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AVC hemorrágicos · Correspondem a 20% dos acidentes vasculares cerebrais · · São lesões hemorrágicas intracranianas espontâneas se dividem em: · Hemorragias intraparenquimatosa (mais comum) + Hemorragia subaracnóidea Hemorragia Intraparenquimatosa Etiologia Fisiopatologia · Em 80% dos casos é causado por vasculopatia hipertensiva · A localização mais comum é nos núcleos da base (80% dos casos), sendo o mais frequente no putamên, tálamo, ponte cerebelo e podem sangrar para dentro do ventrículo formando inundação ventricular · 20% são lobares · Angiopatia amiloide – idosos > 70 anos, com doença de Alzheimer; ocorre rotura de pequenos vasos subcorticais cuja parede está infiltrada por depósitos amiloides · O regime de hipertensão arterial crônica faz com que haja uma formação de microaneurismas de Charcot e Bouchard, ramos terminais da artéria cerebral média, isto é, nas artérias lenticulo estriadas (ramos da ACM que vão para os gânglios da base) e um dia em pico hipertensivo esses microaneurismas se rompem formando hematoma se o individuo não controla pressão Hipertensão → Lesão Crônica de Pequenas Aa. Perfurantes → Fragilidade da Parede Vascular → Aneurismas de Charcot-Bouchard → Rompimento → AVE Hemorrágico Hipertensivo · O acúmulo de sangue no parênquima cerebral causa efeito de massa e eleva agudamente a pressão intracraniana, já que o sangue desencadeia edema vasogênico em volta do hematoma (HIC – hipertensão intracraniana) · Quanto maior o hematoma maior a HIC · HIC aumenta se sangrar os ventrículos e se HSA · O hematoma pode aumentar de tamanho nas próximas 12-36h contribuindo para piora neurológica evolutiva. A lesão expansiva cerebral ao comprimir ou deslocar tálamo e ou mesencéfalo rebaixamento do nível de consciência porque nelas se encontram estruturas da FRAA responsáveis pela vigília. O paciente geralmente morre da HIC que leva a herniação cerebral pela fenda do cerebelo comprimindo o tronco cerebral. Manifestação Clínica – não diferencia pela clinica AVCi e AVCh · O mesmo do AVC isquêmico, e se fica próximo à capsula interna hemiplegia contralateral · Características que falam mais a favor de AVCh: Quadro súbito de cefaleia intensa Déficit neurológico focal + rebaixamento do nível de consciência Náuseas e vômitos (pelo aumento da PIC) · Rebaixamento do nível de consciência: A lesão expansiva cerebral pode causar rebaixamento do nível de consciência pela compressão do tálamo e/ou mesencéfalo que têm os neurônios do sistema reticular ascendente (responsável pela vigília) A única forma de diferenciar é através da TC não contrastada ou RNM (área hiperdensa com edema em volta (zona hipodensa)) e desvio da linha média se HIC Hemorragia do putâmen · Entre o putâmen e o tálamo – cápsula interna, portanto sangramento no putâmen hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral; · Pode haver desvio conjugado dos olhos contrário à hemiplegia por acometimento do lobo frontal (que não manda sinal pro núcleo do abducente fazer abdução do olho, so o outro lobo frontal que manda sinal) Hemorragia talâmica · Também acomete cápsula interna´ hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral; · Hemianestesia para todas as sensibilidades do mesmo lado da hemiplegia · Extensão da hemorragia pode pegar mesencéfalo alteração ocular e de pupila (desvio do olho para baixo, pupila miótica, anisocoria) + afasia talâmica se for hemorragia tálamo esquerdo Hemorragia cerebelar · Quadro idêntico ao infarto cerebelar: vertigem, naúsea e vômito, ataxia cerebelar · Risco do AVE cerebelar: efeito expansivo acometer o 4º ventrículo