Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EVOLUÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS Os compósitos resinosos são materiais poliméricos constituídos por uma matriz orgânica reforçada por uma dispersão de vidros, cristais ou partículas de carga, sendo então esses dois componentes unidos por agentes de união, os silanos orgânicos. Pode-se distinguir os compósitos dentários pelas suas diferenças na formulação, de acordo com as necessidades específicas, como material restaurador, selante, cimento, material provisório, etc. Eles foram desenvolvidos em 1962, combinando dimetacrilatos (resina de epóxi e de ácido metacrílico) com pó de quartzo silanizado. Graças às suas propriedades estéticas, e as vantagens da tecnologia adesiva, os compósitos resinosos tornaram-se materiais de destaque na odontologia e o seu desenvolvimento representa um marco na odontologia restauradora. A evolução dos compósitos resinosos teve grande destaque na década de 50, quando BUONOCORE mostrou ao mundo a técnica do condicionamento ácido do esmalte, melhorando a adesão à estrutura dental. Já em 1956, BOWEN introduziu o Bis-GMA que melhorou as propriedades das resinas compostas, ampliando a sua indicação. Com o advento do condicionamento ácido total proposto por NAKABAYASHI em1976, a adesão dos compósitos resinosos à estrutura dental aumentou mais ainda. Essa evolução não parou por aí, alterações promovidas na composição e distribuição das partículas de carga, melhoraram algumas propriedades desses materiais. Até pouco tempo as modificações mais importantes eram no sentido de reduzir o tamanho das partículas e aumentar sua porcentagem na composição do material para produzir materiais mais eficazes no polimento e com maior resistência ao desgaste As mudanças atuais estão mais focadas no desenvolvimento de sistemas com reduzida contração de polimerização e diminuir o índice da tensão de polimerização, e para torná-las autoadesivas à estrutura dental. As resinas compostas podem ser classificadas pelo tamanho das partículas inorgânicas. Podem ser macroparticuladas, microparticuladas, microhíbridas e nanoparticuladas. As resinas compostas são usadas para uma variedade de aplicações em odontologia, para restaurações diretas e indiretas, forramento de cavidade, selantes de fissuras, coroas, restaurações provisórias, cimento para próteses e aparelhos ortodônticos, cimentos endodônticos, além de outras aplicações. A composição do material tem influência direta no comportamento mecânico dos materiais. EVOLUÇÃO, PROPIAMENTE DITA, DAS RESINAS COMPOSTAS: 1. Para que fosse possível diminuir a contração de polimerização, foi necessário aumentar o percentual de partículas inorgânicas das resinas compostas; para isso tiveram que diminuir o tamanho das partículas, o que permite uma melhor distribuição da carga 2. Procedimentos de lisura e acabamento das resinas compostas é um fator importantíssimo das restaurações, pois uma restauração rugosa acaba funcionando como ponto de retenção de biofilme, além de causar mudança precoce de cor das restaurações e também problemas periodontais. Dessa forma, as resinas de macropartículas praticamente não existem mais, já que devido ao tamanho de suas partículas inorgânicas a restauração apresentava uma lisura superficial insatisfatória. Já as resinas microparticuladas apesar de apresentarem polimento excelente, têm como inconveniente um alto índice de contração de polimerização devido à pouca porcentagem de carga dessas resinas 3 Para associar as vantagens das resinas de macro e micropartículas, surgiram as resinas híbridas e microhíbridas. Os compósitos híbridos, são um dos diversos materiais disponíveis hoje no mercado para procedimentos de reparo, porém as resinas nanoparticuladas também podem ser utilizadas. 4 A aplicação da nanotecnologia em materiais dentários restauradores diretos, é um desenvolvimento relativamente recente dos avanços odontológicos e permitiu a redução do tamanho das partículas de carga e possibilitou a redução do estresse de polimerização e o aumento da resistência ao desgaste das resinas compostas. 5 Outra tentativa de se melhorar a contração de polimerização, foram inseridas no mercado resinas a base de silorano, por apresentarem menor contração de polimerização e menor geração de estresse. Entretanto, problemas referentes à necessidade de sistemas adesivos específicos associados à similaridade de comportamento clínico com as resinas convencionais, inviabilizaram a disseminação mais eficiente destes materiais. 