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RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 31 atribuições institucionais. (Renumerado do parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (...) Brasília, 5 de outubro de 1988. DIREITO CONSTITUCIONAL Constituição Conceito A Constituição é a carta maior de um Estado, trata da sua organização e da limitação do poder estatal. Para Canotilho garante o existente e é um programa ou linha de direção para o futuro. Vejamos o conceito do autor: “Lei fundamental e suprema de um estado, que contém normas referentes à estruturação do estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Para José Afonso da Silva, uma Constituição é um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua atuação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Objeto As constituições tem por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias do indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins socioeconômicos do Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais. Elementos a) Elementos orgânicos b) Elementos limitativos c) Elementos socioideológicos d) Elementos de estabilização constitucional e) Elementos formais de aplicabilidade a) Elementos orgânicos: contém normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. (Ex.: Título III – Organização do Estado – Título IV - Organização dos Poderes – Título V – Forças armadas, etc. b) Elementos limitativos: veiculam direitos e garantias fundamentais; limitam a ação dos poderes estatais. (Ex.: Título II – exceto os direitos sociais). c) Elementos sócioideológicos: revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e Estado Social intervencionista. (ex.: Capítulo II do Título II – Direitos Sociais – Título VIII – Ordem Social, etc. d) Elementos de estabilização constitucional: normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. (ex.: art. 102, I, a (ADI) – arts. 34 a 36 (intervenção) – arts. 102 e 103 (jurisdição constitucional). e) Elementos formais de aplicabilidade: normas que estatuem regras de aplicação das constituições. (ex.: Preâmbulo, ADCT, art. 5º, § 1º) DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 32 Constitucionalismo Para o autor português J.J.G. Canotilho há vários constitucionalismos, como o inglês, o americano e o francês, preferindo falar em “movimentos constitucionais”. Em seguida, define o constitucionalismo como uma “... teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo”. André Ramos Tavares apresenta 4 sentidos para o constitucionalismo: “... numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico- constitucional de um determinado Estado”. O constitucionalismo moderno (idade contemporânea), caracteriza-se pelo surgimento de constituições escritas, destinadas a limitar o poder estatal (separação de poderes) e assegurar um rol mínimo de direitos fundamentais aos indivíduos. Os marcos históricos do constitucionalismo moderno são as revoluções liberais (burguesas) do século XVIII, que acarretaram o surgimento da Constituição norte-americana de 1787 e a francesa de 1791. Classificação das Constituições Quanto ao conteúdo * material (substancial) - Conjunto de regras materialmente constitucionais, codificadas em um só documento ou não. Identifica-se a Constituição pelo conteúdo da norma. * formal - Escrita em um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário. Seu conteúdo pode ser relacionado com a estrutura do Estado ou não. Identifica-se a Constituição pelo processo de elaboração. Quanto à forma * escrita - Codificada e sistematizada em um só documento. * não escrita (costumeira, consuetudinária) - Regras não aglutinadas em um texto solene, baseada em leis esparsas: costume, jurisprudência, convenções (ex. Inglaterra – consuetudinária – assente na organização social e política). Quanto ao modo de elaboração * dogmática - Produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante. * histórica (costumeira) - Fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo (ex. Inglesa). Quanto à origem * promulgada (popular, democrática) - Democráticas ou populares, derivam do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração (1891, 1934, 1946 e 1988). * outorgada - Estabelecidas sem a participação popular, por meio de imposição do poder da época (1824, 1936, 1967, EC 01/69). * Cesarista – elaboradas unilateralmente por que assumir o poder, e submetidas a ratificação popular. Quanto à estabilidade * imutável - É vedada qualquer alteração (relativa quando houver limitação temporal). * rígida - Podem ser alteradas por processo legislativo mais rigoroso e solene do que o existente para as demais normas (CF/88, art. 60). * flexível - Regras não escritas, pode ser alterada pelo processo legislativo ordinário. * semirrígida - Algumas regras podem ser alteradas pelas regras da rígida e outras pelas regras da flexível. * superrrígida – para Alexandre de Moraes, a CF/88 deve ser classificada como super ouhiperrígida em razão da existência de normas que não poderia ser alteradas (cláusulas pétreas). Quanto à extensão, finalidade * analítica (dirigente, larga, prolixa, extensa, ampla) - Regulam todos os assuntos que entenderem relevante à formação, destinação e funcionamento do Estado. * sintética (concisa, breve, sumária, sucinta, negativa, garantia) - Somente prevê os princípios e normas gerais de regência do Estado, limitando o poder e prevendo as garantias constitucionais. Classificação da CF/1988 A Constituição Federal de 1988 é classificada da seguinte forma: FORMA(L) de PEDRA P romulgada E scrita D ogmática R rígica A analísitca Concepções da Constituição Concepção Sociológica É defendida por Ferdinand Lassale (1872). Constituição como fundamento político e não jurídica. Real ou efetiva é aquela formada pela soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação. Dizia: “se a escrita não corresponde a realidade, ela não ultrapassa uma folha de papel”. Concepção Política É defendida por Carl Schmitt (1928). O fundamento da Constituição se encontra na decisão política fundamental que a antecede. Faz a distinção entre Constituição em sentido formal e material. Critério material: podem existir normas constitucionais fora do texto constitucional. O que importa é o conteúdo e não a forma; Critério formal: não importa o conteúdo, mas sim a forma. Se foi introduzida através de um processo mais dificultoso, é constitucional. Ex: art. 242, §2° da CF que trata da localização do Colégio Pedro II. RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 33 Concepção Jurídica É defendida por Hans Kelsen (1925, primeira vez que seu livro é publicado). A Constituição é formada por um conjunto de normas e, portanto, é uma lei como todas as demais, cujo fundamento se encontra no plano jurídico. Kelsen diferencia constituição em sentido lógico- jurídico (acima da constituição há uma norma fundamental hipotética, que serve de fundamento para a Constituição) de constituição em sentido jurídico positivo (feita pelo poder originário). Concepção Normativa É defendida por Konrad Hesse (1959). Essa concepção foi desenvolvida para rebater a tese Lassale, a concepção SOCIOLÓGICA. Ainda de que seja inegável em alguns casos que uma Constituição jurídica possa sucumbir a realidade, deve-se atribuir a essa Constituição uma força normativa capaz de modificar esta mesma realidade. Para isso, é necessário que exista uma “vontade de constituição”, e não apenas uma “vontade de poder”. Poder Constituinte (PC) Trata-se do poder de elaborar e modificar normas constitucionais. Vejamos suas características principais: • Só existe nos Estados que adotam a Constituição Escrita e Rígida; • É a base do princípio da supremacia constitucional; • Poder Constituinte cria a Constituição; • Poder Constituído resultado dessa criação; • Titular do poder constituinte é o povo; • O exercício do Poder Constituinte ocorre de forma autocrática (PC usurpado, constituição outorgada) ou democrática (PC legítimo, constituição promulgada). Poder Constituinte Originário Trata-se do poder de elaborar uma nova constituição. Pode ser denominado ainda de genuíno, primário, inicial ou de primeiro grau. Podemos classificá-lo em: histórico (cria um Estado novo) ou revolucionário (substitui uma outra Constituição Federal existente no Estado). Destaquemos algumas características essenciais do poder constituinte originário: Inicial – é a base da ordem jurídica; É político e extra-jurídico ou pré-jurídico; Ilimitado e autônomo – não respeita limites impostos por Direito anterior; Mas cuidado, em provas do CESPE já se considerou com verdadeira a afirmação de que sofre limitações quanto a garantia dos direitos humanos e as de ordem espiritual. Incondicionado – não está sujeito a forma pré-fixada; Absoluto – pode atingir direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada; Não está sujeito a limitações de ordem suprapositiva; Permanente – pode ser exercido a qualquer tempo, permanece latente; Poder Constituinte Derivado Trata-se do poder de alterar uma constituição (reformador ou revisor), ou, ainda, o poder atribuído aos Estados Membros de criarem suas Constituição (decorrente). Pode ser denominado também de poder instituído, constituído ou de segundo grau. Vejamos algumas características relevantes do poder constituinte derivado: Jurídico – está regulado na própria Constituição; Subordinado / Limitado – sofre controle de constitucionalidade; Derivado – criado pelo poder constituinte originário; Condicionado – deve observar as regras determinadas no texto Constitucional. Limitações do Poder Constituinte Derivado Alguns limites ao PCD são impostos pelo Poder Constituinte Originário. Tais limites dizem respeito à possibilidade de reforma da Constituição. Há quatro classificações doutrinárias a respeito, porém, apenas as últimas três estão previstas no art. 60 da CF/88: • Temporais – CF estabelece período durante o qual o texto não pode ser reformado; não está previsto no art. 60, • Circunstanciais - vedada modificação durante circunstâncias excepcionais (estado de sítio, intervenção federal, art. 60. § 1º); • Processuais ou Formais – exigências do processo legislativo – Constituição rígida; (art. 60, § 2º, 3º e 5º) • Materiais – certas matérias que não podem ser abolidas. Ou seja, as cláusulas pétreas da CF/88 (art. 60, § 4º) Limitações ao Poder Constituinte Decorrente (José Afonso da Silva) Princípios Constitucionais Sensíveis – são aqueles que dizem respeito a própria essência da organização constitucional da Federação Brasileira –art. 34, VII da CF. Princípios Constitucionais Extensíveis (podem ser expressos e implícitos)–são normas organizatórias da União que se estendem aos estados-membros. Ex.: art. 28 e 75 da CF. São normas de observância obrigatória. Princípios Constitucionais Estabelecidos: são aqueles princípios impostos de forma assistemática pela Constituição aos DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 34 DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Os Princíios Fundamentais estão enumerados entres os artitos 1º ao 4º da CF/88 e são verdadeiras diretrizes imprescindíveis à configuração do Estado, determinando-lhe o modo e a forma de ser. Refletem os valores abrigados pelo ordenamento jurídico, espelhando a ideologia do constituinte, os postulados básicos e os fins da sociedade. São qualificados de fundamentais, porquanto constituem o alicerce, a base, o suporte, a pedra de toque do suntuoso edifício constitucional. (Uadi Lammêgo Bulos) DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (arts. 1º ao 4º) Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Neste artigo primeiro temos os chamados fundamentos da República Federativa do Brasil. Ele representa, ainda, as características mais essenciais do Estado brasileiro: forma de estado federativa, regime de democrático de governo, forma republicana de governo. Para conceituar os fundamentos, adotamos a obra de VicentePaulo e Marcelo Alexandrino1 Soberania: significa que o poder do Estado brasileiro, na ordem interna, é superior a todas as demais manifestações de poder, não é superado por nenhuma forma de poder, ao passo que, em âmbito internacional, encontra-se em igualdade com os demais Estados independente. Cidadania: garantia em sentido não apenas formal, mas também material, dando condições efetivas para a participação política do indivíduos na condução dos negócios do Estado. No sentido formal seria apenas a atribuição de direitos políticos ativos e passivos. Dignidade da pessoa humana: desde logo deixa claro que o Estado esta focado no ser humano. Temos, outrossim, diversos valores constitucionais que decorrem da dignidade da pessoa humana, tais como: direito à vida, à intimidade, à honra e à imagem. Valor social do trabalho e da livre iniciativa: deixa claro que temos um Estado capitalista, todavia, valoriza o valor social do trabalho frente ao capital. Pluralismo político: devemos garantir a inclusão, no processo de formação da vontade geral, das diversas correntes 1 Direito Constitucional Descomplicado, 8 ed. São Paulo: Editora Método, 2012, p. 94 e 95. de pensamento e interesses, mantendo sempre a existência de mais de um partido político. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O princípio da Separação dos Poderes – ou divisão funcional do poder. Há autores que defendem não ser adequada a expressão tripartição do poder, uma que que Poder é uno, indelegável e indivisível, tendo sua sua efetivação por meio das três órgãos diferentes, os quais exercem funções distintas. Logo, os termos poder, órgaos e função não são expressões equivalentes. O Princípio da Separação de Poderes foi melhor desenvolvido da forma que utilizamos atualmente por Montesquieu, na obra “O Espírito das Leis”. O aprimoramento da teoria se deve à Montesquieu, porém, outros autores já haviam traçado algum esboço acerca do que futuramente seria a teoria da separação de poderes que conhecemos hoje, dos quais podemos citar: Aristóteles em “A Política” e até mesmo John Locke na Obra o “Segundo Tratado sobre o Governo Civil”. A separação de poderes constitui cláusula pétrea na CF/88 (art. 60, § 4º, III), e representa uma das caracerísticas do constitucionalismo moderno. Ainda, imporante ressaltar que a separação dos poderes está presente como dogma constitucional na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (art. 16). Em resumo, a separacação de poderes é uma técnica destinada a limitar o poder estatal, pois, inexistindo limitações ao poder do governante, as consequências são velhas conhecidas: tirania, arbítrio, ditadura, ou seja, um Estado autocrático. Neste sentido, convém destacar a teoria dos “freios e contrapesos” ou “checks and balances”. Tal teoria implica dizer que os “poderes” podem exercer controles recíprocos, ou seja, a contenção do poder pelo próprio poder. A existência desse mecanismo visa a promover o equilíbrio entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e favorece a estabilidade política no Estado democrático. Exemplos: o chefe do executivo (presidente) será julgado pelo poder legislativo (senado). O poder legislativo, ao elaborar uma norma contrária à CF/88, será declarada inconstitucional pelo poder judiciário. Outro exemplo é o fato de que o ingresso no mais alto órgão do poder judiciário (STF), depende de indicação do executivo, com aprovação do legislativo (senado). Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Percebe-se que estes objetivos tem em comum buscar a isonomia, a igualdade material entre os brasileiros, em especial a chamada igualdade de oportunidades. No artigo 5°, a seguir analisado, perceberemos a efetivação deste objetivos. RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 35 Quando se fala em objetivos fundamentais, outrossim, tratamos sobre aquilo que o Estado almeja. Perceba que todos estão no infinitivo. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- americana de nações. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Introdução Neste tópico trataremos sobre os direitos e garantias fundamentais previstos nos artigos 5° ao 17 da Constituição da República Federativa do Brasil. Inicialmente, essencial distinguir direito de garantia, na forma como a Constituição fez. Aqui entenderemos direito como ”os bens em si mesmo considerados, declarados como tais nos textos constitucionais”. Já garantias entendermos como os instrumentos previstos constitucionalmente para a efetivação daqueles direitos, como, por exemplo, o Habeas Corpus que é a salvaguarda do direito de locomoção. DIREITOS GARANTIAS Disposições de caráter declaratório, enunciativos São disposições de caráter assecuratório Explicitam os direitos reconhecidos no sistema jurídico São instrumentos que, para defesa dos direitos, limitam o poder Conceito São o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independentemente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social. (Uadi Lammêgo Bulos) Posições jurídicas que investem o ser humano de um conjunto de prerrogativas, faculdades e instituições imprescindíveis a assegurar uma existência digna, livre, igual e fraterna para todas as pessoas. (Dirley da Cunha Jr.) O título II da CF/88 abrange os Direitos e Garantias Fundamentais, o qual compreende: a) Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º) b) Direitos sociais (art. 6º ao 11) c) Direitos de nacionalidade (art. 12 e 13) d) Direitos políticos (art. 14 ao 16) e) Partidos políticos (art. 17) Características Historicidade - Produto da evolução histórica. Inalienabilidade - Não são passíveis de valoração econômica. Irrenunciabilidade - Não se pode renunciá-los. Universalidade - Alcançam a todo ser humano, sem discriminação. Relatividade/ Limitabilidade – Não são absolutos (não há hierarquia) Complementariedade - Devem ser interpretados de forma conjunta. Imprescritíveis - Não prescrevem, são permanentes. Inviolabilidade - os direitos de outrem não podem ser desrespeitados. Efetividade - Poder Público deve atuar para garantir a sua efetivação. Gerações (dimensões) dos DFs O Direitos fundamentais (DFs) foram se desenvolvendo com o passar do tempo. Historicamente foi identificado o surgimento de alguns direitos em cada momento. A sistematização destes direitos mais cobrada em concursos é a que foi feita por Paulo Bonavides, que segue. Primeiro geração ou dimensão: São direitos de caráter negativo ou direitos de defesa, pois, exigem doEstado uma abstenção. São direitos individuais (em face do Estado), possuem eficácia vertical (o indivíduo está subordinado ao Estado). Momento histórico = surgimento do Estado Liberal Segunda geração ou dimensão: buscam a redução das desigualdades fáticas – IGUALDADE MATERIAL – criação dos direitos sociais, econômicos e culturais. São direitos positivos ou prestacionais, na medida em que dependem de uma tuação positiva do Estado, a fim de assegurar tais direitos. Momento histórico = passagem do Estado Liberal para o Estado de bem- estar social. (Ex.: direito à saúde, educação, moradia, etc) Terceira geração ou dimensão: direitos ligados ao valor fraternidade ou solidariedade. Caracterizado por direitos transindividuais ou difusos. (Ex.: meio ambiente, autodeterminação dos povos, comunicação, etc. DICA: eficácia vertical dos direitos fundamentais significa a sua aplicação na relação Estado Particular. Eficácia horizontal, a sua extensão as relações entre os particulares. Aplicação Imediata As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. (art. 5º, § 1º) Tal comando implica