com hidrocefalia obstrutiva levando a HIC e coma Hemorragia de ponte · Quadriplegia súbita + coma + pupila puntiforme fotorreagente · Perda de reflexo oculocefálico (III, IV, VI e VIII) e oculovestibular (III e VIII) Conduta · Exame físico geral e neurológico direcionados · Colher rapidamente exames de sangue · · Hemograma · Coagulograma · Eletrólitos · Função renal · Função hepática (podem estar sendo causas secundárias de sangramento intracraniano) · Exame toxicológico – uso de cocaína pode ser causa de AVCh · · TC de crânio sem contraste – (definir se tem sangramento / volume / se tem sangramento nos ventrículos) · Acometimento é lobar e faixa etária 20-50 anos – pode ser MAV · Acometimento é lobar e faixa etária > 70 anos – pode ser angiopatia amiloide · Angiografia se necessário (sangramento lobar é necessário descartar MAV, pede a angiografia) · Rebaixamento do nível de consciência: intubar + VM · Cateter de PAM invasiva e de PIC Escala de AVCh prediz mortalidade Tratamento AVC hemorrágico · ABC: garantir via aérea, ventilação e estabilizar hemodinamicamente Consiste em 4 pilares básicos · Correção de discrasias sanguíneas se for o caso: descontinuar o medicamento + antídoto PACIENTE USUÁRIO DE ANTICOAGULANTES ORAIS FEZ O TROMBOLÍTICO NO AVCi E SANGROU · Controle pressórico PA : alvo PAS ≤ 140 · Tratar se ≥ 180 x105 mmHg · · Nitroprussiato de sódio · Labetalol · Metoprolol · · Avaliar cirurgia de drenagem do hematoma · rebaixamento de nível de consciência · inundação ventricular prejudicando reabsorção do liquor (hidrocefalia) -DVE · volumes grandes (Ex. hemorragias cerebelares > 3cm) · hematomas lobar · MAVs · Controle da PIC – desvio de linha média é sinal indireto de HIC e indica · Hiperventilação: manter PaCO2 entre 25-30 mmHgObjetivos: PIC < 20 cmH2O Gradiente PAM-PIC > 60 ( garantir bom FS cerebral) · Manitol 1g/kg ataque + 0,25-0,5g/kg a cada 6h · Coma barbitúrico se manitol não funcionar · Cabeceira elevada · Evitar aspiração desnecessária do TOT porque aumenta PIC · A hipo e hiperglicemia deve ser prontamente tratada · Corticoide e droga antiepiléptica profilática nunca devem ser usados no AVCh Hemorragia Subaracnoidea · Dentro das hemorragias intracranianas correspondem a 20% · Ocorre por rotura de um aneurisma sacular congênito ou menos comumente, pela rotura de uma malformação arteriovenosa ou ainda decorrente de hipertensão arterial · 15 a 20% com HSA morrem · 10 a 25% ficam sequelados · · 30-50 anos: é mais comum rotura do aneurisma sacular congênito · 15-30 anos: malformação arteriovenosa Fisiopatologia · O sangue, ao atingir o espaço subaracnoide, causa edema cerebral e meningite química · A partir do quarto dia, surge o vasoespamo, pelo contato do sangue com as artérias do polígono de Willis Responsável pelo déficit neurológico e pelas sequelas neurológicas Classificação de Hunt e Hess: HH-0 Achado (sem sintomas, aneurisma não roto) HH-1 Cefaleia (rigidez de nuca leve) HH-2 Cefaleia e rigidez de nuca moderada a grave HH-3 Cefaleia, rigidez de nuca e confusão ou letargia HH-4 Torpor HH-5 Coma profundo com ou sem descerebração · Melhor prognóstico de HH 1 e HH 2; · HH 3 geralmente apresentam mais complicações; Diagnóstico · Paciente que abre o quadro com cefaleia intensa provavelmente é AVE hemorrágico · Em caso de cefaleia + síncope + rigidez de nuca, o diagnóstico provável é o HSA Exames Complementares · TC sem contraste imediato em todos os pacientes · 90% das TC são alteradas, 10% são normais · Se normal, temos que fazer a punção lombar com a prova dos 3 tubo (para diferenciar de acidente durante a punção;no caso de HSA, os 3 tubos coletados