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Pandemia da COVID-19 e Direito Fundamental à Privacidade

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ANAIS DO CONGRESSO 
INTERNACIONAL - PRESERVAR E 
FORTALECER A DEMOCRACIA EM 
TEMPOS DE PANDEMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PUC MINAS
ANAIS DO CONGRESSO 
INTERNACIONAL - PRESERVAR E 
FORTALECER A DEMOCRACIA EM 
TEMPOS DE PANDEMIA
Belo Horizonte
2020
Belo Horizonte
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Capa: Waneska Diniz
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Conselho Editorial:
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José Emílio Medauar Ommati
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341.118
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2020
Anais do Congresso Internacional: preservar e fortalecer a democracia 
em tempos de pandemia / [organizado por] Marciano Seabra de Godoi 
[et al...]. - Belo Horizonte: Conhecimento Editora, 2020.
726p. ; 24cm (Programa de Pós-graduação em Direito da PUC Minas-
PPGD PUC Minas) 
Vários autores.
ISBN: 978-65-86529-96-8
 
1. Direito- Anais de congresso. 2. Direito internacional. 3. Democracia. 
4. Pandemia da Covid-19. 5. Saúde na pandemia. 6. Direito do trabalho- 
Pandemia. I. Godoi, Marciano Seabra de (Org.). II. Teodoro, Maria Cecília 
Máximo (Org.). III. Magalhães, José Luiz Quadros de (Org.). IV. Souza, 
Dimas Antônio de (Org.). V. Título. 
CDDir – 341.118
CDD(23.ed.)–342
 Elaborada por Fátima Falci – CRB/6-700
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................... 9
I PARTE
ISONOSIA E ISONOMIA, EPIDEMIA E DEMOCRACIA
Michelangelo Bovero .......................................................................... 14
THE PANDEMIC AND THE MINORITIES
Roberta Bortone ................................................................................. 25
(DES)GLOBALIZACIONES, PODER CONSTITUYENTE POPULAR Y ALTERIDAD 
RADICAL. ENTRE RECONOCIMIENTO Y DESPRECIO
Alejandro Medici ................................................................................. 33
A SAÚDE DA PESSOA IDOSA NO CONTEXTO DE PANDEMIA
Bruno Torquato de Oliveira Naves, Maria de Fátima Freire de Sá ........... 90
O PANÓPTICO PÓS MODERNO NO TRABALHO
Maria Cecília Máximo Teodoro, Karin Bhering Andrade ....................... 102
PERSPECTIVAS PARA CONJUNTURA DE CRISE ORGÂNICA DO CAPITAL 
NACIONAL E INTERNACIONAL: O QUE FAZER?
José Luiz Quadros de Magalhães ....................................................... 120
O NOVO FUNDEB E A EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 108/2020
Elisângela Inês Oliveira Silva de Rezende, 
Marciano Seabra de Godoi ................................................................ 134
II PARTE
A CONSTITUIÇÃO DE 1946 A PARTIR DO GOLPE CIVIL-MILITAR E DO AI-1: 
entre Normalidade e Anormalidade Legal
Júlia Guimarães ................................................................................ 154
MÍNIMO EXISTENCIAL, MÍNIMO ISENTO E COMPARAÇÃO BRASIL-ESTADOS 
UNIDOS QUANTO ÀS DEDUÇÕES PESSOAIS NA LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO 
SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA
Janaina Santos Curi, Marciano Seabra de Godoi ................................. 516
NECROPOLÍTICA E A (RE)LEITURA DA CRÔNICA MINEIRINHO, DE CLARICE 
LISPECTOR
Gisleule Maria Menezes Souto, Luana Mathias Souto ......................... 538
O COMÉRCIO INTERNACIONAL COMO PROMOTOR DA PAZ: as Restrições às 
Exportações e o Risco à Estabilidade Democrática
Luena Abigail Pimenta Ricardo, Lucas Narciso Pimenta Ricardo ......... 560
O IDEÁRIO DE DEMOCRACIA PRÉT-À-PORTER PELO DIREITO PENAL
Thaís Silveira Otoni Fontella .............................................................. 580
O IMPASSE NEOLIBERAL NA CONSOLIDAÇÃO DAS DIRETIVAS 
CONSTITUCIONAIS
Alexandre Nogueira Pereira Neto ....................................................... 590
O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E A AÇÃO SIGILOSA “ANTI-ANTIFASCISTAS”: 
Notas sobre a Decisão da Medida Cautelar Proferida na Arguição 
de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 722 do Supremo 
Tribunal Federal
Gabriella Véo Lopes da Silva .............................................................. 611
O WHISTLEBLOWING COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO À CORRUPÇÃO 
ENDÊMICA
Mateus Vaz e Greco ......................................................................... 637
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO 
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: (In)constitucionalidade das Mitigações 
ao Direito à Privacidade em Tempos de Crise Sanitária à luz da Medida 
Provisória n.º 954/20 e ADI n.º 6.387/DF
Rafael Barreto Ramos, Sarah Rêgo Goiatá ......................................... 652
652
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO 
FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO: 
(In)constitucionalidade das Mitigações 
ao Direito à Privacidade em Tempos de Crise 
Sanitária à luz da Medida Provisória 
n.º 954/20 e ADI n.º 6.387/DF
COVID-19 PANDEMIC AND FUNDAMENTAL 
RIGHT TO PRIVACY IN THE DEMOCRATIC 
STATE OF LAW: (In)constitutionality of 
Mitigations to the Right to Privacy in Times of 
Health Crisis in the light of Provisional Measure 
n.º 954/20 and ADI n.º 6.387/DF
Rafael Barreto Ramos1 
Sarah Rêgo Goiatá2
RESUMO: A crise pandêmica corolário do novo coronavírus, além de significa-
tivas restrições à humanidade, tem motivado consideráveis relativizações ao 
1 Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduado em 
Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Cândido Mendes. Pós-graduando em Direito 
Processual Civil pela Faculdade Única. Ex-Advogado. Ex-Assessor/Coordenador da 13ª Promotoria 
de Justiça de Belo Horizonte (Juízo de Tóxicos) do Ministério Público de Minas Gerais. Ex-Oficial 
do Ministério Público de Minas Gerais. E-mail: rafaelbr582@gmail.com 
2 Mestranda em Direito Privado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bacharela em 
Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduanda em Patient Safety 
pela Johns Hopkins University-Armstrong Institute for Patient Safety and Quality. Pesquisadora 
Científica de Biodireito – Bolsista Capes - e autora de capítulos de livros nas áreas Direito 
Médico, Bioética e Biodireito. E-mail: sarahgoiata@gmail.com 
653
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
direito fundamental à privacidade. Após apresentado o arcabouço constitucio-
nal correlato à temática, tecidas considerações acerca da constitucionalidade 
das medidas adotadas pelo Poder Público no tocante a este direito individual, 
com enfoque na exordial e no acertado decisum cautelar, ambos da ADI n.º 
6.387/DF, em que questionada a constitucionalidade da Medida Provisória n.º 
954/20 (afeta ao compartilhamento de dados por empresas de telecomunica-
ções). Por conseguinte, sopesado que mandatória extrema cautela na adoção 
de medidas dessa natureza, de forma que eventuais mitigações devem ser 
rigorosamente motivadas e delineadas, de modo a apresentar os parâmetros 
necessários ao cotejo de sua harmonia com os ditames constitucionais.
