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1 FACULDADE PAULISTA DE ARTES LICENCIATURA EM DANÇA ANA CAROLINE CABRAL ASSUNCION RECALDE CORPO-ESPAÇO-IDENTIDADE Lugares-não-lugares sob uma perspectiva de improvisação em dança SÃO PAULO 2019 2 ANA CAROLINE CABRAL ASSUNCION RECALDE CORPO-ESPAÇO-IDENTIDADE Lugares-não-lugares sob uma perspectiva de improvisação em dança Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Paulista de Artes para obtenção do grau de Licenciatura do curso de Dança. Orientador: Prof.a Ma. Paula Salles SÃO PAULO 2019 3 RESUMO O trabalho trata-se de um processo de pesquisa originado em reflexões acerca da relação corpo-espaço, em uma exploração do corpo a partir das construções arquitetônicas, como interferência de movimento, possibilidades de reconfiguração desse espaço físico e a relação eu-outro influenciada pelas disposições do meio urbano. Trazendo pensamentos a partir da ideia de lugares não-civis e sob a perspectiva da imprevisibilidade e pluralidade do espaço, do qual surge a composição em tempo real pautada na transformação de um espaço líquido em um lugar de diálogo entre corpos. Palavras-chave: Espaço. Improvisação. Dança. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5 1 CORPO, IDENTIDADE, GESTO E MOVIMENTO ............................................ 7 1.1 Composição em tempo real ......................................................................... 9 2 ESPAÇO SOCIOLÓGICO, DANÇANTE, ERRANTE ..................................... 10 2.1 Espaço sob uma perspectiva sociológica ................................................. 10 2.2 Espaço sob uma perspectiva de dança .................................................... 15 3 PROCESSO DE CRIAÇÃO ............................................................................. 17 3.1 Lugares outros: vivências e apreciações .................................................. 17 3.2 Processos da composição ......................................................................... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 24 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 25 5 INTRODUÇÃO O trabalho parte da ideia da relação do corpo com o espaço que habita, o ato de criar e recriar diálogos, significações de lugar e sua relação com o indivíduo e seu gesto dançado. Uma ideia de exploração de identidade que está em constantes cruzamentos de informação, corporalmente em conexão com o espaço. Chegando no mapeamento dos dispositivos denominados permanência- passagem-diálogo, numa exploração de contextualização da vivência individual de mundo, dentro e fora do conceito metafórico dessas palavras. Buscando a ressignificação de gestos e movimentos, a partir do mapeamento de espaços ocupados por esse indivíduo e a relação de interferência entre um e outro que geram estas respostas corporais. Um mapeamento que parte de dois pontos chaves: interferência do espaço do mundo no corpo e interferência do espaço pessoal do corpo no espaço do mundo. As ações de um corpo são influenciadas pelo espaço que ele circula e pelos lugares em que passa, permanece e dialoga. Os lugares onde o corpo se faz presente interferem e são interferidos, os corpos circulantes são estímulo/reação ao mesmo tempo, tanto na relação corpo/espaço quanto na relação corpo/corpo. A percepção corporal parte daquilo que o corpo já possui enquanto memória de uso daquela estrutura física e transforma o simples estímulo/resposta em um leque maior de possibilidades, deixando o movimento ser explorado em extensões e diminuições de movimento, fazendo ele se ressignificar nele mesmo ou gerar outros. Foi pensado um corpo que se compreende como elemento de um espaço e componente da significação de um lugar, ações que fazem o espaço modificar- se e significar-se, pensando o diálogo entre o indivíduo e a arquitetura, um corpo que se relaciona com outro corpo e ambos interferem e são interferidos pelo ambiente. Utilizando artifícios da composição em tempo real, surge a composição Lugar-não-lugar, em que uma construção arquitetônica interfere nas escolhas de comportamento e nas relações entre os indivíduos que dançam, sob uma perspectiva do movimento a partir dos lugares não-civis, onde os corpos traçam um caminho de construção de movimento até chegar em um diálogo criando um 6 espaço de permanência com um toque de liquidez em suas reconfigurações, ressignificando não-lugares e transformando as configurações para a qual a estrutura física foi construída. 