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www.esab.edu.br
Metodologia do 
Trabalho Cientí�co
Metodologia do Trabalho 
Científico
Vila Velha (ES)
2013
Diretoria Executiva
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Margarete Lazzaris Kleis
Thiago Kleis Pereira
Conteudista
Simone Regina Dias
Coordenação de Projeto
Andreza Lopes
Patrícia Battisti
Supervisão de Design Educacional
Barbara da Silveira Vieira
Supervisão de Revisão Gramatical
Andréa Borges Minsky
Supervisão de Design Gráfico
Laura Martins Rodrigues
Design Educacional
Renata Oltramari
Revisão Gramatical
Elaine Monteiro Seidler
Érica da Silva Martins Valduga
Hellen Melo Pereira
Paulo de Tarso Vieira
Design Gráfico
Neri Gonçalves Ribeiro 
Diagramação
Fernando Andrade
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Acadêmico
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Curso de Administração EAD 
Rosemary Riguetti
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Claudio David Cari
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
David Gomes Barboza
Produção do Material Didático-Pedagógico
Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral 
Nildo Ferreira
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio 
básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, 
a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-
graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado 
Campus Online.
Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da 
portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi 
autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, 
conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.
Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, 
sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.
Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); 
Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na 
modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.
Você já deve estar se perguntando: o que vamos aprender nesta disciplina? Pois bem, 
será uma prazerosa descoberta sobre assuntos muito discutidos entre pesquisadores e 
acadêmicos: a metodologia do trabalho científico.
Esta disciplina possui um caráter instrumental, visando a atividade científica dos 
estudantes. Mas o que significa ciência? E o conhecimento, como se constrói? Já 
sabemos que para o ensino ter eficácia e qualidade precisa de uma pedagogia 
fundada em uma postura investigativa. E um de nossos objetivos é despertar isso em 
você! Ou seja, despertar a vontade de pesquisar e colocá-lo em contato com algumas 
ferramentas que podem ajudá-lo nesse processo. Para tanto, trabalharemos com os 
autores Magalhães (2005), Máttar Neto (2011), Severino (2007) e Vergara (2007).
As ideias abordadas ao longo deste caderno de estudo podem se constituir em 
eficiente ferramenta para a realização das pesquisas e da estruturação do trabalho 
acadêmico-científico na área de conhecimento do curso que você escolheu.
Por fim, destaca-se que este caderno de estudo pretende subsidiar uma competente 
preparação técnico-científica, auxiliando no enfrentamento das diversas empreitadas 
ao longo de seu processo de formação. 
Bom estudo!
Equipe Acadêmica da ESAB
Objetivo
O nosso objetivo é formar profissionais qualificados que compreendam o processo 
de formação do conhecimento científico, habilitando-os tecnicamente para o 
exercício da pesquisa.
Competências e habilidades
• Reconhecer a dinâmica da pesquisa, verificando as diretrizes metodológicas e
técnicas para a elaboração do trabalho científico, ao contemplar suas etapas, seus
aspectos redacionais e suas diversas modalidades, no amplo contexto da vivência
acadêmica.
• Identificar o impacto das tecnologias da comunicação e da informação nos
processos de produção do conhecimento.
• Empregar os procedimentos da metodologia científica para elaboração de
trabalhos técnico-científicos.
• Elaborar os diversos tipos de trabalhos acadêmico-científicos, aplicando as normas
da ABNT.
Ementa
Tipos de conhecimento e ciência. A ciência moderna e o contexto sociocultural. 
Tipos de Trabalhos Científicos. Metodologia de Pesquisa. Relatório de Pesquisa. 
Normatização de Trabalhos Científicos.
Sumário
1. O que é e para que serve o conhecimento?......................................................................6
2. Tipos de conhecimento .................................................................................................12
3. O que é ciência? ............................................................................................................19
4. Pesquisa científica .........................................................................................................24
5. Sociedade da informação ..............................................................................................28
6. Classificação das ciências ..............................................................................................32
7. Continuidades e descontinuidades ................................................................................38
8. Ciência, técnica e tecnologia .........................................................................................46
9. Produção científica: fichamento ....................................................................................51
10. Produção científica: resenha crítica ...............................................................................58
11. Produção científica: artigo científico .............................................................................63
12. Produção científica: monografia, dissertação e tese ......................................................70
13. Para que serve a metodologia científica? ......................................................................77
14. Em torno do método: indução e dedução ......................................................................83
15. Pesquisa quantitativa ....................................................................................................90
16. Pesquisa qualitativa ......................................................................................................94
17. Projeto de pesquisa: finalidades e estrutura ..................................................................99
18. Projeto de pesquisa: elaboração ..................................................................................105
19. Projeto de pesquisa: finalização ..................................................................................111
20. Resultados da pesquisa: a divulgação .........................................................................116
21. Estrutura do trabalho científico: elementos pré-textuais e textuais ............................120
22. Estrutura do trabalho científico: elementos pós-textuais ............................................125
23. Citações.......................................................................................................................128
24. Elaboração das Referências .........................................................................................133
Glossário ............................................................................................................................142
Referências ........................................................................................................................151
www.esab.edu.br 6
1 O que é e para que serveo conhecimento?
Objetivo
Explicitar o conceito de conhecimento e identificar suas 
aplicabilidades.
Caro aluno, antes de começarmos a trabalhar o conteúdo desta 
disciplina, vamos refletir sobre o motivo de sua existência logo no 
início do curso. Você vai perceber a inter-relação entre as unidades, 
que remetem umas às outras. Isso acontece porque os termos que 
abordaremos a seguir possuem uma relação muito próxima, e é preciso 
compreender como se estrutura esta equação entre conhecimento, 
pesquisa e o processo de ensino/aprendizagem.
Severino (2007) nos auxilia nessa tarefa quando explica que a atividade 
de ensinar e aprender está intimamente vinculada ao processo de 
construção do conhecimento, pois ele é a implementação de uma 
equação de acordo com a qual educar – ou seja, ensinar e aprender 
– significa, entre outros, conhecer; e, por sua vez, conhecer significa
construir o objeto; enquanto construir o objeto significa pesquisar.
Então, não podemos adotar uma postura passiva no ato de assimilar o 
conhecimento. Pelo contrário, o que esperamos de você, nesta etapa de 
formação, ao ingressar no Ensino Superior, é que o conhecimento seja 
construído pela experiência ativa. 
O conhecimento humano é tema que instiga o pensamento e nos faz 
sempre refletir de forma diferente diante da história e dos acontecimentos 
contemporâneos. É impossível estudar a metodologia de pesquisa sem 
antes entender as formas de investigar seu principal ator: o ser humano. 
A forma como nos comportamos e vivemos em sociedade induz ao 
aparecimento de tendências de comportamento modificadas devido 
www.esab.edu.br 7
à sua própria evolução. Essa dinâmica move a ciência a estudar e 
descobrir questionamentos que não podem ser explicados apenas pela 
presença dos fatos.
Se considerarmos o conhecimento como a construção do objeto que 
se conhece, concluiremos que a atividade de pesquisa é fundamental 
e imprescindível no processo de ensino/aprendizagem. E é por isso 
que Severino (2007) sustenta que ensino e aprendizagem só serão 
motivadores se o seu processo se der como processo de pesquisa. Então, 
em última instância, o que conta agora não é mais a capacidade de 
decorar e memorizar centenas de dados, fatos, datas, noções, mas sim a 
competência de entender, refletir, articular e analisar as informações, os 
fatos e as noções, estabelecendo interligações entre as coisas aprendidas. 
Trata-se, pois, de apreender processos. 
Tendo isso em mente, perguntamos a você: como surgiu o 
conhecimento? Qual a sua origem?
A produção do conhecimento é um tema polêmico, já que divergem 
as perspectivas sobre sua origem. O ser humano atribui a origem do 
conhecimento a fontes variadas, tais como: 
• revelação, inspiração divina, graça;
• autoridade, tradição, opinião de especialistas;
• senso comum;
• lógica dedutiva e indutiva;
• observação sensorial;
• pesquisa científica.
A busca pelo conhecimento tem início com a preocupação em saber ao 
certo qual seria o lugar do ser humano no universo. Inicialmente, pode-se 
pensar que a busca pelo conhecimento ou a produção do conhecimento 
ocorre no momento em que se buscam respostas sobre a origem do ser.
Mas o que significa conhecer? Trata-se de incorporar um conceito novo 
sobre um fato ou fenômeno qualquer. Sabemos que o conhecimento não 
nasce do vazio, mas sim das experiências que acumulamos em nossa vida 
www.esab.edu.br 8
cotidiana, por meio dos relacionamentos interpessoais, das vivências, das 
leituras etc. 
O que nos distingue dos demais animais é justamente o fato de que 
somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento. Sim, 
somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos 
meios, em uma situação de mudança do conhecimento. E por meio da 
linguagem registramos e transmitimos nossas experiências aos outros 
seres humanos. O conhecimento pode ser entendido ainda como a 
relação que se estabelece entre sujeito que conhece ou deseja conhecer e o 
objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer.
Enquanto o conhecimento é percebido como o acúmulo de informações 
de cunho intelectual, como o domínio acerca de determinado assunto, a 
ciência pode ser compreendida como o conhecimento racional metódico, 
relativamente verificável e sistemático, que visa estabelecer relações 
necessárias entre as coisas. 