Palavras-chave: COVID-19. Privacidade. Mitigação.
ABSTRACT: The corollary pandemic crisis of the new coronavirus, in addition to 
significant restrictions on humanity, has motivated considerable relativisations 
of the fundamental right to privacy. After presenting the constitutional framework 
related
to the theme, considerations were made about the constitutionality of 
the measures adopted by the Public Power with respect to this individual right, 
focusing on the extraordinary and the correct precautionary decision, both 
from ADI nº 6.387 / DF, in which questioned the constitutionality of Provisional 
Measure No. 954/20 (affects the sharing of data by telecommunications 
companies). Therefore, it is considered that extreme caution is required 
in adopting measures of this nature, so that possible mitigations must be 
rigorously motivated and outlined, in order to present the essential parameters 
to compare their harmony with the constitutional dictates.
Keywords: COVID-19. Privacy. Mitigation.
1 INTRODUÇÃO
A crise sanitária global causada pela proliferação incontida do novo co-
ronavírus (SARS-CoV-2), extremamente danoso à saúde humana (cujas con-
sequências, nas circunstâncias mais graves, acarretam no extermínio da 
vida humana, seja ela tenra ou de mais avançada idade), impôs profundas 
modificações e restrições cotidianas, vigorosamente recomendadas pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS), dentre as quais destacam-se o isola-
mento domiciliar, o distanciamento social, a quarentena, a utilização de más-
caras faciais, a suspensão das atividades de ensino, a restrição aos eventos 
culturais e funcionamento do comércio e, em localidades mais afetadas, o 
excepcionalíssimo lockdown.
Embora a doença seja mundialmente notória desde os idos de 2019, o 
primeiro caso oficialmente confirmado no Brasil é datado de 26 de fevereiro 
654
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
de 2020 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Desde então, perante esse contex-
to de risco à vida, autoridades públicas e privadas, nacionais (em âmbitos 
federal, estadual e municipal) e internacionais, têm empreendido esforços na 
tentativa de conter a disseminação da doença respiratória aguda (COVID-19) 
causada pelo vírus retrorreferido.
Aos 20 de março de 2020, o Poder Legislativo Federal aprovou o Decreto 
Legislativo n.º 06/2020 que reconheceu o estado de calamidade pública moti-
vada pela pandemia causada pela COVID-19, com efeitos até 31 de dezembro 
de 2020.
Inobstante, dentre as numerosas medidas de natureza política, econô-
micas, sociais e jurídicas adotadas, especificamente, no tocante ao direito à 
privacidade, destaca-se, na esfera federal, a Medida Provisória n.º 954/20, 
referente ao compartilhamento de dados, de seus consumidores, por empre-
sas de telecomunicações, com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística, cuja constitucionalidade é alvo de questionamento no Supremo 
Tribunal Federal em diversas Ações Diretas de Constitucionalidade, motivo 
pelo qual merece especial abordagem.
Para a efetivação da pesquisa, adotou-se metodologia com enfoque na 
análise bibliográfica, legislativa e jurisprudencial, sendo este trabalho de ca-
ráter descritivo e exploratório. 
Objetiva-se, após apresentado o essencial fundamento teórico (especi-
ficamente, o panorama constitucional que orbita a temática), tecer conside-
rações acerca da análise da constitucionalidade das providências adotadas 
pelo Poder Público no combate à crise pandêmica, tendo-se como enfoque a 
Medida Provisória em tela, o ventilado pela Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil – CFOAB – na peça inaugural da ADI n.º 6.387/DF, a 
decisão cautelar proferida, nessa ação de controle abstrato de constituciona-
lidade, pela Ministra Rosa Weber e ulteriormente referendada pelo Plenário 
da Corte Excelsa. 
2 PANORAMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO
Inegável que a Carta Magna de 1988, caracterizada como típica de um 
Estado Democrático de Direito (aberta, eclética e plural), representou signifi-
cativo avanço para a democracia brasileira. Ao revés das Leis Maiores anterio-
res, a Constituição Cidadã, enfaticamente, elencou, logo em seus primeiros 
dispositivos, extenso rol de direitos e garantias fundamentais (FERNANDES, 
2017, p. 283).
Malgrado as vastas (e respeitáveis) temáticas tratadas no âmbito desta 
Carta Política, cumpre apenas tratar das proposições correlatas ao objeto 
655
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
desta pesquisa, quais sejam, os direitos fundamentais aplicáveis à espécie, 
o que se fará a seguir.
2.1 Direitos fundamentais afetos ao tema
No tocante à temática em comento, merecem breve destaque os direitos 
fundamentais à vida e à privacidade, bem como o direito social à saúde. Karel 
Vazak (1979, apud MARCHI, 2010, p. 5-7), em sua remansosa divisão dos 
direitos fundamentais, classificou os dois primeiros [vida e privacidade] como 
de primeira geração/dimensão (prestações negativas) e, o último [saúde] 
como de segunda geração/dimensão (prestações positivas).
2.1.1 Direito à vida
Prima facie, sobreleva-se que, em âmbito internacional, o direito à vida 
encontra conforto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de 
São José da Costa Rica), notadamente em seu artigo 4º, item 1, que assim 
prescreve: “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse di-
reito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. 
Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.”.
Na esfera constitucional, encontra previsão no artigo 5º, caput, da 
Constituição Federal, segundo o qual “Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangei-
ros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida...” (BRASIL, 1988).
Refere-se, tão somente, à vida humana, de modo que excluídas as de-
mais formas de existência (NOVELINO, 2020, p. 356). 
Estreitamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana (funda-
mento da República Federativa do Brasil, ex vi do artigo 1º, III/CF), atualmen-
te, nos dizeres de Bernardo Gonçalves Fernandes (2017, p. 412) e Marcelo 
Novelino (2020, p. 357), reveste-se de acepções 1) positiva - direito da vida 
em si mesma, de estar vivo, pressuposto elementar para o exercício de todos 
os demais direitos - e 2) negativa - direito à vida digna, com condições míni-
mas de existência.
Possui numerosos desdobramentos, dos quais são corolários diversas 
discussões, tais como a permissão do aborto, o termo inicial da vida, consti-
tucionalidade da pesquisa com células-tronco envolvendo embriões humanos, 
licitude da disposição do próprio corpo pelo indivíduo etc. 
Com efeito, cumpre pontuar que esse direito fundamental, assim como 
os demais, não deve ser considerado como absoluto.
656
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
Nesse viés, o ordenamento jurídico pátrio, em âmbitos constitucional, 
legal e jurisprudencial, ventila algumas hipóteses acerca da relativização do 
direito à vida, tais como, respectivamente: a) o permissivo constitucional à 
pena de morte em cenário de guerra declarada; b) as excludentes de antijuri-
dicidade (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do de-
ver legal e exercício regular de direito) e c) inconstitucionalidade da tipificação 
penal da interrupção da gravidez de feto anencéfalo, declarada pelo Pretório 
Excelso no bojo da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – 
ADPF - n.º 54.
2.1.2 Direito à privacidade
Insculpido na Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso X (“são in-
violáveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação”), o direito à privacidade, considerado como um direito à perso-
nalidade, subdivide-se em três espécies:
A intimidade está relacionada ao modo de ser de cada pessoa, ao 
mundo intrapsíquico aliado aos sentimentos identitários próprios (au-
toestima, autoconfiança e à sexualidade). Compreende os segredos 
e as informações confidenciais.
A vida privada abrange as relações do indivíduo com o meio social nas 
quais não há interesse público na divulgação.
A honra consiste na reputação do indivíduo perante o meio social em 
que vive
(honra objetiva) ou na estimação que possui de si próprio 
(honra subjetiva). A indenização por danos morais decorrentes de vio-
lação à honra deve ser assegurada para pessoas físicas e jurídicas 
(honra objetiva)... (NOVELINO, 2020, p. 381).
Consoante defende parcela da doutrina constitucionalista, o direito à 
vida privada difere-se do direito à intimidade porquanto abarca “os relaciona-
mentos familiares, de lazer, negócios, amorosos etc.”, ou seja, correlato a 
preservação das relações pessoais, ao passo que este [direito à intimidade] 
se consubstancia como “um núcleo ainda menor, que perpassa e protege 
relações mais íntimas ou pessoais” (FERNANDES, 2017, p. 489).
Os direitos fundamentais, em que pese não admitam renúncia plena, são 
passíveis, em determinadas hipóteses, à autolimitação. Nesse sentir, o direi-
to à privacidade comporta restrição, desde que consentida espontaneamente 
por seu titular. Frisa-se que, em relação ao consentimento tácito, imperiosa 
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PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
análise com maior cautela. Ainda, em determinados cenários, reconhecem-se 
como legítimas intervenções ao direito à privacidade justificadas pela segu-
rança ou interesse público.
Ademais, não se pode olvidar que eventual relativização ao direito à pri-
vacidade deve ser avaliada casuisticamente, subordinando-se ao postulado 
da proporcionalidade. 
2.1.3 Direito à saúde
O direito à saúde é imanente ao direito à vida e à dignidade da pessoa 
humana. Apresenta-se em dois capítulos constitucionais, um referente aos 
direitos sociais (artigo 7º, caput/CF) e, outro, à ordem social (artigo 196/CF). 
Art. 6º. São direitos sociais [...] a saúde [...] na forma desta Consti-
tuição. [...]
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido me-
diante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco 
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Árdua a tarefa de se apresentar um conceito jurídico ao direito à saúde. 
Nesse sentir, evidencia-se o escólio de Bernardo Gonçalves Fernandes (2017, 
p. 728):
...não é nada fácil, nem simples, desenvolver um conceito jurídico do 
que seja saúde. Segundo Reissinger, o principal conceito se dá a par-
tir do próprio preâmbulo da Constituição da Organização Mundial de 
Saúde: “estado completo de bem-estar físico, mental e social e não 
apenas a ausência de doenças ou enfermidades.” A Lei Orgânica da 
Saúde (Lei n.º 8.080/90), por outro lado, apresenta uma leitura que 
engloba ainda no conceito de saúde um conjunto de ações públicas 
que assegurem uma vida digna e a autonomia dos sujeitos beneficiá-
rios. Por isso mesmo, fala-se em medidas de saúde preventiva e me-
didas de saúde curativa: o primeiro conceito se revelaria como um 
status positivus libertatis – na leitura de Jellinek, conectado à noção 
de mínimo existencial -, enquanto o segundo, um status positivus 
socialis (isto é, um direito social, propriamente dito).
O artigo 196 da Carta Federal, que eleva a saúde como direito de todos 
e dever do Estado, revela-se como norma principiológica que determina ob-
jetivos a serem conquistados pelo Estado. Contudo, não há especificação 
quanto aos meios a serem adotados na busca por esse fim.
658
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
Nos ditames do artigo 23, inciso II, da Lei Maior, os entes federativos 
(União, Estado e Municípios) são solidariamente responsáveis por cuidar da 
saúde, motivo pelo qual são tidos como os principais destinatários dos de-
veres consectários do direito à saúde. Contudo, em prol da maior efetividade 
desse direito fundamental, isso não elide o encargo da sociedade e da fa-
mília, que são tidos como relevantes protagonistas à garantia e efetivação 
desse direito.
De mais a mais, urge verberar que a Constituição Federal outorgou aos 
poderes públicos o encargo de empregar políticas sociais e econômicas de 
caráter preventivo e reparatório, de modo que não há o permissivo para que 
os entes federativos se esquivem desse múnus.
2.2 Colisão entre princípios – juízo de ponderação
Forçoso reconhecer que princípios não se confundem com regras. Em 
apertada síntese, aqueles se caracterizam como comandos norteadores ge-
néricos e abstratos que estatuem programas de ação para o legislador e o 
intérprete (inadmitem, portanto, juízo absoluto de aplicabilidade ou não-aplica-
bilidade), enquanto que estas estatuem prescrições definidas com preceitos 
e consequências delimitados (sua aplicação sujeita-se a um procedimento 
de subsunção silogístico – “tudo-ou-nada” ou all-or-nothing-fashion) (TAMADA, 
2012). 
