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Curso básico de Teologia Índice INTRODUÇÃO Além de colocar à disposição de todos os pregadores e estudantes da Palavra de Deus em geral uma Bíblia com mais de mil sermões para serem pregados em todas as ocasiões, estamos colocando à disposição dos leitores desta Bíblia um cursinho básico de teologia. É algo bem simples e resumido. O objetivo é facilitar a vida de tantos obreiros da seara do Senhor que não tiveram a oportunidade e nem mesmo condições de fazer um curso mais amplo de teologia. Pessoas que não residem nos grandes centros encontram dificuldade para fazer um curso, seja ele básico, médio ou superior em teologia. Daí a razão de apresentarmos este cursinho de teologia composto de 12 matérias teológicas, com o objetivo de pelo menos dar uma pequena noção do que é teologia, sua importância para o crescimento espiritual, intelectual e bíblico de todos os estudantes em geral da Bíblia Sagrada. Os conceitos técnicos e basilares da teologia cristã são encontrados nos melhores manuais de teologia. Portanto, não há como fazer invenções teológicas. Destas 12 matérias teológicas, dez são de teologia sistemática: teologia, cristologia, paracletologia, bibliologia, angelologia, antropologia, hamartiologia, soteriologia, eclesiologia e escatologia; duas fazem parte da teologia exegética: homilética e hermenêutica. 1) Teologia — A Doutrina de Deus INTRODUÇÃO A doutrina que estuda sobre Deus chama-se “teologia”. O termo teologia, segundo seus aspectos etimológicos, é composto de duas palavras gregas: theos, que significa Deus e logos, que significa “ciência” ou “tratado”. A teologia estuda o seguinte sobre Deus: sua personalidade, seus atributos naturais e morais, sua existência, sua eternidade, sua santidade, sua misericórdia, sua graça, seu amor, sua espiritualidade, sua imutabilidade, seus nomes, sua retidão, sua providência, sua paternidade, a Trindade e tudo mais que a teologia pode nos revelar acerca de Deus. Embora não encontremos nas Escrituras Sagradas a palavra “teologia”, ela é bíblica em seu caráter. Vejamos: I. CLASSIFICAÇÃO DA TEOLOGIA A teologia é envolvida com Deus, o homem e a religião e por isso tem várias divisões. A teologia está classificada em cinco principais ramos: TEOLOGIA EXEGÉTICA: Este ramo da teologia procura descobrir o verdadeiro significado das Escrituras, mostrando a arte de interpretar as línguas originais em que foi escrita a Bíblia, decifrando as dificuldades de interpretação, como no caso a hermenêutica sagrada. TEOLOGIA HISTÓRICA: Este ramo da teologia traça a história do desenvolvimento da interpretação doutrinária, envolvendo o estudo da história da Igreja, como por exemplo, a história do cristianismo. TEOLOGIA DOGMÁTICA: Este ramo da teologia estuda as verdades fundamentais da fé como se nos apresenta nos credos da Igreja, como por exemplo a teologia calvinista, luterana e outras mais. TEOLOGIA BÍBLICA: Este ramo da teologia traça o progresso da verdade, através dos diversos livros da Bíblia e descreve a maneira de cada escritor apresentar as doutrinas importantes como por exemplo a teologia do Antigo Testamento, teologia do Novo Testamento, teologia do Pentateuco etc. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: Neste ramo de estudo da teologia, os ensinos bíblicos concernentes a Deus e aos homens são agrupados em tópicos de acordo com um sistema definido por matérias e distribuído em disciplinas autônomas, como por exemplo: teologia (doutrina de Deus), cristologia (doutrina de Cristo), paracletologia (doutrina do Espírito Santo), bibliologia (doutrina da Bíblia), angelologia (doutrina dos anjos), antropologia (doutrina do homem), hamartiologia (doutrina do pecado), soteriologia (doutrina da salvação), eclesiologia (doutrina da igreja) e escatologia (doutrina das últimas coisas). De acordo com o teólogo anglicano William Henry Thomas: “A teologia é a expressão técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos espirituais da revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de ensinamentos”. Vejamos: II. ORIGEM DO TERMO “TEOLOGIA” O termo “teologia” foi usado pela primeira vez por Platão no diálogo “A república”, para referir-se à compreensão da natureza divina de forma racional, em oposição à compreensão literária própria da poesia, tal como era conduzida pelos seus conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados: (1) teologia como o ramo fundamental da filosofia, também chamada “filosofia primeira” ou “ciência dos primeiros princípios”, mais tarde chamada de metafísica por seus seguidores; e (2) teologia como denominação do pensamento mitológico imediatamente anterior à filosofia. O teólogo protestante suíço Karl Barth definiu a teologia como um “falar a partir de Deus”. III. A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA A teologia, o estudo de Deus, já foi classificada no passado como a “rainha das matérias universitárias”, por pesquisar e estudar sobre o maior de todos os mistérios do Universo — Deus. E, também, por ser um dos mais antigos cursos universitários da história. Aliás, as primeiras universidades da Europa ofereciam basicamente três cursos: teologia, filosofia e direito. Hoje, com a extrema secularização das universidades, o curso de teologia sofre toda a discriminação da comunidade científica, por sua associação com a religião e pelo fato de ir contra todos os argumentos e teorias científicas acerca da origem do homem e do Universo, como a teoria da Evolução, teoria do Big Bang e tantas outras teorias. Eles previam que o povo perderia o interesse pela religião e, consequentemente, Deus seria tirado da pauta. Todavia apesar do materialismo das pessoas, elas resolveram querer Deus e também a prosperidade econômica. Portanto Deus nunca saiu e nem jamais sairá da mente humana. Ele sempre será o assunto principal do mundo. Os maiores conflitos hoje ao redor do planeta ainda são por questões religiosas. As previsões teóricas dos sábios deste mundo fracassaram e a teologia voltou a ficar em evidência. Os teólogos estão cada vez mais se tornando fonte de consulta para os problemas existenciais da vida humana. O próprio MEC (Ministério da Educação e Cultura) passou a reconhecer o curso de bacharel em teologia como um curso de nível superior. Hoje, os teólogos estão sendo convidados pelos populares programas de auditório na televisão e programas de debate nas rádios, nas redes sociais e nos demais meios de comunicação para responder questões de moralidade, ética e fé. Daí a necessidade de cada cristão, ou obreiro da seara do Mestre, ter pelo menos um conhecimento básico de teologia. IV. O OBJETIVO PRINCIPAL DA TEOLOGIA O principal objetivo da teologia é fazer o homem entender o maior mistério do Universo — Deus. A pergunta que Pilatos fez a Jesus é uma pergunta que não se cala: “Que é a verdade?” (Jo 18.38). Tanto filósofos como teólogos tentam explicar Deus. Para o filósofo grego Platão: “Ele é o começo, meio e fim de todas as coisas. É a metade ou a razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente. Tudo permeia e tudo controla. É justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem”. Essa descrição foi aceita por muitos teólogos. Para o grande teólogo cristão Anselmo de Cantuária, o pai da Escolástica, “Deus é o princípio e o fim de todas as coisas; ele existe antes, durante e depois de todas as coisas, pois ele criou tudo, mantém tudo e permanecerá eterno e imutável depois que todas as coisas tiverem seu fim. Em tudo se pode notar Deus, pois em cada criatura está uma inscrição de seu Criador. Ele criou todas as coisas existentes às nossas realidades sensíveis e também aquelas que nossa limitação sensitiva não é capaz de perceber, mas somente sofrer suas consequências. Tu estás inteiro por toda a parte e a tua eternidade é inteira e imperecível. Tu estás de tal maneira fora do espaço que não há em ti nemmeio, nem metade, nem parte alguma. Tu és misericordioso porque és sumamente bom; és sumamente bom porque és sumamente justo, deve-se admitir que és verdadeiramente misericordioso porque és sumamente justo. Portanto, tu és justo conforme a tua natureza, ó Deus justo e benigno, tanto ao castigar como ao perdoar. Tu não és apenas aquilo de que não é possível pensar nada maior, mas és, também, tão grande que superas a nossa possibilidade de pensar-te”. Já dizia o profeta Isaías: “Verdadeiramente, tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador” (Is 45.15). Em Is 57.15, o próprio Deus dá a definição de si mesmo, dizendo: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos”. Aqui Deus revela a sua transcendência e a sua imanência. Ele é um Deus que transcende a tudo e está acima de tudo, porém, é um Deus imanente, o qual está bem perto de sua criação e mora também dentro do coração das pessoas contritas. V. A EXISTÊNCIA DE DEUS A existência de Deus é uma verdade fundamental das Escrituras, que não tecem argumentos para afirmá-la ou comprová-la. A Bíblia já inicia apresentando a realidade da existência de Deus, dizendo: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deus não precisa que o homem creia que ele existe para poder existir. Independente do homem crer ou não crer na existência de Deus — ele existe! Nossa principal base para crer na realidade de