dizer que o Poder Público deve buscar dar a máxima efetividade aos direitos fundamentais, dentro das possibilidades jurídicas. DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 36 Enumeração aberta e interpretação. O rol de direitos fundamentais na CF/88 é meramente exemplificativo, uma vez que referidos direitos estão espalhados ao longo do texto constitucional e, inclusive fora da CF/88. Os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. (art. 5º, § 2º) Tratados e Convenções Internacionais A Emenda Constitucional nº 45/2004 inseriru o § 3º ao art. 5º da CF/88, e passou a dispor que: Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Referida regra deixa claro que, os tratados e convenções sobre direitos humanos, que forem aprovados nas 2 casas do Congresso, em 2 turnos de votação e pelo quórum de 2/3 dos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais, ou seja, terão status de norma constitucional. O exemplo prático a ser mencionado é o Tratado de Nova Iorque e o Trato de Marraqueche, já analisados anteriormente. Cuidado: O Pacto de San José da Costa Rica:, apesar de ser um tratado sobre direitos humanos, não passou pelo procedimento rígido de aprovação acima descrito, razão pela qual é considerado tem naturea Supralegal (acima das leis, mas abaixo da Constituição), Tribunal Penal Internacional. A EC 45/2004 também inseriu o § 4º ao art. 5º, e passou a dispor que “O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão”. Direitos Fundamentais em Espécie Dos direitos e deveres individuais e coletivos O art. 5º da CF/88 inaugura o extenso rol de Direitos e Garantias Fundamentais, classificados como Direitos e deveres individuais e coletivos. O caput do art. 5º assevera que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”: O direito a vida é a base de todos os outros direitos, já que sem ele não há porque se falar nos demais. Esse, outrossim, é garantido de forma ampla, inclusive a forma intrauterina (proibição, em regra, do aborto); O direito à vida implica o dever que o Estado tem de assegurar o direito de permanecer vivo (não ser morto), bem como ter uma vida digna. O direito à vida também pode ser relativizado, tal como se verifica no inciso XLVII, “a” que autoriza a pena de morte em caso de guerra declarada, ou mesmo nas 2 hipóteses de interrupção da gravidez autorizadas pelo Código Penal (art. 128): a) se não há outro meio de salvar a vida da gestante; b) aborto no caso de gravidez resultante de estupro Outra hipótese a considerar diz respeito a interrupção da gravidez nos casos de fetos anencéfalos, julgado pelo STF na ADPF 54 de 12/4/2012. Resumindo: a vida pode ser relativizada nas seguintes hipóteses: Pena de morte (em caso de guerra declarada) Aborto em caso de (1) risco de morte à mãe; (2) estupro Fetos anencéfalos (sem cérebro) – ADPF 54 de 12/4/2012 Possibilidade de pesquisas com células-tronco embrionárias (ADI 3510) Princípio da Igualdade (isonomia) I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Estamos diante do Princípio da Isonomia que está no caput deste artigo, bem como no inciso I ora em análise. Igualdade formal: conhecida como igualdade perante a lei, a qual visa subordinar todos ao crivo da lei, independentemente de origem, raça, sexo, cor, credo, etnia, estado civil, etc. Igualdade material: tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na medida da igualdade ou desigualdade. É possível ao legislador dar tratamento diferenciado a pessoas diferentes, tal como ocorre com normas específicas que tutelam os menores, mulheres, idosos, deficientes, etc. Em concursos públicos, é possível que o edital faça referência a requisitos específicas para seleção de candidatos, como idade, peso, altura, etc., o que tem gerado inúmeras demandas judiciais, pois, possível afronta do princípio da isonomia. A este respeito, o STF editou a Súmula 678, segundo a qual: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. Ainda, a Súmula Vinculante nº 44 determina que: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. Em ago/2016 o STF julgou o RE 898.450, fixando algumas premissas em relação à editais que proíbem candidatos com tatuagem: Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores constitucionais. Um policial não se torna melhor ou pior em suas funções apenas por ter tatuagem. Tatuagens que prejudiquem a disciplina e a boa ordem, sejam extremistas, racistas, preconceituosas ou que atentem contra a instituição devem ser coibidas II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 37 * Princípio da legalidade para o particular. Para a administração pública é diferente, só pode fazer o que estiver expressamente permitido por lei. III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Liberdade de expressão IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; é possívelse manifestar, mas há que se deixar claro quem foi (vedado o anonimato). Tem como limites a degradação do outro (ex: discurso do ódio). Um caso interessante envolvendo a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997, que foi julgado pelo STF na ADI 4.451: (...) Tanto a liberdade de expressão quanto a participação política em uma Democracia representativa somente se fortalecem em um ambiente de total visibilidade e possibilidade de exposição crítica das mais variadas opiniões sobre os governantes. O direito fundamental à liberdade de expressão não se direciona somente a proteger as opiniões supostamente verdadeiras, admiráveis ou convencionais, mas também aquelas que são duvidosas, exageradas, condenáveis, satíricas, humorísticas, bem como as não compartilhadas pelas maiorias. Ressalte-se que, mesmo as declarações errôneas, estão sob a guarda dessa garantia constitucional. Ação procedente para declarar a inconstitucionalidade dos incisos II e III (na parte impugnada) do artigo 45 da Lei 9.504/1997, bem como, por arrastamento, dos parágrafos 4º e 5º do referido artigo. [ADI 4.451, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 21-6-2018, P, DJE de 6-3-2019.] V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; Imporante: Em 2017, ao julgar a ADI 4815, (Biografias não autorizadas), o STF decidiu que não há necessidade de autorização do biografado. Eventuais abusos serão passíveis de punição. Direito a informação e sigilo de fonte XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; Liberdade de Crença VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Exemplo: testemunhas de Jeová, em razão de suas convicções religiosas, não prestam o