Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
capa_verde_contabilidade_de_custos.pdf 1 10/11/16 09:26 Contabilidade de Custos Disciplina na modalidade a distância Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2017 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrícia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Iris de Sousa Barros Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Assistente e Auxiliar de Coordenação Maria de Fátima Martins (Assistente) Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Ana Denise Goularte de Souza Coordenadores Graduação Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R. Pacheco Arthur Beck Neto Bernardino José da Silva Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Fabiano Ceretta José Carlos da Silva Junior Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso José Carlos N. Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina S. Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Roberto Iunskovski Rose Clér Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Sergio Sell Coordenadores Pós-Graduação Aloisio Rodrigues Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Leticia Cristina Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Rogério Santos da Costa Roberto Iunskovski Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Eduardo Rodrigues Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Simone Zigunovas (Capacitação) Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Fabiana Pereira Tutoria e Suporte Claudia Noemi Nascimento (Líder) Anderson da Silveira (Líder) Ednéia Araujo Alberto (Líder) Maria Eugênia F. Celeghin (Líder) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Francine Cardoso da Silva Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Ana Cláudia Taú Carmelita Schulze Carolina Hoeller da Silva Boeing Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Gislaine Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo Jaqueline de Souza Tartari João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Letícia Laurindo de Bonfim Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Melina de La Barrera Ayres Michele Antunes Corrêa Nágila Hinckel Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael Araújo Saldanha Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Avaliação da aprendizagem Geovania Japiassu Martins (Coord.) Gabriella Araújo Souza Esteves Jaqueline Cardozo Polla Thayanny Aparecida B.da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Gerência de Marketing Fabiano Ceretta (Gerente) Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Marcelo Barcelos Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro DaianaFerreira Cassanego Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Oberdan Porto Leal Piantino Patrícia Fragnani de Morais Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Juliana Cardoso da Silva Jonatas Collaço de Souza Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Nidia de Jesus Moraes Orivaldo Carli da Silva Junior Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Vanessa Trindade Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Onei Tadeu Dutra Contabilidade de Custos Livro didático Design instrucional Leandro Kingeski Pacheco Luiz Henrique Milani Queriquelli 4ª Edição Revista e Atualizada Palhoça UnisulVirtual 2017 Edição – Livro Didático Professor Conteudista Onei Tadeu Dutra Design Instrucional Leandro Kingeski Pacheco Luiz Henrique Milani Queriquelli (4ª edição) Assistente Acadêmico Michele Antunes Corrêa (3ª ed. rev. e atual.) Aline Cassol Daga (4ª edição) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Adriana Ferreira dos Santos (3ª edição) Oberdan Piantino (4ª edição) Revisão B2B Amaline Mussi (4ª edição) Diane Dal Magoi (4ª edição) Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2017 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. D97 Dutra, Onei Tadeu Contabilidade de custos : livro didático / Onei Tadeu Dutra ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco, Luiz Henrique Milani Queriquelli ; [assistente acadêmico Michele Antunes Corrêa, Aline Cassol Daga]. – 4. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2017. 198 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Contabilidade de custos. I. Pacheco, Leandro Kingeski. II. Queriquelli, Luiz Henrique Milani. III. Corrêa, Michele Antunes. IV. Daga, Aline Cassol. V. Título. CDD (21. ed.) 657.42 Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Introdução à contabilidade de custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Nomenclaturas básicas aplicadas à contabilidade de custos . 41 UNIDADE 3 - Elementos de custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 UNIDADE 4 - Classificação dos custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 UNIDADE 5 - Custeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 UNIDADE 6 - Departamentalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 UNIDADE 7 - Planilha de custos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . . . 