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Obrigações Solidárias

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
ÉRIKA CERRI DOS SANTOS
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
Vitória, 2021
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 3
2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 3
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 5
2.2.1 Da Solidariedade Ativa 6
2.2.1 Da Solidariedade Passiva 7
3. CONCLUSÃO 10
4. REFERÊNCIAS 11
3
1. INTRODUÇÃO
O Direito das Obrigações tem grande importância para o Direito Civil, principalmente no que
tange à regulamentação das relações negociais, sendo as normas obrigacionais geradoras de
efeitos entre diversas movimentações de bens entre particulares.
A solidariedade tem grande importância para essa seara do direito, proporcionando maior
segurança tanto ao credor quanto ao devedor em suas relações particulares. Nesse sentido, as
obrigações solidárias são muito utilizadas e aplicadas de diversas maneiras diferentes, de
acordo com sua classificação.
O objetivo deste trabalho é analisar os aspectos teóricos, jurídicos e práticos desse instituto,
abordando tanto concepções doutrinárias quanto jurisprudenciais. Dessa forma, será feito o
delineamento das características principais das obrigações solidárias e suas ramificações e
classificações, bem como o entendimento jurisprudencial de alguns aspectos importantes do
instituto.
2. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
2.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
As obrigações solidárias são tratadas no Código Civil de 20021, a partir do art. 264. Dispõe
este sobre as hipóteses em que existe solidariedade: “Há solidariedade, quando na mesma
obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda.” Nesse sentido, a relação obrigacional de que se trata tal dispositivo.
é complexa, caracterizada pela multiplicidade de sujeitos em um ou ambos os pólos da
obrigação, sendo os sujeitos passivos (devedores) responsáveis por pagar a dívida toda e os
sujeitos ativos (credores) detentores do direito de cobrar a dívida toda.
A solidariedade, por sua vez, é o instituto que liga os sujeitos da obrigação a um objetivo
comum, sendo este o elemento principal caracterizador das obrigações solidárias. Vale
1 Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002)
4
ressaltar que a solidariedade permanece enquanto a relação obrigacional existir, salvo disposto
o contrário.
Segundo Antunes Varela:
[...] a obrigação com vários devedores diz-se solidária quando o credor pode exigir
de qualquer deles a prestação por inteiro e a prestação efetuada por um dos
devedores libera todos perante o credor comum (...) Se algum dos devedores for ou
se tornar insolvente, quem sofre prejuízo de tal fato não é o credor, como sucede na
obrigação conjunta, mas o outro devedor, que pode ser chamado a solver a dívida
por inteiro.”2
Maria Helena Diniz, por sua vez, define a obrigação solidária como:
“aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou de uns e
outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único
credor, ou cada devedor estará obrigada pelo débito todo, como se fosse o único
devedor”3.
A partir disso, pode-se destacar quatro características principais das obrigações solidárias: (i)
a pluralidade de sujeitos em um ou ambos os pólos da relação obrigacional; (ii) a
multiplicidade de vínculos entre os sujeitos; (iii) a unidade da prestação, já que todos os
devedores respondem pelo mesmo débito e cada credor tem o direito de exigi-lo; e (iv) a
corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento efetuado por um dos devedores
extingue toda a obrigação dos demais com relação ao polo ativo da relação4.
Importante citar duas características importantes das obrigações solidárias. A primeira delas é
a referente à impossibilidade de presunção da solidariedade5. A segunda diz respeito à
possibilidade de se estipular modalidades diferentes de obrigação entre os codevedores6.
Quanto à primeira característica, destaca-se que não se admite a responsabilidade solidária
fora da lei ou do contrato, este estipulado através da vontade das partes, assim como indica o
art. 265 do CC. Nesse sentido, a solidariedade deve, obrigatoriamente, ser expressa ou na lei
6 Art. 266 do Código Civil
5 Art. 265 do Código Civil
4 DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v.2, p. 152.
3 DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v.2, p. 180.
2 VARELA, J.M. Antunes. Direito das Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 1977. v. I; p. 299
5
ou no acordo entre as partes da obrigação. Caso isso não aconteça, a obrigação será divisível
ou indivisível, não solidária.