Nessa conjectura, vislumbra-se que os princípios preconizam obrigações 
prima facie (e não definitivas), ou seja, deveres a serem realizados “na maior 
medida do possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas do 
caso concreto”, de modo que apresentam a natureza de mandamentos de 
otimização. (ALEXY, p. 12, apud FERNANDES, 2017, p. 233-234).
Ante a essas considerações, conclui Alexy que, em caso de colisão, há 
uma dimensão de peso entre princípios, de forma que, na situação concreta, 
o valor decisório será conferido ao princípio que se revista de maior peso re-
lativo, num necessário juízo de ponderação de bens e interesses fundado na 
aplicação do princípio da proporcionalidade. Isso, no entanto, sem desaguar 
da invalidação do princípio tido como de menor peso.
3 MEDIDA PROVISÓRIA N.º 954/20 
A expansão da pandemia provocada pelo novo coronavírus compeliu as 
autoridades governamentais a se utilizarem de mecanismos para gerencia-
mento das medidas públicas.
659
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
Para tanto, o Poder Público tem adotado certas medidas que mitigam a 
inviolabilidade do direito à privacidade, sendo a de maior evidência, na esfera 
federal, a Medida Provisória n.º 954/20, cuja constitucionalidade foi rechaça-
da em juízo de cognição sumária exercido pelo Pretório Excelso, consoante se 
abordará a seguir.
Com efeito, a Medida Provisória em análise, editada em 17 de abril 
de 2020, em resposta à crise pandêmica, instituiu regulamentação acerca 
do compartilhamento de dados por empresas de telecomunicações com a 
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) “...para fins 
de suporte à produção estatística oficial durante a situação de emergência 
de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (co-
vid-19), de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020” (BRASIL, 
2020).
Em seu artigo 2º, explicita que as concessionárias de serviço de teleco-
municações deverão disponibilizar, ao IBGE, em meio eletrônico, a relação 
dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de seus consumido-
res, pessoas físicas ou jurídicas, que serão utilizados direta e exclusivamente 
pela fundação para produção de estatística oficial, com o objetivo de realizar 
entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares.
Prossegue, em seu artigo 3º, ao ditar que os dados compartilhados terão 
caráter sigiloso, serão utilizados apenas para a aludida finalidade e não serão 
empregados como objeto de certidão ou meio de prova em processo adminis-
trativo, fiscal ou judicial. O §1º verbera que é vedado ao IBGE disponibilizar os 
dados coletados a quaisquer empresas públicas ou privadas ou a órgãos ou 
entidades da administração pública direta ou indireta de quaisquer dos entes 
federativos.
O §2º desse dispositivo traz importante instrumento de controle social, 
segundo o qual o IBGE informará, em seu sítio eletrônico, as situações em 
que os dados compartilhados foram utilizados e divulgará relatório de impacto 
à proteção de dados pessoais.
Em arremate, o artigo 4º da Medida Provisória em tela explicita seu ca-
ráter temporário ao aduzir que “superada a situação de emergência de saú-
de pública de importância internacional
decorrente do coronavírus (covid-19), 
as informações compartilhadas serão eliminadas das bases de dados da 
Fundação IBGE” (BRASIL, 2020). Conquanto, elenca hipótese excepcional de 
utilização dos dados pelo IBGE em 30 (trinta) dias contados do fim da situa-
ção de emergência de saúde pública de importância internacional se houver 
necessidade de conclusão de produção estatística oficial.
Em questionamento à constitucionalidade da presente espécie legisla-
tiva, foram manejadas 5 (cinco) Ações Diretas de Inconstitucionalidade (n.º 
6.387/DF, 6.388/DF, 6.389/DF, 6.390/DF e 6.393/DF).
660
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
3.1 ADI n.º 6.387/DF
Sobreleva-se a ADI n.º 6.387/DF, ajuizada, em 19 de abril de 2020, 
pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – CFOAB, na qual 
admoestou que a Medida Provisória n.º 954/20 padece de i) inconstituciona-
lidade formal, haja vista não preenchidos os pressupostos constitucionais, 
cumulativos e simultâneos, de urgência e relevância insertos no artigo 62, 
caput, da Carta e ii) inconstitucionalidade material por estar em desarmonia 
com a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, inciso III/CF), a inviolabilidade 
da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (artigo 5º, 
inciso X/CF), o sigilo dos dados (artigo 5º, inciso XII/CF), o direito à autodeter-
minação informativa e, ainda, ao postulado da proporcionalidade.
Especificamente, quanto à inconstitucionalidade formal, argumenta a 
ausência da relevância em face da não demonstração da fundamental impor-
tância para a realização da sobredita pesquisa estatística, mormente porque 
não informado o tipo de análise a ser realizado, bem como não previsto que 
as informações coletadas seriam empregadas exclusivamente na realização 
de pesquisas urgentes em auxílio ao enfrentamento ao novo coronavírus. 
Em suma, ventila que: 
...não há qualquer vinculação necessária entre a finalidade para a 
qual serão empregados os dados coletados (espécie e finalidade da 
pesquisa) e a situação de emergência de saúde pública). [...] E [...], 
ainda que houvesse, a pesquisa seria feita nesse período e certamen-
te não teria resultado em tempo hábil para ser aplicado no combate 
ao coronavírus. (CFOAB, 2020, p. 09).
Adiante, em relação ao pressuposto da urgência, a Medida Provisória 
não assinala a justificativa para adoção da espécie normativa excepcionalís-
sima, visto que “a produção de estatística é durante a pandemia mas não 
se destina a atender ou combater a pandemia” (CFOAB, 2020, p. 10), o que 
resta evidenciado, por si só, pelas informações prestadas pelo próprio insti-
tuto que, por sua vez, noticiou o adiamento (ocorrido em numerosas outras 
ocasiões por motivos diversos), para 2021, do Censo Demográfico, realizado 
a cada 10 (dez) anos, em virtude do surto causado pelo novo coronavírus.
Lado outro, no que concerne à inconstitucionalidade material, aventa, 
no que tange ao objeto desse artigo, que a flexibilização do direito fundamen-
tal à inviolabilidade do sigilo de dados, das comunicações telefônicas, das 
correspondências e comunicações telegráficas somente é permitida pela Lei 
Maior nas hipóteses de investigação ou instrução processual penal, desde 
que precedida por ordem judicial.
