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1
Pré-Modernismo
Aula 
07 4C
Português
Apresentação
No início do século 20, uma Europa industrializada 
vivencia uma forte tensão entre seus países pela 
disputa de mercados fornecedores/consumidores 
na África, que, aliada a outros fatores, resulta na 
deflagração de um grande conflito: a Primeira 
Guerra Mundial (1914-1918), que decretava o 
fim da Belle Époque. A ordem política, social e 
econômica sofrerá profundas transformações.
As artes também, desde o início do século, passavam por 
significativas mudanças. É nesse momento que começam a surgir 
as Vanguardas Artísticas Europeias (que estudaremos na próxima 
aula), tendências múltiplas e diferentes entre si que, no entanto, apre-
sentavam como elementos comuns a forte ruptura com as concepções 
estéticas tradicionais e a busca por novas formas de expressão artística, 
tanto nas linguagens empregadas como nas temáticas abordadas.
E no Brasil?
Também passávamos por expressivas mudanças em diversas áreas. 
O poder estava consolidado nas mãos das oligarquias rurais de Minas e 
São Paulo, que constituíam a base da política do café com leite, elegendo 
presidentes e comandando os destinos da nação. Começavam a chegar ao 
Brasil significativas levas de imigrantes, nas regiões Sudeste e Sul, que seriam 
a mão de obra nas lavouras de café, substituindo a mão de obra escrava.
Paradoxalmente, a população de ex-escravos não recebe nenhum tipo de 
apoio por parte do governo para que pudesse ser aproveitada no mercado 
de trabalho, restando-lhes os subúrbios, os morros e a vida em condições 
sub-humanas, em centros urbanos que cresciam de maneira desordenada, 
apesar de algumas iniciativas de projetos urbanísticos.
Algumas revoltas de cunho popular – Guerra de Canudos (1896-1897), 
Revolta da Vacina (1904), Revolta da Chibata (1910), Guerra do Contesta-
do (1912-1916) e outras – e algumas greves operárias ocorridas no eixo 
Rio-São Paulo assustavam a classe conservadora e criavam um clima de 
questionamento sobre a realidade brasileira.
Com relação à nossa vida literária, vivemos, de 1900 a 1920, um período 
de enorme e contraditória efervescência artística. De um lado, tínhamos 
ainda em vigor as estéticas tradicionais do século 19:
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 •O Realismo-Naturalismo esta-
va ainda em alta; Machado de 
Assis, maior nome do Realismo, 
morreria apenas em 1908, ab-
solutamente consagrado; Aluí-
sio Azevedo, maior nome do 
Naturalismo, morreria em 1913. 
Além disso, muitos novos auto-
res também procuravam trazer 
em suas obras uma visão mais 
fidedigna da realidade.
 • O Parnasianismo caía nas graças 
do público, era a poesia vista 
como o “sorriso da sociedade”. 
Poetas como Olavo Bilac, 
Raimundo Correia e Alberto de 
Oliveira eram celebridades nacio-
nais, além de modelos de escrita 
perfeita.
2 Semiextensivo
 • O Simbolismo passava a ser valorizado pela crítica 
e, além de se desenvolver em pequenos grupos pelo 
país (principalmente no Paraná e no Rio Grande do 
Sul), revelava novos poetas, como: Emiliano Perneta, 
Eduardo Guimaraens e Alceu Wamosy. Tratava-se de 
uma poesia sem maiores vínculos com os motivos e 
temas nacionais.
Também não podemos esquecer que, 
justamente nesse período, surgira o poeta 
paraibano Augusto dos Anjos (1884- 
-1914), que vimos na aula passada e 
que lançou seu único livro, intitulado Eu, 
em 1912. Em Augusto, tendências mais 
inovadoras conviviam com traços mais 
tradicionais, sobretudo com relação 
à métrica extremamente regular, de 
origem parnasiana.
Do lado oposto às tendências mais tradicionais, 
alguns escritores começam a ressaltar a necessidade 
de renovação em nossas letras, citando os exemplos de 
mudanças que ocorriam na Europa.
Essa enorme mistura de tendências é que caracteriza 
a literatura nesses 20 primeiros anos do século 20. Den-
tre os escritores e as obras desse período, destaca-se um 
pequeno grupo de autores, diferentes estilisticamente 
entre si, mas que trazem alguns pontos em comum.
Características
Considera-se como o início do Pré-Modernismo o 
ano de 1902, quando foram publicadas as obras Canaã, 
de Graça Aranha, e Os sertões, de Euclides da Cunha. 
O “término”? O ano de 1922, quando ocorre a Semana 
de Arte Moderna, trazendo expressivas mudanças em 
nossas artes. 
Este período se caracteriza assim:
 • Visão crítica da realidade brasileira – A literatura 
pré-modernista, bastante influenciada pelo Realis-
mo-Naturalismo, resolve tocar o dedo nas feridas 
sociais brasileiras. O Brasil era um país pobre, doente 
e atrasado, muito diferente do Brasil pintado pelas 
sentimentais tintas românticas ou pelos classicizantes 
matizes parnasianos. Nota-se, portanto, nas obras 
ditas pré-modernistas, um nacionalismo crítico.
 • Retrato dos tipos humanos marginalizados – O 
sertanejo, o caboclo, o suburbano, o mulato, o pe-
queno funcionário público são os personagens mais 
expressivos da literatura pré-modernista, uma vez 
que representam significativa parcela da população 
brasileira à época.
 • Regionalismo – Os pré-modernistas fazem um 
vasto painel do Brasil em suas obras, apresentando 
diversas regiões e os seus respectivos problemas. 
Euclides da Cunha nos mostra o sertão nordestino, 
com enorme carência de chuvas e de governo; Mon-
teiro Lobato apresenta o vale do Paraíba, o interior 
de São Paulo; Graça Aranha, o Espírito Santo; Lima 
Barreto, o Rio de Janeiro não-Cidade-Maravilhosa, 
mas os subúrbios.
Observação:
Pré-Modernismo não se configura como 
uma escola literária de fato e, sim, um período 
de transição em nossa literatura. O termo foi 
estabelecido pelo crítico literário Alceu Amoroso 
Lima, na década de 1930, e só utilizado mais 
ostensivamente a partir dos anos 1950, quando 
todos os artistas ditos pré-modernistas já esta-
vam mortos.
Principais autores e obras
Graça Aranha
Sujeito que conquistou prestígio 
desde jovem, como magistrado e di-
plomata de renome. Morou por quase 
vinte anos na Europa, justamente no 
período em que surgiam as vanguar-
das artísticas europeias, no início do 
século 20. De volta ao Brasil, em 1921, 
apresentou contribuição definitiva ao 
movimento modernista que se instauraria no Brasil em 
1922, com a Semana de Arte Moderna, pois emprestou 
seu prestígio e talento a um movimento que reunia ar-
tistas até então desconhecidos. Dois anos mais tarde, em 
1924, rompeu com a Academia Brasileira de Letras, em 
virtude do conservadorismo e mediocridade culturais da 
instituição da qual ele fora um dos fundadores em 1897.
Graça Aranha apresentava uma visão artística assi-
milada de fontes muito diferentes e às vezes contraditó-
rias. Como autor pré-modernista, escreveu apenas uma 
obra de destaque, chamada...
Canaã
A obra principal de Graça Aranha, na linha do roman-
ce de tese (tão ao gosto dos naturalistas), inaugurou 
na literatura brasileira a discussão sobre a imigração 
europeia e lançou em debate alguns temas polêmicos, 
como o arianismo. Porto do Cachoeiro, no Espírito 
Santo, onde há uma colônia de imigrantes alemães, é 
o espaço em que Milkau e Lentz discutem: o primeiro 
defende a igualdade das raças, enquanto o segundo 
prega a superioridade da raça ariana.
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 1868-1931
Aula 07
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A mestiçagem, a indolência e a pobreza geral 
dos brasileiros que vivem naquela região confirmam 
a teoria de Lentz. Milkau, livrando Maria Perutz das 
acusações que ela sofria de ter matado o próprio filho, 
quer comprovar que a terra da igualdade e da justiça 
existe. É o Brasil, que as futurasgerações construiriam. 
Neste livro misturam-se cenas realistas com medita-
ções filosóficas; Simbolismo e Naturalismo convivem 
com elementos românticos.
Monteiro Lobato
Um país se faz com homens e livros.
O próprio Monteiro Lobato
Biografia mínima
Nasceu em Taubaté (SP). Desde cedo demonstrou 
certo gosto pelas artes plásticas, o que 
era inadmissível para uma família pro-
prietária de grandes lavouras de café. 
Como exigência do avô, o Visconde 
de Tremembé, foi estudar Direito na 
USP, onde começou a sua intensa vida 
jornalística e artística. 
Seu ritmo de vida foi absoluta-
mente intenso, tendo feito de tudo 
um pouco: promotor, chefe de polícia, 
adido comercial brasileiro nos Estados 
Unidos, editor, crítico de artes plásticas e, principalmen-
te, escritor, que deixou uma obra bastante variada, indo 
dos contos adultos sérios à literatura infanto-juvenil da 
mais alta qualidade. 
Principais obras publicadas
 • Livros de contos → Urupês (1918); Cidades mortas 
(1919); Negrinha (1920).
 • Romances → O choque das raças ou O presidente 
negro (1926).
 • Livros infantis → dezenas, alguns reunidos atualmen-
te sob o título genérico Sítio do Picapau Amarelo. 
 • Reportagens → O escândalo do petróleo (1936).
Aspectos centrais da obra
Com uma linguagem acessível, destacando os 
aspectos pitorescos e risíveis dos personagens, mas sem 
chegar a uma análise muito profunda dos problemas e 
das pessoas, Monteiro Lobato denuncia o descaso oficial 
para com a agricultura nacional, abandonando o traba-
lhador da roça à própria sorte, à miséria e à ignorância. 
É o que se vê principalmente nas obras Urupês, Cidades 
mortas e Negrinha.
É no artigo Urupês, publicado 
posteriormente no livro de contos de 
mesmo nome, que ele nos apresen-
ta a legendária figura do anti-herói 
Jeca Tatu, espécie de símbolo do 
atraso e da miséria nacionais. Jeca é 
o autêntico retrato do homem do 
interior daquela época: analfabe-
to, doente e abandonado à sua própria 
sorte, sem auxílio por parte do governo. Essas obras 
citadas representam a sua produção literária de fato 
considerada como pré-modernista.