7 1 CORPO, IDENTIDADE, GESTO E MOVIMENTO O corpo é entendido como um sistema vivendo em contínuos correlacionamentos com os ambientes por onde circula e, nesse correlacionamento formula constantes hipóteses sobre este mundo (BANANA, 2012, p. 24). De acordo com Adriana Banana (2012) o corpo está em constante processo de construção de pensamento a partir das hipóteses geradas pelo contato estabelecido com o mundo. Essas hipóteses são testadas a todo momento enquanto vivência do corpo em tempo real, onde pode-se fazer um paralelo ao pensamento do educador somático Moshe Feldenkrais (1977) sobre autoeducação, partindo dos três pilares da autoimagem, tratando-se da capacidade autônoma de explorar as possibilidades a partir de informações adquiridas pela educação – conjunto de aprendizados adquiridos por um indivíduo enquanto parte de um contexto social, cultural e político. A teoria corpomídia citada por Banana (2012) a partir de Helena Katz, entende o corpo como uma mídia de si mesmo, onde o corpo não é apenas um processador de informações externas que apenas passam. Em corpomídia existe um cruzamento de informações entre o que já está e o que chega, trazendo um corpo compartilhado formado por redes, trata-se de um processo contaminatório. O corpo que produz dança na contemporaneidade apropria-se de várias fontes de saberes, apreendidos a cada experiência (ARAÚJO e PORPINO, 2018, p. 325). De acordo com Louppe (2012) recorremos a dois tipos de movimento na vida: os movimentos fundamentais, que dizem respeito aos atos universais necessários a conduta de animais, como, por exemplo, andar, abaixar, levantar, deitar e assim por diante. Podendo ser executados em conjunto ou expandidos por movimentos menos “naturais”, comuns à memória corporal de bailarinos. Os movimentos fundamentais são especificamente objeto de uma investigação profunda, uma vez que se encontram ligados ao que temos de mais antigo na filogenia dos nossos comportamentos (LOUPPE, 2012, p. 122). A autora abre para pensamento os movimentos fundamentais como algo fornecido pelo corpo e aberto a possibilidades de experimentação, trazendo ampliações de movimentações e intensões em múltiplas ações que se constroem e reconstroem. A exploração contínua desses recursos ainda traz o domínio das 8 ações transformando as maneiras como as intenções são mobilizadas no corpo, pensando ainda na forma como Feldenkrais (2012) evidencia a repetição de movimento entendendo que a cada recomeço trata-se de um novo movimento. Para Louppe (2012) os movimentos fundamentais são carregados de símbolos e a investigação deles faz com que possam acontecer reconfigurações. Louppe (2012) ainda categoriza os movimentos fundamentais como algo comum a qualquer contexto coreográfico, em uma amplitude “natural”, e, ainda, acrescenta que há ausência de acentuação, transformando-os em algo discreto, os quais têm a intensão de apresentar na dança, investigando outras qualidadesa partir dessa base, saindo do lugar funcional que carregam. A autora ainda apresenta o caráter mimético do gesto cotidiano e a acentuação deste, destacando a intenção, também o pensando como um movimento fragmentado no corpo, um tipo de movimento que pensa predominantemente em seu objetivo final, em sua característica utilitária. Neste trabalho, o gesto cotidiano é pensado como movimento aprendido pelo corpo - pertencente a um determinado contexto, levando em considerações gestos e significados a partir de onde o indivíduo se encontra, variando a intenção e a forma deste movimento. Traz também um pensamento sobre o fato de que um grupo reconhecer a valorização da força simbólica pela linguagem corporal individual (LOUPPE, 2012). O movimento dançado desconhece limites, quer na forma, quer na organização ou escala (LOUPPE, 2012). A autora também abre o entendimento para a exploração do gesto cotidiano em si ou em seu caráter utilitário, pensando também na investigação não mimética dos movimentos fundamentais, sem acentuar maneira teatral. Neste trabalho a ideia é trazer a movimentação expressiva e não expressiva a partir do movimento fundamental e do gesto cotidiano, em uma construção de ressignificações e reconfigurações contínuas a partir da memória enquanto um corpo pertencente a determinado contexto, carregado pelos símbolos do gesto nas fases da educação, pensando na relação com a autoeducação. 9 1.1 Composição em tempo real Os gestos aparecem neste trabalho como ponto de partida para investigação a partir da potência utilitário da arquitetura do espaço, sempre em forma de composição em tempo real onde, de acordo com Mundim (2012), reúne-se o vocabulário corporal e conectar-se com o entorno e dialogar com o que é oferecido por ele e perceber o outro por inteiro, tornando-se uma escritura poética em movimento. Assim como os gestos preenchem um indivíduo a partir de seu contexto e os movimentos são comuns a qualquer contexto e são carregados enquanto uma base fundamental de comportamento, Mundim (2012) destaca que a composição em tempo real exige a investigação e a experiência para adquirir saberes que deflagram em cena gerando as descobertas de combinações que ocorrem em tempo real a partir dos saberes, gerando situações, imagens e sensações. Repara ainda a necessidade e disponibilidade para arriscar-se e lançar-se em campos desconhecidos, também podendo dizer- se que o cruzamento de informações apresentado por Banana (2012) se faz importante nas percepções necessárias a composição em tempo real. 10 2 ESPAÇO SOCIOLÓGICO, DANÇANTE, ERRANTE No dicionário, espaço é definido como extensão ilimitada que possui todos os seres e coisas e é o campo de todos os eventos; ou uma