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LINDB LEI DA SEGURANÇA HERMENÊUTICA (ACRESCENTOU OS ARTS. 20 A 30, LINDB) Decreto 9.830/19 – regulamenta os arts.20 a 30 da LINDB Foco - é o direito administrativo, mas podem ser aplicados por analogia a outros ramos do direito. Objetivos: - dar segurança hermenêutica para o gestor público e os atos administrativos diante dos órgãos de controle; (art. 20 – dever de motivação concreta e responsabilidade decisória dos gestores ao julgarem, sendo que as esferas administrativas, controladoria e judicial não decidirão com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão; a motivação demonstrará a necessidade e adequação da medida imposta ou da invalidação do ato – dever de motivação; valorização do consequencialismo – indicação de modo expresso das consequências jurídicas e administrativas, bem como apontar as condições para a regularização de modo proporcional e equânime, sem prejuízos aos interesses gerais) - evitar excessos dos órgãos de controle em situações em que a invalidade do ato gera grandes prejuízos. (limites aos órgãos de controle quando o agente agiu de acordo com a lei) Ex. TCU realizando controle do contrato entre a União e determinada construtora – invalida o contrato, determina punição do gestor e devolução dos valores pagos o gestor havia interpretado (interpretação razoável) que seria caso de dispensa de licitação leva os gestores a negarem atos por receio do controle excessivo TCU negava ser órgão consultivo e não avaliava previamente os atos a lei buscou dar segurança ao gestor nesses casos. Grupos de temas tratados pela lei de segurança hermenêutica: a. Clareza normativa – arts. 29 e 30, LINDB: Estímulo a edição de orientações administrativas (portarias, regulamentos); estímulo a consultas públicas para edição de normas. b. Responsabilização pessoal do agente público por infração hermenêutica (divergência de interpretação da lei): o órgão de controle só poderá punir o agente nos casos de dolo ou erro grosseiro (Flávio tartuce – culpa grave seria erro grosseiro) – art. 28; parâmetro da contextualização – art. 22 – o órgão de controle deverá analisar o contexto em que houve a interpretação. *juiz, MP e Adv. Pública só dolo ou fraude gera responsabilização – crime de exegese – Napoleão prendia quem interpretava o CC de forma equivocada. c. Invalidade do ato administrativo: c.1 – princípio da motivação concreta – arts. 20 e 21 ao examinar a validade do ato administrativo o órgão de controle deve analisar as consequências concretas da solução adotada – dizer o que acontecerá com a invalidação do ato concretamente, podendo deixar de declarar a nulidade de um ato por conta da “drasticidade” da invalidação do ato. – aplicação do consequencialismo jurídico e análise econômica do direito. c. 2 – Regime de transição – art. 23: se houver mudança de entendimento, é necessário que haja previsão do regime de transição – espécie de modulação de efeitos da nova interpretação – não surpresa do agente público) c.3 – P. da Menor onerosidade da regularização do ato inválido – art. 21, p. único: havendo mudança de entendimento ou irregularidade do ato – havendo a declaração de nulidade de um ato, é preciso que o gestor estabeleça o melhor caminho para a regularização / recuperação dos prejuízos decorrentes do ato, autorizando inclusive preservar o ato. c.4 – Irregularidade sem pronúncia de nulidade – arts. 21, p. único e 22: a possibilidade de declarar o ato como irregular, mas deixar de pronunciar a nulidade, não o invalidando; Valorização da primazia da realidade, verificando as dificuldades enfrentadas pelos agentes públicos em duas decisões interpretativas, considerando as circunstâncias práticas para a imposição do ato pelo agente, por isso a possibilidade de reconhecimento de irregularidade sem decretação de nulidade Princípio da menor onerosidade da regularização) c.5 – Convalidação por compromisso com ou sem compensação – arts. 26 e 27: ao verificar que o ato padece de incerteza jurídica, a administração pública pode celebrar um termo de compromisso para convalidar o ato – após oitiva do órgão, consulta pública e presentes razões de relevante interesse geral. O compromisso deverá: buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível; não