serviço militar obrigatório (homens). Neste caso, é possível que as Forças Armadas imponham alguma prestação alternativa. Na hipótese de recusa no cumprimento da prestação alterantiva, aí sím será possível a restrição a direitos, como é o caso dos Direitos Políticos (art. 15, III da CF/88) Proteção a intimidade X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Pessoas públicas: o direito a intimidade e a vida privada acaba sendo restringido. Mas há um limite. Ex: não posso fotografar com uma câmera potente o quarto de um casal de atores sem a autorização destes, durante um momento intimo. Inviolabilidade do domicílio XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Importante observar que o conceito de casa revela-se abrangente, abrangendo qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (art, 150, § 4º, II do Código Penal), § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Exemplos: quarto de hotel e motel, casa da praia, trailer, consultórios e escritórios (contabilidade e advocatício), etc. O inciso XI ora em análise autoriza o ingresso, sem autorização do morador em 4 hipóteses: 1) Para prestar socorro 2) Flagrante delito 3) Desastre 4) Por decisão judicial Dentre as quatro possibilidade acima referidas, as três primeiras podem ocorrer em qualquer horário e sem autorização judicial. Entretanto, a última hipótese (decisão judicial), somente pode ocorrer durante o dia. Não há previsão constitucional do que seja “dia”, daí porque a doutrina tem se referido a expressões como amanhecer até o anoitecer (aurora e crepúsculo), ou mesmo especificando um lapso temporal que compreende das 6h às 18h. DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 38 Sigilo de Correspondência XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Interceptação telefônica: Só pode excepcionalmente; sempre com previa decisão judicial (reserva de jurisdição) Lei 9.296/96 – regulou, também, a interceptação de e- mail, fax, dentre outros. Não é para qualquer crime, apenas naqueles crimes puníveis com reclusão. É medida excepcional. Por isso, se for possível demonstrar alcançar o resultado buscado por meio de outras provas não será permitida a interceptação. O que se protege é a comunicação em si. DICA: segundo o STF “os elementos informativos de uma investigação criminal, ou as provas colhidas no bojo de uma instrução processual penal, desde que obtidos mediante interceptação telefônica devidamente autorizada por juiz competente, podem ser compartilhados para fins de instruir procedimento administrativo disciplinar”. Liberdade profissional XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Norma de Eficácia Contida: pode ser restringido por lei infraconstitucional. Liberdade de locomoção XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Liberdade de reunião e de associação: XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo- se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; É caso de representação processual. Terceiro atua em nome do representando e defendendo direito do representado. Direito de propriedade XXII - é garantido o direito de propriedade; Norma de eficácia contida, pois há outros incisos da constituição que restringem este direito. XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Estamatéria é estudada, de forma detalhada, em direito administrativo. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XXX - é garantido o direito de herança; é um reforço do direito de propriedade, pois o proprietário tem a garantia de que o patrimônio que acumulou durante toda a sua vida poderá ser transmitido de acordo com a sua vontade. XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; É sempre a lei mais benéfica ao cônjuge ou filhos. Defesa do consumidor XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Norma de caráter programático, regulamentado pelo Código de Defesa do Consumidor - Lei 8.078/1990. Direito de informação XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Decorre do princípio da publicidade dos atos da administração. RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 39 Não é absoluto (sigilo por interesse público) Controle popular da coisa pública. Direito de Petição e de certidão: gratuidade XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Direito de Petição: é o instrumento que possui qualquer membro da sociedade para levar ao conhecimento dos poderes públicos fato abusivo ou ilegal, que seja contrário ao interesse público. (se houver controvérsia, o que há é direito de ação, e não de petição) b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Princípio da inafastabilidade da jurisdição XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Deixa claro que apenas o judiciário decide de forma definitiva sobre um tema, com status de coisa julgada (quando uma decisão transita em julgado, quando não cabe mais recurso a tribunal superior) Não é absoluto: o mérito administrativo (conveniência e oportunidade) não pode ser revisto pelo Poder Judiciário. Em regra, não preciso esgotar a via administrativa. Exceções quanto a “justiça” desportiva, o Habeas Data e o ato ou omissão contrário a sumula vinculante do STF (tenho que esgotar a via para depois utilizar a reclamação). SÚMULA VINCULANTE Nº 28: é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Direito adquirido: é aquele que já se incorporou ao patrimônio jurídico do titular;. Ato jurídico perfeito: reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Coisa Julgada: chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso Princípio do Juíz Natural XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Este princípio garante a atuação imparcial do Poder Judiciário na apreciação de questões postas em juízo. Também diz respeito a impossibilidade de descumprimento das regras de competência, relativas aos tribunais e juízos constitucionalmente previstos. Tribunal do Júri XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Cuidado com as pessoas/ autoreidades que possuem prerrogativa de foro. Caso este seja garantido pela CF prevalece sobre o Tribunal do júri, como é o caso do Presidente da República. Isso não ocorre se a prerrogativa de foro for garantida em Constituição Estadual. Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. Princípio da legalidade e da irretroatividade: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Princípios Constitucionais sobre as penas XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUESwww.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 40 b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; DICA: apesar de ter por senso comum que o Brasil não admite a pena de morte, em realidade ela é possível, mas apenas em tempo de guerra. É a única das penas proibidas que admite exceção. XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; Garantias aos presos XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; Regras sobre prisão LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; Prisão Civil por dívida LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; Pacto de San José da Costa Rica: tem natureza supralegal. Apesar da Constituição permitir a prisão civil do depositário infiel, toda a legislação que regula a matéria está suspensa, pois o tratado não admite, apenas permitindo nos casos de dívida alimentícia. (STF) Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. Extradição LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Presunção de Inocência LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O inciso LVII consagra o chamado princípio da presunção de inocência. Atenção: Em 11/2019, ao julgar as ADCs 43, 44 e 54, por maioria (6x5) o STF decidiu que é necessário o trânsito em julgado da condenação para o início do cumprimento da pena - 07/11/19). LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; Norma de eficácia contida. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; Aqui é interessante lembrar que a ação penal pública é privativa do Ministério Público (art. 129, I), porém, caso não seja ajuizada no prazo legal, será admitida ação privada. Devido Processo Legal, contraditório e ampla defesa LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Publicidade dos atos processuais LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas- data", e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. Princípio da Razoável Duração do Processo LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Observe que este último inciso do art. 5º foi inserido na CF/88 pela EC 45/2004, conhecida como Reforma do Judiciário. Além disso, não é demasiado saber que a inspiração desta garantia processual (razoável duração do processo) foi inspirada no Pacto de São José da Costa Rica (art. 8º, 1). Remédios Constitucionais A expressão remédios constitucionais não está expressa na Constituição, porém, é amplamente utilizada na doutrina e inclusive em questões de concurso público. Tais remédios constitucionais são verdadeiras garantias colocadas à dispoição do indivíduo para proteção de RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 41 determinados direitos caso sejam violados. Também são conhecidos como “ações constitucionais”, pois, são impetradas perante o poder judiciário. A CF/88 elenca os remédios constitucionais entre os incisos LXVIII ao LXXIII do art. 5º, sendo eles: Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Manda do Injunção, Habeas Data e Ação Popular. Algumas noções gerais são importantes: Gratuidade: Habeas Corpus e Habeas Data Não exige advogado: Habeas Corpus Legitimidade ativa (impetrante): pessoa física e pessoa jurídica, nacionais ou extrangeiros. Uma exceção importante diz respeito à ação popular, por se tratar do único remédio que não pode ser ajuizado por pessoa jurídica. Leis regulamentadoras: cada um dos remédios constitucionais está regulado em lei própria. Isto significa dizer que detalhes e questões processuais devem ser buscadas nas leis próprias: o Habeas Corpus: arts. 647 ao 667 do CPP o Mandado de segurança: Lei 12.016/2009 o Mandado de injunção: Lei 13.300/2016 o Habeas Data: Lei 9.507/1997 o Ação popular: Lei 4.717/1965 Habeas Corpus O art. 5º, LXVIII da CF/88 determina que: conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; O Habeas Corpus protege a liberdade de locomoção – direito de ir, vir ou ficar/permanecer. Pode ser preventivo (quando alguém se achar ameaçado de sofrer), ou mesmo repressivo (quando já sofreu) violência ou coação na liberdade de locomoção. É gratuito e não exige advogado, pode ser impetrado pelo próprio interessado ou por um terceiro; não exige capacidade civil plena, podendo ser feito por menor de idade. Pode ser ajuizado por pessoa jurídica (impetrante), desde que em favor de uma pessoa física (paciente). Caso seja impetrado por estrangeiro, deverá ser redigido em língua portuguesa. Autoridade coatora: é aquele que impede o exercício do direito de ir e vir. Normalemnte é um ente público (ex.: delegado de polícia, juiz ou tribunal), porém, excepcionalmente poderá ser um ente privado (ex.: hospital/ clinica psiquiátrica que impede a saída do paciente). Não caberá Habeas Corpus em relação a punições disciplinares militares”. (art. 142, § 2º da CF/88) Não cabe Habeas Corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativoa processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada (súmula 293 do STF). Não cabe Habeas Corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. (súmula 694 do STF) Não cabe Habeas Corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. (súmula 695 do STF) Mandado De Segurança LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; O mandado de segurança exige a representação por Advogado e não é gratuita. Direito Líquido e certo: é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação probatória. Subsidiariedade: o caráter subsidiário quer dizer que só poderá ser ajuizado o mandado de segurança, quando não couber Habeas Corpus ou Habeas Data. Legitimidade ativa: Poder ser ajuizado por pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Também poder ser utilizado por entes despersonalizados. (ex.: mesa da câmara, espólio, massa falida, etc. Atenção: em caso de recusa no fornecimento de certição perante órgãos públicos, o remédio cabível será o mandado de segurança. Algumas súmulas do STF sobre mandado de segurnaça: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. (S. 267) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. (S. 268) Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. (S. 271) Mandado de Segurança Coletivo O mandao de segurança coletivo está previsto no inciso LXX do art. 5º, com a seguinte redação: LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; O que muda quando ao mandato de segurança individual é que aqui está defendendo um direito que é coletivo, e, assim, precisa-se estabelecer legitimados, o que se fez nas alíneas “a” e “b”. Representação no Congresso Nacional: quer dizer que o partido deverá ter pelo menos 01 deputado ou 01 senador no