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Livro competencia profisional - II (capítulos 1,2 e 8)

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Competência 
Técnico-Operativa 
em Serviço Social II
Competência 
Técnico-Operativa 
em Serviço Social II
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2015
Arno Vorpagel Scheunemann
Giovane Antônio Scherer
Ivone Rheinheimer
Roberta Boldrini
Rúbia Geane Goetz
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Astomiro Romais,
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Cristina Gedrat
Kauana Rodrigues Amaral
Luiz Carlos Specht Filho
Mara Lúcia Salazar Machado
Maria Cleidia Klein Oliveira
Thomas Heimann
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-85-5639-157-5
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Igor Campos Dutra
 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional ............................1
 2 Dimensões da Competência Profissional .............................22
 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade ao Produto ....46
 4 Dimensões das Estratégias na Prática Profissional ................66
 5 Políticas, Programas e Projetos Sociais: 
A Materialização de Direitos ...............................................84
 6 Diagnóstico no Planejamento Estratégico ..........................109
 7 Indicadores Sociais ...........................................................128
 8 Da Rede Social Pessoal às Redes Institucionais...................148
Sumário
Capítulo 1
Competência: Do ser ao 
Fazer Profissional
1 Assistente Social, Especialista na Administração e Planejamento de projetos. 
Captadora de Recursos junto a Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo. Docente 
do Curso de Serviço Social da Universidade Luterana do Brasil -Ulbra.
Rúbia Geane Goetz1
2 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Esse capítulo se propõe a apresentar uma reflexão alusiva às 
exigências contemporâneas do mundo do trabalho, pautada 
no desenvolvimento de competências. Para tanto, buscaremos 
inicialmente compreender as várias definições sobre a catego-
ria articuladas ao campo pessoal e profissional. Pretendemos 
trazer ao aluno a aproximação com o tema e a relação direta 
com as competências teórico-metodológicas, ético-políticas e 
técnico-operativas que fundamentam o fazer profissional do 
Serviço Social.
1.1 Pressupostos teóricos da competência
No momento da gênese da profissão do Serviço Social, o que 
lhe garantia status de reconhecimento era apenas sua compe-
tência técnica, ou seja, os resultados imediatos do seu fazer 
é que lhe garantiam legitimação. A partir do Movimento de 
Reconceituação, a profissão rompe sua base nas visões con-
servadoras e passa a articular seu fazer a um estatuto cien-
tífico, pautado na produção de um conhecimento crítico so-
bre a realidade. A partir de então, o processo de trabalho do 
serviço social passa a ser fundamentado pelas competências: 
teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política, que 
são indispensáveis na construção do ser, saber e do fazer pro-
fissional.
Antes de aprofundarmos nossas reflexões sobre essas com-
petências específicas que direcionam o processo de trabalho 
do serviço social, é importante que possamos compreender o 
que é competência?
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 3
Em função de sua recente utilização como base teórica, 
não existe ainda uma definição clara e partilhada desse con-
ceito entre os autores que a trabalham. Dessa forma, lança-
remos algumas definições e considerações sobre a categoria 
competência, as quais contribuíram significativamente para a 
construção do nosso próprio conceito, sobre a mesma.
Partiremos, assim, da definição de Resende que tem a com-
petência como “transformação de conhecimentos, aptidões e 
inclusive habilidade em resultados” (1997, p. 116). Aqui, a ca-
tegoria envolve e pressupõem alguns elementos, que necessa-
riamente precisam estar vinculados, ou ainda, ser mobilizados 
de forma coerente, para que as ações resultantes desse mo-
vimento possam gerar bons resultados, único meio pelo qual 
pode ser avaliada a efetividade da competência.
Para Desaulniers, a competência significa:
um sistema de conhecimentos, conceituais e processuais, 
organizados em esquemas operatórios que permitem, no 
interior de uma família de situações, a identificação de 
uma ação eficaz. (1998, p. 8)
Segunda a autora, a competência integra dois elementos 
principais, sendo que a incoerência entre eles gera um impas-
se no processo. Assim:
competência integra os conhecimentos sobre os objetos 
e ação (...) é inseparável da ação, e os resultados teóri-
cos e/ou técnicos são utilizados de acordo com a capaci-
dade de executar as decisões que a ela (a ação) sugere. 
Ou seja, competência é a capacidade para resolver um 
4 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
problema em uma situação dada, o que significa dizer 
que a mensuração desse processo baseia-se essencial-
mente nos resultados (...). (1998, p. 8)
Esta capacidade exige ainda um processo de responsabili-
dade do profissional, vinculada não somente ao cumprimento 
de ordens, mas de assumir pessoalmente a responsabilidade 
referente à análise da situação, as estratégias utilizadas e as 
consequências dessa situação.
A partir dessa concepção, passa a ocorrer um envolvimento 
pessoal do indivíduo, na situação sobre a qual tem a respon-
sabilidade de atuar. Esse envolvimento é essencial e inevitável, 
assim se considera inviável a realização de uma ação compe-
tente sem a presença deste.
O envolvimento do sujeito demanda a tomada de inicia-
tiva, ou seja, a introdução de algo novo, de respostas ade-
quadas aos desafios colocados. Essa iniciativa, no entanto, 
não é inventada, não surge do nada como se em um passe de 
mágica fosse possível encontrar soluções, ela está estreitamen-
te vinculada à mobilização de conhecimentos já adquiridos, 
evidenciando a articulação entre esses conhecimentos e a es-
tratégia de ação peculiar, para que se possa alcançar êxito no 
trabalho desenvolvido.
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 5
A responsabilidade passa a assumir particularmente um 
papel fundamental, quando se trata não apenas de responder 
por alguma coisa, mas sim quando no lugar dessa “coisa” são 
colocados seres humanos2. Conforme Zarifian “é muito difícil 
sentir-se profundamente responsável por uma situação quan-
do não se pode, intimamente, dar-lhe um valor significativo” 
(2001, p. 70).
Nesse sentido, a responsabilidade passa a ser a contra-
partida da autonomia e da descentralização da tomada de 
decisões. Sob a ênfase da competência, o espaço de trabalho 
2 Referimo-nos aqui especialmente à responsabilidade do assistente social, profis-
sional que lida diretamente com os usuários, trabalhando com sua subjetividade, e 
intervindo na maioria das vezes em situações carregadas de emocionalidade.
6 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
não é mais centrado no cumprimento de ordens, mas sim no 
“assumir” pessoalmente a responsabilidade pela avaliação da 
situação, pela iniciativa exigida e pelos seus resultados.
Para Zarifian, no mercado de trabalho atual, a competên-
cia também está ligada à capacidade de trabalhar em rede, 
podendo também ser definida como:
A faculdade de mobilizar a rede de atores em torno das 
mesmas situações, faculdade de fazer com que estes ato-
res compartilhem as implicações de suas ações, é fazê-
-los assumir áreas de corresponsabilidade. (2001, p. 74)
Essa responsabilidade, no entanto, passa a ser assumida 
de acordo com a singularidade do profissional, ou da rede de 
profissionais envolvidos em determinadas situações, podendo 
ser utilizada como meio de alcançar méritos pessoais ou, a 
partir de um sentido ético o qualentendemos ser o mais con-
veniente, em uma ação que demanda competência.
Para Perrenoud, “as competências não são intrínsecas ao 
ser humano, sendo estas consideradas, aquisições, aprendi-
zados construídos e não virtualidades da espécie” (1999, p. 
21). Dessa forma, embora os seres humanos sejam genetica-
mente capazes de construir competências, estas somente serão 
construídas através de “aprendizados que não intervém espon-
taneamente”, incumbindo a cada indivíduo, dentro de suas 
particularidades, mobilizar seus conhecimentos, habilidades, 
atitudes, para desenvolver suas próprias competências.
Assim sendo, a competência não pode ser vinculada ape-
nas à existência desses elementos, ela se manifesta na forma 
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 7
como estes são utilizados, integrados e ou mobilizados. Essa 
mobilização nasce de um treinamento intensivo, que poderá 
resultar na construção efetiva de competências.
Ao nos familiarizarmos com o conceito acima menciona-
do, surge-nos uma questão, a qual coincidentemente é tratada 
por Perrenoud. Com base no entendimento de que as compe-
tências são construídas a partir das situações as quais somos 
expostos sejam estas relacionadas ao campo de trabalho, ou 
no dia a dia, perguntamos, parafraseando o autor: Existem 
então tantas competências quantas situações?
O próprio autor responde ao questionamento dizendo que 
embora a vida coloca-nos constantemente frente a novas e 
inesperadas situações, ela também nos impõe que reinventa-
mos todos nossos passos a cada dia. Assim, encontra-se um 
equilíbrio que varia de pessoa a pessoa, alternando-se entre a 
rotina e as novidades. Refere ainda que “as competências são 
interessantes, pois permitem enfrentar conjuntos de situações” 
(Perrenoud, 1999, p. 29).
