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1 Direito Civil - LINDB e Parte Geral De acordo com a Lei 14.195/2021 e com a MP 1.085/2021 Edição 2022.1 CS – CIVIL I 2022 1 . CIVIL I: LINDB e PARTE GERAL APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 10 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO ................................................ 11 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 11 2. CONTEÚDO DA LINDB ......................................................................................................... 11 3. FONTES DO DIREITO ........................................................................................................... 13 FONTE FORMAL PRIMÁRIA: LEI .................................................................................. 13 FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS .............................................................................. 14 FONTES NÃO FORMAIS ............................................................................................... 15 3.3.1. Doutrina ................................................................................................................... 15 3.3.2. Jurisprudência ......................................................................................................... 15 3.3.3. Equidade ................................................................................................................. 16 3.3.4. Súmula Vinculante ................................................................................................... 17 4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA ............................................................ 17 ANALOGIA ..................................................................................................................... 18 COSTUMES ................................................................................................................... 19 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................................... 20 5. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO TEMPO ............................................ 20 INÍCIO DE VIGÊNCIA ..................................................................................................... 21 FIM DA VIGÊNCIA .......................................................................................................... 21 INTERPRETAÇÃO DO ART. 2º, §2º DA LINDB .............................................................. 22 REPRISTINAÇÃO .......................................................................................................... 23 RETROATIVIDADE DA NORMA JURÍDICA ................................................................... 23 6. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO ESPAÇO ......................................... 24 REGRA GERAL .............................................................................................................. 27 TEORIA DA TERRITORIALIDADE MODERADA OU MITIGADA .................................... 27 EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO ESTATUTO PESSOAL ................................................ 28 REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA ..................... 28 7. ANTINOMIAS JURÍDICAS OU LACUNAS DE COLISÃO ....................................................... 30 CRITÉRIOS BÁSICO ...................................................................................................... 30 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................... 30 8. NORMAS SOBRE SEGURANÇA JURÍDICA E EFICIÊNCIA NA CRIAÇÃO E NA APLICAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO ................................................................................................................ 31 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 31 DECISÃO COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS .................................. 32 MOTIVAÇÃO DEVERÁ DEMONSTRAR A NECESSIDADE E ADEQUAÇÃO ................ 34 DECISÃO QUE ACARRETE INVALIDAÇÃO DE ATO, CONTRATO, AJUSTE, PROCESSO OU NORMA ADMINISTRATIVA ........................................................................... 35 INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS SOBRE GESTÃO PÚBLICA .................................... 36 MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO E MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO ............................................................................................................................ 37 REVISÃO DEVERÁ LEVAR EM CONTA A ORIENTAÇÃO VIGENTE NA ÉPOCA DA PRÁTICA DO ATO .................................................................................................................... 38 COMPROMISSO PARA ELIMINAR IRREGULARIDADE, INCERTEZA JURÍDICA OU SITUAÇÃO CONTENCIOSA NA APLICAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO .................................... 38 IMPOSIÇÃO DE COMPENSAÇÃO ................................................................................. 39 RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO.............................................................. 39 CS – CIVIL I 2022 2 . CONSULTA PÚBLICA .................................................................................................... 43 INSTRUMENTOS PARA AUMENTAR A SEGURANÇA JURÍDICA ................................ 43 INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL ............................................................................................... 44 1. QUADRO EVOLUTIVO DO DIREITO CIVIL ........................................................................... 44 DO DIREITO ROMANO ATÉ A REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM CIVIL E PENAL ......................................................................................................................... 44 REVOLUÇÃO FRANCESA: DIVISÃO DO DIREITO EM PÚBLICO E PRIVADO ............. 44 CONSTITUIÇÃO IMPERIAL E O DIREITO CIVIL ........................................................... 44 CÓDIGO CIVIL DE 1916 E A ESTRUTURA DO DIREITO CIVIL .................................... 45 A NEUTRALIDADE E INDIFERENÇA DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS EM RELAÇÃO AO DIREITO CIVIL .................................................................................................. 46 PULVERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES PRIVADAS E A PERDA DA REFERÊNCIA ............ 46 2. CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL ................................................................... 47 CONCEITO ..................................................................................................................... 47 TÁBUA AXIOLÓGICA ..................................................................................................... 47 CONSTITUCIONALIZAÇÃO x PUBLICIZAÇÃO.............................................................. 47 DIREITO CIVIL MÍNIMO ................................................................................................. 48 3. CÓDIGO CIVIL DE 2002 E OS SEUS PARADIGMAS ........................................................... 48 SOCIALIDADE ................................................................................................................ 49 ETICIDADE .................................................................................................................... 49 OPERABILIDADE ........................................................................................................... 50 4. DISTINÇÕES ENTRE CLÁUSULAS GERAIS E CONCEITOS JURÍDICOS INDETERMINADOS ..................................................................................................................... 50 5. APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS ...... 51 6. APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS SOCIAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS .................... 527. INCIDÊNCIA DIRETA DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES PRIVADAS ....................................................................................................... 53 STATUS LEGAL ............................................................................................................. 53 STATUS CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 53 STATUS SUPRALEGAL ................................................................................................. 54 8. DIÁLOGO DAS FONTES ....................................................................................................... 54 9. CONFLITOS NORMATIVOS DO DIREITO CIVIL .................................................................. 55 PESSOA NATURAL ..................................................................................................................... 58 1. CONCEITOS INICIAIS ........................................................................................................... 