extensão limitada a partir de distância, área e volume; ou um intervalo entre um ponto e outro; distância percorrida por um ponto e outro. Enquanto lugar é tido como um espaço para fins determinados. Ponto em que se reside ou se supõe residir algo; Posição determinada por circunstâncias; Posição relativa em uma escala. O conceito de uma cinesfera que inclui todos os movimentos possíveis – o espaço que o corpo transporta consigo, ou melhor, onde ele se constrói e se constitui – é a reunião de todos os acontecimentos motores possíveis, nos quais se distinguem os modos de transferência de peso e as qualidades ou orientações tensionais (LOUPPE, 2012, p. 121) Ao pensar em cinesfera, Louppe (2012) apresenta a ideia pela qual Laban reconhece dois arquétipos dos quais a articulação da movimentação humana teria surgido: o movimento de aproximar e o de afastar algo, originando, assim, uma primeira noção de cinesfera. Corpo é um espaço que se constrói de maneira contínua, configurado por sua motricidade, expande e diminui, desloca-se. Se espaço possui todas as coisas, o corpo possui todas as condições de movimento; se lugar é um espaço para determinados fins, o corpo o faz pela intenção da ação e pela transformação de sua cinesfera. 2.1 Espaço sociológico e geográfico Em seu artigo no livro Corpo-Espaço e Territorialidade (MUNDIM, 2012), Emiliano Alves de Freitas Nogueira (2012) cita Ching (2008) para apresentar elementos primários da construção arquitetônica, onde um espaço físico é construído a partir de delimitações de formas bidimensionais e tridimensionais, partindo de um ponto que se expande em linhas até chegar em volumes. Uma vez construído, um espaço ganha significações tornando-se um lugar, e interfere diretamente nas relações (NOGUEIRA, 2012, p. 39) e, como principal interesse da pesquisa, movimento. No trabalho, uma das principais abordagens se trata do movimento que nasce a partir do diálogo entre indivíduos, a partir da interferência da arquitetura do espaço, transformando-se em inúmeras significações de lugar. 11 [...] a forma como o lugar construído interfere diretamente nas relações sociais, fazendo com que, muitas vezes, o usuário tenha que se adaptar ao desenho racional do espaço, é fonte de constantes investigações de movimentos (NOGUEIRA, 2012, p. 39). Em Modernidade Líquida, Zygmunt Bauman (2001) analisa situações relacionais a partir da configuração social dada pela construção de espaços públicos caracterizados como não-civis, em contraponto à noção de “civil" do meio urbano, onde as pessoas exercem civilidade, que se trata, primeiramente, de espaços onde elas possam compartilhar personalidades a partir de máscaras baseadas em códigos de convivência coletiva, sem expressar aspectos mais íntimos, como sentimentos e angústias; ao mesmo tempo em que se trata de um bem comum, que não pode ser reduzido a propósitos individuais, sendo uma espécie de tarefa compartilhada que não pode ser carregada de inúmeros desejos individuais (BAUMAN, 2001, p. 123). Louppe (2012) reflete sobre a maneira como o social interfere na inibição e regulação do movimento. Feldenkrais (1977) também levanta esta questão ao destacar o fato de que o indivíduo se preocupa em pautar sua construção pessoal a partir de expectativas externas, não fazendo o que lhe traria real satisfação. É certo que, para a dança como arte do movimento, a génese do material singular do artista apresenta problemas diferentes, mais profundos e também mais arriscados de produzir e de contestar, no sentido em que o movimento, ligado à história do sujeito, à sua própria identidade, retira a sua liberdade e a sua independência à instituição social do corpo (LOUPPE, 2012, p. 117). A civilidade como característica da vivência humana implica na influência de um comportamento coletivo que molda a individualidade, guia os movimentos pelo ambiente, estabelece acordos implícitos entre corpos que se encontram e se perdem em não-lugares que ocupa cada vez mais espaço, movimentos que ficam à mercê de uma arquitetura construída semelhante a molde de movimento, geradora de sequenciamentos fechados. Nogueira (2012) cita duas etapas da contribuição no processo de criação do trabalho “Sobre pontos e retas”, no qual – além da apresentação de 12 elementos primários de arquitetura – houve a investigação da interpretação de diferentes espaços, pelo qual é possível fazer uma comparação com o conceito de lugares êmicos e fágicos, não-lugar e espaços vazios apresentados por Bauman (2001). Ao falar sobre a relação usuário-espaço, usuário-usuário e espaço- espaço, Nogueira (2012) abre a possibilidade de aproximação com o pensamento Bauman (2001) sobre relações através dos espaços públicos não- civis. Começando pelo lugar êmico, onde existe o afastamento entre o eu-outro, o objetivo de excluir do “meu espaço” aquilo que não tem ligação comigo e não entra na minha linha de interesse, evitar um indivíduo como um todo. Uma passagem, como os corredores de uma estação de trem, é um espaço não habitado, onde as pessoas não criam relaçõesde permanência, trata-se