Embora as competências não sejam desenvolvidas para 
responder situações únicas, na vida são encontradas situações 
tão originais que não fazem parte de nenhum conjunto de co-
nhecimentos, os quais requerem competências únicas. Dessa 
maneira, somos induzimos a construir nossas competências a 
partir de cada situação. As situações que impõem tal reque-
rimento, geralmente, estão ligadas a situações extremas, as 
quais envolvem os sentimentos dos atores envolvidos. Segundo 
ainda o autor:
8 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
a maioria de nossas competências é construída em cir-
cunstâncias menos dramáticas, mais lentamente, por 
meio de situações semelhantes o bastante para que cada 
uma possa contribuir na construção progressiva de uma 
competência esboçada. Assim, deste nascimento, depa-
ramo-nos com situações de estresse, frustração, incerte-
za, divisão, expectativa que, para além das diferenças, 
formam, pouco a pouco, certos conjuntos aos quais ins-
tituímos. Um conjunto de situações esboça-se de manei-
ra empírica e pragmática. Esse conjunto não é fechado, 
mas enriquece-se conforme as peripécias da vida. (PER-
RENOUD, 1999, p. 29)
Nesse sentido, o autor acredita que as ações profissionais 
são privilegiadas, ao passo que:
as situações de trabalho sofrem as fortes exigências do 
posto, da divisão das tarefas e, portanto, reproduzem-se 
dia após dia, enquanto que outros campos de ação são 
maiores os intervalos entre situações semelhantes. Ou 
seja, no registro profissional, as competências constro-
em-se a uma velocidade maior (1999, p. 29).
Não existem qualidades pessoais específicas que garantam 
a competência, ao passo que, mesmo aos especialistas, não 
bastam apenas a gama de conhecimentos específicos, sendo 
ainda exigidos, além destes, inúmeras outras capacidades que 
devem ser “acessadas” na medida em que as situações são 
vivenciadas. Para Perrenoud “o sucesso depende de uma ca-
pacidade geral de adaptação e discernimento das situações, 
comumente considerada como inteligência natural do sujeito” 
(1999, p. 30).
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 9
São as situações que possibilitam aos sujeitos a capaci-
dade de desenvolverem suas competências, sendo que cada 
nova situação permite ao sujeito mobilizar não só recursos es-
pecíficos, mas também o seu senso comum e sua lógica natu-
ral. Esses recursos referentes a seus conhecimentos, modelos, 
métodos, informações, conceitos exigem uma maneira especí-
fica de serem mobilizáados e colocados em sinergia, diferen-
ciando-se para cada sujeito.
A competência também pode ser assim considerada como 
algo pessoal e singular, ou seja, independentemente da for-
mação ou qualificação a que o sujeito seja exposto, suas com-
petências somente serão desenvolvidas na medida em que vi-
venciar as situações, colocando-se no processo e mobilizando 
seus conhecimentos de forma particular, melhor dizendo, a 
aquisição de conhecimento ou a participação em um treina-
mento específico não garante ao sujeito competência em suas 
ações.
Para que essas ações possam então ser competentes, são 
necessárias várias articulações entre seus conhecimentos, ha-
bilidades, atitudes e o modo como estes serão operacionali-
zados.
10 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Embora, tenhamos consciência da amplitude das discus-
sões que poderíamos lançar ainda, sobre o tema competên-
cia, delimitamos a construção de nosso conceito, sobre as 
considerações apresentadas anteriormente. Assim, ter-se-á 
competência como:
1.2 Qualificação e formação: conceitos 
articulados à competência
O conceito de competência agrega uma série de outras ca-
tegorias, que, embora muitas vezes passem a ser utilizadas 
como sinônimos, trazem individualmente diferentes sentidos. 
Assim, alguns desses conceitos merecem ser distinguidos nesse 
espaço, para que possam ser melhores compreendidos e tra-
balhados. Referimo-nos aqui principalmente aos conceitos de 
qualificação e formação, os quais vêm ganhando prestígio na 
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 11
medida em que a competência ganha seu espaço no mundo 
do trabalho.
Conforme Resende, a qualificação significa “domínio de 
conhecimentos especializados resultantes de experiência, for-
mação e treinamento, requeridos para a execução de determi-
nados trabalhos, ou exercício de profissões, cargos ou ativida-
des específicas” (2000, p. 37).
Podemos entender assim, que a qualificação não determi-
na a competência, e sim a pressupõem, pois, quanto mais 
bem qualificadas estiverem as pessoas, mais probabilidades 
elas terão de ser competentes no exercício de suas atividades.
Tal concepção faz com que competência venha assumin-
do um papel cada vez mais central na sociedade e causando 
um deslocamento de noções: dos saberes a competências na 
esfera educativa, da qualificação à competência na área do 
trabalho.
A competência vem tomando o lugar da qualificação “onde o 
saber assume uma atribuição de sujeito e a relação cognitiva 
tende a definir-se sobre o modo ser (ser competente) e não mais 
sobre aquele ter uma qualificação (com risco de perdê-la)”. 
Stroobants apud Desaulniers (1998. p, 8)
A partir do momento em que as competências passam a 
centralizar as discussões do campo de trabalho, estas exigem 
que outros elementos constituintes desse processo, também 
sofram alterações, com intuito de aprimoramento. Melhor di-
zendo, no momento em que a competência passa a ocupar o 
12 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
lugar da qualificação, faz-se necessário uma atualização da 
própria formação do sujeito, para que essa possa então dar 
conta da formação de competências, e não apenas da qualifi-
cação do indivíduo.
Faremos uma discussão específica sobre esse processo na 
formação do serviço Social no próximo capítulo.
Como consequência desse processo, surge a necessidade 
de redefinição dos conteúdos de aprendizagem, onde se veri-
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 13
fica a transferência de um ensino pautado nos saberes disci-
plinares, voltados apenas para saberes técnicos e específicos, 
para um ensino voltado à instauraçãoda competência, con-
templando os saberes formais, informais, teóricos, práticos/
da experiência e ainda sociais, os quais, quando articulados 
de maneira eficaz, garantam bons resultados frente aos desa-
fios encontrados no cotidiano, e principalmente no espaço de 
trabalho. No processo de formação do Serviço Social, esse 
processo se evidencia claramente, ao passo que cada período 
histórico apresentava um determinado perfil profissional. Pau-
taremos esse conteúdo no capítulo seguinte.
Pela inovação dessas concepções e a decodificação do ter-
mo competência pelo mundo da formação, esse processo vem 
ocorrendo ainda de forma lenta, o que não quer dizer que não 
mereça uma significativa atenção, sendo que estamos falando 
do futuro das profissões. O mercado de trabalho vem criando 
uma tendência de rejeição de profissionais, cuja única “baga-
gem” que apresentam são conhecimentos teóricos e domínio 
técnico das questões apresentadas, exigindo dos mesmos o 
domínio complexo entre esses saberes e a sua direta articula-
ção às aptidões e habilidades particulares.
Na medida em que essas discussões vêm sendo pautadas, 
o uso da categoria formação também passa a ser generaliza-
do. Para Desaulniers:
a formação consiste numa categoria que envolve várias 
outras categorias referente à vida social, como aprendi-
zagem, reciclagem, aperfeiçoamento, promoção social, 
formação profissional, empregabilidade, educação de 
14 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
adultos, formação contínua, educação permanente, edu-
cação popular. (1998. p. 12)
A formação, nesse sentido, não pode ser vinculada ape-
nas aos espaços institucionais de ensino, pois a mesma ocorre 
durante toda nossa vida, não estando apenas a simples trans-
posição de conhecimentos teóricos, práticos e específicos liga-
dos a uma determinada área (profissão), ou ainda reduzida à 
formação de força de trabalho, embora seja sua principal di-
mensão. É preciso aprender a considerá-la como um processo 
capaz de “instaurar um conjunto de disposições, de saber-ser, 
de atitudes, de formas, de pensamento e de expectativas ad-
quiridas enquanto se aprende uma profissão ou uma técnica” 
(TANGUY apud DESAULNIERS 1998, p. 12).
Contudo, ao mesmo tempo em que buscamos uma nova 
interpretação para o termo formação, e diante dele passamos 
a exigir das instituições de ensino uma adequação a nova ló-
gica da sociedade pontuada sobre a construção e desenvol-
vimento de competências, não podemos esquecer, que cabe 
também ao próprio sujeito, buscar seu autoconhecimento, 
descobrir suas potencialidades e pontos fracos, favorecendo 
assim a construção do perfil profissional hoje exigido.
Com a lógica da competência, o processo de formação 
efetivamente passa a ser concebido não só como “uma ação 
que visa à transmissão de conhecimentos gerais e especiali-
zados, mas também como um conjunto de ações de orienta-
ções (operadas em dispositivos apropriados) e de integração 
ao contexto social, (...)” (TANGUY apud DESAULNIERS 1998, 
p. 13).
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 15
Nesse sentido, urge a necessidade de que as próprias ins-
tituições de formação, produtoras de comportamentos sociais, 
realizem sua autoanálise, visando avaliar os conteúdos e mé-
todos pedagógicos utilizados, para que possam atuar de for-
ma coerente com essa nova concepção e lógica da sociedade, 
atendendo principalmente às novas exigências do mercado de 
trabalho, sendo uma delas a questão que tratamos neste es-
paço, ou seja, a instauração de competências como condição 
principal das transformações que se desencadeiam a partir do 
mundo do trabalho, seus reflexos e exigências na área da for-
mação.
No que se refere à formação do assistente social, a autora 
Iamamoto considera que esse processo deva habilitar:
(...) um profissional culto e atento às possibilidades des-
cortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de formu-
lar, avaliar e recriar propostas no nível das políticas so-
ciais e da organização das forças da sociedade civil (...) 
profissional informado, crítico e propositivo, que aposte 
no protagonismo dos sujeitos sociais (...) profissional ver-
sado, no instrumental técnico-operativo, capaz, de reali-
zar as ações profissionais, nos níveis de assessoramento, 
planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, esti-
muladoras [res] da participação dos usuários na formula-
ção, gestão e avaliação de programas e serviços sociais 
de qualidade. (1999, p. 126)
De posse a tais requisições contemporâneas, podemos di-
zer que a construção e o desenvolvimento de competências 
na formação e prática do Serviço Social passa a ser uma al-
16 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
ternativa, na busca do atendimento das novas demandas e 
desafios colocados à profissão, resultados da questão social e 
dos espaços de resistência à ordem social posta. O processo 
histórico que fundamenta essa construção será conteúdo de 
debate do próximo capítulo.
