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Literatura Regional

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REGIONALISMO LITERARIO: MARCAS DO ROMANTISMO BRASILEIRO, ROMANCE EM FOCO.
Jaqueline portilho lima 
Elaine Maria coelho da costa 
RESUMO
O presente artigo traz como objetivo analisar a questão do regionalismo literário brasileiro tal temática pode ser compreendida como literatura que cultiva o gosto pela expressão local, os escritores fazem uso das poesias, crônicas, folhetos entre outros para expressar o meio em que vivem. O regionalismo e apresentado na literatura brasileira de forma variada sofrendo o efeito dos diferentes fases da literatura, o romantismo marca o início desse movimento no Brasil, este incorpora o sentimento ufanista aquele que exalta a terra e o homem brasileiro uma exaltação que ocorria nas diferentes regiões. Grandes nomes destacam-se no romantismo regionalista como: Bernardo Guimarães, José Alencar, Franklin Távora e Visconde de Taunay. Tendo por base os romances destes autores trataremos do romantismo regionalista em solo brasileiro.
Palavras-chave: Regionalismo, Romantismo, Autores.
1. INTRODUÇÃO
Ao analisar essa temática que envolve a literatura brasileira trataremos especificamente o regionalismo na estética do romantismo que e marcado pelo redescobrimento do Brasil e sua diversidade regional e cultural. É só observarmos a imensa variedade regional que nosso pais apresenta, para notarmos que a literatura, aquela presa a terra e ao homem da terra, não pode fugir a essa variedade, os texto que representam a cultura brasileira do Oiapoque ao Chuí, isto é do extremo norte ao extremo sul, mostram bem as diferenças presentes entre as régios contribuindo para aumentar o acervo cultural.
O romance regionalista é semelhante ao nacionalista, mais este em questão volta se para uma determinada região explorando seus costumes, o cotidiano e a cultura local. Sobre isso, Afrânio Coutinho (1986, p.286) destaca que:
Mais estritamente, para ser regional uma obra de arte não somente tem que ser localizada numa região, se não também deve retirar sua substancia real desse local. Essa substância decorre, primeiramente, do fundo natural – clima, topografia, flora, fauna, etc – como elementos que afetam a vida humana na região; e em segundo lugar, das maneiras peculiares da sociedade humana estabelecida naquela região e que a fizeram distinta de qualquer outra. Este último é o sentido do regionalismo autêntico.
Na literatura brasileira o regionalismo apresenta-se trazendo a cultura, as marcas de um pequeno grupo social aos conhecimentos de toda população brasileira, contribuindo assim para interação e pelo respeito as diferentes culturas. Mais o assunto e questão é o romantismo regionalista que marcado por esse momento de exaltação nacional, nesta fase da nossa literatura cria-se um herói – o herói regional – de estatura quase épica com seu aspecto de super homem em luta contra um destino fatal, feitos pela forças superiores do ambiente.
Na Análise do romantismo regionalista na literatura brasileira é notória a presença de nomes como Bernardo Guimarães, José de Alencar estes ocupavam um lugar importante nesta fase literária, assim também como Franklin Távora e Visconde de Taunay entre outros autores que deixaram sua marca na historia literária brasileira e juntos contribuíram para a preservação e divulgação cultural.
1 Jaqueline portilho lima
2 Elane Maria Coelho da costa
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – licenciatura em letras-portugues (FLX0016) – Prática do Módulo VIII - 11/12/020
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA.
2.1 ROMANTISMO REGIONAL NA LITERATURA BRASILEIRA
O termo regionalismo é compreendido de diversas maneiras: quanto o assunto, quanto o arranjo narrativo, ou quanto à linguagem, aparece em obras relacionadas ao ambiente rural, ora como algo retrógrado, mas também como literatura popular, a realidade é que este assunto gera muitas discussões no meio acadêmico. A literatura regional trás em seus escritos as marcas de determinada região, exemplo disso são as literaturas de cordéis tipos do nordeste brasileiro que relatam o dia a dia das pessoas, os sotaques, as gírias, os costumes, entre outras marcas da cultura popular, como podemos ver no cordel de Antônio Gonçalves Dias, mais conhecido como Patativa de Assaré:
Sou um caboclo rocêro,
Sem letra e sem estrução,
O meu verso tem o chêro
Da poêra do sertão,
Vivo esta solidade
Bem destante da cidade
Onde a ciência gunverna.