661
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
Outrossim, argumenta que a Constituição Federal também assegura a 
inviolabilidade da intimidade e da vida privada, honra e da imagem das pes-
soas, de modo que indiscutível “a presença na ordem constitucional brasileira 
do direito fundamental à proteção de dados pessoais, essencial para assegu-
rar a tutela da intimidade e da vida privada” (artigo 5º, inciso X/CF) (CFOAB, 
2020, p. 11).
Em continuação, dita que implícito a esse dispositivo está o direito fun-
damental à autodeterminação informativa que, a seu turno, encontra previ-
são expressa como um dos fundamentos da Lei Geral de Proteção de Dados 
(LGPD) em seu artigo 2º, inciso II.
Nessa linha discursiva, dita que o Tribunal Constitucional Alemão as-
sentou, em decisum paradigmático (referente à previsão de coleta e uso de 
dados pessoais pelo Poder Público) fundado no direito geral da personalidade 
consagrado na Grundgesetz (Constituição Alemã) que “o livre desenvolvimen-
to da personalidade pressupõe, sob as modernas condições do processa-
mento de dados, a proteção do indivíduo contra levantamento, armazenagem, 
uso e transmissão irrestritos de seus dados pessoais...”. (SCHWABE, 2005, 
p. 238-239, apud CFOAB, 2020, p. 12).
Conclui que, desse precedente alemão, extraem-se requisitos exemplifi-
cativos para compartilhamento de dados, quais sejam, a) finalidade de uso 
de forma precisa; b) demonstração de que os dados sejam adequados e 
necessários; c) acesso aos dados no mínimo indispensável para alcançar 
seu objetivo pretendido; d) necessidade de proteção, porquanto os riscos que 
envolvem o processamento eletrônico de dados.
Acrescenta que o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados da 
União Europeia conceitua dados pessoais como sendo:
...informação relativa a uma pessoa singular identificada ou identificá-
vel (<<titular dos dados>>); é considerada identificável uma pessoa 
singular que possa ser identificada, direta ou indiretamente, em espe-
cial por referência um identificador, como por exemplo um nome, um 
número de identificação, dados de localização, identificadores por via 
eletrônica ou a um ou mais elementos específicos da identidade físi-
ca, fisiológica, genética, mental, econômica, cultural ou social dessa 
pessoa singular. (CFOAB, 2020, p. 15).
Some-se a isso, incrementa que o artigo 5º do Regulamento prevê os 
princípios afetos ao tratamento de dados pessoais. São eles:
a) Objeto de um tratamento lícito, leal e transparente em relação ao 
titular dos dados; b) Recolhidos para finalidades determinadas, ex-
plícitas legítimas e não podem ser tratados posteriormente de uma 
662
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
forma incompatível com essas finalidades; c) Adequados, pertinentes 
e limitados ao que é necessário relativamente às finalidades para as 
quais são tratados (<<minimização dos dados>>); d) Exatos e atua-
lizados sempre que necessário; e) Conservados de uma forma que 
permita a identificação dos dados apenas durante o período neces-
sário para as finalidades para as quais são tratados; e f) Tratados de 
uma forma que garanta a sua segurança, incluindo a proteção contra 
o seu tratamento não autorizados ou ilícito e contra a sua perda, 
destruição ou danificação acidental, adotando as medidas técnicas 
ou organizativas adequadas (<<integridade e confidencialidade>>). 
(CFOAB, 2020, p. 15).
Também sustenta violação ao princípio da proporcionalidade, bem assim 
traz à baila a presença dos requisitos mandatórios à concessão de medida 
cautelar ad referendum da Corte Excelsa (periculum in mora e fumus boni 
juris) para suspender a eficácia da Medida Provisória, uma vez que:
Em primeiro lugar, está devidamente configurado o fumus boni juris, 
pois ausentes os requisitos constitucionais que autorizam o exercício 
excepcional de competência legislativa por parte do Presidente da 
República. Consideradas (i) a relevância constitucional do direito à 
privacidade, à intimidade, à proteção dos dados pessoais, bem como 
o direito à autodeterminação informativa e à dignidade da pessoa hu-
mana e de sua, (ii) a desproporcionalidade da medida, tendo em vista 
a inexistência de evidente relação meio-fim entre a quebra do sigilo 
de dados e os fins visados, qual seja a realização de pesquisas do-
miciliares, bem como a desnecessidade e desproporcionalidade em 
sentido estrito da medida.
Em segundo lugar, está presente o periculum in mora, uma vez que 
[...] na Medida Provisória n.º 954/20 foi estipulado prazo exíguo de 
três dias para a regulamentação do procedimento de disponibiliza-
ção dos dados. Após tal regulamentação, a MP estabeleceu que as 
empresas têm um prazo de sete dias para disponibilizar
os dados 
solicitados, consoante art. 2º, §3º. Isso significa que, no mais tardar, 
dia 27 próximo todos os dados dos brasileiros já deverão estar dispo-
nibilizados, nos termos da MP.
Uma vez efetivado o compartilhamento dos dados pessoais dos cerca 
de, pelo menos, 226 milhões de consumidores cadastrados junto às 
empresas de telefonia, a violação ao sigilo e proteção dos dados será 
efetivada, sendo inafastável seus prejuízos à sociedade e a cada um 
dos cidadãos lesados.[...]
Ressalta-se que não é possível vislumbrar no caso qualquer marca 
de periculum in mora reverso [...] o IBGE já adiou, por diversas vezes 
663
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
a realização e divulgação de pesquisas estatísticas e com base em 
fundamentos muito menos gravosos que uma pandemia. [...] Ade-
mais, a suspensão da MP não impede que o próprio governo construa 
soluções menos gravosas aos direitos fundamentais e individuais e 
mais adequadas para realizar as pesquisas estatísticas pretendidas.” 
(CFOAB, 2020, p. 23-24).
Por derradeiro, requereu-se, no bojo dessa ADI, 1) a concessão de me-
dida liminar ad referendum do Plenário do Supremo Tribunal Federal para 
suspensão imediata da integralidade da Medida Provisória n.º 954/20, bem 
como para reconhecer a presença no ordenamento constitucional brasileiro 
do direito fundamental à autodeterminação informativa e 2) a título meritó-
rio, a procedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade, para declarar, na 
íntegra, da Medida Provisória n.º 954/2020, (i) por afronta aos requisitos 
de relevância e urgência para edição de Medida Provisória, ii) por violação à 
dignidade da pessoa humana, à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, 
da honra e da imagem das pessoas e ao sigilo dos dados e (iii) por ferimento 
ao princípio da proporcionalidade, em seus subprincípios adequação, neces-
sidade e justa medida, reconhecendo-se a presença no ordenamento cons-
titucional brasileiro do direito fundamental à autodeterminação informativa.