181 Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Contabilidade de Custos. O material foi elaborado com vista a uma aprendizagem autônoma. Neste sentido, aborda conteúdos especialmente selecionados e adota uma linguagem que facilite seu estudo a distância. Por falar em distância, isso não significa que você estará sozinho. Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato, sempre que sentir necessidade. Nossa equipe terá o maior prazer em atender-lhe, pois sua aprendizagem é nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual Palavras do professor Nos dias de hoje, muito se tem falado da globalização. Para alguns, este fenômeno surgiu no final do século passado; para outros, trata-se de um fenômeno que sempre existiu na história do homem. Esta corrente alega que a troca de mercadorias entre países foi uma constante e que o comércio internacional é um prolongamento do comércio local. O que se pode inferir neste sentido é que a globalização sempre existiu. O que se acentuou nos últimos anos foi a intermediação financeira, pois, se as transações também existiam, a intensificação das trocas monetárias adquiriu uma proporção maior do que as trocas internacionais de mercadorias diante da disseminação dos computadores. À primeira vista, a globalização financeira beneficiou diretamente os bancos, pelo fato de o dinheiro ser a mercadoria do banco. Mas este benefício também atingiu diretamente o comércio internacional devido à facilidade de as empresas movimentarem as quantias monetárias resultantes do comércio globalizado. A melhora nas transações comerciais entre países possui um lado positivo e um negativo. O lado bom da globalização é que as transações internacionais ficaram muito mais fáceis de ser realizadas. Para muitas empresas que já operam há algum tempo nesse tipo de Comércio, realizar uma transação comercial no seu país e realizar uma transação comercial com outro país é a mesma coisa, descontando-se o tempo e certa burocracia. Já, quanto ao ponto negativo, muitas empresas que somente possuíam concorrentes nacionais passaram a competir internacionalmente, pois seus clientes possuem facilidades de importação e, certamente, comparam os preços de venda do mercado interno com os do mercado externo. Para a população, o aumento da concorrência é benéfico, e, para as empresas, este aumento de concorrência leva-as a aumentar sua eficácia no processo de fabricação e venda. A eficácia se traduz em redução de custos e aumento da exposição do produto perante os consumidores. Quanto à promoção do produto, existe todo um conteúdo específico sobre o assunto, que é a propaganda. A propaganda, o marketing constituem matéria a ser abordada em tópico específico. O que cabe neste trabalho é a redução de custos. Talvez a denominação “redução de custos” não seja a melhor forma de expressar o que você estudará nesta disciplina. Afinal, entende-se que a redução de custos é somente uma faceta no gerenciamento das empresas. E saber onde a empresa gasta seus recursos é primordial na empresa moderna. Para gerenciar os gastos com recursos, a empresa dispõe de uma ferramenta fornecida pela contabilidade de custos, que é a planilha de custos. Com este instrumental, a empresa tem condições de gerenciar onde são consumidos todos os recursos, podendo ser nos produtos ou nos departamentos.Utilizando esta planilha, a empresa pode avaliar o estoque, através do custo unitário, pode analisar os diversos setores da empresa que consomem recursos, pode analisar a rentabilidade dos produtos e pode utilizar a planilha para fazer projeções (orçamentos). Assim, estudando contabilidade de custos, você estará habilitando-se a se debruçar sobre a redução de custos Entretanto, para você dominar essa prática, é necessário, antes, o estudo da teoria: a prática sem a teoria não é muita coisa, somente uma maneira de fazer. E, convenhamos, o/a contador/a é muito mais do que a pessoa que digita os valores Na planilha de custos. Ele/a é a pessoa que “desenha” e implanta a contabilidade de custos. Então, para efetuar essa implantação, o/a contador/a precisa muito mais do que fazer a planilha de custos: precisa discernir teoricamente a contabilidade de custos. Bons estudos! Professor Onei T. Dutra Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Fundamentos da contabilidade de custos. Princípios contábeis aplicados a custos. Nomenclatura em custos. Avaliações e apropriações de materiais diretos, mão de obra direta e dos custos indiretos de fabricação. Esquema da contabilidade de custos básico e completo. Departamentalização. Sistema de custeamento por ordem de produção e por processo. Custeio dos coprodutos, dos subprodutos e das sucatas. Aspectos técnicos e práticos de sistema de custos. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Gerais: Você deverá construir um conjunto de conhecimentos que lhe assegure implantar uma planilha de custos nas empresas, com o objetivo de avaliar os estoques de empresas industriais, de serviços e rurais, nos moldes descritos pela legislação vigente. Específicos: � Estudar a estrutura teórica de contabilidade de custos para desenvolver discernimento para uma crítica dos temas estudados. � Conhecer as diversas nomenclaturas e conceitos inerentes à contabilidade de custos, com o propósito de desenvolver uma linguagem específica relativa à matéria evitando-se, assim, a utilização de linguajar corriqueiro ou do senso comum. � Construir uma planilha de custos com o objetivo de alocar os custos indiretos e os custos fixos aos departamentos da empresa. Consequentemente, você aprenderá como alocar os custos diretos à planilha e como calcular o custo unitário dos produtos. A partir desses dados, também aprenderá como avaliar os estoques, tanto de produtos em processo como o de produtos acabados. 13 Contabilidade de Custos Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula - 4 créditos. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 7 Unidade 1 - Introdução à contabilidade de custos Nesta unidade, você estudará a introdução à contabilidade de custos e em que tipos de empresa ela se aplica. Você também verá a diferença entre a contabilidade de custos e o sistema de custos. Unidade 2 – Nomenclaturas básicas aplicadas à contabilidade de custos Aqui, você desenvolverá o entendimento das denominações gasto, custo, despesa e perdas Unidade 3 – Elementos de custos Nesta unidade, você estudará os custos dos produtos material direto (ou matéria-prima), mão de obra e seus encargos, além de custos indiretos de fabricação (CIFs). 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 4 – Classificação dos custos O comportamento dos custos será estudado por você segundo o volume de produção: os custos fixos e os custos variáveis. Você também fará a identificação dos custos quanto ao objeto de custeio: os custos diretos e os custos indiretos. Unidade 5 – Custeio Você estudará o significado da palavra “custeio” e as maneiras de alocar custos para os produtos (em função do custeio por absorção e do custeio variável) e para os estoques (em função do sistema de custo por ordem de produção e do sistema de custo por processo). Unidade 6 – Departamentalização Você desenvolverá a compreensão do que seja departamento. Também estudará a distinção entre departamento de produção e departamento de serviço (ou auxiliar). Ainda, verá os critérios de rateio dos custos indiretos. Unidade 7 – Planilha de custos Nesta última unidade, você estudará a construção de uma planilha de custos. Também estudará a alocação dos custos indiretos e diretos à planilha de custos. 15 Contabilidade de Custos Agenda de atividades/ Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor tutor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1UNIDADE 1 Introdução à contabilidade de custos Objetivos de aprendizagem � Compreender o que é contabilidade de custos. � Identificar os tipos de empresa em que se aplica a contabilidade de custos. � Compreender a distinção entre os sistemas de custos da contabilidade de custos. Seções de estudo Noções Preliminares Seção 1 Por que estudar contabilidade de custos? Seção 2 O que é contabilidade de custos e em que tipos de empresa ela se aplica? Seção 3 Qual a diferença entre contabilidade de custos e sistema de custos? 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Noções Preliminares Caro/a estudante, como já sabe, nossa disciplina é Contabilidade de Custos. Com o estudo deste conteúdo, você estará habilitado/a a avaliar o estoque de uma empresa. Entretanto, existe um conteúdo da disciplina que não está relacionado com as técnicas da contabilidade de custos: você tem ideia de como avaliar o estoque de uma empresa quando a empresa não possui contabilidade de custos? Bem, se a empresa possui contabilidade de custos, aplicam-se estes conteúdos para se avaliar o estoque. Mas, em caso negativo, como avaliar os estoques, repito? Esta pergunta estava no “ar”, insistente. Então vamos à resposta. Antes de iniciarmos a disciplina propriamente dita, iremos aprender como avaliar o estoque de uma empresa quando não existe contabilidade de custos. Preste atenção! Você irá estudar contabilidade de custos, nesta disciplina. Mas antes, você estudará o que acontece quando não existe contabilidade de custos. De início, parece meio contraditório (avaliar o estoque sem contabilidade de custos, já que iremos estudar justamente esta matéria), mas trata-se de uma situação que se apresenta na prática, então devemos dominá- la. Muitas vezes, os contadores avaliam os estoques apenas por não possuírem tempo de implantar a contabilidade de custos ou por não saberem utilizar o conteúdo da matéria. Assim, na sequência do livro, primeiro você verá um conteúdo que está fora da disciplina,ou seja, avaliação do estoque quando a empresa não possui contabilidade de custos. Depois, aí sim, a disciplina. Contabilidade de custos não integrada com a contabilidade geral Antes de adentrarmos, efetivamente, a nossa disciplina (Contabilidade de Custos), gostaria de propor-lhe a seguinte situação: digamos que você é convidado/a a assumir a 19 Contabilidade de Custos Unidade 1 contabilidade de custos de uma indústria no dia 20 de dezembro de um ano qualquer. Ao assumir o cargo, percebe que a empresa não possui contabilidade de custos. Com isso, fica a pergunta: como você irá avaliar o estoque da