Sobre a outra característica apontada, dispõe o art. 266 do CC que cada um dos devedores
pode ser obrigado de acordo com diferentes modalidades de obrigação. Entretanto, Lacerda de
Almeida destaca que essa premissa só pode ser aplicada quando tal diferenciação de
modalidade não afeta o conteúdo do objeto da obrigação.7 Esse princípio se estende também à
divisão da obrigação, podendo os devedores estar obrigados a prestarem diferentes quantias
ao credor ou credores.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves:
Quando várias pessoas contraem uma dívida solidariamente, é perante o credor que
são devedoras, respondendo cada uma pela integralidade. Entre elas, porém, a dívida
se divide, tornando-se cada uma devedora somente quanto à parte que lhe coube, na
repartição do empréstimo. Se dividiram entre si a quantia ou a coisa emprestada,
ainda que cada uma seja devedora do total para com o credor, cada uma só é
devedora, para com as outras, de sua quota-parte, seja a divisão feita por igual ou
desigualmente. Assim, pode uma delas ter ficado com metade e o restante ser
dividido entre os devedores.8
Parte desse dispositivo se baseia na separação entre relações interna e externa da obrigação
solidária, sendo a externa a relação estabelecida entre credores e devedores, e a interna
referente à relação dos devedores entre si e dos credores entre si. É notável, portanto, a
importância da diferenciação entre as relações presentes nessa modalidade de obrigação. Por
serem obrigações complexas, as obrigações solidárias comportam diversos sujeitos
relacionados entre si, o que depreende uma análise mais profunda sobre as implicações
obrigacionais que cada ligação gera para os sujeitos envolvidos.
8 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2. p 138
7ALMEIDA, Francisco de Paula Lacerda de. Obrigações. 2. ed. Rio de Janeiro: Thypographia Revista dos
Tribunaes, 1916, p. 32-33
6
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
Considerando a multiplicidade de sujeitos característica da relação obrigacional solidária, é
possível dividir esta em duas espécies principais: obrigação solidária passiva e obrigação
solidária ativa. É possível, ainda, existir a obrigação mista, quando há multiplicidade em
ambos os pólos da relação obrigacional. Quanto à solidariedade mista, o atual Código Civil
não trata dela especificamente. Na prática, ela pouco é aplicada.
2.2.1 Da Solidariedade Ativa
A solidariedade ativa é caracterizada pela multiplicidade de credores, ou seja, pela
multiplicidade de sujeitos no pólo ativo da relação obrigacional. Diz o art. 267 do CC que
“Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro”. Nesse sentido, os credores solidários atuam como se fossem um só
credor, podendo cada um deles cobrar do devedor a dívida total. Além disso, ao pagar o
débito para qualquer um dos cocredores, o devedor se torna livre da obrigação.
Importante reforçar que o devedor deve, obrigatoriamente, pagar a dívida inteira quando
acionado por qualquer um dos cocredores. Nesse sentido, lhe é vedada a oposição à exceção
de divisão da dívida e a pretensão de pagar em partes.
Uma característica importante dessa classificação é a obrigação do credor que recebeu adívida de pagar aos outros cocredores a sua quota parte9. Sobre essa premissa, Carlos Roberto
Gonçalves aponta que uma das maiores inconveniências dessa modalidade de solidariedade é
a possibilidade de que o credor que recebe a dívida se torne insolvente, não pagando aos
demais credores a parte que lhes é devida10. Washington Monteiro ainda ressalta que, uma vez
estabelecida a solidariedade entre credores, estes não podem, unilateralmente, voltar atrás na
decisão,11 o que representa outro grande inconveniente nessa modalidade obrigacional. Por
isso, essa espécie é pouco utilizada nas relações obrigacionais.