3.1.1 Concessão da medida liminar pelo Supremo Tribunal Federal
Em 24 de abril de 2020, a Ministra Rosa Weber, em análise do pleito 
liminar aventado no bojo da ADI n.º 6.387/DF, verbera que a manipulação 
de dados pessoais digitalizados, por agentes públicos ou privados, revela-se 
como um dos maiores desafios da contemporaneidade no que toca ao direito 
à privacidade. 
Afiança que o direito à privacidade (right to privacy) e os seus corolários 
direitos à intimidade, à honra e à imagem têm proteção especial conferida 
pela Carta Federal, bem assim “emanam do reconhecimento de que a perso-
nalidade individual merece ser protegida em todas as suas manifestações” 
(STF, 2020b) e, ainda, que a inviolabilidade do sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas (estas 
excepcionadas em caso de ordem judicial para fins de investigação criminal 
ou instrução penal, nos termos da Lei n.º 9.296/96) consubstanciam-se em 
instrumentalização desse direito realizada pela Lei Maior.
Complementa ao dispor que o artigo 2º da Medida Provisória n.º 954/20 
impõe o compartilhamento da relação de nomes, números de telefone e ende-
reço de seus consumidores, sendo que essas informações, uma vez relacio-
nadas à identificação – efetiva ou potencial – de pessoa natural:
664
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
...configuram dados pessoais e integram, nessa medida, o âmbito de 
proteção das cláusulas constitucionais assecuratórias da liberdade 
individual (art. 5º, “caput”), da privacidade e do livre desenvolvimento 
da personalidade (art. 5º, X e XII). Sua manipulação e tratamento, 
desse modo, hão de observar, sob pena de lesão a esses direitos, os 
limites delineados pela proteção constitucional. (STF, 2020b).
Além disso, reconhece a existência no ordenamento jurídico pátrio do 
direito à autodeterminação informativa, expressamente insculpido no art. 2º, 
inciso II, da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, como um dos funda-
mentos do reiterado direito à privacidade. 
Em continuação, dilucida:
No clássico artigo The Right do Privacy [...] já se reconhecia que as 
mudanças políticas, sociais e econômicas demandam incessante-
mente o reconhecimento de novos direitos, razão pela qual neces-
sário, de tempos em tempos, redefinir a exata natureza e extensão 
da proteção à privacidade do indivíduo. [...] no entanto, permanece 
como denominador comum da privacidade e da autodeterminação o 
entendimento de que a privacidade somente pode ceder diante de 
justificativa consistente e legítima... (STF, 2020b).
Assim, a Eminente Ministra delibera que o único dispositivo da Medida 
Provisória nº 954/20 que traz previsão acerca da finalidade e o modo de 
utilização dos dados compartilhados é o artigo 2º, §1º que, por seu turno, 
atém-se a enunciar que serão de utilização exclusiva do IBGE para a produção 
estatística oficial, com o objetivo de realizar entrevistas em caráter não pes-
quisas domiciliares.
Dessarte, não há delimitação do objeto da estatística a ser elaborada 
e, muito menos, a finalidade específica e amplitude. Ademais, não elucida 
a necessidade de disponibilização dos dados nem como serão efetivamente 
utilizados.
De igual forma, verbera que o artigo 1º, parágrafo único, dessa espécie 
legislativa tão somente prevê que o ato normativo terá aplicação durante a 
situação de emergência de saúde pública de importância internacional da 
COVID-19, de modo que não se evidencia que a estatística a ser produzida 
seja correta com a crise sanitária mundial.
Assim, depreende que da Medida Provisória n.º 954/20 não emana 
interesse público legítimo no compartilhamento, pelas concessionárias de 
telefonia, dos dados pessoais de seus consumidores, isso levando-se em 
consideração os três elementos formadores do princípio da proporcionalidade 
665
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
em sua moderna concepção estrutural, quais sejam, a) necessidade, b) ade-
quação e c) proporcionalidade em sentido estrito.
Nessa linha, ao não definir apropriadamente como e para que se-
rão utilizados os dados coletados, a MP n. 954/2020 não oferece 
condições para avaliação da sua adequação e necessidade, assim 
entendidas como a compatibilidade do tratamento com as finalida-
des informadas e sua limitação ao mínimo necessário para alcançar 
suas finalidades. Desatende, assim, a garantia do devido processo 
legal (art. 5º, LIV, da Lei Maior), em sua dimensão substantiva. (STF, 
2020b).
Passo adiante, discorre que a Medida Provisória n.º 954/20 se atém 
a delegar ao Presidente do IBGE a regulamentação acerca do procedimento 
para compartilhamento dos dados. Nesse sentido, salienta que a MP não traz 
em seu texto mecanismo técnico ou administrativo hábil a proteger os dados 
pessoais de acessos não autorizados, vazamentos acidentais ou utilização 
indevida (seja na transmissão, seja no tratamento), de modo carece ao ofe-
recer proteção insuficiente aos relevantes direitos fundamentais em testilha.
Enfatiza que tais considerações encontram conforto nas informações 
prestadas pela Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL – em que 
evidenciou mandatória a adoção de extrema cautela no tratamento de dados 
de usuários de serviços de telecomunicações e, ainda, sugeriu a fixação de 
parâmetros com o fito de ajustar a medida à garantia dos princípios estabele-
cidos na Carta Magna, na Lei Geral das Telecomunicações e na Lei Geral de 
Proteção de Dados, de forma a salvaguardar a proteção da privacidade, da 
intimidade e dos dados pessoais de usuários de serviços de telecomunica-
ções, por meio de:
a) a sólida instrumentalização da relação jurídica que será estabeleci-
da entre o IBGE e cada uma das prestadoras de serviços de telecomu-
nicações demandadas; b) a delimitação específica da finalidade do 
uso dos dados solicitados; c) a limitação das solicitações ao universo 
de dados estritamente
necessários para o atingimento da finalidade; 
d) a delimitação do período de uso e da forma de descarte dos dados; 
e e) a aplicação de boas práticas de segurança, de transparência e de 
controle” (STF, 2020b).
De mais a mais, considera que o quadro resta agravado em razão da 
não entrada em vigor da Lei n.º 13.709/18 - Lei Geral de Proteção de Dados 
Pessoais – que, por seu turno, define os critérios para responsabilização dos 
agentes por eventuais danos decorrentes do tratamento de dados pessoais.
