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INVESTIGAÇÃO I - CRIMES PATRIMONIAIS

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AULA 1 - FURTO (ART. 155 DO CÓDIGO PENAL)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE FURTO
A maioria da doutrina entende que o bem jurídico tutelado é...
ELEMENTOS DO TIPO
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contiver, além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
O objeto da tutela é a coisa alheia. Neste caso, com fundamento no elemento normativo coisa alheia a coisa abandonada (res derelictae) e a coisa de ninguém (res nullius) não merecem tutela do Direito Penal. Vale ressaltar que a coisa perdida (res deperdita) é tutelada pela previsão específica constante do art. 169, II, do CP, pois, ainda quando perdida, a coisa não deixa de compor o patrimônio de seu proprietário pelo que se justifica a tutela.
Por força do especial fim de agir “para si ou para outrem” o "furto de uso" não é punido, pois o art. 155 exige que a finalidade seja a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
O CÓDIGO PENAL MILITAR INCRIMINA O FURTO DE USO, CONFORME ART. 241 do CPM.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse, propriedade ou detenção de um bem.
CONSUMAÇÃO:
A respeito da consumação o STJ, em recurso repetitivo, pacificou o momento consumativo do furto, isto é, “consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.” (Tese Julgada sob o rito do art. 543-C do CPC – TEMA 934).
TENTATIVA:
Trata-se de crime material, portanto a tentativa é perfeitamente possível. Ocorrerá quando o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chegar a retirar o bem do domínio de seu titular.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime material - quanto ao resultado: Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.
APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CRIME FURTO
De acordo com o princípio da insignificância, o Direito Penal não deve preocupar-se com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido.
A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em seu sentido material.
Para a aplicação do princípio da insignificância, o Supremo Tribunal Federal exige quatro requisitos: (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04).
Exemplo
INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING)
RHC N. 106.731-DF
RED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI
Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto, na modalidade tentada (art. 155, caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal), de um cartucho de tinta avaliado em R$ 25,70 (vinte e cinco reais e setenta centavos). Mínimo grau de lesividade. Ausência de periculosidade social da ação. Inexpressividade da lesão jurídica causada. Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. Recurso provido.
FIGURAS TÍPICAS
Veja, a seguir, as figuras típicas do furto:
FURTO SIMPLES:
O furto na sua modalidade simples está previsto na caput do art. 155 do Código Penal.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
FURTO NOTURNO:
O furto noturno é uma causa de aumento de pena e está previsto no art. 155, §1º do Código Penal.
§1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
O período noturno não se confunde com noite (ausência de luz solar), devendo ser observados os costumes do local em que a comunidade se recolhe para o descanso.
Quanto ao repouso, o entendimento majoritário é bem expressado por LUIZ REGIS PRADO quando diz que “a majorante incide ainda que o furto ocorra em local desabitado, satisfazendo-se simplesmente com a circunstância de que seja praticado durante o momento, segundo os costumes locais, em que pessoas estejam repousando”.
Este é o entendimento firmado no STJ, conforme exemplos disponíveis aqui.
FURTO PRIVILEGIADO:
O furto privilegiado está previsto no art. 155, §2º do Código Penal.
§2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
O entendimento que prevalece é que coisa de pequeno valor é coisa de até 1 (um) salário mínimo, porém tal valor deve ser aferido no momento da conduta.
Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
FURTO DE ENERGIA:
O furto previsto no art. 155, §3º do Código Penal é o furto de energia ou qualquer outra que tenha valor econômico, como por exemplo, a energia térmica, genética etc.
§3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Veja um exemplo:
INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA)
Furto e ligação clandestina de TV a cabo
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 155, §3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... §3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica.
HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261)
FURTO QUALIFICADO:
O art. 155, §4º tipifica o furto qualificado.
§4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa¹;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza²;
III - com emprego de chave falsa³;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas4.
O art. 155, §5º prevê qualificadora quando a subtração for de automóvel, porém é necessário que tal subtração tenha a finalidade que o destino do automóvel seja outro Estado ou o exterior.
§5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Recentemente, a Lei 13.330/16 incluiu o §6º no art. 155 do Código Penal (abigeato - furto de animal), tipificando de forma mais gravosa a subtração de semovente (animal) domesticável de produção.
§6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
(¹ É o furto praticado, por exemplo, com arrombamento de cadeados ou com destruição muros.)
(² Furto praticado com abuso de confiança. A confiança pressupõe uma determinada credibilidade, vale dizer, se entre duas pessoas não há uma relação de confiabilidade, de credibilidade, a subtração de qualquer objeto não qualifica o furto. Sendo assim, na relação Empregado/Empregador, não necessariamente existiráconfiança.
O furto mediante fraude é aquele em que o agente usa meios ardilosos para praticar a subtração, vale dizer, a vigilância sobre o bem é desviada em face da fraude praticada por quem subtraiu.
Furto mediante escalada é aquele em que é praticado por meio de ingresso anormal no local, e para fins de Direito Penal, escalada significa tanto pular um muro de cinco metros, como cavar um túnel para chegar no local.
Furto mediante destreza é aquele em que o agente tem especial habilidade para retirar objeto da vítima sem que esta perceba.)
(³ Chave falsa é qualquer instrumento que tem a possibilidade de abrir fechaduras, como por exemplo grampos, arame, pregos etc.
Exemplo:
INFORMATIVO 442, STJ (5ª TURMA)
Com base em precedentes deste Superior Tribunal, reafirmou-se que o uso da chave mixa para destrancar fechadura de automóvel com fim de viabilizar o acesso à res furtiva configura a qualificadora de emprego de chave falsa, o que atrai uma reprimenda maior e a incidência do art. 155, § 4º, III, do CP.)
