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1 Ana Luisa Galardino Faria XLVIII NEUROLOGIA Dr George Teixeira AULA 1 – 30/01/19 Neuroanatomia • A Origem do SNC: o SNC provém da ectoderme, enquanto que o SNP provém de outras estruturas. Desta forma, explica-se que alterações na ectoderme geram alterações no SNC. Por exemplo, existem algumas doenças de pele que também apresentam acometimento do SNC, como a neurofibromatose e a tumerosa esclerosa. A ectoderme também origina a epiderme, os anexos e a glândula suprarrenal. -O primeiro indício de formação do sistema nervoso consiste em um espessamento da ectoderma, situado acima da notocorda, formando a chamada placa neural. -A placa neural cresce progressivamente, torna-se mais espessa e adquire um sulco longitudinal denominado suco neural, que se aprofunda e invagina – se desprendendo da ectoderma superficial – para formar a gota neural. Posteriormente, os lábios da gota neural se fundem para formar o tubo neural, ocorrendo isolamento do meio externo. O tubo neural, portanto, dará origem a elementos do sistema nervoso central. Ø A porção mais rostral (craniana), que formará o encéfalo, torna-se dilatada e constitui o encéfalo primitivo, ou arquencéfalo. Enquanto isso, a porção caudal, que formará a medula espinhal, permanece com calibre uniforme e constitui a medula primitiva do embrião. Ø Os ventrículos cerebrais são os resquícios do tubo neural. Ø A partir do arquencéfalo, surge o encéfalo primitivo. -Encéfalo Primitivo: no arquencéfalo, distinguem-se inicialmente três dilatações, as quais são as vesículas encefálicas primordiais denominadas prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. A partir do desenvolvimento do embrião, surgem o telencéfalo e o diencéfalo, a partir do prosencéfalo; e, do rombencéfalo, o metencéfalo e o mieloncéfalo. -Medula Primitiva: o telencéfalo compreende uma parte mediana, da qual se envagina duas porções laterais, as vesículas telencefálicas laterais. A parte mediana é fechada anteriormente por uma lâmina que constitui a porção mais cranial do sistema nervoso e se denomina lâmina terminal. As vesículas telencefálicas laterais crescem muito para formar os hemisférios cerebrais e escondem quase completamente a parte mediana e o diencéfalo. -O diencéfalo apresenta quatro pequenos divertículos: dois laterais, as vesículas ópticas, que formam a retina; um dorsal, que forma a glândula pineal; e um ventral, o infundíbulo, que forma a neurohipófise. 2 -Cavidade do Tubo Neural: Ø A luz do tubo neural permanece no sistema nervoso do adulto e, assim sendo, a luz da medula primitiva forma, no adulto, o canal central da medula. Ø A cavidade dilatada do rombencéfalo forma o IV ventrículo, enquanto que a do diencéfalo e a da parte mediana do telencéfalo formam o III ventrículo. Ø A luz do mesencéfalo permanece estreita e constitui o aqueduto cerebral que une o III ao IV ventrículo. Ø A luz das vesículas telencefálicas laterais forma, de cada lado, os ventrículos laterais, unidos ao III ventrículo pelos dois forames de Monroe (interventriculares). • Anatomia do Sistema Nervoso: -O sistema nervoso central é formado pela medula espinhal e pelo encéfalo, os quais constituem o neuro-eixo, sendo localizado dentro do esqueleto axial, ou seja, a cavidade craniana e o canal vertebral. Enquanto isso, o sistema nervoso periférico é aquele que se localiza fora deste esqueleto. -Pode-se também dividir o sistema nervoso em sistema nervoso da vida de relação (somático), que associa o organismo ao meio ambiente, e sistema nervoso da vida vegetativa (visceral), que se relaciona com a inervação e com o controle das vísceras. Ambos possuem componentes aferente e eferente. Ø Em relação ao SNS, o componente aferente conduz impulsos originados em receptores periféricos aos centros nervosos, informando-os sobre o que se passa no meio ambiente. O eferente leva o comando dos centros nervosos aos músculos estriados esqueléticos, resultando em movimentos voluntários. Ø Em relação ao SNV, o componente aferente conduz os impulsos nervosos originados nos receptores das vísceras a áreas específicas do sistema nervoso. O eferente, por sua vez, leva os impulsos 3 originados em centros nervosos até as vísceras – tal componente também é denominado de sistema nervoso autônomo e pode ser dividido em SNA simpático e parassimpático. MENINGES – LÍQUOR • Meninges: são membranas conjuntivas que envolvem o sistema nervoso central, sendo elas três, a dura-máter, a aracnoide e a pia-máter. A aracnoide e a pia-máter são, às vezes, consideradas como uma formação única, chamada de leptomeninge ou meninge fina; enquanto que a dura-máter é também chamada de paquimeninge ou meninge espessa. -Dura-Máter: corresponde à meninge mais superficial, sendo espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. Diferentemente da dura-máter espinhal, esta possui dois folhetos, o interno e o externo – comportando-se este como periósteo. Apesar disso, o folheto externo não possui capacidade osteogênica e, portanto, torna impossível a regeneração de perdas ósseas na abóbada craniana. Particularmente no folheto externo, a dura-máter é intensamente vascularizada, além de ser ricamente inervada. No encéfalo, a principal artéria que irriga a dura-máter é a artéria meníngea média. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou quase toda a sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, responsável, assim, pela maioria das dores de cabeça – apenas o periósteo e a pele possuem sensibilidade. Ø Pregas da Dura-Máter do Encéfalo: em algumas áreas, o folheto interno da dura-máter se destaca do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. v Foice do cérebro à divide o cérebro em dois hemisférios cerebrais; v Tenda do cerebelo à divide a cavidade craniana em compartimento superior ou supratentorial, e outro inferior ou infratentorial. A borda anterior livre da tenda do cerebelo, denominada incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo; v Foice do cerebelo à pequeno septo situado abaixo da tenda do cerebelo entre os dois hemisférios cerebelares; v Diafragma da sela à fecha superiormente a sela túrcica, isolando e protegendo a hipófise. Ø Cavidades da Dura-Máter: em determinadas áreas, os dois folhetos separam-se e formam cavidades, como o cavo trigeminal (de Meckel), que abriga o gânglio trigemial; enquanto que, outras cavidades contêm sangue, constituindo os seios da face. Ø Seios da Dura-Máter: são canais revestidos de endotélio situados entre os dois folhetos que compõem a dura-máter encefálica, que se dispõem, principalmente, ao longo da inserção das pregas da dura-máter. O sangue proveniente das veias do encéfalo e do bulbo ocular é drenado para os seios da dura-máter e, destes, para as veias jugulares internas. v Seios da Abóbada: § Seio sagital superior; § Seio sagital inferior; § Seio reto; § Seio transverso; § Seio sigmoide; § Seio occipital. v Seios da Base: § Seio cavernoso à é atravessado pela artéria carótida interna e pelo nervo abducente e, já próximo à sua parede lateral, pelos nervos troclear, oculomotor e pelo ramo oftálmico do nervo trigêmeo – é de grande importância clínica; § Seios intercavernosos; § Seio esfenoparietal; § Seio petroso superior; 4 § Seio petroso inferior; § Plexo basilar. -Aracnóide: trata-se de uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo pequena quantidade de líquido para lubrificação. Do mesmo modo, a aracnoide se separa da pia-máter pelo espaço subaracnóideo que contém o líquor. Ø Cisternas Subaracnóideas: são áreas de dilatação do espaço subaracnóideo que contêm grande quantidade de líquor. v Cisterna cerebelo-medular ou cisternamagna à por ser a maior cisterna, pode ser utilizada para obtenção de líquor através de punções suboccipitais; v Cisterna pontina; v Cisterna interpeduncular; v Cisterna quiasmática; v Cisterna superior à cisterna da veia cerebral magna; v Cisterna da fossa lateral do cérebro. Ø Granulações Aracnóideas: consistem em pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, sendo mais abundantes no seio sagital superior. As granulações levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnóideo. Algumas granulações tornam-se muito grandes no adulto e no idoso, constituindo os corpos de Pacchioni, que frequentemente calcificam e podem deixar impressões na abóboda craniana. -Pia-Máter: é a mais interna das meninges, aderindo-se intimamente à superfície do encéfalo e da medula. A sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo assim, a membrana pio-glial. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole, de tal modo que “contenha” o encéfalo e a medula. Tal meninge acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares, os quais possuem prolongamentos com líquor, formando um manguito protetor em torno dos vasos – tais espaços acompanham os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. • Líquor: ou também chamado líquido cérebro-espinhal, é um fluído aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. É produzido, principalmente, pelos ventrículos laterais, pelos plexos coroides (tela coroide). Sua função primordial é a proteção mecânica, constituindo como um eficiente mecanismo amortecedor dos choques que frequentemente atingem o sistema nervoso central. -Características Citológicas e Físico-Químicas: para se obter o líquor, podem ser realizadas punções lombares, suboccipitais ou ventriculares. Ø O líquor do adulto difere bastante do do recém-nascido. Ø O líquor normal do adulto é límpido e incolor, apresenta de zero a quatro leucócitos por mm3 e uma pressão de 5 a 20cm de água, obtida na região lombar com paciente em decúbito lateral. Ø Em comparação com o sangue, a quantidade de proteínas é muito menor do que a existente no plasma. Ø O volume total do líquor é de 100 a 150cm3, renovando-se completamente a cada oito horas. -Formação, Absorção e Circulação: Ø Sabe-se que o líquor é formado pelos plexos coroides nos ventrículos laterais, porém este também pode ser produzido, em menor quantidade, pelos III e IV ventrículos. O LCR é ativamente secretado pelo epitélio ependimário. As laterais do III ventrículo estão adjacentes aos tálamos. Ø O LCR, após ser produzido nos ventrículos laterais, atravessa os forames de Monroe (interventriculares) atinge o III ventrículo e, através do aqueduto cerebral, o LCR chega ao IV 5 ventrículo, onde passa pelos forames de Magendi (medial) e de Luschka (laterais) para que, finalmente, chegue à medula espinhal e ao encéfalo D/E no espaço subaracnóideo. Desta forma, percebe-se que a circulação do líquor no espaço subaracnóideo se faz de baixo para cima. Ø A circulação do líquor é extremamente lenta. -O conhecimento das cavidades cerebrais que contêm líquor, assim como das meninges e suas relações com o encéfalo, é de grande importância para a compreensão de uma série de condições patológicas com que frequentemente se depara o clínico e, de modo especial, o neurologista. • Hidrocefalia: é caracterizada pelo aumento da quantidade e da pressão do líquor, levando a uma dilatação dos ventrículos e compressão do sistema nervoso de encontro ao estojo ósseo. Trata-se de uma patologia resultante da interferência na produção, circulação e absorção do líquor. -Pode ocorrer ainda mesmo na vida fetal, em decorrência de anomalias congênitas do sistema ventricular, o que acaba, até mesmo, por dificultar a realização do parto. -Tipos de Hidrocefalia: Ø Comunicante; Ø Não-comunicante. -Hidrocefalia Comunicante: resultam de um aumento na produção ou na deficiência na absorção do líquor, devido a processos patológicos dos plexos coroides ou dos seios da dura-máter e granulações aracnóideas. -Hidrocefalia Não-Comunicante: são muito mais frequentes e resultam de obstruções no trajeto do líquor. Ø Principais Locais de Ocorrência: v Forame de Monro (interventricular) à provoca dilatação do ventrículo lateral correspondente; v Aqueduto cerebral à provoca dilatação do III ventrículo e dos ventrículos laterais (dilatação supratentorial); v Forames de Magendi e de Luschka à provoca dilatação de todo o sistema ventricular; v Incisura da tenda do cerebelo à impede a passagem do líquor do compartimento infratentorial para o supratentorial e, portanto, provocando dilatação de todo o sistema venticular. -Existem inúmeros procedimentos para diminuir a pressão liquórica como, por exemplo, a drenagem do líquor por meio de um cateter, ligando um dos ventrículos cerebrais à veia jugular interna, ao átrio direito ou à cavidade peritoneal. • Hipertensão Craniana: corresponde ao aumento da pressão intracraniana, causada, basicamente, por qualquer aumento de volume de qualquer componente da cavidade craniana que acaba por refletir aos demais. Tumores e hematomas são exemplos de processos que levam à hipertensão craniana. -O principal sintoma característico da hipertensão craniana é a dor de cabeça. -Na suspeita de hipertensão craniana, deve ser realizado um exame de fundo de olho. Explica-se, o nervo óptico é envolvido por um prolongamento do espaço subaracnóideo, levando à compressão do nervo óptico, o que causa obliteração da veia central da retina, que passa em seu interior, resultando em ingurgitamento das veias da retina com edema da papila óptica. Tal exame permite o diagnóstico e o acompanhamento do paciente com hipertensão craniana. • Hérnias Intracraniais: são processos expansivos, como tumores ou hematomas, que se desenvolvem em alguma prega da dura-máter – responsável por dividir a cavidade craniana em compartimentos – gerando um aumento da pressão dentro do compartimento e, portanto, podendo causar uma protrusão do tecido nervoso para o compartimento vizinho. -Podem causar sintomatologia grave. -Por exemplo, um tumor em um dos hemisférios cerebrais pode causar uma hérnia do giro do cíngulo do cérebro e o corpo, fazendo protrusão para o lado oposto. VENTRÍCULOS LATERAIS FORAMES DE MONRO III VENTRÍCULO AQUEDUTO CEREBRAL (SYLVIUS) IV VENTRÍCULO ABERTURA MEDIANA (MAGENDIE) MEDULA ESPINHAL ABERTURAS LATERAIS (LUSCHKA) ENCÉFALO (D/E) 6 -Pelas graves consequências que causam, as hérnias do úncus e das tonsilas são de maior importância clínica. -Hérnia do Úncus: é gerada por um aumento de pressão no compartimento supratentorial que acaba por empurrar o úncus, o que provoca uma protrusão através da incisura da tenda, comprimindo o mesencéfalo. Ø A sintomatologia mais grave e mais característica que ocorre é uma rápida perda da consciência ou coma profundo, causada por lesões das estruturas do mesencéfalo, responsável pela ativação do córtex cerebral. -Hérnia das Tonsilas: pode ser gerada, por exemplo, por um aumento de pressão na fossa posterior, como um tumor em um dos hemisférios cerebelares, pode empurrar as tonsilas do cerebelo através do forame magno, produzindo uma hérnia da tonsila. Ø Nesse caso, ocorre compressão do bulbo, levando, geralmente, à morte do paciente por lesão dos centros respiratório e vasomotor que nele se localizam. Ø Também pode ser causada por uma punção lombar em pacientes com hipertensão craniana, o que acaba gerando uma súbita diminuição da pressão liquórica no espaço subaracnóideo espinhal, causando a penetração das tonsilas através do forame magno. • Hematomas Extradurais e Subdurais: são causados pela ruptura de vasos que resultamem acúmulo de sangue nas meninges sob a forma de hematomas. -Desta forma, lesões das artérias meníngeas, resultam em acúmulo de sangue entre a dura-máter e os ossos do crânio, formando um hematoma extradural. O hematoma cresce, separando a dura-máter do osso, e empurra o tecido nervoso para o lado oposto, levando o paciente à morte em poucas horas se o sangue em seu interior não for drenado. -Além disso, também existem os hematomas subdurais, em que o sangramento ocorre no espaço subdural, geralmente em consequência da ruptura de uma veia cerebral no ponto em que ela entra no seio sagital superior. São mais frequentes os casos em que o crescimento do hematoma é lento e a sintomatologia aparece tardiamente. -Em casos de sangramentos no espaço subaracnóideo, não se formam hematomas, uma vez que o sangue se espalha no líquor, podendo ser visualizado em uma punção lombar. VASCULARIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL • O sistema nervoso é formado por estruturas nobres e altamente especializadas, que exigem para o seu metabolismo um suprimento permanente e elevado de glicose e de oxigênio. Desta forma, a atividade funcional do encéfalo depende exclusivamente de um processo de oxigenação de carboidratos e não pode, nem mesmo temporariamente, ser sustentado por um metabolismo anaeróbico. Como o consumo de oxigênio e de glicose é muito elevado, isso requer um fluxo sanguíneo intenso. -A parada cardíaca, por exemplo, pode levar ao déficit de suprimento sanguíneo no cérebro e, esta, por sua vez, ao atingir sete segundos, já leva o indivíduo à perda de consciência. -Ainda mais, caso a restrição de oxigênio no encéfalo chegue a um tempo de cinco minutos, lesões irreversíveis podem começar a ocorrer. -Neste sentido, destaca-se que áreas diferentes do sistema nervoso central são lesadas em tempos diferentes, sendo o centro respiratório – localizado no bulbo – a última estrutura lesada. -Atualmente, tromboses, embolias e hemorragias são cada vez mais frequentes nos dias atuais, provocando necrose e amolecimento do tecido nervoso, geralmente acompanhados de alterações motoras, sensoriais ou psíquicas. 7 -Vale lembrar que não existe circulação linfática no SNC e nem outro sistema que cumpra tal função, porém existe um sistema único do SNC, o sistema liquórico. • Fluxo Sanguíneo Cerebral: o fluxo sanguíneo cerebral é muito intenso, sendo superado apenas pelo rim e pelo coração. -O FSC é diretamente proporcional à diferença entre a pressão arterial (PA) e a pressão venosa (PV) e inversamente proporcional à resistência cerebrovascular (RCV). -Desta forma, pode-se dizer que as variações da pressão sistêmica se refletem diretamente no fluxo sanguíneo cerebral, o que explica o fato de que a sintomatologia de certas lesões que diminuem o calibre dos vasos cerebrais, como a arteriosclerose, é mais grave em pessoas hipotensas. -A resistência cerebrovascular depende principalmente dos seguintes fatores: Ø Pressão intracraniana à o aumento eleva a RCV; Ø Condição da parede vascular à pode estar alterada, como na arteriosclerose, o que aumenta a RCV; Ø Viscosidade do sangue; Ø Calibre dos vasos cerebrais à o CO2, por exemplo, possui grande ação vasodilatadora sobre os vasos cerebrais. -O FSC é maior nas áreas mais ricas em sinapse e, portanto, é maior na substância cinzenta do que na branca, o que está diretamente relacionada à maior atividade metabólica da substância cinzenta. Portanto, o fluxo sanguíneo de uma determinada área do cérebro varia com o seu estado funcional. • Vascularização Arterial do Encéfalo: a irrigação do encéfalo se dá pelas artérias carótidas internas e vertebrais, as quais se unem na base do crânio e formam o polígono de Willis – assim sendo, não possui um hilo para a penetração dos vasos. -As artérias do encéfalo possuem paredes particularmente finas, o que as tornam muito propensas a hemorragias. Apesar disso, a túnica média interna do endotélio é mais espessa e tortuosa que a de artérias em outras áreas, o que promove proteção ao tecido nervoso, amortecendo o choque da onda sistólica responsável pela pulsação das artérias. -No encéfalo, existem dois sistemas de