6 As resinas compostas Bulk-Fill surgiram no início dos anos 2000, com o intuito de melhorar as propriedades mecânicas e reduzir o tempo clínico das resinas compostas. São resinas compostas que se propõem a serem utilizadas em uma só camada de até 4mm de espessura. São também chamadas de resinas de preenchimento único. Estas resinas ainda são desconhecidas pela maioria dos profissionais, sendo assim necessários mais estudos para maiores conhecimentos destes materiais, já que estas vêm sendo discutidas incessantemente e mostrando resultados positivos Que pode acarretar na formação de um espaço entre o material restaurador e o dente Indicadas quando se deseja obter uma melhor estética e aspecto óptico mais natural em dentes anteriores, entretanto apresentam uma resistência mecânica inferior. É importante ressaltar que os procedimentos odontológicos estão em constante evolução e cada vez mais seguros, rápidos e indolores, fornecendo melhorias não só para os pacientes como também para os profissionais da área. SISTEMA ADESIVO O adesivo odontológico é utilizado com o objetivo de aumentar a adesão dos materiais no momento de restauração dentária. A cola presente nele é usada para garantir o sucesso de vários procedimentos, como a reparação de um dente com cárie, lascado, fraturado ou pigmentado. Os adesivos chegaram como uma alternativa de tratamento simplificado de restaurações. Ele tem a função de promover resistência à separação de um substrato aderente de um material restaurador (ou de cimentação), distribuir a tensão ao longo da superfície de colagem e, de forma mais óbvia, selar a interface dentária. A prática começou a ganhar força mais ou menos em 1955, quando Buonocore descobriu que poderia condicionar os tecidos para receber a restauração. A aplicação prévia de um ácido fosfórico a 85% por 30 segundos sobre a superfície de esmalte aumentou significativamente a adesão dos materiais resinosos contribuindo para melhorar o selamento marginal das restaurações de resina composta com margens localizadas em esmalte O princípio fundamental de adesão à estrutura dentária está baseado em um processo de troca, no qual minerais são removidos dos tecidos dentários e então substituídos por monômeros resinosos. Este processo envolve duas fases: a primeira fase consiste na remoção do cálcio e criação de porosidades tanto em esmalte quanto em dentina; a segunda, denominada hibridização, envolve a penetração e polimerização dos monômeros no interior das porosidades criadas Atualmente, os sistemas adesivos podem ser divididos em duas categorias, de acordo com as diferentes estratégias adesivas utilizadas sobre as estruturas dentárias: podem ser classificados em convencionais e autocondicionantes Adesivos Convencionais: caracterizam-se pela aplicação prévia e isolada de um ácido forte, o ácido fosfórico, sobre as estruturas dentais. Esta categoria de sistema adesivo está disponível para o uso em três passos ou em dois passos clínicos. Nos sistemas adesivos de três passos, primer e adesivo são aplicados separadamente, enquanto que nos sistemas de dois passos, primer e adesivo encontram-se em uma única solução No esmalte, o condicionamento com ácido fosfórico promove a desmineralização deste substrato e , consequentemente, criaçãode microporosidades. Estas microporosidades são preenchidas pelos monômeros resinosos hidrofóbicos contidos no adesivo, que auxiliam na retenção micromecânica da restauração. Uma vez que o esmalte é um substrato homogêneo, a técnica do condicionamento ácido cria uma superfície ideal para a adesão, tornando- a duradoura e confiável. Em dentina, a adesão é mais complexa. Esta dificuldade se deve à sua composição mais orgânica e à umidade contida nos túbulos dentinários. Sendo assim, o mesmo ácido fosfórico quando aplicado em dentina age de modo diferente se comparado a sua ação sobre o esmalte. O condicionamento da dentina com ácido fosfórico envolve a exposição das fibras colágenas que, posteriormente, serão infiltradas pelos monômeros resinosos para formação da camada híbrida. Entretanto, para que haja uma adequada penetração dos monômeros resinosos por entre as fibras colágenas expostas é necessário manter a dentina condicionada