58 CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO .................................................................... 58 CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO ................................................................ 58 LEGITIMAÇÃO ............................................................................................................... 58 LEGITIMIDADE .............................................................................................................. 59 PERSONALIDADE ......................................................................................................... 59 2. INÍCIO DA PERSONALIDADE ............................................................................................... 59 TEORIAS EXPLICATIVAS DO NASCITURO .................................................................. 60 2.1.1. Teoria Natalista ........................................................................................................ 60 2.1.2. Teoria da Personalidade Condicionada ................................................................... 60 2.1.3. Teoria Concepcionista ............................................................................................. 60 3. TEORIA DAS INCAPACIDADES ........................................................................................... 64 PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 64 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA ......... 64 INCAPACIDADE ABSOLUTA ......................................................................................... 67 INCAPACIDADE RELATIVA ........................................................................................... 68 4. EMANCIPAÇÃO .................................................................................................................... 70 CS – CIVIL I 2022 3 . VOLUNTÁRIA ................................................................................................................. 70 JUDICIAL ........................................................................................................................ 71 LEGAL ............................................................................................................................ 72 5. EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL ...................................................................................... 73 AUSÊNCIA ..................................................................................................................... 75 MORTE PRESUMIDA: OUTRAS HIPÓTESES ............................................................... 78 COMORIÊNCIA .............................................................................................................. 79 DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................................ 80 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ................................................................................................. 80 IMPORTÂNCIA DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE ................................................ 80 DIFERENÇAS ENTRE PERSONALIDADE E CAPACIDADE .......................................... 80 2. CLÁUSULA GERAL DE PROTEÇÃO À PERSONALIDADE .................................................. 81 3. TÉCNICA DE PONDERAÇÃO ............................................................................................... 82 4. DIREITOS DE PERSONALIDADE VERSUS LIBERDADES PÚBLICAS ................................ 84 5. MOMENTO AQUISITIVO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................................ 84 6. MOMENTO EXTINTIVO DOS DIREITOS DE PERSONALIDADE ......................................... 85 7. FONTES DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................. 88 8. DIREITOS DA PERSONALIDADE A PESSOA JURÍDICA ..................................................... 88 9. CONFLITO ENTRE DIREITOS DA PERSONALIDADE E LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ........................................................................................................................................ 89 10. DIREITOS DA PERSONALIDADE E AS PESSOAS PÚBLICAS (CELEBRIDADES) .......... 91 11. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................................... 92 12. TUTELA JURÍDICA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................. 93 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 93 TUTELA PREVENTIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE .................................... 94 12.2.1. Considerações ......................................................................................................... 94 12.2.2. Espécies de tutela específica ................................................................................... 95 12.2.3. Mandado de distanciamento .................................................................................... 95 12.2.4. Possibilidade de prisão ............................................................................................ 96 TUTELA REPRESSIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................... 96 TUTELA JURÍDICA COLETIVA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ....................... 98 13. DIREITOS DE PERSONALIDADE À INTEGRIDADE FÍSICA ............................................. 98 TUTELA JURÍDICA DO CORPO VIVO ........................................................................... 98 TUTELA JURÍDICA DO CORPO MORTO .................................................................... 100 LIVRE CONSENTIMENTO INFORMADO (AUTONOMIA DO PACIENTE) ................... 101 14. DIREITO À HONRA.......................................................................................................... 102 15. DIREITO AO NOME CIVIL ............................................................................................... 102 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................... 102 ESCOLHA DO NOME ................................................................................................... 103 ESCOLHA FEITA PELOS PAIS .................................................................................... 103 ELEMENTOS COMPONENTES ................................................................................... 104 IMUTABILIDADE RELATIVA ........................................................................................ 105 16. DIREITO À IMAGEM ........................................................................................................ 106 17. DIREITO À PRIVACIDADE .............................................................................................. 109 PESSOA JURÍDICA ....................................................................................................................110 1. CONCEITO .......................................................................................................................... 110 2. TEORIAS EXPLICATIVAS ................................................................................................... 110 TEORIA NEGATIVISTA ................................................................................................ 110 TEORIA AFIRMATIVISTA ............................................................................................. 110 2.2.1. Teoria da ficção (Savigny) ..................................................................................... 110 CS – CIVIL I 2022 4 . 2.2.2. Teoria da realidade objetiva ou organacionista (Clóvis Beviláqua) ......................... 111 2.2.3. Teoria da realidade técnica (Ferrara) ..................................................................... 111 3. PRESSUPOSTOS EXISTENCIAIS ...................................................................................... 111 4. PERSONIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ...................................................................... 111 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 112 SOCIEDADES DESPERSONIFICADAS ....................................................................... 112 ENTES DESPERSONALIZADOS ................................................................................. 113 5. AUTONOMIA PATRIMONIAL .............................................................................................. 114 6. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO .................................................................. 115 7. FUNDAÇÕES ...................................................................................................................... 116 FUNDAÇÕES DE DIREITO PÚBLICO .......................................................................... 116 FUNDAÇÕES DE DIREITO PRIVADO ......................................................................... 