Deus se encontra nas páginas da Bíblia Sagrada. A Bíblia, portanto, não se destina ao ateu, que nega a existência de Deus, nem ao agnóstico, que nega a possibilidade de crer ou não na existência de Deus, nem para o incrédulo, que rejeita a revelação de Deus. Definir exatamente quem é Deus não é algo que pode ser feito meramente por palavras. Se não houvesse uma revelação, acima de tudo, do próprio Deus ao homem, nunca iríamos compreendê-lo. Acreditando ou não na existência de Deus, o homem necessita do Senhor para compreender a si mesmo. Eis a questão que definirá o nosso destino eterno. A definição básica que os dicionários bíblicos dão sobre Deus é esta: “Deus é um ser existente por si mesmo, infinito, supremo, criador e conservador do Universo”. Teorias sobre a existência de Deus Existem várias teorias a respeito do que o homem pensa sobre a existência de Deus, e se difundiram através da história, existindo até hoje adeptos destas teorias. ATEÍSMO: O ateísmo se define hoje como um movimento humanista radical que nega a existência de Deus. O ateu nega o conceito de Deus por não ser capaz de descobrir no Universo material a existência de Deus. Porque Deus sendo Espírito não pertence à categoria da matéria e, portanto, não pode ser descoberto por investigações meramente naturais ou humanas. Entretanto a Bíblia mostra que o Universo material proclama a glória de Deus (Sl 19.1). A crença na existência de Deus é universal. Nunca existiram povos ateus. Ficou provado, tanto pela história como pela arqueologia, que “nunca se encontrou tribo ou nação que não tenha alguma noção de um ser supremo, um Deus que através de suas religiões procuram se aproximar dele e agradar-lhe por meio de sacrifícios, às vezes até de sangue”. O moralista e historiador grego Plutarco (45-125 d.C.) costumava dizer o seguinte: “É possível encontrar cidades sem muralhas, sem ginásios, sem leis, sem moedas, sem cultura literária, mas um povo sem Deus, sem orações, sem juramentos, sem ritos religiosos, sem sacrifícios jamais foi encontrado”. POLITEÍSMO: O politeísmo é conhecido como “culto de muitos deuses”. Era característico das religiões antigas, mas até hoje é praticado entre muitos povos e nações, principalmente na Índia, onde se acredita que existam treze milhões de deuses. Baseia-se o politeísmo na ideia de que o Universo é governado não só por uma força, mas sim por muitas forças, de maneira que há um deus na água, um deus no fogo, um deus em cada animal, um deus nos pássaros, nas montanhas etc. O apóstolo Paulo descreve como surgiu o politeísmo, dizendo: “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm 1.23). A Palavra de Deus derruba totalmente esta teoria, dizendo: “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.6). PANTEÍSMO: O panteísmo é proveniente de duas palavras gregas, que significam “tudo é Deus”. É um sistema de pensamento que confunde Deus com a natureza e o identifica com o Universo, árvores, pedras, terra, água etc. O apóstolo Paulo também descreve como surgiu o panteísmo, dizendo: “pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.25). A Bíblia afirma que: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19.1). Portanto, a natureza apenas expressa a glória do Criador! DEÍSMO: O deísmo admite que haja um Deus pessoal que criou o mundo, mas insiste que, depois da criação, Deus abandonou o mundo e entregou para ser governado pelas leis naturais. A Bíblia condena totalmente esta teoria, dizendo: “Exaltado está o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua glória, sobre os céus. Quem é como o SENHOR, nosso Deus, que habita nas alturas; que se curva para ver o que está nos céus e na terra; que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o necessitado, para o fazer assentar com os príncipes, sim, com os príncipes do seu povo; que faz com que a mulher estéril habite em família e seja alegre mãe de filhos? Louvai ao SENHOR!” (Sl 113.4-9). Este texto revela a transcendência e imanência de Deus. Como transcendente, Deus é excelso e está acima de tudo! Porém como imanente, ele se inclina para observar a sua criação e interfere no dia a dia das pessoas, exaltando o humilde, fazendo até a mulher estéril ser alegre mãe de filhos! AGNOSTICISMO: O vocábulo “agnosticismo”, proveniente de um termo grego, tem o sentido de “não conhecer”. Esse sistema de ensino tem por objetivo negar a capacidade humana de conhecer a Deus. “A mente finita não pode alcançar o infinito”, afirma o agnóstico. A Bíblia refuta totalmente esta teoria, dizendo: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR: como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3). Portanto, o conhecimento de Deus é progressivo! MONOTEÍSMO: O monoteísmo é a crença de que existe um só Deus que criou todas as coisas e sustenta pela sua Palavra todo o Universo (Hb 1.1-3). O “monoteísmo” é o oposto do “politeísmo” e defende o “culto verdadeiro de adoração a um só Deus”. O monoteísmo é defendido pelo judaísmo e pelas duas maiores religiões do planeta, cristianismo e islamismo. A Bíblia apoia claramente esta doutrina, dizendo: “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1Co 8.6). O próprio Deus confirma esta doutrina, dizendo: “Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22). VI. OS ATRIBUTOS DE DEUS Os atributos de Deus são aquelas características essenciais permanentes e distintivas que podem ser afirmadas a respeito de seu ser. Seus atributos são suas perfeições inseparáveis de sua natureza e que condicionam seu caráter. Os teólogos têm feito muitas tentativas para classificar os atributos de Deus em atributos naturais e atributos morais. Os atributos naturais de Deus são todos aqueles que pertencem à sua existência como Espírito infinito e racional. Enquanto que os atributos morais de Deus são aqueles atributos adicionais que lhe pertencem como Espírito infinito e justo. Os atributos naturais de Deus Os atributos naturais de Deus são: eternidade, imutabilidade, onisciência, onipotência e onipresença. ETERNIDADE: A eternidade de Deus éa duração infinita sem começo e sem fim. Deus não teve princípio e não terá fim (Jó 36.26). Ele conhece os acontecimentos presentes. Contudo o passado, presente e futuro são igualmente conhecidos para ele. Para nós os acontecimentos ocorrem um a um. Mas Deus vê todos os acontecimentos como um todo ligado, como se fosse um único acontecimento. Moisés escreveu sobre a eternidade de Deus, dizendo: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). IMUTABILIDADE: A imutabilidade de Deus não admite a possibilidade de mudança e nem sombra de variação. Na qualidade de ser infinito, absoluto, independente e eterno, Deus está acima de possibilidades de mudanças e variações. O apóstolo Tiago escreveu sobre a imutabilidade de Deus, dizendo: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17). O Senhor também falou de sua imutabilidade através do profeta Malaquias, dizendo: “Porque, eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3.6). ONISCIÊNCIA: A onisciência de Deus é um termo teológico que se refere ao conhecimento e sabedoria infinitos de Deus e sua capacidade de conhecer perfeitamente todas as coisas. Calvino definiu a onisciência como “Aquele atributo mediante o qual Deus conhece a si mesmo e a todas as outras coisas em um só e simplicíssimo ato eterno”. Davi escreveu sobre a onisciência de Deus, dizendo: “Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces. Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir” (Sl 139.2-6). ONIPOTÊNCIA: A onipotência de Deus é um termo teológico que se refere ao poder ilimitado de Deus. Davi também escreveu sobre a onipotência de Deus, dizendo: “Grande é o SENHOR e muito digno de louvor; e a sua grandeza, inescrutável” (Sl 145.3). O próprio Deus revelou para Abraão a sua onipotência, dizendo: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso” (Gn 17.1). Jesus também revelou a onipotência de Deus, dizendo: “Mas a Deus tudo é possível” (Mt 19.26). ONIPRESENÇA: A onipresença de Deus é um termo teológico que se refere à natureza ilimitada de Deus ou à sua capacidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Davi também escreveu sobre a onipresença de Deus, dizendo: “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa” (Sl 139.7-12). O escritor da carta aos Hebreus também escreveu sobre a onipresença de Deus, dizendo: “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hb 4.13). Os atributos morais de Deus Os atributos morais de Deus são: santidade, retidão, justiça, amor, misericórdia e graça. SANTIDADE: A santidade de Deus é seu atributo mais exaltado e destacado, pois expressa a majestade de sua natureza e caráter moral. A santidade de Deus poderia se chamar também de “atributo moral enfático de Deus”. A Bíblia descreve como Deus é incomparável em santidade, dizendo: “Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus” (1Sm 2.3). Os seres viventes proclamam dia e noite a santidade de Deus, dizendo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.8). Os serafins também fazem isso, dizendo: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). RETIDÃO: A retidão de Deus é a imposição de leis e exigências retas, podendo ser chamada de “santidade legislativa”. Nesse atributo vemos revelado o empenho de Deus pela santidade que