irrigação, o sistema carotídeo interno e o sistema vértebro-basilar que juntos formam o polígono de Willis. -Artéria Carótida Interna: ramo da bifurcação da artéria carótida comum, a artéria carótida interna penetra na cavidade craniana pelo canal carotídeo do osso temporal, atravessa o seio cavernoso e forma um S, o sifão carotídeo. A seguir, perfura a dura-máter e a aracnoide e, no início do sulco lateral, divide-se em dois ramos terminais, as artérias cerebrais média e anterior. Ø Outros Ramos Importantes: v Artéria oftálmica à irriga o bulbo ocular; v Artéria comunicante posterior à contribui para o polígono de Willis; v Artéria corióidea anterior à irriga os plexos coroides. Ø É importante destacar que a artéria carótida interna forma o sifão carotídeo com o intuito de diminuir a pressão arterial recebida do coração, ou seja, para atenuar a pressão que chegará ao encéfalo. -Artérias Vertebral e Basilar: as artérias vertebrais direita e esquerda originam-se das artérias subclávias, sobem no pescoço dentro dos forames transversos das vértebras cervicais, perfuram a membrana atlanto-occipital, a dura-máter e a aracnoide, penetrando no crânio pelo forame magno. Percorem a face ventral do bulbo e, aproximadamente a nível do sulco bulbo-pontino, fundem-se para constiuir a artéria basilar. A artéria basilar percorre o sulco basilar da ponte e termina anteriormente, bifurcando-se para formar as artérias cerebrais posteriores direita e esquerda. Ø Outros Ramos Importantes das Artérias Vertebrais: 𝐹𝑆𝐶 = 𝑃𝐴 − 𝑃𝑉 𝑅𝐶𝑉 8 v Artérias espinhais posteriores à contribui para a irrigação da medula espinhal; v Artéria espinhal anterior à contribui para a irrigação da medula espinhal; v Artérias cerebelares inferiores posteriores à cerebelo (inferior e posterior) e bulbo (lateral). Ø Outros Ramos Importantes da Artéria Basilar: v Artéria cerebelar superior à cerebelo (superior) e mesencéfalo; v Artéria cerebelar inferior anterior à cerebelo (anterior e inferior); v Artéria do labirinto à ouvido interno. -Polígono de Willis: trata-se de uma anastomose arterial de forma poligonal situado na base do cérebro, onde circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo. É formado pelas porções proximais das artérias cerebrais anterior, média e posterior, pela artéria comunicante anterior e pelas artérias comunicantes posteriores, direita e esquerda. Ø Em casos favoráveis, permite a manutenção de um fluxo sanguíneo adequado em todo o cérebro, em casos de obstrução de uma (ou mais) das quatro artérias que irrigam o cérebro. Ø A obstrução, por exemplo, da artéria carótida direita determina uma queda de pressão no seu território, o que faz com que o sangue flua para aí através da artéria comunicante anterior e da artéria comunicante posterior direita. Ø Apesar disso, por conta de variações anatômicas, é imprevisível o comportamento do círculo arterial diante de um determinado quadro de obstrução vascular. Ø A obstrução de quaisquer artérias abaixo ou de seus ramos calibrosos possuem anastomoses insuficientes para a manutenção de uma circulação colateral adequada e, portanto, resulta em 9 lesões de áreas mais ou menos extensas do córtex cerebral com um quadro sintomatológico característico das síndromes dessas artérias. v Artéria cerebral anterior à causa paralisia e diminuição da sensibilidade no membro inferior do lado oposto; v Artéria cerebral média à quando não são fatais, podem causar paralisia (área motora) e diminuição da sensibilidade do lado oposto do corpo (área somestésica – exceto do membro inferior), podendo também haver graves distúrbios de linguagem (centro da palavra falada) – o quadro pode se agravar se a obstrução atingir ramos profundosde tal artéria (artérias estriadas); v Artéria cerebral posterior à causa cegueira em uma parte do campo visual (área visual do lobo occipital) • Vascularização Venosa do Encéfalo: as veias do encéfalo, de um modo geral, não acompanham as artérias, sendo maiores e mais calibrosas do que elas. São responsáveis por drenar o sangue para os seios da dura- máter – que também recebem sangue das veias extracranianas – de onde segue para as veias jugulares internas, que recebem praticamente todo o sangue venoso encefálico. -A drenagem do encéfalo se faz basicamente por três mecanismos: 1. Aspiração da cavidade torácica; 2. Força da gravidade à favorável à drenagem, o que torna desnecessária a existência de válvulas nas veias cerebrais; 3. Pulsação das artérias à eficácia aumentada por ser em uma cavidade fechada, o que é melhor ainda no seio cavernoso, cujo sangue recebe diretamente a força expansiva da artéria carótida interna, que o atravessa. -O leito venoso no encéfalo é muito maior que o arterial e, portanto, sua circulação muito mais lenta. A pressão venosa no encéfalo é muito baixa e varia muito pouco em razão da grande distensibilidade das veias e seios. -Existem dois sistemas de drenagem no encéfalo, o sistema venoso superficial e o sistema venoso profundo. -Sistema Venoso Superficial: é constituído por veias que drenam o córtex e a substância branca subjacente que, posteriormente anastomosam-se, formando as veias cerebrais superficiais (superiores e inferiores) que desembocam nos seios da dura-máter. Ø Veias cerebrais superficiais superiores à seio sagital superior; Ø Veias cerebrais superficiais inferiores à seios da base (petroso superior e cavernoso) e seio transverso. v A principal veia cerebral superficial inferior é a veia cerebral média superficial, que percorre o sulco lateral e termina no seio cavernoso. -Sistema Venoso Profundo: compreende veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, como o corpo estriado, a cápsula interna, o diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. Ø Veia cerebral magna (veia de Galeno) à é a veia mais importante deste sistema, pois nela converge quase todo o sistema venoso profundo do cérebro. É formada pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do corpo caloso. Possui paredes muito finas que podem facilmente serem rompidas. 10 • Angiografia Cerebral: é de grande valia para o diagnóstico e localização de processos patológicos que acometem os vasos cerebrais, tais como aneurismas, tromboses, embolias, lesões traumáticas, bem como processos expansivos como o tumor. • Vascularização da Medula Espinhal: é irrigada pelas artérias espinhais anterior e posteriores, ramos da artéria vertebral, e pelas artérias radiculares, que penetram na medula com as raízes dos nervos espinhais. -A artéria espinhal anterior emite as artérias sulcais que se destacam perpendicularmente e penetram no tecido nervoso pelo fundo da fissura mediana anterior. -As artérias espinhais posteriores direita e esquerda dirigem-se dorsalmente contra o bulbo e percorrem longitudinalmente a medula, medialmente às raízes dorsais dos nervos espinhais. Vascularizam a coluna e o funículo posterior da coluna. -As artérias radiculares dividem-se em anterior e posterior, que ganham a medula com as correspondentes raízes dos nervos espinhais. Das 60 artérias radiculares que penetram com os nervos espinhais, apenas seis ou oito realmente contribuem para a vascularização da medula espinhal. REVISÃO – NEURÔNIOS • O tecido nervoso possui basicamente dois tipos celulares: os neurônios e as células da glia. • Neurônio: é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é especializada para a comunicação rápida. Possui a função básica de receber, processar e de enviar informações. Desta forma, são células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com outras células efetuadoras, usando basicamente uma linguagem elétrica. -A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas: Ø Corpo Celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. Também é, junto aos dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos sinápticos. NERVOS CRANIANOS I. Nervo Olfatório; II. Nervo Óptico; III. Nervo Oculomotor; IV. Nervo Troclear; V. Nervo Trigêmeo; VI. Nervo Abducente; VII. Nervo Facial; VIII. Nervo Vestíbulococlear; IX. Nervo Glossofaríngeo; X. Nervo Vago; XI. Nervo Acessório; XII. Nervo Hipoglosso. Motores III N. Oculomotor IV N. Troclear VI N. Abducente XI N. Acessório XII N. Hipoglosso Sensoriais I N. Olfatório II N. Óptico VIII N. Vestíbulococlear Mistos V N. Trigêmeo VII N. Facial IX N. Glossofaríngeo X N. Vago Sistêmo Autônomo III N. Oculomotor VII N. Facial IX N. Glossofaríngeo X N. Vago XI N. Acessório 11 AULA 2 – 06/02/19 Doença Cerebrovascular • Epidemiologia: -1ª causa de morte no Brasil em 2006 – 2010 e 2ª, no mundo. -Uma das três principais causas de mortalidade na maioria dos países industrializados. -Mortalidade de até 20% em 1 mês e cerca de 1/3 dos sobreviventes permanecem dependentes após 6 meses. -Há grande impacto sobre a sociedade, pois ocorre perda da população economicamente ativa e pelo custo do tratamento. Causam muito mais incapacidade física do que qualquer outra patologia. -É a 2ª causa de demência (perda cognitiva), apenas superada pela doença de Alzheimer, além de serem desencadeantes comum de epilepsia, depressão e quedas com fraturas. Ø A demência é uma perda cognitiva, em que a pessoa não é um doente mental, mas se torna um. Por outro lado, uma perda funcional, a pessoa nasce doente mental. A doença de Alzheimer é a principal causa de demência. Ø Qualquer lesão no cérebro que gera uma cicatriz, esta, por sua vez, pode causar uma convulsão, leves ou não, controláveis ou não. -Principais Causas de Mortes de Brasil: 1º. Doença cerebrovascular à 100 mil mortes (300/dia); 2º. IAM à 85,9 mil mortes; 3º. Pneumonia à 68,3 mil mortes. -Incidência do 1º AVC: 81 – 150 casos para cada 100.000 habitantes ao ano. -A faixa etária avançada é o fator de risco de maior peso