(4 No concurso de pessoas, a teoria adotada como regra foi a UNITÁRIA (art. 29, caput, CP) e excepcionalmente a PLURALISTA (arts. 124 e 126, CP). São requisitos para o concurso de pessoas: pluralidade de condutas; relevância causal de todas elas; liame subjetivo ou concurso de vontades e identidade de infração para todos.
Exemplo:
SÚMULA 442, STJ
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.)
AULA 2 - ROUBO (ART. 157, CÓDIGO PENAL)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE ROUBO
Trata-se de crime complexo, pois protege bens jurídicos diversos, como:
Analise as imagens abaixo e responda:
A imagem “A” representa roubo e a imagem “B” representa furto.
A diferença entre roubo e furto é que no roubo há emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que diminua a resistência da vítima para a subtração, já no furto a subtração é sem violência ou grave ameaça.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
Analise a situação a seguir:
Neste caso, houve o crime de roubo? Explique sua resposta.
- Sim, pois o crime de roubo (art. 157 do CP) é um delito complexo que possui como objeto jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Como nos mostra o INFORMATIVO 539, STJ, (5ª TURMA):
INFORMATIVO 539, STJ, (5ª TURMA)
DIREITO PENAL. TIPICIDADE DA CONDUTA DESIGNADA COMO "ROUBO DE USO".
É típica a conduta denominada “roubo de uso”. De início, cabe esclarecer que o crime de roubo (art. 157 do CP) é um delito complexo que possui como objeto jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Importa assinalar, também, que o ânimo de apossamento – elementar do crime de roubo – não implica, tão somente, o aspecto de definitividade, pois se apossar de algo é ato de tomar posse, de dominar ou de assenhorar-se do bem subtraído, que pode trazer o intento de ter o bem para si, de entregar para outrem ou apenas de utilizá-lo por determinado período. Se assim não fosse, todos os acusados de delito de roubo, após a prisão, poderiam afirmar que não pretendiam ter a posse definitiva dos bens subtraídos para tornar a conduta atípica. Ressalte-se, ainda, que o STF e o STJ, no que se refere à consumação do crime de roubo, adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual se considera consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima. Ademais, a grave ameaça ou a violência empregada para a realização do ato criminoso não se compatibilizam com a intenção de restituição, razão pela qual não é possível reconhecer a atipicidade do delito “roubo de uso”. REsp 1.323.275-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/4/2014.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO PASSIVO:
A ofensa perpetrada do crime de roubo pode ser o proprietário, possuidor ou detentor da coisa, como também a ação pode ser dirigida contra a pessoa que não seja ligada ao patrimônio subtraído.
SUJEITO ATIVO:
É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.
Vamos analisar o caso a seguir:
O ato praticado por Sabrina pode ser considerado um roubo?
- Não. Ajusta-se à figura típica prevista no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões) - e não à prevista no art. 157 do CP (roubo) - a conduta da prostituta maior de dezoito anos e não vulnerável que, ante a falta do pagamento ajustado com o cliente pelo serviço sexual prestado, considerando estar exercendo pretensão legítima, arrancou um cordão com pingente folheado a ouro do pescoço dele como forma de pagamento pelo serviço sexual praticado mediante livre disposição de vontade dos participantes e desprovido de violência não consentida ou grave ameaça.
Para saber mais sobre isso, clique aqui e leia INFORMATIVO 584, STJ (6ª TURMA).
DISTINÇÃO ENTRE ROUBO PRÓPRIO E IMPRÓPRIO
A diferença reside basicamente no momento¹ em que é empregada a violência ou grave ameaça contra a pessoa.
É importante não confundir roubo próprio e impróprio com violência própria e violência imprópria.
O roubo próprio está no art. 157, caput, e o roubo impróprio está no art. 157, §1º, do Código Penal. O roubo próprio (art. 157, caput, do CP) tem como meio de execução a violência, que é o emprego de força física contra a vítima; grave ameaça, que é promessa de mal grave e iminente e por qualquer meio que reduza a vítima à impossibilidade de resistência.
Com relação à maneira de execução grave ameaça ou violência, temos violência própria, já a forma de execução qualquer meio que reduza a vítima à impossibilidade de resistência temos violência imprópria.
(¹ No roubo próprio a violência ou grave ameaça é empregada antes da subtração do patrimônio, já no roubo impróprio a violência ou grave ameaça é empregada após a subtração do patrimônio.)
No roubo impróprio somente há as formas de violência própria, isto é, violência ou grave ameaça.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA NO ROUBO PRÓPRIO
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA NO ROUBO IMPRÓPRIO
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material - quanto ao resultado: Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.
É inaplicável o princípio da insignificância no crime de roubo, conforme orientação dos Tribunais Superiores (STF: HC 96.671/MG e HC 95.174/RJ; STJ: REsp. 1.159.735/MG).
FIGURAS TÍPICAS
ROUBO SIMPLES - PRÓPRIO
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
No roubo próprio, temos a subtração por meio da grave ameaça (violência moral) que é promessa de mal à vítima.
A violência imprópria é caracterizada como qualquer meio que reduza a impossibilidade de resistência da vítima, como, por exemplo, o uso de sonífero na vítima para subtrair a coisa, antes ou concomitante à subtração da coisa.ROUBO SIMPLES - IMPRÓPRIO
Art. 157 §1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
No roubo impróprio, temos somente a grave ameaça ou violência contra a pessoa após a subtração da coisa. Entretanto, se a subtração é apenas tentada, ocorrendo posterior violência ou grave ameaça, haverá concurso material entre furto (consumado ou tentado) e crime contra a pessoa.