Então, vale a pena fazermos a distinção entre conhecimento e 
informação. Vejamos: uma enciclopédia em si não acarreta um processo 
de conhecimento em aberto, tendo em vista que ela não costuma 
passar de um repositório de informações já pesquisadas, previamente 
processadas. Já o ato de conhecer é um processo que exige que nela 
ocorra o ato que leva um sujeito a utilizá-la com o propósito de 
conhecimento (MAGALHÃES, 2005).
Se a informação isolada é um dado, a informação em rede é o 
pressuposto do conhecimento. Ou seja, é preciso estabelecer relações, dar 
sentido, articular, apurar o senso crítico para promover as conexões.
Magalhães (2005) explica que mesmo um conhecimento já existente 
no acervo da humanidade, ao ser reelaborado por uma pessoa que o 
desconhecia, parece novo, de forma que podemos admitir que esse 
processo também faz parte da criação. E o conhecimento como processo 
é justamente o que se deseja para a atividade escolar. Em vez de decorar e 
de aceitar noções sem crítica, é fundamental pensarmos em criatividade 
no aprendizado, dando sentido à apreensão do conhecimento.
www.esab.edu.br 9
1.1 Voltando às origens
No Oriente, a invenção do conhecimento foi tarefa da filosofia e da 
religião. A maioria das religiões orientais não apresenta uma distinção 
clara entre filosofia e religião. Xintoísmo, budismo, bramanismo 
são alguns exemplos das religiões orientais nas quais não se percebe 
claramente a diferença entre ensinamentos religiosos e filosóficos, sendo 
partes de uma unidade. No Ocidente, somente quando a Europa se 
livrou do longo pesadelo das guerras religiosas e se estabeleceu numa 
vida de exploração comercial e industrial foi que a ciência começou a ser 
incorporada (MÁTTAR NETO, 2011).
Como afirma Máttar Neto (2011), o mundo medieval era passivo e 
simbólico, enxergando na natureza a assinatura do Criador. Então, 
o que se viu nessa trajetória da humanidade foram passos lentos de 
invenções e inovações, até chegarmos ao pensamento racional, que surge 
simultaneamente com a escrita, diminuindo a importância da memória e 
audição das sociedades míticas.
Portanto, o berço da busca pelo conhecimento é a Grécia Antiga, onde 
teve início a separação que conhecemos no Ocidente entre religião e 
filosofia, apesar de civilizações anteriores a esta já terem apresentado 
consideráveis realizações científicas. Surge, assim, a primeira dicotomia 
que acompanha a humanidade ocidental até hoje. 
A dicotomia consiste na classificação pautada na divisão e subdivisão 
sucessiva em dois, geralmente opostos. E tratar as relações com a dicotomia 
do isso ou aquilo, de oposição, é operar na dualidade, na divisão.
Para alguns estudiosos, a filosofia terá um peso classificatório maior 
do que a religião porque a sua preocupação é com a busca do saber, e 
isso seria a coisa mais importante a ser feita. Por outro lado, a religião 
ficaria responsável pelas questões espirituais. E então surgiu uma nova 
divisão entre mente, que representa a consciência, e espírito ou alma, que 
representa a inconsciência.
O filósofo grego Platão, em um de seus escritos publicados em “A 
República”, apresenta a “alegoria da caverna”. Ele menciona o mito de 
www.esab.edu.br 10
uma caverna escura onde os habitantes, acorrentados de costas para o sol, 
veem apenas suas próprias sombras – e as sombras do mundo – projetadas 
na parede, iluminada por uma fogueira, que por sua vez ilumina ainda um 
palco em que estátuas dos seres, como homens, plantas, animais etc., são 
manipuladas, como que representando o cotidiano desses seres. De onde 
estão, os habitantes da caverna não conseguem discernir entre o ilusório 
e o real, e todo o conhecimentodo mundo exterior decorre apenas das 
sombras. Somente quando um dos prisioneiros consegue se libertar e 
olhar para a realidade iluminada pelo sol é que compreende, de fato, o 
que eram as projeções na parede. Isso nos remete à seguinte reflexão: os 
prisioneiros somos nós que, conforme nossas tradições diferentes, hábitos 
diferentes, culturas diferentes, estamos acostumados com as noções sem 
que delas reflitamos para fazer juízos corretos, mas apenas acreditamos e 
usamos como nos foi transmitido.
Para sua reflexão
Então, perguntamos a você: pode existir um 
conhecimento independente das opiniões, um 
conhecimento verdadeiro e não dogmático? 
As respostas a essas reflexões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
Figura 1 – A alegoria da caverna.
Fonte: Alexandre Oliveira (2012).
www.esab.edu.br 11
Outro questionamento que pode ter surgido ao longo desta leitura é 
o seguinte: mas, afinal, para que serve o conhecimento? Poderíamos 
responder com algumas alternativas:
•	 autoconhecimento: ou seja, para se conhecer melhor;
•	 conhecimento da realidade: conhecer o mundo que nos cerca, 
entendendo os fenômenos;
•	 visão utilitarista: uso do conhecimento para se beneficiar. 
Mas podemos e devemos ir além dessas respostas. Já sabemos que o ser 
humano costuma usar o conhecimento para reagir ao meio e, se possível, 
transformá-lo. 
E é importante que você perceba que o conhecimento só adquire sentido 
para a humanidade na medida em que contribui para incrementar 
sua capacidade de fruir a vida e para diminuir o sofrimento humano. 
E isso fornece um sentido mais amplo às descobertas. A partir dessa 
compreensão e da percepção das divisões iniciais em relação ao 
conhecimento, começaram a acontecer outras, que transformaram a 
nossa compreensão sobre o termo. Passamos a fazer distinções entre o 
conhecimento filosófico, o conhecimento teológico, o conhecimento 
empírico e o conhecimento científico, assunto de nossa próxima unidade. 
www.esab.edu.br 12
2 Tipos de conhecimento
Objetivo
Apresentar os tipos de conhecimento, verificando suas inter-relações.
A metodologia científica praticada atualmente se pauta por articular 
os rigores da produção científica às mudanças da sociedade do 
conhecimento. Na apresentação da disciplina, já nos referimos às áreas de 
conhecimento. 
Ali, afirmamos que a metodologia científica aplicada a cada situação 
varia de acordo com as premissas de cada área do conhecimento porque 
cada área respeita suas regras internas e a sua própria história. Assim, as 
pesquisas ligadas às áreas de humanidades sempre tenderão a ser mais 
qualitativas e menos quantitativas, enquanto que nas áreas de exatas, 
aplicadas e da saúde o uso das formulações quantitativas são mais 
recorrentes.
2.1 O tácito e o explícito na sociedade do 
conhecimento
Vamos começar nossa unidade distinguindo dois níveis de conhecimento: 
o tácito e o explícito.
O conhecimento tácito emerge da experiência cotidiana aliada às leituras 
e interpretações das mais diversas teorias. Essa confluência entre teoria e 
prática e a experiência pessoal de cada indivíduo não ajuda no processo 
de ensino e aprendizagem, pois se trata de um conhecimento que pode 
ser observado e entendido na prática vivenciada pela pessoa. Trata-se 
daquele que se obtém ao longo da vida e, desse modo, passa a fazer parte 
da vida das pessoas. Usualmente é complicado explicar a mecânica desse 
processo, isso porque se trata de um conhecimento subjetivo, sendo 
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inerente às habilidades de uma pessoa, como “saber fazer” (know-how) 
alguma coisa. A palavra tácito vem do latim tacitus, que significa “não 
expresso por palavras” (MAGALHÃES, 2005).
Assim, podemos entender o conhecimento tácito como um conjunto de 
procedimentos práticos que podem ser observados, não sendo necessário 
que exista uma pedagogia explicativa sobre como a pessoa faz aquilo. Quer 
um exemplo? Pense no caso de sua mãe ou avó, se for o caso, que cozinha 
de uma forma magistral, apesar de nunca ter feito um curso de culinária. 
Perceba que se trata de conhecimento subjetivo, não mensurável, de difícil 
captura e transmissão e, por isso mesmo, muito valioso.
O conhecimento explícito é de mais fácil compreensão, visto que ele é 
composto de experiências que podem ser replicadas, transformando-se 
rapidamente em um método (MAGALHÃES, 2005).
Esse método pode ser de longa duração, ou seja, servir por muito tempo, 
ou pode ser de curta duração, perdendo seu sentido depois de alguns 
meses ou anos. Sendo um sistema que permite o aprendizado de forma 
escrita ou imagética, atribui-se a esse tipo de conhecimento a característica 
de ser objetivo. As formas mais comuns do conhecimento explícito 
são os manuais, documentos e procedimentos, onde se sistematizam as 
informações, propondo, por exemplo, um método de trabalho.
Vejamos a famosa escultura de Auguste Rodin, intitulada “O pensador”, 
na qual o artista representa a figura de Dante Alighieri. Essa escultura 
simboliza o poder do pensamento e da criatividade humana.
www.esab.edu.br 14
Figura 2 – “O pensador”, de Auguste Rodin.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
O conhecimento humano nos dias de hoje está classificado em 
quatro níveis principais, os quais são denominados: conhecimento 
popular, conhecimento religioso, conhecimento filosófico e, por 
fim, o conhecimento científico. Cada um desses níveis apresenta seus 
argumentos para dar conta de explicar o surgimento do homem, do 
mundo e de toda forma de conhecimento que nele habita. 