nas doenças cerebrovasculares. Cerca de 75% dos pacientes com AVC agudo têm idade superior a 65 anos, e a sua incidência praticamente dobra a cada década a partir de 55 anos. -Há ligeiro predomínio do sexo masculino, quando se consideram pacientes com idade menor de 75 anos e nefros têm praticamente o dobro da incidência e prevalência quando comparados com brancos de origem caucasiana. • Características Gerais: -O cérebro humano tem 22 bilhões de neurônios. -A duração média de um infarto é de 10 horas, com variação de 6 a 18 horas. -AVC comum de grande artéria: cerca de 120 milhões de neurônios, 830 bilhões de sinapses e 714km de fibras mielinizadas são perdidas a cada hora. Ø Artéria Cerebral Média: controla a mão e o rosto. Pessoas com lobo dominante esquerdo (destras), também podem ter afasias qunado ocorrem AVCs de ACM esquerda, devido às regiões de linguagem, o giro da broca e o giro de Wenick. Ø Artéria Cerebral Anterior: parte medial do lobo anterior – pé, raiz dos membros e tronco. Ø Artéria Cerebral Posterior: face inferior do lobo temporal e região occipital – sintomas visuais. Ø A cada minuto: 1,9 milhões de neurônios, 14 bilhões de sinapses e 12km de fibras mielinizadas são destruídas. -Comparada a perda neuronal natural de envelhecimento, o cérebro em um AVC envelhece cerca de 36 anos -Até meados dos anos 70, a abordagem clínica do AVC era pessimista e negativista. -Em contrapartida, tal panorama se modificou drasticamente nas últimas duas décadas, quando o estudo das doenças cerebrovasculares exibiu um grande progresso, ancorado pelo surgimentoda moderna neuro- imagem, TC e RM. -Terapêutica Trombolítica Intravenosa, em 1995, como primeira e até o presente, a única intervenção comprovadamente eficaz no tratamento de AVC isquêmico (AVCI) agudo. • Fatores de Risco: -Fatores Não Modificáveis: Ø Idade avançada à fator de risco de maior peso nas doenças cerebrovasculares; Ø Raça; Ø Etnicidade; Ø Baixo nível sócio-econômico; Ø História familiar de eventos cerebrovasculares. -Fatores Modificáveis: Ø Hipertensão arterial sistêmica; Ø Diabetes mellitus; Ø Hiperlipidemia; Ø Fibrilação atrial; 12 Ø Tabagismo; Ø Etilismo; Ø Inatividade física. • Anatomia: -Território Vascular: • Classificação e Diagnóstico: -Classificação: 1. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) – 80 a 85%; 2. Hemorragia Cerebral Intraparenquimatosa (HIP); 3. Hemorragia Subaracnóide (HSA) ou Meníngea; 4. Trombose Venosa Cerebral (TVC) à pode ser considerada a 4ª entidade, porém é muito mais rara e seu quadro clínico pouco se assemelha às 3 entidades acima descritas. -O AVC caracteriza-se de um déficit neurológico focal, de origem central (encéfalo) e de instalação aguda. Alguns pacientes poderão apresentar manifestações clínicas de difícil localização, tais como comprometimento de memória e rebaixamento do nível de consciência, além de sintomatologia progressiva em várias horas ou mesmo alguns dias. -Diagnósticos Diferenciais Agudos: Ø Hipoglicemia; Ø Hiperglicemia; Ø Encefalopatia hepática; Ø Epilepsia; Ø Hematoma subdural crônico. -Diagnósticos Diferenciais Principais: geram déficits neurológicos focais de rápida evolução. Ø Tumores e abscessos cerebrais; Ø Encefalite; Ø Enxaqueca; Ø Doenças desmielinizantes, como a síndrome de Guillain-Barré; Ø Paralisias periféricas agudas, como a paralisia de Bell – diferentemente desta, a paralisia do AVC não paralisa o olho, apenas a boca, uma vez que os quadrantes superiores da face são irrigados por ambos lados do cérebro, então um lado compensa o outro. • AVC Isquêmico (AVCI): corresponde a um episódio súbito de disfunção neurológica causada por um infarto seguindo a distribuição de um território vascular, com sintomas que persistem por pelo menos 24 horas, ou até o óbito. -Fisiopatologia: Ø A severidade do AVC depende do grau de oclusão arterial, se parcial ou total, e da patência da circulação colateral. Ø Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC): 15 a 20% do DC total com fluxo constante de 50 a 55mL/100g/min em função de um mecanismo de autorregulação que tende a desaparecer quando a PAM < 60mmHg ou > 140mmHg, promovendo vasodilatação dos vasos para “compensar”, fazendo menos resistência. 13 Ø O FSC menor que 20 a 25mL/100g/min determina prejuízo funcional – tontura, perda de movimento, convulsão – porém não ocorre morte de neurônios. A reversibilidade do AVC é proporcional ao tempo de duração desta queda de FSC, devido a falta de substratos energéticos. Ø Após 5 minutos de isquemia, há depleção de ATP e alterações no equilíbrio eletrolítico se iniciam (perda do controle da bomba Na-K) – o K é liberado do compartimento IC e ocorre acúmulo de íons Na e Ca. O influxo de Na resulta em grande aumento de água IC (edema citotóxico) e isso inicia a cascata de necrose neuronal, liberação de neurotransmissores inflamatórios, que acentuam a necrose de neurônios em torno da lesão. Ø Se há 20 minutos de interrupção do FSC, a atividade EEG cessa, devido ao comprometimento do metabolismo energético cerebral e da glicólise aeróbica e há elevação dos níveis de lactato (respiração anaeróbica). Ø O comprometimento cerebral isquêmico agudo, mediante interrupção total do fluxo sanguíneo de determinada artéria cerebral, se traduz em duas áreas de comportamentos distintos localizadas no seu território de localização. A primeira se caracteriza como uma zona central isquêmica, onde ocorre redução drástica do fluxo sanguíneo cerebral (FSC) (< 8 a 10mL/100g/min) e, portanto, abaixo do limiar de falência de membrana, com consequente morte neuronal irreversível. Em volta dessa área isquêmica central pode ser individualizada uma região onde o FSC situa-se entre os limiares de falência elétrica e de membrana (18 a 20 e 8 a 10mL/100g/min), denominada penumbra isquêmica, em que os neurônios ali situados podem encontrar-se funcionalmente comprometidos, mas ainda estruturalmente viáveis por período limitado, pois a penumbra isquêmica é rapidamente incorporada à área isquêmica central. -Classificação: Ø Trombóticos: provenientes de trombos. Ø Embólicos: provenientes de êmbolos. Ø Lacunares: provenientes das artérias perfurantes. -Constituem de 80 a 85% das doenças cerebrovasculares. -Critérios do Ensaio TOAST: Ø Aterosclerose de grandes artérias (tromboembolia artério-arterial): v Provável à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com aterosclerose de grandes artérias; outras causas excluídas. v Possível à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com aterosclerose de grandes artérias; outras causas não excluídas. Ø Embolia cardiogênica: fontes de média ou alto risco. v Provável à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com embolia cardíaca; outras causas excluídas. v Possível à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com embolia cardíaca; outras causas não excluídas; ou fonte cardíaca de médio risco e nenhuma outra causa encontrada. Ø Oclusão de pequenos vasos (lacunas): v Provável à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com infarto lacunar; outras causas excluídas. v Possível à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com a etiologia em questão; outras causas excluídas. Ø AVCI de outras etiologias definidas (incomuns): LES, anemia falciforme. v Provável à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com a etiologia em questão; outras causas excluídas. v Possível à dados clínicos e laboratoriais compatíveis com a etiologia em questão; outras causas excluídas. Ø AVCI de etiologia indeterminada, quando: v 2 ou mais potenciais causas identificadas; v Investigação negativa; v Investigação incompleta. -Aterosclerose de Grandes Artérias: doença inflamatória crônica de origem multifatorial, que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e de grande calibre. Ø A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão do endotélio vascular, devido a diversos fatores de risco, como a elevação de lipoproteínas aterogênicas, como o LDL. A HAS, a DM e o tabagismo também causam uma lesão endotelial, favorecendo a retenção de LDL na parede das artérias. 14 Ø Atingem vasos grandes, mas as alterações são pequenas, pois são regiões pequenas que serão afetadas. Por exemplo, se afetar a artéria cerebral média, pode acometer apenas a boca ou a mão. Ø Há estreitamento da luz da artéria, com isso a camada íntima inicia a sofrer necrose por perda de nutrição, ocorrendo inflamação na superfície da placa, o que forma trombos devido ao turbilhonamento do sangue. Isto, por sua vez, provocam obstruções e liberação de microtrombos. Não é embolítico, pois não é de origem cardíaca, mas sim pela deposição de LDL na parede da artéria que promove essa lesão e posterior obstrução. Ø Endarterectomia: retirada de placa aterosclerótica. Ø Há lesões isquêmicas corticais, cerebelares, do tronco encefálico ou hemisféricas subcorticais maiores que 1,5cm de diâmetro, definidas na TC ou RM. -Embolia Cardiogênica: FA, choque séptico e endocardite infecciosa. Ø Pelo menos uma fonte cardíaca de êmbolo deve ser identificada para se firmar o diagnóstico de possível ou provável AVC cardioembólico. Evidência de isquemia cerebral prévia em mais que um território vascular ou embolia sistêmica reforça o diagnóstico de embolia cardíaca. Ø Os achados clínicos e de imagem são similares àqueles descritos na aterosclerose de grandes artérias. Porém, os infartos cerebrais com transformação hemorrágica são mais comuns nas embolias de origemcardíaca. Ø Na FA, o átrio bate descompassadamente, o que produz estase sanguínea e formação de trombos que podem se alojar mais distalmente em alguma artéria. Cuidado ao se realizar cardioversão em pacientes com FA justamente por haver o risco de estimular esta ocorrência. Ø