sempre o impele a fazer e a exigir o que é reto (Sl 145.17; 116.5). Todos os requisitos exigidos por Deus aos homens são absolutamente retos em seu caráter. Davi escreveu sobre a retidão de Deus, dizendo: “Bom e reto é o SENHOR; pelo que ensinará o caminho aos pecadores” (Sl 25.8). JUSTIÇA: A justiça de Deus é a execução das penalidades impostas por suas leis; essa pode ser chamada de “santidade judicial”. Nesse atributo vemos revelado seu ódio contra o pecado, uma indignação tal que, livre de toda paixão ou capricho, sempre o impele a ser justo e a exigir o que é justo (Sf 3.5; Dt 32.4). Todos os tratos de Deus com os homens se baseiam na justiça absoluta. A Bíblia fala da retidão e justiça de Deus, dizendo: “Ele mesmo julgará o mundo com justiça; julgará os povos com retidão” (Sl 9.8). AMOR: O amor é aquele atributo de Deus pelo qual ele se inclina a buscar os melhores interesses de suas criaturas (Jo 3.16; Mt 5.44-45). O cristianismo é realmente a única religião que exibe o ser supremo como amor (1Jo 4.8). Os deuses dos pagãos são irascíveis e odiosos, que necessitam ser constantemente apaziguados. Não é assim o nosso Deus. Seu amor, qual ponte, transpõe o abismo do tempo. Permanece firme sob as mais pesadas pressões. As pressões e o peso do pecado do homem não têm quebrado a ponte do amor, que se reflete na longanimidade de Deus. Paulo escreveu sobre a demonstração prática do amor de Deus pelos pecadores, dizendo: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). MISERICÓRDIA: A misericórdia de Deus é aquele princípio e qualidade que descreve sua disposição e ação em relação aos pecaminosos e sofredores, sustando penalidades merecidas e aliviando os angustiados. A Bíblia fala da eternidade da misericórdia de Deus, dizendo: “Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre aqueles que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos” (Sl 103.17). Com base nisso, o profeta Jeremias descreve a infinita misericórdia do Senhor, dizendo: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lm 3.22-23). GRAÇA: A graça de Deus é seu favor não merecido, contrário ao merecimento, mediante o qual a penalidade merecida e consequente é suspensa e todas as bênçãos positivas são concedidas ao crente arrependido. O salmista Davi descreveu tão bem a plenitude da graça de Deus, dizendo: “Mas tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, e sofredor, e grande em benignidade e em verdade” (Sl 86.15). O apóstolo Paulo também escreveu sobre a extensão da graça de Deus, dizendo: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). VII. A SANTÍSSIMA TRINDADE A Bíblia afirma, de forma categórica, em suas páginas: “Há um só Deus” (1Co 8.6; Ef 4.6). Entretanto, esse Deus único se manifesta em três pessoas divinas: O Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo (Mt 28.19). A palavra “Trindade” não se encontra na Bíblia, mas foi primeiramente empregada por Tertuliano, um dos mais importantes teólogos do período Patrístico, para descrever o que as Escrituras ensinam sobre a natureza do Deus trino. A Bíblia afirma que o único Deus verdadeiro existe como uma Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estas três pessoas, que formam uma única divindade, são distinguíveis uma da outra na mesma natureza, na mesma essência, e se relacionam entre si numa comunhão ininterrupta. A Trindade é uma comunhão eterna que já existia muito antes de todas as coisas, portanto, não é uma invenção de Tertuliano; ele apenas usou pela primeira vez o termo “Trindade”. A doutrina da Trindadeexiste para descrever a plenitude da divindade, que se fundamenta na tríplice manifestação de Deus, nos eventos narrados no Antigo e Novo Testamento. Desde a criação observamos alguns verbos e pronomes que se referem a mais de uma pessoa: (1) na criação do homem: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); (2) na confusão das línguas: “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro” (Gn 11.7); (3) na visão de Isaías, quando do seu chamamento, lemos que Deus perguntou: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Estas citações no Antigo Testamento definem mais de uma pessoa na Trindade presente em ação. No Novo Testamento, a doutrina da Trindade é claramente explícita nas seguintes ocasiões: (1) a tríplice manifestação divina é evidenciada por ocasião do batismo de Jesus (Mt 3.16-17); (2) pela menção das Três Pessoas da Trindade na grande ordenança de Jesus acerca do batismo dos salvos (Mt 28.19); (3) na referência das Três Pessoas da Trindade na bênção apostólica (2Co 13.13) e (4) pela menção das Três Pessoas divinas nos ensinos de Cristo e Paulo em várias outras passagens do Novo Testamento, que revelam claramente a doutrina da Trindade. A santíssima Trindade não é três deuses como ensina a teoria conhecida como “triteísmo”. A Trindade não é três manifestações de uma só pessoa como ensina a teoria conhecida como “sabelianismo”. A Trindade também não é três elementos essenciais de um Deus como ensina a teoria conhecida como “swedenborgianismo”. Entretanto qual é a teoria correta que define a Trindade? O Credo Atanasiano define muito bem a santíssima Trindade dizendo: “Adoramos um só Deus em Trindade e uma Trindade em unidade, não confundindo as pessoas e nem dividindo a substância”. A Trindade, portanto, são três pessoas eternamente “interconstituídas”, inter-relacionadas, “interexistentes” e inseparáveis dentro de um único ser e de uma única substância ou essência. Em 1Co 12.4-6, Paulo distingue de forma clara as três pessoas da Trindade, dizendo: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. Em Ef 4.4-6, Paulo ainda reforça o argumento, dizendo: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos”. CONCLUSÃO Em Jo 17.3, o Senhor Jesus Cristo nos deu o resumo de toda a teologia cristã, dizendo: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. 2) CRISTOLOGIA — A DOUTRINA DE CRISTO INTRODUÇÃO A cristologia é uma disciplina da teologia sistemática que estuda acerca da pessoa e obra de Cristo. O termo “cristologia”, é uma associação do nome messiânico de Jesus em grego, que é “Cristo”, o “Ungido”, com o sufixo logia, que é “estudo”, “doutrina” ou “ensino”. Portanto, cristologia é o estudo, a doutrina ou o ensino acerca de Cristo. Esta matéria teológica se reveste de grande importância, pelo fato de estudar sobre o fundador do cristianismo, a maior religião do planeta. Jesus Cristo possui uma relação tão vital com o cristianismo que nenhum outro fundador de religião possui. Todas as demais religiões são de profetas e mestres mortos. O cristianismo, porém, é a única religião que o seu fundador vive para sempre. Vamos resumir esta matéria tão extensa em oito principais ensinos acerca de Cristo: I) A pessoa de Jesus Cristo; II) A humanidade de Jesus Cristo; III) A divindade de Jesus Cristo; IV) O caráter de Jesus Cristo; V) A obra de Jesus Cristo; VI) O significado da morte de Jesus Cristo; VII) A ressurreição de Jesus Cristo e VIII) A ascensão de Jesus Cristo. Vejamos: I. A PESSOA DE JESUS CRISTO Jesus Cristo é o centro e âmago da história do mundo. A própria história do mundo se divide entre antes e depois de Cristo. Como definiu muito bem o teólogo Bancroft: “A pessoa de Jesus Cristo não somente está firmemente engastada na história humana e gravada nas páginas abertas das Escrituras Sagradas, mas também é experimentalmente materializada nas vidas de milhões de crentes e entrelaçada no tecido de toda a civilização digna desse nome”. Por mais que os historiadores e pensadores do presente século queiram classificar Jesus Cristo como um simples fundador de religião como Maomé, Buda, Confúcio, Zoroastro e tantos outros, jamais conseguirão ofuscar o brilho e a influência da obra de Cristo no coração de milhares e milhares de pessoas através da história e nos dias atuais. Quanto mais tentam sepultar o cristianismo, mais vigoroso e glorioso ele ressurge em todo o mundo. Nisto concordo com as palavras de outro grande teólogo: “O cristianismo não pode ser comparado com outros cultos, como também Jesus Cristo não pode ser comparado com outras pessoas. Cristo é o incomparável; ele está acima dos homens como os céus estão acima da terra. Da mesma forma, o cristianismo é incomparável. Acha-se em plano tão afastado do nível das religiões humanas, quanto está o Ocidente afastado do Oriente” (Neighbor). II. A HUMANIDADE DE JESUS CRISTO Jesus Cristo é homem verdadeiro e Deus verdadeiro. A encarnação do Verbo é, sem dúvida, um dos grandes mistérios do cristianismo (Jo 1.14). Para o teólogo Bushnell: “Cristo pertence à raça e dela participa, nascido de mulher, vivendo dentro da linhagem humana, sujeito às condições humanas e fazendo parte integral da história do mundo”. Cristo não foi 50% homem e nem 50% Deus. Ele é 100% homem e 100% Deus. Jesus Cristo tornou-se homem através de uma concepção sobrenatural, como bem já definia o Credo dos Apóstolos: “Nasceu do Espírito Santo e da virgem Maria”. Desta maneira as Escrituras confirmam, dizendo: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mt 1.18). E Paulo resume este assunto, dizendo: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). III. A DIVINDADE DE JESUS CRISTO Jesus Cristo possuía duas naturezas: a divina e a humana. “A união da divindade com a humanidade era