ROUBO MAJORADO OU CIRCUNSTANCIADO
No roubo majorado aplica-se ou roubo próprio ou impróprio.
Art. 157 §2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância;
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996);
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996).
Clique aqui e conheça mais detalhes.
ROUBO QUALIFICADO
Roubo qualificado pelo resultado lesão grave (ou gravíssima) ou morte (latrocínio) - incidência da Lei 8.072/90
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90)
O §3º do art. 157 do Código Penal tem duas partes, ou seja, a primeira parte é quando da violência resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (art. 129, §§ 1º e 2º do Código Penal).
Na segunda parte do §3º do art. 157 do Código Penal ocorre o latrocínio, que é o roubo seguido de morte e aplica-se tanto ao roubo próprio como impróprio. Entretanto, somente ocorre latrocínio quando o meio de execução do roubo é a violência. Desse modo, havendo grave ameaça e subsequente morte não ocorre latrocínio.
AULA 3 - EXTORSÃO - ART. 158 DO CÓDIGO PENAL
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE EXTORSÃO
Os bens jurídicos protegidos no crime de extorsão, que é crime complexo, são a liberdade individual, o patrimônio (posse e propriedade) e a integridade física e psíquica do ser humano. É também crime pluriofensivo.
Analise cada uma das seguintes situações e classifique-as em crimes de extorsão ou roubo. Justifique.
Na primeira situação houve o roubo da carteira.
Na segunda situação houve extorsão, pois Ana foi coagida a fazer o pagamento sob grave ameaça. Neste caso, ela optou por efetuar o pagamento para evitar que a ameaça se concretizasse.
Na terceira situação ocorreu o roubo e a extorsão, pois no assalto mediante emprego de arma de fogo para a subtração da carteira o comportamento da vítima é prescindível, daí tratar-se do crime de roubo, já para o agente obter a senha do cartão de crédito o comportamento da vítima é imprescindível, e neste caso temos o crime de extorsão.
Em resumo, a diferença entre roubo e extorsão, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, está na imprescindibilidade ou não do comportamento da vítima, pois na extorsão é imprescindível o comportamento da vítima, enquanto no roubo é prescindível. Como podemos ver no exemplo:
RECURSO ESPECIAL Nº 437.157 - SP
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO E EXTORSÃO. CONCURSO MATERIAL. TENTATIVA DE EXTORSÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA 96 DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. Firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, sem divergir da do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que configura hipótese de concurso material entre os crimes de roubo e extorsão, a conduta do autor que, após subtrair bens de propriedade da vítima, a obriga, também mediante grave ameaça, a efetuar compras de outros bens, visando a obtenção de indevida vantagem econômica.
2. No caso, os fatos tais como postos na inicial acusatória revelam que, embora sob ameaça, a vítima não efetuou as compras determinadas pelo recorrido, tampouco preencheu cheques, uma vez que houve intervenção policial em tempo, caracterizando o início da execução que restou interrompida, antes de sua consumação, por força alheia à vontade do autor e/ou da vítima – figura da tentativa.
3. Decisão que não afronta a Súmula 96 deste STJ.
4. Recurso parcialmente provido.
Enquanto no roubo o objeto é coisa móvel alheia, na extorsão o objeto pode ser coisa imóvel, como por exemplo constranger alguém a assinar escritura de compra e venda transferindo o imóvel para terceiro.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
JURISPRUDÊNCIA
HC 87441 / PE - PERNAMBUCO
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denúncia, não se podendo, de outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando a entrega de cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva."
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.
SUJEITO PASSIVO: A ofensa perpetrada no crime de extorsão pode ser a pessoa atingida pela violência ou grave ameaça; a pessoa que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa ou aquela pessoa que suporta o prejuízo econômico.
Pode também a própria pessoa jurídica ser vítima do crime de extorsão.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material - quanto ao resultado: Consuma-se independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida, isto é, com a ação de constranger a vítima;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
EXTORSÃO SIMPLES
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Na extorsão, temos o constrangimento (coagir, impor) a alguém a fazer algo, tolerar que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. O constrangimento ocorre por meio de violência (física) ou grave ameaça.
STF - HABEAS CORPUS HC 87441 PE (STF)
"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denúncia, não se podendo, de outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando a entrega de cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva."
FORMA MAJORADA DA EXTORSÃO
§1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
1) quando o crime é cometido por duas ou mais pessoas. Neste caso é necessário que os agentes estejam praticando os atos executórios, não se admitindo a simples participação, uma vez que o dispositivo legal dispõe em crime cometido por duas ou mais pessoas.
2) como no crime de roubo a arma pode ser tanto própria que é instrumento para ataque e defesa (arma de fogo, por exemplo), como imprópriaque é instrumento utilizado para outra finalidade (faca de cozinha, por exemplo).
EXTORSÃO QUALIFICADA
§2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §3º do artigo anterior.
No §2º temos a extorsão qualificada. A extorsão qualificada somente é praticada mediante violência, não havendo extorsão qualificada quando praticada mediante grave ameaça. O resultado na extorsão qualificada pode ser lesão grave (ou gravíssima) ou morte. Na extorsão qualificada pela morte o crime é hediondo, conforme se verifica do art. 1º, IV, da Lei 8072/90.