têm sangue, enquanto que, no acidente de punção, o primeiro vem com sangue, e os outros vão clareando) · Prova dos 3 tubos positiva angiografia para planejar a a terapia endoscópica de embolização ou a cirurgia do aneurisma · Angiografia ou angio TC ou angio RNM Conduta · 1ª: estabilização do paciente com todas as medidas de suporte à vida + TC imediato em todos (deixe o paciente calmo e confortável no leito) · 2ª: TC com HSA, pedir arteriografia cerebral de quatro vasos ou angioTC ou angioRM para localizar o aneurisma ou pedir punção lombar se TC normal mas quadro clínico suspeito de aneurisma com HSA · 3ª: tratamento do aneurisma · Clampeamento cirúrgico do aneurisma se estiver dentro dos primeiros 3 dias de sintomas · Endovascular com embolização e molas:em pacientes de risco cirúrgico ou se tiver passado mais de 3 dias de sintomas, esperar para fazer após 10 a 14 dias, após o período de vasoespasmo; · Casos refratários precisam ser submetidos a angioplastia com balão e colocação de stent na artéria espástica · Controle pressórico · Nimodipina 60mg via enteral a cada 4h até o 14º dia · É um bloqueador de cálcio neuronal · Diminui a sequela neurológica do vasoespasmo (neuroproteção) Complicações · Hidrocefalia ( rebaixa consciência) – Derivação ventricular externa ou derivação ventrículo peritoneal · Vasoespasmo – é reconhecido pelo surgimento de déficit focal a partir do 3 dia após o AVCh · Hemodiuição hipervolêmica com 3L de SF 0,9% · Se o aneurisma já foi clampeado: PAS pode atingir 200mmHg · Se o aneurisma não foi clampeado: PAS pode atingir 150mmHg · Ressangramento (20% dos pacientes nos primeiros 7 dias) Aneurisma · São malformações saculares por malformação da parede, maioria se forma no polígono de Willis. Quando o aneurisma se rompe o sangue atinge o espaço subaracnoide em volta do cérebro e causa edema cerebral + meningite química · Localização · Está presente nas bifurcações arteriais (fragilidade da camada muscular) e principalmente no território carotídeo 1) Emergência da comunicante posterior com a carótida interna (porção terminal ACI) 2) A. comunicante anterior 3) Bifurcação da A. cerebral média No território vertebro basilar os aneurismas são mais comuns: 1) Na saída da PAICA 2) No topo da A. basilar · O local mais comum de ruptura de aneurisma é na A. Comunicante Anterior · Etiologia: · · Congênito: faixa etária entre 35-55 anos é a mais acometida pela rotura espontânea de aneurisma congênito; Maioria dos casos; se o pai tem aneurisma, então toda a prole tem que investigar se tem também · Trauma · Sifilítica · Infeccioso · Aterosclerótico · Traumático · · Aspecto · Sacular – maioria das vezes · Fusiforme – na aorta, cerebral posterior · Tamanho · A maioria é <1 cm (pequenos) · 1- 2,5cm (grandes) · > 2,5 cm (gigantes) · · 80% a 90% têm aneurisma único, enquanto que 20% têm aneurismas múltiplos · Eles podem agir de forma pseudotumoral por serem únicos e gigantes · Pode comprimir o quiasma (hemianopsia) se presente na hipófise · Só dá para diferenciar de uma tumoração através de exames · Os aneurismas de Charckout e Bouchard estão nas Aa. Lenticuloestriadas, ramos da A.CM · Quadro clinico · Cefaleia holocraniana de inicio súbito que o paciente nunca referiu na vida (pressão na cabeça que desce pela coluna) · Perda de consciência e vômitos por aumento de PIC (sangramento) · Irritação meníngea depois de horas (rigidez de nuca, sinal de Kerning e sinal de Brudzinski) · Paralisia de III NC : o jato hemorrágico normalmente comprime diretamente o III par · Ptose palpebral + anisocoria/ midríase + estrabismo divergente + diplopia (muito comum nos aneurismas de