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ANÁLISE CRÍTICA DO FILME: ON THE BASIS OF SEX

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ANÁLISE CRÍTICA DO FILME: ON THE BASIS OF SEX
Isabele Aparecida Borges ESPAIRANI[footnoteRef:1] [1: A autora é acadêmica de Direito no Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo de Presidente Prudente.
E-mail: isabeleborgesespairani@gmail.com] 
On the Basis of Sex exibe a trajetória de Ruth Ginsburg em luta com a desigualdade de gênero, representando Charles Moritz, que queria uma dedução de impostos sob a Seção 214 para o salário de cuidador que ele teve que contratar para ajudá-lo a cuidar de sua mãe, uma vez que essa dedução era dada somente a mulheres e homens anteriormente casados, e Moritz nunca foi. O filme torna indubitável que a transformação das leis precisam ocorrer para acompanhar a renovação da mentalidade humana e vice-versa. Sendo um dos melhores filmes da categoria (drama/drama jurídico) existentes, tornando-se uma obra que merece ser vista e revista. 
Ao decorrer do filme, nota-se a existência de alguns direitos fundamentais como, por exemplo, a igualdade, liberdade, fraternidade, sendo também os mesmos que se encontram hoje na Constituição Federal, Código Civil Brasileiro, entre outros. No Julgamento, a professora-advogada defende seu cliente buscando acabar com a extrema classificação com base no gênero e fazer com que o país trate todos da mesma maneira, independentemente de serem homens ou mulheres, isto é, estava em busca de igualdade, buscando também o direito à liberdade, pois apesar de ser atribuído a cada ser, muitos ainda não faziam jus a essa garantia, por apenas serem diferentes do que a lei impunha, inclusive que todos devessem ser tratados de maneira fraterna, assim dizendo, a convivência afetuosa onde todos possam ter direitos. As leis existentes hoje no Brasil é muito diferente das dos Estado Unidos na época em que a história aconteceu. No dispositivo maior de lei, há o Art.3 inciso IV, que diz “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, é de fácil percepção que a Constituição Federal Brasileira traz esse assunto como preceito. Posteriormente na mesma, o Art.5° inciso l, “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”, isto significa, que além das obrigações, tanto mulheres quanto homens tem direitos, e ainda no Art. 5°, o inciso XIII traz, “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”, diferentemente do que se é retratado no filme, a constituição brasileira garante que qualquer pessoa pode exercer qualquer trabalho que quiser, sem ter em conta o gênero. Seguidamente o Código Civil Art. 1° “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”, trazendo a palavra TODOS, mostra que não é somente o homem ou a mulher que tem direitos e deveres, e sim os dois. Vale ressaltar uma enorme escalada normativa em prol da igualdade de gênero, pois em tempos passados as leis não eram estabelecidas desta maneira, ocorrendo muitas mudanças tanto na Constituição, quanto nas leis infraconstitucionais.
Através do caso Moritz v. Comissário, Ruth Ginsburg conseguiu mudar o pensamento dos juízes em relação à desigualdade de gênero, uma vez que os mesmos já tinham seus precedentes formados. A argumentação utilizada, foi a de que o indeferimento da dedução continha discriminação com base no gênero e uma negação inconstitucional de proteção igual em contravenção da Décima Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Uma vez que nos Estados Unidos as decisões judiciais não são tratadas como aqui no Brasil, pois lá acontece de maneira prévia tendo os precedentes, isto significa, os juízes decidem sobre um caso através das circunstâncias, uma vez que aqui é decido primordialmente pelo que está descrito em lei, e se for um caso não descrito na mesma, se faz jus a jurisprudência. Através de sua persistência, conseguiram um novo precedente sobre essa diferença, o que foi fundamental para próximos casos, pois sem essa nova maneira de pensar o direito não progrediria, tendo então uma sociedade com pensamentos antigos e ultrapassados, e continuariam com a ideia de que o homem é melhor que a mulher. Sendo assim os juízes passaram a lidar sobre de maneira inovadora, onde seus pensamentos caminham de acordo com a evolução da sociedade.
Outro fator de suma importância existente no filme, é a abordagem reversa usada para a efetivação dos direitos fundamentais citados no segundo parágrafo. Pensando em uma estratégia perfeita, Ruth teve a percepção de que lutando pelas mulheres ela não teria tanto sucesso em tentar mudar a lei dos Estados Unidos, optando então por defender um homem, ela mostrou que essas desigualdades não afetavam apenas pessoas do gênero feminino, como também do gênero masculino, uma vez que o caso de Moritz era sim, em busca do direito igualitário para um homem. Já em relação à interpretação aristotélica o pensamento mudaria totalmente, visto que, para tal a igualdade fundamentava-se em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, não querendo dispersar o preconceito, mas considerando que já que existe diferenças, nada mais justo do que serem tratadas como tais. Existindo então duas maneiras muito diferentes de lidar sobre o mesmo assunto, uma vez que pensadas em tempos diferentes, e por mais que se tenha passado alguns anos, ainda é possível perceber a existência da desigualdade, porém de forma diferente, e por mais que na teoria funcione perfeitamente, na prática não se pode dizer o mesmo, posto que, ainda é possível perceber a desigualdade existente no mundo.
Em virtude dos fatos mencionados, a luta de Ruth Ginsburg foi de extrema importância para as próximas gerações, pois a partir do novo precedente, a sociedade pode entender e mudar seus pensamentos em relação à igualdade, liberdade e fraternidade. Valendo ressaltar que apesar dessa conquista ainda se tem muito a fazer, pois, a luta é infinita, tendo sempre que evoluir o pensamento junto as revoluções, aliás o que era direito antigamente hoje pode não ser, a palavra direito não tem um significado fixo e inalterável, o mesmo está sujeito a mudanças e é delas que a sociedade se faz. 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Civil (2002). Código Civil. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União. Brasília. 2002.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado. 1988.
On the Basis of Sex. Direção de Mimi Leder. Estados Unidos: Focus Features, 2018. Amazon Prime Vídeo (120 min).

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