No choque séptico, a válvula doente produz vegetações que se despreendem, formando êmbolos, além de produzirem abscessos cerebrais. No local onde se depositam, haverá AVC e abscessos. -Oclusão de Pequenas Artérias: Infartos Lacunares. Ø Ocorre por degeneração dos pequenos vasos e arteríolas perfurantes, por ação direta da hipertensão arterial aórtica, associada ou não ao Diabetes Mellitus, através de um processo degenerativo chamado lipohialinóse – deposucao de substância lipoide na íntima das artérias, com estreitamento até que ocorra trombose ou obstrução. Ø TC ou RM demonstram lesões pequenas (lacunas) no território das artérias perfurantes, ou seja, núcleos da base, tálamo, tronco cerebral, coroa radiada e cápsulas interna e externa, menores que 1,5cm de diâmetro. Ø A principal causa é a HAS não controlada e crônica. Ø Clássicas Síndromes Lacunares: 1. Hemiparesia motora pura; 2. Hemiparesia atáxica; 3. AVC sensitivo puro; 4. AVC sensitivo-motor; 5. Disartria-mão desajeitada. -Outros Mecanismos de Menor Frequência dos AVCI: Ø A vasculopatia inflamatória relacionada às doenças Takayasu, doença infecciosa (TBC, sífilis, zoster oftálmico, SIDA), mucormicose e arterites (poliarterite nodosa e Granulomatosa de Wegener), além das vasculites das diferentes doenças autoimunes (LES, AR, síndrome do AC-antifosfolípide). Ø Na vasculopatia não inflamatória, as principais etiologias são a displasia fibromuscular e a dissecção de artéria pós-trauma. Ø Nas coagulopatias, policitemia, trombocitose, deficiência de proteína C ou S, deficiência de anti- trombina III, na -AVC de Etiologia Indeterminada: Ø Há causa indeterminada de AVC em quase 1/3 dos pacientes, a despeito da extensa investigação realizada em parte deles. Em outros casos, a etiologia do AVC não pode ser definida devido à investigação insuficiente. Além disso, também se encaixam pacientes com 2 ou mais causas potenciais de AVCI. -Ataque Isquêmico Transitório (AIT): Ø Definição antiga: caracterizado por um déficit neurológico focal agudo com duração menor que 24 horas, presumivelmente de natureza vascular, e confinada a um território vascular ocular ou do encéfalo irrigado por determinada artéria intracraniana. Ø Nova definição: leva em consideração a ausência de infarto cerebral nos exames de imagem e duração dos sintomas menor que 1 hora, visto que a maioria dos AITs regride em até hora, e dentre aqueles cujos sintomas duram mais que isso, apenas 15% têm a sintomatologia extinta em até 24 horas. 15 Ø Após um AIT, de 10 a 25% dos pacientes têm AVC nos próximos 3 meses, e em quase metade destes pacientes, o AVC ocorre nas 48 horas após o AIT. Ø Dessa forma, sintomas de isquemia cerebral aguda, sejam transitórios ou persistentes, associados ou não a infarto cerebral, devem ser considerados emergência médica e, consequentemente, necessitam ser precocemente tratados de acordo com o seu mecanismo etiopatogênico. -Quadro Clínico e Diagnóstico: Ø Dentre os sintomas mais comuns, temos hemiparesia, monoparesia, hemi-hipoestesia, afasia, ataxia, diplpia e hemianopsia. Ø Os sinais e sintomas variam de acordo com a extensão da lesão isquêmica e com o território arterial comprometido. Ø A investigação complementar é necessária para a confirmação da localização da lesão e para a definição etiológica do AVCI. v TC ou RM à diagnóstico diferencial entre AVCI e AVCH. Ø Outros Exames para AVCI: v Exames de sangue à hemograma, bioquímica, coagulograma, etc. v Investigação de fontes de embolia cardíaca à ecocardiograma, eletrocardiograma, etc. v Investigação de fontes arteriais de trombose arterial ou embolia à angiotomografia, angiorressonância, eco Doppler de carótidas e vertebrais. -Tratamento: Ø Regra dos 3H no AVC Agudo: hipotensão + hiperglicemia + hipertermia. Ø Drogas Anti-Hipertensivas por Via Parenteral: b-bloqueadores EV (metoprolol ou labetabol), enalaprilato e nitroprussiato de sódio. v Somente PAS > 220mmHg ou v PAD > 120mmHg ou v PAM > 130mmHg. Ø Evitar: já que podem causar queda brusca e imprevisível da PA. v Bloqueadores de canal de cálcio (Niifedipina) por via sublingual. v Diuréticos de alça (Furosemida). Ø Combater Hiperglicemia: já que favorece maior extensão da lesão neuronal isquêmica. v Usar soluções cristaloides para reposição volêmica. v A insulina regular deve apenas ser utilizada se os níveis glicêmicos excederem 180mg%. Ø Combater a Hipertermia: uma vez que esta acelera a morte neuronal, contribuindo para a isquemia. Ø Tratamento Trombolítico: é iniciado em pacientes maiores de 18 anos, com AVCI confirmado por TC ou RM, até 4 horas e meia após o início dos sintomas, na ausência de contraindicações. v O rT-PA endovenoso é o único agente farmacológico com eficácia comprovada na melhora funcional de pacientes com AVCI agudo, desde que administrado com janela terapêutica de 4h30. v Critérios de Inclusão e de Exclusão: 16 • AVC Hemorrágico: -Classificação: Ø Intraparenquimatosa: ocorre dentro do parênquima. Ø Meníngea/Subaracnoidea: ocorre em volta do cérebro. -Hemorragia Intraparenquimatosa (HIP): corresponde a uma coleção hemática dentro do parênquima encefálico. Ø Epidemiologia: v Há elevada morbi-mortalidade, em que 1/3 dos pacientes morrem em 30 dias e apenas 1/5 se recuperam com independência funcional após 6 meses. v Casuísticas Internacionais AVCHs à 10% dos AVCs. v O principal fator de risco é a HAS. Ø Etiopatogenia: v HAS; v Angiopatia amiloide; v Malformações vasculares; v Neoplasias; v Anticoagulantes; v Fibrinolíticos; v Diáteses hemorrágicas; v Drogas simpatomiméticas à cocaína e crack; v Angilites primárias e secundárias do SNC; v Microaneurismas à descritos inicialmente por Charcot e Bouchard, de pequenas artérias. Ø Quadro Clínico: v As manifestações clínicas podem ser divididas em duas vertentes: § Sinalizando os efeitos da hipertensão intracraniana (HIC) aguda; § Específica ao sítio de sangramento. 17 v O volume do hematoma se correlaciona diretamente com a intensidade e a gravidade do quadro clínico, determinando maior morbimortalidade. v Ao contrário do AVCI, que já se instala da maneira que ele é, o AVCH tem uma progressão conforme o hematoma aumenta. v A TC de crânio é fundamental para a confirmação diagnóstica da HIP. v A angiografia digital está indicada nos pacientes com suspeita de sangramento por aneurismas saculares e malformações arteriovenosas. Ø Prognóstico: a HIP, geralmente, exibe mal prognóstico, uma vez que quase metade dos pacientes morrem em 30 dias e apenas 1/5 se recupera com independência funcional após 6 meses. Ø Tratamento: v Se houver condições de se proceder à monitorização da pressão intracraniana (PIC), a pressão de perfusão cerebral deve ser mantida acima de 70mmHg e a PIC abaixo de 20mmHg. v Tratamento Cirúrgico à na hemorragia cerebelar, a consideração de cirurgia de emergência (craniectomia de fossa posterior) deve ser colocada em primeiro plano. -Hemorragia Subaracnóide (HSA): a coleção hemática se encontra no espaço subaracnoide. Ø Classificação: v Traumático à maioria, não abordado. v Espontâneo à cerca de 10% de todos os AVCs, sendo a ruptura de aneurisma intracraniano (AIC) correspondendo a 80% destes. Ø Etiopatogenia: v O principal fator etiológico da HSA, ocorrendo em 80% dos casos, é a ruptura de aneurisma intracraniano (AIC). § Mais comum em mulheres. § Pacientes de raça negra têm maior risco do que os brancos. § Fatores de Risco Mais Importantes: idade entre 50 e 55 anos, tabagismo, HAS, etilismo e históriafamiliar de HSA. v O aneurisma sacular compreende cerca de 90% de todos os AICs e se localiza, preferencialmente, ao nível das bifurcações de grandes artérias intracranianas, sobretudo no polígono de Willis. Ø Quadro Clínico e Diagnóstico: v O paciente com HSA aneurismática costuma apresentar sintomas bastante característicos, como intensa cefaleia de instalação abrupta (muitas vezes descrita como a pior dor de cabeça da sua vida), dor cervical e nucal, náuseas, vômitos, fotofobia e perda de consciência. v Dentre os déficits neurológicos focais, os mais característicos são paralisia do nervo óculomotor nos aneurismas de artéria comunicante posterior, paralisia do nervo abducente na síndrome de HIC e déficit motor nos MMII ou abulia nos aneurismas da artéria comunicante anterior. v A TC de crânio deve ser o exame subsidiário de escolha para confirmar a suspeita clínica de HSA. v O exame do LCR deve ser indicado em todo paciente com quadro clínico sugestivo e TC com resultados duvidoso ou negativo. v A angiografia cerebral é considerada padrão-ouro para detecção de aneurismas intracranianos. v A RM de crânio deve ser indicada se nenhuma lesão vascular for encontrada na angiografia cerebral. Ø Prognóstico e Tratamento: v O mal prognóstico está associado ao comprometimento do nível de consciência quando da admissão hospitalar, à idade avançada e à quantidade de sangue visualizada na TC inicial. v As escalas de Hunt e Hess e da World Federation of Neurological Surgeons (WFNS) são as mais conhecidas e utilizadas na prática diária. Têm boa correlação prognóstica e são úteis para determinar a indicação e o momento adequado da realização de tratamento cirúrgico ou endovascular. v O Doppler transcraniano deve ser realizado para o seu diagnóstico e monitoramento. v O tratamento inicial do vasoespasmo sintomático consiste na terapia hiperdinâmica, com ênfase na indução de hipertensão e manutenção da euvolemia. v Em relação ao tratamento do aneurisma propriamente dito, indica-se terapêutica precoce no sentido de se evitar o ressangramento, seja por meio de clipagem neurológica microvascular ou por tratamento endovascular com molas destacáveis. 