Já entre 1920 e 1940, fez uso da literatura em prol 
de causas nacionalistas. Imaginava ver um Brasil grande, 
em condições iguais às grandes potências mundiais. 
Defendia o desenvolvimento industrial e energético 
brasileiro, uma vez que nossa terra era tão rica em 
matéria-prima para a indústria e o petróleo poderia 
ser descoberto em abundância. Entretanto, aos poucos 
foi percebendo como era difícil lutar contra as forças 
multinacionais que pressionavam e patrocinavam o 
atraso industrial brasileiro, sempre associadas a setores 
políticos e econômicos reacionários e corruptos. Entrou 
em brigas homéricas contra tais grupos, protagonizou 
polêmicas com nossos governantes, o que lhe rendeu 
um período de 3 meses na cadeia, em 1941, acusado 
absurdamente de comunista, durante o Estado Novo de 
Getúlio Vargas, grande desafeto de Lobato.
Como uma compensação diante da indiferença dos 
adultos às suas denúncias e preocupado com a formação 
de futuros cidadãos mais conscientes, Lobato promoveu 
campanhas para facilitar o acesso do povo e principalmen-
te das crianças aos livros. Ao mesmo tempo, dedicou-se a 
escrever histórias infantis, utilizando temas, paisagens e 
personagens próximas da realidade de nossas crianças. 
Pedrinho, Narizinho, Dona Benta, Tia Nastácia, Visconde 
de Sabugosa, Marquês de Rabicó, Emília e muitos outros 
personagens de Lobato passam então a povoar as fanta-
sias infantis, divertindo as crianças, educando-as e, até 
mesmo, desenvolvendo-lhes uma consciência crítica.
Euclides da Cunha 
Biografia mínima
Como correspondente do jornal 
O Estado de S. Paulo, foi designado a 
cobrir a última fase da Guerra de Ca-
nudos, lá no interior da Bahia. Passou 
aproximadamente 2 meses no front, 
de onde enviava notícias que mais tarde 
seriam retrabalhadas e dariam origem 
ao livro Os sertões.
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 1882-1948
 1866-1909
4 Semiextensivo
Após a publicação de Os sertões, em 1902, Euclides atingiu a notoriedade, 
logo ingressando no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e na Academia 
Brasileira de Letras. Passou a viajar pelo Brasil em estudos e palestras, morren-
do, em 1909, com apenas 43 anos de idade. Deixou-nos, a rigor, apenas uma 
obra de destaque, que a seguir passaremos a estudá-la.
Os sertões
A principal obra de Euclides da Cunha tem um caráter histórico, dra-
mático e acusatório. É a denúncia de um crime contra a nação: o massacre 
de sertanejos na Guerra de Canudos (1896-1897). Trata-se de um livro que 
transita entre a Literatura, a Sociologia e o Jornalismo, além de ser marcado 
também por outras influências (Antropologia, Geologia, etc.) 
Estilo adotado
Euclides da Cunha escreve Os sertões se valendo de uma linguagem 
preciosista, rebuscada, de tendência barroquizante, até pelo grande número 
de contrastes, antíteses e paradoxos utilizados. Mas também, de certa forma, 
estava de acordo com o modelo de “bem escrever” dos parnasianos, que 
privilegiavam a escrita em estilo acadêmico.
Em alguns momentos, o autor também se abre a certos registros colo-
quiais dos sertanejos. Logo, temos nesta obra uma linguagem efetivamente 
literária, com um trabalho artístico de fato com a palavra.
Estrutura da obra
Seguindo uma rígida relação de causa-efeito, bem ao gosto do Determi-
nismo e do Naturalismo, bem ao gosto de sua formação como engenheiro, 
Euclides da Cunha dividiu a obra em três partes distintas:
1. A terra
Minucioso estudo das condições geofísicas do sertão brasileiro. Os conheci-
mentos que Euclides tinha como engenheiro, aliados ao interesse pelas ciências 
naturais, permitiram a elaboração de um ensaio sobre o ambiente, a geologia 
nordestina. Elementos de geologia, botânica e zoologia convivem e se misturam 
com uma linguagem literária de alto nível, para mostrar ao leitor a imponência e 
a força da paisagem. A terra pobre e árida é descrita num painel gigantesco que a 
apresenta como elemento vivo, a torturar os seres que lutam para nela sobreviver.
 Paisagens do sertão nordestino
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2. O homem
Uma terra árida e sem muitos recursos não permitiria que qualquer pessoa nela 
sobrevivesse, pois apenas os mais aptos e mais fortes resistiriam às péssimas con-
dições de vida. Este é o sertanejo descrito por Euclides da Cunha: um sobrevivente.
É interessante perceber, nesta 
parte da obra, como Euclides da 
Cunha teve de rever os seus (pre)
conceitos a respeito do sertanejo. 
Enquanto estava em São Paulo, escre-
vendo confortavelmente sobre uma 
realidade distante, costumava afirmar 
que o sertanejo era uma subespécie 
da raça humana, absolutamente 
degenerada e inferior em virtude da 
excessiva miscigenação. Ao perceber 
o sertanejo em seu meio, constatou 
que, diante do perigo ou na necessi-
dade de uma atitude violenta, ele se 
transforma num cavaleiro gigante, 
forte e se transfigura num valoroso 
guerreiro. O jeito de ser, o comporta-
mento e a personalidade do homem 
sertanejo são influenciados pela 
mistura das raças e pelo ambiente, 
segundo a teoria do Determinismo 
Científico, adotada pelo autor.
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 “O sertanejo é, antes de tudo, 
um forte.”
Aula 07
5Português 4C
 1881-1922
3. A luta
Expedições militares contra Canudos
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Finalmente, a narração do inevitável conflito em si. Esta terceira parte 
compreende mais de metade de toda a obra. Aqui são narradas, ora num 
tom mais jornalístico, ora num tom mais épico, todas as ações das quatro ex-
pedições enviadas para destruir Canudos, com detalhes às vezes chocantes.
O fanatismo dos jagunços esertanejos, habituados à vida na caatinga e 
conhecedores profundos do sertão, dificultou as ações militares, impondo 
desastrosas e humilhantes derrotas às forças do Governo. Desde 21 de 
novembro de 1896, data da primeira luta entre soldados e jagunços, até 
5 de outubro do ano seguinte, quando morreram os últimos 4 defensores de 
Canudos, o Brasil, passivo e estupefato, assistiu a uma verdadeira carnificina 
nos sertões do norte da Bahia. Foi o embate entre o Brasil do litoral e o Brasil 
do interior. O governo brasileiro, recém-republicano, não conseguia chegar 
até o interior do Brasil, abandonado à sua má sorte.
Lima Barreto
Biografia mínima
Filho de pais mulatos e pobres, Lima Barreto nasceu no 
Rio de Janeiro. Já aos sete anos, ficou órfão de sua mãe. 
Após os primeiros estudos em Niterói e uma passagem 
pelo tradicional Colégio D. Pedro II, ingressou na Escola 
Politécnica em 1897, onde cursou Engenharia, mas se viu 
obrigado a abandonar os estudos para cuidar de seu pai, 
doente mental.
Passou a viver como pequeno funcionário da 
Secretaria da Guerra e a colaborar na imprensa. Lendo 
avidamente a literatura de ficção europeia do final do século 19, Lima fami-
liarizou-se com a melhor tradição realista e social, além de ser um dos raros 
intelectuais brasileiros que conheceram, na época, os grandes romancistas 
russos.
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Sua vida errante e errada era 
motivo de escândalo a todos os 
intelectuais e a toda elite carioca 
da época. Atingido pelo alcoolismo, 
faleceu em 1o. de novembro de 
1922, 48 horas antes do falecimento 
de seu pai, deixando uma obra 
que consiste, essencialmente, em 
romances, contos e crônicas.
Principais obras publicadas
 • Recordações do escrivão Isaías 
Caminha (1909)
 • Triste fim de Policarpo Quaresma 
(1911/1915)
 • Vida e morte de M. J. Gonzaga 
de Sá (1919)
 • Os Bruzundangas (publicação 
póstuma)
 • Clara dos Anjos (publicação 
póstuma)
Aspectos centrais 
da obra
Representou com profundo 
realismo a sociedade carioca no 
início do século 20, principalmente 
o povo sofrido dos subúrbios, além 
de denunciar veementemente o 
preconceito racial contra o negro e o 
mulato, do qual também fora vítima.
Seus romances são uma mistura 
de ficção, documentário, crônica e 
crítica, além de marcantemente au-
tobiográficos. O preconceito racial, 
as oligarquias corruptas, a burocra-
cia, o militarismo, os políticos e os 
intelectuais são os alvos prediletos 
de suas críticas.
Sua linguagem é antiacadêmica, 
informal, jornalística e panfletária, 
marcada pela espontaneidade, 
o que o faz um antecipador das 
inovações formais propagadas 
pelos modernistas a partir de 1922. 
Colocou-se contra a moda da “Belle 
Époque”: o verbo ornamental e re-
buscado de escritores como Coelho 
Neto; a solenidade retórica de um 
Rui Barbosa; o esteticismo vazio 
dos parnasianos e o purismo e a 
elegância “britânica” de Machado 
6 Semiextensivo
de Assis. Lima Barreto se levanta contra esse tipo de 
literatura utilizando-se do humor, da ironia e da sátira. 
Rompe com o estilo de modelo ornamental e com a gra-
matiquice, não escrevendo “bonito” intencionalmente.
Análise da principal obra
Triste fim de Policarpo Quaresma
Narrado em 3.ª pessoa, este é o romance mais im-
portante de Lima Barreto. Para criticar o nacionalismo 
ingênuo e ufanista, o autor cria, nesta obra, um prota-
gonista justamente ingênuo, puro e ufanista, que será 
aniquilado por seus próprios ideais e pelas instituições 
oficiais que perversamente esmagam toda iniciativa 
efetivamente patriótica. É nesse aspecto que reside o 
argumento principal de Lima Barreto: em sua época, um 
patriotismo genuíno e puro era sinônimo de suicídio.
O livro é dividido em 3 partes, que representam três 
propostas de reforma nacional e, também, três derrotas 
do pequeno funcionário público Policarpo Quaresma, 
que “estudou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua 
história, na sua geografia, na sua literatura e na sua polí-
tica”, mas que acabou condenado à morte sob a absurda 
acusação de ser um traidor da pátria. 