11 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 1997, v. 4; p. 167-168
10 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2., p. 141
9 Código Civil, art. 272: “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros
pela parte que lhes caiba”
7
Cabe ressaltar que, na maioria dos casos, a solidariedade ativa resulta da vontade das partes,
cabendo a exceção estipulada pelo art. 2o da Lei. 8245/9112.
Sobre a solidariedade ativa, Washington Monteiro de Barros faz uma compilação de algumas
consequências jurídicas de sua aplicação:
a) qualquer credor pode promover medidas assecuratórias e de conservação dos
direitos; b) assim, se um deles constitui em mora o devedor comum a todos
aproveitam os seus efeitos; c) a interrupção da prescrição, requerida por um,
estende-se a todos13 [...]; d) qualquer credor pode ingressar em juízo com a ação
adequada, assim obtendo o cumprimento da prestação, com extinção da dívida [...];
e) se um dos cocredores se tornar incapaz, nenhuma influência exercerá tal
circunstância sobre a solidariedade; f)finalmente,se um dos credores decai da ação,
não ficam os outros inibidos de acionar, por sua vez, o devedor comum.14
Quanto à extinção da obrigação solidária ativa, diz o art. 269 do CC que “o pagamento feito a
um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”. Nesse sentido,
a obrigação só é plenamente extinta diante do pagamento integral da dívida; o pagamento
parcial extingue apenas o montante que foi pago. Essa premissa vale, também, para as
obrigações solidárias passivas.
Um exemplo da aplicação da solidariedade ativa, apontado por Carlos Roberto Gonçalves, é a
criação de contas conjuntas, as quais permitem que cada correntista saque todo o dinheiro
depositado sem que o banca se oponha15. Uma jurisprudência interessante acerca do assunto é
a decisão do Supremo Tribunal Federal estabelecendo que, caso um dos titulares da conta
conjunta faleça, pode o(s) outro(s) levantar o depósito a título de credor exclusivo e direto da
conta16.
16 STF, RECURSO ESPECIAL 16.736-SP, 2a T., rel. Min. Edgard Costa, DJ:21/11/1950, JUSBRASIL, 2021.
Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14539225/recurso-extraordinario-re-16736-sp. Acesso
em 28 abr. 2021.
15 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2., pag 141
14 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 1997, v. 4; p. 170-171
13 Código Civil, art. 204, §1o: “A interrupção (da prescrição) por um dos credores solidários aproveita aos
outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.” (Grifo
nosso)
12 Lei. 8245/91, art. 2º: Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende - se que são solidários se
o contrário não se estipulou
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14539225/recurso-extraordinario-re-16736-sp
8
2.2.1 Da Solidariedade Passiva
A solidariedade passiva é caracterizada pela concorrência entre dois ou mais devedores, cada
um com a obrigação de prestar a dívida toda, e é prevista entre os artigos 275 e 285 do Código
Civil, sendo muito mais aplicada que a solidariedade ativa. Essa modalidade de obrigação é
estipulada extensamente pela Lei, de modo a garantir maior segurança nas relações jurídicas.
Antunes Varela elenca dois traços essenciais dessa modalidade de obrigação: “a) o dever de
prestação integral, que recai sobre qualquer dos devedores; e b) o efeito extintivo recíproco da
satisfação dada por qualquer deles, ao direito do credor”17.
Essa modalidade de solidariedade agrega aos devedores solidários uma série de direitos e
deveres. Dentre eles ressalta-se o estipulado pelo art 278 do CC, que estabelece a
impossibilidade de agravamento de qualquer cláusula, condição ou obrigação estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, sem o consentimento dos outros codevedores.
Além disso, o disposto no art. 279 ainda estabelece a responsabilidade do devedor que tornou
impossível o cumprimento da obrigação, quando culposamente, de prestar perdas e danos ao
credor.
O devedor demandado para o pagamento da obrigação poderá chamar os outros ao processo,
fundamentado no Código de Processo Civil, para que o auxiliem na defesa e para que a
eventual sentença condenatória valha como coisa julgada por ocasião do exercício do direito
de regresso contra os codevedores. Nesse caso, o chamamento ao processo teria como
objetivo o auxílio na defesa e para que a eventual sentença valha como coisa julgada por
ocasião do exercício do direito de regresso contra os codevedores18.