EXTORSÃO QUALIFICADA PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE
§3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
No §3º temos a extorsão qualificada pela restrição da liberdade ("sequestro-relâmpago"). Trata-se de extorsão, porém o modo de praticar tal crime é restringindo a liberdade da vítima como, por exemplo, levar a vítima até o caixa eletrônico e constrangê-la a sacar o dinheiro.
A conduta de extorsão restringindo a liberdade da vítima pode resultar lesão grave (ou gravíssima) ou morte e, nesses casos, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º do Código Penal.
Quando da extorsão com restrição da liberdade da vítima resultar morte diverge a doutrina no sentido de considerar ou não crime hediondo. Uma primeira corrente doutrinária entende não ser crime hediondo, uma vez que o critério de tipificação dos crimes hediondos é o legal, ou seja, se não estiver no rol da lei 8072/90 não será considerado hediondo. A segunda corrente considera crime hediondo, vez que trata-se de extorsão com resultado morte e tal conduta está prevista no art. 1º, IV, da Lei 8072/90.
AULA 4 - EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
Os bens jurídicos protegidos no crime do art. 159 do CP são:
Extorsão mediante sequestro é crime pluriofensivo.
JURISPRUDÊNCIA
"HABEAS CORPUS Nº 113.978 - SP (2008/0185111-5) - STJ
HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO MORTE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO TENTADO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ELEMENTOS DOS AUTOS QUE APONTAM, COM CLAREZA, A PRÁTICA DE DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO.
1. O delito previsto no art. 159 do Código Penal é crime complexo, que ofende ao mesmo tempo o patrimônio e a liberdade da vítima. Em sua forma qualificada – com resultado morte – fere ainda um terceiro bem jurídico, a vida, razão porque é punido de forma mais rigorosa."
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.
SUJEITO PASSIVO: Sujeitos passivos serão tanto o indivíduo que tem sua liberdade de locomoção tolhida, como aquele que sofre a lesão patrimonial.
De acordo com o professor Rogério Greco: sim! Por exemplo: seus sócios podem ser privados da sua liberdade, para que se efetue o pagamento do resgate por intermédio do patrimônio da pessoa jurídica a eles pertencente.
E os animais?
Vamos analisar o seguinte caso:
Após a análise do caso, indique se o ato de Carina se configura como crime de extorsão mediante sequestro. Justifique sua resposta.
- A conduta de Carina foi criminosa, mas não pode ser configurada como sequestro – ato que só é cometido contra “pessoa”. Conforme indica o dispositivo legal do Código Penal:
 “Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate [...]”. (grifo nosso)
Nesse caso, como a jovem privou a liberdade de locomoção do animal e obrigou seu dono a pagar resgate por sua liberdade, o crime é de extorsão.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Agora, vamos analisar o seguinte caso:
Considerando que Glória não chegou a ser levada para um cativeiro e que nenhum pagamento de resgate foi, de fato, exigido, o crime pode ser configurado como extorsão mediante sequestro? Justifique sua resposta.
- Sim, pois o delito se consuma no momento em que a vítima é privada de sua liberdade. Conforme nos mostra o exemplo abaixo:
INFORMATIVO 27, STF (1ª TURMA)
Sequestro e Competência
A competência para o julgamento do crime de extorsão mediante sequestro é do juízo da comarca em que a vítima foi sequestrada, não do juízo da comarca para a qual foi ela levada e mantida presa. Delito que se consuma no momento em que a vítima é privada de sua liberdade. HC 73.521-CE, rel. Min. Ilmar Galvão, 16.04.96.
HABEAS CORPUS Nº 113.978 - SP (2008/0185111-5) – STJ
"A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de consumação antecipada, opera-se com a simples privação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está consumado" (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime formal - quanto ao resultado: Consuma-se independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime permanente: A consumação alonga-se no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS - EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SIMPLES E QUALIFICADA
SEQUESTRO (SIMPLES)
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002).
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
O núcleo do tipo sequestrar significa impedir o direito de ir e vir. Tratando-se de crime quanto ao resultado formal, o recebimento da vantagem é mero exaurimento. Entende a maioria da doutrina que a expressão qualquer vantagem deve ser vantagem econômica, uma vez que o crime está no capítulo dos crimes contra o patrimônio.
FORMA MAJORADA DE SEQUESTRO
§1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Figuras qualificadas:
• No §1º temos as figuras qualificadas:
• A duração do sequestro por mais de 24 horas verifica-se desde o momento da privação até a efetiva liberdade.
• Já a qualificadora referente a idade da vítima tem relação com a capacidade de resistência das vítimas.
• A última qualificadora, bando ou quadrilha (atualmente associação criminosa, de acordo com a nova redação do art. 288 do CP), depende, necessariamente, de que haja reunião estável e permanente de 3 ou mais pessoas.
SEQUESTRO COM LESÃO CORPORAL OU MORTE
§2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
A presente qualificadoraincide se do sequestro resultar lesão grave (ou gravíssima), podendo esse resultado qualificador ser a título de dolo ou culpa.
§3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
O resultado qualificador morte pode ser igualmente a título de dolo ou culpa.
DELAÇÃO PREMIADA
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Trata-se de causa especial de diminuição de pena. Para a incidência da delação premiada é necessário que:
I) o crime tenha sido cometido em concurso;
II) um dos sequestradores denuncie à autoridade (Delegado de Polícia, por exemplo);
III) facilite a libertação do sequestrado.
Veja alguns exemplos.
Incidência da Lei 8.072/90
Conforme o art. 1º, IV, da Lei 8072/90 todas as hipóteses de extorsão mediante sequestro são consideradas hediondas.
