Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO – CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL – 3º SEMESTRE. ACADÊMICO MATHEUS MACHADO ESTUDO DIRIGIDO 2 1. Explique as relações entre a economia mineradora e a integração do centro-sul do Brasil colônia. A atividade econômica do Brasil nessa época era baseada no modelo agropastoril, com grandes monocultores, principalmente de cana de açúcar. Já que, ao contrário dos espanhóis, que se basearam nos metais preciosos em suas colônias americanas, no Brasil isso só se teve no século XVIII, no interior do território. No território brasileiro a mineração foi dada pelo processo de desbravamento do interior da colônia pelas entradas e bandeiras, ou seja, expedições armadas que saíram da capitania de São Paulo rumo ao sertão. Em 1696, uma dessas encontrou jazidas de ouro em Minas Gerais, na região das montanhas, onde se deu início a ocupação do Vale do ouro Preto. Vale ressaltar também que a Coroa Portuguesa passou a fiscalizar de uma maneira diferente essa nova atividade. Além de potencializarem as tensões entre a colônia e a metrópole, a mineração também trouxe certa dinamicidade na economia interna. Outras atividades como a pecuária e a agricultura cresceram nas regiões de mineração e imprimiram outra dinâmica na economia do país, já que o foco das atividades se iniciou nos centros urbanos para só depois, com a decadência da mineração, se voltar para o campo. 2. Para Celso Furtado, o período entre o final do século XVIII e primeiras décadas do oitocentos foi um momento de falsa euforia, explique o porquê? Furtado cita que no último quartel do século XVIII houve um declínio expressivo na economia, tanto açucareira quanto áurea, tanto que gerou um grande impacto na economia geral. O eixo açucareiro da interligava-se sutilmente à pecuária nordestina e ao núcleo do ouro, os quais provinham da região Sul (SP até RS). Já na região norte dois centros independentes estavam se desenvolvendo, um no Maranhão (possuía uma ligação sucinta com a região açucareira por intermédio da periferia pecuária) e um no Pará (focado no extrativismo). Dentre todos, o que teve o maior avanço nos últimos vinte e cinco anos desse século foi o Maranhão, principalmente motivado pelo investimento de Pombal. E vale destacar também que exceto o Maranhão, todas as demais regiões passavam por sérias dificuldades econômicas. Acontecimentos políticos externos que impactaram na economia brasileira. Com a elevada demanda de algodão durante a guerra, somada a crescente evolução do desenvolvimento industrial, resultou no desenvolvimento do nordeste, juntamente com o maranhão, investimento para produção deste material. Esse momento prospero vivido era passageiro, pois todas essas economias estavam baseadas em momentos de instabilidades políticas, que conforme iam se reestabelecendo passavam a depender menos desse mercado. 3. (CESPE/UNB - IRBr). Em capítulo de seu Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado critica as interpretações que enfatizam a ausência de uma política governamental protecionista como causa do atraso relativo, na primeira metade do século XIX, da industrialização brasileira em relação à dos Estados Unidos: “As observações anteriores põem em evidência as dificuldades criadas indiretamente, ou agravadas, pelas limitações impostas ao governo brasileiro nos acordos comerciais com a Inglaterra firmados entre 1810 e 1827. Sem embargo, não parece ter fundamento a crítica corrente que se faz a esses acordos, segundo a qual eles impossibilitaram a industrialização do Brasil nessa etapa, retirando das mãos do governo o instrumento do protecionismo. Observando atentamente o que ocorreu na época, comprova-se que a economia brasileira atravessou uma fase de fortes desequilíbrios (...). Se se houvesse adotado, desde o começo, uma tarifa geral de 50% ad valorem, possivelmente o efeito protecionista não tivesse sido tão grande como resultou ser com a desvalorização da moeda”. Celso Furtado. Confronto com o Desenvolvimento dos Estados Unidos, cap. XVIII. In: Formação Econômica do Brasil. Com base nas teses de Celso Furtado, disserte sobre outros fatores responsáveis pelo relativo