Nesta unidade, esse assunto será tratado de maneira conceitual e 
genérica, com exceção do conhecimento científico, que será contemplado 
com maior profundidade em outras unidades, pois nele está a base desta 
disciplina.
www.esab.edu.br 15
2.2 Conhecimento popular, vulgar ou empírico: o 
senso comum
O conhecimento popular envolve as opiniões não comprovadas, ou 
seja, as experiências do dia a dia. Sua aquisição, em geral, não se pauta 
em estudos e pesquisas. E não existe uma preocupação em estabelecer 
relações significativas entre os fatos nem em interpretá-los.
Possui como características o fato de ser reflexivo, assistemático, verificável, 
falível e inexato. Podemos dizer que é reflexivo, mas está limitado 
pela familiaridade com o objeto, então não pode ser reduzido a uma 
formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na premissa 
de que possui uma organização particular das experiências do sujeito 
cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma 
formulação geral que explique os fenômenos observados. É verificável na 
medida em que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo 
que se pode perceber no cotidiano. E, por fim, consideramos falível e 
inexato haja vista que se conforma com a aparência e com o que se ouviu 
dizer a respeito do objeto (MÁTTAR NETO, 2011).
O senso comum é um tipo de conhecimento que se passa de geração a 
geração. Por exemplo, no passado os agricultores aprenderam a dominar 
as técnicas de plantio, de colheita e de beneficiamento dos produtos 
agrícolas se baseando exclusivamente na observação da natureza. Qual é o 
melhor período para plantar? Qual é o melhor período para colher? Qual 
é a época do ano que chove mais? Qual é a época mais seca? Enfim, ao 
longo de algumas gerações, a observação da natureza acabou ensinando 
os primeiros agricultores a dominarem todo o processo de cultivo das 
plantas utilizadas em nossa dieta.
Pense na seguinte situação como exemplo: um pescador vigilante, do alto 
da encosta, sabe identificar o momento exato em que um cardume entra na 
baía para que possa sair com seu barco pesqueiro para o mar. Ele pode ser 
analfabeto, morador de uma vila isolada dos grandes centros e não dispor 
de recursos de informação e tecnologia. A sua sabedoria fundamenta-se 
justamente na sua experiência cotidiana, herdada de seus antepassados ao 
observar o movimento das águasdo mar e a direção do vento. 
www.esab.edu.br 16
2.3 Conhecimento religioso, ou teológico
Saiba que o conhecimento religioso parte do princípio de que as verdades 
nas quais se acredita são infalíveis ou indiscutíveis, posto que se trata de 
revelações da divindade. 
Sua adesão ocorre em função da fé das pessoas. Desse modo, não se 
coloca em dúvida nem há necessidade de se verificar sua veracidade. As 
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis, como já se afirmou; 
trata-se de um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, 
finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências 
não são verificadas, já que está sempre implícita uma atitude de fé 
perante um conhecimento revelado.
Note que, quando se acredita na representação mítica do mundo, pode 
ser considerada religião. O ato de acreditar na representação mítica 
significa ter fé em “verdades” registradas em livros sagrados ou reveladas 
por seres considerados iluminados, profetas, santos. Já as formas de 
institucionalização das religiões, como templos, símbolos e rituais, não 
garantem que necessariamente os indivíduos tenham uma consciência 
religiosa.
2.4 Conhecimento filosófico
E o conhecimento filosófico, a que se refere? Podemos caracterizá-lo 
como um diálogo contínuo com os filósofos precedentes, pautando-
se em raciocínios lógicos e sem obrigação de vínculo com a realidade. 
Cabe destacar que no início as diferenças entre filosofia e ciência não 
eram muito evidentes, já que os primeiros filósofos foram também os 
primeiros cientistas.
Como afirma Máttar Neto (2011), a Filosofia é a ciência-mãe, da qual 
foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que 
mais tarde se especializaram e se tornaram independentes. 
É por intermédio da razão que se busca analisar ideias, estabelecer 
relações conceituais. Veja que, nesse caso, o método empregado na 
www.esab.edu.br 17
construção desse tipo de conhecimento é o racional, predominando o 
processo dedutivo que precede a experiência, não exigindo confirmação 
experimental, mas apenas coerência lógica (MÁTTAR NETO, 2011). 
Desse modo, podemos dizer que o conhecimento filosófico é valorativo, 
já que seu ponto de partida consiste em hipóteses que não poderão ser 
submetidas à observação. Em função disso, não é verificável, já que 
os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados 
nem refutados. É também racional, em virtude de consistir em um 
conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Possui ainda a 
característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a 
uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de 
apreendê-la em sua totalidade. 
Cabe ainda acrescentar que os dois sistemas mais importantes que 
construíram o sustentáculo do saber filosófico são os seguintes: o 
idealismo e o materialismo, que surgiram, respectivamente, nos 
pensamentos de Platão (427-347 a.C.) e de Aristóteles (384-322 a.C.), 
filósofos que continuam dialogando com os pensadores contemporâneos.
2.5 Conhecimento científico 
Do mesmo modo que o filosófico, o conhecimento científico é racional, 
mas este possui a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da 
realidade. 
Perceba que o conhecimento científico surge da necessidade de o ser 
humano querer saber como os fenômenos ocorrem, em vez de apenas 
aceitá-los passivamente. Com esse tipo de conhecimento, começamos a 
perceber o porquê de vários fenômenos naturais e, desse modo, temos 
condições de intervir nos acontecimentos ao nosso redor. 
Sabemos que ele surge não apenas da necessidade de encontrar soluções 
para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de 
fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por 
meio de provas empíricas.
www.esab.edu.br 18
Máttar Neto (2011) explica que o ciclo do conhecimento científico 
inclui a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o 
teste dessas teorias e seu aperfeiçoamento. 
Mas é preciso ter em mente que a ciência, tal como a conhecemos hoje, 
é uma criação dos últimos trezentos anos. E ela teve pleno êxito na 
era moderna, propiciando avanços tecnológicos e progressos nas mais 
diversas áreas. Sabemos que a técnica serviu de base para a indústria, por 
exemplo, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.
Trata-se de um assunto instigante, não é mesmo? Então, vamos descobrir 
o que é ciência, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento do 
método científico. Veja melhor esta discussão na próxima unidade. 
www.esab.edu.br 19
3 O que é ciência?
Objetivo
Contemplar a discussão sobre as ciências.
A civilização grega está na base do processo de consolidação da ciência 
na cultura ocidental. Foi lá que Aristóteles (384-322 a.C.) inventou o 
primeiro método científico que a humanidade conheceu. O método 
indutivo-dedutivo foi uma criação dos gregos que ainda é utilizado hoje 
em dia.
Aristóteles afirmava que a investigação científica se tratava de uma 
progressão de observações que formulavam um princípio geral, que 
servia, por sua vez, para que voltássemos às observações.
Segundo esse método, o cientista precisa induzir alguns princípios dos 
fenômenos a serem explicados. Depois disso, era necessário deduzir 
afirmações sobre os fenômenos, incluindo as premissas. Parece confuso, 
mas de forma simples podemos dizer que tudo pode ser resumido assim: 
o cientista parte da observação de um fenômeno; a seguir, ele formula 
uma premissa chamada de indução; depois, o cientista elabora um ou 
alguns princípios gerais; munido desses princípios gerais, o cientista 
retorna às observações para validar ou não a sua teoria. Abordaremos esse 
assunto mais adiante, em outra unidade.
Saiba que os gregos foram os primeiros a separar os saberes científicos 
das outras formas de saber. Entre as formas de saber que ficaram de fora 
do saber científico, estão os saberes mundanos (ou senso comum) e os 
saberes ligados às religiões, conforme já estudamos.
A principal diferença entre os saberes se encontra na capacidade 
de o fenômeno poder ser explicado e/ou comprovado por meio de 
uma teoria. Os fenômenos religiosos, por exemplo, não precisam ser 
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explicados nem comprovados, pois a crença neles se baseia em nossa fé. 
A fé não necessita de comprovação. Já vimos também que outro saber 
que não se baseia na comprovação científica é o chamado senso comum. 
O senso comum se baseava na observação desprovida de base científica 
(MÁTTAR NETO, 2011).
O saber científico não se baseia na fé e também não se contenta com a 
observação da natureza, embora a observação da natureza seja uma parte 
do saber científico. 
Todo saber científico se baseia na observação, mas para se tornar um 
saber científico, é necessário se conhecer os mecanismos funcionais no 
interior de um sistema. Por exemplo, a descoberta do Sistema Solar. 
Inicialmente se acreditava que a Terra era o centro do Universo, e que os 
outros planetas e estrelas, inclusive o Sol, giravam em torno dela.
Por mais de dois mil anos se acreditou nessa teoria. Mas, durante a Idade 
Média, Galileu Galilei, com o auxílio de um telescópio mais poderoso, 
descobriu que não era bem assim. Ou seja, ele descobriu que a Terra não 
era o centro do Universo e, longe disso, era a Terra que girava em torno 
do Sol, acompanhando o movimento dos outros planetas. Assim, a Terra 
se tornou uma peça a mais no quebra-cabeça do Sistema Solar, deixando 
de ser o seu centro.