úmida. Sabe-se que abertura dos túbulos dentinários ocasionadas pelo condicionamento ácido aumentam a permeabilidade dentinária e a condutância hidráulica, o que afeta diretamente o grau de umidade da superfície da dentina condicionada. Como resultado, o controle da umidade dentinária para o estabelecimento de uma adequada adesão representa um desafio. Além disso, um sobrecondicionamento ácido da dentina também pode contribuir para falha na formação da camada híbrida. Nesse caso, a profundidade de desmineralização da dentina pelo condicionamento ácido seria maior que a infiltração dos monômeros resinosos, deixando a porção mais profunda das fibras colágenas exposta, comprometendo a durabilidade da adesão. Adesivos Autocondicionantes: não apresentam um passo prévio e isolado de condicionamento ácido, uma vez que contêm um primer acídico, composto essencialmente por monômeros funcionais de baixo pH, que atuam simultaneamente como condicionador e primer. Consequentemente, há uma redução do tempo de trabalho e do risco da ocorrência de erros durante a aplicação e manipulação do material Outra vantagem: a infiltração dos monômeros funcionais acontece simultaneamente ao processo de autocondicionamento, com isso, a possibilidade de discrepância entre a profundidade de condicionamento e de infiltração dos monômeros é baixa ou até mesmo inexistente Os sistemas adesivos autocondicionantes estão disponíveis para o uso em dois passos ou em um passo clínico. Nos sistemas adesivos de dois passos, primer acídico e adesivo são aplicados separadamente, enquanto que nos sistemas de um passo, primer acídico e adesivo são aplicados em um mesmo tempo clínico Adesivos Universais: São uma nova categoria de sistemas adesivos que pode ser utilizada de acordo com a situação clínica específica ou preferência pessoal do operador. Estes novos adesivos foram denominados adesivos universais ou multimodais Segundo os fabricantes, apresentam a versatilidade de poderem ser aplicados sobre as estruturas dentais tanto pela técnica convencional quanto pela autocondicionante Apesar de os fabricantes indicarem a possibilidade do uso da técnica convencional, a adesão à dentina é negativamente afetada quando os adesivos universais são utilizados deste modo. O condicionamento prévio com ácido fosfórico remove cálcio da dentina, expondo uma trama de fibras colágenas. Esta desmineralização pode prejudicar o potencial de adesão química, uma vez que os monômeros funcionais do adesivo se ligam diretamente ao cálcio das estruturas dentais Todos os adesivos que se utilizam da técnica autocondicionante, incluindo os adesivos universais, contêm grande quantidade de água e solventes em sua composição. A água é necessária para a ionização dos monômeros funcionais, enquanto os solventes facilitam a penetração dos monômeros por entre os espaços interfibrilares, além de diminuírem a viscosidade do adesivo. Embora sejam componentes essenciais, água e solventes devem ser completamente removidos durante a aplicação clínica do adesivo GRAU DE CONVERSÃO O que é? O GC traduz a extensão da reação de polimerização. É a quantidade de monômero da resina composta que se converteu na cadeia polimérica, ou seja, está intimamente associado ao processo de polimerização do compósito. Uma baixa conversão do compósito pode resultar em monômeros livres, não reagentes, que podem ser dissolvidos em ambientes úmidos, resultando assim na degradação do material e comprometendo a longevidade da restauração. Como pode ser influenciado? o tipo de fotopolimerizador; a distância em que o fotoativador encontra-se do compósito resinoso, tamanho do incremento de resina composta na cavidade, opacidade da resina, entre outros. Quanto mais próximo à fonte de luz maior será a quantidade de monômeros polimerizados Como determinar? No início da polimerização, as moléculas de fotoiniciadores são ativadas pela luz, as quais ativam os monômeros, que, por sua vez, reagem com outros monômeros formando a cadeia polimérica. No interior da estrutura da resina polimerizada, podem existir certos monômeros presos que não reagiram, que, além de trazer problemas citotóxicos, podem se solubilizar no ambiente bucal e provocar espaços vazios na restauração e, por consequência, a ocorrência de cáries secundárias. Por essa razão, o grau de conversão (GC) é uma mensuração de reação química frequentemente