Recapitulando
Neste capítulo, debatemos os diferentes e complementares 
conceitos referentes à categoria competência, chegando-se a 
um conceito próprio que embasa nossa reflexão, desse modo, 
a competência é o processo de: “Transformação de conheci-
mentos, habilidades atitudes em ações/iniciativas. Pode 
ser medida e avaliada através dos resultados das mesmas, e 
incrementada via treinamento, qualificação e/ou desenvolvi-
mento”. Assim, a competência apresenta relação direta com 
os processos de formação e qualificação, os quais fomentam 
e determinam as possibilidades de acesso e permanência no 
mundo de trabalho contemporâneo.
Referência Comentada
DESAULNIERS, Julieta Beatriz Ramos (org). Formação & Tra-
balho & Competência: questões atuais. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 1998. 226 p.
O livro contempla reflexões sobre a construção do conceito 
de competência e sua articulação com a formação e a 
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 17
qualificação. A autora refere que a gestão estratégica de 
competências está diretamente vinculada ao fenômeno da 
formação do cidadão e, para tanto, realiza uma análise 
dessa intrínseca relação.
Referências
DESAULNIERS, Julieta Beatriz Ramos (org). Formação & Tra-
balho & Competência: questões atuais. Porto Alegre: 
EDIPUCRS, 1998. 226 p.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contem-
poraneidade: trabalho e formação profissional. 2. ed. 
São Paulo: Cortez: 1999.
PERRENOUD, Philippe. Construir competências desde a 
escola (Tradução de Bruno Charles Magne) Porto Alegre: 
Artmed: 1999, 90 p.
RESENDE, Raquel. Esfera Pública e Conselhos de Assistên-
cia Social: caminhos da construção: Cortez, São Paulo, 
1998.
______________.O livro das competências: desenvolvimen-
to das competências: a melhor ajuda pra as pessoas, or-
ganizações e sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark. Ed. 
2000.
ZARIFIAN, Philipe. Objetivo Competência: por uma nova 
lógica. Tradução Maria Helena C. V. Trylinski. São Paulo: 
Atlas, 2001.
18 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Atividades
A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, realize as 
atividades a seguir.
Assinale a alternativa correta:
 1) No momento da gênese da profissão do Serviço Social, 
o que lhe garantia status de reconhecimento eram os re-
sultados imediatos. Assinale a alternativa que descreve a 
competência que legitimava a profissão em sua gênese.
a) Competência técnica.
b) Competência pautada na bondade, caridade.
c) Competência relacional.
d) Competência teórica balizada pela teoria social crítica.
e) Competência crítica.
 2) Para Desaulniers, a competência integra dois elementos 
principais, sendo que a incoerência entre eles gera um im-
passe no processo. Assinale a alternativa que apresenta os 
dois elementos citados pela autora.
a) Os saberes e as potencialidades pessoais.
b) Os conhecimentos e o planejamento.
c) Os conhecimentos sobre os objetos e a ação.
d) Os saberes teóricos e a intencionalidade.
e) Nenhuma das alternativas anterioresestá correta.
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 19
 3) Assinale (V) para respostas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) Sobre a perspectiva da competência, é correto afirmar 
que há um envolvimento pessoal do indivíduo na si-
tuação sobre a qual tem a responsabilidade de atuar, 
demandando a tomada de iniciativa e mobilização de 
conhecimentos já adquiridos.
( ) As competências são desenvolvidas para responder si-
tuações únicas.
( ) As competências são construídas em função das situa-
ções que são enfrentadas com maior frequência.
( ) Competências não são adquiridas pela simples trans-
posição de conhecimento, mas sim construídas indivi-
dualmente, durante a vivência das situações.
( ) Transformação de conhecimentos, habilidades atitudes 
e em ações/iniciativas, é dos conceitos que descreve a 
categoria competência.
 4) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque 
(X) somente nas assertivas verdadeiras:
a) ( ) A competência vem assumindo um papel cada vez 
mais central na sociedade e causando um desloca-
mento de noções: dos saberes a competências na es-
fera educativa, da qualificação à competência na área 
do trabalho.
b) ( ) No momento em que a competência passa a ocu-
par o lugar da qualificação, faz-se necessário uma 
atualização da própria formação do sujeito para que 
20 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
esta possa então dar conta da formação de competên-
cias, e não apenas da qualificação do indivíduo.
c) ( ) A construção e o desenvolvimento de competências 
na formação e prática do Serviço Social passa a ser 
uma alternativa na busca do atendimento das novas 
demandas e desafios colocados à profissão, resulta-
dos da questão social e dos espaços de resistência à 
ordem social posta.
d) ( ) Com a lógica da competência, o processo de for-
mação efetivamente passa a ser concebido como uma 
ação que visa à transmissão de conhecimentos.
e) ( ) A formação dos assistentes sociais está direcionada 
à habilitação de profissionais pautados apenas na prá-
tica, ou seja, sua atuação não necessita da articulação 
entre o conhecimento teórico e a prática.
 5) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase:
No que se refere à formação do assistente social, a autora 
Iamamoto (1999, p. 126), considera que esse processo deva 
habilitar:
“(...) um profissional culto e atento às possibilidades des-
cortinadas pelo mundo contemporâneo, capaz de ________, 
avaliar e ________ propostas no nível das políticas sociais e 
da organização das forças da sociedade civil (...) profissional 
informado, __________ e _________, que aposte no ________ 
dos sujeitos sociais (...)”.
a) Organizar, manter, pontual, solidário, controle.
Capítulo 1 Competência: Do ser ao Fazer Profissional 21
b) Conduzir, reduzir, assíduo, altruísta, domínio.
c) Vigiar, conduzir, controlado, pontual, processo.
d) Formular, recriar, crítico, propositivo, protagonismo.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Gabarito
1) a 2) c 3) V,F,V,VV,V 4) a, b,c 5)d
Rúbia Geane Goetz1
Capítulo 2
Dimensões da 
Competência 
Profissional1
1 Assistente Social, Especialista na Administração e Planejamento de projetos. 
Captadora de Recursos junto à Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo. Docente 
do Curso de Serviço Social da Universidade Luterana do Brasil-Ulbra.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 23
Vimos no capítulo anterior que a competência está ligada 
e vem ocupando o espaço da qualificação e formação (es-
pecialmente profissional) dos sujeitos, contemplando saberes 
formais, informais, teóricos, práticos/da experiência e tam-
bém sociais. Nesse sentido, propomos aqui uma análise so-
bre o processo histórico de formação profissional do Serviço 
Social e sua relação direta com o desenvolvimento de compe-
tências. Esse processo passa a ser evidente a partir da década 
de 80, quando ocorre o movimento de ruptura da profissão 
com o conservadorismo presente na gênese da profissão.
1 Concepções de competência no Serviço 
Social
Conforme já referimos, a competência está ligada e vem ocu-
pando o espaço da qualificação e formação (especialmente 
profissional) dos sujeitos, contemplando saberes formais, in-
formais, teóricos, práticos/da experiência e também sociais. 
Nesse sentido, propomos aqui uma análise sobre o processo 
histórico de formação profissional do Serviço Social e sua 
relação direta com o desenvolvimento de competências.
Cada período da história impõe e exige um determinado 
perfil profissional, buscando que este esteja apto a atuar e 
construir intervenções frente às questões emergentes da reali-
dade. Não podemos negar que o início da profissionalização 
do Serviço Social, bem como de sua identidade, esteve ligada 
a movimentos religiosos e do Estado para o atendimento da 
Questão Social. Conforme Maciel:
24 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
a influência religiosa na formação do Serviço Social tem 
sua base alicerçada no doutrinarismo e na moral, por-
tanto, o elemento vocacional aliado ao catolicismo, con-
figuram o perfil inicial e ser formado para o exercício da 
profissão. (2000. p, 02)
Segundo Pinto (1986), a primeira escola de Serviço Social 
no Brasil, fundada em São Paulo, em 1936, foi estimulada 
pelo interesse de um grupo de jovens católicas que, durante 
um curso de formação social, idealizou a criação de um Centro 
de estudos e Ação Social e, posteriormente, criou essa escola. 
Nesse período, apesar da falta de regulamentação da profis-
são, e de uma proposta formal de currículo, o profissional era 
formado a partir de diretrizes ético-religiosas, levando em con-
ta suas características pessoais e sua bondade. Destacavam-se 
a realização de práticas de casos individualizados, através de 
uma metodologia centrada no modelo médico, constituído de 
estudo, diagnóstico e tratamento. Eram aspectos balizadores 
da formação: Formação Intelectual, Moral, Profissional e Dou-
trinária.