Outros autores
Simões Lopes Neto (1865-1916): contador de 
lendas e retratista dos tipos regionais do Rio Grande 
do Sul, com uma linguagem bem regional. Principais 
obras: Lendas do Sul e Contos gauchescos. Citamos 
também: Coelho Neto, Rui Barbosa, Afonso Arinos, 
Valdomiro Silveira e muitos outros de menor rele-
vância artística.
Testes
Assimilação
07.01. (UNISC – RS) – Assinale a alternativa que preenche 
corretamente as lacunas do texto a seguir:
O início do chamado Pré-Modernismo na literatura brasileira 
data de 1902, com a publicação de __________. Além dessa 
obra relevante, de autoria de __________, merece desta-
que o romance _________, publicado por __________ 
em 1911. Já na poesia, o principal nome deste período foi 
__________, autor de __________.
a) Urupês / Graça Aranha / Macunaíma / Domingos Olím-
pio / Mário de Andrade / Cinza das horas;
b) Canaã / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo 
Quaresma / Monteiro Lobato / Manuel Bandeira / Eu e 
outras poesias;
c) Os sertões / Euclides da Cunha / Triste fim de Policarpo 
Quaresma / Lima Barreto / Augusto dos Anjos / Eu e 
outras poesias;
d) Urupês / Monteiro Lobato / Macunaíma / Mário de 
Andrade / Manuel Bandeira / Cinza das horas;
e) Canaã / Monteiro Lobato / Luzia-homem / Mário de 
Andrade / Manuel Bandeira / Cinza das horas.
07.02. (UPF – RS) – Leia as seguintes afirmações sobre três dos 
mais importantes autores da literatura brasileira e suas obras:
I. A obra poética de Gregório de Matos é feita barrocamente 
de fortes contrastes: sátira irreverente versus poesia de 
devoção e arrependimento; poesia obscena versus poesia 
de amor idealizado.
II. Cruz e Sousa é um romancista do período simbolista que 
representa e denuncia a injusta sociedade escravocrata 
do Brasil na sua época.
III. A obra Os sertões, de Euclides da Cunha, constitui um 
dos momentos altos do Pré-Modernismo porque dá 
uma visão agudamente crítica de um Brasil ainda arcai-
co, em linguagem dramaticamente expressiva, embora 
ainda distante das inovações que viriam a caracterizar a 
linguagem modernista.
Está correto apenas o que se afirma em
a) I e II
d) II e III
b) I e III
e) III
c) I
07.03. (URCA – CE) – Lima Barreto é um autor que se carac-
teriza por criar tipos
a) burgueses, ligados à cidade;
b) rústicos, ligados ao campo;
c) aristocratas, ligados ao campo;
d) aristocratas, ligados à cidade;
e) populares, ligados ao subúrbio;
07.04. (MACK – SP) – Sobre o Pré-Modernismo é incorreto 
afirmar que
a) sua prosa aproxima-se da realidade, expondo e denuncian-
do os contrastes e as mazelas socioeconômicas brasileiras.
b) é um período de transição das prosas realista e naturalista 
e das poesias parnasiana e simbolista para produção 
literária modernista brasileira.
c) são alguns de seus prosadores: Monteiro Lobato, Euclides 
da Cunha, Lima Barreto e Graça Aranha.
d) é uma escola literária brasileira que sofreu forte influência 
do estilo moderno da prosa portuguesa.
e) sua prosa retrata diferentes realidades brasileiras, dentre 
elas: os subúrbios cariocas, o interior paulista e o sertão 
nordestino.
Aula 07
7Português 4C
07.05. (UCS – RS) – Sobre a literatura brasileira na transição 
entre o final do século XIX e o início do século XX, é correto 
afirmar que
a) Aluísio Azevedo escreveu romances em que os seres 
humanos são determinados pela raça, pelo meio e pelo 
momento histórico, dada a influência do cientificismo.
b) Machado de Assis era tido como o maior escritor brasileiro, 
porque foi o primeiro a aderir ao Naturalismo e por ter 
fundado a Academia Brasileira de Letras.
c) Olavo Bilac, que retomou a estética romântica, era consi-
derado o Príncipe dos Poetas.
d) Os sertões, de Euclides da Cunha, foi a primeira obra 
naturalista do Brasil, pois nela se identificam as três raças 
em que se baseia a formação étnica brasileira.
e) Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens foramos prin-
cipais representantes do Simbolismo brasileiro, estética 
que uniu a objetividade científica ao rigor formal.
07.06. (UEPG – PR) – Texto:
As datas que assinalam o início e o fim de cada 
época devem ser entendidas apenas como mar-
cos. Toda época apresenta um período em que 
são lançadas novas propostas, um momento de 
aceitação e consolidação dessas propostas e um 
período em que essas ideias são questionadas por 
novas propostas.
De acordo com a afirmação sobre as estéticas literárias, algu-
mas produções literárias são consideradas como produção 
de transição ou precursoras de um novo estilo literário. Nesse 
contexto, assinale o que for correto:
01) Memórias de um sargento de milícias, de Manuel 
Antônio de Almeida, se distancia do ideal do Romantismo 
e se aproxima de certas posturas do Realismo.
02) A poesia social, de Castro Alves, possui tendências 
literárias da poesia nacionalista da primeira fase do 
Realismo brasileiro.
04) O guarani, de José de Alencar, se aproxima dos estilos 
de produção do Arcadismo, sendo precursor dessa 
estética literária.
08) O autor Olavo Bilac se distancia da forma de produção 
do Parnasianismo, sendo o precursor do Simbolismo.
16) Os sertões, de Euclides da Cunha, é uma importante 
obra do Pré-Modernismo.
Aperfeiçoamento
07.07. (UEPG – PR) – Sobre os autores brasileiros, assinale 
o que for correto: 
01) Machado de Assis e Monteiro Lobato defendiam em 
seus romances a figura do brasileiro sofrido, injustiçado 
e sem lugar na sociedade capitalista. A principal caracte-
rística desses autores é a descrição de todos os detalhes 
carregada de sentimentalismo que os caracteriza como 
escritores do Realismo-Naturalismo. 
02) Gregório de Matos, também conhecido como poeta Boca 
do Inferno, não foi reconhecido por suas poesias satíricas, 
mas por sua tendência lírica e religiosa. 
04) Castro Alves é o principal representante da terceira 
geração da poesia do Romantismo brasileiro, também 
conhecido como poeta dos escravos, por sua denúncia 
da problemática da escravidão. 
08) Gonçalves Dias, Aluísio de Azevedo e Visconde de Taunay 
são os principais representantes do romance regionalista 
do Romantismo. 
16) Misticismo e inconsciente são algumas das palavras que 
sintetizam as características simbolistas dos autores Cruz 
e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
07.08. (UPF – RS) – O aspecto que caracteriza o elemento 
renovador do Pré-Modernismo e que situa a literatura 
produzida nesse período como um prenúncio da literatura 
modernista é
a) o emprego das formas parnasianas;
b) o exotismo europeizante;
c) o interesse pela realidade brasileira;
d) a temática simbolista;
e) o Concretismo.
07.09. (UNIFESP) – Texto: 
É preciso ler esse livro singular sem a obses-
são de enquadrá-lo em um determinado gênero 
literário, o que implicaria em prejuízo parali-
sante. Ao contrário, a abertura a mais de uma 
perspectiva é o modo próprio de enfrentá-lo. A 
descrição minuciosa da terra, do homem e da 
luta situa-o no nível da cultura científica e his-
tórica. Seu autor fez geografia humana e socio-
logia como um espírito atilado poderia fazê-las 
no começo do século, em nosso meio intelectual, 
então avesso à observação demorada e à pesqui-
sa pura. Situando a obra na evolução do pensa-
mento brasileiro, diz lucidamente o crítico Antô-
nio Cândido: “Livro posto entre a literatura e a 
sociologia naturalista, esta obra assinala um fim 
e um começo: o fim do imperialismo literário, o 
começo da análise científica aplicada aos aspec-
tos mais importantes da sociedade brasileira (no 
caso, as contradições contidas na diferença de 
cultura entre as regiões litorâneas e o interior).”
Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado
O excerto trata da obra
a) Capitães da areia, de Jorge Amado;
b) O cortiço, de Aluísio de Azevedo;
c) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa;
d) Vidas secas, de Graciliano Ramos;
e) Os sertões, de Euclides da Cunha.
8 Semiextensivo
07.10. (MACK – SP) – Assinale a alternativa incorreta a res-
peito da produção literária de Monteiro Lobato:
a) Traços de suas crenças, de sua indignação e de sua 
ideologia são apresentados em sua produção literária 
tanto adulta quanto infantil.
b) Por meio da figura do caipira, “um Piraquara do Paraíba”, 
pretendeu retratar o atraso da região interiorana paulista 
do Vale do Paraíba.
c) Em sua obra infantil existe o convívio de personagens 
tipicamente brasileiros com personagens advindos da 
mitologia e da literatura universal.
d) A situação enfrentada pelos negros no período pós-
-escravidão brasileira também faz parte de sua temática.
e) Só passou a ser considerado um grande literato a partir 
da publicação do artigo “Paranoia ou mistificação”, em 
que critica a exposição de Anita Malfatti.
07.11. (MACK – SP) – Assinale a alternativa que não pode 
ser relacionada a Monteiro Lobato e sua obra:
a) “[...] aparece na literatura brasileira como o consolidador 
do romance, um ficcionista que cai no gosto popular. 
Por um lado sua obra é um retrato fiel de suas posições 
políticas e sociais: grande proprietário rural, nacionalista 
exagerado, escravocrata.” (José de Nicola)
b) “[...] sua ficção teve esse caráter; foi obra de imaginação, 
mas não perdeu de vista as carências do homem comum, 
denunciando-as em cores vivazes, não raro aprofundando 
as linhas da caricatura e da sátira.” (Guilhermino Cesar)
c) ”[...] foi um grande publicista quando escrevia seus livros 
da literatura infantil. Trata-se de um terreno em que nós 
podemos com o mais legítimo orgulho dizer que ele não 
se coloca aí apenas entre os maiores escritores brasileiros.” 