indústria, se a mesma não possui contabilidade de custos? Perceba, também, que a empresa deve avaliar o estoque para a publicação do balanço patrimonial e que este balanço deve ser publicado no início de janeiro. Como você não possui tempo hábil, repete-se a mesma pergunta: de que modo avaliar o estoque sem contabilidade de custos? Neste caso, quando a empresa não possui contabilidade de custos, deve-se utilizar os preceitos do Decreto-Lei n. 1.598, de 26/12/77. Saiba mais sobre o que fazer quando a empresa não apresenta contabilidade de custos! O Decreto-lei acima ainda está em vigor (1.598/77). Porém, para ficar mais prático, a Secretaria da Receita Federal condensou toda a legislação do Imposto de Renda em um único instrumento legal, no sentido de facilitar a tarefa do contribuinte. Assim, toda a legislação da Receita Federal está inserida no Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Voltando ao assunto, se a empresa não possui contabilidade de custos, deve-se avaliar o estoque conforme as regras abaixo, inseridas no Artigo 14, parágrafo 3º, do citado Decreto-lei n.1.598/77. a) Considerar os materiais em processamento, calculando por uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no período-base, ou em 80% do valor dos produtos acabados. b) Os produtos acabados, em 70% do maior preço de venda do período-base (com ICMS). Observe que, na hierarquia das leis, temos um Decreto-lei, o 1.598; e um Decreto, o 3.000. Decreto- lei e Decreto não são a mesma coisa. Decreto é o ato pelo qual o chefe do governo determina a observância de uma regra legal, cuja execução é de competência do Poder Executivo. O Decreto-Lei é um decreto com força de lei, que num período anormal de governo é expedido pelo chefe de fato do Estado, que concentra nas suas mãos o Poder Legislativo, então suspenso. 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe que, neste caso, é feita a avaliação do estoque de uma indústria – em outro momento veremos diferentes tipos de empresa. Saiba mais sobre que contas básicas fazem parte do estoque de uma indústria e de uma empresa comercial. Tenha presente que o estoque de uma indústria é composto por três contas básicas: matéria-prima, produtos em processo e produtos acabados, diferentemente das empresas comerciais, que somente utilizam uma conta, ou seja, mercadoria. Matéria-prima A avaliação desta conta não requer nenhum tipo de técnica contábil da contabilidade de custos, pois será avaliada pelos valores lançados na contabilidade da empresa. Ou seja, os valores desta conta serão as compras de materiais que a empresa efetua ao longo do período (podendo ser mensal ou anual, dependendo do período que a empresa estiver utilizando. Se estivermos nos referindo ao balancete, o período é mensal; e, se estivermos nos referindo ao balanço, então o período é anual). Perceba, também, que se o estoque será avaliado pelo preço médio ou pelo Primeiro que Entra Primeiro que Sai (PEPS), ou, ainda, pelo Último que Entra Primeiro que Sai (UEPS), isto não depende da contabilidade de custos. Ademais, perceba que o Decreto-lei 1.598/77 não faz referência a esta conta, somente às duas outras contas (observe o Art. 14, § 3º, já citado). Produtos em Processo Para esta conta, o referido Decreto-lei 1.598/77 (ou o artigo 296 do Decreto 3.000/99) informa que os valores devem considerar o consumo de matéria-prima (M. P.), multiplicado por 1,5 ou 80% do produto acabado. Então, o valor total da conta é o consumo de M. P., multiplicado por 1,5. Ou o contador de custos pode avaliar 21 Contabilidade de Custos Unidade 1 o estoque de produtos em processo, multiplicando o valor do produto acabado por 80%. Produto acabado Já o estoque de produtos acabados deve ser avaliado em 70% do preço de venda (com ICMS). Ou seja, o valor deste estoque é a receita do produto multiplicado por 70%, incluindo, neste percentual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), incidente na venda do produto. Vamos transformar estas informações em lançamentos! A avaliação dos estoques apresenta os seguintes lançamentos: Matéria-prima: o valor do estoque deve estar de acordo com a contabilização das compras de M. P. (não interessa, não importa para a contabilidade de custos se o estoque é avaliado pelo preço médio, PEPS ou UEPS). Lançamento: D – estoque de M. P. C – caixa, banco ou fornecedores Histórico e valor (valor: da nota fiscal da compra de M. P. no período). Produtos em Processo: 1,5 da matéria-prima ou 80% do produto acabado. Lançamento (para um produto): D – produtos em processo C – estoque de matéria-prima Histórico e valor (valor: 1,5 do consumo de M. P. no período ou 80% do valor do produto acabado no período). Produtos acabados: este estoque deve ser avaliado em 70% do preço de venda, com ICMS. 