Por volta 
da década de 
40, o Serviço 
Social pas-
sa a receber 
a influência 
norte-ameri-
cana. A for-
mação ainda 
estava sustentada na visão terapêutica e na concepção de que 
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 25
a Questão Social era um desajuste social. A partir da influ-
ência americana, emergiu a perspectiva funcionalista, aliada 
ao neotomismo cristão, reforçando a postura terapêutica, im-
pulsionando o desenvolvimento técnico e o atendimento da 
Questão Social de forma científica. Conforme Maciel,
esta cientificidade privilegiou o paradigma positivista 
no Serviço Social, e ganhou força pelo denominado 
“Modelo Funcional”, que preconizava as abordagens 
de caso, grupo e comunidade. A incorporação deste 
referencial significou a transposição de modelos teóri-
cos americanos para a realidade brasileira, demarcan-
do um novo perfil, desta vez assentado na tecnificação. 
(2000, p. 4)
Durante a década de 50, ocorre a regulamentação do en-
sino em Serviço Social e a aprovação do 1º currículo de Ser-
viço Social (1953):
Conteúdos:
1º Ano 2º Ano 3º Ano
Sociologia
Ética Geral
Psicologia
Estatística
Noções de Direito
Higiene e Medicina Social
Introdução ao Serviço Social
Serviço Social de Casos
Serviço Social de Grupo
Economia Social
Legislação Social
Ética Profissional
Pesquisa Social
Atividade de Grupo
Organização Social da 
Comunidade
Disciplinas Optativas por 
setores: Família; Menores;
Médico-Social e Trabalho;
Administração de Obras 
Sociais
Organização Social da 
Comunidade
Pesquisa Social
Fonte: Sá (1995, p. 97)
26 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
No período entre 60 e 70, “o Serviço Social passou a se 
identificar com problemas mais sintonizados com sua rea-
lidade, principalmente, do projeto de desenvolvimento ali-
cerçado em bases desiguais; da sua vinculação ao projeto 
dominante; da sua institucionalização pelo aparato estatal 
e seu afastamento dos movimentos populares” (MACIEL, 
2000, p. 6).
SegundoMartinelli (1994), o currículo mínimo, apresentava de-
bilidades, principalmente no que se refere à relação teórico-
-prática. Além do que, pelos densos movimentos da ditadura, 
as questões políticas não eram de fácil execução.
Nesse período, a profissão a partir de análises críticas, 
passa a identificar que há uma forte ligação de sua prática 
profissional ligada aos objetivos da classe dominante, forman-
do grupos organizados de assistentes sociais que passam a 
debater o fazer profissional através de seminários, no âmbito 
latino-americano, buscando discutir o papel do Serviço Social 
no contexto capitalista. Tal processo desencadeou o chama-
do Movimento de Reconceituação, que consistiu em um mo-
vimento de crítica ao positivismo e ao funcionalismo e funda-
mentação da visão marxista na história e estrutura do Serviço 
Social, (Faleiros, 1981).
O movimento surge a partir de fortes questionamentos, por 
parte de alguns profissionais, sobre a direção de sua práti-
ca profissional, o compromisso e a consciência social de seus 
agentes. Pretendia também rever o projeto profissional, redefi-
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 27
ni-lo conforme a realidade vivenciada, caracterizando-se “por 
um processo de revisão crítica que questiona a orientação po-
sitivista funcionalista, que visava à adaptação do homem ao 
meio social, no que se refere ao objeto, objetivos ideologia e 
método” (MACIEL 2000, p. 7).
Esse movimento traz novamente a necessidade de ar-
ticulação entre teoria-prática, por meio de metodologias 
próprias, passando neste momento a se vincular à prática 
profissional com os interesses populares e rejeitando traba-
lho institucional, e a buscar sustentações teóricas para as 
mesmas ocorrendo uma aproximação com o marxismo e a 
fenomenologia.
Segundo Faleiros, “no bojo deste Movimento há a preocu-
pação com o desenvolvimento teórico do Serviço Social, ao 
mesmo tempo em que a preocupação com sua dimensão crí-
tica e política” (1999, p. 13).
28 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Movimento de Reconceituação
Martinelli afirma que “pensar uma proposta de ensino de 
Serviço Social exige um exercício político, pois este tem um 
dimensionamento político que lhe é imanente” (1994, p. 68). 
Esse exercício foi assumido pela categoria e expresso no cur-
rículo mínimo da década de 80, o qual possibilitou uma di-
namização da discussão sobre a formação profissional. Esse 
Currículo englobava o conhecimento do contexto social, ins-
titucional e da clientela do Serviço Social e trazia também a 
perspectiva profissionalizante, abordando o estudo do objeto, 
objetivos, habilidades e estratégias da ação. Incide uma ruptu-
ra do Serviço Social de caso Grupo e Comunidade, ao passo 
que se entende, que a profissão está fundamentada a partir da 
própria realidade e, portanto, existe uma necessidade em pro-
ver a formação composta de disciplinas e/ou teorias sociais 
que possibilitam a apreensão desta, sendo seu eixo centrado 
na Teoria e Metodologia.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 29
O currículo de 82 valorizou a presença de uma pluralidade 
de elementos a serem contemplados pela profissão, tais como 
a busca pela efetiva capacitação teórica dos profissionais, das 
estratégias incentivadoras de uma real aliança da profissão 
com os trabalhadores e do entendimento de que a formação 
está situada no interior das relações de classe.
Diante da necessidade de repensar a formação de Serviço 
Social, perante as novas exigências e demandas da socieda-
de brasileira, colocadas na década de 90, a partir de 1994, 
na XXVIII Convenção Nacional da Associação Brasileira de 
Ensino de Serviço Social – ABESS2, ocorrida em Londrina-PR, 
em outubro de 1993, foram deliberados alguns encaminha-
mentos da revisão do currículo mínimo vigente desde 1982, 
através de um amplo e sistemático debate realizado pelas 
unidades de ensino, o qual teve por objetivo, ultrapassar o 
distanciamento entre o labor teórico-intelectual e o exercício 
profissional cotidiano.
Esse processo resultou, enquanto pressuposto da forma-
ção profissional, na aprovação do documento da ABESS/
CEDEPSS3, cujo conteúdo continha a “Proposta de Diretrizes 
2 A ABESS – Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social foi criada em 1946, 
uma década depois da oferta do primeiro curso de Serviço Social no Brasil, na 
Escola de Serviço Social da PUC-SP. Em 1979, ocorre uma Convenção que lhe 
conduz a assumir a tarefa de coordenar e articular o projeto de formação profissio-
nal, neste período passa a denominar-se Associação Brasileira de Ensino de Serviço 
Social. Na década de 1980, ocorre a criação do Centro de documentação e Pes-
quisa em Políticas Sociais e Serviço Social (CEDEPSS). Na década de 90, a ABESS 
passa a chamar-se ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço 
Social, o que fortalece o debate sobre a impossibilidade de romper a articulação 
entre ensino, pesquisa e extensão.
3 Em 1987, é criado o CEDEPSS – Centro de Documentação e Pesquisa em Servi-
30 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
gerais para o Curso de Serviço Social”, e que viria mais tarde 
a ser o norteador da revisão curricular das unidades de ensi-
no, na Assembleia Geral Extraordinária de 8 de novembro de 
1996, Rio de Janeiro.
1.1 Competências teórico-metodológica, 
técnico-operativa e ético-política na formação e 
no fazer profissional do Serviço Social
O novo projeto de formação profissional passa a ser expres-
so através de diretrizes curriculares. As discussões acerca 
das diretrizes centraram-se nos seguintes aspectos: a direção 
social, o eixo curricular, a perspectiva teórico-metodológica, 
a formação do mercado de trabalho e o tratamento dado 
à análise da realidade brasileira. Os pressupostos nortea-
dores da concepção de formação profissional centram-se 
nas seguintes afirmações: que o Serviço Social se particula-
riza nas relações de produção e reprodução da vida social 
como uma profissão interventiva no âmbito da questão so-
cial, expressa pelas contradições do desenvolvimento do ca-
pitalismo monopolista. Essa relação do Serviço Social com 
questão social é mediatizada por um conjunto de processos 
sócio-históricos e teórico metodológicos constitutivos de seu 
processo de trabalho.
Nesse período, ocorre uma maior visibilidade das diver-
sas formas de expressão da questão social, potencializando 
a articulação teórico-crítica. Ocorre igualmente um pro-
ço Social, como órgão acadêmico da ABESS. (ABESS, 1998:3)
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 31
cesso de construção de um projeto ético-político compro-
metido com a cidadania, promovendo uma renovação da 
direção social da formação profissional. Tal contexto ecoa 
na construção de um currículo conduzido ao incremento de 
uma competência teórico-metodológica pluralista, orienta-
da pelo marxismo. A preocupação também se direcionou 
igualmente à competência técnico-operativa do Serviço So-
cial, que deve permitir a apreensão da dinâmica social na 
sua totalidade.
O conjunto de diretrizes estabelece no Brasil uma base 
comum, para os cursos de graduação em Serviço Social, 
a partir do qual cada instituição de Ensino Superior elabo-
ra seu próprio currículo pleno. Essas diretrizes da formação 
profissional implicam competências teórico-metodológica, 
ético-política e técnico-operativa, que segundo ABESS, ca-
pacitam para:
32 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
“1. Apreensão crítica do processo histórico como totalidade.
2. Investigação sobre a formação histórica e os processos so-
ciais contemporâneos que conformam a sociedade brasileira, 
no sentido de apreender as particularidades da constituição e 
desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social no País.
3. Apreensão do significado social da profissão desvelando as possibi-
lidades de ação contidas na realidade.
4. Apreensão das demandas – consolidadas e emergentes – postas ao 
Serviço Social via mercadode trabalho, visando a formular respostas 
profissionais que potenciem o enfrentamento da questão social, consi-
derando as novas articulações entre público e privado.
5. Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições pre-
vistas na legislação profissional em vigor “(1996, p. 62)”.
Assim, a construção do perfil profissional dos assistentes 
sociais sofreu alterações em conformidade com os processos 
históricos nos quais se realiza, buscando a construção de uma 
consciência crítica e uma postura ética frente à realidade.
A formação prima, assim, pelos princípios da indissociabi-
lidade entre:
Ensino, Pesquisa e Extensão.
E ainda a articulação entre:
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 33
Graduação e pós-graduação.
34 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Podemos perceber, pelo quadro anterior, que atualmente as 
diretrizes curriculares do Curso de Serviço Social visam atender 
as exigências da sociedade e do mercado, e sobretudo formar 
um profissional apto ao enfrentamento dos desafios contem-
porâneos, permitindo a profissão sua identificação com espa-
ços de oposição aos ideais da sociedade capitalista, a questão 
social e suas mazelas refletidas na vida dos usuários. Assim, a 
formação e o fazer profissional estão articulados com o pro-
jeto Ético Político, permitindo que a profissão intervenha nas 
situações de desigualdade social e igualmente nos espaços de 
resistência frente a sociedade capitalista.
Tais diretrizes apontam para um profissional que tenha o 
seguinte perfil:
Profissional que atua nas expressões da questão social, 
formulando e implementando propostas para seu enfren-
tamento por meio de políticas sociais públicas, empresa-
riais, de organizações da sociedade civil e movimentos 
sociais. Profissional dotado de formação intelectual e cul-
tural generalista crítica, competente em sua área de de-
sempenho, com capacidade de inserção criativa e pro-
positiva, no conjunto das relações sociais e no mercado 
de trabalho. E ainda um profissional comprometido com 
os valores e princípios norteadores do código de ética do 
assistente social. (ABESS, 1998:12)
Apesar dos avanços no processo de formação, são per-
cebidos ainda desafios a serem enfrentados nesse processo; 
conforme Iamamoto (1998), um deles é articular o conheci-
mento produzido ao longo da história da profissão à dimensão 
técnico-operativa.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 35
O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da ba-
gagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão 
na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior 
atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho pro-
fissional, em função das particularidades dos temas que 
são objetos de estudo e ação do assistente social. (IAMA-
MOTO; 1998; p. 52)
Para Iamamoto (2000), a competência, fruto da formação 
e do exercício profissional implica:
36 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
 Â Um diálogo crítico com a herança intelectual incorporada no dis-
curso do Serviço Social e nas autorrepresentações do profissional, 
deslindando ao mesmo tempo as bases sócio-históricas desse dis-
curso e as teorias de que se nutre, construindo um diálogo fértil e 
rigoroso entre a teoria e a história.
 Â Um redimensionamento dos critérios de objetividade do conhe-
cimento para além daqueles promulgados pela racionalidade da 
organização e da burocracia, privilegiando sua conformidade ul-
trapassando o movimento da história, isto é, da sociedade e da 
cultura. Esse conhecimento se constrói no contraponto permanente 
com a produção intelectual herdada, incorporando-a criticamente 
e o conhecimento acumulado. Exige um profissional culturalmente 
versado e politicamente atento ao tempo histórico; atento para de-
cifrar o não dito, os dilemas implícitos no ordenamento epidérmico 
do discurso autorizado pelo poder.
 Â Uma competência estratégica e técnica (ou técnica-política), esta-
belecendo os rumos e estratégias da ação, a partir da elucidação 
das tendências presentes no movimento da própria realidade, deci-
frando suas manifestações particulares no campo sobre o qual inci-
de a intervenção profissional. Uma vez decifradas, essas tendências 
podem ser acionadas pela vontade política dos sujeitos, de forma a 
extrair estratégias de ação reconciliadas com a realidade objetiva, 
de modo a preservar sua visibilidade, reduzindo assim a distância 
entre o desejável e o possível.
 A dimensão da competência teórico-metodológica na 
formação e no fazer profissional pressupõem 
que o Assistente Social seja um profissional 
qualificado para conhecer a realidade social 
na qual ira intervir, analisando de forma críti-
ca seus aspectos políticos, econômicos, so-
ciais e culturais. Este olhar deve estar funda-
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 37
mentado em um rigoroso trato teórico e metodológico, 
permitindo a leitura e a decodificação da complexa realidade 
social em suas várias particularidades, levando em conta sua 
dinamicidade, e possibilidades de transformação. Reconhecer 
os reflexos da questão social e possíveis espaços de resistência 
ao capitalismo são importantes particularidades do fazer.
 A competência técnico-operativa é 
a dimensão onde o profissional deve 
adotar e apropriar-se de um conjunto de 
habilidades técnicas e instrumentos, que 
lhe permitam a construção de interven-
ções que estabeleçam respostas eficien-
tes, tanto às demandas trazidas pelos usuários, como aquelas 
colocadas pelas instituições empregadoras, realizando assim a 
mediação entre os interesses implicados em cada realidade. 
Tal competência não está desconexa das demais.
 A competência ético-política diz 
respeito ao desenvolvimento da capaci-
dade de análise da realidade social e da 
própria profissão como palco de forças 
contraditórias, levando em considera-
ção o caráter eminentemente político do 
exercício profissional, bem como a consciência do profissional 
acerca da direção social que produz em sua intervenção.
38 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Iamamoto (1998) aponta a relevância de que essas três dimen-
sões sejam apreendidas em sua complementaridade, uma vez 
que, desenvolvidas de forma isolada, poderão transformar-se 
em armadilhas tais como o militantismo, o teoricismo e o tec-
nicismo.
Importante ainda considerar que o exercício profissional do 
assistente social, pautado nesses fundamentos/competências, 
ocorre por meio de uma dupla dimensão que se relaciona. As 
dimensões interventiva e investigativa possuem uma relação 
autônoma e de interindependência. E assim se caracterizam:
Assim, tanto as dimensões interventivas quanto investigativa 
compreendem a dialética do modo de ser e fazer da profissão, 
claramente expresso nas competências.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 39
40 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Recapitulando
Neste capítulo, apresentamos uma síntese do perfil profissional 
do Serviço Social correlacionado ao processo histórico de sua 
formação. Assim, identificamos que, na gênese do profissio-
nal, a formação e a prática estava pautada nas diretrizes ético-
-religiosas, passando pela tecnificação, institucionalização da 
profissão, viés político e após a implementação das diretrizes 
curriculares de 1996, a formação e a prática passam a es-
tar demarcadas nas competências teórico-metodóligas, ético-
-políticas e técnico-operativas. Tais competências permitem ao 
profissional realizar uma prática firmada no projeto ético-polí-
tico da profissão, bem como atender as demandas emergentes 
da contemporaneidade.
Referência Comentada
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contempo-
raneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: 
Cortez, 1998.
O livro é um clássico do Serviço Social em que a autora 
apresenta reflexões sobre os cenários e tendências da profissão 
diante das contraditoriedades do contexto de transformações 
societárias. Destacaos desafios desse contexto colocados a 
formação e a prática profissional, elucidando as competências 
necessárias para o atendimento e enfrentamento das deman-
das contemporâneas.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 41
Referências
ABEPSS/CEDEPSS. Proposta Básica para o Projeto de for-
mação profissional-novos subsídios para debate. Reci-
fe. 1996 (Mimio).
FALEIROS, V. de P. Metodologia e Ideologia do trabalho 
Social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1981.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O serviço social na contempo-
raneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: 
Cortez, 1998.
____________.Renovação e Conservadorismo no Serviço 
Social. São Paulo. 5. ed. Cortez, v. 1. 2000.
MACIEL, Ana Lucia Suarez. A construção do Currículo e o 
Perfil no Serviço Social –Alguns elementos para sua 
compreensão. PPGEDU. Ulbra. 2000.
PINTO. Rosa Maria Ferreiro. Política Educacional e Serviço 
Social. São Paulo: Cortez: 1986.
Atividades
A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo realize as ati-
vidades a seguir.
Assinale a alternativa correta:
42 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
 1) A primeira escola de Serviço Social no Brasil foi fundada 
em São Paulo, em 1936, tal proposta centrava a formação 
nos seguintes aspectos:
a) Atendimentos de casos individualizados; uso de me-
todologia centrada no modelo médico constituído de 
estudo, diagnóstico e tratamento.
b) Intervenções sob a perspectiva funcionalista, aliada ao 
neotomismo cristão, reforçando a postura terapêutica, 
impulsionando o desenvolvimento técnico.
c) Atendimentos de caso grupo e comunidade pautada 
na teoria positivista.
d) Atendimento interdisciplinar, pautado na teoria social 
critica.
e) Intervenções coletivas com fundamentação teórica da 
fenomenologia.
 2) O Movimento de Reconceituação, nascido entre as déca-
das 60 e 70, traz para o Serviço Social questionamentos. 
Assinale a alternativa que descreve os principais fatores 
questionados pela profissão:
a) Salários e direitos sociais da categoria;
b) Direção d prática profissional, o compromisso e a 
consciência social de seus agentes.
c) Espaço sócio ocupacionais de inserção da profissão.
d) Padronização dos atendimentos.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 43
e) Nenhuma das alternativas está correta.
 3) Assinale (V) para respostas verdadeiras e (F) para as falsas.
 ( ) O currículo mínimo da década de 80, possibilitou uma 
dinamização da discussão sobre a formação profissional.