Congresso. Estar constituído e em funcionamento há pelo menos 01 ano se aplica apenas às associações. A Súmula 629 do STF determina que “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe de autorização destes”. O MS coletivo pode ser impetrado para defender a totalidade ou parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada autorização especial. DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 42 Mandado De Injunção A exemplo do HD, o mandado de injunção também é fruto da Constituição de 1988 e está regulado no inciso LXXI do art. 5º: LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; O mandado de injunção é cabível diante de normas de eficácia limitada, ou seja, aquelas normas que veiculam determinado direito constitucional que não pode ser exercido justamente pela ausência da norma regulamentadora Alguns exemplos: direito de greve do servidor público (art. 37, VII) aposentadoria especial do servidor público (art. 40, § 4º, III) – ver súmula vinculante 33 adicional de penosidade (art. 7º, XXIII) O mandado de injunção é uma ação de processo subjetivo, ou seja, busca-se a defesa de interesses subjetivos da parte que ingressa com o MI, demodo que, em regra, a sentença terá efeitos limitados às partes da causa. Entretanto, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. Legitimidade ativa: tanto pessoa física, quanto jurídica, nacional ou estrangeira. Habeas Data O Habeas Data surgiu com a Constituição de 1988 e tem pouca utilidade na prática do dia a dia. O art. 5º, LXXII da CF/88 dispõe que: LXXII - conceder-se-á habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê- lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Trata-se de uma ação de caráter personalíssimo, na medida em que só poderá ser utilizada para ter acesso e/ou retificar informações pessoais, vedado em relação a terceiros. Banco de dados: o banco de dados deve ser governamental ou de caráter público, o que implica dizer que pode ser utilizado o HD em relação a pessoa jurídica de direito privado (ex.: órgãos de proteção ao crédito (SPC/Serasa), partidos políticos, universidade particular). Prévio requerimento administrativo: o HD exique o prévio requerimento administrativo, ou seja, é necessário demonstrar o interesse de agir com a prova da recusa no fornecimento da informação ou retificação. A súmula 2 do STJ determina que: não cabe o Habeas Data se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa Gratuidade: O Habeas Data é uma ação gratuita, porém, exige advogado. Legitimidade ativa: pode ser utilizado tanto por pessoa física quanto jurídica, nacional ou estrangeira. CUIDADO: o Habeas Data não é a medida adequada para requerimento de certidão perante órgãos públicos. Ação Popular A ação popular é um remédio constitucional relacionado ao exercício dos direitos políticos, uma vez que só poder ser ajuizado por qualquer cidadão, ou seja, aquele que está no gozo dos seus direitos políticos. Qualquer cidadão não é o mesmo que qualquer pessoa. Estrangeiros não podem ajuizar a AP, por não deterem a qualidade de cidadão. O condenado criminalmente por sentença transidata em julgado também não poderá ajuizar a ação popular, uma vez que seus direitos políticos serão suspensos enquanto durarem os efeitos da condenação (art. 15, III). A CF/88 trata da ação popular no inciso LXXIII do art. 5º: LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Legitimidade ativa: apenas pessoa física (cidadão) – a súmula 365 do STF reforça a ideia que “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”. Para o STF, não é necessária a comprovação de prejuízo material aos cofres públicos como condição para a propositura de ação popular. (ARE - 824781 – 09.10.2015). DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS DE NACIONALIDADE, DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS Direitos Sociais Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. O art. 6º simplesmente enumera os direitos sociais considerados pelo constituinte, tendo sido ampliado com o passar dos anos.Os direitos sociais que foram inseridos no art. 6º após a promulgação da CF/88 são: a) Moradia (EC 26/2000); b) Alimentação (EC 64/2010); c) Transporte (EC 90/2015). Observe que o último direito social inserido no art. 6º foi o transporte. Para facilitar o estudo, basta lembrar que os direitos sociais que não constavam do texto originário da CF/88 formam o seguinte mnemônico: TAM (transporte – alimentação – moradia). Os direitos sociais são direitos fundamentais de 2ª geração/dimensão e foram positivados primeiramente na constituição do México de 1917 e depois na constituição alemã de Weimar de 1919. Em regra, os direitos sociais têm caráter programático e prestacional, também conhecidos como direitos positivos ou direitos de igualdade (material), uma vez que demandam uma conduta ativa no Estado no sentido de implementar tais direitos. A implementação de direitos sociais requer a disponibilidade de recursos finaneiros do Estado, fato que acarreta a inviabilização da fruição de alguns direitos sociais pelo indivíduo, RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 43 pois, há uma limitação orçamentária do Estado, fazendo com que nem todos os direitos sociais sejam efetivamente assegurados. Estamos a falar da chamada “reserva do possível”, a qual tem suas origens no direito Alemão e já tem sido aplicada no direito brasileiro. Em termos práticos, a reserva do possível está relacionada à escassez de recursos (limitação orçamentária), justificando, portanto, a não implementação de determinados direitos sociais. Por outro lado, o Estado deverá observar o “mínimo existencial”, pautado na dignidade da pessoa humana, o que implica dizer que o gestor público não poderá simplesmente deixar de implementar todo e qualquer direito socil, ao argumento de que não tem disponibilidade de recursos financeiros, uma vez que deverá atender um mínimo existencial, assegurando um uma vida digna ao indivíduo. Em resumo, para o STF, a tese da reserva do mínimo possível é aplicável apenas se restar comprovada a real falta de recursos orçamentários pelo poder público, pois não é admissível como justificativa genérica para eventual omissão estatal na efetivação dos direitos fundamentais. Quanto ao direito à segurança aqui previsto (art. 6º), importa salientar que não é a segurança prevista no caput do art. 5º. A segurança prevista no art. 5º é direito individual e está relacionada a segurança jurídica (primeira geração), ao passo que a segurança