essencial à constituição da pessoa de Cristo. Segue-se, portanto, que Cristo é o Deus-Homem”, assim definiu Pendleton. Ainda de acordo com o teólogo Bancroft: “Para quem aceita a doutrina bíblica da Trindade, evidentemente não há necessidade de argumentos para provar a divindade de Cristo, pois a aceitação de uma abrange a outra: Se Cristo é a segunda pessoa da Trindade, é da mesma essência do Pai e do Espírito Santo, possuindo igual poder e glória. Em Deus Pai vemos a fonte da divindade; em Jesus Cristo, a divindade a transbordar; na corrente está toda a perfeição da fonte. O Pai é a fonte da glória; Jesus Cristo, o Filho, é o resplendor dessa glória.” A Bíblia afirma que Jesus Cristo é “o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3). Portanto, Cristo é a expressão exata da natureza e da essência da divindade. O apóstolo Paulo apresenta Jesus Cristo como o próprio Deus, dizendo: “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13). Pedro também apresenta Jesus Cristo como o próprio Deus, dizendo: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1.1). O apóstolo João chama a Jesus Cristo de verdadeiro Deus, dizendo: “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20). IV. O CARÁTER DE JESUS CRISTO O estudo sobre o caráter de Jesus Cristo se reveste de grande importância pelo fato de colocar em relevo tudo aquilo que ele afirmou ser,além de elevar a sua ética bem acima de todos os demais homens que já pisaram nesta terra. A ética e a moral de Cristo eram tão elevadas que até os pensadores ímpios a reconheceram. Pecaut, um célebre infiel francês, reconheceu a pureza moral do caráter de Jesus Cristo, dizendo: “O caráter moral de Cristo elevou-se incomparavelmente acima de qualquer outro grande homem da antiguidade. Nenhum outro foi tão meigo, tão humilde e tão bondoso como ele. Em Espírito, ele viveu na casa de seu Pai celestial. Sua vida moral está totalmente impregnada de Deus.” Portanto, o caráter puro e santo de Jesus Cristo demonstrado nos Evangelhos apenas confirmam a sua superioridade ética e moral bem acima dos demais fundadores de religião. De acordo com o grande estudioso cristão Neighbor: “A ética do cristianismo é incomparavelmente superior à ética das demais religiões.” A Bíblia comprova o caráter puro de Jesus Cristo, dizendo: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26). O apóstolo Pedro, que conviveu por três anos e meio com Jesus Cristo, deu o seu testemunho do caráter puro e santo de Jesus, dizendo: “Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano, o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente, levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas, agora, tendes voltado ao Pastor e Bispo da vossa alma” (1Pe 2.21-25). V. A OBRA DE JESUS CRISTO Por obra de Jesus Cristo entendemos tudo aquilo que ele realizou para o nosso bem mediante a sua morte e ressurreição. Não se pode mensurar nem avaliar o tamanho da obra de Cristo em favor da humanidade. “Todas as bênçãos que Deus tem para o homem encontram-se em Jesus Cristo e são dadas por meio dele” (A. Lindsay Glegg). A obra de Jesus Cristo se define por tudo aquilo que ele conquistou para nós como legado perpétuo: a vida eterna, a paz eterna e a alegria eterna (Jo 3.16; 14.27; 16.22). “As realizações de Cristo ultrapassam as suas promessas” (Nehemiah Rogers). A salvação, a redenção, a remissão, a justificação, a expiação, a regeneração, a reconciliação, a santificação e o perdão são obras que somente Jesus Cristo tinha condições de realizar em favor da humanidade pecadora. Martinho Lutero, o grande reformador, assim definiu a obra de Jesus Cristo: “Em sua vida, Cristo foi um exemplo edificante, que nos traçou normas salutares de conduta; em sua morte, um sacrifício propiciatório pelos nossos pecados; em sua ressurreição, um conquistador; em sua ascensão, um rei; em sua intercessão, um sumo sacerdote.” A obra principal de Jesus foi clara e objetivamente definida por ele mesmo: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). Existe obra maior do que esta? Esta foi e continua sendo a principal missão de Jesus Cristo em favor do homem. VI. A MORTE DE JESUS CRISTO O cristianismo é uma religião redentora. Daí o fato da morte de Jesus Cristo ter o primeiro lugar em sua mensagem evangélica. Dessa forma, o cristianismo assume uma posição sem paralelo entre todas as religiões do mundo. Somente o sangue de Jesus Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo sem mancha a Deus, pode purificar a nossa consciência de obras mortas a fim de servirmos ao Deus vivo. “A encarnação tinha em vista a expiação. Cristo encarnou-se a fim de poder fazer expiação e propiciação. Nasceu para morrer. Manifestou-se para tirar os pecados. Encarnou-se a fim de que, ao assumir natureza semelhante à nossa, oferecesse sua vida como sacrifício pelos pecados dos homens. A encarnação foi da parte de Deus uma declaração do seu propósito de promover salvação para o mundo. Essa salvação só podia ser provida pelo sangue expiador de Cristo” (Bancroft). O apóstolo Paulo resumiu todo o conteúdo do evangelho no seguinte credo: “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1Co 15.1-4). Reconhecendo ainda o grande valor da morte de Jesus Cristo, Paulo escreveu, dizendo: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2.2). VII. A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO A ressurreição de Jesus Cristo é a coluna mestra que sustenta o edifício da fé cristã. A ressurreição de Cristo é um dos fatos mais bem comprovados da história humana. É sustentado e apoiado por provas corroborativas e infalíveis, como bem poucos fatos históricos. A ressurreição de Jesus Cristo é comprovada pelo sepulcro vazio e pelas aparições pessoais do Senhor ressurreto para dezenas e centenas de pessoas de uma só vez. Como bem atestou o doutor Lucas, ao investigar o fato como um legítimo médico legista, dizendo: “aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus” (At 1.3). A morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo são dois pilares que sustentam o cristianismo e o coloca infinitamente bem acima de todas as demais religiões do planeta. A ressurreição de Jesus Cristo é a comprovação de que tudo aquilo que ele falou é verdadeiro. É a prova cabal de que Jesus é o Deus vivo e verdadeiro, “o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4.25). A ressurreição de Jesus Cristo lavou a alma de seus discípulos acanhados pela sua morte e pelos inimigos que acusavam seu Senhor e Mestre de apenas mais um embusteiro (Jo 20.19). O antes medroso Pedro podia dizer com autoridade: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” (At 2.22-24). O apóstolo Paulo declara que a nossa crença na ressurreição de Jesus Cristo é fator determinante para a nossa salvação, dizendo: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9). VIII. A ASCENSÃO DE JESUS CRISTO A ascensão visível de Jesus Cristo em corpo ressurreto aos céus é a prova mais contundente de que ele havia descido lá do alto, mediante a sua encarnação e agora retornava para o céu reassumindo a glória que ele já possuía muito antes da fundação do mundo (Jo 17.5,13,24). A ascensão de Jesus Cristo foi um “até breve” do rei que retornará da mesma forma visível com que foi assunto ao céu. “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.9- 11). CONCLUSÃO O pensador cristão Thomas Brooks assim concluiu o que pensa acerca de Jesus Cristo: “Cristo é admirável, Cristo é muito admirável, Cristo é o mais admirável, Cristo é sempre admirável, Cristo é totalmente admirável”. E o grande e cristocêntrico apóstoloPaulo disse: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36). 3) PARACLETOLOGIA — A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO INTRODUÇÃO A disciplina teológica que estuda sobre o Espírito Santo é “paracletologia”, termo extraído do vocábulo grego parakletos e traduzido por “advogado”, termo este utilizado por Jesus para se referir a vinda do “Consolador” (Jo 14.26), que significa “Alguém chamado para o lado de outro para o ajudar” ou “Alguém que aparece em defesa de outra pessoa”, como faz um advogado que aparece ao lado de alguém para defendê-lo perante um tribunal. Este termo foi o mesmo utilizado para referir-se a Cristo como “Advogado” (1Jo 2.1), confirmando a expressão grega de Jo 14.16, cujo termo utilizado para “outro consolador” é allos parakletos, que significa “outro do mesmo tipo” ou “outro da mesma espécie” e não heteros, que significa “outro”, porém, de espécie diferente. Noutras palavras, o Espírito Santo continuaria fazendo exatamente o que Cristo faria se continuasse aqui na terra. Aliás, Cristo continua presente conosco todos os dias, por meio do Espírito Santo que nos foi enviado (Mt 28.20; Fp 1.19). O vocábulo parakletos, utilizado por Jesus para se referir ao Espírito Santo, pode ser traduzido ainda como: consolador, fortalecedor, conselheiro, socorro, advogado, companheiro, intercessor, ajudador, aliado e amigo (Rm 8.26). A matéria teológica que estuda sobre o Espírito Santo é também conhecida como “pneumatologia”, que provém do vocábulo grego pneuma, que significa “vento” ou “espírito”. Prefiro, entretanto, o termo “paracletologia”. Vejamos: I. DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO Vivemos na dispensação do Espírito Santo. O dia de Pentecostes marcou para sempre a descida do Espírito Santo para habitar com a Igreja. O Espírito Santo veio para morar dentro de cada crente. O nosso corpo é templo do Espírito Santo. O Espírito Santo habitando dentro de cada crente é o próprio Deus morando em nosso coração. O domínio que prevalece nesta dispensação é o domínio do Espírito Santo. O Espírito Santo é o comandante da Igreja. Cristo, sendo a cabeça da Igreja, ele orienta a sua Igreja, através do Espírito Santo que habita conosco. Foi o próprio Jesus Cristo quem disse em Jo 14.16- 17: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós”. Portanto, o Espírito Santo é o guia da Igreja nesta dispensação. Até mesmo quando Cristo se dirige à sua Igreja na terra, ele o faz através do Espírito Santo. Ao enviar as sete cartas para as sete igrejas da Ásia, no livro do Apocalipse, na introdução de cada carta é Jesus Cristo quem se identifica como o remetente (Ap 2.1,8,12,18; 3.1,7,14). Porém quem assina cada carta no final é o Espírito Santo (Ap 2.7,11,17,29; 3.6,13,22). II. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA HISTÓRIA BÍBLICA A obra do Espírito Santo pode ser vista e percebida através de toda a história bíblica. Em cada manifestação das obras de Deus registradas na Bíblia percebemos a Trindade santa trabalhando para o bem da criação. De acordo com alguns teólogos, o Pai é o autor, o Filho é o executor e o Espírito Santo é o ativador de cada obra iniciada. Em todos os momentos da história, desde a criação dos céus e da terra em Gênesis, até o estabelecimento do novo céu e da nova terra, em Apocalipse, percebemos o trabalhar e o mover do Espírito Santo através dos líderes do povo, sacerdotes, juízes, libertadores e profetas na antiga aliança, como também através de Jesus e dos seus santos apóstolos no estabelecimento da nova aliança e na inauguração da Igreja no dia de Pentecostes. A Bíblia já inicia mostrando o Espírito Santo trabalhando para dar forma à terra, dizendo: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2). Da criação até Cristo, o Espírito Santo atuava de forma esporádica através dos homens que Deus levantava para liderar o seu povo (Nm 11.24-29; Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; 1Sm 10.6; 16.13; 2Cr 15.1; 20.14; Is 61.1; Mq 3.8 etc.). Do nascimento de Cristo até Pentecostes, o Espírito Santo atuou por meio do ministério glorioso de Cristo. Tudo o que Jesus fez por ocasião de seu ministério terreno, foi orientado pela atuação do Espírito Santo (Mt 3.16-17; Lc 4.1; 4.14; 4.18-19). De Pentecostes até o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo habita na Igreja, a qual é o corpo de Cristo. Neste período, o Espírito Santo habita individualmente em cada crente, fazendo do nosso corpo o santuário onde Deus habita (1Co 3.16-17; 6.19-20). III. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA PRIMITIVA A marcha triunfal da Igreja na terra está no poder do Espírito Santo. A Igreja primitiva era uma igreja triunfante porque caminhava no poder do Espírito Santo. Basta ler os 28 capítulos do livro de Atos dos Apóstolos e constatar esta verdade. Igreja que caminha no poder do Espírito Santo é uma igreja avivada. A igreja, porém, que não tem o poder do Espírito é uma igreja fria. Existe uma grande diferença entre a Igreja avivada e a igreja fria, por isso Paulo já havia advertido a igreja de Tessalônica, dizendo: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). Infelizmente, aquilo que Paulo temia aconteceu. Após o primeiro século de avivamento apostólico, a Igreja já não tinha mais a chama do Espírito ardendo em seu coração e começou o período das discussões teológicas colocando em dúvida a divindade de Cristo, rebatidas pelos apologistas do segundo século. Em seguida veio o período da Patrística, onde a filosofia influenciou profundamente a teologia cristã, o conhecimento da letra apagou o brilho do Espírito, dando início à Igreja romana, ascensão do papado e tantas outras coisas mais que a doce voz do Espírito foi silenciada por quase mil anos, entre o início do catolicismo romano, no século quinto, até o alvorecer da Reforma protestante, nos séculos 15 e 16. IV. O SILÊNCIO DO ESPÍRITO SANTO O período mais angustiante para a Igreja nesta dispensação, foi o silêncio do Espírito Santo entre os anos 500 d.C. (início do paganismo na Igreja) a 1500 d.C. (início da grande Reforma). A Igreja tornou-se ritualística e entrou numa fase sombria da sua história. Com a conversão de Constantino, o primeiro imperador romano cristão, houve uma tentativa tanto política como religiosa de cristianizar o mundo pagão. Entretanto se o paganismo foi cristianizado, o cristianismo também foi paganizado, com a ascensão da Igreja romana como “matriz” da cristandade católica. Além disso, uma das piores mentiras que o inimigo vendeu para a Igreja e boa parte dos primeiros pais da Igreja compraram, foi a chamada “teoria cessacionista”, aquela que afirma que os dons espirituais e a operação sobrenatural do Espírito Santo, com a evidência das línguas faladas no dia de Pentecostes, haviam cessado com o fim do período apostólico. Essa desastrosa teoria causou mais estrago espiritual à Igreja no decorrer desses séculos de silêncio do Espírito Santo do que a maldita teoria da Evolução de Charles Darwin. Quantos séculos perdidos se passaram desde o período Patrístico até a Reforma protestante, seguida pelos avivamentos da Inglaterra, pelos grandes despertamentos nos Estados Unidos e pelo avivamento da rua Azuza, no limiar do século 20? V. ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA HISTÓRIA DA IGREJA Para alguns, durante a Reforma protestante no século 16, pelo esforço de homens como Martinho Lutero, o trabalho do Espírito Santo reviveu após mil anos de silêncio. Porém a própria Reforma só não surtiu mais efeito, porque muitos líderes da Reforma ainda defendiam essa desastrosa teoria cessacionista. Mais adiante, por meio de grandes avivalistas como Jonathan Edwards, John Wesley, George Whitefield, Charles Finney e Dwight Moody a grande atuação do Espírito Santo começou a reaparecer. Deus estava amadurecendo o mundo para um grande avivamento. E, por voltado ano 1900, o mundo todo começou a receber de novo o Espírito Santo com as mesmas evidências ocorridas no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Precisamente no ano de 1906, mais uma vez, à exemplo do que aconteceu no dia de Pentecostes, o avivamento não começou no meio de pessoas intelectuais, mas sim no meio de 120 pessoas simples que aguardavam ansiosamente a promessa do Pai. E assim foi também no Pentecostes da rua Azuza. O Espírito Santo voltou a descer sobre pessoas simples e humildes, até discriminadas da sociedade, como foi o caso do pastor afro-americano Wiliam Seymour, que liderou através do Espírito Santo o grande avivamento do começo do século 20. Foi desse grande avivamento que resultou o Movimento Pentecostal que se espalhou rapidamente como um fogo por todo o mundo. O Espírito Santo continua agindo e guiando a Igreja do Senhor na terra, convencendo o mundo, do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11). Ele é simplesmente o glorioso Espírito Santo que nos adestra para a batalha e está preparando a noiva de Cristo para o seu encontro com o Senhor Jesus Cristo (Ap 22.17). VI. OS DONS ESPIRITUAIS O Espírito Santo continua distribuindo os dons espirituais para a sua amada Igreja ainda hoje (1Co 12.7-11). A palavra “dom”, vem do grego charisma no singular e charismata no plural. Os dons são talentos e habilidades dadas por Deus à sua Igreja com o objetivo de servir melhor aos santos. Os dons espirituais podem ser classificados em três grupos: Os dons de revelação, os dons de poder e os dons vocais. Os dons de revelação servem para a orientação espiritual da Igreja e do ministério na sua tomada de decisões. Os dons de poder servem para a manifestação do poder de Deus na Igreja através de sinais, prodígios e maravilhas e os dons vocais servem para comunicar os desígnios de Deus para a Igreja no sentido de exortar, edificar e consolar o povo através da elocução, que é a ação de anunciar o pensamento por meio de palavras. Vejamos: 1. OS DONS DE REVELAÇÃO 1. Os dons de revelação são: A palavra de sabedoria, a palavra do conhecimento e o discernimento de espíritos (1Co 12.7-10). Esses dons buscam a orientação divina para a Igreja do Senhor na terra! 2. Os dons de revelação têm a finalidade de capacitar pessoas escolhidas por Deus para transmitir ao povo uma sabedoria superior à sabedoria humana, um conhecimento superior e um entendimento superior do mundo espiritual (Jr 33.3). 3. A palavra da sabedoria se manifestava com intensidade na vida de Salomão (1Rs 3.28). A palavra do conhecimento e o discernimento de espíritos se manifestavam de forma intensa nos ministérios dos profetas Eliseu e Daniel (2Rs 6.8-23; Dn 1.17; 2.19-22). 4. O Deus da Bíblia é o Deus das grandes revelações. Em Dn 2.19-22, a Palavra de Deus afirma que: “Então, foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu. Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque dele é a sabedoria e a força; ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com ele mora a luz”. 