Vale ressaltar, porém, que o chamamento ao processo, segundo entendimento jurisprudencial
do STJ, se trata apenas de obrigações solidárias de pagar quantia, não sendo possível sua
interpretação extensiva para abranger obrigações de entregar coisa certa, por exemplo19. Esse
19 Precedentes: AgRg no Ag 1.243.450/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 10.2.2012; AgRg no
REsp 1.114.974/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe 15.2.2012; REsp 1.150.283/SC, 2ª Turma, Rel.
Min. Castro Meira, DJe 16.2.2012.
18 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2., p.158
17 VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em geral. 9. ed. Coimbra: Almedina, 1996, v.1. p. 777.
9
entendimento teve grande importância no processo recursal AgRg no AREsp 121002 / PI20,
em que o Estado do Piauí defendia a existência de omissões no acórdão do Tribunal de origem
do processo e a necessidade de chamar ao processo a União e o Município de Teresina/PI. O
objeto da ação era o fornecimento de medicamentos. O agravo regimental não foi provido
justamente pela impossibilidade de aplicar o chamamento ao processo nos casos de entrega de
coisa certa.
Caso um dos devedores venha a falecer, seus herdeiros ficam responsáveis pela dívida, até o
valor da herança (art. 1792). Determina o art. 276 do CC:
Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será
obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo
se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um
devedor solidário em relação aos demais devedores.
Nesse sentido, “a integralidade da herança recai sobre o conjunto de herdeiros, pois se
sub-rogaram na posição ocupada, por um dos devedores solidários.”21Assim, a dívida de
divide entre os herdeiros, sendo cada um deles responsável pelo pagamento desta até seu
quinhão hereditário.
Nos casos da obrigação solidária passiva, o pagamento parcial da dívida feito por um dos
devedores não aproveitam aos outros, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada,
como estipulado pelo art. 277 do CC. Essa mesma premissa é aplicada aos casos de remissão
(art. 388, CC).
Diz Carlos Roberto Gonçalves que:
A remissão ou perdão pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidários não
extingue a solidariedade com relação aos devedores, acarretando tão somente a
redução da dívida, em proporção ao valor remitido. [...] No tocante ao pagamento
parcial, a ideia, obviamente, é que, diminuída a dívida da parte do devedorexonerado, não possa o credor exigir e receber o total dos codevedores,
experimentando um enriquecimento indevido.22
22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2., p. 161
21GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16. ed.São Paulo:
Saraiva, 2018, v.2., p.159
20 STJ. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AgRg no AREsp 121002 / PI
2011/0281924-0. Ministro Mauro Campbell Marques. DJ:27/03/2012. LEX, 2021. Disponível em:
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-03-27;121002-117
6500 Acesso em: 28 abr. 2021.
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-03-27;121002-1176500
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-03-27;121002-1176500
10
O Código Civil ainda estabelece a possibilidade de renúncia da solidariedade por parte do
credor, podendo esta acontecer de duas maneiras: de forma absoluta ou de forma relativa. A
primeira maneira é a renúncia da solidariedade entre todos os codevedores, tornando a
obrigação divisível ou indivisível para todos os sujeitos do pólo passivo. Já a renúncia
relativa, é causa da extinção da solidariedade de um ou de alguns codevedores relacionados à
obrigação. Assim, o devedor exonerado passa a responder apenas por sua parte, não mais pela
dívida total. Os não exonerados, no caso da renúncia relativa, continuam sendo solidários
entre si, mas o devedor não pode cobrar a eles a dívida total, sendo obrigado a realizar o
abatimento da quota do(s) exonerado(s).