(José Guilherme Merquior)
d) “[...] sua prática literária foi, de certa forma, pioneira: ele 
inaugurou uma concepção de literatura que incluía a 
noção de livro como objeto sem aura, como linguagem, 
como texto, como mercadoria.” (Marisa Lajolo)
e) “[...] é considerado por vários críticos como um homem à 
frente de seu tempo. Acreditando na educação, no sani-
tarismo, na técnica profissionalizante, pensou caminhos 
para solucionar problemas sociais, políticos e econômicos 
do país.” (Lígia Militz da Costa)
07.12. (UNICISAL – AL) – O livro Os sertões foi publicado pela 
primeira vez em 1902 e recebeu grande atenção da crítica e 
do público. Leia o trecho a seguir e assinale a opção correta:
Canudos tinha muito apropriadamente, em roda, 
uma cercadura de montanhas. Era um parêntesis; 
era um hiato. Era um vácuo. Não existia. Transposto 
aquele cordão de serras, ninguém mais pecava.
Os sertões. São Paulo: Círculo do Livro, 1975. p. 444
a) Trata-se de um romance modernista, em que a personagem 
central, Fabiano, vive uma vida miserável no sertão nordes-
tino, em companhia de sua esposa e de seus dois filhos.
b) Este livro foi escrito por João Cabral de Melo Neto, escritor 
pernambucano, cuja obra aborda com frequência temas 
e personagens vinculados ao sertão nordestino.
c) O romance de Euclides da Cunha tem como centro um 
episódio da história brasileira, conhecido como a Guerra de 
Canudos, que ocorreu no sertão baiano, no final do século 
XIX, e tinha como principal líder Antônio Conselheiro.
d) É uma peça de teatro, na qual as personagens centrais são 
jagunços e fanáticos que enfrentam o exército brasileiro 
no sertão baiano.
e) O poema épico escrito por Euclides da Cunha, em versos 
decassílabos, é uma obra consagrada da literatura bra-
sileira e apresenta descrições muito líricas da paisagem 
nordestina, acentuando seus elementos fantásticos.
07.13. (UNICISAL – AL) – Triste fim de Policarpo Quares-
ma, romance de Lima Barreto lançado em 1911, é conside-
rado uma das obras mais significativas do Pré-Modernismo 
brasileiro. Nesse contexto, constata-se que
a) empreende uma crítica impiedosa aos costumes da 
sociedade carioca do começo do século XX, particular-
mente ao preconceito racial sofrido pelos praticantes 
da capoeira.
b) oferece, especialmente nas passagens em que Policarpo 
sugere a mudança do idiomabrasileiro para o Tupi, uma 
visão baseada na vasta experiência de Lima Barreto 
como professor de línguas indígenas no Amazonas.
c) dialoga diretamente com Memórias póstumas de 
Brás Cubas, romance de Machado de Assis, em que 
Brás Cubas também propõe uma mudança no idioma 
nacional, quando consegue ser eleito deputado.
d) opera, por meio das ideias extravagantes do Major 
Quaresma, uma problematização da ideia de naciona-
lidade, antecipando procedimentos críticos que seriam 
radicalizados depois da Semana de 22.
e) é o relato autobiográfico de Lima Barreto, uma vez que 
o escritor, assim como Policarpo Quaresma, acabou 
a vida num hospício depois de diversas tentativas 
de fazer as pessoas se conscientizarem das riquezas 
nacionais.
Aprofundamento
07.14. (UFPE) – Machado de Assis, Aluísio de Azevedo 
e Lima Barreto, em suas narrativas, retratam o Rio de 
Janeiro com foco em questões étnicas e sociais. Os dois 
primeiros representam a sociedade da segunda metade do 
século XIX, e o terceiro, as primeiras duas décadas do 
século XX. Em relação aos temas abordados por esses autores, 
analise as afirmações seguintes:
0) Machado de Assis revela-se, principalmente em seus 
romances da segunda fase, um profundo observador da 
sociedade carioca, ao criar personagens burguesas, como 
Brás Cubas, que se apresentavam vulneráveis e, por vezes, 
possuidoras de uma visão de mundo cética e pessimista. 
Aula 07
9Português 4C
1) Em Dom Casmurro, romance escrito, narrado e vivido 
por um autor-personagem, que pretende “atar as duas 
pontas da vida e restaurar na velhice a adolescência”, 
Machado de Assis retrata a burguesia carioca em seus 
mínimos detalhes e apresenta um triângulo amoroso 
explícito, composto por Capitu, Bento Santiago e Escobar, 
o melhor amigo da família. 
2) Em O Cortiço, Aluísio de Azevedo apresenta a cidade 
do Rio de Janeiro, através de um narrador que retrata a 
realidade do Cortiço, antiga estrutura habitacional. Nes-
ses ambientes, residiam pessoas de classes sociais mais 
humildes e de origens étnicas distintas. Assim, negros, 
mulatos e portugueses convivem no mesmo ambiente 
e por ele são influenciados. 
3) A ficção de Lima Barreto retrata o Rio de Janeiro do 
começo da República, em que personagens, como Poli-
carpo Quaresma, ao defenderem os fracos e injustiçados, 
terminam condenados pelo próprio sistema do qual 
participam. Além disso, o autor condena o preconceito 
contra negros e mulatos, moradores dos subúrbios ca-
riocas, no início do século XX. 
4) A produção romanesca dos três autores narra situações 
vividas por personagens pertencentes às mesmas classes 
sociais, tendo em vista essas personagens terem sido 
construídas com base em características de um mesmo 
movimento literário. 
07.15. (UFPE) – Monteiro Lobato, criador de obras em que 
aborda a realidade brasileira, é ora exaltado pela crítica, ora 
depreciado. Contudo, sua produção satisfaz as expectativas de 
crianças, jovens e adultos. Desenvolve temas e explora tipos 
do folclore nacional e as tradições indígena e africana. Chega, 
inclusive, a caracterizar a identidade do homem brasileiro pela 
sua etnia híbrida, ao criar o personagem Jeca Tatu. Com relação 
à obra de Lobato, considere as afirmações a seguir: 
0) Em Sítio do picapau amarelo, Monteiro Lobato reúne 
personagens, como Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, 
Pedrinho e Narizinho. Essa narrativa tornou conhecidas 
figuras do nosso folclore, como o Saci-Pererê. 
1) Urupês, coletânea de contos, contém 14 pequenas 
narrativas. Em algumas delas, o tema recai sobre o dia 
a dia do caboclo, personagem que, distante do mundo 
rural, sofre as durezas do cotidiano das cidades grandes, 
como a atitude dos que rejeitam sua condição étnica 
híbrida, de fusão do negro com o índio. 
2) Reinações de Narizinho é uma obra que tem como 
público-alvo as crianças. Apesar disso, existem nessa obra 
poucos elementos que remetem ao mundo infantil do 
cenário brasileiro. 
3) Além de Urupês, Reinações de Narizinho e Sítio do 
picapau amarelo, Lobato também escreveu Negrinha e 
O presidente negro, essas duas últimas obras destinadas 
a adultos. Em O presidente negro, Lobato aborda o tema 
da segregação racial. 
4) A produção de Lobato antecipa o Modernismo pela valori-
zação da cultura nacional, pela presença de tipos populares, 
de aspectos folclóricos e da etnia brasileira. Tais elementos 
permitem enquadrar esse autor na fase pré-modernista. 
07.16. (UFPE) – Ao se referir à obra de Euclides da Cunha, 
Alfredo Bosi declarou: “Os sertões são um livro de ciência e 
de paixão, de análise e de protesto: eis o paradoxo que assistiu 
à gênese daquelas páginas em que se alternam a certeza 
do fim das ‘raças retrógradas’ e a denúncia do crime que a 
carnificina de Canudos representou”. Tomando como foco 
características referentes a Os sertões e ao seu momento 
histórico, analise as proposições a seguir:
0) Tendo sofrido influência das teorias deterministas de 
seu tempo, Euclides, em Os sertões, analisa o sertanejo 
como sujeito determinado pelo espaço geográfico e 
pela raça. Isso permite inserir a obra no movimento 
naturalista, que, no Brasil, contou com a adesão de 
alguns grandes escritores. 
1) Em sua obra grandiosa, Euclides da Cunha, para chegar 
ao relato da luta travada em Canudos, percorre, com sua 
pena, o espaço inóspito que conduz ao local da chacina 
(no livro A terra) e envereda pela análise do homem 
dessa árida região (no livro O homem). 
2) Considerando o que diz Alfredo Bosi, é possível compre-
ender que, em Os sertões, Euclides da Cunha, defensor 
do governo republicano, justifica a matança em Canudos 
em razão de ser necessário pôr fim a uma raça atrasada.
3) Se, em Os sertões, Euclides da Cunha escreve com 
paixão, é possível identificar traços significativos do 
Romantismo, daí por que sua visão do sertão pouco se 
aproxima da realidade do sertão nordestino. 
4) Do ponto de vista literário, é tarefa complexa enquadrar 
Os sertões num determinado gênero literário, pois seu 
texto apresenta uma abordagem científica e histórica, 
mas num estilo que revela uma forma apaixonada e, por 
vezes, dramática de exprimir os acontecimentos, o que, 
para alguns, constituiria seu caráter literário. 
07.17. (UFPE) – Lima Barreto foi uma das figuras mais con-
traditórias e controvertidas da literatura brasileira do início 
do século XX. Sobre sua obra, podemos dizer o que segue:
0) Seu conto, o Homem que sabia javanês, é um relato 
mordaz sobre um trapaceiro que se passa por tradutor 
de um idioma exótico.
1) O autor foi um dos pioneiros no uso do estilo jornalístico 
na literatura. Com linguagem objetiva e informal, des-
creve com clareza e simplicidade o cotidiano das classes 
desfavorecidas, às quais pertencia.
2) Nos seus escritos, denuncia os problemas políticos e os 
preconceitos sociais de seu tempo, que ele, como mulato 
pobre, vivenciou.
3) Em seu livro mais famoso, Triste fim de Policarpo 
Quaresma, Lima Barreto foca a vida de uma personagem 
cujo nacionalismo beira a xenofobia. Por trás disso, faz 
uma grande crítica à política da República Velha.
4) O romancista transforma o Marechal Floriano Peixoto 
num grande herói nacional em Triste fim de Policarpo 
Quaresma, atribuindo-lhe um caráter magnânimo e 
superior.
10 Semiextensivo
07.18. (UEM – PR) – Assinale o que for correto sobre o 
Pré-Modernismo no Brasil e sobre seus principais autores:
01) Ao contrário do que o nome do movimento pode su-
gerir, o Pré-Modernismo não precede imediatamente o 
Modernismo em termos cronológicos, uma vez que seus 
principais autores produziram suas obras na terceira e na 
quarta décadas do século XIX.