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Lançamento (também para um produto): D – produtos acabados C – produtos em processo Histórico e valor (valor: 70% do preço de venda no período, com ICMS). Na venda do produto, os lançamentos são os seguintes: Primeiro lançamento – recebimento do dinheiro ou direito D – caixa, banco ou clientes C – receita com vendas Segundo lançamento – baixa do estoque D – custo dos produtos vendidos C – estoque de produtos acabados Histórico e valor (valor: custo dos produtos vendidos). Então, veja que, seguindo a sequência acima, conseguiremos avaliar o estoque de uma indústria sem precisarmos utilizar a contabilidade de custos. Mas perceba que a nossa disciplina é, justamente, Contabilidade de Custos e que seu estudo inicia, de fato, na seção 1, na sequência. Antes, atente para o fato de que o conteúdo de Contabilidade de Custos abrange duas disciplinas distintas: Contabilidade de Custos propriamente dita e Análise de Custos. O conteúdo de Contabilidade de Custos possui a finalidade de avaliar o estoque de uma empresa. Ou seja, é um conteúdo totalmente formal, pois está calcado na Lei 6.404/76, nos princípios fundamentais da contabilidade, nas normas brasileiras de contabilidade, nas normas da Comissão de Valores Mobiliários, nas normas dos três níveis de fisco (federal, estadual e municipal), entre outras normas que se aplicam à contabilidade. Já o estudo da análise de custos é totalmente informal, pois a análise de custos não depende de leis ou normas. Depende exclusivamente da empresa, da necessidade de informação 23 Contabilidade de Custos Unidade 1 da empresa. E, óbvio, da competência dos contadores, de sua cultura, de seu conhecimento. Existem algumas regras e técnicas básicas para se fazer análise, mas podemos dizer que são poucas. A “maior” análise dependerá, mesmo, do contador de custos, como, por exemplo, aumento do consumo de M. P. em comparação à produção; aumento do gasto da mão de obra em relação à produção. Tais comparações não são ensinadas em uma disciplina, pois dependerão da necessidade de informação por parte da empresa. Saiba mais sobre a Lei 6.404/76, o Decreto-Lei 1.598/77 e o Decreto-Lei 3.000/99 Como você já sabe, a lei básica da contabilidade é a de número 6.404/76. Com exceção da noção de débito e crédito, esta lei regula a maioria das normas contábeis no Brasil (junto com os princípios contábeis, as normas brasileirasde contabilidade, normas da comissão de valores mobiliários, normas do fisco, entre outras). Esta Lei, ao entrar em vigor, alterou significativamente a prática de contabilidade no Brasil. Então, a partir dela, o fisco federal precisou se adaptar às novas normas da contabilidade e, para tanto, editou o Decreto-lei 1.598/77. A partir daí, o fisco foi atualizando-o, o que resultou no atual Regulamento do imposto de renda (Decreto n. 3.000/99), que é uma consolidação das leis e normas do imposto de renda. Acesse o site da Receita Federal e veja o que diz o artigo 296 do Regulamento do Imposto de Renda. Contabilidade de custos integrada com a contabilidade geral Caro/a aluno/a, a partir deste momento, iniciamos propriamente os estudos da disciplina: iremos estudar as técnicas contábeis para avaliar os estoques de uma empresa. Em outras palavras: aqui começa a Contabilidade de Custos. 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta unidade, você estudará um ramo específico da contabilidade geral, ou seja, a contabilidade de custos. Esta e as seguintes são unidades teóricas, de fundamentação, e importantes para você ter um embasamento sobre a matéria. Por enquanto, para não ficar preocupado/a sobre o que é esta disciplina, podemos dizer, que a contabilidade de custos, simploriamente falando, é uma “planilha”. Por este motivo, a base do nosso estudo é uma planilha de custo, que será estudada na unidade 7 do livro. Mas, para construir aquela planilha, você deve, antes, estudar as unidades precedentes, de modo a poder compreender a base da sua construção. Também é importante dizer que, apesar de a contabilidade de custos representar um ramo específico da contabilidade geral, não são necessários conhecimentos específicos de contabilidade para se construir a planilha de custos. Nesta disciplina, você somente estudará a teoria da contabilidade relativa à contabilidade de custos para construir a planilha de custos. Seção 1 - Por que estudar a contabilidade de custos? Como você já deve ter percebido, a contabilidade de custos está relacionada com os custos dos produtos. Esse tipo de contabilidade existe para calcular os custos dos produtos. Esta informação é importante nas empresas, principalmente nos dias de hoje, quando a concorrência é muito acirrada. E porque o conhecimento dos custos de fabricação dos produtos é uma informação relevante no processo de tomada de decisão das empresas. Peter Drucker dizia que um produto para ser vendido deveria ter o “máximo de propaganda” e o menor custo. 