116 FINALIDADE ................................................................................................................ 117 ETAPAS PARA CONSTITUIÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO ........ 117 FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES ............................................................................. 118 ALTERAÇÃO DO ESTATUTO ...................................................................................... 119 8. SOCIEDADES ..................................................................................................................... 119 CONCEITO ................................................................................................................... 119 ESPÉCIES .................................................................................................................... 120 9. ASSOCIAÇÕES ................................................................................................................... 121 CONSIDERAÇÕES ...................................................................................................... 121 O ESTATUTO DAS ASSOCIAÇÕES ............................................................................ 122 ASSEMBLEIA GERAL .................................................................................................. 122 DISSOLUÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ................................................................................ 122 EXCLUSÃO DO ASSOCIADO ...................................................................................... 123 10. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................................................................ 123 CONVENCIONAL ......................................................................................................... 123 ADMINISTRATIVA ........................................................................................................ 123 JUDICIAL ...................................................................................................................... 123 11. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA............................................................... 123 HISTÓRICO .................................................................................................................. 124 CONCEITO ................................................................................................................... 124 DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONALIZAÇÃO ...................................................... 124 DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONALIZAÇÃO X CORRESPONSABILIDADE X SOLIDARIEDADE ................................................................................................................... 124 REQUISITOS DA DESCONSIDERAÇÃO ..................................................................... 125 11.5.1. Benefício direito ou indireto .................................................................................... 126 11.5.2. Desfio de finalidade ............................................................................................... 126 11.5.3. Confusão patrimonial ............................................................................................. 126 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA ................................................................................. 127 DESCONSIDERAÇÃO E GRUPOS ECONÔMICOS..................................................... 127 DOMICÍLIO ................................................................................................................................. 128 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 128 2. MUDANÇA DE DOMICÍLIO ................................................................................................. 129 3. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA ................................................................................... 129 4. CLASSIFICAÇÃO DO DOMICÍLIO ....................................................................................... 130 DOMICÍLIO VOLUNTÁRIO ........................................................................................... 130 DOMICÍLIO LEGAL OU NECESSÁRIO ........................................................................ 130 4.2.1. Domicílio do Incapaz .............................................................................................. 130 CS – CIVIL I 2022 5 . 4.2.2. Domicílio do Servidor Público ................................................................................ 131 4.2.3. Domicílio do Militar ................................................................................................ 131 4.2.4. Domicílio do Marítimo (marinha mercante) ............................................................. 131 4.2.5. Preso ..................................................................................................................... 131 DOMICÍLIO DE ELEIÇÃO ............................................................................................. 131 BENS JURÍDICOS ...................................................................................................................... 132 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 132 2. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS JURÍDICOS ......................................................................... 132 QUANTO À TANGIBILIDADE ....................................................................................... 132 2.1.1. Corpóreos, materiais ou tangíveis .......................................................................... 132 2.1.2. Incorpóreos, imateriais ou intangíveis .................................................................... 133 QUANTO À MOBILIDADE ............................................................................................ 133 2.2.1. Bens imóveis......................................................................................................... 133 2.2.2. Bens móveis .......................................................................................................... 136 QUANTO À FUNGIBILIDADE ....................................................................................... 137 2.3.1. Bens fungíveis ....................................................................................................... 137 2.3.2. Bens infungíveis .................................................................................................... 137 QUANTO À CONSUNTIBILIDADE ............................................................................... 138 2.4.1. Bens consumíveis .................................................................................................. 138 2.4.2. Bens inconsumíveis ............................................................................................... 138 2.4.3. Exemplos ............................................................................................................... 138 QUANTO À DIVISIBILIDADE ........................................................................................ 139 2.5.1. Bens divisíveis ....................................................................................................... 139 2.5.2. Bens indivisíveis .................................................................................................... 139 QUANTO À INDIVIDUALIDADE ................................................................................... 140 2.6.1. Bens singulares ..................................................................................................... 140 2.6.2. Bens coletivos ou universalidades ......................................................................... 140 QUANTO À DEPENDÊNCIA ........................................................................................ 140 2.7.1. Bens principais (ou independentes) ....................................................................... 140 2.7.2. Bens acessórios (ou dependentes) ........................................................................ 140 QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO .......................................................................... 142 2.8.1. Bens particulares ou privados ................................................................................ 143 2.8.2. Bens públicos ou do Estado ................................................................................... 143 3. BEM DE FAMÍLIA ................................................................................................................ 144 HISTÓRICO .................................................................................................................. 144 BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO ................................................................................. 145 3.2.1. Noções gerais ........................................................................................................ 