Figura 3 – Galileu Galilei.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
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Como se percebe nesse exemplo, a ciência precisa de comprovações (o 
modelo aristotélico que comprovou o movimento dos corpos celestes), 
porém o avanço tecnológico (o novo telescópio de Galileu) pôde alterar 
a maneira como interpretamos os sistemas (o novo sistema demonstrou 
que a Terra não era o centro do Universo). 
Note então que o uso de novas tecnologias afeta a forma como 
concebemos as coisas. A forma comovivemos, plantamos, armazenamos, 
consumimos, enfim, todas as áreas de nossas vidas são afetadas quando o 
assunto é conhecimento.
Mas atenção: a ciência se faz quando o pesquisador aborda os fenômenos 
aplicando determinados recursos técnicos, seguindo um método (palavra-
chave quando o assunto é ciência) e apoiando-se em fundamentos 
epistemológicos. Este é, digamos, o funcionamento da ciência. Os 
fundamentos epistemológicos, nesse caso, são os que fornecem 
sustentação e justificativa para a metodologia praticada.
Nesse sentido, Severino (2007, p. 100) explica que a ciência “[...] é 
sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre 
uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do 
ideal com o real”. 
A etimologia da palavra ciência vem do latim scire, “saber”, “conhecer”. 
Mas perceba que hoje a entendemos como um conhecimento específico, 
ainda que não se encontre consenso para essa definição, e isso se deve à 
abrangência de suas atividades nas mais diversas áreas. 
Mas podemos dizer que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma 
determinada concepção acerca da natureza do real e do seu modo 
de conhecer. A sistematização dessas posições pode ser chamada 
de paradigmas (ou paradigmas epistemológicos). E, para que o 
conhecimento produzido pelo pesquisador tenha consistência, é 
fundamental admitir algumas verdades universais, ou seja, a ciência 
precisa apoiar-se em determinados pressupostos.
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Pode-se dizer que o conhecimento científico é resultante da investigação 
metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e fenômenos 
em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir suas causas 
e concluir sobre as leis gerais que a governam. Nesse sentido, note que 
o objeto da ciência consiste no universo material físico, perceptível por 
meio de órgãos dos sentidos ou da ajuda dos instrumentos investigativos. 
E, desse modo, sua busca consiste em desvendar os segredos da realidade, 
demonstrando suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação 
com outros fatos ou fenômenos. 
Você já deve ter percebido que a ciência ocorre a partir do emprego dos 
métodos que permitem a comprovação de determinada teoria, conforme 
o objeto de estudo escolhido, gerando então conhecimento científico. 
Magalhães (2005) nos traz uma reflexão interessante quando destaca que, 
por ser “conhecimento”, a ciência é processo, é algo que se transforma, 
não estando acabada. Conhecer significa, portanto, o constante 
recomeçar desse processo. Ao levar em conta o que já foi pesquisado e 
conhecido, o pesquisador segue adiante de modo a aperfeiçoar os níveis 
anteriores de conhecimento.
Se o saber não for crítico, generalizante e destinado a conhecer o mundo 
em que habitamos, não será ciência. Possivelmente, será apenas senso 
comum.
Estudo complementar
Sugerimos que você aprofunde seus 
conhecimentos ao ler o artigo “O que é ciência?”, 
em que o autor apresenta algumas das principais 
concepções de ciência defendidas por filósofos da 
ciência desde o surgimento da ciência moderna, 
no século XVII. Clique aqui, vale conferir!
http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf
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Não há espaço, no âmbito das ciências, para crenças, superstições ou 
“achismos”: é preciso primar pela objetividade, focar no problema a 
ser investigado, deixar as crenças de lado e, por meio de um método 
adequado, buscar a resolução para o fato pesquisado. 
Daí a importância de se desenvolver o “espírito científico”. E o que vem 
a ser isso? Trata-se justamente de uma atitude em busca de soluções reais 
para dificuldades encontradas, pautando-se em métodos adequados. 
Assim, o ser humano dotado de espírito científico apresenta em seu 
pensamento a crítica (o chamado senso crítico), a objetividade e a 
racionalidade. 
Eis que são palavrinhas que merecem nossa atenção. Por isso, são 
assuntos de nossa próxima unidade.
Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de 
Aprendizagem da instituição e participe do nosso 
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com 
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, 
por meio da interação, a construção do seu 
conhecimento. Vamos lá?
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4 Pesquisa científica
Objetivo
Discutir o ato de “fazer ciência” hoje.
“Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo. O único 
caminho é o da intuição.” (Albert Einstein)
Até aqui você já deve ter percebido que a ciência é simultaneamente um 
saber teórico (que explica o real) e um poder prático (maneja o real pela 
técnica). E, para que se desenvolva o conhecimento científico, é preciso a 
realização da pesquisa científica, tão importante nos mais diversos setores 
e áreas. 
4.1 Fazer ciência
Fazer pesquisa, então, requer capacidade, competência humana e técnica. 
Mas, afinal, o que significa pesquisar? Basicamente, trata-se de buscar 
informações a respeito de algo, investigar. Seria ótimo se pudéssemos, 
numa pesquisa, apenas informar o termo/assunto que precisamos e 
tudo aparecesse pronto, bastando apenas escolher, isso sim, isso não... 
Mas não é bem assim que acontece. Por quê? Porque ao iniciar uma 
pesquisa temos uma ideia ainda vaga ou pouco fundamentada daquilo 
que queremos estudar. À medida que vamos estudando, o assunto 
se desdobra, e aquilo que antes parecia simples e certo se amplia e se 
complica.
Além disso, nós mesmos estamos implicados naquilo que estudamos, 
pois a todo momento estamos acionando aquilo que sabemos naquilo 
que ainda estamos tentando entender. E a informação nos transforma de 
tal modo que, se não tomarmos alguns cuidados, podemos perder o foco, 
perder o interesse e tornar a pesquisa um quebra-cabeça muito difícil.
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Para lidar com tal situação, a metodologia de pesquisa existe. Ela nos 
mantém atentos àquilo que estamos buscando, de forma a selecionar 
e ordenar adequadamente as informações, os dados que surgem. E 
é fundamental, também, a formação do pesquisador, que requer 
instrumentos básicos para empreender trabalhos de natureza científica.
Em linhas gerais, podemos dizer que um trabalho desse tipo nasce de um 
problema de pesquisa, da escolha do tema e da delimitação do assunto. 
Obviamente, o problema deve ser claro, objetivo e passível de resolução a 
partir do tratamento científico.
Existe um pressuposto primordial que você não pode esquecer: métodos 
e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e potencializam a 
geração de conhecimento. 
Vergara (2007) nos lembra de que a atividade básica da ciência é a 
pesquisa, e convém não esquecermos que as lentes do pesquisador 
também estão impregnadas de crenças, paradigmas, valores. Negar isso 
é negar a condição humana da existência. E a autora também ressalta 
a compreensão da ciência como processo permanente de busca da 
verdade, de sinalização sistemática de erros e correções, pautando-se na 
racionalidade.
Caso a pesquisa tenha hipóteses, como veremos mais à frente, elas 
devem ser, de certa forma, testadas para serem confirmadas ou não, 
em um confronto com a realidade. Mesmo que a hipótese não se 
mostre verdadeira, sua formulação ajudará a encaminhar a resolução do 
problema.
Portanto, tenha em mente que você deverá trabalhar com o binômio 
“problematização – hipótese”, ou seja, buscar evidências de que sua 
hipótese para determinado problema pode ser testada, aplicada e 
comprovada, sendo útil para a ciência e para a sociedade. Para isso, você 
deve conhecer um pouco mais sobre a formulação da(s) hipótese(s). 
Magalhães (2005) expõe que as hipóteses que resistem e se mostram 
verdadeiras acabam sendo chamadas de “leis”, de validade considerada 
universal, ainda que o correto seja restringir sua aplicabilidade às 
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condições e épocas em que foram enunciadas e testadas. As leis são 
elaboradas em todas as áreas das ciências.
E é importante entender que as teorias científicas possuem como objeto a 
reunião de várias leis quese relacionam. 
Saiba mais
A teoria geral da relatividade, formulada 
por Einstein, teve mais algumas hipóteses 
comprovadas quase 100 anos após sua 
formulação. Para Einstein, tempo e espaço são 
deformados pela gravidade.
Cientistas trabalharam por quatro décadas em 
uma sonda gravitacional (GP-B) que, em 2011, 
confirmou cientificamente a influência do 
campo gravitacional da Terra sobre o espaço e 
tempo. Antes disso, a hipótese foi comprovada 
matematicamente, e agora pode ser testada e 
validada devido ao avanço tecnológico. Então, 
note como os avanços da pesquisa podem ser 
lentos e graduais ou em saltos.
Outro conceito básico quando nos referimos à pesquisa científica é o de 
causalidade. Magalhães (2005) explica que a causalidade é importante 
porque remete a explicação ao nível da nossa racionalidade, de maneira 
que possa ser entendida por qualquer um, até mesmo quando não 
concorde com tal explicação.
Mas para uma série de fenômenos que são pesquisados – sobretudo os 
sociais –, é preciso lembrar que podem ocorrer causas múltiplas. 
Por meio de nossas percepções, conseguimos apreender os eventos 
que chamamos de causa e efeito. Para David Hume, filósofo escocês 
empirista, a causalidade seria questão de hábito: por sempre vermos 
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supostas causas e efeitos, sugerimos e acreditamos que exista um elo que 
denominamos causalidade (MAGALHÃES, 2005).