 ( ) A XXVIII Convenção Nacional da Associação Brasileira 
de Ensino de Serviço Social- ABESS,ocorrida em Londrina 
-PR, teve por objetivo, ultrapassar o distanciamento entre 
o labor teórico -intelectual e definir o piso salarial dos pro-
fissionais.
 ( ) As diretrizes curriculares pautadas pelo currículo de 
1996, implicam nas competências teórico-metodológica, 
ético-política e técnico-operativa.
 ( ) A dimensão da competência teórico-metodológica na 
formação e no fazer profissional pressupõem um conjunto 
de habilidades técnicas e instrumentos.
 ( ) A construção do Perfil Profissional no Serviço Social não 
sofreu alteração ao longo dos anos, mantendo-se sempre 
pautada na proposta de atendimento imediato e indivi-
dualizado.
 4) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque 
(X) somente nas assertivas verdadeiras:
a) ( ) Para Iamamoto (2000), a competência implica num 
diálogo crítico com a herança intelectual incorporada 
no discurso do Serviço Social e nas auto representa-
ções do profissional, deslindando ao mesmo tempo as 
bases sócio históricas desse discurso e as teorias de 
44 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
que se nutre, construindo um diálogo fértil e rigoroso 
entre a teoria e a história.
b) ( ) As competências teórico-metodológicas, ético-polí-
ticas e técnico-operativas devem sem apreendidas em 
sua complementaridade, uma vez que, desenvolvidas 
de forma isolada, poderão transformar-se em armadi-
lhas tais como o militantismo, o teoricismo e o tecnicis-
mo.
c) ( ) Um dos grandes desafios ainda colocados à profis-
são é articular o conhecimento produzido ao longo da 
história da profissão à dimensão técnico-operativa.
d) ( ) A profissão tem o imenso desafio de atender aos 
objetivos de seus contratantes mesmo que estes sejam 
contrários ao seu projeto ético-político.
e) ( ) É recomendado aos assistente sociais que apreen-
dam preferencialmente a competência teórico-meto-
dológica na construção de suas práticas.
 5) Assinale a alternativa correta:
O exercício profissional do assistente social, pautado nos fun-
damentos / competências teórico-metodológicas, ético-políti-
cas e técnico-operativas,ocorre por meio de uma dupla di-
mensão: interventiva e investigativa. Assinale a alternativa que 
traz a descrição de articulação entre estas dimensões.
a) As dimensões interventiva e investigativa possuem uma 
relação antagônica.
Capítulo 2 Dimensões da Competência Profissional 45
b) As dimensões interventiva e investigativa possuem uma 
relação autônoma e de interindependência.
c) As dimensões interventiva não possui relação com a 
dimensão investigativa.
d) As dimensões do fazer profissional são: interpretativa e 
analítica.
e) As dimensões interventiva e investigativa possuem uma 
relação de dependência.
Gabarito
1) a 2) b 3) V,F,V,F,F 4) a, b,c 5) b
Capítulo 3
Rúbia Geane Goetz1
Clarificando Categorias: 
da Intencionalidade ao 
Produto
1 Assistente Social, Especialista na Administração e Planejamento de projetos. 
Captadora de Recursos junto à Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo. Docente 
do Curso de Serviço Social da Universidade Luterana do Brasil-Ulbra.
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 47
Propomos, neste capítulo, reflexões sobre as categorias 
que se articulam e dão materialidade ao fazer profissional do 
Serviço Social, desde a intencionalidade dada pelos funda-
mentos da profissão, que antecede e acompanha a prática, 
até o alcance de um resultado (produto). Nesse caminho de 
construção e consolidação do processo de trabalho, os assis-
tentes sociais se utilizam de diferentes estratégias, técnicas e 
táticas que viabilizam sua ação profissional. Essas categorias 
são pauta de nosso debate.
1 Fazer profissional no Serviço Social: 
uma construção permanente
Na vida, ao definirmos um objetivo, sabemos que este deman-
dará um processo que visa seu alcance, sendo preciso saber 
onde queremos chegar. Para isso, é necessário planejamento 
prévio, construção do caminho que iremos percorrer, defini-
ção de estratégias e táticas, do método, dos instrumentos que 
vamos utilizar para chegar ao resultado esperado (produto). 
Esse nosso (objetivo) desejo certamente estará alicerçado em 
nossas crenças e ideologias de vida; assim, temos clareza de 
que o alcance do objetivo nos levará à transformação da situ-
ação de vida. Por exemplo: o objetivo de vida de uma pessoa 
está na formação acadêmica, pois suas crenças lhe dizem que 
esse caminho lhe proporcionará uma vida de maior qualida-
de. Logo, é necessária a organização de sua vida para ingres-
sar na vida acadêmica, planejar a logística de como chegar à 
48 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Universidade, disponibilizar de tempo para frequentar as aulas 
e estudo, certo?
Pois bem, na construção do processo de trabalho profis-
sional no Serviço Social, esse percurso é semelhante. O pro-
fissional, o profissional, a partir da formação, incorpora a sua 
prática uma intencionalidade que é dada pelos fundamentos 
da profissão, ou seja, ela está diretamente ligada ao projeto 
ético-político do Serviço Social. Essa intencionalidade está ali-
cerçada em uma teoria e perpassa todo o planejamento de 
seu fazer. Assim, a identificação das demandas institucionais, 
a construção das demandas profissionais e do objeto, das es-
tratégias e táticas, a escolha e a construção dos instrumentais 
técnico-operativos não é realizada de forma aleatória. Todo 
esseprocesso está articulado e fundamentado no Materialismo 
Dialético2 que fundamenta o fazer profissional e se articula ao 
processo ético-político da profissão.
2 “A dialética busca considerar os elementos do mundo material, conhecendo a 
realidade como ela se apresenta e, a partir disso, desvendar a realidade na sua 
essência. Nesse processo, persegue a realização da verdade, que não é nem ina-
tingível nem alcançável de uma vez para sempre, pois ela se faz, se desenvolve e se 
realiza como processo. Portanto, o que se tem na dialética é a busca de aproxima-
ção da verdade e, assim, da história da verdade. Como uma teoria, caracteriza-se 
por estar em permanente esforço para compreender a realidade, na relação do ho-
mem com a sociedade, relação que nem sempre é harmônica, procurando desvelar 
criticamente essa realidade tanto do que está aparente quanto do que se esconde 
(Lopes, 2010, p. 14 apud Scheunemann, 2010).
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 49
Para compreendermos a construção desse processo no ser-
viço social e as categorias intrínsecas, é necessário compreen-
der que o exercício profissional se realiza a partir do confronto 
entre as condições objetivas e subjetivas.
Condições objetivas são aquelas relativas à produção 
material da sociedade, são condições postas na rea-
lidade material. Por exemplo: a divisão do trabalho, a 
propriedade dos meios de produção, a conjuntura, os 
objetos e os campos de intervenção, os espaços sócio 
ocupacionais, as relações e condições materiais de tra-
balho. Condições subjetivas são as relativas aos sujeitos, 
às suas escolhas, ao grau de qualificação e competên-
cia, ao seu preparo técnico e teórico-metodológico, aos 
referenciais teóricos, metodológicos, éticos e políticos 
utilizados, dentre outras. (Guerra, 1995)
50 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Nesse sentido, o processo de trabalho no Serviço Social 
não ocorre de forma irrefletida, ele exige um conjunto de ati-
vidades prático-reflexivas articuladas e voltadas ao alcance de 
um resultado, sobretudo, regulado pela intencionalidade, fato-
res estes que dependem da construção, adaptação dos meios 
e das condições objetivas e subjetivas. O fazer profissional no 
Serviço Social carece estar direcionado ao enfrentamento da 
questão social e suas mazelas geradoras de recorrentes pro-
cessos de desigualdade social, problemas políticos, sociais e 
econômicos e, sobretudo, aos espaços de resistência da lógica 
capitalista.
Porém, a questão social é a condição da existência da so-
ciedade capitalista, nesse sentido, atuar em uma profissão que 
visa enfrentar essa condição de manutenção da desigualdade 
coloca uma gama de desafios que ordenam a construção de 
estratégias metodológicas, táticas e técnicas organicamente 
articuladas ao projeto ético-político da profissão.
Para Faleiros (1997), definir estratégias é definir a direção 
da ação, na conjuntura, ou seja, na correlação de forças exis-
tentes em um momento dado, direção que tem como base um 
conhecimento que a orienta. Desse modo, são os paradigmas3 
3 A palavra paradigma significa um modelo ou um conjunto de formas básicas e 
dominantes do modo de se compreender o mundo, uma sociedade ou mesmo uma 
civilização; do modo de se perceber, pensar, acreditar, avaliar, comentar e agir, de 
acordo com uma visão particular de mundo. Pode-se dizer que o paradigma é a 
percepção geral e comum, não necessariamente a melhor... Ao mesmo tempo, ao 
ser aceito, um paradigma serve como critério de verdade e validação e reconheci-
mento nos meios onde ele é adotado (DUARTE JÚNIOR apud Sangui: 2010).
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 51
adotados que orientam a direção estratégica. O autor refere 
também:
As estratégias são processos de articulação e mediação 
de poderes e mudança de relações de interesses, refe-
rências e patrimônios em jogo, seja pelo rearranjo de 
recursos, de vantagens e patrimônios pessoais, seja pela 
efetivação de direitos, de novas relações ou pelo uso de 
informações. (FALEIROS, 1997:76)
As táticas são responsáveis pela realização das estratégias. 
Devem ser objetivas e possíveis de mensuração, pois se confi-
guram ações específicas criadas e selecionadas para se atingir 
a meta.