de um lugar onde não se exerce a chamada civilidade, estranhos vem e vão sem criar nenhum tipo de relação de proximidade. Chegando no lugar fágico, que tem proximidade com o que é denominado como “templos de consumo”, lugares com regras de conduta implícitas e objetivos ligados a noções capitalistas. As regras desses lugares fazem com que os indivíduos, por um instante, façam parte de uma espécie de coletivo, onde entra o “fágico”, que se trata da noção de “ingerir” um indivíduo e transformá-lo à maneira de quem o ingere. Qualquer pessoa fora deste acordo e das regras de funcionamento do lugar desperta o estranhamento. Em contraponto, Adriana Banana (2012) trata o espaço a partir de previsões meteorológicas, onde deve-se levar em consideração a permanência de padrões não repetitivos e em situações onde ínfimas diferenças levam a resultados distintos, abrindo um leque de possibilidades, tratando o espaço como imprevisível, possível e provável. Para Banana (2012), o espaço é regido por leis em ordens desordenadas, onde a lei se configura pelas transformações ocorridas em regularidade. Regularidade esta que não se trata de um espaço determinista, absoluto, pensado a partir da causa-efeito mas em uma linha de crescimento contínuo que se prolifera em variações, é aberto, dinâmico e fluído. Neste trabalho, pode ser vista como uma linha se disseminando em outras linhas. Voltando a noção arquitetônica sobre pontos, retas e planos, é possível pensar, para este contexto, 13 um ponto que se transforma em retas, que seguem em outras retas, chegando em planos que vão para outros planos e outras retas. Ao analisar a linha de comportamento em lugares não-civis, Bauman (2001) acaba entrando no mérito da configuração única do espaço – não excluindo a possibilidade de existir a quebra de comportamento, mas também assumindo o estranhamento gerado a partir de tal – onde a construção arquitetônica e as convenções implícitas do contexto daquele lugar ditam as “regras” gerando um comportamento massivo. Banana (2001) abre um olhar de reconfiguração espacial para além de um objetivo categórico, aberto a possibilidades, podendo ser de vários modos. É um entendimento de que sua existência, a do espaço, configurou-se e continua ao longo do tempo como possibilidade a posteriori. Ou seja, o espaço não é de um único modo, nem é algo pronto, existindo antes de tudo, imutável, pronto para ser habitado (BANANA, 2012, p. 82). Partindo do pensamento de informações cruzadas apresentado por Banana (2012), faz-se um paralelo ao conceito de não-lugar de Bauman (2001). Não-lugares não requerem domínio da civilidade, o comportamento em público é reduzido a preceitos simples, destitui-se de expressões de identidade, relações e história (BAUMAN, 2001), ocupando cada vez mais espaços como transporte público, estradas, estações de trem, calçadas... Esta classificação de lugar não civil – bem próxima na noção de lugar êmico – induz o corpo a este espaço absoluto em um movimento fundamental contínuo esvaziado de investigações e entendimentos conscientes. Esses lugares encorajam a ação e não a interação (BAUMAN, 2001). Fonte: Acervo pessoal. 14 Janine Leal Araújo (2018) e Karenine de Oliveira Porpino (2018), apresentam em seu artigo a relação entre o termo arquitetônico “errância”, ideia de caminhar sem rumo e metas definidas, tratando-se de um deslocamento ocorrido em espaços vazios com a premissa da construção de um lugar. Araújo e Porpino (2018) tratam “lugar” como organização de significados atribuídos ao espaço. Bauman (2001) traz o espaço vazio em duas instâncias: uma onde este trata-se de lugares não reservados à colonização ou “sobras” de reestruturações de lugares em superposições no desenho do mundo; outra onde o espaço vazio sai da condição de ser um resíduo inevitável e excluído da visão do urbanista e torna-se peça do mapeamento de um espaço partilhado por indivíduos diferentes. Pensando a partir do conceito de um trajeto, pode-se dizer que a vivência individual pelo meio urbano constrói um mapeamento único e o que está fora disso acaba se tornando um espaço vazio, pelo fato de que, considerando a não experiência dele, não foi “arquivado”. Logo, a errância se torna uma experiência individual e que pode conter um cruzamento de informações, pensando na possibilidade do diálogo entre indivíduos, criando um espaço compartilhável e mutável. Sabemos que cada ser humano percebe o mundo por meio de lentes únicas, dependendo de suas sensações, inserções sociais, pertencimento cultural, informação e acuidade do seu próprio olhar para “ver”. O campo de conhecimento e o propósito do olhar mudam o que se vê, ou seja, a perspectiva transforma aquilo que é visto (MIRANDA, 2003, p. 18). Espaço não é independente de ações, as relações entre os vários modos de ser o constituem, mantendo-o em transformação contínua. Banana (2012) faz um paralelo entre o espaço absoluto/individual com o espaço plural/compartilhado, onde parte-se da perspectiva que o espaço não é passivo, nem um receptáculo onde o corpo se coloca para apresentar, salientando