A pesquisa científica busca, por meio de seus resultados, a capacidade de 
formular leis que sejam as mais gerais possíveis e não apenas válidas para 
casos particulares. Sabemos que é preciso certa duração de tempo para 
ocorrer essa generalização.
Magalhães (2005) acrescenta que as próprias leis “gerais” resultantes das 
generalizações são sempre históricas e, portanto, mutáveis. E acrescenta: 
“[...] isso vale até para as leis da física, química etc. – embora seja bom 
insistir que leis permanecem com validade geral enquanto duram, não se 
particularizando devido à sua eventual transitoriedade” (MAGALHÃES, 
2005, p. 91).
Ao tratarmos de ciência, é fundamental reconhecermos que há limitações 
para o seu desenvolvimento. Há, por exemplo, as questões éticas 
envolvidas, sugerindo que não se façam determinadas pesquisas. E, 
nesse sentido, você já deve ter notado que as discussões sobre a ética 
na realização das pesquisas é importantíssima. Afinal, assuntos como 
clonagem dos seres humanos, aplicações da energia nuclear, produção 
de alimentos transgênicos, controle das epidemias perpassam muitas 
pesquisas, e é preciso uma clara compreensão científica desses assuntos 
para que se definam critérios de abordagem e para que a sociedade esteja 
a par dessa discussão. É preciso refletir sempre: a quem interessa? Isso será 
bom para a sociedade? 
A dificuldade de tomar posição frente a temas tão polêmicos pode 
ser minimizada na medida em que se amplia o debate em sociedade, 
trazendo as considerações sociais e históricas que envolvem cada tomada 
de decisão. Vivemos na sociedade da informação, e esse novo cenário 
é propício a essa divulgação, possibilitando que ciência e tecnologia 
estejam sujeitas à avaliação e crítica permanentes. Talvez você esteja se 
questionando: o que isso tem a ver com a sociedade da informação? 
Vamos adiante e você vai descobrir!
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5 Sociedade da informação
Objetivo
Refletir sobre o desenvolvimento da ciência no atual contexto 
sociocultural.
A sociedade não é um organismo imutável, ao contrário disso, ela se 
move cada vez mais rápido. As sociedades se assentam sobre aspectos 
humanos, científicos e tecnológicos, e a base da chamada sociedade da 
informação não é diferente. Mas o que isso significa?
5.1 Em constante mutação
A origem das mudanças aceleradas que estamos observando nas últimas 
décadas se encontra no acentuado desenvolvimento tecnológico que 
podemos constatar diariamente. Desse modo, a nossa época faz parte de 
um processo de mudança em que as novas tecnologias são a sua base.
O termo Sociedade da Informação indica que vivemos em um período 
que gera e consome muita informação. Nesse sentido, convém indicar 
que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos, projeta novas 
formas de entendimento de como as coisas funcionam (MÁTTAR 
NETO, 2011). 
A Sociedade da Informação surgiu no final da década de 1990, quando 
a internet foi utilizada como forma de comunicação e de negócios, 
permitindo avanços científicos em todas as áreas. Os cientistas das mais 
diversas áreas puderam usar um novo poder que ficou ao alcance da 
comunidade: o poder de processamento dos computadores. 
Foi esse poder de processamento que permitiu a descoberta de detalhes 
do nosso DNA (em português ADN, que é um acrônimo de ácido 
desoxirribonucleico). A descoberta do DNA humano e de muitas 
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plantas têm permitido o avanço científico na produção de alimentos e de 
remédios. Descobrir como o DNA funciona pode auxiliar na descoberta 
da cura de diversas doenças. 
Por outro lado, o uso acelerado de novas tecnologias acendeu a luz 
vermelha das discussões sobre o nosso direito de fazer determinadas 
pesquisas científicas. Ora, as chamadas discussões éticas estão em todos 
os lugares hoje em dia porque se tornou necessário saber se temos ou não 
o direito de mudar a composição genética das sementes de soja ou de 
milho ou ainda se temos o direito de escolher qual será o embrião que 
terá o direito de nascer.
As discussões éticas suscitam muitas divergências e despertam a paixão 
dos seres humanos sobre o que está certo ou errado. Contudo, existe uma 
infinidade de maneiras de se contornar os dilemas éticos e de continuar 
as pesquisas por um ângulo que ainda não foi debatido pela comunidade 
científica ou mesmo pela sociedade civil.
Para muitos estudiosos, a vida na Terra mudou mais nos últimos 20 anos 
do que no século XX inteiro. Tornou-se necessário aprender a conviver 
com uma série de novidades tecnológicas que mudaram a forma como 
fazemos as coisas (trabalho, estudo, diversão etc.). 
A sociedade mudou bastante também. A Sociedade da Informação 
construiu um lugar bem diferente das referências que nós tínhamos 
no passado recente. As Tecnologias da Informação e da Comunicação 
(TICs) têm potencial para melhorar de forma significativa a sociedade. 
Por exemplo, a internet permite que se organize rapidamente a ajuda 
quando ocorrem catástrofes naturais ou grandes acidentes. As pessoas 
podem ainda se organizar em torno de grupos de trabalho com o 
objetivo de solucionar problemas coletivos. 
Antes da internet, a separação geográfica era um grande empecilho a 
muitas relações pessoais e de trabalho. Atualmente, isso não pode mais 
ser usado como desculpa, pois se pode trabalhar pela rede e também 
se divertir. Ou seja, todas as esferas da vida pública e privada foram 
alteradas com o advento das redes e isso é chamado de cultura digital.
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Para sua reflexão
Você já parou e refletiu sobre como a cultura 
digital modificou os hábitos das pessoas de sua 
geração? Pense no seu dia a dia e verifique a forma 
pela qual você se comunica com seus amigos, 
com sua família, em seu trabalho ou estágio, 
como estuda e pesquisa, como você se diverte e se 
entretém nas horas livres. 
As respostas a essas reflexões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
De fato, você já deve ter notado que a cultura digital trouxe uma nova 
complexidade para nossas vidas. Isso porque temos agora uma infinidade 
de posições e de propostas que precisam ser revistas ou revisitadas 
constantemente. Pode-se pensar na cultura digital como um advento 
meramente tecnológico, sem ter no horizonte a mudança nos padrões de 
comportamento do consumidor, dos idosos ou da garotada, que vivem 
amparados por uma série de ferramentas que auxiliam nas diferentes 
formas de mediação.
Pode-se pensar, por outro lado, que a discussão sobre a cultura digital 
é fruto exclusivo das redes sociais, mas defato a discussão em torno da 
cultura digital ainda está em formação. É importante que você entenda 
que a cultura digital é promovida pela tecnologia e por suas ferramentas, 
mas são as pessoas que a promovem em seu dia a dia, usando bancos 
via web, jogando em sua rede favorita, baixando filmes e músicas ou 
discutindo seus assuntos favoritos.
No âmbito das pesquisas científicas, essas mudanças também trouxeram 
impactos. E quais são eles?
Como afirma Máttar Neto (2011), a sociedade da informação liberou 
o homem da especialização profissional e dos limites de uma cultura, 
abrindo espaço para o homem universal, munido de uma instrução 
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abrangente e em condições de mudar de profissão e, portanto, mudar 
também de posição no interior da organização social do trabalho.
Sabemos também que a informação hoje é armazenada, disponibilizada e 
compartilhada com muita facilidade, gerando um intercâmbio intenso de 
informações. Isso permite potencializar não apenas nossa memória, mas 
diferentes formas de raciocínio, de relacionar os objetos, de perspectivas 
sobre o mundo. As informações estão disponíveis e acessíveis, e essa 
disponibilidade possibilita uma agilidade muito grande ao pesquisador. 
Temos então novas formas de ler e escrever, com bancos de dados 
disponíveis, fóruns públicos on-line, eventos científicos acontecendo na 
rede, trabalhos sendo desenvolvidos em parceria virtual.
Máttar Neto (2011) ainda destaca que, nesse novo cenário tecnológico, 
o conhecimento deixa de ser localizado, estático, objetivável, 
territorializável, para se tornar também virtual. Na educação, por 
exemplo, não podemos mais pensar os horizontes da arena do 
aprendizado circunscritos à sala de aula; é preciso levar em conta os 
ambientes de realidade virtual. A educação deixa de ter um momento 
específico, como foi em outros tempos, para passar a ser pensada como 
formação continuada ao longo da vida das pessoas. 
E você sabe bem disso ao fazer um curso na modalidade a distância. Ou 
seja, é possível perceber claramente como a tecnologia da informação 
contribui para o processo de formação, trabalhando espaço e tempo em 
favor da educação. 
Obviamente, há desafios a enfrentar nesse novo cenário. O isolamento 
social (físico e emocional), a sobrecarga cognitiva, problemas 
relacionados à ergonomia, o estresse da comunicação são alguns sintomas 
percebidos nessa nova configuração, em que muitas vezes se percebe o 
empobrecimento das relações interpessoais. Mas isso não é regra. De toda 
forma, é preciso que estejamos atentos para evitar tais percalços, de modo 
a aproveitar as contribuições que a sociedade da informação pode trazer 
ao nosso dia a dia e ao desenvolvimento dos trabalhos científicos.
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6 Classificação das ciências
Objetivo
Apresentar dois modelos distintos de classificação das ciências, assim 
como seus critérios.