AULA 5 - DANO (ART. 163, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE DANO
O bem jurídico tutelado é o bem privado ou público, pode ser bem móvel ou imóvel, de pessoas física ou jurídica.
Vamos analisar o exemplo a seguir:
Após a análise do caso, responda: você considera o princípio da insignificância relevante para a concessão do Habeas Corpus?
- Nesse caso, o princípio da insignificância se aplica, pois não houve custo para o reparo do alarme. Assim, a conduta de Gilmar não foi suficiente para atingir o bem jurídico tutelado. Conforme nos mostra o exemplo:
JURISPRUDÊNCIA SOBRE A ADMISSIBILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO CRIME DE DANO
"HABEAS CORPUS Nº 147.388 - MS (2009/0179619-7) - STJ
Patrimônio público (dano). Coisa destruída (pequeno valor). Princípio da insignificância (adoção).
1. A melhor das compreensões penais recomenda não seja mesmo o ordenamento jurídico penal destinado a questões pequenas – coisas quase sem préstimo ou valor.
2. Antes, falou-se, a propósito, do princípio da adequação social; hoje, fala-se, a propósito, do princípio da insignificância. Já foi escrito: "Onde bastem os meios do direito civil ou do direito público, o direito penal deve retirar-se."
3. É insignificante, dúvida não há, a destruição e inutilização de fios de sensores do alarme de cadeia pública.
4. A insignificância, é claro, mexe com a tipicidade, donde a conclusão de que fatos dessa natureza evidentemente não constituem crime.
5. Ordem concedida."
Vamos analisar outro caso:
Neste caso, podemos considerar o princípio da insignificância relevante para o pedido de Habeas Corpus?
- A conduta de Wellington privou os outros detentos do acesso a água, causando tumulto no ambiente carcerário. Por isso, o comportamento imputado por ele não pode ser caracterizado como insignificante, ainda que o objeto material do crime seja de ínfimo valor.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
O crime de dano somente é punível na sua forma dolosa, não se pune criminalmente o dano culposo.
A doutrina diverge sobre a existência ou não de elemento subjetivo do tipo (elemento específico), que seria o animus nocendi:
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo.
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse ou propriedade de um bem.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime material, ou seja, consuma-se com o dano efetivo ao objeto material, total ou parcialmente.
TENTATIVA: É possível, pois trata-se de crime plurissubsistente.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material - quanto ao resultado: Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima;
Crime comissivo: Os verbos implicam em ação, excepcionalmente pode ser omissivo impróprio;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
DANO
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
É um tipo misto alternativo ou crime de conteúdo variado, pois existem três verbos:
• Destruir é arruinar a coisa;
• Inutilizar é tornar a coisa inválida;
• Deteriorar é estragar a coisa.
Em razão da pena imposta, é infração de menor potencial ofensivo.
A conduta de pichar edificação ou monumento urbano é crime ambiental, previsto no art. 65 da Lei 9,605/98.
DANO QUALIFICADO
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Em razão da pena, não é infração de menor potencial ofensivo.
AULA 6 - APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART.168, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O bem jurídico protegido no crime do art. 168 do CP é o patrimônio, ou seja, a propriedade e a posse legítima de bens móveis.
Vamos analisar o exemplo:
Após a análise do caso, responda: você considera que a atitude do Rodrigo caracteriza apropriação indébita? Justifique.
- Acertou se você respondeu que sim. É fundamental entender apropriação indébita como uma quebra de confiança, uma vez que o agente tem a posse legítima da coisa e posteriormente inverte tal posse, comportando-se como se fosse proprietário. Além disso, a natureza fungível do bem não descaracteriza o crime, conforme nos mostra o exemplo:
JURISPRUDÊNCIA!
"RECURSO ESPECIAL Nº 880.870 - PR (2006/0064018-7) - STJ
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP INEXISTENTE. BEM FUNGÍVEL. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. AUTORIA. SÚMULA 07 DESTA CORTE. NÃO INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO DE LEI FEDERAL VIOLADO. SÚMULA Nº 284/STF.
II - O fato da coisa indevidamente apropriada ser bem fungível não impede a caracterização do crime de apropriação indébita (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso)."
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
"RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 22.914 - BA (2008/0008647-5) - STJ
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. AUSÊNCIA DE DOLO (ANIMUS REM SIBI HABENDI). ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NÃO CARACTERIZADO. CONDUTA ATÍPICA. DENÚNCIA. ADITAMENTO. INEXISTÊNCIA DE DESCRIÇÃO DA ATUAÇÃO DO AGENTE NO FATO DITO CRIMINOSO. INÉPCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. INCONFORMISMO PROVIDO. CO-RÉUS NÃO-RECORRENTES. SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA. EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP).
1. Constatado que o recorrente não revelou a intenção de apoderar-se de bem alheio, que temporariamente permaneceu na sua posse, a simples mora na sua entrega ao proprietário, consoante orientação consignada pela teoria finalista da ação e adotada pela sistemática penal pátria, não configura o crime de apropriação indébita descrito no art. 168 do CP, em razão da ausência do dolo - animus rem sibi habendi -, elemento subjetivo do tipo e essencial ao prosseguimento da imputação criminal."
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITOATIVO: É crime comum, pode ser qualquer pessoa que tenha a posse ou detenção legítima de coisa alheia.
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do direito patrimonial.