02) Euclides da Cunha, em sua obra Os sertões, trata do 
conflito de Canudos e, para além da representação do 
embate entre as tropas do governo e os partidários de 
Antônio Conselheiro, traz um rico painel das dificuldades 
do povo sertanejo do Nordeste.
04) Na obra de Lima Barreto, o Pré-Modernismo brasileiro en-
controu terreno fértil paraa representação dos subúrbios 
cariocas, com os dramas de seus habitantes colocados em 
destaque. Além disso, temas como o racismo e o preconcei-
to não escaparam ao olhar crítico de sua produção literária.
08) Uma das obras mais ricas do Pré-Modernismo no Brasil 
é a de Monteiro Lobato. Embora muito conhecido por 
sua produção no âmbito da literatura infantil, o autor 
também esteve atento às questões decorrentes da 
decadência cafeeira, o que se traduziu em livros que 
tratam das cidades do interior paulista e de suas mazelas 
decorrentes dessa decadência.
16) Um fato marcante relacionado a autores do Pré- Moder-
nismo brasileiro foi a participação direta de Monteiro Lo-
bato nos primeiros momentos do Modernismo no Brasil. 
Embora com idade bastante avançada, Lobato apoiou os 
jovens modernistas, sendo, inclusive, homenageado na 
Semana de Arte Moderna de 1922. 
 
Discursivos
07.19. (UFU – MG) – Textos:
Pobre terra da Bruzundanga! Velha, na sua 
maior parte, como o planeta, toda a sua mis-
são tem sido criar a vida, e a fecundidade para 
os outros, pois nunca os que nela nasceram, os 
que nela viveram, os que a amaram e sugaram-
-lhe o leite, tiveram sossego sobre o seu solo!
Lima Barreto, Os Bruzundangas
Senhora Dona Bahia, 
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos Naturais,
E dos Estrangeiros madre.
Dizei-me por vida vossa,
em que fundais o ditame
de exaltar, os que aí vêm,
e abater, os que ali nascem?
Gregório de Matos, Poesias selecionadas
Lima Barreto e Gregório de Matos estão distantes, cronologicamente, na Literatura Brasileira. Mas os autores podem ser apro-
ximados pelo teor satírico que imprimiram às suas obras. Tome os fragmentos citados para responder às questões seguintes:
a) Fale sobre o tema que aproxima os dois textos.
b) Destaque do texto de Gregório de Matos um par de versos que tenha “uma figura de oposição” muito comum ao Barroco, 
classificando-a.
c) Aponte na prosa de Lima Barreto “uma figura de efeito sonoro” que seja comum ao gênero lírico, classificando-a.
Aula 07
11Português 4C
Instrução: A questão seguinte se baseia no trecho do romance Canaã, do escritor maranhense Graça Aranha (José Pereira 
da Graça Aranha, 1868-1931):
O agrimensor olhou a árvore.
– Faz pena – disse compassivo – botar tudo isso abaixo.
– Eu, por mim – acudiu Milkau, levado pelo mesmo sentimento –, preferiria um lote onde não fosse 
preciso esse sacrifício.
– Não há nenhum – respondeu Felicíssimo.
– O homem – notou Lentz a sorrir com ar de triunfo – há de sempre destruir a vida para criar a vida. E 
depois, que alma tem esta árvore? E que tivesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.
E Milkau disse com a calma da resignação:
– Compreendo bem que é ainda a nossa contingência essa necessidade de ferir a Terra, de arrancar do seu 
seio pela força e pela violência a nossa alimentação; mas virá o dia em que o homem, adaptando-se ao meio 
cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie, receberá a força orgânica da sua própria e pacífica 
harmonia com o ambiente, como sucede com os vegetais; e então dispensará para subsistir o sacrifício dos 
animais e das plantas. Por ora nos conformaremos com este momento de transição... Sinto dolorosamente 
que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa própria vida, e firo menos o que há de material nela do que o 
seu prestígio religioso e imortal na alma humana...
Enquanto os outros assim discursavam, Felicíssimo, no seu amor ingênuo à Natureza, mirava as velhas 
árvores, e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como os últimos afagos dados às vítimas do momento 
do sacrifício. Dentro da mata penetrava o vento da manhã e nas folhas passava brandamente, levantando um 
murmúrio baixo, humilde, que se escapava de todas as árvores, como as queixas surdas dos moribundos.
ARANHA, Graça. Obra completa. Rio de Janeiro: MEC-Instituto Nacional do Livro, 1969. p.106-107
07.20. (UNESP – SP) – No romance Canaã, publicado em 1902, defrontamo-nos com duas personagens de temperamentos 
bastante fortes, Lentz e Milkau, imigrantes alemães cujas concepções do homem e do mundo são opostas. Verifique com 
atenção a participação dessas duas personagens no trecho de Graça Aranha e, em seguida,
a) sintetize, com suas próprias palavras, os dois tipos de “homem”, ou seja, de comportamento do homem no mundo, defen-
didos, respectivamente, por Lentz e por Milkau;
b) mostre, com base no texto, que os fundamentos da consciência ecológica, hoje em dia bastante disseminados no mundo, 
já se encontram presentes nesse trecho de Canaã.
12 Semiextensivo
Gabarito
07.01. c
07.02. b
07.03. e
07.04. d
07.05. a
07.06. 17 (01,16)
07.07. 20 (04,16)
07.08. c
07.09. e
07.10. e
07.11. a
07.12. c
07.13. d
07.14. V – F – V – V – F
07.15. V – F – F – V – V
07.16. F – V – F – F – V
07.17. V – V – V – V – F 
07.18. 14 (02, 04, 08)
07.19. a) Ambos fazem crítica à realidade do 
país: a exaltação do estrangeirismo 
em detrimento do nacionalismo.
b) Em “exaltar” e “abater”, tem-se a antítese.
c) Pobre teRRa de BRuzundanga – (va-
riante brasileira) de “burundanga”. Tra-
ta-se da aliteração, ou seja, a repetição 
de sons consonantais.
07.20. a) Os dois imigrantes, Milkau e Lentz, 
são os personagens que defendem 
concepções de vida e de mundo de 
modo diferentes: Lentz preconiza a 
“lei da força”, com princípios voltados 
ao Darwinismo. Já para Milkau, a “lei 
do amor” deve prevalecer; é idealista 
e acredita na relação harmônica entre 
o homem e a natureza.
b) Um dos fundamentos da consciência 
ecológica está no respeito à preserva-
ção do meio ambiente. Comprova-se 
tal fato no diálogo inicial: “Faz pena 
(...) botar tudo isso abaixo”/ “... preferia 
um lote onde não fosse preciso esse 
sacrifício.”
13Português 4C
A Semana de Arte Moderna
Aula 08 4C
Português
 O cartaz oficial; autoria de Di Cavalcanti, posteriormente 
reconhecido como um dos maiores pintores brasileiros de 
todos os tempos.
Antes da Semana...
Na aula anterior, estudamos as Vanguardas Artísticas Europeias. Como 
vimos, essas novas concepções artísticas, nada convencionais, influenciaram 
vários autores brasileiros. A arte começava a mudar. Tudo indicava que 
haveria uma ruptura radical com os pressupostos artísticos vigentes até 
o momento. Essa ruptura ocorreria de fato em 1922, com a realização da 
Semana de Arte Moderna. 
Mas antes que a Semana ocorresse, tivemos vários acontecimentos mar-
cantes no panorama das artes no Brasil, que em certo modo contribuíram 
para a deflagração do Modernismo. Vejamos alguns desses acontecimentos, 
que representam uma espécie de “pré-história” do Modernismo brasileiro:
 1911 – Em colaboração com o paranaense Emílio de Menezes, Oswald 
de Andrade funda a revista de artes O Pirralho. Entre tantos, participam 
também da revista Juó Bananére, que satirizava monstros sagrados da poesia 
brasileira por meio de paródias, e Di Cavalcanti, jovem caricaturista e ilustra-
dor, que mais tarde seria considerado um dos maiores pintores brasileiros de 
todos os tempos. 
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Fu
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d
aç
ão
 B
ib
lio
te
ca
 N
ac
io
n
al
 1912 – Oswald de Andrade 
volta da Europa trazendo a novi-
dade do verso livre (sem métrica 
regular), influência do Futurismo 
italiano.
 1913 – O pintor Lasar Segall, 
judeu lituano, posteriormente 
naturalizado brasileiro, faz uma ex-
posição de pintura com tendências 
expressionistas, mas sem grande 
repercussão.
 1914 – A jovem pintora Anita 
Malfatti (1889-1964) regressa da 
Europa, onde estudava desde 1912. 
Faz uma pequena exposição, que 
não gera maiores repercussões.
 1915 – O escritor Ronald de 
Carvalho participa da revista por-
tuguesa Orpheu, marco inicial do 
Modernismo em Portugal.
 1917 – Este é o ano considera-
do “pré-histórico” do Modernismo 
brasileiro. Vários fatos importantes 
ocorreram nesse ano:
14 Semiextensivo
 • Publicação das seguintes obras: Há uma gota de 
sangue em cada poema (Mário de Andrade); A 
cinza das horas (Manuel Bandeira); Juca Mulato 
(Menottidel Picchia); Nós (Guilherme de Almeida). 
Era a discreta estreia de alguns poetas que teriam 
destaque maior a partir da Semana.
 • Di Cavalcanti realiza sua exposição de caricaturas em 
São Paulo.
 • O grande fato: Anita Malfatti havia regressado dos 
Estados Unidos no ano anterior. Por insistência 
de amigos, a jovem pintora de 28 anos faz uma 
exposição de suas obras, com algumas telas de 
colegas estrangeiros. Monteiro Lobato, crítico de 
artes plásticas do jornal O Estado de S. Paulo, escreve 
um artigo contundente, que ficou conhecido como 
“Paranoia ou mistificação?”, no qual faz várias críticas 
implacáveis a esse novo jeito de pintar que defor-
mava o real, fruto de influências estrangeiras que 
desagradavam a Lobato. O artigo provocou muita 
polêmica, dividindo opiniões. Consolida-se, a partir 
daí, um grupo de interessados em produzir uma arte 
renovadora. Acende-se o estopim para a explosão do 
Modernismo. Leiamos alguns pequenos trechos do 
artigo escrito por Monteiro Lobato:
Há duas espécies de artistas. Uma composta 
dos que veem normalmente as coisas e em con-
sequência disso fazem arte pura, guardando os 
eternos ritmos da vida, e adotados para a concre-
tização das emoções estéticas, os processos clás-
sicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é 
formada pelos que veem anormalmente a nature-
za, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob 
a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas 
cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) 
Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais 
das vezes com a luz do escândalo, e somem-se 
logo nas trevas do esquecimento.(...)