2. OS DONS DE PODER 1. Os dons de poder são dons sobrenaturais pelos quais o poder de Deus se manifesta, a fim de transmitir uma resposta miraculosa através de uma intervenção, até mesmo na natureza física. 2. Todos esses dons espirituais são distribuídos às pessoas pelo Espírito Santo, de acordo com sua própria vontade, para benefício e crescimento da Igreja, o corpo de Cristo (1Co 12.11). 3. Os dons de poder são: O dom da fé, os dons de curar e o dom de operação de maravilhas. Os dons de poder se manifestavam de forma intensa na vida de Moisés, Elias, Eliseu, Jesus, os apóstolos, Pedro, Filipe e Paulo. 4. Em Rm 15.19, Paulo menciona a operação destes dons de poder no seu ministério, dizendo: “pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo”. 3. OS DONS VOCAIS 1. Os dons vocais ou dons de expressão são os dons do Espírito Santo manifestados através de expressões vocais ou orais, que são: O dom de profecia, o dom de interpretação de línguas e o dom de variedade de línguas. 2. Estes três dons transmitidos através da língua, são os dons da comunicação divina para edificação pessoal do portador do dom e para edificação e exortação espiritual da Igreja. 3. Em 1Co 14.1, Paulo aconselhou os crentes buscarem com zelo os dons espirituais, dando um destaque especial ao dom de profecia, dizendo: “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar”. 4. Em At 19.6, Lucas revela a operação dos dons vocais em Éfeso, dizendo: “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam”. VII. OS DONS MINISTERIAIS O Espírito Santo também é responsável por distribuir os dons ministeriais para a sua Igreja (At 20.28). Em Ef 4.11, o apóstolo Paulo afirma que: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”. Vejamos: 1. APÓSTOLOS O apóstolo é um enviado especial, que representa a pessoa que o envia. Em Lc 6.13, Jesus “chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos”. O equivalente no aramaico que Jesus utilizou para “apóstolo” é shaliah, que significa “alguém que recebeu a comissão e autoridade explícitas daquele que o enviou, mas sem capacidade de transferir seus atributos para outro”. Cada apóstolo teve uma chamada explícita, individual e intransferível. 2. PROFETAS Em At 13.1, Lucas escreve que: “Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo”. Portanto, mesmo não havendo tanta intensidade de profetas quanto havia na antiga aliança, havia também profetas de Deus na nova aliança. Entretanto, os profetas da nova aliança, profetizam através do dom de profecia (1Co 12.10). O profeta maior já veio e, nestes últimos dias, Deus nos fala através dele — O seu Filho Jesus Cristo (Hb 1.1). Os verdadeiros profetas do Senhor comunicam a palavra de Deus pela inspiração do Espírito Santo (2Pe 1.21). 3. EVANGELISTAS O evangelista é o mensageiro de boas-novas. O evangelista exerce o ministério itinerante, levando a mensagem do evangelho de Cristo a todas as nações (At 1.8). Em At 21.8, a Bíblia destaca a visita que Paulo fez a casa de Filipe, o evangelista. E, em At 8.4-40, a Palavra de Deus destaca a notoriedade do ministério itinerante deste grande evangelista chamado Filipe. Em 2Tm 4.5, Paulo recomendou a Timóteo, dizendo: “Faze o trabalho de um evangelista”. Timóteo era pastor da igreja de Éfeso e Paulo o aconselhou a realizar também o trabalho de um evangelista. Em nossos dias, temos muitos pastores polivalentes, que pastoreiam, ensinam, pregam e ainda exercem um ministério evangelístico (2Tm 1.11). 4. PASTORES O pastor é o homem que apascenta as ovelhas. Quis Deus, na sua graça, que o seu povo fosse chamado de ovelhas e os seus líderes de pastores (Nm 27.15-17). Deus é o pastor maior do seu povo, pois no Sl 100.3, o salmista disse: “Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto”. Aleluia! Os pastores foram levantados por Deus, para pastorearem o rebanho do Senhor. Em At 20.28, a Palavra de Deus afirma: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue”. Em Hb 13.20, a Bíblia afirma que Jesus Cristo é o “grande Pastor das ovelhas”, pelo sangue da eterna aliança. Portanto, os pastores devem cuidar bem do rebanho de Deus, pois hão de prestar contas das ovelhas de Cristo (Hb 13.17). 5. MESTRES OU DOUTORES Os mestres são conhecidos como os doutores da palavra. São aqueles que conseguemsistematizar a doutrina cristã e revelar um conhecimento mais profundo da Palavra de Deus. Em 2Tm 1.11, o próprio Paulo afirma que, foi designado por Cristo “pregador, apóstolo e mestre”. Paulo conseguiu, por meio da revelação divina, sistematizar toda a doutrina do evangelho de Cristo (Gl 1.11-12). Em 2Pe 3.15, o próprio Pedro, o líder do colégio apostólico, reconheceu a grande sabedoria de Paulo, dizendo: “… e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada”. Em At 13.1, a Palavra de Deus afirma que: “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores”. Jesus Cristo é o Mestre por excelência. Ele é o Mestre dos mestres. Em Jo 13.13, ele mesmo disse: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou”. Jesus Cristo é o Mestre único e inconfundível (Mt 23.8). 6. SOCORRO Em 1Co 12.28, o apóstolo Paulo acrescenta mais alguns dons ministeriais em uma outra lista, dizendo: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. Os “operadores de milagres e dons de curar” podem ser uma referência aos evangelistas (At 8.5-8; Ef 4.11); e, a “variedade de línguas” nesta lista de dons ministeriais pode se referir ao ministério de profetas (1Co 14.29-31; Ef 4.11). Neste caso, as novidades em relação a lista de Ef 4.11 seriam apenas duas: socorros e governos. O ministério de socorro é dado para os que possuem o dom de ajudar as pessoas, realizando grandes obras sociais e assistenciais (Rm 12.8; At 4.36-37; 1Tm 6.17-19; Lc 8.1-3; Fm 22; 3Jo 5-8). 7. GOVERNO O dom ministerial de “governos” é concedido pelo Espírito Santo aos que ele capacita para presidir e exercer com prudência os cargos que envolvem a administração eclesiástica. Em Rm 12.8, Paulo também se refere a este dom, dizendo: “O que preside, com cuidado”. Neste cargo estão incluídos os pastores presidentes de igrejas e convenções, bem como bispos e supervisores de um aglomerado de igrejas filiadas a um setor ou campo eclesiástico (Fp 1.1; 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). VIII. O FRUTO DO ESPÍRITO SANTO O fruto do Espírito Santo é constituído daquelas virtudes cristãs que devem ser cultivadas e praticadas por todas as pessoas que foram regeneradas, ao nascerem do Espírito e não da carne (Jo 3.5-6). O fruto do Espírito é formado por nove gomos importantes. Através do fruto do Espírito, podemos compreender ainda mais sobre o caráter do Espírito Santo. Vejamos: 1. AMOR O primeiro gomo do fruto do Espírito Santo é o amor. O amor é a maior e mais sublime de todas as virtudes cristãs (1Co 13.13). A Trindade santa demonstra através das Escrituras um amor incomensurável em favor dos homens. O Pai amou o mundo de uma maneira inexplicável (Jo 3.16). O amor do Filho supera todas as dimensões imagináveis e excede a toda a compreensão humana (Ef 3.18-19). O amor do Espírito Santo é tão grande por nós que ele chega a ter ciúmes e um zelo profundo por nossa vida (Rm 15.30; Tg 4.5). 2. ALEGRIA OU GOZO O segundo gomo do fruto do Espírito Santo é a alegria. A alegria pode ser definida como um estado emocional de júbilo, contentamento e prazer moral. Como fruto do Espírito, a alegria é a manifestação do gozo do Espírito Santo, mesmo em face das tribulações da vida presente (1Ts 1.6). 3. PAZ O terceiro gomo do fruto do Espírito Santo é a paz. A paz pode ser definida como a tranquilidade da alma e o bem-estar em todas as áreas da vida. A palavra hebraica para “paz” é shalom, que é sinônimo de harmonia, plenitude e firmeza. É a sensação de tranquilidade e harmonia no relacionamento com Deus e com os homens (Rm 5.1; 12.18; Tg 3.18). 4. LONGANIMIDADE O quarto gomo do fruto Espírito Santo é a longanimidade. A longanimidade pode ser definida como a capacidade de suportar com paciência a afronta ou ofensa recebida. O próprio Deus é constantemente exaltado e adorado por sua longanimidade para com todos nós (Êx 34.6). Longânimo é uma pessoa que demora ficar irada, alguém que tarda em irar-se (Tg 1.19). 5. BENIGNIDADE O quinto gomo do fruto do Espírito Santo é a benignidade. A benignidade pode ser definida como a qualidade que uma pessoa possui de ser misericordioso e benevolente. A santíssima Trindade possui em abundância todos os gomos do fruto do Espírito, e servem de modelo para todos nós seguirmos. Uma das coisas mais louvadas e exaltadas na Bíblia é a benignidade do nosso Deus. Todos os 26 versículos do Salmo 136 exaltam a benignidade do Senhor para com o seu povo (Sl 136.1-26). 6. BONDADE O sexto gomo do fruto do Espírito Santo é a bondade. A bondade pode ser definida como a qualidade de uma pessoa boa e clemente. O próprio Espírito Santo é chamado na Bíblia de “bom Espírito” (Sl 143.10). Existem pelo menos sete virtudes da divindade muito correlacionadas entre si, que são: a benignidade, a bondade, a longanimidade, a fidelidade, a misericórdia, a beneficência e a clemência (Êx 34.6; 9.17; Sl 103.8; Is 63.7). 