A. comunicante posterior que sangram junto com o terceiro nervo) · Alteração de campimetria – nos aneurismas de A. comunicante anterior que sangram em cima do quiasma · 40% têm hemorragia sentinela procedendo grande hemorragia Malformações Vasculares · Malformação arteriovenosa → importante causa de AVE hemorrágico em pacientes jovens · Angioma cavernoso: trabeculado vascular venoso , podem estar associados a angiomas venosos · Angioma venoso: não tem muito interesse cirúrgico, porque ele não rompe · Telangiectasia capilar: são pequenas aranhas vasculares · Malformações mistas · Angioma críptico: telangiectasias que não são vistas em exames de imagem MALFORMAÇÕES ARTERIOVENOSAS Aspectos gerais · São localizadas em qualquer local do cortex · Prevalência baixa na população · HSA por rotura de malformação arteriovenosa é mais comum entre 15-30 anos · Risco baixo de sangramento por ano 1 a 4% · Forma um novelo de vaso por nutrição arterial que faz shunt direto para veia Apresentação Clínica · Hemorragia cerebral – 50% até 80% (pode sangrar para o espaço subaracnóideo - HSA) · Convulsão (30%) – pode roubar o fluxo de uma região motora, causando a convulsão · Cefaleia crônica -20% Conduta: · TC de crânio e ou RM com contraste · Angiografia cerebral, após a TC/RNM se localização cortical do hematoma Tratamento geral · Tratamento sintomático da elevação da PIC em UTI · Cirurgia imediata – em caso de risco de vida Tratamento definitivo- principal!! · Taxa de ressangramento – 10% ao primeiro ano, 4-6%/ano após · Cirurgia de ressecção é conseguida na maioria dos pacientes · Embolização Joga uma cola emboliza e diminui o shunt no local cirurgia · Radiocirurgia estereotáxica trombosar a malformação quando há difícil acesso ANGIOMA CAVERNOSO · Única malformação que não aparece na angiografia · Trabeculado vascular venoso interposto com tecido neural · Normalmente não sangra, quando sangra = hemorragia intraparenquimatosa · Podem ser esporádicos ou podem ser familiares (são múltiplos) · Quando operamos? Quando sangram (1-2% ressangram) · Eles não têm fluxo arterial, mas sim venoso (angiograficamente ocultos, negativos e não capta contraste) Questões de Residência Caso Clínico 1 Paciente de 75 anos, hipertensa e diabética com história prévia de paralisia à direita e dificuldade de falar que não melhorou com fisioterapia e uso de medicações (ficou com fraqueza). Apresentou hoje fraqueza do lado esquerdo e dificuldade de deglutir. Trouxe tomografia realizada há 1 mês. Qual exame você solicitaria? Solicitaria uma nova TC · Tem atrofia cerebelar típica da idade · Há calcificação da A. Carótida Caso Clínico 2 Paciente com 23 anos apresentava cefaleia pulsátil hemicraniana intensa há 2 antes da menstruação. Hoje apresentou cefaleia intensa, que nunca teve na vida, com vômitos sem melhora tendo que procurar o hospital. Qual o exame solicitaria? · Solicitaria uma TC · Hemorragia subaracnóidea (porque está preenchendo sulcos e giros) ventricular Se este exame fosse normal? Teria que fazer uma punção lombar com teste de 3 tubos Caso Clínico 3 Paciente, 34 anos, com história de crise convulsiva após cefaleia e fraqueza à direita. Ao exame: acordado, pupilas isocóricas, hemiparesia à direita e Babinski à direita. Conduta e suspeita? · Conduta: pedimos uma TC · Suspeita: MAV e aneurisma na A. Cerebral Média (deu paralisia) · Um indício de que não é gânglios da base é que teve convulsão e que tem cefaleia · Os aneurismas normalmente não são intraparenquimatosos, porém as artérias que estão dentro das fissuras podem dar hemorragia intraparenquimatosa
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