Estas considerações são provocadas pela expo-
sição da Sr.ª Malfatti, onde se notam acentuadíssi-
mas tendências para uma atitude estética forçada 
no sentido das extravagâncias de Picasso e com-
panhia. Essa artista possui um talento vigoroso, 
fora do comum. Poucas vezes, através de uma 
obra torcida para má direção, se notam tantas e 
tão preciosas qualidades latentes. (...) Entretanto, 
seduzida pelas teorias do que ela chama arte mo-
derna, (...) põe todo o seu talento a serviço duma 
nova espécie de caricatura. (...)
Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impres-
sionismo e tutti quanti não passam de outros ra-
mos da arte caricatural. É a extensão da caricatura 
a regiões onde não havia até agora penetrado.
 A boba, de Anita Malfatti (1889-1964), com tendências ex-
pressionistas
 1919 – Manuel Bandeira publica o livro de poemas 
intitulado Carnaval, no qual inclui o poema “Os sapos”, 
uma sátira aos parnasianos e ao Parnasianismo. Leiamos 
alguns trechos:
OS SAPOS
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
Em ronco que aterra, 
Berra o sapo-boi: 
– “Meu pai foi à guerra!” 
– “Não foi!” – “Foi !”– “Não foi!”. 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: – “Meu cancioneiro 
É bem martelado. 
 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
foi à guerra!
 – “Foi !”– “Não foi!”. 
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Foi ! Não foi! . 
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Aula 08
15Português 4C
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
(...)
Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas...” 
(...)
Brada em um assomo 
O sapo-tanoeiro: 
–A grande arte é como 
Lavor de joalheiro. 
(...)
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oesia, 
oéticas...”
ssomo 
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é como 
 1920 – Surge em evidência o jovem escultor Vítor 
Brecheret, que passara vários anos estudando na Europa. 
Vítor era considerado um gênio pelos artistas modernis-
tas, ávidos por suas concepções estéticas. 
 Monumento às Bandeiras, escultura de Vitor Brecheret, no Par-
que Ibirapuera, em São Paulo
 1921 – Também um ano agitado:
 • No início do ano, surge o Manifesto do Trianon 
(9 de janeiro), espécie de declaração das crenças 
modernistas.
 • Exposição do pintor Vicente do Rego Monteiro, 
no Rio de Janeiro.
 • Mário de Andrade escreve vários poemas de Pau-
liceia desvairada, livro que, como veremos em 
aulas futuras, seria considerado como a primeira 
obra do Modernismo no Brasil.
 • Em agosto, Mário de Andrade publica uma série 
de sete artigos críticos sobre os poetas parnasia-
nos. Nesses textos, entre outras ironias, afirma: 
“Malditos para sempre os Mestres do Passado!” 
 • Em novembro, ocorre uma exposição de Di 
Cavalcanti. Durante a mostra, o pintor conhece 
Graça Aranha, que retornava da Europa. E é nessa 
ocasião que surge a ideia de se realizar um gran-
de evento artístico.
Enfim, a Semana de Arte 
Moderna: as três noites 
que abalaram as artes 
nacionais
 Capa do catálogo da exposição da Semana, feito pelo também 
modernista Di Cavalcanti
(...) Semana de escândalos literários e artísti-
cos, de meter os estribos na barriga da burguesia-
zinha paulistana.
Di Cavalcanti
Graças ao apoio de políticos influentes e de milioná-
rios do café, viabiliza-se a realização da Semana de Arte 
Moderna. Local? O imponente Teatro Municipal de São 
Paulo. Data? De 13 a 17 de fevereiro de 1922, no ano do 
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16 Semiextensivo
centenário da independência do Brasil. Compreendia 
uma exposição com cerca de 100 obras de escultura e 
pintura no saguão do teatro, dispostas à visitação do 
público, e, como ponto alto, sessões literário-musicais 
em três noites. 
Ficaram expostas à visitação pública todas as cria-
ções artísticas que de um modo ou de outro refletiam as 
tendências inovadoras, as quais vinham manifestando-
-se desde os primeiros anos do século 20.
ELES PARTICIPARAM DA SEMANA
 • Na literatura: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, 
Graça Aranha, Menotti del Picchia, Ronald de Carvalho, 
Guilherme de Almeida, Agenor Barbosa, Ribeiro Couto, 
Plínio Salgado, Sérgio Milliet, Paulo Prado e outros.
 • Na pintura e escultura: Di Cavalcanti, Anita Malfatti, 
Vicente do Rego Monteiro, Vítor Brecheret, Zina Aita, John 
Graz, Ferrignac, Alberto Martins Ribeiro e outros.
 • Na música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, Ernani 
Braga e outros, incluindo alguns números de danças.
 • Na arquitetura: Antonio Garcia Moya e Georg Przymberel
AUSÊNCIAS NOTÁVEIS
Monteiro Lobato, Lima Barreto, Juó Bananére, Voltolino, 
entre outros.
Vejamos o que aconteceu nesses três dias.
Dia 13 (segunda) – boa estreia
Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas 
pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias 
pinturas e esculturas provocam reações de espanto e 
repúdio por parte do público. O espetáculo tem início 
com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada 
“A emoção estética na Arte Moderna”; leiamos o trecho 
de abertura dessa palestra:
Para muitos de vós, a curiosa e sugesti-
va exposição, que gloriosamente inaugura-
mos hoje, é uma aglomeração de “horrores”. 
Aquele Gênio supliciado*, aquele Homem 
amarelo*, aquele Carnaval alucinante*, aque-
la Paisagem invertida*, se não são jogos da 
fantasia de artistas zombeteiros, são segura-
mente desvairadas interpretações da natureza 
e da vida. Não está terminado vosso espanto. 
Outros “horrores” vos esperam. Daqui a pou-
co, juntando-se a esta coleção de disparates, 
uma poesia liberta, uma música extravagan-
te, mas transcendente, virão revoltar aqueles 
que reagem movidos pelas forças do Passado. 
Para estes retardatários a arte é ainda o Belo.
*Telas em exposição no saguão do Teatro Municipal de São Paulo.
A noitada prosseguiu com a conferência de Ronald 
de Carvalho e com a leitura de alguns poemas. Ainda 
nesta noite, houve três solos de piano de Ernani Braga 
e algumas peças de Villa-Lobos. Enfim, tudo transcorreu 
em certa calma nesse primeiro dia.
Dia 15 (quarta)– 
campo de batalha
O maior destaque deste 
dia era a pianista Guiomar 
Novaes.
Na abertura do espetáculo, 
uma palestra com Menotti del 
Picchia sobre a arte moder-
na, ilustrada com a leitu-
ra de poemas e trechos 
em prosa por Oswald de 
Andrade, Mário de Andra-
de e outros escritores, além de um número de dança 
de Yvonne Daumerie. Menotti apresenta ao público os 
novos escritores dos novos tempos, e surgem as vaias 
e os barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos), 
que se alternam e se confundem com aplausos. Seu 
discurso era uma exaltação do novo sobre o velho:
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petáculo, 
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Aula 08
17Português 4C
(...) Queremos luz, ar, ventiladores, aeropla-
nos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, 
chaminé de fábricas, sangue, velocidade, sonho, 
na nossa Arte! E que o rufo de um automóvel, nos 
trilhos de dois versos, espante da poesia o últi-
mo deus homérico, que ficou, anacronicamente, 
a dormir e a sonhar, na era do “jazz band” e do 
cinema, com a flauta dos pastores da Arcádia e os 
seios divinos de Helena!”
(...) Tudo isso – e o automóvel, os fios elétri-
cos, as usinas, os aeroplanos, a arte – tudo isso 
forma os nossos elementos da estética moderna, 
fragmentos de pedra com que construiremos, dia 
a dia, a Babel do nosso Sonho, no nosso desespe-
ro de exilados de um céu que fulge lá em cima, 
para o qual galgamos no nossa ânsia devoradora 
de tocar com as mãos as estrelas.
Em meio à confusão, Guiomar Novaes toca algumas 
peças mais modernas, mas, contra a vontade dos demais 
artistas, aproveitou um momento do espetáculo para 
tocar alguns clássicos, iniciativa aplaudida pelo público.
E o clima esquenta ainda mais: Ronald de Carvalho 
lê o poema intitulado “Os sapos”, de Manuel Bandeira, 
numa crítica aberta ao modelo parnasiano. O público 
faz coro, atrapalhando a leitura do texto: alguns imitam 
animais, outros repetem o refrão do texto. O espetácu-
lo dessa noite acaba em algazarra, insultos, arremessos 
de legumes e frutas no palco, brigas, para vergonha de 
alguns e alegria de outros, que viam a confusão como 
um marketing às ideias modernistas.
Dia 17 (sexta)
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Foi o dia mais tranquilo, com metade da lotação 
do teatro. Houve um longo concerto de Villa-Lobos 
(1887-1959), com a participação de vários músicos. 
O público, em número reduzido, comportava-se mais 
respeitosamente, exceto quando o maestro Villa-
-Lobos entra em cena de casaca, mas com um pé cal-
çado com um sapato, e outro com chinelo; o público 
interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e 
vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro 
explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de 
um calo inflamado...
Balanço da semana
Passada a Semana, como podemos avaliá-la? Bem, 
para a época imediata, a Semana foi um verdadeiro 
fracasso, pois nem o público nem a crítica entenderam 
ou aceitaram as propostas renovadoras apresentadas. 
Entretanto, a Semana, ao longo de nossa história, foi 
adquirindo grande valor, pois propôs novos rumos para 
a arte brasileira, que nunca mais foi a mesma.
Além disso, a Semana também representou a 
independência cultural brasileira, pois despertou a 
consciência artística nacional para a produção de uma 
arte mais comprometida com as coisas do país, ainda 
que influenciada por concepções artísticas estrangeiras.
Enfim, o Modernismo brasileiro tem início com a rea-
lização da Semana, possuindo como princípios estéticos 
fundamentais:
 • O direito permanente à pesquisa estética;
 • Atualização da inteligência artística brasileira;
 • Estabilização de uma consciência criadora 
nacional.