que o contexto do “onde” é muito importante. Espaço se constrói por suas ações e pelo que há nele fisicamente, ele significa-se em lugar a partir daquilo que o compõe e que o transforma. Araújo e Porpino (2018) aprofundam-se no entendimento da arquitetura para falar do espaço em dança, ainda pensando na relação de afetação entre o 15 espaço físico e o comportamento individual, elas pensam na construção física do espaço, onde se prioriza a funcionalidade espacial, o uso do espaço absoluto como visto nos termos de Banana (2012), e a construção simbólica do espaço, onde se preenchem significados, percursos capazes de modificar espaços urbanos para além da utilidade. Dentro das cidades, o nômade pode colocar-se enquanto urbanista errante, aquele que faz prevalecer as vivências e apropriações dos seus devidos atalhos para criação de um espaço novo, mesmo que este permaneça fisicamente intacto (ARAÚJO e PORPINO, 2018, p. 327). Se, segundo Bauman (2001), espaço vazio é um espaço sem significados – não se tratando de ser vazio por não ter significado – e por ser resistente a isso não existe a necessidade de negociar as diferenças fora dos acordos, estes podem ser espaços de errância, espaços de investigação. Araújo e Porpino (2018) tratam a construção física de acordo com o sedentarismo, como algo “cheio”, um espaço absoluto e fechado em si, e a construção simbólica de acordo ao nomadismo, como algo “vazio” a quem está enraizado no conceito do sedentarismo. Neste trabalho, espaço vazio acaba fazendo-se importante por ser a zona onde desconstrói-se o espaço absoluto e abre-se a proposta de investigação para além de uma funcionalidade. Sabemos que cada ser humano percebe o mundo por meio de lentes únicas, dependendo de suas sensações, inserções sociais, pertencimento cultural, informação e acuidade do seu próprio olhar para “ver”. O campo de conhecimento e o propósito do olhar mudam o que se vê, ou seja, a perspectiva transforma aquilo que é visto (MIRANDA, 2003, p. 18). 2.2 Espaço em uma concepção de dança A partir de uma perspectiva pelos estudos de Laban, no que é considerada a categoria espaço, Miranda (2003) explica: [...] Nela, encontra-se a investigação da arquitetura móvel do corpo em associaçãoàs numerosas tensões espaciais, entre as quais: as tensões das linhas unidimensionais; as tensões bidimensionais, que combinam uma tensão espacial predominante e uma secundária, formando planos; as espiraladas, que no cubo, por exemplo, aglutinam três tensões 16 esforço-espaciais diferentes em proporções iguais; e os feixes de inclinações em outros poliedros, como no icosaedro e no dodecaedro. (MIRANDA, 2003, p. 25) A partir da referência citada, compreende-se o corpo enquanto um suporte de possibilidades de movimento que se configura e reconfigura a todo instante, enquanto um espaço próprio e como interferência nos lugares que habita. Um corpo que estabelece uma relação de troca com o ambiente. Banana (2001) traz as palavras “potência”, que se trata da condição pré-estabelecida e imutável de algo ser, uma noção de que aquilo tem todas as condições para tornar-se determinada coisa e a partir desta etapa é o que se tornou e pode existir usufruindo daquilo que está ali; e “possibilidade”, trazendo a abertura que este termo já implica por si só, deixando espaço para ressignificações. Espaço não é independente de suas ações, as relações entre os vários modos de ser o constituem, mantendo-o em transformação contínua. Banana (2012) faz paralelo entre o espaço absoluto/individual com o espaço plural/compartilhado, o qual parte da perspectiva de que o espaço não é passivo, nem um receptáculo onde o corpo se coloca para apresentar, salientando que o contexto do “onde” é muito importante. Espaço se constrói por suas ações e pelo que há nele fisicamente, ele significa-se em lugar a partir daquilo que o compõe e que o transforma. Um espaço não se trata de uma potência, não é caracterizado pela capacidade do devir, é aberto a possibilidades, configura-se pela ação/ intenção, é mutável e imprevisível. As ações corporais criam rotas e figuras no espaço, ressignificando a funcionalidade da arquitetura (ARAÚJO; PORPINO, 2018). A memória corporal entra em diálogo com o gesto despertado pelo espaço utilitário, criando um repertório de movimentos expandido. 