Assim como nas obrigações solidárias ativas existe o direito de regresso, também há esse
direito nas obrigações solidárias passivas, com relação aos devedores solidários. Nessa
espécie, entretanto, o devedor que pagar a obrigação tem o direito de cobrar aos demais
codevedores a parte deles, o que está estabelecido pelo art. 283 do Código Civil. Observe
jurisprudência acerca do referido artigo:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REGRESSIVA. MÉRITO. CASO CONCRETO.
DEVEDOR SOLIDÁRIO, ART. 283 DO CÓDIGO CIVIL. O devedor que satisfez a
dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se
iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
NÃO CARACTERIZADA. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME.
(Apelação Cível Nº 70057945644, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 12/03/2014)23
O instituto da solidariedade passiva é, portanto, vasta e amplamente aplicado em diversos
setores do Direito das Obrigações, sendo de grande importância para a segurança dos
credores.
23TJ-RS - AC: 70057945644 RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Data de Julgamento: 12/03/2014,
Décima Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 18/03/2014. JUSBRASIL.
Disponível em: https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/114239062/apelacao-civel-ac-70057945644-rs
Acesso em: 28 abr. de 2021
https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/114239062/apelacao-civel-ac-70057945644-rs
11
3. CONCLUSÃO
A solidariedade no âmbito jurídico supõe a ideia de objetivo em comum pelo qual se ligam
múltiplos credores ou devedores, sendo esta a característica principal das obrigações
solidárias. Logo, são obrigações solidárias aquelas em que existe uma multiplicidade de
credores ou de devedores em um ou ambos os pólos obrigacionais.
A partir da classificação das obrigações solidárias, percebe-se que estas são adaptáveis aos
mais diferentes tipos de negócios, sendo a solidariedade passiva a mais vantajosa com relação
às baixas possibilidades de inadimplemento por parte dos devedores.
O entendimento das relações obrigacionais solidárias é essencial para que sejam garantidos os
direitos dos devedores e dos credores envolvidos, bem como tornar mais fácil a consumação
de negócios entre particulares. Nesse sentido, é mister a preocupação com a assimilação dos
vínculos existentes em uma relação obrigacional, assim como o entendimento básico sobre o
entendimento jurisprudencial e doutrinário acerca do assunto.
12
4. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Francisco de Paula Lacerda de. Obrigações. 2. ed. Rio de Janeiro: Thypographia
Revista dos Tribunaes, 1916
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil
BRASIL. Lei no 8.245, de 18 de outubro de 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis
urbanos e os procedimentos a elas pertinentes.
DINIZ, Maria Helena, Curso de direito civil brasileiro. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v.2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. 16.
ed.São Paulo: Saraiva, 2018, v.2.
LIMONGI FRANÇA, Rubens. Manual de direito civil: doutrina dos direitos obrigacionais.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969. v.4, t. 1
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 29. ed. São Paulo: Saraiva,
1997, v. 4
STF, RECURSO ESPECIAL 16.736-SP, 2a T., rel. Min. Edgard Costa, DJ:21/11/1950,
JUSBRASIL, 2021. Disponível em:
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14539225/recurso-extraordinario-re-16736-sp.
Acesso em 28 abr. 2021.
STJ. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AgRg no AREsp
121002 / PI 2011/0281924-0. Ministro Mauro Campbell Marques. DJ:27/03/2012. LEX,
2021. Disponível em:
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-
03-27;121002-1176500 Acesso em: 28 abr. 2021.
TJ-RS - AC: 70057945644 RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Data de
Julgamento: 12/03/2014, Décima Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 18/03/2014. JUSBRASIL. Disponível em:
https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/114239062/apelacao-civel-ac-70057945644-rs
Acesso em: 28 abr. de 2021
VARELA, J.M. Antunes. Direito das Obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 1977. v. I; 1978 v.
II
VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em geral. 9. ed. Coimbra: Almedina,
1996, v.1.
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14539225/recurso-extraordinario-re-16736-sp
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-03-27;121002-1176500
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:superior.tribunal.justica;turma.2:acordao;aresp:2012-03-27;121002-1176500
https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/114239062/apelacao-civel-ac-70057945644-rs

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