Ao longo da trajetória histórica, em função dos diversos questionamentos 
postos pelos filósofos e cientistas, notamos o surgimento de várias áreas 
das ciências. Não há consenso, portanto, em relação a uma determinada 
tipologia, mas o que notamos ao nos debruçarmos sobre o histórico do 
desenvolvimento da ciência é uma diversificação extensa em busca de 
uma classificação que desse conta da produção de conhecimento. Ou 
seja, é fato que a classificação das ciências jamais parou de evoluir. 
6.1 A classificação que jamais parou de evoluir
Pelo conceito geral de ciência, já vimos quão vasta e ampla ela é, de 
modo a dificultar abrangê-la em sua totalidade. Daí a necessidade 
de fragmentar esse conjunto de conhecimentos que se propõe dar a 
explicação universal das coisas, para, por meio de suas partes, podermos 
compreender o todo. Essa fragmentação, que é o princípio fundamental 
da análise, estabelece as ciências particulares, entre as quais se distribuem 
os conhecimentos, segundo seu objeto. 
Todo método sistemático abrange a definição, que analisa a compreensão 
da verdade encontrada, enumerando os elementos que a distinguem de 
outras verdades, e a classificação, que a divide para analisar a sua extensão 
e localização no quadro geral dos conhecimentos humanos. Fez-se 
necessário, então, definir e classificar as ciências particulares. Mas muitas 
foram as classificações elaboradas.
Comecemos, então, pela proposta do filósofo Aristóteles, que sugeriu 
uma divisão pautada na finalidade de cada ciência:
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•	 ciências teóricas: em que o objetivo seria o conhecimento puro, 
como a matemática e a física;
•	 ciências práticas: em que o conhecimento do ser humano seria o 
objeto de estudo, como a economia e a política;
•	 ciências poéticas: que abrangeriam as artes.
Vários outros filósofos e estudiosos propuseram outras ordens, com 
hierarquias distintas. Destaca-se que a classificação tipológica das ciências 
é utilizada também para classificação da pesquisa, conforme vemos a 
seguir, baseando-nos em Magalhães (2005):
•	 ciências formais: ocupam-se da lógica ou matemática (estudo das 
ideias);
•	 ciências fatuais (ou empíricas): cuidam dos objetos fatuais. Estas, 
por sua vez, se subdividem em naturais e culturais. São as ciências da 
natureza e do homem.
Perceba que as ciências formais são dedicadas às ideias, isto é, ao estudo 
de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo 
das ciências formais os sistemas formais, como a lógica, a matemática, a 
teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional, teoria 
da informação, estatística, entre outros.
Já as ciências fatuais estão divididas em outras duas classificações: as 
ciências naturais, cujo alvo de estudo é a natureza como um todo; e as 
ciências sociais, que se debruçam sobre o comportamento humano e suas 
sociedades. 
As ciências sociais abordam os aspectos sociais, isto é, a vida social 
dos indivíduos e dos grupos humanos, incluindo a antropologia, a 
comunicação, a administração, a economia, a geografia humana, a 
história, as ciências políticas, a psicologia e a sociologia.
As ciências fatuais, também conhecidas como empíricas, se debruçam 
sobre os fatos e fenômenos naturais. Nesse caso, os pesquisadores 
precisam se valer da observação e de experimentações para que possam 
ter uma comprovação (ou não) dos problemas propostos. Geralmente 
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não implicam considerações mais rigorosas quanto à unicidade e às 
fronteiras da ciência.
Então, note o seguinte: as ciências naturais estudam o Universo, 
detendo-se nos aspectos físicos, enquanto os aspectos humanos 
geralmente são contemplados pelas ciências sociais. 
As disciplinas que estudam os fenômenos ligados ao planeta Terra, casos 
da geografia e geologia, por exemplo, são classificadas em um grupo 
nomeado ciências da terra, e alguns autores agrupam em ciências naturais 
e da Terra.
A propósito dessas diversas classificações, Máttar Neto (2011) explica 
que isso se deve ao surgimento de novas ciências com o passar do 
tempo, sendo que as já existentes fundem-se, cindem-se ou modificam-
se consideravelmente. E o autor ainda afirma que podemos pensar essas 
classificações a partir de três eixos: as ciências biológicas, as exatas e as 
humanas. Nessa proposta, as biológicas têm concentração no estudo do 
ser humano e dos fenômenos da natureza; as exatas têm origem na física, 
estatística, matemática, engenharia, entre outras; e, por fim, as humanas 
têm foco no estudo do homem como ser social e comportamental 
(psicologia, pedagogia, filosofia, história, geografia, sociologia, 
administração, ciências contábeis, comunicação, direito, entre outras).
Saiba mais
A classificação das ciências ocorreu com o advento 
do positivismo no século XIX. Clicando aqui você 
encontrará algumas das referências históricas mais 
conhecidas sobre o assunto. 
Note, então, que são vários campos disponíveis dentro de cada área das 
ciências e cabe ao indivíduo, com seu espírito de curiosidade, ir em busca 
de novas descobertas. Para isso, é preciso exercitaro questionamento, a 
indagação do porquê de as coisas serem como são, a busca constante por 
http://www.filoinfo.bem-vindo.net/filosofia/modules/lexico/entry.php?entryID=2034
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respostas. E a partir daí treinar os sentidos e a inteligência para selecionar, 
ordenar e associar ideias provenientes da observação dos fenômenos.
E, então, preparado para ir adiante? Vamos retomar os pontos principais 
do que vimos até aqui.
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Resumo
Ao longo destas seis unidades, você aprendeu que ao ingressar no Ensino 
Superior espera-se que o conhecimento do acadêmico seja construído 
pela experiência ativa. O conhecimento humano é tema que instiga o 
pensamento e nos leva a refletir de forma diferente diante da história e 
dos acontecimentos contemporâneos.
Vimos ainda que a dinâmica dos questionamentos que vão surgindo 
move a ciência a estudar e descobrir respostas que não podem ser 
explicadas apenas pela presença dos fatos. O conhecimento humano 
pode ser classificado em quatro níveis principais: conhecimento popular, 
conhecimento religioso, conhecimento filosófico e conhecimento 
científico. Cada um desses níveis apresenta seus argumentos para dar 
conta de explicar o surgimento do homem, do mundo e de toda forma 
de conhecimento que nele habita.
Você aprendeu também que, ao fazer ciência, o ser humano parte de uma 
determinada concepção acerca da natureza do real e acerca do seu modo 
de conhecer. O conhecimento científico é resultante da investigação 
metódica, sistemática da realidade, pela transcrição dos fatos e 
fenômenos em si mesmos e analisando-os, com a finalidade de descobrir 
suas causas e concluir sobre as leis gerais que a governam. Ressaltamos 
que métodos e linhas de pesquisa são ferramentas que facilitam e 
potencializam a geração de conhecimento; e as hipóteses de uma pesquisa 
devem ser testadas para serem confirmadas, ou não, em um confronto 
com a realidade.
Por fim, destacamos que o termo Sociedade da Informação indica que 
vivemos em um período que gera e consome muita informação. E 
aprendemos que o modelo científico, aliado aos avanços tecnológicos, 
projeta novas formas de entendimento de como as coisas funcionam. 
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Nesse sentido, a classificação das ciências jamais parou de evoluir, e são 
várias as tipologias que encontramos. Por exemplo, vimos que podemos 
pensar as ciências a partir de três eixos: as biológicas, as exatas e as 
humanas.
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7 Continuidades e descontinuidades
Objetivo
Contemplar algumas das continuidades e descontinuidades das 
ciências.
Caro aluno, agora que você já sabe que a prática da pesquisa requer a 
crítica, o questionamento e a exteriorização das dúvidas, vamos adiante 
para refletir sobre as continuidades e descontinuidades das ciências.
Vejamos: as explicações existentes não costumam ser suficientemente 
esclarecedoras, pois ainda há problemas a serem solucionados, mesmo 
quando nos referimos a questões triviais, e isso significa que há um 
processo permanente de renovação daquilo que se aprende. Ora, você já 
sabe que é preciso aprender a contextualizar os problemas, já que, como 
vimos, o conhecimento é historicizado. 
Magalhães (2005) explica que algo desejado para qualquer conhecimento 
é justamente a ausência de contradição interna e externa, ideal também 
conhecido como coerência ou consistência. Apesar de ser almejado, nem 
sempre se pode garantir que exista. Aliás, quando nos debruçamos sobre 
as descobertas científicas, verificamos que é comum a pesquisa aparecer 
com várias contradições (lembremos, por exemplo, do caso de Galileu 
Galilei), sem que elas descaracterizem o objetivo de seu empreendimento 
como sendo de conhecimento científico.
O espírito crítico, esse sim, é elemento fundamental nessa trajetória. 
Como destaca Magalhães (2005), mesmo quando uma comunidade 
de cientistas se fecha sobre dogmas, a crítica pode subsistir e, em 
determinados momentos, força uma revisão do que foi cristalizado. É 
justamente a crítica que possibilita os debates, os questionamentos, as 
controvérsias.
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Outro ponto importante que vale a pena mencionar: imparcialidade, 
autonomia e neutralidade do conhecimento científico são facilmente 
questionáveis quando se nota a filiação desse conhecimento a 
determinadas estruturas de poder. 