atraso brasileiro. No caso, a partir do momento que a família real já estava em terras brasileiras, uma parceria entre o Brasil e a Inglaterra fez com que o nosso país se limitasse a vender apenas para a Inglaterra, porém eles não revendiam os produtos comprados, ou seja, havia um baixo fluxo de mercadoria no acordo comercial e isso não era nem um pouco vantajoso para o brasil já que assim a Inglaterra comprava apenas o que era necessário para fazer crescer o seu mercado interno e exportar os seus próprios produtos. Vale ressaltar também que a abolição da escravidão contrariou totalmente as ideias dos cafeicultores, já que o trabalho assalariado era menos vantajoso. 4. Explique as dificuldades e a solução apontada para o problema da falta de mão de obra, segundo Celso Furtado. A sistema escravista continuou sendo rentável no setor cafeeiro até o início de 1880 e isso teria sido uma das causas do expressivo aumento da absorção da mão de obra escrava pelo novo setor de expansão da economia brasileira a partir do século XIX. Com isso, a mão de obra escrava no setor cafeeiro foi extremamente representativa por mais de meio século antes da chegada massiva dos imigrantes da Europa. Em 1823, cerca de 39% dos escravos localizavam-se em províncias cafeeiras do Sudeste. Em 1872 esse número subiu para 59% e 1886/1887 chegou a 67%. No entanto, já em meados da década de 1870, tornou-se claro para alguns líderes políticos do setor cafeeiro que, do ponto de vista de maximização dos retornos dos fazendeiros, eles enfrentavam um potencial problema de oferta de mão de obra. Tal problema de mão de obra estava relacionado diretamente com as possibilidades de enfrentar as relações de um novo mercado de trabalho surgido com o fim da escravidão. De fato, podemos imaginar que enquanto o fim da escravidão vinha se dando de forma gradual, os seus efeitos mitigadores sobre a pressão por salários reais crescentes também estavam ocorrendo da mesma forma, cada dia menor. Portanto, não tivesse sido pela escravatura os fazendeiros teriam sido obrigados a pagar mais rapidamente a seus trabalhadores salários ao nível de seu custo de oportunidade, ou seja, a renda que os trabalhadores livres poderiam obter em suas melhores ocupações alternativas. O problema de mão de obra foi efetivamente resolvido com a imigração europeia, que permitiu a expansão firme da cafeicultura em São Paulo. 5) Explique quais são as diferenças fundamentais entre a classe dirigente (classe empresária) da economia cafeeira e da economia açucareira na defesa dos seus interesses econômicos, políticos e sociais? - Classe dirigente da economia cafeeira, cuja influência no governo já era decisiva, não demonstrasse nenhum interesse em subsidiar uma imigração que nada contribuiria para solucionar o problema da mão-de-obra em suas plantações e que com ela viesse concorrer no mercado do café. -Na classe dirigente açucareira, as atividades comerciais eram monopólio de grupos situados em Portugal ou na Holanda. As fases produtiva e comercial estavam rigorosamente isoladas, carecendo os homens que dirigiam a produção de qualquer perspectiva de conjunto da economia açucareira. As decisões fundamentais eram todas tomadas partindo da fase comercial. Assim isolados, os homens que dirigiam a produção não puderam desenvolver uma consciência clara de seus próprios interesses. Com o tempo, foram perdendo sua verdadeira função econômica, e as tarefas diretivas passaram a constituir simples rotina executada por feitores e outros empregados. Compreende-se, portanto, que os antigos empresários hajam involuído numa classe de rentistas ociosos, fechados numpequeno ambiente rural, cuja expressão final será o “patriarca bonachão” que tanto espaço ocupa nos ensaios dos sociólogos nordestinos do século XX. A economia cafeeira formou-se em condições distintas. Desde o começo, sua vanguarda esteve formada por homens com experiência comercial. Em toda a etapa da gestação os interesses da produção e do comércio estiveram entrelaçados. A nova classe dirigente formou-se numa luta que se estende em uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento de mão-de-obra, organização e direção dá produção, transporte interno, comercialização nos portos, contatos oficiais, interferência na política financeira e econômica. A proximidade da capital do país constituía, evidentemente, uma grande vantagem para os dirigentes da economia cafeeira. 