25 Contabilidade de Custos Unidade 1 Seção 2 - O que é contabilidade de custos e em que tipo de empresas ela se aplica? Você conhece a definição de contabilidade de custos? Pode-se definir contabilidade de custos como a sistematização de um conjunto de métodos contábeis com a finalidade de determinar os custos unitários de produtos e serviços. Conhecendo o custo unitário do produto/serviço, a empresa pode utilizar esta informação para determinar o valor do estoque de produtos/ serviços. Como você deve ter percebido, esta definição abrange o produto e o serviço. É isto mesmo: a contabilidade de custos pode calcular o custo unitário dos produtos, em uma indústria, ou também o custo unitário do serviço, nas prestadoras de serviços. Assim, podemos dizer que a contabilidade de custos se aplica às indústrias, às prestadoras de serviços e às empresas rurais. Somente não se aplica às empresas que comercializam produtos. Este fato se justifica pela própria definição da contabilidade de custos, quando especifica que ela serve para calcular o custo unitário. Veja que, nas empresas comerciais, o custo unitário já está calculado, e está informado na nota fiscal de compra da mercadoria. Neste caso, o custo da mercadoria é o valor de compra, não havendo necessidade de cálculo adicional para se encontrar o custo unitário da mercadoria. Muitas empresas comerciais comentam que aplicam a contabilidade de custos. Na realidade, elas aplicam somente a planilha de custos, pois a contabilidade de custos serve para avaliar o estoque, e esse tipo de empresa já tem seus estoques avaliados pelo valor da nota fiscal da mercadoria. Assim, elas utilizam a planilha de custos para controlar os gastos da empresa, ou seja, somente para gerenciar os gastos da empresa, e não para avaliar o estoque. 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Ao contrário das empresas comerciais, nas empresas industriais, de serviços e rurais, precisamos somar três fatores para conhecer o custo unitário de um produto, que são: � Matéria-prima (M. P.); � Mão de obra direta (MOD); e � Custos indiretos de fabricação (CIFs). Assim, podemos dizer que os estoques desses três tipos de empresa (industriais, rurais e prestadoras de serviços) se classificam em matéria-prima, produtos em processo e produtos acabados (as empresas de serviços não possuem a conta contábil estoque de serviço acabado). Na empresa comercial, o estoque recebe a denominação de mercadoria. Acompanhe a tabela seguinte, que dispõe esta relação de estoques por tipo de empresa. Tabela 1.1 - Tipos de estoque relacionados por tipos de empresa Tipo de Empresa Indústria, Rural e Prestadora de Serviço Comercial Estoques Estoque Matéria-prima Mercadoria Produtos em processo Indústria: produto em processo Rural: nome da cultura ou nome do animal de criação Empresa de Serviço: serviço em andamento Produto Acabado Indústria: produto acabado Rural: nome da cultura ou animal abatido Serviço: não existe nas empresas de serviços Fonte: Elaboração do autor, 2007. Nas empresas de criação de animais (pecuária, por exemplo), se o animal continuar vivo na atividade produtiva, não há estoque de produto acabado, pois se considera o pressuposto de que o animal ainda está em “processo”, ou seja, ainda gera custo para a empresa. E, se gerar custo, este deve ser contabilizado no estoque de produtos em processo. 27 Contabilidade de Custos Unidade 1 Tipos de empresa A classificação já apresentada sobre os tipos de empresa (indústria, rural, prestação de serviço e comercial) é somente uma das possíveis. Existem outras classificações, como, por exemplo, lucrativas e não lucrativas; financeiras e não financeiras etc. Na classificação apresentada anteriormente (indústria, rural, prestação de serviço e comercial), todos os tipos de empresa que você possa imaginar se enquadram, como, por exemplo: � banco (serviços); � escola (serviço); � governo (serviço); � frigoríficos (indústria); � plantação de seringueiras (rural); � montadoras de carros (indústria); � construção civil (indústria) etc. Conforme já mencionado, a contabilidade de custos se aplica às empresas industriais, rurais e de serviços. O que diferencia a contabilidade de uma empresa para outra empresa é a nomenclatura utilizada nos estoques, já que a técnica é a mesma para os três tipos de empresa. Veja, a seguir, como funciona o estoque destes três tipos de empresa. a) Funcionamento do estoque na empresa industrial Para a empresa industrial, o estoque de matéria-prima é composto pelos insumos que serão utilizados na produção. E, aqui, a contabilidade de custos não atua, pois essa conta contábil somente registra os valores da matéria-prima. A contabilidade de custos apenas define os valores das outras duas contas contábeis que compõem o estoque das empresas industriais: estoque de produtos em processo e estoque de produtos acabados. 28 Universidade do Sul de Santa Catarina O estoque de produtos em processo é a soma da M. P. que está sendo utilizada na produção, mais a MOD, que é o salário dos funcionários, os quais estão fabricando os produtos, e os diversos CIFs que estão sendo usados na produção. Antecipadamente, para você não ficar em dúvida, veja alguns exemplos de CIFs: depreciação, água (quando não é M. P.), seguro do prédio da fábrica, entreoutros. E veja que o estoque de produtos acabados é o valor total do estoque de produto em processo depois de terminado. b) Funcionamento do estoque na empresa rural Nas empresas rurais, o estoque de matéria-prima é a soma dos insumos que serão utilizados na produção. No caso de uma empresa agrícola, então vão ser sementes, adubos, defensivos agrícolas, entre