52 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 53
Assim, a Estratégia Metodológica4 no Serviço Social é um 
conjunto de instrumentos, táticas, habilidades e saberes, que 
são mobilizados pelo assistente social a partir do objetivo que 
o mesmo estabelece para efetivar a sua intervenção na reali-
dade.
No Serviço Social, a técnica abrange três categorias cen-
trais que estão ligadas à subjetividade e à objetividade. No que 
tange à subjetividade, esta envolve tanto criatividade quanto 
as habilidades, características que são dadas pelo sujeito que 
utiliza os instrumentos, ou seja, está relacionada diretamente à 
particularidade de cada profissional que utilizará os instrumen-
tos. A objetividade, no entanto, refere-se à intencionalidade 
desse uso, e esta por sua vez é balizada pelos fundamentos da 
profissão e, assim, se torna comum e não particular.
4 Conceito elaborado pelo curso de Serviço Social Ulbra Canoas, 1999.
54 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
 
 Técnica: 
 
 
 
 
C riatividade/Habilidades Intencionalidade 
 (Dada pelos fundamentos teórico- 
metodológicos, ético-políticos e técnico-
operativos da pro�ssão). 
 
Objetividade Subjetividade 
(Dadas pela particularidade de 
cada profissional que utilizarão 
os instrumentos). 
Sabemos que o Serviço Social não possui instrumentos 
particulares de intervenção, ou seja, os instrumentos utilizados 
pela profissão são comuns a outras profissões, contudo, a téc-
nica peculiar utilizada pelo assistente social é que lhe garante 
a particularidade do fazer da profissão. Assim, a técnica é o 
que dá qualidade ao uso do instrumento, por exemplo: entre-
vista reflexiva dialética.
Desse modo, o profissional se utiliza de um conjunto de 
instrumentos e técnicas dialeticamente articulados para cons-
truir e realizar a intervenção na realidade social, por meio de 
sua intencionalidade, que é orientada pelos fundamentos da 
profissão.
Mas afinal, como se operacionalizam essas categorias e 
suas articulações no fazer profissional?
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 55
2 A construção e utilização das estratégias 
metodológicas, táticas e técnicas no saber 
e fazer profissional no Serviço Social
Para melhor compreendermos o significado dessas categorias 
no Serviço Social, buscaremos apresentar uma experiência 
destacando a utilização e articulação destas no contexto so-
cial. Nessa perspectiva, será palco de nossa reflexão o Pro-
grama de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Novo Ham-
burgo, denominado CATAVIDA. Tal Programa é um espaço 
de atuação do serviço social, uma vez que incorpora práticas 
interdisciplinares de enfrentamento dos processos de desigual-
dades sociais e um lugar de resistência, ênfases de trabalho 
da profissão.
O Programa nasceu precisamente de demandas da popu-
lação municipal que requisitavam intervenções do poder pú-
blico, frente ao atendimento dos catadores autônomos de ma-
teriais recicláveis que ocupavam espaços públicos da cidade 
(praças e passeios públicos) para a realização do seu trabalho 
e assim, consequentemente induziam a comunidade a um pro-
cesso de visibilidade da sua condição social, que, a partir das 
metamorfoses do mundo do trabalho, materializavam inúme-
ras expressões da questão social.
Esse contexto demandou ao profissional do serviço social 
vinculado ao programa, a realização da análise de conjuntura 
e organizacional, ou seja, do conhecimento dessa realidade, 
para apreensão das demandas institucionais e profissionais 
colocadas nesse cenário, quais foram:
56 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
As demandasinstitucionais foram prontamente delimitadas:
Demandas Institucionais
 Â Interlocução com a comunidade.
 Â Atendimento imediato dos catadores em situação de rua.
 Â Intervenção nos processos de conflito entre comunidade e 
catadores.
Entretanto, a construção das demandas profissionais, de-
mandou a realização de algumas ações tática, contemplando 
ações particulares e práticas:
 Â Aproximação e abordagem dos catadores.
 Â Conhecimento da realidade social de cada indivíduo e 
família implicada na situação.
 Â Articulação com várias políticas públicas, dentre as 
quais se destacam: Assistência Social, Meio Ambiente, 
Educação e Trabalho.
 Â Busca de conhecimentos específicos sobre o processo de 
reciclagem na cidade e no país e suas particularidades.
Conforme Pontes:
Como demanda profissional estabelece-se que a legíti-
ma demanda advinda das necessidades sociais dos seg-
mentos demandatários dos serviços sociais. A demanda 
profissional incorpora a demanda institucional, mas não 
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 57
se restringe a ela, podendo e devendo ultrapassá-la 
(1995, p. 174).
Na experiência em tela, esse processo de ultrapassagem 
colocado pelo autor, se efetivou com êxito no desvelamento 
do aparente e na busca pela particularidade da realidade de 
intervenção. Assim, constituíram-se:
Demandas Profissionais construídas
 Â Acesso à alimentação e documentação.
 Â Acesso aos programas das políticas de Assistência Social, 
Saúde e habitação.
 Â Capacitação profissional.
 Â Sensibilização e interlocução com a comunidade na busca 
pelo direito ao trabalho desses cidadãos.
Nesse processo particular de identificação das demandas 
sociais e de desvelamento da realidade social aparente, o assis-
tente social balizado nas competências teórico-metodológicas, 
técnico-operativas e ético-políticas, deparou-se com inúmeras 
expressões da questão social, as quais se constituíram objetos 
interventivos profissionais: acesso negado a políticas sociais, 
precarização das condições de vida e de trabalho, a explo-
ração da mão de obra, invisibilidade social, estigmatização, 
preconceito e situação constante de vulnerabilidade social.
Tais apropriações foram realizadas com base no referencial 
materialismo dialético, que procura avaliar os elementos do 
mundo material, conhecendo a realidade como ela se apre-
58 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
senta e, a partir disso, desvendar a realidade na sua essência. 
Como uma teoria, caracteriza-se por estar em permanente es-
forço para compreender a realidade, na relação do homem 
com a sociedade, relação que nem sempre é harmônica, pro-
curando desvelar de forma crítica essa realidade tanto do que 
está aparente quanto do que está oculto.
Segundo Barbosa, o trabalho do assistente social é reque-
rido como especialidade da divisão sociotécnica e na forma 
assalariada para responder às estratégias de dominação bur-
guesa no enfrentamento das questões sociais que emergem 
da diferenciação e conflito das classes sociais. (1998, p. 113). 
Esses conflitos tornaram-se evidentes na construção da prá-
tica profissional em tela, demandando diferentes estratégias 
metodológicas de intervenção nos processos de correlação de 
forças aparentes e velados. Assim, a profissão enfrenta o de-
safio de decifrar algumas lógicas do capitalismo contemporâ-
neo, particularmente em relação às mudanças no mundo do 
trabalho e sobre os processos desestruturados dos sistemas de 
proteção social e política social em geral.
No âmbito do Programa CATAVIDA, a construção de estra-
tégias e táticas se fez evidente frente ao contexto intrínseco de 
correlação de forças apurado. A mediação entre a instituição, 
a comunidade e os catadores trouxe à tona uma série de re-
quisições ao profissional do Serviço Social.
A partir das estratégias de abordagens individuais e cole-
tivas realizadas junto aos catadores e à comunidade, perce-
beu-se que o atendimento pontual das necessidades daquela 
população (documentação, alimentação, medicamentos, be-
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 59
nefícios sociais, dentre outros) contribuiria paliativamente para 
o atendimento das demandas profissionais.
Desse modo, a ação profissional percebeu a necessidade 
da implementação de novas ações táticas; dentre elas, desta-
cam-se a construção de ações intersetoriais e multidisciplina-
res, a aproximação com o Movimento Nacional de Catadores, 
que somou significativamente com conhecimentos específicos 
da realidade/singularidade desses trabalhadores, a organiza-
ção coletiva dos trabalhadores em cooperativa, pautados nos 
princípios da economia solidária.
Nesse caminho, estiveram presentes diferentes instrumen-
tais, que permitiram a articulação entre instrumentos e técnicas 
pautados pela intencionalidade profissional, dos quais pode-
mos apresentar: observação crítica, escuta sensível, entrevistas 
individuais reflexivas, grupos de trabalho solidário.
Tal experiência conduz ainda a compreensão de que a 
questão ambiental é igualmente um respeitável assunto a ser 
apropriado pelo Serviço Social, por se abordar do efeito des-
trutivo da forma de produção capitalista. Pode-se considerar 
que os alicerces da questão ambiental, amplamente debatida 
na atualidade, remete às mediatizações da questão social “a 
produção social é cada vez mais social enquanto a apropria-
ção dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por 
uma parte da sociedade” (IAMAMOTO, 1998, p. 177).
Com vistas ao paradigma do desenvolvimento sustentável, 
pautado no processo de mudança da relação homem/natu-
reza, o assistente social é provocado, assim, a se situar como 
agente ativo de sensibilização da população, contribuindo 
60 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
para o processo de aprendizagem social (PÉREZ, Alejandro G., 
2005). E este tem sido um dos caminhos trilhados pelo pro-
fissional no Programa CATAVIDA, que hoje, após seis anos de 
prática, conta com duas cooperativas organizadas, compreen-
dendo oitenta e cinco trabalhadores que estão construindo o 
processo de superação das vulnerabilidades sociais. Parte da 
comunidade vem superando os processos de estigmatização e 
preconceito em relação a esses trabalhadores e vem coope-
rando com a destinação dos resíduos sólidos, no processo de 
implementação de coleta seletiva solidária. Tal atitude contri-
bui significativamente no empoderamento desses trabalhado-
res e, sobretudo, na renda mensal da cooperativa.