666
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
Além disso, apura que, em mesmo dia (17 de abril de 2020), foi editada 
a Instrução Normativa n.º 2 – IBGE que regulamentou o compartilhamento de 
dados previsto na Medida Provisória n.º 954/20 que serviu de embasamento 
de ofícios enviados pelo IBGE às concessionárias de telefonia por meio dos 
quais se solicitou o compartilhamento imediato de dados, a despeito do lapso 
de 7 (sete) dias fixado no artigo 2º, §3º, da Medida Provisória em tela e a 
determinação do Pretório Excelso para prestação de informações referentes 
ao conteúdo do ato normativo.
Acrescenta que, em exame da tramitação do projeto de lei de conversão 
da Medida Provisória n.º 954/20, verificada, até o momento da análise da 
pretensão liminar, a existência de 344 (trezentos e quarenta e quatro) propos-
tas de emenda que, em significativa monta, intentam:
...a restrição da norma aos dados estritamente necessários, bem 
como a necessidade de elaboração de relatório de impacto de segu-
rança da informação anterior à coleta e uso dos dados (e não pos-
terior, como veiculado), além da maior transparência na definição da 
finalidade e do uso dos dados compartilhados. (STF, 2020b).
Posto isso, delibera por satisfeitos os requisitos do fumus boni juris e do 
periculum in mora necessários à concessão do édito cautelar.
Reforça que o apropriado amparo dos direitos à intimidade, à privacidade 
e proteção de dados pessoais é fundada pela característica da inviolabilidade, 
de forma que insuficiente se entremostra o ressarcimento em caso de afronta 
à norma de proteção destes.
Nesse contexto, e a fim de prevenir danos irreparáveis à intimidade e 
ao sigilo da vida privada de mais de uma centena de milhão de usuá-
rios dos serviços de telefonia fixa e móvel, com o caráter precário e 
próprio aos juízos perfunctórios e sem prejuízo de exame mais apro-
fundado do julgamento do mérito, defiro a medida cautelar requerida, 
ad referendum do Plenário desta Suprema Corte, para suspender a 
eficácia da Medida Provisória n. 954/2020, determinando, em con-
sequência, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
se abstenha de requerer a disponibilização dos dados objeto da refe-
rida medida provisória e, caso já o tenha feito, suste tal pedido, com 
imediata comunicação à(s) operadora(s) de telefonia.” (STF, 2020b).
Pelo exposto, vislumbra-se que o Supremo Tribunal Federal, em tutela 
aos direitos fundamentais à privacidade, intimidade e proteção dos dados 
(com base nos fundamentos supraexpostos), concedeu a medida liminar re-
querida no bojo da ADI n.º 6.387/DF para suspender a eficácia da Medida 
667
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
Provisória n.º 954/20, decisum esse referendado pelo Plenário da Corte em 
7 de maio de 2020.
Considerando que as ADI`s n.º 6.388/DF, 6.389/DF, 6.390/DF e 6.393/
DF igualmente contestam a validade constitucional da medida provisória em 
comento, determinada a reprodução dessa decisão nos respectivos autos e, 
também, a tramitação conjunta dos feitos
Até outubro de 2020, não houve o julgamento meritório das referidas 
ações de controle abstrato de constitucionalidade que, todavia, provavelmen-
te serão extintas sem resolução do mérito em virtude da perda de objeto, vis-
to que a Medida Provisória n.º 954/20 teve seu prazo de vigência encerrado 
em 14 de agosto de 2020.
4 DA CONSTITUCIONALIDADE DAS FLEXIBILIZAÇÕES DO DIREITO 
FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE
Nos dizeres de Klaus Schwab (2016), o início do Século XXI é tido como 
marco da deflagração da 4ª (quarta) revolução industrial caracterizada, princi-
palmente, pela disrupção tecnológica que tem revolucionado, a nível capilar, 
o modo de viver em sociedade.
Atualmente, grande parte dos indivíduos está, de alguma forma, conec-
tada à internet, se não em tempo integral, em substancial fração do dia, o 
que, somado ao avançado desenvolvimento dos dispositivos eletrônicos, abre 
amplo leque para a coleta dos mais diversificados dados dos usuários, tais 
como localização, preferências de consumo etc.
Esses fatores, sem sombra de dúvidas, modificam as concepções acerca 
do direito à privacidade – abrangidos os consectários intimidade, vida privada, 
honra e imagem - que tem sido paulatinamente mitigado, cuja iniciativa parte, 
amiúde, de seu próprio titular que, além de consentir, voluntariamente expõe 
ou compartilha dados outrora considerados como sensíveis, notadamente em 
redes sociais ou após provocação. Além disso, há temerárias situações em 
que o consentimento é presumido, especialmente quando a opção de compar-
tilhamento é habilitada de forma nativa.
De outra sorte, inadmite-se, no ordenamento jurídico pátrio, renúncia ab-
soluta do direito à privacidade (característica inerente aos direitos fundamen-
tais), sendo esta, invariavelmente, parcial e relativa. 
A imprescindibilidade de adoção de políticas públicas em razão do con-
texto pandêmico desaguado pelo novo coronavírus não autoriza, por si só, 
a relativização do direito à privacidade e, muito menos, confere azo à sua 
renúncia tácita.
À vista disso, conforme se depreende da melhor doutrina constitucio-
nalista, flexibilizações devem ser rigorosamente motivadas e delineadas, de 
668
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
modo a fornecer os parâmetros necessários à aferição do mandatório respei-
to ao já mencionado postulado da proporcionalidade. 
Em contexto de crise sanitária, imperiosa extrema cautela no que toca a 
medidas dessa natureza, sob pena de se admitir posturas arbitrárias e desar-
razoadas por parte do Poder Público que, eventualmente, podem acarretar na 
exposição indevida e irreversível de dados sensíveis dos indivíduos.
Decerto, nesse cenário em que foi abruptamente acometido o mundo, 
tem-se conferido, preponderantemente, – enfatiza-se, com razão - primazia ao 
direito à saúde em virtude o evidenciado risco a que exposta a vida humana, 
isso em detrimento a diversos outros direitos, tais como à liberdade de loco-
moção, à livre iniciativa e afins.
