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Centro Universitário Fametro Curso de Odontologia Carlos Alberto Furtado Silva Júnior¹ Kátia Gomes do Nascimento² ANESTÉSICOS LOCAIS Acadêmico do 5º semestre de Odontologia da UNIFAMETRO¹ Professora da disciplina de TERAPÊUTICA APLICADA A ODONTOLOGIA do curso de Odontologia da UNIFAMETRO² Fortaleza/CE 12/04/2019 ANESTÉSICOS LOCAIS Os anestésicos locais são amplamente utilizados como agentes para a anestesia e a analgesia durante o transoperatório e o pós-operatório. Para que o anestesista possa utilizar essas drogas com segurança e máximo efeito, faz-se necessário o conhecimento sobre a farmacologia dos anestésicos locais como um grupo e sobre a farmacologia específica dos diferentes. Os anestésicos locais possuem em sua maioria um grupo aromático (lipossolúvel, hidrofóbico) associado a um grupo amina (polar, hidrofílico). Esses dois grupos são ligados por uma cadeia intermediária que determina a classificação do anestésico local como amida ou éster. Os exemplos de amidas são a lidocaína, bupivacaína e prilocaína. Os exemplos de ésteres incluem a cocaína. A ligação molecular que existe nos anestésicos locais do tipo éster é mais fácil de ser quebrada que a ligação molecular do grupo amida, por isso os ésteres são mais instáveis em solução e não podem ser armazenados por tanto tempo quanto as amidas. As amidas são termoestáveis e podem sofrer o processo de autoclave, os ésteres não. O metabolismo da maioria dos ésteres resulta na produção de ácido para-aminobenzóico (PABA) que pode ser associado a reações alérgicas, enquanto as amidas raramente causam reações alérgicas. Por essas razões, atualmente as amidas são mais utilizadas. A importância do pKa dos anestésicos locais: Todos os anestésicos locais são bases fracas, assim eles podem se apresentar de duas formas: não ionizada (B) ou ionizada (BH+). O pKa dos anestésicos locais determina a quantidade de droga existente na forma ionizada em um determinado pH. No pH fisiológico (7,4) todos os anestésicos locais apresentam sua forma ionizada em maior proporção, visto que o pKa de todos os AL é maior que 7,4. Todavia, como cada droga possui um pKa diferente, a proporção da forma ionizada e não-ionizada (molecular) presentes no local apresenta variabilidade. A lidocaína possui pKa de 7,9, por isso em pH fisiológico apenas 25% da droga apresenta-se na sua forma não-ionizada. A bupivacaína possui pKa de 8,1, por isso em pH fisiológico haverá uma fração ainda menor da forma não-ionizada, aproximadamente 15%. A droga deve atravessar a membrana lipídica da célula para no meio intracelular atuar nos canais de sódio. A porção não-ionizada atravessa a membrana mais facilmente que a ionizada. Assim, a droga com maior fração não-ionizada em pH fisiológico alcança seu sítio efetor de forma mais rápida. Isso explica porque a lidocaína tem menor tempo de latência que a bupivacaína. Características físico-química: Características físico-químicas como a estrutura do anel aromático e o comprimento da cadeia de hidrocarbonetos determinam a lipossolubilidade do anestésico local, relacionada com sua potência. Drogas lipossolúveis penetram mais facilmente a membrana celular para exercer seu efeito. Quanto mais potente, menor a quantidade de droga necessária para ocasionar o mesmo efeito. Assim, a bupivacaína – altamente lipossolúvel – é aproximadamente quatro vezes mais potente que a lidocaína. Isso se reflete nas preparações de drogas comercialmente disponíveis, pois como a bupivacaína é mais potente, suas apresentações são em soluções de 0,1 a 0,5%, enquanto a lidocaína é geralmente apresentada em soluções de 1 a 2%. A duração da ação do anestésico local está relacionada à sua estrutura molecular, principalmente ao comprimento da cadeia intermediária que liga o anel aromático ao grupo amina, e ao grau de ligação protéica da droga. Entre os diferentes anestésicos locais existe uma grande variabilidade de cadeias intermediárias e do grau de ligação protéica. Quanto maior a ligação protéica, maior o tempo de duração do anestésico. Assim, como exemplo, o grau de ligação protéica da lidocaína é 65%, enquanto o da bupivacaína é 95%, pode-se prever que a bupivacaína possua maior duração de ação que a lidocaína – o que de fato ocorre. A procaína (éster) tem baixo grau de ligação protéica, apenas 6%, por isso possui ação ultra rápida. É importante ressaltar que o tempo de duração dos efeitos