17 3 PROCESSO DE CRIAÇÃO O processo de criação prática deste trabalho começou com procedimentos de experimentação pré-estabelecidos a partir de palavras-chave e conceitos sucintos da análise sobre lugar êmico, lugar fágico, não-lugar e espaço vazio trazidos por Bauman (2001). Todos com investigações a partir da composição em tempo real, com estruturas de orientação mínima e sob condições específicas para a escolha e execução no espaço físico, atento para a escuta da arquitetura e da relação eu-outro em cena e fora dela. 3.1 Lugares outros: vivências e apreciações Residência Núcleo Mirada Na residência Cidades Coreográficas, oferecida pelo Núcleo Mirada, a fim de fornecer ferramentas para os participantes a partir de procedimentos de criação do espetáculo Resquícios Brutos. A primeira parte da aula vinha com procedimentos com danças e balanço que em determinado ponto chegava em um ritmo coletivo, despertando o máximo de movimento e deixando o olha e a escuta para o outro ativa. Na etapa de investigação das articulações começamos a partir desses movimentos para ocupar espaços em um fluxo contínuo e coletivo, entendendo estas passagens por entre corpos, através do toque deveríamos levar uma parte do corpo de alguém ao chão, a pessoa, por sua vez, voltava ao nível alto de imediato, sempre mantendo o fluxo e ativando as percepções. Essa etapa se reverberou até que estivéssemos distribuído em trios, onde a dinâmica permanecia, criando um lugar de diálogo mais íntimo, estabelecido pelo contato e pela escuta ativa. Chegando ao momento em que, ao voltar para o coletivo, a ideia era tentar trocar alguém, que deveria desviar, e deixar o movimento seguir a mesma direção, “contentando-se” com a frustração de não alcançar, até o momento em que o procedimento avançava ao “sucesso" do toque no qual uma pressão deveria ser gerada. Entre esses procedimentos houve uma etapa de afastamento entre o grupo, onde toques eram estímulos que reverberavam em movimentos fortes e expansivos. 18 No segundo dia de residência, logo após as preparações de corpo, tínhamos a tarefa de, em trios novamente, “derivar" no espaço interno ou externo ao local em que estávamos, criando um procedimento de base e colocando em prática abertos à imprevisibilidade do ambiente. No trio em que estive, caminhamos pelas ruas próximas ao teatro e uma pessoa deveria escolher um lugar para se posicionar e fechar os olhos, a segunda descreveria o ambiente ao redor e a terceira observaria. Essa vivência enriqueceu muito meu trabalho de corpo para o entendimento do processo do espaço coletivo e entendimento de maneiras de investigar a partir da reverberação do que é viver no contexto de uma grande cidade, com atravessamentos de corpos que não criam um lugar de permanência ou que estabelecem relações que ressignificam a noção do civil no espaço compartilhado. Objetos coreográficos A exposição Objetos Coreográficos que esteve no Sesc Pompeia, com curadoria da Forsythe Produções e colaboração de Veronica Stigger, apresentou instalações feitas a partir do trabalho de Willian Forsythe, unindo elementos de artes visuais e dança, que convocavam o público a mover-se, funcionando como modelos para o aumento da percepção da mobilidade do corpo (STIGGER, 2019). Pude observar a construção de objetos e trajetos pelo movimento, estabelecendo articulações e membros relacionados a estruturas para traçar pontos, linhas e retas independentes da arquitetura do ambiente. Desvios tático-estratégicos para sobreviver à vida urbana Ao apreciar o espetáculo Desvios tático-estratégicos para sobreviver à vida urbana do Grupo Três em Cena, que acontece em espaços públicos refazendo o uso deles, a partir da investigação da escada pela característica utilitária de deslocamento entre planaltos. Observação esta que se fez importante para entender a reconfiguração da utilidade do espaço e a técnica de transição entre os suportes com estruturas semelhantes à escada, além do entendimento entre níveis. 19 3.2 Processos de criação: composição e construção da cena A base da criação e composição do trabalho se pauta, principalmente, na composição em tempo real e na disposição e imprevisibilidade do espaço. Espaço líquido e lugar êmico: residência CRD Durante o primeiro semestre de 2019, fui residente no Centro de Referência da Dança da cidade de São Paulo, onde durante cinco meses pude trabalhar sozinha em cima dos meus processos criativos. Diante da dificuldade de trazer um trabalho de corpo através de referências onde predominavam espaços compartilhados e análise a partir da relação entre indivíduo/espaço/ indivíduo, surgiu a necessidade de trazer outra pessoa para a composição. Esse lugar foi preenchido pelo bailarino Vitor Silva Luciano, também aluno da Faculdade Paulista de Artes. Fonte: acervo pessoal. Procedimento: Os procedimentos iniciais pautaram-se, principalmente, nas palavras “passagem” e “permanência”. O termo permanência surgiu para tratar do espaço em que se habita, partindo da memória corporal de gestos em lugares por mim habitados, durante as primeiras experimentações eram utilizados círculos de papelão para predefinir esses espaços de permanência. Com as delimitações feitas, tudo fora delas eram eixos de circulação, onde aparecia a palavra passagem. 