Estudaremos as implicações desses princípios nas 
próximas aulas, além de conhecermos a divisão didática 
proposta para tal estética, em 3 gerações:
 • 1ª. Geração (1922-1930)
 • 2ª. Geração (1930-1945)
 • 3ª. Geração (1945-1960)
 Heitor Villa-Lobos: nosso maior compo-
sitor erudito de todos os tempos não foi 
compreendido nem admirado durante a 
Semana de Arte Moderna.
18 Semiextensivo
Testes
Assimilação
08.01. (UNIOESTE – PR) – Com base nos três depoimentos 
abaixo, assinale a alternativa que faz alusão a um fato mar-
cante, caracterizado através da perspectiva de três de seus 
integrantes:
1. Bruta sacudidela nas artes nacionais! (Mário de Andrade)
2. [...] foi o primeiro protesto coletivo que se ergueu no Brasil 
contra esses fantoches do passado. (Paulo Prado)
3. A inquietação brasileira, fatigada do velho regime e de 
velhas fórmulas que a rotina transformara em lugar co-
mum, buscava algo novo, mais sinceramente nosso, mais 
visceralmente brasileiro. (Menotti del Picchia)
a) Abolição da escravatura;
b) Independência literária, via independência política;
c) Criação da Imprensa Nacional;
d) Fundação da Academia Brasileira de Letras;
e) Semana de Arte Moderna.
08.02. (UERN) – A Semana de Arte Moderna, ou Semana de 
1922, marcou a entrada do Modernismo artístico e literário no 
Brasil. Em 22/02/1922, A Gazeta publicou a seguinte notícia:
Ao público chocado diante da nova música to-
cada na Semana, como diante dos quadros expos-
tos e dos poemas sem rima (...): sons sucessivos, 
sem nexo, estão fora da arte musical: são ruídos, 
são estrondos; palavras sem nexos estão fora do 
discurso: são disparates como tantos e tão cabe-
ludos que nesta semana conseguiram desopilar os 
nervos do público paulista [...].
A Gazeta em 22-02-1922: In Emília Amaral e outros. Cit. Pág. 67
O teor de tal repercussão demonstra 
a) uma “demolição” das convenções estéticas tradicionais;
b) uma retomada da estética parnasiana, considerada 
superficial;
c) a modernidade urbana introduzida pelo crescimento 
industrial; 
d) a relevância de aspectos nacionalistas vistos na quebra 
de antigos paradigmas. 
08.03. (MACK – SP) – Assinale a alternativa que completa 
corretamente as lacunas:
A artista, criticada por ________, em texto conhecido como 
________, apresentava características ________.
a) Oswald de Andrade – Manifesto antropofágico – realistas;
b) Monteiro Lobato – Paranoia ou mistificação? – ex-
pressionistas;
c) Mário de Andrade – Prefácio interessantíssimo – sur-
realistas;
d) Graça Aranha – O espírito moderno – impressionistas;
e) Mário de Andrade – Mestres do passado – cubistas.
08.04. (PUCPR) – Ano decisivo para o Modernismo brasileiro 
é 1917, já que nele aparecem produções que iriam revolucio-
nar a arte literária brasileira. Da lista abaixo, o que apareceu 
pela primeira vez em 1917?
a) Wilson Martins: O Modernismo e Mário da Silva Brito: 
Antecedentes da Semana de Arte Moderna;
b) Monteiro Lobato: Urupês e Manuel Bandeira: Carnaval;
c) Anita Malfatti: Homem amarelo e Mulher de Cabelos 
Verdes e Di Cavalcanti: Carnaval;
d) Mário de Andrade: Pauliceia desvairada e Graça 
Aranha: Canaã;
e) Menotti del Picchia: Juca Mulato e Manuel Bandeira: A 
cinza das horas.
08.05. (UNIPAR – PR) – A Semana de Arte Moderna de 
1922, que reuniu em São Paulo escritores e artistas, foi um 
movimento
a) de renovação das formas de expressão com a introdução 
de modelos norte-americanos.
b) influenciado pelo cinema internacional e pelas ideias 
propagadas nas universidades de São Paulo e do Rio de 
Janeiro.
c) de contestação aos velhos padrões estéticos, às estruturas 
mentais tradicionais e um esforço de repensar a realidade 
brasileira.
d) desencadeado pelos regionalismos nordestino e gaúcho, 
que defendiam os valores tradicionais.
e) de defesa do Realismo e do Naturalismo contra as velhas 
tendências românticas.
Aperfeiçoamento
08.06. (UFAC) – A Semana de Arte Moderna (1922), expres-
são de um movimento cultural que atingiu todas as nossas 
manifestações artísticas, surgiu de uma rejeição ao chamado 
colonialismo mental, pregava uma maior fidelidade à reali-
dade brasileira e valorizava sobretudo o regionalismo. Com 
isso, pode-se dizer que
a) o romance regional adquiriu característicasde exaltação, 
retratando os aspectos românticos da vida sertaneja.
b) a escultura e a pintura tiveram seu apogeu com a valori-
zação dos modelos clássicos.
c) o movimento redescobriu o Brasil, revitalizando temas 
nacionais e reinterpretando a nossa realidade.
d) os modelos arquitetônicos do período buscaram sua 
inspiração na tradição do barroco português.
e) a preocupação dominante dos autores foi com retratar os 
males da colonização.
POÉTICA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem-comportado
Do lirismo funcionário público com livro de pon-
to expediente protocolo e manifestações de apre-
ço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar 
no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos uni-
versais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de ex-
ceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do 
amante exemplar com cem modelos de cartas e as 
diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Aula 08
19Português 4C
08.07. (UFRGS) – Assinale a alternativa correta sobre a Se-
mana de Arte Moderna:
a) A Semana de Arte Moderna, liderada por intelectuais e políticos 
paulistas, foi o evento que coroou o Modernismo Brasileiro, 
com a publicação de Macunaíma, de Mário de Andrade.
b) O Modernismo foi um movimento isolado, ocorrido na 
cidade de São Paulo, sem repercussão nacional. 
c) A briga entre Graça Aranha e Anita Malfatti serviu de 
inspiração para a concepção da Semana. 
d) A prática dos manifestos, muito comum nas vanguardas 
europeias, foi repetida pelos modernistas, como forma de 
veicular seus ideais estéticos e sociais. 
e) As vanguardas europeias, por seu caráter destruidor e 
localista, são copiadas e seguidas pelos artistas brasileiros, 
como Monteiro Lobato, Murilo Mendes e Raul Bopp.
Instrução: Texto para as próximas 3 questões:
08.08. (ESPM – SP) – Sobre o poema acima, verdadeiro 
manifesto dos ideais revolucionários do Modernismo de 22, 
só não é possível afirmar que 
a) repudia os modelos de correção técnica dos parnasia-
nos: obrigatoriedade do verso “fita métrica”, da rima e da 
pontuação perfeitas. 
b) critica a contenção lírica, a postura protocolar e burocrá-
tica na poesia. 
c) condena o preciosismo vocabular e, indiretamente, o 
sentido frio da palavra em estado de dicionário. 
d) rejeita os moldes sentimentais “fabricados” pela perspec-
tiva, já tão desgastada, do Romantismo. 
e) censura, já desde o início, pelo título, as teorias de versi-
ficação em vigor.
08.09. (ESPM – SP) – Com o verso: “Abaixo os puristas”, 
Bandeira critica os autores exagerados em matéria de pureza 
da linguagem escrita e falada. Baseado nisso, poderiam ser 
listados os seguintes nomes: 
a) Eça de Queirós, Machado de Assis e Raul Pompeia;
b) Rui Barbosa, Olavo Bilac e Coelho Neto;
c) Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga;
d) Gregório de Matos e Padre Antônio Vieira;
e) José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida e Joaquim 
Manuel de Macedo.
08.10. (ESPM – SP) – O poeta só não critica o lirismo
a) libertador e espontâneo, sem repressões e sem censura, 
com barbarismos universais. 
b) de fórmula matemática (“tabela de cossenos”) ou com 
regras preestabelecidas (“cem modelos de carta”). 
c) bajulatório e formal do clientelismo político (“manifesta-
ções de apreço ao sr. diretor”). 
d) político de amor à Pátria e de engajamento. 
e) raquítico e sifilítico: de apego à solidão, ao ambiente 
noturno, ao “mal do século”.
08.11. (UNICISAL – AL) – O Modernismo brasileiro foi um 
movimento muito importante em nossa história cultural, pois 
diversas artes estavam articuladas. Em busca da renovação 
da arte nacional, escritores, artistas plásticos, romancistas, 
poetas, compositores participaram da Semana de Arte 
Moderna, em 1922, a fim de apresentar, ao público, suas 
propostas. Considerando-se as informações abordadas no 
texto, pode-se inferir que
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
– Não quero mais saber do lirismo que não é liber-
tação.
Manuel Bandeira, in: Libertinagem
20 Semiextensivo
a) Oswald de Andrade e Villa-Lobos, entre outros, participa-
ram ativamente desse movimento.
b) as propostas foram aplaudidas pela maior parte do pú-
blico, que desejava uma revolução nas artes.
c) o Modernismo defendia uma falsa renovação artística, que 
se limitava apenas a copiar modelos europeus.
d) apenas artistas e escritores de São Paulo adotaram as 
ideias do Modernismo brasileiro.
e) a renovação modernista era elitista, com linguagem 
grandiloquente e valorização da correção gramatical.
08.12. (IFSP) – A Semana de Arte Moderna de 1922 trouxe, 
como importante consequência para a sociedade, 
a) o desprezo pelos movimentos de vanguarda, a exem-
plo do Cubismo e do Expressionismo, pois os ideais 
propostos não correspondiam à realidade brasileira. 
b) a preferência por temas ligados a fatos históricos 
consagrados, narrados de forma idealizada e em total 
obediência às exigências da língua padrão. 
c) o estabelecimento de regras rígidas e definidas para 
a criação poética e para a narrativa, agrupando, dessa 
forma, as diferentes correntes artísticas daquele mo-
mento. 
d) a percepção de que os modelos artísticos europeus 
deveriam ser substituídos pelos dos EUA, já que esse 
país despontava como nação líder. 
e) a conscientização dos brasileiros sobre a riquíssima 
cultura de nosso país, sobretudo a popular, que até 
então era discriminada pelas elites.