145 3.2.2. Inalienabilidade relativa ......................................................................................... 145 3.2.3. Impenhorabilidade limitada .................................................................................... 145 3.2.4. Teto para o bem de família voluntário .................................................................... 146 3.2.5. Afetação de valores mobiliários ao bem de família voluntário ................................ 146 3.2.6. Administração do bem de família voluntário. Art. 1720 do CC ................................ 146 3.2.7. Extinção do bem de família voluntário. Art. 1721 e 1722 do CC ............................. 147 BEM DE FAMÍLIA LEGAL ............................................................................................. 147 3.3.1. Previsão legal ........................................................................................................ 147 3.3.2. Impenhorabilidade ................................................................................................. 147 3.3.3. Exceções à impenhorabilidade .............................................................................. 148 BEM DE FAMÍLIA E NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ................................................... 152 CS – CIVIL I 2022 6 . TEORIA DO FATO JURÍDICO .................................................................................................... 155 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 155 SUPORTE FÁTICO ...................................................................................................... 155 1.1.1. Suporte fático hipotético ou abstrato ...................................................................... 155 1.1.2. Suporte fático concreto .......................................................................................... 155 1.1.3. Suporte fático constituído de elementos positivos .................................................. 155 1.1.4. Suporte fático constituído de elementos negativos................................................. 155 A FENOMENOLOGIA DA JURIDICIZAÇÃO ................................................................. 156 1.2.1. Como ocorre a juridicização ................................................................................... 156 1.2.2. Suporte fático deficiente ........................................................................................ 156 CONSEQUÊNCIAS DA INCIDÊNCIA ........................................................................... 157 1.3.1. Juridicização .......................................................................................................... 157 1.3.2. Pré-exclusão de juridicidade .................................................................................. 157 1.3.3. Invalidação ............................................................................................................ 157 1.3.4. Deseficacização..................................................................................................... 157 1.3.5. Desjuridicização ..................................................................................................... 157 2. PLANOS DOS FATOS JURÍDICOS: UMA VISÃO GERAL .................................................. 158 PLANO DA EXISTÊNCIA .............................................................................................. 158 PLANO DA VALIDADE ................................................................................................. 158 PLANO DA EFICÁCIA .................................................................................................. 158 3. CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS: FATO JURÍDICO LATO SENSU ................... 159 ESQUEMA GRÁFICO1 (MELLO) ................................................................................. 159 ESQUEMA GRÁFICO2 (STOLZE) ................................................................................ 160 FATO JURÍDICO STRICTO SENSU ............................................................................. 160 3.3.1. Ordinário ................................................................................................................ 160 3.3.2. Extraodinário ......................................................................................................... 160 ATO-FATO JURÍDICO .................................................................................................. 161 3.4.1. Espécies de ato-fato jurídico .................................................................................. 161 ATO JURÍDICO LATO SENSU ..................................................................................... 162 3.5.1. Noções gerais ........................................................................................................162 3.5.2. Espécies de atos jurídicos ..................................................................................... 162 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU ............................................................................... 163 3.6.1. Noções gerais ........................................................................................................ 163 3.6.2. Classificação dos atos jurídicos stricto sensu ........................................................ 163 NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................... 164 3.7.1. Noções gerais ........................................................................................................ 164 3.7.2. Classes de negócios jurídicos ................................................................................ 164 3.7.3. Elementos constitutivos do negócio jurídico ........................................................... 167 FATO/ATO ILÍCITO ...................................................................................................... 167 TEORIA DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................................. 168 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 168 2. PLANO DE EXISTÊNCIA ..................................................................................................... 168 MANIFESTAÇÃO DE VONTADE .................................................................................. 168 AGENTE ....................................................................................................................... 168 OBJETO ....................................................................................................................... 168 FORMA......................................................................................................................... 168 3. PLANO DE VALIDADE ........................................................................................................ 169 CONCEITO E PRESSUPOSTOS ................................................................................. 169 OBSERVAÇÕES .......................................................................................................... 170 CS – CIVIL I 2022 7 . PECULIARIDADES QUANTO AO PRESSUPOSTO DE VALIDADE “FORMA”............... 170 4. PLANO DE EFICÁCIA ......................................................................................................... 172 5. TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................... 172 TEORIA VOLUNTARISTA (DA VONTADE) .................................................................. 172 TEORIA OBJETIVA (DA DECLARAÇÃO) ..................................................................... 173 6. INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS .............................................................. 173 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ........................................................................................ 175 1. DISPOSIÇÃO DA MATÉRIA ................................................................................................ 175 2. ERRO .................................................................................................................................. 175 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ............................................................................. 175 ERRO X VÍCIO REDIBITÓRIO ..................................................................................... 177 ESQUEMA SOBRE ERRO ........................................................................................... 177 3. DOLO .................................................................................................................................. 178 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ............................................................................. 178 DOLO NEGATIVO ........................................................................................................ 