20 A proposta inicial era que, nos eixos de circulação, o trajeto fosse feito por uma caminhada onde o espaço entre os corpos começaria a diminuir até abrir a possibilidade para que acontecessem esbarrões. Estes iniciaram a partir do gesto, como ele é e como reverberaria em movimentos expandidos trazendo a reconfiguração em um andar dançante. Os espaços delimitados pelo círculo deveriam ser ocupadosde forma a explorar gestos presentes na memória corporal a partir do que fosse remetido pela condição física do espaço, como círculos pequenos e grandes, ocupados com uma cadeira ou algum objeto pequeno. Ao contrário da visão difundida da dança enquanto arte que implica maior movimento do que actos da vida quotidiana, de acordo com as leis da tradição, trata-se, inversamente, de uma arte da subtracção que oferece um leque restritivo de motivos autorizados, como afirma Laban (LOUPPE, 2012, p. 119). Dentro da experiência de compor em tempo real, regras foram se configurando organicamente. As regras mais evidentes foram a repetição e os sequenciamentos de gestos, ambas surgiam em uma correlação entre si, onde a primeira se fazia necessária para explorar o maior número de possibilidades possível e, como consequência, sequenciamentos surgiam sem necessariamente tornar-se uma ordem específica de movimentos, criando uma desordem contínua e transformando gesto em movimento, estes que podiam retornar ao lugar de origem ou não. No decorrer da experiência os corpos começaram a se tornar interferência entre si, ocupando as delimitações de permanência e criando uma interação que ia desde composições dependentes exclusivamente do olhar para perceber as mudanças de movimentação do outro até o contato físico, que podia ir desde os esbarrões iniciais ao ato de segurar e manter um toque mais denso. Como agentes de composição e leitura de um projeto arquitetônico, foram analisados como esses elementos são definidores espaciais, podendo marcar acessos, delimitar lugares, interferir na escala (visual e humana) e ditar ordenamentos (eixo, simetria, hierarquia, ritmo, repetição, transformação) (NOGUEIRA, 2012, p. 32). A escolha de pensar esta etapa como lugar êmico parte da percepção do esvaziamento de identidade e o propósito de evitar estranhos, como Bauman 21 (2001) traz. Transforma-se em espaço líquido pelo fato das investigações de permanência possuírem essa característica não fechada que se transforma a todo instante. Espaço físico: integração e escuta A ideia da exploração do espaço físico partiu da noção do espaço absoluto a partir da sensação do estado de corpo que gerava uma relação de movimentações pela cinesfera reduzida, pautado nos lugares habitados, sendo escolhido para este momento a vivência em transporte público. Ainda com o auxílio das bolinhas, foram feitas alguns círculos de delimitação com extensão reduzida, em cada espaço em que me posicionasse deveria escolher um gesto a partir da memória corporal gerada pela vivência no transporte público cheio de outros indivíduos, onde a relação espacial diminuta interferia na tensão e intenção de corpo, esse gesto seria explorado para além de sua execução pura e podendo ser intercalado com os outros gestos na medida em que eu fosse transitando pelas delimitações. Procedimento: Proposto pela professora Paula Salles, a partir da ideia anterior, o procedimento de integração ao espaço físico deu-se pela escolha de um canto da arquitetura do prédio da faculdade. O final de um corredor onde, além da parede no limite dele, em uma lateral havia um armário de metal e na outra o final do batente de uma porta. Ao iniciar a investigação de corpo nesta delimitação o contato total com o espaço foi inevitável e, assim, surge o mapeamento pelo corpo: utilizando a extensão dos membros e as articulações para regular os posicionamentos, comecei a mapear a estrutura física do lugar, como a distância entre o batente e o armário, a largura do batente, a mobilidade da porta do armário mais próxima, a distância do ponto mais alto do meu corpo até o chão, e assim por diante. De olhos fechados, e contando apenas com o tato, começaram a surgir as segmentações de coluna mais acentuadas, que serviam de ponto de partida para a transição entre níveis, movimentando a cinesfera pessoal em relação a delimitação espacial. 22 Lugar fágico: eu-outro, interferências e imprevisibilidade do espaço alternativo Com a alternativa de diminuir a quantidade de estímulos e delimitar um espaço menor – em comparação ao primeiro procedimento, onde uma sala de ensaio inteira era usada – a composição começa a moldar suas características minimalistas e se consolidar em sua dramaturgia. Procedimento: Com um canto delimitado de uma sala de ensaio, trago a proposta do procedimento lugar fágico, a partir do que fora refletido por Bauman (2001), o conceito de mastigar uma parte de um indivíduo para fazê-lo moldar- se a maneira de quem o mastiga se dá pelo convite do bailarino Vitor a juntar-se neste experimento sem dar instruções como nas primeiras investigações, com a única orientação de que a cena partiria de uma caminhada. A partir daí ele – mesmo sem ter consciência explícita disto – estaria livre para ditar as regras a partir da noção de um lugar não-civil, eu deveria aceitar a influência que o corpo dele influenciaria, meus movimentos seriam em boa parte pautados na interferência dele no espaço e um jogo de repetição de gestos criados a partir disso seria iniciado até dar abertura a movimentos expandidos. Esse lugar não-civil transformou-se em civil no decorrer do experimento, com a criação de um diálogo entre os corpos dando abertura para interações