Aprofundamento
08.13. (UFTM – MG) – São dados do contexto sócio-histórico 
do Modernismo brasileiro, que se refletem nos temas e na 
linguagem literária do período:
a) Êxodo dos habitantes dos grandes centros urbanos; 
eclosão da Primeira Guerra Mundial; ascensão das oli-
garquias rurais;
b) Difusão de ideias anarquistas e socialistas; primitivismo e 
vivência nacional; unidade e coerência ideológica;
c) Crise econômica; filosofia conservadora; religiosidade e 
misticismo em alta;
d) Crescimento urbano e industrial; acentuado fluxo de 
imigração; emergência do operariado;
e) Deslocamento do operariado urbano para a cultura 
canavieira do Nordeste; conformismo político; ideias 
comunistas.
08.14. (UFPE) – Em 29 de janeiro de 1922, O Estado de 
S. Paulo noticiava: “Por iniciativa do festejado escritor, 
Sr. Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em 
S. Paulo uma ‘Semana de Arte Moderna’, em que tomarão 
parte os artistas que, em nosso meio, representam as mais 
modernas correntes artísticas”. Considerando o significado 
histórico dessa semana, bem como seus desdobramentos, 
examine as proposições a seguir:
0) Com o pretexto de comemorar o centenário da Inde-
pendência do Brasil, a Semana de Arte Moderna foi um 
acontecimento da e para a burguesia, que arregimentou 
artistas para a subversão estética.
1) O engajamento político está entre as linhas prioritárias 
do projeto modernista de 22; em segundo plano, a 
desintegração das linguagens tradicionais, a adoção das 
conquistas de vanguarda e a busca da identidade nacio-
nal, o que mais preocupava Oswald de Andrade: “Nós, os 
brasileiros, quem somos? Qual a nossa identidade?”
2) Na Semana de 22, ocorreram conferências sobre a arte 
moderna, apresentações de músicas e de declamações 
literárias que ilustravam as teses dessa nova proposta es-
tética. A adesão entusiasta por parte do público significou 
o sucesso do projeto modernista.
3) Nos anos que se seguiram a 1922, os modernistas do Rio 
de Janeiro e de São Paulo fundaram revistas e lançaram 
manifestos, os quais, com o propósito de explicar e justi-
ficar as obras que eram produzidas ao longo da década, 
iam delimitando os subgrupos, portadores de nuanças 
estéticase ideológicas precisas.
4) Mais de uma década depois, os próprios artistas que 
participaram do evento convergem na opinião de que 
a Semana de 22 foi um acontecimento realizado com 
bases teóricas e filosóficas seguras, o que teria garantido 
a implantação do Modernismo de forma amadurecida e 
consequente.
08.15. (UEL – PR) – O texto a seguir apresenta uma crítica 
feita por Monteiro Lobato, publicada em 1917, por ocasião 
da exposição de Anita Malfatti:
Todas as artes são regidas por princípios imu-
táveis, leis fundamentais que não dependem do 
tempo nem da latitude. As medidas de propor-
ção e equilíbrio, na forma ou na cor, decorrem 
do que chamamos sentir. Quando as sensações do 
mundo externo transformam-se em impressões 
cerebrais, nós “sentimos”; para que sintamos de 
maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou 
que a harmonia do universo sofra completa alte-
ração, ou que o nosso cérebro esteja em “pane” 
por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a 
percepção sensorial se fizer normalmente no ho-
mem, através da porta comum dos cinco senti-
dos, um artista diante de um gato não poderá 
“sentir” senão um gato, e é falsa a “interpretação” 
que do bichano fizer um “totó”, um escaravelho, 
um amontoado de cubos transparentes.
LOBATO, M. Paranoia ou mistificação?
Aula 08
21Português 4C
Com base no texto, é correto afirmar que, para este autor,
 I. A arte moderna é fruto da distorção cognitiva de seu 
criador.
 II. A arte moderna é uma imitação do mundo visível.
 III. As leis fundamentais da arte são: proporção, equilíbrio 
de forma e cor.
 IV. A harmonia do universo ampara a arte moderna.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas 
corretas:
a) I e II
d) I, II e IV
b) I e III
e) II, III e IV
c) III e IV
18.16. (UFPR) – Texto:
A ambição do grupo [modernista] era grande: 
educar o Brasil, curá-lo do analfabetismo letrado, 
e, sobretudo, pesquisar uma maneira nova de ex-
pressão, compatível com o tempo do cinema, do 
telégrafo sem fio, das travessias aéreas interconti-
nentais.
Boaventura, M. E. A Semana de Arte Moderna e a crítica contemporâ-
nea: vanguarda e modernidade nas artes brasileiras
Conforme o trecho acima e os conhecimentos sobre a Se-
mana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo brasileiro 
subsequente, é correto afirmar:
a) A Semana de 1922 marcou o Modernismo inspirado em 
vanguardas europeias, buscando uma nova arte com 
uma identidade brasileira experimental, miscigenada, 
antropofágica e cosmopolita. O movimento celebrava o 
progresso da nação, simbolizado pelo desenvolvimento 
da cidade de São Paulo.
b) A Semana foi o grande marco da arte moderna brasilei-
ra, caracterizando-se pela busca por uma imitação do 
Surrealismo e do Cubismo, realizada por acadêmicos 
em constante contato com os artistas europeus.
c) A Semana de 1922 somou-se ao regionalismo nor-
destino para mostrar as raízes da cultura brasileira, 
recusando qualquer interferência da arte estrangeira. 
Os modernistas fizeram, com isso, uma forte crítica à 
modernização e à alfabetização brasileira.
d) Monteiro Lobato e Mário de Andrade lideraram a Sema-
na de 1922, que teve o intuito de aliar as produções mais 
recentes no campo da música, literatura e artes plásticas 
futuristas com as obras tradicionalistas da arte brasileira.
e) Os modernistas passaram a se organizar, depois da Se-
mana de 1922, para efetivar uma arte revolucionária nos 
moldes do realismo soviético, pois acreditavam na cons-
cientização da população para uma mudança no poder.
08.17. (UEM – PR) – Mário de Andrade, Oswald de Andrade, 
Menotti del Picchia, Pagu, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos 
foram, entre outros, alguns nomes que, na primeira metade 
do século passado, integraram um importante movimento 
artístico e intelectual que ficou conhecido como Movimento 
Modernista. Assinale a(s) alternativa(s) que corresponde(m) 
àquela época fundamental da vida cultural brasileira:
01) Um tema recorrente entre os modernistas de diferentes 
posturas ideológicas era a valorização das heranças 
dos povos negros e indígenas que contribuíram para a 
formação da sociedade brasileira.
02) Muitos artistas plásticos buscaram inspiração em lendas 
e em crenças tradicionais da população brasileira para 
comporem suas obras.
04) Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil) e Gilberto 
Freyre (Casa-grande e senzala) mostraram o interesse 
dos modernistas em compreender as origens remotas 
dos problemas sociais e políticos do Brasil Moderno.
08) O forte impacto da imigração alemã e italiana nos estados 
da Região Sul motivou os modernistas a enfatizarem os 
ideais nazistas e fascistas como mecanismos de integração 
daqueles estrangeiros ao modo de vida brasileiro.
16) Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, influenciados pelas 
tendências modernas da pintura europeia, dedicaram 
algumas de suas obras fundamentais à unidade e à 
variedade da população brasileira.
08.18. (UEM – PR) – Leia o trecho a seguir e assinale o que 
for correto:
A Semana foram três dias (13, 15 e 17 de 
fevereiro de 1922) somente. Mas bastou para 
sacudir a velha cultura brasileira. Os jovens 
modernistas exibiram-se no Teatro Municipal: 
o público os recebeu com relinchos, cacarejos, 
latidos, uivos, batatas, rabanetes e ovos podres. 
(Cinco anos antes já houvera uma violenta rea-
ção contra o Modernismo. Monteiro Lobato, no 
auge de seu prestígio, escreveu, em O Estado de 
S. Paulo, um artigo violento contra a exposição 
moderna da pintora Anita Malfatti. O artigo era 
cruel até no título: “Paranoia ou mistificação?”) 
As famílias paulistanas arrancaram os cabelos de 
indignação. Então aquilo era arte? Era. Arte dos 
novos tempos, dos novos grupos sociais em as-
censão.
SANTOS, Joel Rufino. 
01) Trata-se de um movimento essencialmente brasileiro e 
que não recebeu influência da cultura europeia.
02) Por meio das representações artísticas, os modernistas 
exaltavam a importância da cultura brasileira.
04) Os participantes do movimento modernista recu-
savam-se a abordar temas relacionados à realidade 
brasileira da época.
08) Apesar de serem considerados “modernistas”, excluíam 
a participação das mulheres no movimento.
16) Na sua essência, o Modernismo foi um movimento 
renovador no contexto brasileiro, pois propunha mu-
danças na estética da cultura brasileira dos anos 1920.
22 Semiextensivo
Discursivos
Instrução: Texto para a próxima questão:
CASO ANITA MALFATTI
O “caso” Anita Malfatti chegou-nos envolto em tanta carga emocional que é hoje quase temerário tentar 
encará-lo com objetividade. Para as gerações modernistas e pós-modernistas, ela seria (...) a ”protomártir 
da arte moderna no Brasil”, enquanto Monteiro Lobato, autor de um artigo muito mais violento pelo título 
do que pelo conteúdo, passaria a simbolizar todas as incompreensivas forças da reação. (...) Mário da Silva 
Brito, na sua indispensável História do modernismo brasileiro, escreve que Lasar Segall, por ocasião de sua 
primeira mostra, em 1913, foi otimamente tratado pela imprensa; o mesmo aconteceu com Anita Malfatti, 
que, à parte a truculenta manifestação de Lobato, sempre encontrou nos periódicos conservadores uma larga 
margem de simpatia. 
(...) Mesmo o artigo de Lobato foi lido mais no título provocativo e polêmico do que no texto, onde será 
difícil apontar o que não se contenha dentro dos limites normais de uma crítica desfavorável; esse artigo, 
em todo caso, não é mais incompreensivo e sarcástico do que as gargalhadas de Mário de Andrade quando, 
antes dele [Monteiro Lobato], visitou a exposição pela primeira vez. Também não corresponde à realidade a 
imagem corrente de um Monteiro Lobato investindo cegamente contra toda arte moderna. (...)
MARTINS, Wilson. A ideia modernista
08.19. Responda:
a) O que foi o “Caso Anita Malfatti”?
b) Por seu comportamento no referido “caso”, como Monteiro Lobato tem sido retratado?
c) De acordo com o texto, a opinião corrente sobre Monteiro Lobato, a de um inimigo do Modernismo, corresponde

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