas tolerâncias); f) basede cálculo formada pela evolução e pela globalidade salarial (art. 457 da CLT,súmulas 60 e 264 do C. TST) inclusive com a inserção do adicional de insalubridadedeferido no mês de referência; g) pagamento da hora acrescida do adicional; h)dedução mês a mês dos valores comprovadamente pagos sob os mesmos títulosdesde que se refiram aos mesmos períodos; i) reflexos em aviso prévio, emnatalinas, em férias acrescidas de um terço, em descansos semanais remuneradose em feriados.
O pedido de reflexos das diferenças de horas extras emFundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) será apreciado de maneiraapartada, na sequência da presente fundamentação.
Tendo em vista a jornada de trabalho acolhida, com aprática de horas extras habituais, não se aplica ao contrato de trabalho qualquerajuste de compensação de horas, na medida em que jamais praticado, não incidindona hipótese o disposto na Súmula 85 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Não há se falar em hora extra a partir de 7h20min por diamas somente a partir da 8ª diária e 44ª semanal. Este critério de 7h20min é apenasum demonstrador diário do módulo semanal de compensação, ou seja, 44 horasdivididas em seis dias úteis. E, no caso presente, sequer foi reconhecida a práticada compensação de horas.
O entendimento do Juízo é o de que o direito previsto no § 4º do artigo 71 da CLT não se confunde com o direito ao recebimento de horas extras. Toda a confusão a respeito da correta interpretação desse dispositivo legaldecorreu da escolha legislativa do adicional de 50%, este coincidente com o mínimoconstitucional para a remuneração das horas extras.
A diferença dos institutos (horas extras e remuneração dointervalo não fruído, parcial ou integralmente) é simples. Basta, para se chegar aesta conclusão, a reflexão sobre os seguintes exemplos e sobre as seguintesperguntas: 
 - um trabalhador que tem jornada máxima de oito horas pordia e quarenta e horas semanais, que trabalho, em um determinado dia, das 8h às16h, sem intervalo para refeição e descanso, de segunda a sexta-feira, realiza horasextras?
A resposta é não.
Agora, indaga-se:
- o mesmo trabalhador teria direito à remuneração emrazão do prejuízo que suportou, isso com base no e no § caput 4º do artigo 71 daCLT?
A resposta é sim.
Se, sob as mesmas bases do exemplo supra, o trabalhadorfindasse sua jornada para além das dezesseis horas, ele teria os dois direitos: aremuneração das horas extras, pela excedente da oitava diária e, paralelamente, aremuneração decorrente da ausência da fruição do intervalo, exatamente porque osinstitutos têm escopos diferentes: o das horas extras, a contraprestação, comadicional mínimo de 50%, por um trabalho mais desgastante (natureza salarial); aindenização do intervalo, a compensação, e o pagamento, pelo prejuízo acarretadoà saúde do trabalhador que não teve o tempo mínimo para a sua recomposiçãofísica e mental.
A diversidade desses institutos foi consagrada na Súmula437 do Tribunal Superior do Trabalho (TST):
SÚMULA N.º 437. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO EALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das OrientaçõesJurisprudenciais 307, 342, 354, 380 e

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