Um exemplo citado por Magalhães (2005) foi o tímido apoio dado no 
mundo às pesquisas de fusão nuclear para fins energéticos, uma promessa 
para resolver de maneira limpa, democrática e eficiente a demanda 
por recursos energéticos, mas que bate de frente com os interesses de 
poderosas corporações. Assim, é importante notar que é uma ilusão 
acreditar que as decisões sobre as pesquisas partem da própria comunidade 
de cientistas. Há muitos interesses em jogo também nas ciências.
Para sua reflexão
Há alguns anos, tivemos no Brasil uma grande 
polêmica sobre a pesquisa das sementes 
transgênicas de soja, em que se tornou conhecido 
o interesse de grandes grupos multinacionais, 
que poderiam patentear as sementes e passar a 
controlar os plantadores que dependessem desses 
produtos. Reflita: caso a pesquisa e a propriedade 
pertencessem a uma empresa brasileira ou a 
uma instituição pública, será que a perspectiva 
de resistência a esse conhecimento científico 
mudaria? Diminuiriam as restrições a esse plantio? 
O que você acha?
As respostas a essas reflexões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
Por mais paradoxal que possa parecer, o intenso desenvolvimento da 
ciência ao longo do século XX acabou abalando a crença do ser humano 
em um universo regido por leis e passível de ser conhecido em seus 
mínimos detalhes. Ao contrário, enfatiza Máttar Neto (2011), o progresso 
científico do século anterior levou o ser humano a perceber que somente 
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pode compreender o mundo em que vive pelas leis da probabilidade, por 
meio de aproximações que, em geral, são passíveis de erro. 
Nessa configuração, note que a ciência passa a conviver com a ideia de 
que o acaso desempenha papel primordial no universo, assim como no 
próprio ser humano. 
Não há ciência sem método e, portanto, o método fundamenta a busca 
científica em qualquer área do conhecimento. Sobre a abrangência de 
um método, pode-se dizer que isso varia de acordo com a sua aplicação, 
podendo ser geral ou específico. Geral é o método usado com a 
finalidade de dar conta de situações que expressam uma generalização, 
enquanto específicas são aplicações associadas a situações particulares, 
cujo foco é bem específico.
Para entender melhor a amplitude dos movimentos metodológicos, que 
nos permitem refletir sobre os métodos em ciências, apresentamos a 
você, a seguir, uma síntese de alguns dos principais movimentos e suas 
contribuições.
7.1 Empirismo
Magalhães (2005) menciona a influência de uma “linhagem” empirista 
na ciência, que se desenvolveu do século XVII ao XIX e engloba vários 
pensadores ingleses. 
Na ciência, empregamos o termo empirismo quando nos referimos 
ao método científico tradicional, originário do empirismo filosófico, 
que defende o seguinte: as teorias científicas devem ser baseadas na 
observação do mundo, em vez da intuição ou fé. Nesse sentido, o 
empirismo contribuiu para o desenvolvimento da ciência (MÁTTAR 
NETO, 2011). 
O empirismo foi definido pela primeira vez pelo filósofo inglês John 
Locke no século XVII, que entendia que a única fonte de nossas ideias é 
a experiência sensível, valorizando, desse modo, os sentidos (MÁTTAR 
NETO, 2011). 
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John Locke considerava que o cérebro de um bebê recém-nascido é como 
uma tábua rasa, lousa vazia em que as experiências deixam marcas. De 
modo similar, o empirismo considera que os seres humanos não têm 
ideias inatas.
De acordo com o empirismo, as teorias das ciências devem ser 
formuladas e explicadas a partir da observação do mundo e da prática de 
experiências científicas.Portanto, esse sistema filosófico descarta outras 
formas não científicas − fé, intuição, lendas, senso comum − como forma 
de geração de conhecimentos.
Os principais pensadores foram: Francis Bacon (1561-1626), John Locke 
(1632-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-
1776). 
7.2 Positivismo e neopositivismo
A palavra-chave quando falamos de positivismo é a neutralidade nas 
ciências. O principal nome? Sem dúvida, Auguste Comte (1789-1857), 
para quem a ciência consiste no conhecimento por excelência. E ainda: 
os conceitos só têm significado se puderem ser relacionados a eventos 
reais, isto é, se forem operacionalizados, sustenta Máttar Neto (2011). 
Perceba que é a verificabilidade em seu ponto alto.
Já o neopositivismo é a extensão do positivismo, mas agora caracterizado 
pela combinação das ideias empiristas com a lógica moderna (de autores 
como Hilbert, Russell, Wittgenstein). O neopositivismo surgiu na 
Áustria, na Alemanha e na Polônia, sendo que vários dos principais 
filósofos emigraram para os Estados Unidos ou Inglaterra, em fuga 
do nazismo. Rudolf Carnap (1891-1970) e Friedrich Waismann 
(1896-1959) são neopositivistas, partindo do pressuposto de que a 
verificabilidade seria o critério de significação de um enunciado. Essa 
abordagem também é marcada pelas investigações centradas em um 
critério de demarcação, que separaria as proposições científicas do 
restante das proposições, expõe Máttar Neto (2011). 
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7.3 Pragmatismo
O pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do 
século XIX, e está associado ao filósofo, cientista e matemático norte-
americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), que se soma a vários 
outros pragmatistas clássicos e contemporâneos. 
Segundo essa doutrina metafísica, o sentido de uma ideia corresponde 
ao conjunto dos seus desdobramentos práticos. Mas o que isso significa? 
Significa que a clareza de nossas ideias implica concebermos seus efeitos, 
isto é, sensações e reações associadas com o objeto do pensamento. 
Assim, o pragmatismo busca os resultados, mais do que as origens, em 
nossa compreensão das ideias. 
A estrutura do método científico, conforme o pragmatismo, é a seguinte: 
identificar o problema, oferecer uma hipótese explanatória e testar a 
hipótese contra o problema por meios dedutivos (MÁTTAR NETO, 
2011). Ou seja: problema – hipótese – teste. Trata-se do método dos 
métodos e dele deriva a explicação do raciocínio indutivo e dedutivo que 
veremos mais adiante.
7.4 Marxismo e dialética
Primeiramente, convém destacar alguns pontos da metodologia do 
marxismo, que se contrapõe ao positivismo. O primeiro ponto refere-
se ao fato de que o marxismo descreve o movimento da realidade e do 
próprio pensamento por meio da dialética - tese/antítese/síntese. Na 
análise de Karl Marx (1818-1883) sobre o sistema econômico do final 
do século XIX, a tese seria o passado (feudalismo), a antítese, o presente 
(capitalismo), e a síntese, o futuro (representado pelo comunismo ou 
socialismo).
A confrontação entre as ideias gera uma síntese, que por sua vez é 
submetida a uma nova tensão, e assim por diante, explica Máttar Neto 
(2011). 
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Outra marca importante: as ideias são resultado das relações históricas 
sociais. 
Podemos dizer, por exemplo, que a dialética é o processo em que há um 
adversário a ser combatido ou uma tese a ser questionada, e que supõe, 
portanto, dois protagonistas ou duas teses em conflito; ou então que é 
um processo resultante do conflito ou da oposição entre dois princípios, 
dois momentos ou duas atividades quaisquer.
Desse modo, o marxismo introduz uma perspectiva de estudar a 
verdade científica levando-se em conta as influências socioeconômicas 
que determinam a transmissão do conhecimento científico (MÁTTAR 
NETO, 2011). Ou seja, para os marxistas, é importante considerar os 
aspectos históricos, as dimensões políticas, ideológicas e, sobretudo, 
a dimensão econômica no processo de construção do conhecimento. 
E nesse sentido, introduz a preocupação de estudar a ciência em sua 
essência, isto é, não apenas se interessa pelo desenvolvimento interno 
das ciências, de seus métodos e sua lógica, mas sobretudo das influências 
socioeconômicas que determinam sua evolução.
A abordagem marxista se contrapõe aos movimentos anteriores que 
separavam a teoria da prática, na medida em que considera que não 
existe prática sem teoria, e não existe teoria sem prática. E daí surge o 
conceito de práxis marxista. 
7.5 Popper e a falseabilidade
De acordo com Máttar Neto (2011, p. 80), Karl Popper (1902-
1994) “[...] é bastante conhecido como o introdutor do critério de 
falseabilidade para diferenciar as teorias científicas dos discursos não 
científicos”. Para esse filósofo e cientista do século XX, todas as boas 
teorias científicas são falsificáveis, mas não são todas falsas. 
Para Popper, entre outros, a produção científica deveria ser 
fundamentada no método que denominou hipotético-dedutivo. Por 
meio desse método, propõe falsear, refutar ou testar uma teoria. Tal 
atividade determinaria a cientificidade das teorias.
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Como podemos observar em nossa apresentação sobre as contribuições 
de Popper, o cientista propôs uma perspectiva de pensar e de se fazer a 
ciência no século XX.
7.6 A discussão contemporânea
Nas décadas mais recentes, vários autores e movimentos metodológicos 
destacaram-se na discussão acerca do assunto. Muitos e muitos 
posicionamentos poderiam ser mencionados aqui, mas importa ressaltar a 
você, neste momento, a dinâmica das concepções acerca dos pressupostos 
conceituais e metodológicos compartilhados pela comunidade científica.
Você notará, ao longo de sua trajetória acadêmica, que alguns métodos 
de pesquisa são mais recorrentes que outros em determinadas áreas de 
conhecimento. 
Vale a pena ainda chamar sua atenção para outro termo-chave quando se 
discute os movimentos metodológicos contemporâneos. 