179 DOLO BILATERAL ....................................................................................................... 179 DOLO DE TERCEIROS ................................................................................................ 179 DOLO DO REPRESENTANTE LEGAL OU CONVENCIONAL ..................................... 179 ESQUEMA .................................................................................................................... 179 4. COAÇÃO ............................................................................................................................. 180 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ............................................................................. 180 COAÇÃO DE TERCEIROS ........................................................................................... 180 5. LESÃO ................................................................................................................................. 181 CONCEITO E PREVISÃO LEGAL ................................................................................ 181 REQUISITOS................................................................................................................ 182 LESÃO X TEORIA DA IMPREVISÃO ........................................................................... 183 LESÃO CONSUMERISTA ............................................................................................ 183 6. ESTADO DE PERIGO ......................................................................................................... 183 7. SIMULAÇÃO ........................................................................................................................ 185 CONCEITO ................................................................................................................... 185 ESPÉCIES .................................................................................................................... 186 7.2.1. Simulação absoluta ............................................................................................... 186 7.2.2. Simulação relativa (dissimulação) .......................................................................... 186 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ................................................................................ 187 8. FRAUDE CONTRA CREDORES ......................................................................................... 188 CONCEITO ................................................................................................................... 188 HIPÓTESES LEGAIS ................................................................................................... 188 8.2.1. Negócio de transmissão gratuita de bens (art. 158) ............................................... 188 8.2.2. Perdão fraudulento (remissão fraudulenta de dívida, art. 158) ............................... 189 8.2.3. Negócio jurídico fraudulento oneroso (art. 159 CC) ............................................... 189 8.2.4. Antecipação fraudulenta de pagamento feita a um dos credores quirografários (art. 162 CC) 189 8.2.5. Outorga fraudulenta de garantia de dívida (art. 163 CC) ........................................ 190 AÇÃO E LEGITIMIDADE NA FRAUDE CONTRA CREDORES .................................... 190 NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA NA AÇÃO PAULIANA .................................... 191 CONSIDERAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA AÇÃO PAULIANA À LUZ DA TEORIA DA AÇÃO – DIREITOS POTESTATIVOS, AÇÕES CONSTITUTIVAS .......................................... 191 9. RESUMO DOS VÍCIOS NO NEGÓCIO JURÍDICO .............................................................. 192 PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO ....................................................................... 194 CS – CIVIL I 2022 8. 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 194 2. CONDIÇÃO ......................................................................................................................... 194 CONCEITO ................................................................................................................... 194 2.1.1. Futuridade ............................................................................................................. 194 2.1.2. Incerteza ................................................................................................................ 194 CLASSIFICAÇÃO DA CONDIÇÃO ............................................................................... 195 2.2.1. Quanto ao modo de atuação .................................................................................. 195 2.2.2. Quanto à licitude .................................................................................................... 196 2.2.3. Quanto a origem .................................................................................................... 198 3. TERMO ................................................................................................................................ 198 CONCEITO ................................................................................................................... 198 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 199 4. MODO OU ENCARGO ........................................................................................................ 200 5. CONDIÇÃO x TERMO x ENCARGO ................................................................................... 200 TEORIA DAS INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................ 202 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 202 2. NULIDADE ABSOLUTA ....................................................................................................... 202 ANÁLISE DO ART. 166 CC .......................................................................................... 202 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE ABSOLUTA ........................................................ 203 2.2.1. Declaração de ofício. Legitimidade ........................................................................ 203 2.2.2. Confirmação .......................................................................................................... 204 2.2.3. Efeito ex tunc ......................................................................................................... 204 3. NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE) ......................................................................... 204 PREVISÃO LEGAL ....................................................................................................... 204 CARACTERÍSTICAS DA NULIDADE RELATIVA .......................................................... 205 3.2.1. Impossibilidade de declaração de ofício. Legitimidade ........................................... 205 3.2.2. Prazo decadencial ................................................................................................. 205 3.2.3. Confirmação .......................................................................................................... 206 3.2.4. Eficácia ex tunc ...................................................................................................... 206 ATO ILÍCITO ............................................................................................................................... 208 1. NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................... 208 CONCEITO E EVOLUÇÃO ........................................................................................... 208 SÍNTESE ...................................................................................................................... 208 2. EFEITOS DA ILICITUDE (CIVIL) ......................................................................................... 209 EFEITO INDENIZANTE ................................................................................................ 209 EFEITO CADUCIFICANTE ........................................................................................... 209 EFEITO INVALIDANTE ................................................................................................ 209 EFEITO AUTORIZANTE ............................................................................................... 210 OUTROS EFEITOS ...................................................................................................... 211 3. ELEMENTOS DO ATO ILÍCITO ........................................................................................... 211 4. ESPÉCIES (MODELOS) DE ATO ILÍCITO........................................................................... 212 ATO ILÍCITO SUBJETIVO ............................................................................................ 212 ATO ILÍCITO OBJETIVO (ABUSO DE DIREITO OU ILÍCITO IMPRÓPRIO) ................. 