que evidenciavam singularidades de cada indivíduo. Chegando a interações com contato, passando por investigações de peso e contrapeso, apoios, transição entre níveis, suspensões, – tanto entre os corpos quanto entre corpo e estrutura física do espaço – transformando as cinesferas individuais e as fazendo cruzar entre si. Os gestos iniciais nessa improvisação sempre partem da acentuação do movimento gerado pela disposição espacial utilitária, reconfigurando-se e se acumulando a outros gestos, criando e recriando sequenciamentos que podem se repetir ou desmanchar para dar início a um novo. Outra perspectiva digna de interesse é encontrada nas improvisações de Karine Waehner e implica a desnaturalização dos movimentos quotidianos, abrandando-os e conferindo-lhes uma resistência no espaço, criando uma experiência diferente e não mimética do gesto (LOUPPE, 2012, p. 125). 23 Depois de um certo período neste “jogo”, o bailarino utiliza as bolinhas de papelão para fazer uma ou mais delimitações, onde fico sozinha para explorar os movimentos que surgiram até então e tendo a liberdade de criar novos, delimitações essas que se transformam no um espaço líquido pessoal construído pela vivência gerada nas investigações do início do processo. A dança como técnica do corpo, segundo a expressão de Mauss, mas também como arte, consiste, segundo a antropóloga Judith Lynne Hanna, num sistema de classificação do movimento, num conjunto cumulativo de regras ou num leque de motivos automotores autorizados (LOUPPE, 2012, p. 119) Ao apresentar o termo arquitetônico “errância”, Araújo e Porpino (2018) interligam-no, de modo que o conceito se relaciona às condições atuais do espaço, a noção de que a improvisação em dança ocorre no ato em que se apresenta ao público. Ainda explorando o caráter de imprevisibilidade, possibilidade e probabilidade do espaço, apresentado por Banana (2012), neste trabalho a característica errante da improvisação em dança dialoga com o espaço físico que é escolhido para acontecer. Neste ponto surge a escolha de não levar a composição para a caixa cênica e sim para espaços alternativos com as seguintes condições: espaços abertos à passagem de qualquer indivíduo e que possua uma estrutura física vertical e horizontal, esta que possa ser usada a partir da relação de base de um apoio ou suporte. Ana Caroline Recalde e Vitor Luciano na Praça Ramos de Azevedo. Fotos: L.W Fotos 24 Ainda pela lógica de um jogo, os pontos delimitados pelas bolinhas indicam a cinesfera a partir do momento emque o corpo está dentro de um deles: em delimitações menores os membros superiores ganham expansividade em troca da diminuição da cinesfera dos membros inferiores, em círculos maiores a regra inverte. E, além disso, as investigações feitas antes da colocação dos pontos aparecem neles dentro de adaptações necessárias construídas em tempo real. As escolhas finais encaram o espaço público como uma caixa cênico aberta, onde os corpos estão à mercê das condições arquitetônicas e das interferências imprevisíveis ocorrendo em tempo real onde, a partir da escuta se estabelece um relação entre corpo, movimento e espaço. 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma construção arquitetônica interfere nas escolhas de comportamento e nas relações entre indivíduos, sob uma perspectiva do movimento em lugares não-civis os corpos traçam um caminho para construir um espaço que pode não ser civil, em uma cinesfera diminuta estabelecendo uma relação com a verticalidade, ou construindo um trajeto transformando a utilidade arquitetônica, ampliando a cinesfera, criando um lugar de permanência e diálogo, ressignificando não-lugares e transformando as configurações para a qual a estrutura física foi construída, numa transição entre o que é individual e coletivo. A imprevisibilidade do espaço em conjunto com a arquitetura transita entre a passagem e a permanência, criando um lugar de composição em tempo real onde os combinados são implícitos entre quem está na vivência e estabelece uma discussão de relação, troca e escuta. 26 REFERÊNCIAS ARAÚJO, Janine Leal; PORPINO, Karenine de Oliveira. A construção do espaço pelos significados: a improvisação enquanto errância. V Congresso Nacional de Pesquisadores em Dança. Manaus: ANDA, 2018. p. 323-334. BANANA, Adriana. Trishapensamento: Espaço como uma previsão meteorológica. Belo Horizonte: Clube Ur=Hor, 2012. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. FELDENKRAIS, Moshe. Consciência pelo movimento. Tradução: Daisy A. C. Souza. São Paulo: Summus, 1977. LOUPPE, Laurence. Poética da dança contemporânea. Tradução: Rute Costa. Lisboa: Orfeu Negro, 2012. p. 113-135 MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/>. Acesso em: 01 out. 2019. MIRANDA, Regina. Corpo-Espaço: Aspectos de uma geofilosofia do corpo em movimento. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003. MUNDIM, Ana Carolina. Dramaturgia do corpo-espaço e territorialidade. Uberlândia: Composer, 2012. STIGGER, Veronica. Willian Forsythe: objetos coreográficos. São Paulo: Sesc Pompéia, 2019.