Saiba que qualquer conhecimento opera por seleção de dados 
significativos e rejeição de dados não significativos: separa e une; 
hierarquiza e centraliza. Tais operações são comandadas por paradigmas, 
princípios ocultos que governam nossa visão das coisas e do mundo sem 
que tenhamos consciência disso.
Mas o que significa paradigma? Em seu livro “A estrutura das revoluções 
científicas”, Thomas Kuhn (2003) apresenta a concepção de que um 
paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, 
inversamente, uma comunidade científica que consiste em homens que 
partilham um paradigma. 
Vejamos: na perspectiva de Kuhn (2003), um paradigma funcionaria 
como um mapa ou um roteiro da ciência, fornecendo critérios para a 
escolha de seus problemas e das soluções para os problemas. Quando o 
desenvolvimento do conhecimento requer explicações que o paradigma 
vigente não dá conta de responder, a ciência passa por uma crise, que 
pode dar origem a uma revolução científica. Nesse sentido, o autor 
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defende que os enunciados têm caráter provisório e a ciência não opera 
com verdades irrefutáveis. 
Perceba, então, que as concepções históricas e as transformações internas 
ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são 
arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que 
as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do 
conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade 
para que o saber possa se realizar.
Note, por fim, que as verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a 
ideia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca 
pelo verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso comum, 
o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da 
verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se 
conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento. 
Vimos, portanto, alguns dos principais movimentos metodológicos e 
suasimplicações nas mudanças do conhecimento científico. Percebemos 
que o conhecimento opera por seleção de dados significativos e rejeição 
de dados não significativos. E o que é importante para determinada 
corrente pode não o ser para outra, mudando, às vezes radicalmente, a 
forma de abordagem da ciência. Os paradigmas, que são esses princípios 
ocultos que governam nossa visão das coisas, diferem de um método 
para outro, e geram evoluções, novas formas de abordagem, novas 
perspectivas, novos questionamentos, impulsionando a própria evolução 
humana, na medida em que permite ao ser humano refletir e questionar. 
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8 Ciência, técnica e tecnologia
Objetivo
Refletir sobre ciência, técnica e tecnologia.
Atualmente, o poder não se restringe ao domínio dos meios materiais 
e dos aparatos políticos e institucionais, mas, cada vez mais, define-se a 
partir do controle sobre o imaterial e o intangível – seja das informações 
e dos conhecimentos, seja das ideias, dos gostos e dos desejos das pessoas.
Como vimos, na Unidade 5, nossa sociedade é conhecida como a 
Sociedade da Informação e isso significa o seguinte: de forma geral, 
temos a informação e a consequente produção de conhecimentos como 
uma atividade que gera prestígio.
Para entendermos um pouco melhor o caminho que a sociedade 
percorreu para chegar até esse ponto, é necessário perceber o que ocorreu 
na origem dos termos que trabalharemos nesta unidade. 
O primeiro deles é a ciência. O ser humano sempre sonhou em 
dominar a natureza com o objetivo de transformar as coisas ao nosso 
redor. O controle sobre a natureza está na base da ciência, ou seja, é 
para isso que ela existe. Os cientistas buscam conhecer os mecanismos 
que regem a organização social, política, econômica, química, biológica, 
matemática, física, enfim, conhecer faz parte da busca científica, 
conhecer todas as forças naturais e sociais que interferem de alguma 
maneira em nossas vidas.
Com o passar do tempo, as ciências foram sendo organizadas em grupos. 
Os dois primeiros grupos que surgiram foram relacionados à efetiva 
comprovação dos experimentos científicos. Ou seja, é muito complicado 
antecipar se um sistema de governo vai dar certo ou não em um país, 
mas é possível calcular a distância entre a Lua e o Sol. 
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Dessa forma, surgiu o grupo das Ciências Exatas (matemática e física, 
por exemplo), que eram capazes de provar, por meio de experimentos, a 
veracidade de suas teorias. Por outro lado, surgia um grupo de ciências 
que não podiam comprovar as suas teorias antes que a prática ensinasse 
os benefícios e os malefícios de uma determinada teoria, como acontece 
com as chamadas Ciências Sociais (história e sociologia, por exemplo).
Saiba que o fator que une todas as ciências é o uso de métodos. Os 
métodos são sistemas que permitem comprovar a veracidade das 
informações. Normalmente, um método é constituído pela entrada de 
dados e informações, pela análise desses dados e informações e, finalmente, 
pelas deduções ou conclusões que se pode tirar das fases anteriores. 
A geração do conhecimento ocorre na última fase, quando é possível 
enxergar o fluxo completo das informações (MÁTTAR NETO, 2011). 
A técnica também surgiu por causa da necessidade e do desejo de 
dominar a natureza. Contudo, nesse caso, estamos nos referindo à 
representação gráfica das expressões humanas. Para entender melhor o 
que ocorria, vamos lançar mão de um exemplo bem simples. 
Para fazer uma estátua de bronze antiga, representando um ser humano, 
era preciso ter as ferramentas de precisão para corte e moldagem do 
material. Essas ferramentas foram desenvolvidas por intermédio da 
técnica, que era a forma por meio da qual se dominava o saber fazer 
das coisas. Para fazer uma estátua perfeita, era preciso ter também 
conhecimentos científicos ou um método capaz de orientar com 
precisão quais seriam as dimensões a serem aplicadas para que a estátua 
correspondesse ao modelo humano. Caso o projeto de fazer uma estátua 
humana precisa fosse bem realizado, o resultado final seria considerado 
uma obra de arte. 
Nesse exemplo, a estátua final seria um modelo de como os saberes 
podiam ser usados de forma combinada, aliando ciência (que fornecia 
informações verídicas sobre as dimensões humanas), técnica, que oferecia 
as ferramentas adequadas para o saber fazer, e arte, que se trata de um 
valor simbólico que pode ser expresso pela combinação perfeita entre 
ciência e técnica.
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Técnica, explica-nos Magalhães (2005), vem da palavra grega techné, 
que significa “prática”, isto é, saber fazer algo conforme um conjunto 
de instruções ou regras. Nesse sentido, a técnica é, sobretudo, prática 
equivalente ao saber fazer, podendo ser uma ligação da razão com a 
experiência, e às vezes se apoia na ciência, esta entendida a partir da 
acepção do conhecimento generalizante e crítico.
O termo técnica permaneceu inalterado desde a Antiguidade até o século 
XVII, quando os sinais da primeira Revolução Industrial começaram a 
surgir na Inglaterra com a invenção do primeiro motor a vapor, a fim 
de fazer a sucção da água que se acumulava no interior das escavações 
das minas de carvão. A partir de então, o termo técnica passou a ser 
substituído gradativamente pelo termo tecnologia, quando aplicado ao 
contexto da industrialização. Dessa forma, o termo técnica continua a ser 
empregado em contextos ligados à arte e o termo tecnologia se aplica aos 
contextos que sugerem uma relação entre homens e máquinas. 
Magalhães (2005) sinaliza que enquanto ciência é processo, algo que 
se transforma e não está nunca acabado, a técnica é um conhecimento 
prático, ao passo que a tecnologia é a ciência de alguma técnica 
particular. E ainda destaca: a criatividade é ingrediente fundamental para 
a produção de conhecimento científico ou tecnológico e se associa aos 
conceitos de invenção, inovação e difusão.
É comum ouvirmos pessoas se referindo ao termo tecnologia para 
inventos medievais ou sobre a construção das pirâmides, por exemplo. 
Não é incorreto esse uso, mas seria mais preciso se o termo tecnologia 
fosse empregado para as situações que envolvem os avanços das máquinas 
em nossas vidas, sobretudo depois do século XIX, quando ocorreu a 
chamada Segunda Revolução Industrial. 
As tecnologias adquiriram relevância maior quando entrou em cena uma 
relação de produção, levando a uma consideração mais evidente dos 
valores econômicos em jogo, dando mais amplitude ao uso desse termo 
(MAGALHÃES, 2005).
A tecnologia permite criar objetos que são extensões de nossos corpos 
com a finalidade de aumentar a nossa capacidade produtiva. O carro é a 
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extensão de nossas pernas, o computador, de nossas mentes, e assim por 
diante.
Note que as interações entre os termos são recorrentes, já que a 
inovação tecnológica pode estar pautada nas descobertas científicas e, 
do mesmo modo, as necessidades inovativas tecnológicas podem gerar 
conhecimentos científicos.
Severino (2007, p. 105) destaca que “[...] a técnica, como poder de 
manejo do mundo físico, atuou como mais um argumento a favor da 
veracidade da ciência”, contribuindo para sua consolidação. E ele explica: 
a ciência se legitimou por sua eficácia operatória, com a qual forneceu à 
sociedade recursos reais elaborados para a sustentação de sua existência 
material; a técnica serviu de base para a indústria, para a Revolução 
Industrial, ampliando o poder do ser humano em manipular a natureza.
Estudo complementar
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre este 
assunto, sugerimos a leitura do artigo “Técnica, 
tecnologia e ciência”, de Milton Vargas, disponível 
clicando aqui.
Desse modo, você pode notar que são muitas as implicações em nosso 
cotidiano em função do desenvolvimento da ciência e tecnologia em 
nossa sociedade, impactando nos campos do pensamento, do ensino, do 
estudo, da produção do conhecimento e da pesquisa científica. 
Em pleno século XXI, essa influência

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