Por força do Estatuto do Idoso a apropriação de bens, proventos, pensão, ou outro rendimento de pessoa idosa, ocorre o crime previsto no art. 102 da Lei 10.741/03.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material - quanto ao resultado: Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima;
Crime comissivo ou omissivo: Pode ser praticado tanto por ação como por omissão;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
São requisitos para a apropriação indébita a entrega voluntária do bem para a vítima e boa-fé do agente no momento que recebeu a coisa, sendo certo que o dolo (vontade de se apropriar da coisa) é posterior ao recebimento da coisa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
AUMENTO DE PENA
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - EM DEPÓSITO NECESSÁRIO
O conceito de depósito necessário está no art. 647 do Código Civil, Art. 647.
É depósito necessário:
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal;
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque.
De acordo com a doutrina, a presente causa de aumento de pena somente incide na hipótese do inciso II (depósito miserável) do art. 647 do Código Civil, pois o inciso I (depósito legal) é depósito legal e, neste caso, ocorre o crime de peculato, previsto no art. 312, caput, do Código Penal.
II - NA QUALIDADE DE TUTOR, CURADOR, SÍNDICO, LIQUIDATÁRIO, INVENTARIANTE, TESTAMENTEIRO OU DEPOSITÁRIO JUDICIAL
Tutor - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de menor de idade e administrar seus bens. A tutela ocorre em caso de falecimento dos pais ou se declarados ausentes;
Curador - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de maior incapaz (por exemplo, doente mental) e administrar seus bens;
Síndico - é aquele que administra os bens da massa falida e, após a Lei 11.101/05, tal expressão foi substituída por administrador judicial;
Liquidatário - a liquidação extrajudicial (Lei 6.024/74) é procedimento administrativo que tem semelhança com a falência. Portanto, a figura do liquidante (art. 34, Lei 6.024/74) se assemelha à do administrador judicial na falência;
Inventariante - é aquele que administra os bens do autor da herança e impulsiona o inventário;
Testamenteiro - é aquele que tem a incumbência de cumprir as disposições do testamento;
Depositário Judicial - é aquele que guarda e conserva os bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados, conforme art. 159 do Código de Processo Civil.
III - EM RAZÃO DE OFÍCIO, EMPREGO OU PROFISSÃO
Emprego - é prestação de serviço com subordinação e dependência;
Ofício - é ocupação manual ou mecânica com certo grau de habilidade;
Profissão - atividade que se caracteriza pela ausência de hierarquia.
AULA 7 - ESTELIONATO (ART. 171, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE DANO
O bem jurídico protegido no crime do art. 171 do CP é o patrimônio e é praticado mediante fraude.
Vamos analisar o caso a seguir:
Após analisar o caso, responda: podemos caracterizar os atos da empresa de buffet como crime de estelionato?
- Ao receber vantagem ilegal, enganando Sérgio e Kátia e lhes causando prejuízo, a empresa cometeu o crime de estelionato.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticar.
SUJEITO PASSIVO: Qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do direito patrimonial.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material - quanto ao resultado: Exige resultado naturalístico, consistente no dano patrimonial;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS – SIMPLES E MAJORADA
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O estelionato é praticado mediante fraude. É crime de duplo resultado, pois é necessário obtenção de vantagem ilícita e prejuízo alheio.
§ 1º  
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
A jurisprudência considera como pequeno valor do prejuízo aquele que não ultrapassa um salário mínimo.
§ 2º  
O § 2º trata das figuras equiparadas ao estelionato.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
DISPOSIÇÃO DE COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria.
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.
DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado.
FRAUDE NA ENTREGA DE COISA
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém.
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro.
A presente figura é crime formal (de consumação antecipada), pois se consuma com a prática da conduta, não havendo necessidade para consumação do delito o recebimento da indenização ou valor do seguro.
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
O cheque é ordem de pagamento à vista. Portanto, sendo o cheque pós-datado (na prática negocial chama-se pré-datado), há descaracterização da natureza do cheque, impossibilitando a imputação do crime de estelionato por esta figura equiparada, pois nessa hipótese o cheque é meramente garantia de dívida. Vale registrar, que se no momento da emissão de cheque pós-datado já havia dolo de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio, o estelionato será do caput do art. 171 do Código Penal.
JURISPRUDÊNCIA STJ - 5ª TURMA
"RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS Nº 13.793- SP (2002/0169545-2)
PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CHEQUE DADO EM GARANTIA DE DÍVIDA. PRÉ-DATADO. DEVOLVIDO SEM FUNDOS. PRECEDENTES.
1. A emissão de cheques como garantia de dívida (pré-datados), e não como ordem de pagamento à vista, não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista no art. 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
2. Recurso provido."
§ 3º  
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Trata-se de causa de aumento de pena.
§ 4º  
Estelionato contra idoso
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
O § 4º do art. 171 do CP foi acrescentado pela Lei 13.228/15.
Estelionato e falsidade documental (Súmula 17 do STJ).
Súmula 17: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
SÚMULAS RELATIVAS AO ESTELIONATO
AULA 8 - ABUSO DE INCAPAZ (ART. 173, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE ABUSO DE INCAPAZ
O bem jurídico protegido no crime do art. 173 do CP é o patrimônio. Diferencia-se do estelionato porque neste há necessidade de prejuízo, sendo, portanto, crime material, no abuso de incapaz não é necessário o prejuízo da vítima, uma vez trata-se de crime formal, ou seja, o dano patrimonial é mero exaurimento do crime.
Vamos analisar o caso a seguir:
Após analisar o caso, responda: Fernando cometeu algum crime? Justifique.
- Sim. Fernando se aproveitou da inexperiência e paixão da menor para obter vantagem econômica, cometendo assim o crime de abuso de incapaz. Vale destacar que, por se tratar de uma menor, o fato de Juliana ter agido por vontade própria, não descaracteriza o crime.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticar.