poderá conferir desoneração permanente de dever ou consicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e; deverá prever com clareza as obrigações das partes, prazo e sanções por descumprimento. - o compromisso poderá ou não impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos. ***Tendência de inutilização deste instituto, devido aos riscos desta convalidação. c.6 – Invalidade referencial – art. 24: a invalidade de um ato deve levar em conta a interpretação preponderante à época do ato, sendo vedado que mudança posterior de interpretação geral declare inválidas situações plenamente constituídas. Espécie de modulação de efeitos. - art. 29 – a edição de qualquer ato normativo, exceto os de organização interna – poderá ser precedido de consulta pública, preferencialmente por meio eletrônicos, que será considerada na decisão (valorização da clareza normativa) - art. 30 – a atuação das autoridades públicas deve ser voltada para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas que terão caráter vinculante em relação ao órgão/entidade a que se destinam até ulterior revisão. LEI NO TEMPO 1. VIGÊNCIA DA LEI – período em que a lei vincula os destinatários (eficácia temporal da lei) Em regra: Publicação da lei vacatio legis início da vigência da lei possível revogação 2. VIGOR – força vinculante da lei Se a lei vincula os atos praticados durante seu período de vigência. Fatos ocorridos durante a vigência estão submetidos à força vinculante da lei. ULTRATIVIDADE DA LEI é admitida a lei apesar de revogada, ainda assim, continua a vincular fatos ocorridos durante a sua vigência. Lei A estabelece multa de 2% Lei B revoga lei A contrato celebrado durante a vigência da lei, continua vigorando mesmo após a edição da lei B. (não tem mais vigência, mas continua tendo vigor) 3. EFICÁCIA – aptidão para produzir efeitos concretos a. eficácia social condições fáticas para produzir efeitos concretos – conexão com a realidade social (ex. crime de adultério) (se a lei “cola ou não”) (ex. todo carro deve ter seguro de R$10mil) b. eficácia técnica condições técnicas – normas que dependem de regulamentação – ex. CPC direito dos advogados púbicos a honorários de sucumbência, na forma de regulamento, ex.2. normas constitucionais de eficácia limitada. c. eficácia jurídica condições jurídicas de produzir efeitos. Em regra todas têm, desde seu surgimento no plano abstrato. Pode ser que não seja aplicada no plano social. VACATIO LEGIS – ART. 1º: Período entre a publicação da lei e sua entrada em vigor – possibilitar que a sociedade se adapte à lei. Princípio da vigência sincrônica na lei: entre em vigor no País todo simultaneamente. Antes da década de 40 – vigência gradual – RJ, MG, SP, GO... Regra: 45 dias, salvo disposição em contrário. Vigência no exterior: 3 meses, salvo disposição em contrário. Portaria/ decreto regulamentando lei entra em vigor imediatamente, pois a LINDB não se aplica atos infralegais. Publicação de EC entra em vigor imediatamente, pois a LINDB não se aplica à CF. vacatio constitutionis – é admitida, quando a própria EC prevê expressamente e o art. 34 do ADCT estabeleceu que as regras constitucionais relativas ao sistema tributário obedeceria prazo de vacatio. REVOGAÇÃO – expressa ou tácita (incompatível ou nova lei regule inteiramente a matéria) *ab-rogação– supressão total *derrogação – supressão parcial REPRISTINAÇÃO - Volta da vigência de uma lei revogada, em razão da revogação da lei revogadora. Em regra, é vedada. Salvo disposição em contrário (ordem de ressurreição). (art. 2º, p.3º, LINDB) Obs. Efeito repristinatório x repristinação: 2 correntes. 1 – são sinônimos – revogações sucessivas. 2 – STF – efeito repristinatório como inconstitucionalidade de leis. (usar a 2ª apenas quando a questão especificar – ele seria aplicado de forma automática, independente de expresso, nos casos de inconstitucionalidade de lei, não conversão de MP em lei e competência legislativa concorrente) – ex. STF declara inconstitucional a lei B, a lei A volta a ter eficácia automaticamente – efeito repristinatório. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE/PERMANÊNCIA DA LEI – ART. 2º: A Lei permanece em vigor até que haja a sua revogação, exceto leis temporárias, que perdem a eficácia com o advento do termo. *leis naturalmente temporárias – ex. leis orçamentárias PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA LEI – ART. 3º: ninguém pode alegar desconhecimento da lei – presunção de ciência da lei (é relativa, admitindo prova em contrário – ex. art. 139, III, CC – possibilidade de anulação de negócio por erro) Inescusibilidade da lei – teorias: Teoria da ficção jurídica – pressupõe que a lei a é conhecida; Teoria da presunção absoluta – a lei sendo publicada é conhecida por todos ***Teoria da necessidade social – é necessário a aplicação da lei para a consecução da harmonia social. RETROATIVIDADE Aplicação da norma a fatos anteriores. - princípio da irretroatividade das leis é que vigora, em regra, no ordenamento. Mas, art. 5º, CF e 6º, LINDB – tem efeito imediato, todavia, não pode violar os óbices constitucionais: - ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido. Obs.1: a lei nova atinge: a. Efeitos futuros e pendentes de situação jurídica anterior automaticamente, se não houver óbice constitucional. “retroatividade mínima” b. Efeitos pretéritos de uma situação jurídica anterior, desde que haja previsão expressa na nova lei e inexista óbice constitucional Exemplo: numa situação jurídica de processo em curso, suponhamos que alguém inicie uma ação sob vigor do CPC/73. A ação continua em curso até que surge o CPC/2015. Neste caso, a situação jurídica anterior à CPC/2015 será afetada por ele, já que a regra geral é esta. Contudo, o STJ estabelece uma exceção: o direito adquirido (o item que faltou ao servidor no exemplo anterior), por exemplo, se a sentença já estivesse publicada. Obs.2: o direito adquirido já abrange todos os óbices constitucionais, como a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido stricto sensu, segundo Clóvis Beviláqua. A coisa julgada é um direito adquirido em razão de uma sentença transitada e julgada; o ator jurídico perfeito é um direito adquirido em razão de um ato jurídico praticado; e direitos obtidos por alguma lei, os direitos adquiridos stricto sensu, diz ele. COISA JULGADA Uma nova lei não pode atingir coisa julgada. Há um debate sobre a flexibilização da coisa julgada por um novo processo ou ação (não é uma questão de retroatividade): a. Ações rescisórias b. Impugnação ao cumprimento de sentença ou embargos à execução (sentença inconstitucional) c. Qurella nullitatis - ação declaratória de nulidade do processo – vícios transrecisórios. d. Hipótese de direito material – ex. ação de investigação de paternidade – quando houver algum valor jurídico mais importante do que a segurança jurídica (conflito de princípios constitucionais) OBS.: há exceções sobre a retroatividade quanto à coisa julgada, por exemplo, uma lei penal mais benéfica, de acordo com a CF. Exemplo1: veremos um exemplo do último caso de exceção. Em caso de uma sentença que decrete uma pena de morte para o devedor e este réu desaparece, foge com medo do cumprimento da sentença. Seis anos após a condenação, ele é capturado e o dia da sua execução é marcado. Neste caso, seria permitida a flexibilização da coisa julgada, já que o direito à vida conjuntamente à vedação da pena de morte é mais importante que a segurança jurídica. Exemplo 2: é possível a flexibilização da coisa julgada por meio da propositura de uma nova ação de investigação de paternidade se: primeiramente, a anterior foi julgada improcedente (em caso de resultado negativo da anterior apenas pro paternidade) e, em segundo, a ação anterior fundara-se em verdade científica não mais admitida atualmente. OBS.: é possível flexibilizar a coisa julgada da ação de investigação de paternidade julgada procedente a partir de ação rescisória. Além disso, não há casos de ação investigativa de paternidade post mortem buscando a flexibilização da coisa julgada. Exemplo 2.1: imagine que, em 1970, fora julgada improcedente uma ação de investigação de paternidade fundada na falta de semelhança física. Tal fundamento não é atualmente admitido pela ciência que agora possui testes precisos de DNA. Assim, seria possível flexibilizar a coisa julgada. Exemplo 2.2: imagine que, em 1970, fora julgada improcedente uma ação de investigação de paternidade fundada na falta de