outros. Se for empresa de criação de animais, vai ser o próprio animal (como pinto, porco, gado, entre outros), a alimentação, as vacinas, os remédios etc. O produto em processo da agricultura refere-se ao desenvolvimento da cultura, ou seja, são os gastos com matéria- prima, mais os gastos com a mão de obra para plantar, cuidar e colher a plantação e os outros gastos indiretos (CIFs). Na pecuária, o produto em processo refere-se ao desenvolvimento da criação do animal. Ou seja, nesta conta contábil serão lançados o valor pago pelo animal, a ração, os remédios, a mão de obra direta para cuidar dos animais e os demais custos indiretos. O produto acabado da agricultura é a cultura pronta para a venda (feijão, café, laranja etc.). A conta contábil estoque de produto acabado na pecuária não existe em empresas as quais criam animais para a venda “em pé” (ou animais vivos). Nas empresas pecuárias, esta conta somente recebe lançamentos, se a empresa abater o animal e vendê-lo nesta condição, abatido. 29 Contabilidade de Custos Unidade 1 Quando se tratar de animais que não serão abatidos, (reprodutores, ovelha para produção de lã, cavalos de corrida etc.) tais animais (traduzidos em valores monetários) serão contabilizados não no estoque, e sim na conta contábil imobilizado, do grupo permanente. Assim também na empresa agrícola, quando a plantação é permanente (videiras, seringueiras, laranjeiras etc.), o seu registro é feito na conta contábil imobilizado, ao contrário das culturas temporárias, nas quais o registro é feito no grupo estoque (arroz, feijão, soja etc.). c) Funcionamento do estoque na empresa prestadora de serviço Nas empresas de serviços, o estoque de matéria-prima é composto pelos insumos gastos na prestação do serviço. Se bem que, como se pode notar em tais empresas, tais insumos, muitas vezes, são insignificantes quanto ao valor. Por exemplo, em um escritório de contabilidade, as matérias-primas são canetas, lápis, folhas de papel, tinta da impressora etc., utilizados na prestação do serviço. O estoque de produto em processo recebe o nome de serviço em andamento, ou outro nome que identifique o tipo de serviço em andamento (por exemplo, cliente um, cliente dois ou serviço “este”, serviço “aquele” ou obra “disto”, obra “daquilo” etc.). Quando o serviço é faturado (cobrado) por mês, o “estoque de serviço em processo” existe somente do primeiro ao último dia do mês. Quando o serviço que está sendo executado leva mais de um mês para ser terminado, o valor da conta “estoque de serviço em processo” passa de um mês para o outro (por exemplo, o serviço que um escritório de advocacia está prestando para um cliente, a construção de uma obra pública etc.). Quanto à conta contábil “estoque de serviços acabados”, esta não existe nas empresas prestadoras de serviços pelo simples fato de não se conceber o estoque de um serviço. De acordo com a realidade humana, não podemos conceber o serviço “estocado”. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Para terminar esta seção, lembre-se de que a técnica da Contabilidade de Custos que se aplica nas empresas industriais, rurais e de serviço é a mesma. Somente cabe uma adaptação nas nomenclaturas, principalmente nas empresas de serviço. Mas o cálculo e o raciocínio são os mesmos. Seção 3 - Qual a diferença entre a contabilidade de custos e o sistema de custos? No meio empresarial (e na bibliografia de custos também), muito se fala em Sistemas de Custos e Contabilidade de Custos. Mas, se formos analisar efetivamente um e outro, perceberemos que a principal distinção entre estes é a complexidade. Neste sentido, podemos dizer que a classificação entre Contabilidade de Custos e Sistema de Custos está relacionada ao porte da empresa. Se formos analisar uma microempresa até uma empresa de porte médio, podemos dizer que existe Contabilidade de Custos. Se a análise recair em uma empresa de porte médio até empresas de grande porte, a denominação não é mais Contabilidade de Custos, e sim Sistema de Custos. Esta diferença de nomenclaturas se verifica na quantidade de dados manipulados, no tamanho da planilha, na quantidade de dados extraídos, na quantidade de informações que permeiam a Contabilidade de Custos, de maneira geral. Assim, quando a Contabilidade de Custos incorpora muitos dados e fornece muita informação, dizemos que existe um Sistema de Custos, pelo aumento da complexidade da Contabilidade de Custos. Tanto um sistema de informação como o outro (Sistema de Custos e Contabilidade de Custos) possuem dois objetivos básicos, a saber: 31 Contabilidade de Custos Unidade 1 a) determinar o custo unitário de produtos e/ou serviços - o primeiro objetivo do sistema de custos, ou da contabilidade de custos, é determinar o custo unitário. Tal custo é a informação básica para qualquer tomada de decisão nas empresas. Esta informação serve para avaliar o estoque (produtos em processo e produtos acabados) e determinar o lucro, pois, grosso modo, o lucro é a receita menos os valores pagos para fabricar os produtos (ou produzir os produtos rurais), ou prestar os serviços; b) servir como instrumento