18 AULA 3 – 13/02/19 Parkisonismo e Doença de Parkinson • Definição de Parkisonismo: síndrome em que há 4 sintomas cardinais, o tremor, a rigidez, a acinesia e a instabilidade postural – é um sintoma da doença de Parkinson, sendo tal doença a principal causa. -O tremor geralmente é um tremor de repouso. -A acinesia consiste na ausência de movimento – pode ser usada a bradicinesia, que é a diminuição do movimento (lento). -Tipos: Ø Parkisonismo Secundário: não é um parkisonismo verdadeiro, sendo a principal causa, a intoxicação medicamentosa – é o mais comum de ocorrer, mas lembrar que não é o verdadeiro. Ø Parkisonismo Primário: proveniente da doença de Parkinson principalmente, mas pode ser originado de outras doenças também. • Doença de Parkinson ou Síndrome Parkisoniana Idiopática: é um distúrbio motor, ou seja, do movimento, não tem relação alguma com a função cognitiva. Forma mais comum para se causar o parkisonismo. • Epidemiologia: -Geralmente acomete a população com mais de 60 anos. -Não é uma doença de notificação compulsória. -Hoje há em torno de 630.000 pessoas no Brasil com parkinsonismo. • Fatores de Risco: -Idade: é, acima de tudo, o maior fator de risco. Jovens adultos raramente experimentam a doença de Parkison (15%). Ele normalmente começa na meia-idade ou mais tarde, e o risco aumenta com a idade. As pessoas costumam desenvolver a doença em torno de 60 anos ou mais de idade. Se jovem, geralmente tem um fator genético envolvido. -Sexo: os homens são mais propensos a desenvolver a doença de Parkinson do que as mulheres. -Exposição a Toxinas: exposição contínua a herbicidas e pesticidas pode coloca-lo em um risco ligeiramente aumentado de doença de Parkinson. -Hereditariedade: Ø A maioria dos casos de doença de Parkinson provavelmente resultam de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais. Tais casos são classificados como esporádicos e ocorrem em pessoas com sem aparente histórico familiar. A causa desses casos esporádicos permanece sem explicação clara. Ø Aproximadamente 15% das pessoas com doença de Parkinson possui histórico familiar positivo para a doença. Casos genéticos de doença de Parkinson podem ser causados por mutações nos genes LRRK2, PARK7 (proteína DJ-1), PINK1, PPKN ou SNCA, ou por alterações nos genes que ainda não foram esclarecidas. Mutações em alguns desses genes podem ainda desenvolver quadros que aparentemente são esporádicos. Ø Alterações em certos genes, incluindo GBA e UCHL1, não causam a doença de Parkinson, mas parecem modificar o risco para o desenvolvimento dessa doença em algumas famílias. Variações em outros genes não foram identificados como risco provável para desenvolvimento desta condição. • Etiopatogenia: -Anatomia dos Gânglios da Base: -Os tálamos conectam a porção aferente com a eferente. -No mesencéfalo, localiza-se um núcleo da base, a substância negra – é literalmente uma região negra. Ø O trato nigro-estriatal conecta a substância negra ao estriatum, que conecta o putamen ao núcleo caudado. Assim, há um corpo celular na substância negra (mesencéfalo) com um axônio até o estriatum (putamen + globo caudado). Ø Os neurônios que estão na substância negra são neurônios dopaminérgicos, ou seja, especializados em produzir a dopamina, que é a substância que dá a coloração negra ao núcleo da base. Ø Assim, o trato nigro-estriatal é responsável por transportar a dopamina da substância negra ao estriatum (putamen + núcleo caudado). A dopamina é um catalisador da função do estriatum, estimulando a função motora. Ø O paciente com doença de Parkinson possui degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra, ou seja, deixa de haver dopamina. -Diferentemente da doença de Parkinson, no quadro clássico da doença dos corpos de Lewy, há uma inclusão citoplasmática que consiste num núcleo denso envolto por um halo de fibrilos, dos quais o principal componente é a a-sinucleína – é um neurônio doente, que não funciona mais. 19 Ø A a-sinucleína é uma proteína pré-sináptica normal do neurônio, que ocorre na forma de monômeros ou de dímeros. Quando começa a se aglomerar e a formar oligômeros e protofibrilos, ela mata o neurônio – não se sabe como ela começa a se aglomerar. • Diagnóstico: -Parkisonismo Secundário: o exame de PET Scan (18 fluor dopa) dá negatividade para doença de Parkinson. Ø Parkisonismo Psicogênico: doença psiquiátrica que simula o parkisonismo (a pessoa não está fingindo), não é nada orgânico. Ø Intoxicação Medicamentosa: medicamentos que induzem o parkisonismo, geralmente relacionado ao início da ingestão, havendo rápida instalação dos sintomas. Ø AVC (a não ser que os núcleos da base estejam envolvidos): lesões de estruturas cerebrais que simulam o parkisonismo, geralmente relacionado ao evento do AVC, de caráter abrupto. Ø Hidrocefalia de Pressão Normal: doença degenerativa que se assemelha ao Parkinson, aparece de 40 anos para cima. Ø Artrite: inflamação das articulações – a pessoa possui tanta diminuição de movimentos que se assemelha à doença de Parkinson. -Parkisonismo Primário: o exame de PET Scan (18 fluor dopa) dá positividade para doença de Parkinson ou outras doenças semelhantes a esta, que interferem os neurônios dopaminérgicos. Ø Síndrome Parkisoniana Idiopática: inicia com problemas motores e demora de 20 a 30 anos para a pessoa começar a ter problemas cognitivos. Denominada doença de Parkinson. Ø Paralisia supranuclear progressiva: doença dos nervos cranianos. Ø Atrofia de múltiplo sistema. Ø Degeneração córtico-basal. Ø Doença de Corpos de Lewy: tal doença se inicia com uma demência muito pronunciada, pode até haver um problema motor associado, mas não se compara com a doença de Parkinson. Leva o paciente ao óbitoem 2 a 3 anos, as vezes o paciente não chega a ter o parkisonismo clássico, por tamanha agressividade da doença. v Corpo de Lewy clássico é uma inclusão eosinófila citoplasmática que consiste num núcleo denso envolto. • Tratamento: -Padrão-Ouro: a dopamina não atravessa a barreira hemato-encefálica e, portanto, foi criada a L-dopa, um medicamento semelhante àquela, mas que atravessa a barreira hemato-encefálica. É capaz de retardar os sintomas, mas não a doença – fornecida no início da doença. Não se fornece a L-dopa isoladamente, mas em conjunto com a carboidopa, que é um inibidor da enzima que transforma a L-dopa em dopamina (dopa- decarboxilase), o que acaba gerando que a dopamina não atravesse a barreia hemato-encefálica, seja metabolizada perifericamente e provoque efeitos colaterais. Com a progressão da doença, há menos neurônios dopaminérgicos e, com o tempo, haverá menos estoque de dopamina. -Outros Medicamentos: Ø Inibidores da COMT: promove a inibição da metabolização periférica da L-dopa e a degradação da dopamina no SNC; Ø Agonistas dopaminérgicos: medicamentos que possuem função similar à dopamina; Ø Inibidores da MAO: monoaminoxidase é uma enzima que degrada simpatomimégicos, ou seja, um inibidor dessa enzima diminui a degradação da dopamina; Ø Amantadina: é um anti-viral que aumenta a extrusão de vesículas sinápticas, então, ela acelera a liberação da dopamina pelas vesículas sinápticas, bem como aumenta a sua captação. -Neuroestimulador: também chamado de DBS, é um estimulador subcutâneo que envia ondas eletromagnéticas que ditam uma frequência nos núcleos da base, como se fosse uma dopamina. AULA 4 – 20/02/19 Epilepsia • É um distúrbio cerebral que não é obrigatório haver concomitantemente distúrbios mentais ou de psicoses. • Conceitos: -Crise Epiléptica: decorrente de descarga anormal e excessiva do tecido cerebral – toda convulsão é uma crise epiléptica, mas nem toda crise epiléptica se expressa como uma convulsão. -Crise Provocada: também chamada de crise sintomática aguda, é causa imediatamente identificada, como distúrbio metabólico, intoxicação endógena, abstinência de drogas seletivas ou insulto neurológico agudo. -Crise Única: 1 ou + crises dentro de 24 horas e que não se repete – possível origem na crise sintomática aguda ou primeiro episódio de epilepsia? Doenças de Parkinson-Plus 20 -Crise Reflexa: é semelhante à crise provocada, mas geralmente é uma tendência do cérebro a responder a determinado estímulo, sendo uma característica genética – somatossensitiva e fotossensitiva, por exemplo. Entra na família das epilepsias, existem síndromes específicas de epilepsia que causam crises reflexas. -Epilepsia: crises epilépticas espontâneas recorrentes – toda epilepsia tem que ter crise epiléptica, mas nem toda crise epiléptica comprova epilepsia. -Convulsão: crise epiléptica com grande componente motor, como tremor. • Definição de Epilepsia: desordem cerebral caracterizada por uma predisposição persistente, que leva ao aparecimento de crises epilépticas e as suas consequências neurobiológicas, cognitivas e psicossociais (ILAE). -Toda pessoa que possui epilepsia pode estar inserida em vários quadros que não só o genético e sabe-se que psicossocialmente existe muito tabu em volta desta patologia. -Definição Conceitual – ILAE (2005): epilepsia é uma afecção cerebral caracterizada por uma predisposição mantida para gerar crises epilépticas e pelas suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. A definição de epilepsia exige a ocorrência de, pelo menos, uma crise epiléptica. -Definição Clínica Operacional: a epilepsia é uma doença cerebral definida por qualquer uma das seguintes condições. 