compatibilidade sanguínea. Tal fundamento ainda é admitido pela ciência atual, portanto, não seria, nesse caso, admitida a flexibilização da coisa julgada. ANTINOMIAS JURÍDICAS Lei nova x Lei Anterior (válidas e oriundas de autoridade competente) Critérios: cronológico: lei posterior prevalece sobre lei anterior especialidade: lei especial prevalece sobre lei geral hierárquico: lei superior prevalece sobre lei inferior Tipos: antinomia de 1º grau: apenas 1 dos critérios antinomia de 2º grau: 2 critérios antinomia aparente: pode ser resolvida com os metacritérios o especialidade prevalece sobre cronológico o hierarquia prevalece sobre cronológico antinomia real: não se resolve com os metacritérios o geral superior prevalece x especial inferior (para Bobbio prevalece a superior – hierarquia) o P. Legislativo – edita terceira norma que direcionará a norma a ser aplicada; o P. Judiciário – “princípio máximo de justiça” – o juiz da causa escolherá qual lei adotar, observando os fins sociais, o bem comum, a dignidade da pessoa humana e os princípios da proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência. APLICAÇÃO DA LEI ESTRANGEIRA DOMICÍLIO - Princípio da territorialidade temperada/ mitigada/ moderada); - começo e fim da personalidade; - nome, capacidade e direito de família; - salvo abandono: - chefe de família – estende-se cônjuge e filhos não emancipados; - tutor/curado – estende-se incapaz/ guarda; - não tem domicílio – considera-se residência/ onde se encontre. CASAMENTO - celebrado no BR regras e impedimentos BR - entre estrangeiros PODE autoridade consular ou diplomática de AMBOS - invalidade se domicílios diversos: 1º domicílio conjulgal; - regras patrimoniais (legal ou convencional) domicílio dos nubentes ou, se diversos, 1º domicílio conjugal; - estrangeiro casado que naturalizar PODE REQUERER a comunhão parcial REQUERER no momento da naturalização + ANUÊNCIA EXPRESSA do cônjuge + MEDIANTE REGISTRO e respeitados os direitos de terceiros. DIVÓRCIO - realizado no estrangeiro – um ou ambos os cônjuges BR SÓ RECONHECIDO NO BR SE: 1 ano após sentença ou separação judicial – homologação com efeito imediato *STJ – EC66/2010 – divórcio * o STJ a requerimento PODERÁ REEXAMINAR decisões em pedido de homologação a fim de produzir todos os efeitos legais BR no estrangeiro – autoridades consulares BENS - local onde se situam - móveis que trouxer ou destinados a transporte domicílio do proprietário - bens em penhor domicílio do possuidor OBRIGAÇÕES - local em que foi constituída - celebrado no exterior para produzirefeitos no BR forma BR ADMITIDAS peculiaridades estrangeiras quanto aos requisitos extrínsecos - resultante de contrato constituída onde residir o proponente SUCESSÃO (MORTE/ AUSÊNCIA) - domicílio do defunto - bens estrangeiros no BR lei BR em benefício do cônjuge/ filhos brasileiros, observada a lei do de cujus se mais favorável - capacidade para suceder domicílio do legatário/ herdeiro SOCIEDADES E FUNDAÇÕES - local da constituição - atuar no BR aprovação dos atos constitutivos pelo BR – lei BR - Governo e suas organizações estrangeiras não podem adquirir imóveis ou suscetíveis de desapropriação - governos podem adquirir sedes para representantes diplomáticos e consulares COMPETÊNCIA BR - réu domiciliado no BR ou obrigação a ser cumprida no BR - só BR quanto a imóveis situados no BR - exequatur sentença estrangeira homologada no STJ FATOS OCORRIDOS NO EXTERIOR E PROVAS - lei estrangeira não admitindo provas que a lei BR desconheça EXECUÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA - juiz competente + declarada a revelia ou citação válida + formalidades estrangeiras + homologada STJ + não ofender coisa julgada/ ordem pública DESCONHECIMENTO DE LEI ESTRANGEIRA - juiz poderá exigir prova do texto e da vigência RETORNO - aplicada a lei estrangeira não se admitira a remissão a outra lei NÃO TERÁ EFICÁCIA - lei/ ato/ sentença/ declaração que ofenda: soberania, ordem pública, bons costumes AUTORIDADES CONSULARES - casamento, nascimento e óbito (registro civil/ tabelionato) - divórcio: - sem filhos incapazes, - partilha de bens, - pensão; - retomada ou não do nome; - assistência de advogado que NÃO ASSINARÁ a escritura.
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