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Dívidas ocultas em Moçambique e seus impactos(by A

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Índice
INTRODUÇÃO	3
1.	DIVIDAS OCULTAS EM MOÇAMBIQUE	4
1.1.	Conceitos	4
1.2.	Contextualização das dívidas ocultas em Moçambique	4
1.2.1.	Perspectiva geral do relatório intercalar	6
1.3.	Impacto económico das dividas ocultas em Moçambique	6
1.4.	Impacto sociais das dividas ocultas em Moçambique	7
CONCLUSÃO	9
BIBLIOGRAFIA	10
 
INTRODUÇÃO 
Atualmente, a dívida pública ocupa a lista dos principais tópicos de discussão sobre a economia moçambicana. A sua dimensão, evolução e sustentabilidade contribuíram para a repentina alteração da caracterização da economia de um exemplo macroeconómico, em termos de taxa de crescimento e outros indicadores, para uma economia com alto risco de insustentabilidade da dívida e com baixo nível de crescimento económico (FMI, 2016). Em parte, esta mudança deveu-se às chamadas dívidas “ocultas” e/ou inconstitucionais contraídas pelo governo de Moçambique durante o segundo mandato do presidente Armando Guebuza (2009-2014) sem prévia aprovação do Parlamento. A descoberta destas dívidas não só aumentou significativamente o stock de dívida pública do país, mas também levou os doadores e parceiros internacionais a cancelarem o seu apoio financeiro a Moçambique
1. DIVIDAS OCULTAS EM MOÇAMBIQUE 
1.1. Conceitos 
Divida 
Berlim (2016), diz que “dívida é a maneira de se usar um futuro poder de aquisição no presente antes de que uma soma tenha sido ganha”.
Denomina-se dívida às obrigações contraídas com um terceiro, seja por uma pessoa física ou jurídica. O devedor também pode ser identificado com uma pessoa ou entidade. A dívida acontece por diversos motivos, sendo os mais relevantes para a economia, aqueles relacionados com o investimento em áreas produtivas. 
Em contrapartida, o devedor deve pagar o valor em data agendada, acrescentando juros à importância a ser recebida, que é o que representa o ganho do credor.
Oculto 
Para Diamond (2015) , oculto é um adjetivo de origem no latim, "occultu", que é tudo aquilo que está encoberto, que é misterioso.
1.2. Contextualização das dívidas ocultas em Moçambique 
No contexto dos autos de Instrução Preparatória nº 1/PGR/2015, a Procuradoria-Geral República solicitou a realização de uma auditoria internacional independente  às empresas Proindicus, SA, EMATUM- Empresa Moçambicana de Atum, SA, MAM- Mozambique Asset Management, SA, a qual foi realizada pela empresa Kroll Associetes UK.
O relatório da Auditoria Independente feita pela Kroll Associates UK, consultora internacional contratada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para verificar a existência ou não de infracções de natureza criminal em três empresas moçambicanas, no quadro das dívidas ocultas.
O relatório, com 64 páginas, fornece explicações detalhadas após uma investigação exaustiva a cerca dos contornos das dívidas contraídas pelas empresas EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum), Proindicus e a Mozambique Assets Management (MAM).
O documento, aguardado com enorme expectativa em diversos segmentos da sociedade civil, na parte referente ao resumo das principais conclusões, concretamente na subparte relativa às discrepâncias dos preços dos bens e serviços entregues, afirma continuarem a subsistir lacunas sobre como foram exactamente gastos os 2 biliões de dólares americanos, não obstante os esforços consideráveis para sanar essas lacunas.
A Kroll, segundo o relatório, não conseguiu realizar qualquer forma de valoração fiável dos bens e serviços a fornecer pela Empresa Contratada no âmbito dos três contratos de fornecimento com as Empresas de Moçambique. 
Em vez disso, a Kroll, com o apoio de um especialista independente, procurou estimar a discrepância de preços dos bens e dos serviços fornecidos no âmbito de cada contrato de fornecimento.
Na subparte relativa a conta bancária não divulgada e pagamento não explicado de 53 milhões de dólares, a investigação da Kroll permitiu estabelecer que a EMATUM detinha uma conta no Moza Banco, que não estava registada nos registos contabilísticos da EMATUM. 