Não sou capaz de gosta
Da poesia moderna.
(PATATIVA DO ASSARÉ, 2007).
Em seus versos o autor faz uso da linguagem coloquial, ele demonstra sua cultura e seu contentamento pela vida simples do sertão, em seus escritos podemos ver uma típica literatura regional. Mas o assunto em questão é a fase romântica do regionalismo literário brasileiro, o romantismo que foi o marco inicial desta corrente literária. O romance pra ser regional tem que fazer da região (a terra, o homem hábitos e costumes) sua base, Ela e o elemento substantivo da narrativa e não somente um cenário, um elemento adjetivo. Portanto, “[...] propunha aos escritores que mergulhassem no magma, a nacional, na realidade histórica e social, da cidade o dos campos, aí buscando a matéria-prima com que construíram a literatura brasileira” (COUTINHO, 2004c, p. 334), revelando as particularidades da vida no campo e seus desafios. O romantismo regionalista surgiu em meados do século XIX nas obras de Bernardo Guimarães, de Franklin Távaro, José de Alencar entre outros escritores que encontravam inspiração nas vivencia do homem do campo, suas obras eram carregadas de estilo próprio. 
 
FIGURA 1 _ BERNARDO GUIMARÃES 
FOMTE: https//PT.m.wikipedia.org/wiki/Bernardo Guimar%C3%A3es .
Bernardo Guimarães é um dos nomes que ganha destaque no regionalismo romântico, suas obras mais conhecidas são ‘o seminarista e a Escrava Isaura’ tais obras envolvem os temas de celibato e a escravidão. Grande parte do sucesso desse escritor vem de sua forma simples e fácil que construía suas narrativas, ele soube escolher os assuntos e explorar a tradição do interior mineiro lugar onde nasceu. Podemos ver sua simplicidade no trecho extraído do romance ‘o seminarista’.
A uma légua, pouco mias ou menos da antiga vila de Tamanduá, na província de Minas Gerais, e a pouca distancia da estrada que vai para a vizinha vila da formiga, há de haver quarenta anos, uma pequena e pobre casa, mas alva, risonha e nova. Uma porta e duas janelas formavam toda a sua frente.
Um estreito caminho, partindo da porta da casa, cortava o vargedo e ia atravessar o capão e o córrego por uma pontezinha de madeira, fechada do outro lado por uma tronqueira de varas. Junto a ponte, de um lado e outro do caminho, viam-se duas corpulentas paineiras, cujos galhos, entrelaçando-se formavam uma arcada de verdura, à entrada do campo onde pastava o gado.
Era uma bela tarde de janeiro. Dois meninos brincavam a sombra das paineiras um rapazinho de doze a treze anos, e uma menina que parecia ser pouco mais nova que ele. (GUIMARÃES.1872)
No romance Guimarães descreve a vegetação, e usa palavras típicas da região de Minas gerais onde a trama e narrada, o autor foi espontâneo escrevendo em uma linguagem simples, tom de conversa, Antonio Candido (1997, p.72) o chama de “contador casos”. Tanto o romance ‘O seminarista’ quanto o ‘A Escrava Isaura’ fazem criticas a fatos da vida real, o primeiro faz menção ao celibato, voto de castidade que são feito pelos padres, na trama o protagonista Eugênio e o brigado pelos pais a ser padre, mas seu coração pertencia a Margarida, é o clímax da narrativa, a onde começa a luta para manter sua integridade espiritual. O segundo faz menção a abolição da escravidão bem antes dela acontecer.
FIGURA 2_ JOSÉ DE ALENCAR 
FONTE: Disponivel em: https://bibliotecaeflch.wordpress.com/2014/04/29/perfil-da-semana-jose-de-alencar/
Outro autor do romantismo regionalista foi José de Alencar, em seus romances procurou dar conta da diversidade brasileira e das regiões que se encontravam distantes da corte e das principais cidades que receberam forte influência europeia. O autor desejavacobrir os territórios de maneira a mostrar como a vida de seus habitantes estava literalmente ligada ao meio físico no qual mantiam contato. Em tais romances, os homens recebem os papéis de maior valor, em relação os das personagens femininas, retratadas nos romances urbanos e sociais.