SUJEITO PASSIVO: É o menor de dezoito anos, assim como o alienado ou débil mental.
De acordo com o art. 5o Código Civil "A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil."
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime formal: Não exige resultado naturalístico, consistente no dano patrimonial;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
ABUSO DE INCAPAZES
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Vejamos mais um exemplo de abuso de incapaz:
Cíntia sofre de oligofrenia¹ e foi induzida por Victor a assinar uma procuração dando a ele poder para movimentar seus bens. Ele agiu de forma criminosa, pois sabia que a vítima portadora de oligofrenia em grau de debilidade mental leve é incapaz para certos atos da vida civil, entre eles a outorga de procuração e transações comerciais.
(¹ Deficiência do desenvolvimento mental, congênita ou adquirida em idade precoce, que abrange toda a personalidade, comprometendo sobretudo o comportamento intelectual; oligopsiquia.)
Assim como os casos de crime de abuso de incapaz que você viu até agora, existem muitos outros. Antes de encerrar seus estudos, clique aqui e veja alguns exemplos.
AULA 9 - RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP)
BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE RECEPTAÇÃO
O bem jurídico protegido nos crimes dos arts. 180 e 180-A do CP é o patrimônio.
Para que haja o crime de receptação é necessária a existência de um crime anterior, porém esse crime anterior não precisa ser contra o patrimônio. Sendo assim, a receptação é um crime acessório.
Vamos analisar o caso a seguir:
Após analisar o caso, responda: Fabiano cometeu algum crime? Justifique.
- Fabiano comprou os bens, não furtou nada. Mas ele cometeu um outro crime, tão grave quanto o furto: a receptação. O artigo 180 de nosso Código Penal pune com uma pena de até quatro anos de reclusão quem “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”, conforme nos mostra o exemplo:
JURISPRUDÊNCIA
CONFLITO DE COMPETÊNCIA nº 3574/2P - STJ
"PROCESSUAL PENAL - COMPETÊNCIA - CRIMES - CONEXÃO - ROUBO - RECEPTAÇÃO
A receptação é crime acessório, seu pressuposto é outro crime. Com efeito, o objeto material do crime é 'produto de crime'.
ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E SUBJETIVOS)
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo anormal.
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO PASSIVO: É a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio a coisa anterior.
SUJEITO ATIVO: É crime comum na receptação do caput, qualquer pessoa pode praticá-lo; já na receptação do §1° é crime próprio, ou seja, somente o comerciante ou industrial podem praticar.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum receptação do caput: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime próprio na receptação do §1º: Aquele que exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material na receptação própria e na receptação qualificada: Quanto ao resultado;
Crime formal na receptação imprópria: Quanto ao resultado;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime Doloso: Tanto na receptação simples como na qualificada;
Crime culposo: No §3º;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime instantâneo: Salvo nas modalidades transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, e expor à venda que são crimes permanentes;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
RECEPTAÇÃO
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O art. 180, caput, do CP dispõe sobre a receptação própria na primeira parte e receptação imprópria na parte final. Como o objeto material da receptação é produto de crime, coisa produto de contravenção não constitui o crime de receptação.
RECEPTAÇÃO
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§1º
§1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
JURISPRUDÊNCIA
INFORMATIVO 712, STF, (1ª TURMA)
Receptação qualificada e constitucionalidade
É constitucional o §1º do art. 180 do CP, que versa sobre o delito de receptação qualificada (“§1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”). Com fundamento nessa orientação, a 1ª Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus. A recorrente reiterava alegação de inconstitucionalidade do referido preceito, sob a assertiva de que ofenderia o princípio da culpabilidade ao consagrar espécie de responsabilidade penal objetiva. Reportou-se a julgados nos quais, ao apreciar o tema, o STF teria asseverado a constitucionalidade do dispositivo em comento. Precedentes citados: RE 443388/SP (DJe de 11.9.2009); HC 109012/PR (DJe de 1º.4.2013). RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25.6.2013. (RHC-117143)
§2º
§2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O §2º é norma penal explicativa.
§3º
§3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O §3º trata da receptação culposa.
§4º
§4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
O §4º é norma penal explicativa.
§5º
§5º - Na hipótese do §3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no §2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
No art. 180, §5º, primeira parte temos hipótese de perdão judicial, já na segunda parte ocorre a receptação privilegiada.
Súmula 18 do STJ - Perdão judicial. Sentença. Natureza jurídica.
"A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório."
§6º
§6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
O §6º trata traz qualificadora em razão do objeto do crime.
RECEPTAÇÃO DE ANIMAL: ART. 180-A, CP
Bem jurídico tutelado
É o patrimônio.
ELEMENTOS DO TIPO (SUBJETIVO, DESCRITIVOS E NORMATIVOS)
SUJEITOS DO DELITO
SUJEITO ATIVO: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo, salvo o autor, coautor ou partícipe do delito antecedente.
SUJEITO PASSIVO: É a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio o semovente.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo;
Crime de dano: Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado;
Crime material: Quanto ao resultado;
Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva;
Crime doloso: Não existe a forma culposa;
Crime de forma livre: Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo;
Crime permanente: Nas modalidades transportar, conduzir, ocultar e ter em depósito. Nas demais hipóteses é crime instantâneo;
Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente;
Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta.
FIGURAS TÍPICAS
RECEPTAÇÃO DE ANIMAL
Art. 180-A. - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
AULA 10 - ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (ARTS. 181, 182 E 183, CP)
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
IMUNIDADES ABSOLUTAS ART. 181 - Natureza Jurídica - CAUSAS PESSOAIS DE EXCLUSÃO DE PENA
As escusas absolutórias do art. 181 do Código Penal são causas pessoais de exclusão de pena. A escusa absolutória pessoal não exclui o crime, ou seja, ocorrerá fato típico, ilícito e culpável, havendo somente isenção de pena.