tratada aqui no art. 6º é direito de segunda geração e está ligado a ideia de segurança pública, sendo este um dever do Estado e responsabilidade de todos, regulamentada no art. 144 da CF/88 que trata da Segurança Pública, a qual tem por objetivo a tutela da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Direitos Sociais dos Trabalhadores O art. 7º da CF/88 enumera um rol exemplificativos dos trabalhadores urbanos e rurais. Referido dispositivo não é muito recorrente em questões de provas de concursos, salvo nas carreiras trabalhistas (ex.: TRTs). De todo modo, tendo em vista que os editais quase sempre apresentam os direitos sociais no conteúdo programático de Direito Constitucional, a leitura deste artigo é fundamental. A dica de estudo é a seguinte: ler repetidas vezes o artigo 7º e treinar algumas questões de provas, pois, normalmente as pegadinhas ficam limitadas ao próprio texto constitucional. Exemplo: repouso semanal remunerado, aos domingos; na verdade o repouso semanal será preferencialmente aos domingos. b) adicional de horas extras com acréscimo de 50% sobre a hora normal; o correto seria falar em acréscimo de, no mínimo, 50% a mais, detre outras tantas possibiidades de pegadinhas que podem ser formuladas pelos examinadores. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli RICO DOMINGUES www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 44 XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Trabalhadores Domésticos O parágrafo único do art. 7º da CF/88 enumera os direitos trabalhistas que são estendidos aos empregados domésticos, sendo eles: Parágrafo único - São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (EC nº 72, de 2013) O parágrafo único acima foi substancialmente alterado pela EC 72/2013, tendo sido amplicado o rol de direitos dos trabalhadores domésticos. Para as provas de concursos, com exceção das carreiras trabahistas, não é muito comum serem cobrados os direitos dos domésticos. Entretanto, há que se ter cuidado no estudo dessa temática, pois, a técnica legislativa do parágrafo único apenas remeteu aos incisos contidos ao longo do art. 7º, de modo que o candidato deverá identificar cada um deles, a fim de saber quais direitos efetivamente são estendidos aos domésticos. Exemplos de direitos dos domésticos: a) limitação de jornada diária (8h) e semanal (44h); b) adicional de horas extras (50%); d) seguro desemprego; e) FGTS; f) repouso semanal remunerado, etc; Exemplo de direitos que não foram estendidos aos domésticos pela EC 72/2013: a) adicional para atividade insalubre, perigosa ou penosa; b) prescrição quanto aos créditos tralhistas; c) participação nos lucros e resultados; d) proteção do mercado de trabalho da mulher, etc. Direito Coletivo do Trabalho (sindical) Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Obs.: quanto ao inciso IV, importante observar a súmula vinculante 40 do STF: SÚMULA VINCULANTE 40 - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Direito de Greve A greve é um direito fundamental do trabalhador e está prevista no art. 9º da CF/88. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. O direito de greve previsto no art. 9º diz respeito aos trabalhadores na atividade privada e está regulamentado na Lei 7.783/89. Referida lei disciplina a matéria e apresenta os requisitos e limites ao exercício do direito de greve. Quanto ao direito de greve dos servidores públicos, o art. 37, VII da CF/88, dispõe que: Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; A lei específica a que se refere a norma constitucional ainda não foi elaborada, mesmo se considerarmos que a CF foi promulgada em 1988. Este dispositivo é uma norma de eficácia limitada, pois, carece de norma regulamentadora, sendo, inclusive passivel de impetração de mandado de injunção. Inúmeros mandados de injunção eram propostos perante o STF, e as decisões daquela corte se limitavam a reconhecer a mora do legislador. O Supremo adotava a chamada “teoria não concretista”, pois, a decisão não tinha efeitos concretos, uma vez que o legislador não despertou de sua letargia profunda. Ainda que se questione, o STF não poderia obrigar o Congresso a legislar, sob pena de violação ao Princípio da Separação de Poderes. No ano de 2007, ao julgar os MI 670, 708 e 712, o Supremo Tribunal Federal mudou de entendimento e passou a adotar a “teoria concretista”, a fim de dar concretude ao direito postulado. RICO DOMINGUES DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. Cleber Paganelli www.ricodomingues.com.br / www.youtube.com/cursoricodomingues (48) 3364-6934 / (48) 3334-3529 © 2020 - Todos os direitos reservados por Rico Domingues Concursos. 45 A solução temporária adotada pela Corte foi no sentido de que os servidores públicos podem fazer greve, usando, no que couber, a Lei 7.783/89 que regula a greve para os demais trabalhadores. Ainda, cumpre mencionar que em relação aos militares, o art. 142, IV da CF/88 proibiu expressamente tanto a sindicalização, quando o direito de greve. Quanto à greve, igulamente não poderão exercer tal direito aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública (STF - ARE 654.432/GO - 5.4.2017). Da Nacionalidade Conceito de Nacionalidade: Nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico- político que liga um indivíduo à determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo daquele Estado e, por consequência desfrute de direitos e submeta-se a obrigações. (Pedro Lenza) Conceito de Cidadania: Cidadania tem por pressuposto a nacionalidade (que é mais ampla), caracterizando-se como a titularidade de direitos políticos de votar e ser votado. O cidadão, portanto, nada mais é do que o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) que goza de direito políticos. (Pedro Lenza). Os estrangeiros e apátridas não são cidadãos; Todo cidadão é nacional, mas o nacional, privado dos direitos políticos, não é cidadão; Nacionalidade originária ou primária: decorre do nascimento, determinando os NATOS daquele país. Nacionalidade derivada ou secundária: depende da vontade do indivíduo, qualificando-o como NATURALIZADO de determinado pais. No Brasil são adotados dois critérios para definir os brasileiros NATOS: jus soli e jus sanquinis. Jus soli: critério territorial (local de nascimento) Jus sanquinis: critério sanguíneo (ascendência) No Brasil não se admite o critério matrimonial (casamento) como definidor de nacionalidade. O art. 12 da CF/88 define quem
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