1. Pelo menos duas crises epilépticas espontâneas (i.e. não provocadas) ou reflexas, ocorrendo com mais de 24 horas de intervalo; 2. Uma crise não provocada (ou reflexa) e uma probabilidade de novas crises semelhante ao risco geral de recorrência (pelo menos 60%) após duas crises espontâneas, no decurso dos 10 anos seguintes – ex.: sabe-se que uma pessoa com AVC que teve uma crise epiléptica, a chance de haver uma segunda crise é acima de 60%; 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica – doenças que são comprovadamente acompanhadas de epilepsia, como a esclerose tuberosa (mesmo sem ter havido crises epilépticas). -Definição Clínica Operacional – Prática: a epilepsia é considerada resolvida em indivíduos com síndrome epiléptica dependente de idade, tendo ultrapassado a idade em que as crises ocorrem habitualmente nessa síndrome; ou doentes que permaneceram sem crises por pelo menos 10 anos, sem medicação antiepiléptica nos últimos anos. Ø Por exemplo, sabe-se que uma pessoa tem epilepsia resolvida em casos de epilepsia idade- dependente, pois, a partir de certa idade, não ocorrem mais as crises epilépticas. OBS.: Não se usa a palavra “curada” para pessoas cuja epilepsia tenha sumido, mas sim, usa-se o termo “resolvida”, pois uma pessoa que já teve epilepsia não é igual à pessoa que nunca teve. • Epidemiologia: -EUA: Ø Incidência: 26 – 90/100.000 habitantes; Ø Prevalência: 0,09 – 5,7%; Ø Prevalência de epilepsia ativa: 0,5%. -Prevalência SP: 11,9/1.000 habitantes. • Etiologia: -Estrutural: malformações, pós-TCE, pós-meningite, sequela de anoxia neonatal, etc – alteração na arquitetura cerebral. -Genética: genes predisponentes da crise epiléptica. -Infecciosa: neurocisticercose e outros parasitas cerebrais. -Metabólicas: decorrente de desordens ou distúrbios metabólicos. -Imunológicas: produção imunológica de anticorpo anti-receptor de MNDA, que é um excitatório cerebral. -Desconhecida: pode haver um diagnóstico duplo, como a esclerose tuberosa, que é de origem genética, mas ao se fazer RN, visualiza-se alterações na morfológica cerebral, sendo assim classificada como genético- estrutural; ou pode ser uma causa que não se encaixe nessa classificação. • Fisiopatologia: -A epilepsia é causada por descargas neuronais excessivas e síncronas em determinada população neuronal. -Ocorre excitação excessiva pelo glutamato – neurônio excitatório produz glutamato, portanto, há uma função glutamatérgica – ou falta de inibição pelo GABA – função gabatérgica. • Classificação das Crises Epilépticas (ILEA 1989): -Crises Generalizadas: descarga elétrica anormal em ambos os hemisférios cerebrais, não necessariamente em todo o cérebro, mas sim, nos dois lados do cérebro. Ø Tônicas à aumento do tônus global. Ø Clônicas à episódios de contração rítmica dos dois hemicorpos. Ø Tônico-Clônicas (Grande Mal)à mista entre as tônicas e clônicas – é a mais comum de todas. Ø Ausências (Pequeno Mal) à pessoa ausente e com perda da consciência no momento. 21 v Típicas; v Atípicas. Ø Sd. Lennox-Gastaut; Ø Epilepsia mioclônica juvenil à uma das poucas crises em que a pessoa não perde a consciência no momento da crise – muito rápida. Ø Espasmos infantis (Sd. West). Ø Crises atônicas (Astáticas) à uma das poucas crises em que a pessoa não perde a consciência no momento da crise – a pessoa “desliga” rapidamente e “liga” novamente. -Crises Parciais Simples: descargas elétricas anormais em apenas um dos hemisférios, em que a consciência não é comprometida. Ø Manifestações Motoras: v Tônica; v Clônica; v Tônico-clônica. Ø Manifestações Somato-Sensitiva ou Sensitivas: v Visual; v Auditiva; v Olfatória; v Gustativa; v Vertiginosa. Ø Manifestações Autonômicas. Ø Manifestações Psíquicas. • Classificação dos Tipos de Crises (ILEA 2017): o tipo da crise é importante para se determinar o correto tratamento. -Início Focal: geralmente ocorrem durante o sono (crises ípnicas). Ø Início Motor: v Automatismos; v Atônicas; v Clônicas; v Espasmos epilépticos; v Hipercinéticas; v Mioclônicas; v Tônicas. Ø Início Não Motor: v Autonômicas; v Parada comportamental; v Cognitivas; v Emocionais; v Sensoriais. -Início Generalizado: descarga elétrica anormalem ambos os hemisférios cerebrais, não necessariamente em todo o cérebro, mas sim, nos dois lados do cérebro. Ø Motoras: v Tônico-Clônicas à é a que mais assusta, mas não necessariamente possui uma conotação ruim. v Clônicas à abalos clônicos repetitivos e comprometimento da consciência. v Mioclônicas à contrações musculares súbitas, breves e semelhantes a choques. Afetam a musculatura facial, tronco, extremidades ou grupos musculares. Ocorrem após privação do sono, ao despertar ou ao adormecer. É desencadeado por fotoestimulação intermitente. v Atônicas à § Espasmos epilépticos. Ø Não-motoras: ausências. v Típicas. § Perceptivas: a pessoa está consciente da crise e é não-motora. § Disperceptivas: a pessoa perde a consciência e “para”, há uma alteração parcial ou completa da consciência, com início motor ou não. Muitas vezes são sugestivas de origem no lobo temporal. § Focal Evoluindo para Tônico-Clônico Bilateral: também pode iniciar em uma localidade do cérebro e por redes neurais profundas, atinge outra localidade do cérebro, como outro hemisfério, como uma crise disperceptiva que evolui para uma tônico-clônica. § 22 v Atípicas: § Mioclônicas; § Mioclonias palpebrais. -Início Desconhecido: Ø Motoras: v Tônico-Clônicas; v Espasmos epilépticos. Ø Não-Motoras: v Parada comportamental. -Não Classificadas. • Epilepsia Ausência Benigna da Infância: são crianças normais, saudáveis e que some com a idade, mas tem o estigma psicossocial. Deve ter a idade da doença, ou seja, iniciando 2 anos para frente, podendo atingir a puberdade. A crise deve ocorrer todos os dias, várias vezes ao dia, deve ter EEG patognomônico (onda 3Hz) e positiva para manobra da hiperpneia. Para se ter essa epilepsia, deve-se ter crise de ausência, ou seja, de repente a criança para (súbito) com arresponsividade que dura no máximo 20 segundos e que volta imediatamente ao normal, sem nenhum fenômeno pós-crise. Durante a crise, podem ter fenômenos associados, no mínimo parada comportamental e arresponsividade, mas podem ter automatismos (“contando dinheiro”, mioclonias de sobrancelha, urina, etc). • Crises Focais: -Origem no Lobo: Ø Temporal; Ø Frontal; Ø Parietal; Ø Occipital. • Epilepsia do Lobo Temporal (ELT): -São as mais frequentes no adulto. -60% das epilepsias focais no adulto. -Pode ser mesial (sintomas autonômicos) e neocortical ou lateral (fenômeno restrito), de acordo com a origem e semiologia das crises. -ELT Mesial: Ø 60% das epilepsias do LT. Ø Esclerose mesial temporal ocorre em 50 a 70% dos pacientes com ELTM refratárias ao tratamento. Ø Pode estar associado a fatores genéticos familiares e a antecedentes de convulsões febris. -Sequência de Eventos: Ø 90% dos pacientes referem aura – geralmente é um desconforto abdominal ou precordial – que já faz parte da crise epiléptica. Ø Pode ser caracterizada por parada e fixação olhar. Ø Automatismos simples do tipo oroalimentar e alterações motoras contralaterais. Ø Automatismos complexos ou generalizações secundárias. • Epilepsia do Lobo Frontal (ELF): -Corresponde de 20 a 30% das epilepsias focais. -É o tipo predominante de epilepsia extratemporal. -Predominam a noite, sendo difícil diferenciar de parassonias. -A generalização secundária é comum. • Tratamento: tem como base o tipo de crise epiléptica. -Início Focal: a primeira escolha é a carbamazepina. Na dúvida, iniciar com ácido maltrólico que funciona para crise de início focal e de generalizado – apesar de não ser muito eficiente para a de início focal. -Crise de Ausência: não pode fornecer carbamazepina. -O Gardenal (fenobarbital) dificilmente controla a crise de início focal e a maioria das crises, a não ser que seja de origem genética e epilepsia mioclônica generalizada. É bom para estado de mal epiléptico (prática, crise por mais que 5 min). A fenitoína é mais eficaz, mas a administração é muito demorada, portanto se prefere o fenobarbital. Em pacientes em estado de mal epiléptico há 1 hora, ocorre deformidade do receptor de GABA e, assim, é menos responsivo às drogas. 23 AULA 5 – 27/02/19 Cefaleias • Definição: é todo processo doloroso referido no segmento cefálico, que pode originar-se em qualquer das estruturas faciais ou craniana. • Anatomia: -A dor é o principal mecanismo de defesa e, portanto, a cabeça é o segmento mais rico em terminações nervosas. -O que dói? Ø Face profunda e superficial; Ø Couro cabeludo; Ø Periósteo craniano; Ø Vasos sanguíneos extracranianos; Ø Artérias do polígono de Willis e suas porções proximais; Ø Grandes seios venosos intracranianos e suas tributárias; Ø Parte basal da dura-máter; Ø Nervos cervicais superiores e os nervos V, VII, IX e X (sensitivos). -O que NÃO dói? Ø Ossos da calota craniana; Ø Leptomeninges; Ø Maior parte da dura-máter; Ø Parênquima encefálico; Ø Epêndima e plexos coroides dos ventrículos; Ø Todos os vasos do interior do parênquima encefálico; Ø Demais nervos cranianos. • É importante estudar a cefaleia porque: -3ª causa de consulta em clínica médica; -1ª causa de consulta neurológica; -Uma das 5 principais causas de consultas em OS. • The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition (b version): I. Cefaleias Primárias: são as cefaleias funcionais, da porção nervosa da cabeça (espontâneas). II. Cefaleias Secundárias: aquelas que possuem motivo não neurológico. III. Neuropatias Craniais Dolorosas e outras Cefaleias e Dores Faciais. • Como avaliar a cefaleia? -A principal característica é a frequência da cefaleia, ou seja, de quanto em quanto tempo aparece e qual a sua duração. Pode ser aguda, aguda recorrente, crônica progressiva, crônica não progressiva ou mista. -Avaliar o tipo de enxaqueca, sendo a aguda recorrente a mais comum. -Lembrar que as cefaleias mais preocupantes são a aguda recorrente e a crônica não progressiva (tumor, hidrocefalia, abscesso e neurocisticercose). -A cefaleia é aguda se dura de 1 a 2 dias e crônica se há 15 dias de dor sem pausa. • Perfil Temporal das Cefaleias Primárias e Secundárias: -Cefaleia Aguda: único episódio de dor de cabeça sem histórico prévio de outros eventos. -Cefaleia Aguda Emergente: caracteriza-se por uma dor nova ou francamente diferente das anteriores. Embora esse padrão possa ser encontrado na cefaleia primária (aquela em que a própria dor é a doença, como as crises de enxaqueca, para a qual não há uma causa estrutural identificável), deve-se sempre atentar para um diagnóstico secundário. Ø Em situações específicas, em que não há outros sinais ou sintomas, o médico poderá optar pela simples observação clínica e medicação analgésica. Ø Havendo dúvida, uma investigação deve ser conduzida. Ø Exemplo: dor ocasionada por uma hemorragia cerebral secundária à ruptura de aneurisma. -Cefaleia Aguda-Recorrente: é a forma de cefaleia mais comum. A enxaqueca é sempre classificada neste tipo de cefaleia, sendo que é necessário haver pelo menos 5 episódios para se reiterar o diagnóstico. Ø Corresponde àquelas dores que vão e vem, que ocorrem de tempos em tempos. Recorrência e estereotipia são as principais características das cefaleias primárias. Portanto, na maioria das vezes, ela sugere benignidade. Ø Exemplo: enxaqueca. -Cefaleia Crônica Progressiva: é um padrão típico de tumor e de hidrocefalia – a cefaleia torna-se crônica a partir de 15 dias com dor. 24 Ø Padrão mais raramente encontrado e requer investigação, como a realização de uma tomografia ou ressonância magnética de crânio. Geralmente esse tipo de cefaleia está associado a algum fator em evolução. Ø O compartimento craniano tem seu volume constante após o fechamento das suturas, isso significa que qualquer lesão que cresça e caue comprima as estruturas -Cefaleia Crônica Não-Progressiva: é constante, não desaparece, até mesmo por meses, sem quadros de piora. Um exemplo é a cefaleia tensional. Ø Esse padrão é típico daqueles pacientes queapresentam uma cefaleia primária, como a enxaqueca ou a cefaleia tensional, e relatam um aumento progressivo na frequência de suas crises e redução da resposta aos analgésicos. Ø Pode estar relacionada às cefaleias secundárias – quando a dor de cabeça é um sintoma de outra doença – mas, de maneira infrequente. Ø Exemplo: cefaleia crônica diária. -Cefaleia Mista: crônica não-progressiva entremeada com episódios de enxaqueca. ENXAQUECA ou MIGRANEA • Definição: é um distúrbio familiar caracterizado por crises recorrentes de cefaleia muito variáveis de intensidade, de frequência e de duração. As crises são comumente unilaterais e geralmente associadas a anorexia, náuseas e vômitos. Em alguns casos precedidas por ou associadas a perturbações neurológicas ou de humor. Tais características não necessariamente estão todas presentes em um paciente ou em cada crise. -Enxaqueca não é sinônimo de dor de cabeça, é um fenômeno neurológico e, portanto, assim se manifesta, podendo ou não estar associado a dor de cabeça. • Fisiopatologia: -Needle stimuli à depressão cortical alastrante centrifugamente, a partir de um estímulo. Hipoperfusão cortical e alastramento da depressão da atividade cortical. Os nervos que inervam as meninges ficam mais sensíveis à a pulsação normal é interpretada como uma pulsação mais intensa. Os vasos ficam dilatados, edemaciados e os nervos sensibilizados. Os nervos ficam mais excitados. O tálamo fica muito sensível com o excesso de sensibilidade, prejudicando tudo o que o tálamo transmite. -Cortical spreading in pig. -Enxaqueca. • Classificação: -Enxaqueca Simples: -Enxaqueca Sem Aura: -Enxaqueca Com Aura: • Critérios Diagnósticos: -Migranea Sem Aura: A. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D. B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz). C. Cefaleia que preenche ao menos duas das seguintes características: v Localização unilateral; v Caráter pulsátil; v Intensidade moderada ou forte; v Exacerbada por, ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras. D. Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes sintomas: v Náuseas e/ou vômitos; v Fotofobia e fonofobia. E. Não atribuída a outro transtorno, como a HAS. -Migranea Com Aura: aura é um sintoma de disfunção cortical, um “aviso” que haverá a enxaqueca, apesar de já fazer parte da enxaqueca (15% dos pacientes). Muito raro o paciente ter apenas a aura sem a dor de cabeça. A. Pelo menos duas crises que preenchem os critérios de B a D. B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes: v Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características positivas (luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas (perda visual); v Sintomas sensitivos completamente reversíveis, incluindo características positivas (formigamento) e/ou características negativas (adormecimento); v Alteração da linguagem (afasia) completamente reversível. C. Pelo menos dois dos seguintes: v Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais; 25 v Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente em cinco minutos e/ou diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão de cinco minutos; v Cada sintoma dura entre 5 e 60 minutos. D. Cefaleia que preenche os critérios de B a D para migranea sem aura, começa durante a aura ou dentro de 60 minutos do início dela. E. Não atribuída a outro transtorno. • Características Gerais: -Hereditária, mas sem base genética identificada nas enxaquecas comuns. -A enxaqueca hemiplégica familiar tipo 1 foi a única enxaqueca relatada com base genética, em que há mutação no locu 19p13 no gene CACA1A4, associada a canais de cálcio voltagem dependentes. -Fatores Desencadeantes: é de distribuição igual entre os sexos, bem como em todas as idades, apesar de ser mais incidente e frequente em mulheres em idade fértil. A enxaqueca é uma doença de excessos e, assim, o excesso de algum fator irá causar a crise de enxaqueca. Ø Estresse; Ø Período menstrual; Ø Alimentos; Ø Bebidas alcoólicas; Ø Luz forte; Ø Calor; Ø Viagens; Ø Odores; Ø Fome; Ø Alterações ciclo vigília-sono; Ø Mudanças climáticas, etc. • Tratamento: -Não Específico: para a crise de enxaqueca – medicamentos gerais para dor. Ø Analgésicos; Ø AINH; Ø Corticosteroides; Ø Fenotiazínicos; Ø Opióides; Ø Isometepteno; Ø Cafeína; Ø Antieméticos. -Específico: para a dor de cabeça de enxaqueca – medicamentos basicamente vasoconstritores e, portanto, cuidado com pacientes coronariopatas. Ø Ergotamina à e seus derivados possuem muita dependência e efeito rebote. Ø Di-hidroergotamina à podem causar dependência. Ø Triptanos à agonistas 5HT1b (vasos meníngeos e durais), agonistas 5HT1d (nervos trigeminais durais e meningeais – diminui os neuropeptídios), 5HT1b/1d/1f (diminui a excitabilidade no núcleo caudado do trigêmeo no tronco cerebral que recebe impulsos nervo trigemial). São medicações vasoconstritoras. -Profilaxia: medicamentos para diminuir a recorrência da enxaqueca. Ø b-bloqueadores; Ø Anti-histamínicos; Ø Anti-epilépticos; Ø Bloqueadores do canal de cálcio; Ø Antidepressisvos tricíclicos. Recesso Acadêmico – 06/03/19 – Carnaval AULA 6 – 13/03/19 Demência • Conceito: define-se demência como uma condição na qual ocorre decréscimo cognitivo comparado a um nível prévio do indivíduo, com comprometimento de suas funções sociais e funcionais. -Segundo a Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV), para a determinação de demência, o comprometimento de memória é exigido necessariamente na apresentação, ademais deverá 26 haver declínio em relação a um padrão prévio cognitivo e não poderá haver delirium concomitante durante a avaliação. -Segundo o Grupo de Trabalho do National Institute on Aging (NIA) e a Alzheimer’s Association (AA), são propostos novos critérios que não exigem o comprometimento de memória inicialmente, possibilitando a sua aplicação para várias etiologias de demência. São estes, portanto, os critérios recomendados para a aplicação no Brasil pela Academia Brasileira de Neurologia. • Epidemiologia: -Os quadros demenciais são muito comuns na população idosa, com prevalência que dobra a cada cinco anos aproximadamente, a partir dos 65 anos. -Também há revisões sistemáticas demonstrando que, apesar da heterogeneidade da prevalência da demência, em todos os estudos houve aumento com a idade. -A maior causa de demência é a Doença de Alzheimer (DA). -A demência é mais prevalente entre os analfabetos e entre os idosos. -No Brasil, um estudo demonstrou que a incidência da demência dobrou a cada cinco anos, sem diferença por sexo, mas houve uma maior incidência em mulheres em idade avançada – além de uma tendência maior nos analfabetos. -Considerando a crescente prevalência populacional, as demências tornam-se uma questão primordial em saúde pública, ocasionando gastos diretos e indiretos, com aposentadorias, internações, assim como repercussões em trabalhadores ativos por acometimento de familiares que requerem seus cuidados. • Classificações das Demências: a) Degenerativas ou não degenerativas à doença de Alzheimer e demência vascular; b) Corticais ou subcorticais; c) Com início precoce (pré-senil – antes dos 65 anos) ou tardio (a partir dos 65 anos); d) Reversíveis ou irreversíveis; e) Rapidamente ou lentamente progressivas. -Em sua maior parte, as demências têm início insidioso e evolução lenta, entretanto, as mais diversas formas de apresentação se fazem possíveis. • Investigação Inicial: -A anamnese e o exame neurológico são de extrema importância para uma avaliação de um paciente com comprometimento cognitivo e uma possível síndrome demencial. -Não raramente, nesses casos, o transtorno cognitivo, o qual pode se apresentar como distúrbios de linguagem, de memória ou mesmo com anosognosia (incapacidade de reconhecer a própria limitação) o impede de relatar com precisão
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