 Porém, há contradição sobre o retrato feito por Alencar de seus homens: quando trata do nordestino e do sertanejo, Alencar consegue ser fiel à realidade por conhecer mais profundamente a região e seus habitantes. Porém, quando retrata o gaúcho o autor incorre em uma série de falhas, provenientes da falta de familiaridade com o tipo retratado e com a distância que o separava do sul do país. Seus escritos mais conhecidos desta fase são: O gaúcho, O Tronco do Ipê, Til e O Sertanejo. Antonio cândido(1997) ao concluir a leitura que fez de uma de suas obras faz o seguinte comentario “ A sua arte literaria é, portanto, mais conciente e bem armada do que suporiamos à primeira vista”. Vale aqui resaltar o romance o sertanejo que se prende a lembranças da infancia do autor, quando faz menção a lenda do boi estácio que o ele recliou como boi dourado. Este era objeto de desejo dos vaqueiros sertanejos.
Era um boi alto e esguio. Seu pelo na cor, longo, fino e sedoso, brilhava aos raios do sol com uns reflexos luzentes, que justificava o nome dado pelos vaqueiros ao lindo touro. Em vez das largas patas e grossos artelhos dos animais de trabalhos, ele tinha as pernas delgadas e o jarreto nervoso dos grandes corredores. Os chifres abriam para diante em vasta curva, mas ao contrario erguiam-se quase retos na fronte como dardos agudos e a semelhança da armação do veado. (ALENCAR, 1986, P. 51).
 O protagonista é Arnaldo o sertanejo que vive varias aventuras com o boi dourado, perseguido pelos vaqueiros termina vitorioso, não escraviza nem mata o animal, como era o desejo dos demais, mas Poe nele a marca de Dona Flor e o deixa viver livremente. 
Não poderíamos deixar de citar Frank Távaro com o romance O cabeleira (1876) e Alfredo Taunay com Inocência (1872).
FIGURA 3_ O CABELEIRA
FONTE: Disponível em: https://www.traca.com.br/paginas/fale-com-traca/8/
No romance regionalista de Távora é notório aspectos da região como: o senso da terra, da paisagem, o patriotismo regional. Em O cabeleira romance do cangaço o autor narra a historia de José Gomes, nascido e morto no século XVII, ele faz uma reconstrução histórica da vida de um cangaceiro famoso, devido a necessidade de se mostrar ao Brasil a cultura nordestina que, além do grande valor literário, possui um inestimável valor histórico, fruto de sua pesquisa no sentido de documentar bem a realidade vivenciada pelos habitantes do nordeste do país. O cabeleira é apresentado com os seus crimes que a distância temporal e simpatia coletiva o transformaram em um herói popular. Nota-se a preocupação documental, oculto a verdade de Távaro em suas obras, a esse respeito Antonio Cândido (1997), ao realizar suas analises, conclui que para o autor a literatura não era apenas obra de fantasia, ele fazia uso de objetos extra-literários tendo objetivo de educar, moralizar. Faltou somente o calor artístico a poderosa imaginação de Alencar para forma seu universo ficcional.
Diferente de Alencar, Alfredo Taunay um militar com grande sensibilidade e cultura, seus bons romances são fruto desta tão apurada combinação. Entre seus romances destacamos Inocência que retrata o mundo sertanejo do interior do Brasil, inocência é retratada como uma menina de beleza pura e inocente teria sido muito feliz se não fosse o preconceito de seu pai, que não era um homem mau, apenas vivia culturalmente fechado em seus princípios limitados. O romance de Taunay demonstra bem o cotidiano que a sociedade vivia no ano de 1872. Onde a figura da mulher era tida como propriedade exclusiva do homem.
FIGURA 4_ RESUMO DA OBRA INOCENCIA DE ALFREDO TAUNAY
FONTE: Disponível em: https://pt.slideshare.net/Ragloferreira/inocnciavisconde-de-taunay
Os autores do romantismo regionalista preocupavam-se não somente em criar romances que encantassem seus leitores, mas em retratar com fidelidade os costumes, o sotaque, as crenças das regiões onde aconteciam suas narrativas. A esse respeito Candido faz a seguinte observação relata que vários dos livros desses autores “[...] são construídos em torno de um problema humano, individual ou social, e que, a despeito de todo o pitoresco, os personagens existem independentemente das peculiaridades regionais” (CANDIDO, 1975, p. 212). Os escritores humanizavam a narrativa em borá superficiais, através de seus romances levavam a cultura do interior nordestino, das regiões menos conhecidas do Brasil a conhecimento nacional e internacional. 