A conta do Moza Banco foi utilizada para efectuar dois pagamentos de juros ao Credit Suisse num total superior a 51 milhões, em Março de 2014 e em Setembro de 2014. 
Os dois pagamentos de juros foram financiados por transferências para a conta bancária do Moza Banco, provenientes de uma conta bancária detida pelo SISE.
A origem dos fundos do SISE foi uma conta bancária junto ao Banco de Moçambique (BM), aberta por solicitação do Ministério das Finanças. 01
1.2.1. Perspectiva geral do relatório intercalar 
Em conformidade com o relatório final (Kroll), a 9 de Janeiro de 2017, a Kroll apresentou um Relatório Intercalar que veio posteriormente a ser reemitido com informações actualizadas, a 30 de Janeiro de 2017 (o "Relatório Intercalar"). O Relatório Intercalar continha uma actualização da evolução da Auditoria Independente e uma perspectiva geral das conclusões preliminares e recomendações à data do relatório. 
A Kroll procedeu a uma investigação exaustiva na sequência da apresentação do Relatório Intercalar, o que contribuiu para um melhor entendimento das principais questões. Sempre que existirem divergências entre o Relatório Intercalar e o presente Relatório Final, as informações constantes do Relatório Final deverão ser consideradas as conclusões finais da Kroll.
1.3. Impacto económico das dividas ocultas em Moçambique 
De acordo com Modigliani (1961), Diamond (1965), Saint-Paul (1992) e Aizenman et al. (2007), existe uma relação negativa entre dívida pública e crescimento eco- nómico. Estes autores consideram, fundamentalmente, duas razões: 
(i) a existência do efeito crowding-out sobre o investimento privado, como resultado do aumento da demanda por cré- dito pelo Governo e o respectivo aumento das taxas de juros praticadas nos mercados finan- ceiros; (
(ii) ii) a dívida pública é considerada um fardo intergeracional, pois implica menor stock de capital para as gerações futuras.
Parte da literatura minimiza o efeito negativo da dívida sobre o produto interno bruto e considera que certos níveis de endividamento público podem gerar efeitos positivos para a economia. 
Por exemplo, Afonso & Jalles (2016) argumentam que, em contexto de desequilíbrios fiscais, níveis moderados de dívida do Governo podem induzir o crescimento económico. Elmendorf & Mankiw (2019) defendem que, no curto prazo, o produto responde positivamente à emissão de dívida pública e, como resultado do efeito crowding-out, no longo prazo o produto diminui. 
 “A divulgação, das chamadas “dívidas ocultas” contribuiu para o abrandamento da economia de Moçambique, desvalorizou o metical, a moeda do país e diminuiu a confiança dos investidores no país” (Kroll, 2019).
Esta constatação está no relatório do Banco Mundial sobre “O Pulsar de África” que indicou ainda o aumento exponencial da dívida para 130 por cento do Produto Interno Bruto em 2016.
"O recente incumprimento financeiro do Governo e o peso da dívida estão a retrair o investimento”, lê-se no documento, que cita que “a trajetória de crescimento de Moçambique foi descarrilada pela rápida deterioração do país na posição sobre a dívida”.
Para este ano, o crescimento previsto para as economias da África subsaariana é de 2,6 por cento de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A previsão do crescimento da economia moçambicana para 2017, segundo o FMI, será de 4,5 por cento, enquanto para o próximo ano, deverá subir para 5,4 por cento. 02 
1.4. Impacto sociais das dividas ocultas em Moçambique 
Como instrumento de financiamento do Estado, a dívida pode ter um impacto positivo e negativo sobre a sociedade. Ela é uma via de abastecimento do caixa do Tesouro, reduzindo a necessidade de emissão de moeda (que gera inflação e corrói a renda das pessoas) ou de aumento da carga tributária (que desacelera a atividade econômica e traz o desemprego).
Ao fazer uma dívida, o governo obtém recursos para investir em infraestrutura e programas sociais, por exemplo. Porém, o endividamento traz como consequência os juros, que afetam ocrescimento da própria dívida pública e todas as operações financeiras realizadas diariamente pelas pessoas, como fazer uma compra com o cartão de crédito, assumir uma despesa a prazo ou tomar um financiamento.