213 SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO .............................................................. 215 4.3.1. Venire contra factum proprium (teoria dos atos próprios) ....................................... 215 4.3.2. Supressio (Verwirkung) e Surrectio (erwirkung) ..................................................... 215 4.3.3. “Tu quoque” e “Cláusula de Estoppel” ............................................................................. 216 4.3.4. Duty to mitigate the loss (dever de mitigar o dano)................................................. 217 CS – CIVIL I 2022 9 . 4.3.5. Substancial performance (adimplemento substancial, inadimplemento mínimo, adimplemento fraco ou ruim) ................................................................................................ 217 4.3.6. Violação positiva do contrato (violação de deveres anexos) .................................. 218 5. EXCLUDENTES DA ILICITUDE (art. 188 do CC) ................................................................ 218 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ................................................................................................. 220 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 220 2. FUNDAMENTO ................................................................................................................... 222 3. PRESCRIÇÃO/DECADÊNCIA X DIFERENTES TIPOS DE DIREITOS ............................... 222 DIREITOS SUBJETIVOS (DIREITOS A UMA PRESTAÇÃO) ....................................... 222 DIREITOS POTESTATIVOS ......................................................................................... 223 4. PRESCRIÇÃO ..................................................................................................................... 223 CONCEITO ................................................................................................................... 223 INÍCIO DO PRAZO PRESCRICIONAL.......................................................................... 223 CARACTERÍSTICAS DA PRESCRIÇÃO ...................................................................... 225 4.3.1. Admissibilidade de renúncia .................................................................................. 225 4.3.2. Reconhecimento em qualquer tempo ou grau de jurisdição ................................... 226 4.3.3. Possibilidade de ser reconhecida de ofício ............................................................ 226 4.3.4. Exceção prescreve junto com a pretensão ............................................................. 227IMPEDIMENTO, SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO ......................... 227 4.4.1. Hipóteses de impedimento e suspensão ................................................................ 228 4.4.2. Hipóteses de interrupção da prescrição ................................................................. 230 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE ............................................................................... 231 4.5.1. Considerações iniciais ........................................................................................... 231 4.5.2. Conceito ................................................................................................................ 232 4.5.3. Prescrição intercorrente na execução fiscal ........................................................... 232 4.5 4. Prescrição intercorrente nas execuções distintas da fiscal, na vigência do CPC/1973 233 4.5.5. Prescrição intercorrente nas execuções fundadas em título extrajudicial, distintas da fiscal, na vigência do CPC/2015 .......................................................................................... 234 4.5.6. Prescrição intercorrente no cumprimento da sentença ........................................... 234 4.5.7. Prescrição intercorrente e processo de conhecimento paralisado .......................... 235 4.5.8. Art. 206-A promoveu alteração na ordem jurídica? ................................................ 236 PRESCRIÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ......................................................... 236 5. DECADÊNCIA ..................................................................................................................... 237 CONCEITO ................................................................................................................... 237 ESPÉCIES .................................................................................................................... 237 CARACTERÍSTICAS .................................................................................................... 237 CS – CIVIL I 2022 10 . APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno Direito Civil I possui como base as aulas do Prof. Flávio Tartuce (G7), do Prof. Cristiano Chaves (CERS) e do Prof. Pablo Stolze (LFG). Com o intuito de deixar o material mais completo, utilizados as seguintes fontes complementares: a) Manual de Direito Civil – Volume Único 2021 (Rodolfo Pamplona Filho e Pablo Stolze Gagliano); b) Manual de Direito Civil – Volume Único 2018 (Cristiano Chaves). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS – CIVIL I 2022 11 LINDB Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Indaga-se: era realmente necessário que a nomenclatura fosse alterada? Para Tartuce e doutrina majoritária, a alteração no nome justifica-se, tendo em vista que a Lei de Introdução não é dirigida apenas ao Direito Civil (privado), mas a todos os ramos do Direito. A Lei de Introdução, por exemplo, traz as regras básicas do Direito Internacional Público e Privado, por isso também é conhecida como “Estatuto do Direito Internacional”. . LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Inicialmente, destaca-se que LINDB está positivada no Decreto-Lei 4.657/1942, trata-se de uma norma de sobredireito, ou seja, uma norma sobre normas (lex legum). A LINDB é dirigida a “atores específicos” (legislador e aplicador do direito), justamente por isso se diferencia das demais leis que são dirigidas a todos (generalidade). Observe o teor dos arts. 4º e 5º da LINDB: Antes de 2010, a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) era chamada de Lei de Introdução ao Código Civil. A Lei 12.376/2010 alterou sua nomenclatura com o intuito de esclarecer que o Decreto-Lei 4.657/1942 aplica-se a todo o ordenamento jurídico e não apenas ao Direito Civil. Ademais, a Lei 13.655/2018 introduziu os arts. 20 a 30, consagrando regras de julgamento para a esfera do Direito Público. De acordo com Tartuce, tal fato provocou um distanciamento ainda maior do Direito Privado, confirmando que a LINDB é dirigida a todo o ordenamento jurídico. Portanto, perceba que a Lei de Introdução nunca fez parte do Código Civil de 1916 e tampouco do Código Civil de 2002, é um diploma legal multidisciplinar que se aplica universalmente a qualquer ramo do direito. Logo, um código geral sobre a elaboração e aplicação das normas jurídicas, possuindo como objetivo a elaboração, a vigência e a aplicação de leis. 2. CONTEÚDO DA LINDB CS – CIVIL I 2022 12 . Formas de integração da norma jurídica Regras de aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço LINDB Fontes do Direito Regras de Direito Internacional Público e Privado Regras de Direito Público A LINDB possui a seguinte estrutura: CS – CIVIL I 2022 13 Primária LEI - civil law Formais (constam na LINDB) Súmula Vinculante** Analogia FONTES DO DIREITO Secundária (na falta da lei) Costumes Doutrina Princípios Gerais do Direito Informais (não constam na LINDB) Jurisprudência Equidade Obs.: a ideia de Kelsen de que a lei é um imperativo sancionador está superada, nem toda norma jurídica impõe uma sanção. Por exemplo, a CF/88 consagra inúmeros dispositivos sem sanção (art. 226 da CF). . 3. FONTES DO DIREITO A LINDB contempla a visão clássica das fontes de direito. A expressão “fonte”, de acordo com a doutrina civilista, possui dois sentidos: origem (“vem de onde” – Maria Helena Diniz e Pablo Stolze) e manifestações jurídicas (“formas de expressão do direito” – Rubens Limongi França). Aqui, analisaremos os dois sentidos. FONTE FORMAL PRIMÁRIA: LEI A Lei é uma norma jurídica (norma agendi). Trata-se, conforme os ensinamentos dos Professores Golfredo Telles Jr. e Maria Helena Diniz, de um imperativo autorizante. • É considerada um imperativo porque emana de autoridade competente, sendo dirigida a todos (generalidade, vigência sincrônica); • É considerada autorizante porque autoriza ou não autoriza condutas. Além de ser imperativa e autorizante, a norma jurídica é dotada de obrigatoriedade, conforme se observa pela redação do art. 3º da LINDB. Desta forma, ninguém poderá deixar de cumprir a lei alegando não a conhecer. Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Acerca da obrigatoriedade da lei hána doutrina três correntes. Vejamos: CS – CIVIL I 2022 14 Obs.: Não confundir SUBSUNÇÃO (aplicação direta da lei) com INTEGRAÇÃO (método em que o julgador supre as lacunas da lei, aplicando as ferramentas do art. 4º da LINDB: analogia, costumes e princípios gerais do direito). Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. . 1ª C – Teoria da Ficção: a lei trouxe uma ficção de que todos possuem conhecimento sobre a existência das leis; 2ª C – Teoria da Presunção: há uma presunção de que todos conhecem as leis; 3ª C – Teoria da Necessidade Social: há uma necessidade social de que todos conheçam as leis (PREVALECE). De acordo com Zeno Veloso: “o legislador não seria estúpido de pensar que todos conheçam as leis. Num país em que há excesso legislativo, uma superprodução de leis que a todos atormenta assombra e confunde, sem contar o número enormíssimo de medidas provisórias, presumir que todas as leis são conhecidas por todos”. Importante consignar que a regra da obrigatoriedade (art. 3º da LINDB) não é absoluta, a exemplo do art. 139, II do CC que permite a anulação de negócio jurídico por erro de direito. Por fim, no que tange à classificação das leis, a mais relevante delas é a que considera sua força obrigatória. • As normas cogentes (ou de ordem pública) são aquelas que atendem mais diretamente ao interesse geral, merecendo aplicação obrigatória, eis que são dotadas de imperatividade absoluta. As partes não podem, mediante convenção, ilidir a incidência de uma norma cogente. Exemplo: normas relacionadas com os direitos da personalidade (arts. 11 a 21 do CC), com os direitos pessoais de família, com a nulidade absoluta dos negócios jurídicos e com a função social da propriedade e dos contratos (art. 2.035, parágrafo único, CC). • As normas dispositivas (também chamadas supletivas, interpretativas ou de ordem privada) são aquelas que interessam somente aos particulares, podendo ser afastadas por disposição de vontade. Tais normas funcionam no silêncio dos contratantes, suprindo-o. FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS A analogia, ao lado dos costumes e dos princípios gerais do direito, é uma fonte secundária, tendo em vista que são aplicados apenas nos casos em que há falta de lei, ou seja, quando a lei for omissa (lacuna normativa). Segundo Maria Helena Diniz, são ferramentas de correção do sistema, possuindo ligação com a vedação do não julgamento (non liquet). Em outras palavras, não pode o juiz deixar de julgar a ação sob a alegação de lacuna, nos termos no art. 140 do CPC/15. CPC CS – CIVIL I 2022 15 Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Indaga-se: a ordem do art. 4º da LINDB (analogia, costumes e princípios gerais do direito) deve ser rigorosamente obedecida? Não há consenso. 1ª C (Beviláqua, WB Monteiro e Maria Helena Diniz) – a ordem deve ser obedecida. Assim, diante da omissão da lei, primeiro utiliza-se a analogia, depois os costumes e, por fim, os princípios gerais do direito. 2ª C (Zeno Veloso, Tepedino, Daniel Sarmento) – visão contemporânea entende que não é necessária a obediência à ordem do art. 4º da LINDB, tendo em vista que os princípios constitucionais possuem prioridade de aplicação. Fundamentam seu entendimento no art. 5º da CF e no art. 8º do CPC. Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: (...) § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: . FONTES NÃO FORMAIS 3.3.1. Doutrina Consiste na interpretação do direito feita por estudiosos, a exemplo de dissertações de mestrados, teses de mestrados, manuais, cursos, tratados e os enunciados do CJF aprovados nas Jornadas de Direito Civil (JDC). 3.3.2. Jurisprudência É o conjunto de decisões dos tribunais, ou uma série de decisões similares sobre uma mesma matéria. Pode ser considerada o próprio “direito ao vivo”, cabendo-lhe o papel de preencher lacunas do ordenamento nos casos concretos. ATENÇÃO: o Código de Processo Civil de 2015 valorizou sobremaneira a jurisprudência, que passou a ter força vinculativa. Há um caminhar para common law CS – CIVIL I 2022 16 CPC/2015 Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. . I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 3.3.3. Equidade Pode ser conceituada como sendo o uso do bom-senso, a justiça do caso particular, mediante a adaptação razoável da lei ao caso concreto. Segundo o art. 140, parágrafo único do CPC, o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Na visão clássica do Direito Civil (WB Monteiro e Maria Helena Diniz), a equidade era tratada não como um meio de suprir a lacuna da lei, mas sim como um mero meio de auxiliar nessa missão. Portanto, não seria fonte não formal. Todavia, entende TARTUCE que, no sistema contemporâneo privado, a equidade deve ser considerada fonte informal ou indireta do direito. Isso porque o CC/02 adota um sistema de CS – CIVIL I 2022 17 LINDB Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. CPC - Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico,o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. MPE/GO (2019): O entendimento de que, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, não constitui norma formal no Direito Brasileiro, mas um princípio norteador da atuação do magistrado. Errado, tratar-se de norma formal expressa no ordenamento jurídico brasileiro, prevista no art. 4º da LINDB . cláusulas gerais, pelo qual o aplicador do Direito, por diversas vezes, é convocado a preencher “janelas abertas” deixadas pelo legislador, de acordo com a equidade, o bom senso. 3.3.4. Súmula Vinculante De acordo com o Prof. Flávio Tartuce, a SV é uma fonte formal pois está prevista na Constituição Federal. Contudo, é uma fonte sui generis, eis que está em uma posição intermediária entre a fonte primária e as fontes secundárias. 4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Estão previstas no art. 4º da LINDB. Integrar significa colmatar, preencher lacunas. A integração da norma é a atividade pela qual o juiz complementa a norma, sua necessidade surge porque o legislador não tem como prever todas as situações possíveis no mundo fático. Veja como foi cobrado: Havendo lacuna, o juiz está obrigado a promover a integração da norma; colmatará o vazio. Além disso, como se presume que o juiz conhece todas as leis, basta que a parte narre o fato (narra- se o fato que eu te darei o direito – iura novit curiae). Exceções: o juiz pode determinar à parte interessada que faça prova da EXISTÊNCIA e VIGÊNCIA da lei alegada em 4 hipóteses: direito municipal, direito estadual, direito estrangeiro e direito consuetudinário. Alexandre Câmara alerta que o juiz só pode mandar a parte fazer prova de direito municipal e estadual que não seja de sua jurisdição. Caso contrário, ou seja, se o direito municipal ou estadual for do local de sua jurisdição, o juiz não poderá determinar que a parte faça prova porque se presume que ele conheça a lei. CS – CIVIL I 2022 18 Analogia legis Analogia iuris . Espécies de Lacunas (Maria Helena Diniz) Lacuna normativa Lacuna ontológica Lacuna axiológica Lacuna de conflito ou antinomia Ausência total de norma para um caso concreto Presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social Presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta Choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto ANALOGIA Trata-se da aplicação de uma norma jurídica próxima (analogia legal ou legis) ou de um conjunto de normas próximas (analogia jurídica ou iuris), não havendo lei para o caso concreto. Cita-se, como exemplo, a aplicação das regras do casamento para a união estável. • Aplicação de um único artigo configura analogia legal; • Aplicação de mais de um artigo configura analogia iuris. A analogia não se confunde com a interpretação extensiva, observe o quadro comparativo: ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA Outra norma jurídica é aplicada, além da sua previsão originária. O sentido da norma jurídica é ampliado. Integração Subsunção Imagine o seguinte caso hipotético, edita-se uma norma jurídica que prevê que em determinada ciclovia só poderá circular bicicletas verdes. O juiz compara o caso, sem previsão legal, com todo o sistema jurídico. A lacuna será integrada por meio da comparação de uma situação não prevista em lei com os valores do sistema e não com um dispositivo legal. O juiz compara um caso, não previsto em lei, com uma hipótese contemplada na legislação. A lacuna será integrada comparando-se uma situação atípica (não prevista em lei) com outra situção especificamente prevista na legislação (típica) CS – CIVIL I 2022 19 Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. . A lei é interpretada permitindo que também circulem skate. A lei é interpretada permitindo que também circulem na ciclovia bicicletas das cores azuis, rosas, vermelhas, brancas. Note que lei que previa a circulação de bicicletas foi utilizada para a circulação de skate. Portanto é caso de analogia Perceba que o objeto é o mesmo (bicicleta) apenas ampliou-se o seu alcance. Por isso, é caso de interpretação extensiva. COSTUMES Os costumes podem ser conceituados como sendo as práticas e usos