colaterais da droga também está relacionado ao grau de ligação protéica, por isso a bupivacaína é considerada mais tóxica que a lidocaína. Anestésicos locais atuam sobre os processos de geração e condução nervosa, reduzindo ou prevenindo o aumento de permeabilidade de membranas excitáveis ao sódio, fenômeno produzido por despolarização celular. O potencial de repouso da membrana neuronal é de -60 a -70 mV, sendo o interior negativo em relação ao exterior e mantido pela ação da bomba de sódio e potássio predominatemente. A excitabilidade do tecido nervoso depende da instabilidade dos gradientes iônicos através da membrana, ocorrendo a despolarização por meio de súbito influxo de sódio para dentro da célula através dos canais rápidos de sódio voltagem dependentes. Esses canais são estruturas glicoproteicas localizadas na membrana celular que funcionam como poros aquosos. Eles existem em diversas conformações, dependendo da voltagem transmembrana. Durante a despolarização da membrana, há mudança na conformação do canal e, então, o sódio passa a penetrar dez vezes mais facilmente que o potássio. Após a despolarização, o potencial transmembrana atinge cerca de +30mV, no caso do tecido nervoso, o que altera novamente a conformação do canal, que irá se fechar. Desse modo pode ser iniciada a repolarização que ocorre através do efluxo de potássio, restaurando o potencial de repouso. Anestésicos: 🔸Curta duração: procaína, cloroprocaína 🔸Média duração: articaína,mepivacaína, lidocaína e prilocaína 🔸Alta duração: bupvacaína • Articaina: meia vida = 0,5 - metabolizada no fígado e no sangue. (O menor tempo de meia vida) • Prilocaina: 1,6 - metabolizada no fígado e pulmão Em doses altas causa metamoglobinemia • lidocaína: 1,6 - Fígado Início rápido, menos duração/ é usada em sua maioria com epinefrina. • Mepivacaína: 1,9 - Fígado • Bupivacaína: 3,5 - fígado Início lento, maior duração 🔻Vasoconstritores • agentes homeostaticos, • Controlam a perfusão tecidual • Adicionados aos anestésicos para equilibrar a ação vasodilatadora • Reduzem o sangramento no local de administração ⚫️Adrenalina - É altamente solúvel na água, atua diretamente nos receptores ( Alfa, Beta), mas predominam no Beta. Adrenalina é o vasoconstritor mais usado para hemostasia, devido a maior ação nos receptores B2. Adrenalina estimula os receptores B1 do miocárdio, produz dilatação das artérias coronárias (aumentando o fluxo sanguíneo), preção sistólica é aumentada, diastólica reduzida Na odontologia: é o vasoconstritor mais potente e mais amplamente utilizado Pode ser administrada dentro dos limites a pacientes (ASA 2, ou 3) Contraindicada para paciente com hipertireoidismo ⚫️ Noradrenalina: Ação nos receptores a 90%, estimula a ação B no coração. A nora apresenta um quarto da potência da adrenalina. Apresenta ação inotrópica no miocárdio (receptores B), produz aumento no fluxo sanguíneo, produz redução na frequência cardíaca. Aumento da pressão (sistólica, diastólica), aumento da resistência periférica total Contraindicado para pacientes que usam antidepressivos ⚫️ Levornodefrina: atua por meio de estimulação direta do receptor a 75%| tem 15% da potência vasopressora da adrenalina Tem mesma ação da Adrenalina, só que em menor grau. Podeser obtida com mepivacaina 1.20.000 Contraindicados para pacientes que usam antidepressivos ⚫️ Fenilefrina: Vasoconstritor mais estável e fraco, tem efeito direto com receptores a 95% É utilizada com procaina a 4% Não é mais utilizado em tubetes de anestésicos. ⚫️ Felipressina: Estimulante direto da musculatura lusa vascular Não há efeitos diretos com o miocárdio, se administrado em doses altas reduz o fluxo sanguíneo nas artérias coronárias. Proibida para gestantes por apresentação ação antidiuréticas e ocitócicas Empregada com concentração de 0,03 UI/ml Usada como vasoconstritor para diminuir sua absorção e aumentar duração da ação. Usada para pacientes ASA 3, 4. Toxicidade: • Relações tóxicas podem acontecer após injeções intravascular, subaracnoídea acidental, ou doses excessivas. • Está relacionada diretamente com o nível plasmático elevado dos anestésicos. • Geralmente deve-se uma manifestação de superdosagem ou da administração intravascular ou subaracnóidea acidental. • A toxicidade envolve o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central. • O sistema nervoso central é mais sensível, por isso é afetado antes.
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