Sabe-se, de antemão, que essa parcela atendida é apenas 
um fragmento dos catadores de materiais recicláveis que vivem 
no contexto social do município. Dessa forma, permanecem 
ainda significativos desafios no atendimento das mazelas da 
questão social materializadas nesse contexto social, as quais 
exigem a construção contínua de estratégias, táticas e técnicas 
no fazer profissional.
Recapitulando
Neste capítulo, vimos um breve debate sobre as categorias 
que integram a construção do processo de trabalho do Assis-
tente Social. Destacamos as estratégias como uma sequência 
de pensamentos, comportamentos e atitudes com intuito de 
alcançar objetivos mais longos, determinam de modo amplo 
“o que” deve ser realizado, enquanto que as táticas ocupam-
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 61
-se de forma mais direta e restrita a “como” os objetivos e a 
intencionalidade serão alcançados de forma mais breves. As 
técnicas são elementos que dão qualidade ao uso dos instru-
mentos no fazer profissional, trazendo à tona a particularidade 
e identidade da profissão, diretamente ligadas aos fundamen-
tos e competências teórico-metodológicas, técnico-operativas 
e ético-políticas.
Referência Comentada
FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. 
2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
O livro reúne articulações permanentes entre a historia, es-
tratégias e fundamentos teóricos do Serviço Social. O autor 
apresenta as perspectivasinterventivas a partir de estratégias 
particulares do fazer profissional, especialmente à perspectiva 
da autonomia e do empoderamento do sujeito.
Referências
BARBOSA, R.N.; CARDOSO, F. G.; ALMEIDA, N. L. T. A cate-
goria “processo de trabalho” e o trabalho do assisten-
te social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano 19, 
n. 58, p. 109-130, nov. 1998.
FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. 
2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
62 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
GUERRA, Yolanda. A Instrumentalidade do Serviço Social. 
São Paulo, Cortez, 1995.
IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contempora-
neidade. São Paulo: Cortez, 1998.
PÉREZ, Alejandro G. Necessidades de formação do assis-
tente social no campo ambiental. In: Serviço Social e 
Meio Ambiente. São Paulo: Cortez, 2005.
PONTES, R. N. Mediação e Serviço Social. São Paulo: Cor-
tez/Unama, 1995.
SCHEUNEMANN et al. Processo de Trabalho no Serviço 
Social. Canoas: Ed. ULBRA, 2010. 116 p.
Atividades
A partir dos estudos desenvolvidos neste capítulo, realize as 
atividades a seguir.
Assinale a alternativa correta:
 1) O exercício profissional se realiza a partir do confronto 
entre as condições objetivas e subjetivas. Assinale a alter-
nativa que descreve essas condições de forma correta.
a) Condições objetivas são aquelas relativas à produção 
material da sociedade e podem ser exemplificadas 
pela divisão do trabalho. Já as condições subjetivas 
são as relativas aos sujeitos, às suas escolhas, ao grau 
de qualificação e competência.
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 63
b) Condições subjetivas são aquelas relativas à produ-
ção material da sociedade e podem ser exemplificadas 
pela divisão do trabalho. Já as condições objetivas são 
as relativas aos sujeitos, às suas escolhas, ao grau de 
qualificação e competência.
c) Condições objetivas dizem respeito aos resultados ma-
teriais do fazer profissional e às condições subjetivas 
tem relação com a avaliação de terceiros sobre uma 
determinada ação profissional.
d) Condições objetivas estão relacionadas à objetividade 
de uma ação, ou seja, se essa ação possui um objetivo 
bem definido. Já as ações subjetivas têm relação com 
a particularidade de cada instituição que emprega os 
profissionais do serviço social.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
 2) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu-
nas da frase:
 O processo de trabalho no serviço social não ocorre de 
forma _________, ele exige um conjunto de atividades 
prático-reflexivas articuladas e voltadas ao alcance de um 
resultado, sobretudo, regulado pela______________, fa-
tores estes que dependem da construção, adaptação dos 
meios e das condições______ e _____.
a) Automática, autonomia, extadas e imateriais.
b) Irrefletida, intencionalidade, objetivas, subjetivas.
c) Condicionada, direção, objetivas e literais.
d) Regulada, personalidade, objetivas e particulares.
64 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
e) Ajustada, individualidade, práticas e particulares.
 3) Assinale (V) para respostas verdadeiras e (F) para as falsas.
( ) A questão social é a condição da existência da socie-
dade capitalista.
( ) Definir estratégias é definir a direção da ação.
( ) As estratégias são responsáveis pela realização das tá-
ticas.
( ) As táticas ocupam-se de forma mais direta e restrita a 
“como” os objetivos e a intencionalidade serão alcan-
çados.
( ) A estratégia determina de modo amplo “o que” deve 
ser realizado para se atingir os objetivos e a intencio-
nalidade.
 4) A partir dos estudos desenvolvidos nesse capítulo, marque 
(X) somente nas assertivas verdadeiras:
a) A Estratégia Metodológica no Serviço Social é um con-
junto de instrumentos, táticas, habilidades e saberes, 
que são mobilizados pelo assistente social a partir do 
objetivo que o mesmo estabelece para efetivar a sua 
intervenção na realidade.
b) No Serviço Social, a tática abrange três categorias cen-
trais que estão ligadas a subjetividade e a objetividade.
c) As estratégias metodológicas podem ser assim conside-
radas a logística de condução da intencionalidade do 
profissional somada à seleção e uso dos instrumentos.
Capítulo 3 Clarificando Categorias: da Intencionalidade... 65
d) A estratégia metodológica é o que dá qualidade ao 
uso do instrumento.
e) A técnica é o que dá qualidade ao uso do instrumento.
 5) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu-
nas da frase:
 As _________ como uma sequência de pensamentos, com-
portamentos e atitudes com intuito de alcançar objetivos 
mais longos, determinam de modo amplo “o que” deve 
ser realizado, enquanto que as _________ ocupam-se de 
forma mais direta e restrita a “como” os objetivos e a in-
tencionalidade serão alcançados de forma mais breves. As 
__________ são elementos que dão qualidade ao uso dos 
instrumentos no fazer profissional, trazendo à tona a parti-
cularidade e identidade da profissão, diretamente ligadas 
aos fundamentos e competências teórico-metodológicas, 
técnico-operativas e ético-políticas.
a) Estratégias, táticas, técnicas.
b) Táticas, estratégias, técnicas.
c) Técnicas, táticas, estratégias.
d) Estratégias, técnias, táticas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
Gabarito
1) a 2) c 3) v, v, f, v, v 4) a, c 5) a
Capítulo 4
Dimensões das 
Estratégias na Prática 
Profissional
Capítulo 4 Dimensões das Estratégias na Prática Profissional 67
O processo de prática profissional, a intervenção, não se 
estabelece por intermédio de um conjunto de passos preesta-
belecidos como aponta Faleiros (1997), mas exige do profis-
sional uma leitura da realidade, um aprofundamento teórico 
e uma capacidade de proposição de alternativas onde estão 
imbricados os diversos atores sociais, inclusive o assistente so-
cial. Sendo assim, as dimensões da prática profissional podem 
ser identificadas quanto à abrangência do processo de traba-
lho, quanto à constituição dos sujeitos e quanto à dinâmica da 
realidade1
1 Dimensões da prática quanto à 
abrangência do processo de trabalho
Quanto à abrangência do trabalho, em relação à realidade 
social à realidade social, a prática profissional comporta vá-
rias dimensões:
Dimensão política
Ao falarmos dessa dimensão, nosso pensamento automati-
camente vai para a política partidária, e é confundido com 
as ações dos profissionais dessa área, os políticos. Mas essa 
palavra tem um sentido mais amplo, como apresentado por 
1 Tipologia elaborada, a partir de Edgar Morin, por Arno Vorpagel Scheunemann. 
In: SCHEUNEMANN, Arno V.; GOMES, Kelines; SANGHI, Simone. Estratégias me-
todológicas em Serviço Social. Canoas: ULBRA, 2008, p. 7-9. (Caderno Universi-
tário nº 499)
68 Competência Técnico-Operativa em Serviço Social II
Arendt (2004). Segundo a autora, o sentido de Política é a 
liberdade que para o Grego era a própria razão de viver, pois 
o conceito nasceu na Grécia, considerada o berço da demo-
cracia. Arendt (2004) destaca que a liberdade só existia na 
sociedade política (a esfera da liberdade), logo precisaríamos 
“situar” a afirmação de que a liberdade era a razão de viver.
Para a autora, a política está baseada na pluralidade entre 
os homens, com isso, organiza e regula o convívio social dos 
diferentes e não dos iguais, nesse sentido, política e liberdade 
tinham uma associação direta com a capacidade do homem 
de agir em público, que era o campo de atuação do político.
O homem é um ser essencialmente político, pois nossas 
ações são políticas e estão, de certa forma, relacionadas com 
questões ideológicas. Como nas palavras de Morin, somos 
produtos e produtores de nossas ações, portanto, a dimensão 
política é muito maior que o simples ato do voto, mas ela está 
no nosso cotidiano, nas ações mais simples como conversar à 
mesa de um bar, nas atitudes que tomamos nos nossos espa-
ços de trabalho, ao exigirmos nossos direitos de consumidor, 
quando nos indignamos com as injustiças

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