reiterados, com conteúdo lícito e relevância jurídica. Formam-se paulatinamente, de forma quase imperceptível, até o momento em que aquela prática reiterada é tida por obrigatória. Note-se que nem todo uso é costume, já que o costume é um uso considerado juridicamente obrigatório. Para tanto, exige-se que o costume seja geral, ou seja, largamente disseminado no meio social, ainda que setorizado numa parcela da sociedade. Exige-se, ainda, que o costume tenha certo lapso de tempo, pois deve constituir-se em hábito arraigado, bem estabelecido. Por fim, o costume deve ser constante, repetitivo na parcela da sociedade que o utiliza. Para converter-se em fonte do direito, dois requisitos são imprescindíveis: um de ordem objetiva (o uso, a exterioridade do instituto), outro de ordem subjetiva (a consciência coletiva de que aquela prática é obrigatória). É este último aspecto que distingue o costume de outras práticas reiteradas, de ordem moral ou religiosa, ou de simples hábitos sociais. SECUNDUM LEGEM PRAETER LEGEM CONTRA LEGEM Há referência expressa aos costumes no texto legal, razão pela qual não se fala em integração, mas sim em subsunção, eis que a própria norma jurídica é aplicada. Costume integrativo, serve para preencher lacunas quando a lei for omissa Opõe-se ao dispositivo de uma lei e, para a maioria dos doutrinadores, não pode ser admitido, por gerar a instabilidade do sistema. Salvo se a lei contrariada tiver caído em dessuetudo (maioria não admite). Art. 187 do CC Cheque pós-datado Norma que proíbe o jogo do bicho O art. 113, caput, do CC prevê que os negócios jurídicos devem ser interpretados de acordo com os costumes. Observe: CS – CIVIL I 2022 20 Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. . PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO Não há consenso na doutrina sobre o que seriam os “princípios gerais de direito”. Para SÍLVIO RODRIGUES, trata-se das normas que orientam o legislador na elaboração da sistemática jurídica, ou seja, aqueles princípios que, baseados na observação sociológica e tendo por escopo regular os interesses conflitantes, impõem-se, inexoravelmente, como uma necessidade da vida do homem em sociedade. Para MARIA HELENA DINIZ, os princípios são cânones que não foram ditados, explicitamente, pelo elaborador da norma, mas que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. Já para NELSON NERY JR, trata-se de regras de conduta que não se encontram positivadas no sistema normativo, mas norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou do negócio jurídico. LIMONGIDE FRANÇA entende que são regramentos básicos aplicáveis a determinado instituto jurídico, sendo abstraído das normas, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. Podem ser expressos ou implícitos. Exemplos de princípios gerais implícitos em nosso sistema: “ninguém pode valer-se da própria torpeza” e “a boa-fé se presume”. Além disso, com a CF/88 alguns princípios gerais de direito passaram a ter status constitucional, tendo prioridade de aplicação, mesmo quando há lei específica sobre a matéria. São exemplos: • Dignidade humana (art. 1º, III da CF); • Solidariedade social (art. 3º, I da CF); • Isonomia ou igualdade matéria (art. 5º, caput da CF). 5. REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA NO TEMPO Estão previstas no art. 6º da LINDB. Vejamos: A expressão “a lei entra em vigor” refere-se à vigência da lei, que deverá observar os requisitos de três planos da juridicidade, quais sejam: • Existência CS – CIVIL I 2022 21 PUBLICAÇÃO LAPSO TEMPORAL (vacatio legis) VIGÊNCIA Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. MPE/GO (2019): Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada, contudo, nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. Correto! . • Validade – requisitos formais; • Eficácia – aplicabilidade da norma jurídica. A existência não se confunde com a vigência, isso porque uma norma passa a existir quando for promulgada, ocasião em que é considerada formalmente um ato jurídico (não possui coercibilidade). Por outro lado, para que tenha vigência é necessário um iter legislativo, ou seja, um lapso temporal para que as pessoas tenham conhecimento acerca do seu conteúdo, da sua existência. Em suma: INÍCIO DE VIGÊNCIA A doutrina civilista aponta três fases que antecedem a vigência da lei. 1º Elaboração 2º Promulgação (pode ser dispensada) 3º Publicação Em regra, a lei entre em vigor após o prazo de vacatio legis, ou seja, 45 dias no Brasil e em três meses nos Estados Estrangeiros com os quais os o Brasil mantém relação internacional. Veja como foi cobrado: A Lei 11.441/2007 possibilitou que o divórcio, inventário, partilha e separação pudessem ser feitos em cartório, cumpridos determinados requisitos, o procedimento deixou de ser judicial para ser extrajudicial. Apesar da grande repercussão, entrou em vigor na data da sua publicação. Indaga- se: é possível a imposição de alguma sanção, tendo em vista que apenas as leis de pequena repercussão podem entrar em vigor na data da sua publicação? Não! Trata-se de uma norma imperfeita, tendo em vista que não há imposição de sanção em caso de descumprimento. É o próprio legislador que diz se a lei é de pequena repercussão ou não, ele não criou sanções para quando fosse dito, na nova lei, que ela entraria em vigor no momento de sua publicação, apesar de não ser de pequena repercussão. FIM DA VIGÊNCIA CS – CIVIL I 2022 22 Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. MPE/GO (2019): Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue, sendo certo que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Ademais, a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Correto! Art. 2º, § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. . A revogação de uma lei por outra lei é a principal forma de retirada de vigência, nos termos do art. 2º da LINDB. Veja como foi cobrado: Podemos classificar a revogação da seguinte forma: CLASSIFICAÇÃO Quanto à extensão ou amplitude Revogação total ou ab-rogação: CC/16 nos termos do art. 2.045 do CC/02. Revogação parcial ou derrogação: Código Comercial, conforme art. 2.045 do CC/02 Quanto ao modo Revogação expressa ou por via direta: prevista taxativamente na norma posterior. Ex.: art. 2.045 do CC. Revogação tácita ou por via oblíqua: ocorre quando a lei nova trata da mesma matéria da lei anterior ou quando há incompatibilidade entre a lei posterior e a lei anterior (art. 2º, §1º, da LINDB). Ex.: Lei 4.591/1964 INTERPRETAÇÃO DO ART. 2º, §2º DA LINDB Observe a redação do dispositivo: Deve ser interpretado da seguinte forma: “a lei com sentido complementar não revoga as disposições anteriores sobre o tema”. CS – CIVIL I 2022 23 Art. 2º, § 3º → salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. LEI A LEI B LEI C . Cita-se, como exemplo, a Lei 11.804/2008 - trata sobre os alimentos gravídicos - não revogou e nem alterou o Código Civil e a Lei de Alimentos, apenas tratou do assunto alimentos de forma complementar. REPRISTINAÇÃO Trata-se do restabelecimento dos efeitos de uma lei, que foi revogada, pela revogação da lei revogadora. Em regra, não é aceita, conforme prevê o art. 2º, § 3º da LINDB, in verbis: A Lei A foi revogada pela Lei B. Posteriormente, editou-se a Lei C que revogou a Lei B. Contudo, o fato de a Lei B ter sido revogada não restaura os efeitos da Lei A, salvo se houver expressa previsão legal. Importante consignar que repristinação não se confunde com os efeitos repristinatórios (decorrentes do controle de constitucionalidade). Neste caso, há uma Lei A que é revogada por uma Lei B, a qual é suspensa em uma decisão do STF proferida em uma ADI, através de medida cautelar por exemplo. Aqui, a Lei A automaticamente restaura a sua eficácia, salvo previsão expressa em sentido contrário. É tácito, pois a decisão do STF não menciona o efeito repristinatório. No caso de decisão de mérito, a ideia é basicamente a mesma. Lei A é revogada por uma Lei B, esta é objeto de ADI, sendo declarada inconstitucional em uma decisão de mérito. Como a natureza do ato inconstitucional é de um ato nulo, significa que já nasceu com vício de origem, portanto, não poderia ter revogado a lei A que volta a produzir efeitos novamente. Apenas, quando houver modulação temporal dos efeitos, não se aplica. Em suma, toda vez que o STF proferir uma decisão de mérito, em controle abstrato, declarando uma lei inconstitucional, não havendo modulação de efeitos (efeito ex nunc ou prospectivo), a inconstitucionalidade será desde a origem da lei, terá efeito retroativos (ex tunc), assim não poderia ter revogado uma lei válida, que voltará a produzir efeitos. RETROATIVIDADE DA NORMA JURÍDICA A irretroatividade é a regra. Logo, a retroatividade é exceção, só será possível quando houver expressa previsão legal e não prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgado. CS – CIVIL I 2022 24 Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
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