Quando a situação das contas do Estado sai de parâmetros aceitáveis, essa situação pode se agravar. 
- Quanto menor for a capacidade do governo de honrar a sua própria dívida, maior vai ser a desconfiança dos agentes econômicos [em relação ao Executivo], maior vai ser o encurtamento do prazo da dívida e maior vai ser a taxa de juros cobrada [para conceder novos empréstimos].
O encurtamento do prazo significa menos capacidade de “rolar a dívida” e esticá-la em condições que tornem o pagamento mais cômodo para o governo. Tendo que desembolsar mais dinheiro de forma imediata para arcar com a dívida encurtada, o Estado tem menos recursos à mão para cumprir suas funções sociais e fazer investimentos. Isso se reflete sobre a qualidade de vida da população moçambicana.
 
CONCLUSÃO 
Dividas são às obrigações contraídas com um terceiro, seja por uma pessoa física ou jurídica. O devedor também pode ser identificado com uma pessoa ou entidade. A dívida acontece por diversos motivos, sendo os mais relevantes para a economia, aqueles relacionados com o investimento em áreas produtivas. 
Assim, o relatório da Auditoria Independente feita pela Kroll Associates UK, consultora internacional contratada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para verificar a existência ou não de infracções de natureza criminal em três empresas moçambicanas, no quadro das dívidas ocultas.
 No entanto, a divulgação das chamadas “dívidas ocultas” contribuiu para o abrandamento da economia de Moçambique, desvalorizou o metical, a moeda do país e diminuiu a confiança dos investidores no país.
Contudo, ao fazer uma dívida, o governo obtém recursos para investir em infraestrutura e programas sociais, por exemplo. Porém, o endividamento traz como consequência os juros, que afetam o crescimento da própria dívida pública e todas as operações financeiras realizadas diariamente pelas pessoas.
BIBLIOGRAFIA 
Berlim: Springer. Massarongo, F. (2016). Estrutura da dívida pública em Moçambique e 	a sua relação com as dinâmicas de acumulação. In L. Brito et al. (orgs.); 
Diamond, P. (2015). National debt in a neoclassical growth model. American Economic 	Review, 55 (5), 1126-1150. 
Diário de Notícias. (2017a). China perdoa 30,4 ME de dívida a Moçambique e dá 12,7 	milhões para novo aeroporto. Acedido em 07 de Março de 2020, de 	https://www.dn.pt/lusa/interior/china-perdoa-304-me-de-divida-a-mocambique-	e-da-127-milhoes-para-novo-aeroporto-8873824.html
Diário de Notícias. (2017b). Rússia perdoa 34 MEuro de dívida a Moçambique que se 	converte em apoio alimentar. Acedido em Acedido em 07 de Março de 2020,, de 	https://www.dn.pt/lusa/interior/russia-perdoa-34-meuro-de-divida-a-	mocambique-que-se-converte-em-apoio-alimentar-8913833.html
Direcção Nacional do Tesouro. (Vários). Relatório da dívida pública. Maputo: Ministério 	das Finanças, Direcção Nacional do Tesouro.
FMI (Fundo Monetário Internacional). (2016). Corpo técnico do FMI termina visita a 	Moçambique. Comunicado de Imprensa n.º 16/304. Washington, D.C.: FMI.
IMF (International Monetary Fund). (2015a). Regional economic outlook: Sub-Saharan 	Africa navigating headwinds. World economic and financial surveys. 	Washington, D.C.: International Monetary Fund.
KROLL, (relatorio final), Auditoria independente relativa aos empréstimos contraídos 	pela ProIndicus S.A., EMATUM S.A. e Mozambique Asset Management S.A
01 ---https://dev.portaldogoverno.gov.mz/por/Imprensa/Noticias/Relatorio-de-	Auditoria-as-dividas-ocultas-tornado-publico 
02 --- https://www.voaportugues.com/a/banco-mundial-reconhece-impacto-dividas-	ocultas-economica-mocambicana/3818782.html

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