 
3. MATERIAS E METODOS
Para construção de estudo foi feito pesquisas biográficas em site, livros, revistas e material didático do acadêmico, colhendo informações a respeito do tema e autores, o que possibilitou conhecer várias obras. Diante deste estudo biográfico, foi possível mostrar a importância desse gênero literário para os dias de hoje, pois seus romances não são apenas ficção, são relatos do dia a dia de diferentes regiões do Brasil. Quanto o método de abordagem foi usado a hipótese dedutiva uma vês que este artigo teve por finalidade mostra o romance regionalista e seus respectivos autores, e como cada um contribuiu para a divulgação cultural da nação brasileira.
FIGURA 5_CAPA DO LIVRO DIDÁTICO DE METODOLOGIA CIENTÍFICA
FONTE: O autor.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
 Parece, então, pertinente inquirir que o que o regionalismo se apresenta na literatura brasileira de forma variada sofrendo os efeitos dos diferentes momentos literários assim, o regionalismo romântico incorporou o sentimento ufanista, exaltando a terra e o homem brasileiro, o romance para ser autenticamente regionalista tem que usar a região como elemento estruturante da ação, isto é esta ela vai atuar sobre os acontecimentos da narrativa. Essa corrente literária cria um tipo de herói regional de estrutura quase épica com um aspecto de super-homem que luta contra um destino fatal traçado pelas forças superiores do ambiente.
 As literaturas de Bernardo Guimarães fazem menção ao combate ao sistema escravocrata, bem antes da abolição da escravidão em 1888, já abordava esse tema em seus romances o que podemos ver na narração de a Escrava Isaura. Ele abordava temas do dia a dia e fazia critica a determinadas culturas e costumes como vemos no o seminarista, onde o autor mostra com veemência o ato do celibato forçado, pois não era do querer do protagonista realizar tal juramento, mas pra cumprir promessas dos pais, que achavam ser o melhor pro filho. Guimarães fez grande sucesso pela forma simples que escrevia suas narrativas, sem nem uma sofisticação, conhecido como o contador de historias.
Quanto a Franklin Távaro percebemos uma literatura carregada de realidade, considerado um autor quase de transição do romantismo para o realismo, pois suas obras na sua maioria trazem fatos verídicos como podemos notar no romance o cabeleira, onde o autor relata a vida de um cangaceiro, cultivou a narrativa de característica histórica, explorando a realidade nordestina. Em Alfredo Taunay, vemos a terra e o homem sendo apresentado em um ritmo musical encantador, este revela seu profundo conhecimento dos problemas sócios, abordados em sua narrativa com bom senso e eficiência. Já José de Alencar por ser tão compromissado com seu meio e sua época deixa transparecer os intuitos moralizantes, nacionalista e seus ressentimentos políticos em suas narrativas. Suas obras tinham como intuito representar as diferentes regiões do Brasil é o que percebemos em o gaucho (1870) e o sertanejo (1875), que demonstram a diferença entre a sociedade do Rio grande do sul para o do sertão cearense. O primeiro foi alvo de critica de Távaro, por ser produto somente da imaginação do autor, pois este não tinha conhecimento da região sul do país.
 O regionalismo literário contribuiu para divulgação das culturas do interior brasileironas grandes metrópoles. E ainda nos dias de hoje servem como base de conhecimento de nossas raízes e é um fértil campo de estudo para a linguistica. 
REFERENCIAS:
ALENCAR, José de. O sertanejo. São Paulo: Ática, 1986.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. Romantismo. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1986. V. 3.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. 7. ed. São Paulo: Global, 2004ª. V. 1. 
GUIMARAES, Bernardo. O seminarista Disponivem em: https://play.google.com/books/reader?id=mYNcAAAAQBAJ&hl=pt&pg=GBS.PT140.
PATATIVA DO ASSARÉ. Antologia poética. Organização e prefácio de Gilmar de carvalho. Fortaleza. Edições Demócrito Rocha, 2007.

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