I - DO CÔNJUGE, NA CONSTÂNCIA DA SOCIEDADE CONJUGAL
Veja o caso a seguir:
Como vimos, neste exemplo, João cometeu um crime, mas foi isento de cumprir a pena em reclusão, pois a vítima era sua esposa.
Agora, analise o próximo caso:
Neste caso, por se tratar de uma relação homoafetiva, a escusa absolutória poderia ser aplicada?
- Há discussão sobre a aplicação ou não da presente escusa na união estável. Prevalece o entendimento de que se aplica ao companheiro(a), uma vez que a Constituição Federal, no art. 226, §3º, igualou o tratamento.
Por força da decisão na ADIn 4277 e ADPF 132, o STF reconheceu a união homoafetiva, havendo, portanto, aplicação da escusa na hipótese de relação homoafetiva.
II - DE ASCENDENTE OU DESCENDENTE, SEJA O PARENTESCO LEGÍTIMO OU ILEGÍTIMO, SEJA CIVIL OU NATURAL
De acordo com o art. 227, §6º, da Constituição Federal "os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação." Nesse sentido, não há que se falar mais em filiação ilegítima.
Veja o exemplo a seguir:
Neste caso, como a autora do crime é a filha da vítima, ela é isenta de pena.
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
IMUNIDADES RELATIVAS ART. 182 - Natureza Jurídica – FAVOR LEGAL DE NATUREZA PROCESSUAL – A AÇÃO PENAL SOMENTE SE PROCEDE MEDIANTE REPRESENTAÇÃO.
Na imunidade relativa haverá punição do fato, ou seja, não ocorre isenção de pena, porém, como de regra, a ação penal nos crimes contra o patrimônio são de ação pública incondicionada, ocorrendo imunidade relativa ação passa a ser pública condicionada à representação. Nas hipóteses relacionadas nesse dispositivo legal somente pode a autoridade pública (autoridade policial ou MP) instaurar o inquérito policial ou deflagrar a ação penal se houver representação, que é uma condição de procedibilidade.
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
A Lei 6515/77 (Lei do Divórcio) revogou o instituto do desquite e, de acordo com a doutrina, a Emenda Constitucional 66 de 2010 revogou o instituto da separação judicial.
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
De acordo com o art. 227, §6º, da Constituição Federal "os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação." Nesse sentido, não há que se falar mais em irmão ilegítimo.
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Vamos analisar mais um caso:
Por ser sobrinho da vítima do furto e estar hospedado na casa de seu tio, Caio terá direito a imunidade relativa?
- Caio não poderá contar com a imunidade relativa, pois para incidir a imunidadetrazida no art. 182, III, do CP, além de comprovada a relação de parentesco entre ele e seu tio, também é necessário a comprovação de coabitação. Caio estava apenas hospedado na casa de seu tio. A hospedagem não deve ser confundida com coabitação, como nos mostra o exemplos a seguir:
INFORMATIVO 491, STJ (6ª TURMA)
IMUNIDADE RELATIVA. RELAÇÃO DE PARENTESCO. AUSÊNCIA DE COABITAÇÃO. MERA HOSPEDAGEM OCASIONAL.
In casu, o recorrido foi denunciado como incurso nas sanções do art. 155, § 4º, II, do CP em virtude de ter subtraído para si, do interior da residência do seu tio, dois revólveres. O juízo a quo julgou extinta sua punibilidade com fundamento nos arts. 107, IV, e 182, ambos do CP, ao argumento de ter-se implementado a decadência do direito de representação. Ingressou o parquet com recurso em sentido estrito ao qual se negou provimento, razão pela qual interpôs o presente REsp. Sustenta o MP que não havia entre vítima e recorrido (tio e sobrinho) relação de coabitação, mas sim mera hospitalidade, haja vista o recorrido ter passado aproximadamente três semanas na casa de seu tio. A Turma deu provimento ao recurso ao entender que, para incidir a imunidade trazida no art. 182, III, do CP, deve ser comprovada a relação de parentesco entre tio e sobrinho, bem como a coabitação, a residência conjunta quando da prática do crime, que não se confunde com a mera hospedagem, a qual tem caráter temporário e, in casu, durou apenas três semanas. Assim, afastada a denominada imunidade penal relativa, deve ser retomado o regular curso da ação penal, porquanto desnecessária, in casu, a apresentação de representação pela vítima. Precedentes citados: RMS 34.607-MS, DJe 28/10/2011, e HC 101.742-DF, DJe 31/8/2011. REsp 1.065.086-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/2/2012.
ART. 183 - NÃO SE APLICA O DISPOSTO NOS DOIS ARTIGOS ANTERIORES
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;
Pelo inciso I verifica-se que as imunidades não se aplicam a todos os crimes contra o patrimônio.
II - ao estranho que participa do crime.
A presente exceção afasta a imunidade para o estranho, ou seja, na hipótese de furto mediante concurso de pessoas em que um agente é filho da vítima e o outro agente não, para o filho da vítima haverá imunidade (isenção de pena) e para quem não é filho haverá furto qualificado.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
O presente inciso afasta as imunidades quando a vítima for maior de sessenta anos, ou seja, se o filho praticar crime de furto ou estelionato contra o pai maior de 60 anos não ficará isente de pena.
Clique aqui e veja um exemplo.

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