6. “...o fato de maior relevância ocorrido na economia brasileira no último quartel do século XIX, foi sem lugar à dúvida, o aumento da importância relativa do setor assalariado”. Explique os fatos que levaram Celso Furtado a fazer tal afirmativa. Aumentou a possibilidade de grandes desequilíbrios externos, para Furtado a introdução do trabalho assalariado tende a separar as decisões e as próprias importações das exportações, passa a existir uma espécie de “delay” entre as oscilações nas exportações e as oscilações nas importações configurando a possibilidade de desequilíbrios externos. Provocou sérias crises de liquidez, revelando a inadequação da oferta monetária às novas circunstâncias, mas efetivamente com o trabalho assalariado, a massa de salários para Furtado constituirá o núcleo de dinamismo de um mercado interno, existe o aumento de transações monetizadas e a demanda por moeda, frente a uma oferta relativamente inelástica. Desorganizou a produção cafeeira, para Furtado a expansão do mercado interno, que justamente pode ocorrer em função do crescimento do trabalho assalariado, foi condição importante para o desenvolvimento da indústria. 7. Explique a gestação da cafeicultura segundo o modelo explicativo de Celso Furtado. A empresa cafeeira permite a utilização intensiva da mão-de-obra escrava, e nisto se assemelha à açucareira. Entretanto, apresenta um grau de capitalização muito mais baixo do que esta última, porquanto se baseia mais amplamente na utilização do fator terra. Organizada com base no trabalho escravo, a empresa cafeeira se caracterizava por custos monetários ainda menores que os da empresa açucareira. Por conseguinte, somente uma forte alta nos preços da mão-de-obra poderia interromper o seu crescimento, no caso de haver abundância de terras. A etapa de gestação da economia cafeeira é também a de formação de uma nova classe empresária que desempenhará papel fundamental no desenvolvimento subsequente do país. Essa classe se formou inicialmente com homens da região. O abastecimento desse mercado passou a constituir a principal atividade econômica dos núcleos de população rural que se haviam localizado no sul da província de Minas como reflexo da expansão da mineração. O comércio de gêneros e de animais para o transporte desses constituía nessa parte do país a base de uma atividade econômica de certa importância, e deu origem à formação de um grupo de empresários comerciais locais. Muitos desses homens, que haviam acumulado alguns capitais no comércio e transporte de gêneros e de café, passaram a interessar-se pela produção deste, vindo a constituir a vanguarda da expansão cafeeira. 8. Analise os efeitos da desvalorização cambial, no período da economia cafeeira, sobre as diferentes classes assalariadas e proprietários. A desvalorização de cambio estimulava novos plantios de café. É importante considerar a característica do produto no mercado internacional da época, o café apresentava uma demanda com baixa elasticidade-preço, ou seja, um preço baixo não era traduzido num aumento da demanda, reduzindo significativamente as receitas obtidas na comercialização do produto em períodos de expansão da oferta. Sendo assim, a desvalorização da moeda doméstica beneficiava os exportadores de café, mas prejudicava o restante da população dado o encarecimento (em moeda doméstica) dos produtos importados. Apesar de o efeito da desvalorização sobre o preço do produto e, consequentemente sobre a oferta ser menor quando se considera o impacto da desvalorização nos fatores, a desvalorização cambial estimulou a produção, ao tornar os produtos mais competitivos no mercado externo. Assim, na cultura do café, o câmbio desvalorizado estimulou a produção e aumentou a demanda de insumos, o que elevou a geração de empregos no campo. Afinal, temos uma ambiguidade acerca dos efeitos serem definidos como positivos ou negativos em relação à desvalorização do câmbio.
Compartilhar