Nesse sentir, apropriado o entendimento do Ministro Marco Aurélio ex-
ternado na decisão proferida na ADI n.º 6.343/DF que indeferiu cautelarmen-
te a arguição de inconstitucionalidade das alterações encetadas na Lei n.º 
13.979/20 (Lei Nacional da Quarentena), cujo excerto a seguir merece rele-
vo: “Em época de crise, há mesmo de atentar-se para o arcabouço normativo 
constitucional, mas tudo recomenda temperança, ponderação de valores, e, 
no caso concreto, prevalece o relativo à saúde pública nacional.” (STF, 2020a). 
Premente, frisa-se, nos exatos termos do exarado pelo i. Ministro, a pon-
deração de valores. Não há conjuntura, nem mesmo a atual, que conceda o 
permissivo à prevalência irrestrita de um direito constitucionalmente previsto 
em detrimento dos demais.
No que concerne, precisamente, à proteção dos dados pessoais dos 
usuários de telefonia como bem destacou a peticionante da ADI n.º 6.387/
DF, nos dias atuais, não mais há que se falar em dados insignificantes. Com o 
pós-moderno avantajado desenvolvimento tecnológico, um dado em si insigni-
ficante, quando reunido e analisado em certo contexto, pode adquirir um novo 
valor. Os dados se evidenciam como o maior ativo do “Século da Informação”.
Dito isso, forçoso reconhecer que acertada a cautelar suspensão da efi-
cácia da Medida Provisória n.º 954/20, mormente porque, em que pese violar 
a intimidade de praticamente todos os brasileiros,
ateve-se a fixar, generica-
mente, sua finalidade, não demonstrando, suficientemente, motivos aptos a 
justificar as excepcionalíssimas relevância e urgência indispensáveis à edição 
da medida e, ao menos, a comprovada necessidade e eficácia embasadoras 
do interesse público no compartilhamento no combate à COVID-19 em detri-
mento ao direito à privacidade; não apresentou, de forma clara, a proteção a 
ser resguardada aos dados coletados e aos adequados manuseio e utilização 
e, especificamente, não fixou os procedimentos de fiscalização das posturas 
a serem adotados.
669
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
5 CONCLUSÃO
O direito à privacidade tem se revestido de especial contorno nas últimas 
décadas, principalmente em face da superexposição, a que todos estão sujei-
tos, correlata ao fenômeno da globalização informática que alça diferentes e 
outrora distantes povos à interconexão, não raro, imediata.
Exsurge, nessa quadra, o dever do Estado Democrático de Direito de 
proporcionar a devida tutela de seus cidadãos em face das, a cada dia mais, 
factíveis violações a esse direito fundamental, de modo a preservar-lhes a ina-
preciável dignidade da pessoa humana, havida pelo Pretório Excelso (2001) 
como um verdadeiro superprincípio constitucional, do qual devem irradiar 
as escolhas políticas da Administração Pública, haja vista que somente seu 
acatamento pleno torna legítimas as condutas estatais pautadas no poder 
discricionário.
Sem embargo, não se olvida que, quando irrestrito e ilimitado pelos di-
reitos individuais, o Estado entremostra-se como “o mais mortal inimigo do 
homem” (RAND apud CRUZ, 2020).
Dessarte, nessa atual conjuntura pandêmica causada pelo novo coronaví-
rus, imperioso o emprego de minucioso juízo de ponderação em cada casuísti-
ca originada, tendo em vista o inexorável e significativo aumento da colisão de 
princípios que tutelam direitos constitucionalmente previstos, episódios esses 
crescentes desde o reconhecimento da normatividade dos princípios e força 
normativa da Constituição, frutos do pós-positivismo e neoconstitucionalismo.
Isso considerado, irretocado o decisum proferido pela Ministra Rosa 
Weber, no bojo da ADI n.º 6.387, ulteriormente referendado pelo Plenário 
da Corte, ao reconhecer a inconstitucionalidade formal e material da Medida 
Provisória n.º 954/20 por não evidenciar a contento os requisitos da rele-
vância e urgência indispensáveis à demonstração da real necessidade da 
adoção dessa excepcional medida e por não oferecer condições satisfatórias 
ao cotejo da adequação e necessidade, elementos formadores do postulado 
da proporcionalidade. 
Muito embora a decisão tenha se fundado em juízo de cognição sumá-
ria, entende-se que a Medida Provisória em análise, de fato, exorbitou aos 
ditames constitucionais, de forma que sua consolidação na seara meritória 
revelar-se-ia como consectário lógico. Ocorre que, importante reiterar, há forte 
probabilidade de, na ocasião do julgamento, serem as ADI`s n.º 6.387/DF, 
6.388/DF, 6.389/DF, 6.390/DF e 6.393/DF extintas sem resolução do méri-
to ante à superveniente perda de objeto, uma vez que não mais subsistem as 
circunstâncias que ensejaram a edição da Medida Provisória n.º 954/20, em 
razão do encerramento de sua vigência, aos 14 de agosto de 2020.
Finalmente, urge mencionar que, nesse contexto de crise, o princípio da 
privacidade tem sido alvo de numerosas mitigações tanto pelo Poder Executivo 
670
RAFAEL BARRETO RAMOS, SARAH RÊGO GOIATÁ
quanto pelo Legislativo - evidenciada a prorrogação do prazo de vacatio legis 
da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei n.º 13.709/18) 
pela Medida Provisória n.º 959/20, e pela Lei n.º 14.010/20 -, de modo que 
impreterível a criteriosa análise, fundada, repisa-se, no juízo de ponderação 
pautado pelo postulado da proporcionalidade, com o fito de se verificar a 
constitucionalidade de cada caso concreto isolada e circunstanciadamente 
considerado.
REFERÊNCIAS
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Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1940.
BRASIL. Medida Provisória nº 954, de 17 de abril de 2020. Dispõe sobre o 
compartilhamento de dados por empresas de telecomunicações prestadoras 
de Serviço Telefônico Fixo Comutado e de Serviço Móvel Pessoal com a 
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para fins de suporte 
à produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde 
pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de 
que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_
Ato2019-2022/2020/Mpv/mpv954.htm. Acesso em: 05 de junho de 2020.
BRASIL. Medida Provisória nº 959, de 29 de abril de 2020. Estabelece a 
operacionalização do pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do 
Emprego e da Renda e do benefício emergencial mensal de que trata a Medida 
Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020, e prorroga a vacatio legis da Lei nº 
671
PANDEMIA DA COVID-19 E DIREITO FUNDAMENTAL À PRIVACIDADE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO...
13.709, de 14 de agosto de 2018, que estabelece a Lei Geral de Proteção 
de Dados Pessoais - LGPD. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/
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