testada in vitro. existem vários testes, mas a técnica utilizada com mais frequência é a espectroscopia infravermelha transformada de Fourier (FT-IR). A FT-IR é utilizada para determinar o GC por intermédio da proporção de concentração de duplas ligações de carbono alifáticas antes e após a polimerização do material. O percentual de duplas ligações de carbono alifáticas não convertidas (% C=C) é determinado pela taxa da intensidade de absorção entre ligações C=C e ligações C=O, antes e após a polimerização. O grau de conversão correspondente é calculado pela subtração dessa taxa de 100%6. Importância É de grande importância para auxiliar na investigação do desempenho mecânico da resina e da biocompatibilidade, pois esse processo está diretamente relacionado à resistência à fratura, à dureza e à solubilidade do material. Associadas a esse fator, avaliações clínicas e laboratoriais sugerem que há associação entre o grau de conversão e as propriedades físico- mecânicas, tais como estabilidade de cor, resistência ao desgaste, à flexão ou à tração das resinas O valor percentual do GC quantifica a reação química, embora não seja uma propriedade do material restaurador resinoso, estudos apontam que um baixo valor do GC afeta o desempenho clínico aceitável. Para as camadas de restaurações oclusais, valores abaixo de 55% não são aconselhados. Portanto, por apresentar essa correlação, é de grande importância avaliar o grau de conversão das resinas compostas, levando em consideração todas as influências possíveis e as propriedades mecânicas, como a dureza, para que, assim, sejam confeccionadas restaurações de boa qualidade e com maior tempo de vida clínica útil. Resinas Bulk Fill São resinas compostas que se propõem a serem utilizadas em uma só camada de até 4mm de espessura. São também chamadas de resinas de preenchimento único Podem ser classificadas de acordo com a consistência em: fluidas ou resinas de consistência regular. Nas resinas bulk-fill de consistência regular a contração de polimerização parece ser similar às resinas convencionais. O mesmo não se observa nas resinas bulk-fill de consistência fluida, em que a maioria dos estudos apontou uma maior contração destes materiais as resinas bulk fill de consistência fluida necessitam de uma camada de cobertura não devendo ficar diretamente sujeitas as tensões oclusais durante a função. Já as resinas bulk fill de consistência regular podem ser utilizadasem incrementos de 4 a 5 mm, pois seu estudo comprovou que sua resistência a flexão fornece uma estimativa do potencial da resina composta que lhe confere propriedades similares a dentina e esmalte em áreas de concentração de tensão Nos estudos de Ilie, 2014, a resina bulk fill de consistência fluida se destacou em relação a resina de consistência regular quanto à resistência de união; esse fato talvez se deva à sua melhor fluidez, pois é um compósito que apresenta baixa viscosidade A principal propriedade que caracteriza este material é o baixo grau de contração após a polimerização. Outra vantagem é a facilidade de técnica de inserção o que reduz bastante o tempo clínico Em seu estudo Rauber, Bernardon & Vieira (2016) concluíram que a inserção da resina composta preenchida em um único incremento obteve desempenho semelhante à inserção do mesmo material em três incrementos O mecanismo pelo qual estas resinas sofrem contração volumétrica, possivelmente reduzida, é muito variável, sendo que cada fabricante apresenta sua própria tecnologia foi feito um estudo onde foi avaliado o manchamento e a rugosidade superficial de materiais restauradores diretos após diferentes sistemas de polimento e foi possível concluir que o compósito Bulk Fill obteve menor manchamento após exposição ao café, independentemente do sistema de polimento utilizado As resinas bulk fill, apresentam maior translucidez, quando comparadas às resinas convencionais, permitindo que a luz do fotopolimerizador a atravesse mais facilmente. Como consequência, o processo de fotopolimerização consegue atingir as áreas mais profundas. Elas também possuem um melhor escoamento, o que garante o preenchimento de áreas e ângulos difíceis de serem preenchidos Por se tratar de um material que está há pouco tempo disponível no mercado, muitas pesquisas e estudos são importantes para garantir o sucesso clínico quando as mesmas forem empregadas
Compartilhar