7. FIDELIDADE OU FÉ O sétimo gomo do fruto do Espírito Santo é a fidelidade. A “fidelidade” é definida como a lealdade de uma pessoa a outra. A fidelidade é marcada por uma lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade (Sl 101.6). Deus é conhecido nas Escrituras pela sua fidelidade (Sl 100.5). Na Almeida Revista e Corrigida, este gomo do fruto do Espírito é mencionado como fé. Além da fé salvadora, da fé comum e da fé como dom, existe a fé como fruto do Espírito, que está associada a confiança, fidelidade e lealdade incondicional a Deus! 8. MANSIDÃO O oitavo gomo do fruto do Espírito Santo é a mansidão. A mansidão pode ser definida como a brandura de gênio, índole pacífica e a serenidade que uma pessoa possui (Sl 37.11). O nosso querido Salvador Jesus Cristo possuía este fruto com muita intensidade, pois ele mesmo disse: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.29). 9. TEMPERANÇA O nono gomo do fruto do Espírito Santo é a temperança. A temperança pode ser definida como a qualidade ou virtude de quem é moderado, sensato e equilibrado (Pv 19.11). Na Versão Almeida Revista e Atualizada, o nono fruto do Espírito aparece como “domínio próprio”. Quem tem temperança possui domínio próprio. Ter temperança, é ser temperante, equilibrado e que domina o seu próprio ímpeto. O Senhor Jesus Cristo nos deu uma aula de temperança e equilíbrio diante das mais terríveis dificuldades enfrentadas no seu ministério (Lc 9.51-56; 23.28; 23.34 etc.). IX. A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo é a terceira pessoa da santíssima Trindade (Mt 28.19). Esta definição foi dada pelo próprio Jesus ao citar o Espírito Santo como uma pessoa coexistente com o Pai e com o Filho. O Espírito Santo não é uma energia cósmica ou uma força impessoal como muitas seitas ensinam. Através das Escrituras, aprendemos que o Espírito Santo é representado como um agente pessoal, a realizar atos que só podem ser atribuídos a uma pessoa. Portanto o Espírito Santo não é um mero poder ou influência iluminadora, como alguns ensinam, mas sim uma pessoa dotada de inteligência, vontade e emoções que somente alguém dotado de personalidade pode ter e sentir. Características pessoais do Espírito Santo Ao se referir ao Espírito Santo, Jesus usou pronomes de tratamento que só podem ser aplicados a uma pessoa. Em Jo 16.13, Jesus disse: “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir”. O Senhor Jesus Cristo usou aqui o pronome de tratamento masculino “ELE”. 1. Como pessoa, o Espírito Santo fala (2Sm 23.2; Ap 2.29). Como pessoa, o Espírito Santo se entristece (Ef 4.30). 2. Como pessoa, o Espírito Santo se alegra (At 13.52; Rm 14.17). Como pessoa, o Espírito Santo possui vontade (1Co 12.11).3. Como pessoa, o Espírito Santo guia e ensina (Jo 14.26; Rm 8.14). Como pessoa, o Espírito Santo intercede e geme (Rm 8.26). 4. Como pessoa, o Espírito Santo chama e envia outras pessoas (At 13.1-4) Como pessoa, o Espírito Santo tem amor (Rm 15.30; Gl 5.22; Cl 1.8). 5. Como pessoa, o Espírito Santo possui inteligência e habilidade (Êx 31.2). Como pessoa, o Espírito Santo investiga e revela as coisas (1Co 2.10-11). 6. Como pessoa, o Espírito Santo ajuda e convence outras pessoas (Rm 8.26; Jo 16.7-11). Como pessoa, o Espírito Santo tem até ciúme de nós (Tg 4.5). O Espírito Santo pode ser representado por vários símbolos, que ilustram verdades espirituais acerca de sua pessoa gloriosa, como: AZEITE (1Sm 16.13), ÁGUA (Is 44.3), VENTO (Jo 3.8), FOGO (1Ts 5.19), ORVALHO (Os 14.5), RIO (Jo 7.37-38), VINHO (Ef 5.18), VESTES (Jz 6.34), POMBA (Mt 3.16-17) etc. O Espírito Santo não é uma pomba, nem o vento, nem o fogo e nem a água; ele é a terceira pessoa da santíssima Trindade (Mt 28.19; 2Co 13.13). X. O ESPÍRITO SANTO É DEUS O Espírito Santo possui atributos que só uma pessoa pode ter. O Espírito Santo possui os mesmos atributos divinos que a pessoa do Pai e a pessoa do Filho possuem. Como a terceira pessoa da santíssima Trindade, o Espírito Santo faz parte da divindade, sendo coigual, coeterno e da mesma substância do Pai e do Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13). A Trindade não é uma composição de três deuses, mas sim uma única divindade que subsiste em três pessoas (1Co 12.4-6). Uma é a pessoa do Pai, outra é a pessoa do Filho e outra é a pessoa do Espírito Santo (Ef 4.4-6). Porém, estas três pessoas divinas, formam uma única divindade, que é também chamada de único Deus e único Senhor (Dt 6.4; Ef 4.4-6). Sendo Deus, o Espírito Santo é onipotente, onipresente e onisciente (Sl 139.7-12; Is 40.13-18; 1Co 2.10-11). O Espírito Santo é Criador (Sl 104.30). O Espírito Santo é eterno (Hb 9.14). O Espírito Santo é Senhor (2Co 3.17). O Espírito Santo é Deus (At 5.3-4). Portanto, o Espírito Santo possui os mesmos atributos de Deus Pai e de Deus Filho. O Espírito Santo é o nosso amigo pessoal O Espírito Santo é o nosso fiel amigo e companheiro e esteve presente em todos os grandes momentos da história humana, mesmo quando os homens o ignoraram, o que por si só revela sua natureza mansa e pacífica. Como nosso amigo pessoal, o Espírito Santo mora em nós (Jo 14.17). O nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19-20). O Espírito Santo não veio passar férias conosco e nem muito menos passar alguns dias conosco; ele veio morar para sempre conosco (Jo 14.16). Como nosso amigo pessoal, o Espírito Santo nos ajuda em nossas fraquezas, nos ensina a orar e ainda intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). CONCLUSÃO “O dia de Pentecostes marcou o raiar de um novo dia nas relações entre o Espírito Santo e a humanidade. Ele veio para habitar na Igreja. Todo o trabalho eficaz que a Igreja tem feito é realizado no poder do Espírito Santo. A incredulidade, a dúvida e a crítica podem atacá-la, mas não podem derrotá-la. A Igreja, o verdadeiro corpo de Cristo, habitado pelo Santo Espírito de Deus, é tão indestrutível como o trono de Deus” (E. H. Bancroft). 4) BIBLIOLOGIA — A DOUTRINA DA BÍBLIA INTRODUÇÃO Bibliologia é a doutrina que estuda a Bíblia sob seus aspectos e observações gerais. Sua leitura, seu estudo, sua estrutura, sua divisão em livros, capítulos e versículos, sua classificação, suas particularidades, seu tema central, sua tradução, sua preservação, sua história, sua cronologia, sua formação, sua autoridade como livro divino, sua autenticidade como Palavra de Deus, sua infalibilidade, sua integridade e sua veracidade. A verdadeira teologia é extraída da Bíblia. Por ser uma matéria de grande vastidão, a bibliologia não pode ser comentada em todos os seus aspectos em pouco espaço; entretanto vamos aprender um pouco sobre o livro de ouro da teologia cristã. Vejamos: I. TERMO E ORIGEM DA BIBLIOLOGIA O termo “bibliologia” vem da palavra grega biblos, que os gregos davam à uma folha de papiro preparada para a escrita. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado de biblion; vários destes rolos juntos eram chamados de “bíblia”. E desta palavra “bíblia”, surgiram os derivados: bibliologia, bibliografia, biblioteca e bibliófilo. O vocábulo “Bíblia”, foi empregado pela primeira vez por volta do ano 400 d.C., por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla e conhecido pregador de sua época chamado de “Boca de ouro”. A bibliologia é matéria de grande importância dentro da teologia, é como um carro chefe que puxa as demais matérias. A mãe da teologia é a Bíblia, pois todas as verdades teológicas são extraídas deste livro divino. O próprio Deus, que é o Pai da teologia, é revelado na bibliologia como o autor da Bíblia. II. A BÍBLIA COMO UM LIVRO A Bíblia é um livro antigo quanto à sua formação, mas é um livro moderno quanto à sua mensagem. Os livros antigos tinham a forma de rolos. E a Bíblia foi originalmente escrita na forma de rolos. A palavra “Bíblia” significa “coleção de pequenos livros” e “livro por excelência”. A Bíblia é o livro mais lido, mais traduzido, mais editado, mais pesquisado, mais conhecido, mais valioso, mais ensinado, mais proclamado, mais exaltado e mais amado do mundo. A Bíblia é um livro tão forte e poderoso que foi citada tanto por Jesus (Mt 4.1-11), como também pelo próprio diabo (Mt 4.6). “A Bíblia é o mapa do viajante, o cajado do peregrino, a bússola do navegante, a espada do soldado e o guia do cristão. Por meio dela o paraíso é restaurado, os céus são abertos e as portas do inferno são cerradas. Cristo é o seu assunto, nosso bem é o seu propósito e a glória de Deus o seu fim”. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para o meu caminho” (Sl 119.105). III. MATERIAL GRÁFICO EMPREGADO NA BÍBLIA ORIGINALMENTE A princípio, o material gráfico empregado na Bíblia foi o “papiro”. O papiro era uma planta aquática que crescia junto aos rios, lagos e banhados no Oriente, cuja entrecasca servia para escrever. As tiras extraídas do papiro eram colocadas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão. O papiro é conhecido em algumas versões da Bíblia como “juncos” (Êx 2.3; Jó 8.11). É da palavra “papiro” que se deriva a palavra “papel”, inventado pelos chineses no século 2. O uso do papiro, porém, como material gráfico, existe desde o ano 3000 a.C. Com o passar do tempo surgiu um material gráfico melhor que o papiro, conhecido como “pergaminho”, feito de peles de animais curtida e polida. Seu uso vem desde os primórdios da Era Cristã. O pergaminho é mencionado na Bíblia em 2Tm 4.13; antigamente cada livro da Bíblia era um “rolo de pergaminho” ou um “rolo de papiro”. Jesus leu na sinagoga de Nazaré provavelmente em um “rolo de pergaminho” do profeta Isaías. E ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam sendo lidos e usados nas sinagogas judaicas. IV. O AUTOR DA BÍBLIA Deus é o próprio autor da Bíblia, o intérprete é o Espírito Santo e o tema central e coração da Bíblia é o Senhor Jesus Cristo. Tudo o que o homem quer saber e precisa saber espiritualmente de Deus, sua redenção, conduta cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Deus não tem outra revelação escrita além da Bíblia. Tudo o que Deus tem para o homem está na Bíblia. Jesus é a Palavra viva que está no céu dos céus, enquanto que a Bíblia é a Palavra viva que está na terra. A expressão “Assim diz o Senhor” aparece cerca de três mil vezes nas Escrituras, autenticando a Bíblia como a inconfundível, infalível e inspirada Palavra de Deus. A palavra Yahweh, o nome sagrado de Deus, aparece quase sete mil vezes nas Escrituras (6.855), confirmando que a Bíblia é mesmo o livro de Deus. “A Bíblia contém a mente de Deus, o estado do homem, a ruína dos impenitentes e a eterna felicidade dos crentes. Suas doutrinas são santas, seus preceitos são justos, suas histórias verdadeiras e suas decisões imutáveis. Leia a Bíblia para ser sábio, creianela para estar seguro e pratique-a para ser santo. Ela contém luz para dirigi-lo, alimento para sustentá-lo, consolo para animá-lo e armadura para defendê-lo”. V. NOMES CANÔNICOS DA BÍBLIA A Bíblia, a inspirada Palavra de Deus, dá a si mesma diversos nomes. Seus nomes inspirados encontrados em suas páginas sagradas são os seguintes: 1. ESCRITURAS (Mt 21.42); 2. SAGRADAS ESCRITURAS (Rm 1.2); 3. LIVRO DO SENHOR (Is 34.16); 4. A PALAVRA DE DEUS (Hb 4.12); 5. OS ORÁCULOS DE DEUS (Rm 3.2); 6. LIVRO DA LEI (2Cr 34.15). Além desses nomes canônicos, a Palavra de Deus também é: pão que alimenta, lâmpada que ilumina, luz que dissipa as trevas, escudo que protege, vara que corrige, martelo que esmiúça a pedra, fogo que queima o pecado, semente que produz, água que limpa, espada que combate o mal, espelho que revela nossa verdadeira imagem, candeia que brilha em lugar escuro e mel que traz doçura para a nossa alma. VI. TEMA CENTRAL DA BÍBLIA Cristo é o centro e coração da Bíblia. O Antigo Testamento descreve uma nação. O Novo Testamento descreve um homem. O Antigo Testamento descreve Deus nutrindo a nação de Israel, para que o Novo Testamento descrevesse e desse ao mundo o homem que mudou a história da humanidade. Cristo é o centro e âmago da Bíblia, centro e âmago da história, centro e âmago de nossa vida. Em cada livro da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, Cristo está presente, direta e indiretamente, através de suas aparições e nomes diferentes. O Antigo Testamento prepara o cenário do aparecimento de Cristo, enquanto que o Novo Testamento descreve como foi este aparecimento. Todo o Antigo Testamento fala de sua “preparação”, os Evangelhos falam de sua “manifestação”, o livro de Atos dos Apóstolos fala de sua “propagação”, as Epístolas falam da “explanação” de sua mensagem, enquanto que o Apocalipse fala da “consumação” de sua obra. VII. A ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS DA BÍBLIA A Bíblia divide-se em duas partes principais: Antigo e Novo Testamento. O Antigo Testamento foi escrito antes do nascimento de Cristo e o Novo Testamento depois da morte de Cristo. A Bíblia tem ao todo 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, 773.692 palavras e 3.566.480 letras (de acordo com o tipo de tradução). Os 66 livros da Bíblia podem ser classificados por assuntos na seguinte ordem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA, EVANGELHOS, HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA E APOCALIPSE. Antigo Testamento 1. LEI — São os primeiros cinco livros da Bíblia, conhecidos como “Pentateuco” e chamados pelos judeus de Torah, reconhecidos pela maioria de judeus e cristãos como sendo de autoria do grande legislador hebreu Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. 2. HISTÓRIA — Ao todo são 12: Josué, Juízes, Rute, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis, 2Reis, 1Crônicas, 2Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. 3. POESIA — Ao todo são cinco: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Representam a categoria dos livros poéticos ou devocionais da Bíblia, contendo o seguinte: “um drama poético” (livro de Jó); “poesias líricas” (livro de Salmos); “didática poética” (livro de Provérbios); “idílios poéticos” (livro de Cantares de Salomão); “didática filosófica” (livro de Eclesiastes). 4. PROFECIA — Ao todo são 17: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Correspondem aos livros que levam o nome dos respectivos profetas literários. Durante três séculos, a sequência dos profetas clássicos hebreus constitui um fenômeno totalmente ímpar na história. O profeta é sempre um gênio da linguagem, cujo ritmo e simbolismo desafiam o mais brilhante tradutor a alcançar um inimitável original. Estão subdivididos em dois grupos: PROFETAS MAIORES — São Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. PROFETAS MENORES — São Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O termo empregado para maiores ou menores não se refere ao mérito ou notoriedade do profeta, mas ao tamanho do livro e a extensão do respectivo ministério. Novo Testamento 1. EVANGELHOS — São quatro os Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Contêm a biografia do Senhor Jesus Cristo e a descrição de seu glorioso ministério terreno, cuja vida, obra e seus ensinamentos formam o alicerce do cristianismo. É nos Evangelhos que resplandece a cultura moral e espiritual do cristianismo, condensado nos ensinamentos do Mestre dos mestres — Jesus Cristo — a pessoa mais pura que já pisou nesta terra. 2. HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA — É o livro de Atos dos Apóstolos, narrado por Lucas, onde é descrito um resumo do início do cristianismo pós-ressurreição e ascensão de Jesus Cristo ao céu, com a descida do Espírito Santo no dia da festa judaica de Pentecostes, culminando com o início triunfal da maior sociedade cosmopolita do mundo — a Igreja cristã. 3. EPÍSTOLAS APOSTÓLICAS — São cerca de 21 Epístolas apostólicas endereçadas aos primitivos cristãos e igrejas espalhadas pelo vasto Império Romano. Contém o desenvolvimento sistemático dos ensinamentos de Cristo, naquilo que podemos denominar de teologia apostólica, teologia paulina, teologia petrina, teologia joanina etc. As epístolas apostólicas podem ser subdivididas em dois grupos: EPÍSTOLAS PAULINAS — São ao todo 13: Romanos, 1Coríntios, 2Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1Tessalonicenses, 2Tessalonicenses, 1Timóteo, 2Timóteo, Tito e Filemom. Escritas por Paulo (Saulo de Tarso), que veio a tornar-se no maior teólogo do cristianismo e o grande mentor intelectual da fé cristã por todo o mundo; EPÍSTOLAS GERAIS — Ao todo são oito: Hebreus, Tiago, 1Pedro, 2Pedro, 1João, 2João, 3João e Judas. Escritas por Tiago, Pedro, João e Judas, à exceção da Epístola aos Hebreus, cujo autor é desconhecido até hoje. 4. PROFECIA — O livro do Apocalipse — É o último livro da Bíblia onde, numa linguagem excessivamente figurativa, enigmática e simbólica, João recebe na ilha de Patmos (no mar Egeu) a grande revelação do fim do mundo, descrevendo em vivas cores a vinda pessoal de Cristo à terra para estabelecer o seu governo universal e proferir a grande sentença do famoso juízo final, havendo em seguida uma fusão do reino terreno com o reino celestial e eterno. VIII. O CÂNON DA BÍBLIA Cânon, ou Escrituras Canônicas, é a coleção completa dos livros divinamente inspirados por Deus que constituem a Bíblia. Cânon é uma palavra grega que significa “vara reta de medir”. Assim como uma régua serve de regra para medir, no sentido religioso tem o significado de “regra escrita de fé e prática”. E realmente para nós, povo de Deus, a Bíblia é nossa regra de fé e prática que serve para medir a nossa conduta cristã. O termo “cânon”, foi empregado primeiramente por Orígenes (185-254 d.C.), professor da escola teológica de Alexandria, para diferenciar os livros canônicos dos livros “apócrifos”. 1. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO O cânon do Antigo Testamento, como temos hoje, ficou completo desde o tempo de Esdras em 445 a.C. A divisão dos livros no cânon hebraico é diferente da nossa. Jesus citou a divisão do cânon hebraico em Lc 24.44 (Lei de Moisés, Profetas e Salmos). O cânon hebraico consiste em 24 livros e não 39 livros como em nossa Bíblia. Isso porque alguns livros são divididos em dois, em nossa Bíblia, como nos casos de Samuel, Reis e Crônicas, os quais, na Bíblia hebraica formam um só volume. Esdras e Neemias são também um só volume. Os Profetas Menores, que são 12 em nossa Bíblia (Oseias a Malaquias), na Bíblia hebraica são um só volume. A nossa divisão do Antigo Testamento em 39 livros vem da Septuaginta, através da Vulgata Latina. A diferença da divisão do cânon hebraico, da divisão do cânon de nossa Bíblia, não altera a veracidade das Escrituras Sagradas; o mais importante é que não foi alterada a mensagem. O cânon do Antigo Testamento foi formado num espaço de mais ou menos 1046 anos. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco, por volta do ano
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