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A QUESTÃO DAS LACUNAS E A TEORIA DA COMPLETUDE NO ORDENAMENTO JURÍDICO

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FACULDADE NOBRE DE FEIRA DE SANTANA 
NAHARA CERQUEIRA OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A QUESTÃO DAS LACUNAS E A TEORIA DA COMPLETUDE NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
 
Trabalho apresentado à disciplina 
Filosofia do Direito como requisito parcial 
para obtenção de nota no primeiro 
bimestre (AV1), sob orientação do Prof. 
M.e Marcos Paulo Santa Rosa Matos. 
 
 
 
 
 
Feira de Santana 
2019 
1 
A QUESTÃO DAS LACUNAS E A TEORIA DA COMPLETUDE NO 
ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
Nahara Cerqueira Oliveira1 
 
Resumo: Esse ensaio tem como premissa apresentar as ideias de Norberto Bobbio 
(2001) sobre as reflexões que este desenvolveu sobre a completude do 
ordenamento jurídico e, consequentemente, sobre as lacunas que são apontadas 
por muitos teóricos como inexistentes, por um lado, e como fato, por outro. Nesse 
contexto, o autor tece uma discussão que apresenta duas correntes do Direito, a 
corrente tradicional e a corrente do Direito Livre como duas faces de um movimento 
que, por um lado, enxerga a questão do Ordenamento Jurídico e sua completude 
como um dogma, enquanto, de outro apresenta as lacunas como parte de um 
movimento de construção constante de normas jurídicas, uma vez que o Direito vem 
atender às mudanças que ocorrem na sociedade e, portanto, não seria algo pronto e 
acabado. 
 
.Palavras-chave: Lacunas. Completude. Ordenamento Jurídico. Normas. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Ao discutir a teoria da completude no Ordenamento Jurídico e abordar a 
questão da existência ou não de lacunas nos sistemas, o autor começa a discussão 
conceituando tanto o termo completude quanto o seu oposto, a incompletude, 
deixando claro que enquanto o primeiro trata da existência de normas para todas as 
situações que se coloquem no campo jurídico, o segundo se apresenta como uma 
situação na qual não existe uma norma responsável pela proibição de um 
comportamento e tampouco uma norma que o permita. 
Dessa forma, passa a existir o que em Direito é conhecido como uma lacuna, 
que seria, portanto, a falta de normas que deem conta de servir como parâmetro aos 
juízes na definição de penas e/ou indenizações. 
 
1 Bacharelanda em Direito pela Faculdade Nobre de Feira de Santana (FAN). E-mail: 
naharacerqueira@outlook.com. 
2 
Bobbio (2001), para embasar suas argumentações favoráveis e contrárias à 
existência de lacunas, cita Savigny e aponta que este já chamava atenção para a 
questão das lacunas quando afirmava a necessidade de que se estabelecesse uma 
unidade que garantisse a eliminação das contradições. 
Com base nos trabalhos de Carmelutti, Bobbio (2001) demonstra, ainda, que 
a existência de lacunas se dá em razão de haver menos normas do que deveria. Os 
desdobramentos dessa discussão acabam por destacar a existência de códigos de 
normas como dogmas e não como um instrumento crítico de exercício do Direito, 
prática característica do Direito Tradicional. 
Nesse contexto, a completude seria necessária ao funcionamento do sistema, 
pois o que se buscaria seria um ordenamento que tem por princípio o de um juiz que 
deve julgar cada um dos casos mediante uma norma que pertença a esse sistema e, 
assim, as lacunas seriam falhas. Por outro lado, Bobbio apresenta fundamentos que 
permitem compreender as lacunas como parte do sistema, uma vez que seria 
impossível que se produza normas sobre todos os temas que o Direito têm como 
causas para fins de julgamento. 
 
 
2 DISCUSSÃO 
 
Partindo de uma análise que abarca a questão da completude do 
Ordenamento Jurídico como dogma relacionado às escolas tradicionais de Direito, 
com base no Direito Romano, Bobbio (2001) avança na discussão do tema 
apontando que, nos tempos modernos, a concepção de completude estaria 
relacionada a estruturação estatal do Direito, já que a produção de normas seria um 
monopólio do Estado. 
Na perspectiva de regular cada caso possível, a fim de manter esse 
monopólio e negar a existência de lacunas, nesse contexto histórico ganha força o 
dogma da completude do ordenamento jurídico. Isso ensejou a criação de códigos 
que buscavam garantir a completude e embasar o trabalho de juízes, gerando o que 
Bobbio conceitua, com base em seus estudos, como um fetichismo da lei. 
Bobbio (2001) apresenta a antítese desse movimento a partir da análise das 
relações que se travam a partir de então na crítica ao dogma da completude pela 
3 
escola do Direito Livre que busca abolir a ideia de que existe um Direito completo 
gestado pelo Estado. 
Em um movimento denominado pelo autor como “batalha das lacunas”, 
Bobbio (2001, p 123) apresenta duas faces da questão: uma que aponta que “o 
Direito não tem lacunas” e outra que pontua que “o Direito está cheio de lacunas”. 
O autor traz a contribuição de Erhlich que, embasado no avanço da 
Sociologia, coloca o Direito como fenômeno social e não como produto do Estado, 
de forma que, nesse contexto, a completude pode ser vista como uma crença sem 
fundamentos. 
No mesmo cenário, Bobbio (2001, p. 126) cita Gény que afirma ser o Direito 
“uma coisa muito complexa e móvel (...) para que um indivíduo ou assembleia fixem 
de uma só vez todos os preceitos que satisfaçam todas as exigências da vida 
jurídica”. 
Continuando a discussão, o autor afirma que se existe Ordenamento Jurídico 
não há lacuna, sendo esta não uma deficiência do sistema, mas sim um limite 
natural deste. 
Além disso, ao apresentar a possibilidade de que uma causa sobre a qual não 
existe uma norma específica possa ser julgada por uma norma geral exclusiva (que 
exclui o que não está previsto), por analogia até mesmo por normas constitucionais 
que são muito mais diretrizes com princípios gerais do que normas específicas, o 
próprio Ordenamento Jurídico se regula e, assim, pode-se afirmar, especialmente 
apoiando-nos na crítica de Gény citada acima, que as lacunas seriam, portanto, 
parte integrante do próprio sistema jurídico, e não falhas ou imperfeições destes 
 
 
3 CONCLUSÃO 
 
Com base nas discussões apresentadas, conclui-se que as lacunas são parte 
intrínseca do próprio ordenamento jurídico e do seu funcionamento, já que mesmo 
na inexistência de normas capazes de servirem ao julgamento de causas 
determinadas, o próprio sistema se regula e permite que se busque em seu escopo 
outras normas capazes de atender a esse fim. 
Os princípios gerais existentes nas Constituições seriam uma das formas de 
se garantir a existência de diretrizes que consigam abarcar os mais diversos temas 
4 
dentro do Direito, a fim de possibilitar o estabelecimento de penas e outros 
expedientes que permitam que o juiz tenha elementos onde se basear para o 
julgamento das causas. 
No mesmo sentido, podem-se elencar outras normas, a exemplo de normas 
gerais exclusivas que sirvam como instrumento de consulta os juízes para a 
efetivação da prática do Direito. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen 
Juris, 2001.

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