gerencial - o primeiro objetivo é o mais importante (determinar o custo unitário). Todavia, com os sistemas informatizados de hoje (computadores e programas), ele (custo unitário) deixou de ser relevante, devido à facilidade de se implantarem Sistemas de Custos nas empresas. O que passou a ser relevante é a análise que se faz a partir das informações geradas pelo sistema de custos. Uma análise bastante utilizada nas empresas é o controle. Por meio do conhecimento dos custos, os gestores podem saber se a produção está aumentando ou diminuindo, ou se o consumo de M. P., por unidade, é a mesma dos meses anteriores. Enfim, os dirigentes da empresa possuem informações de todo o processo produtivo. Outro instrumento de análise é o custo-padrão, que serve para fazer projeções de valores, principalmente na confecção dos orçamentos. O Sistema de Custos também informa a margem de contribuição, que é uma ferramenta básica na determinação do ponto de equilíbrio. � O custo-padrão é o custo do mês em análise (unitário ou total), projetado para o futuro, geralmente doze ou vinte e quatro meses. � A margem de contribuição (M. C.) é o preço de venda diminuído dos valores variáveis (unitário ou total). � O ponto de equilíbrio é a situação em que as receitas e as despesas são iguais. Assim, indica-se a quantidade vendida, quando não há lucro nem prejuízo. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Até aqui, você estudou alguns fundamentos dos sistemas de custos (ou contabilidade de custos). Mas, com esses conhecimentos básicos, você pode estar se perguntando: quais são as desvantagens e vantagens da contabilidade de custos ou sistema de custos? Acompanhe as seguintes respostas (primeiro veremos as desvantagens). Desvantagens do sistema de custos ou da contabilidade de custos 1) Alto gasto na implantação - De fato, para se implantar uma contabilidade de custos ou sistema de custos, as empresas incorrem em desembolsar uma boa quantidade de dinheiro nessa implantação, mesmo porque isto leva certo tempo para terminar, dependendo do porte da empresa. Mas esse gasto é somente na implantação, visto que, após implantar-se a contabilidade de custos ou o sistema de custos, a empresa praticamente não terá mais gasto. O difícil é definir a planilha de custo. Depois que a planilha estiver pronta para um mês, para os meses seguintes é preciso somente atualizar os dados, ouseja, digitar os valores do mês do qual se queira calcular o custo. 2) Excesso de burocracia - Aqui a desvantagem é maior para a empresa. É que, antes da implantação do sistema/contabilidade de custos, quase não existem rotinas nas empresas para “levantar” dados, já que não há necessidades deles. Com a implantação do sistema de custos, a empresa precisa saber todos os valores referentes à M. P. (quantidade consumida, em qual produto foi alocada etc.), aos valores da MOD (quantidade de horas trabalhadas, alocação da MOD para cada produto etc.) e a todos os outros custos indiretos de fabricação (CIFs). Perceba que, com a implantação de uma contabilidade de custos, gera-se uma rotina na empresa (levantamento de dados). Este levantamento de dados cria uma burocracia na empresa. E esta burocracia pode prejudicar bastante o processo de implantação e continuidade do sistema de custos. Se não for devidamente administrada (a burocracia), pode inviabilizar a contabilidade de custos pela resistência que, por ventura, venha a ser oposta pelos funcionários da produção da empresa. 33 Contabilidade de Custos Unidade 1 Estas foram as desvantagens. Mas as vantagens, basicamente, duas, são mais importantes. Vantagens do sistema de custos ou da contabilidade de custos 1) Revela o custo unitário - com a implantação da contabilidade de custos, ou do sistema de custos, as empresas podem saber o custo unitário do produto e/ou do serviço. Esta, convenhamos, é uma informação deveras importante. O seu simples conhecimento é muito importante para a empresa, tanto para saber quanto custa um produto, como para avaliar o estoque da empresa. A informação do estoque é importante no sentido de se conhecer o valor monetário que aparecerá no balanço patrimonial, nas contas dos estoques. Então, sem a contabilidade (ou sistema) de custos, a empresa não tem como saber o valor da conta sintética “estoque”. Assim, nesse caso, deve arbitrar o valor do estoque conforme regras do Decreto-Lei 1.598/77, já vistas anteriormente. 2) Instrumento gerencial - como instrumento gerencial, a contabilidade de custos proporciona análise quantitativa e qualitativa. Quantitativa, na comparação de valores, como, por exemplo, comparação no consumo de M. P. entre vários meses, análise quantitativa de horas trabalhadas etc. Qualitativa, na análise do crescimento da produção menor do que o crescimento do consumo de M. P., ou aumento da produção com a mesma quantidade de horas trabalhadas, entre outros. Determina-se, assim, conhecer onde possa haver desperdício de capital, pelo consumo excessivo, em relação à produção, ou um aumento de gasto sem uma relação direta com benefícios para a empresa. Identificam-se, também, os departamentos ou os produtos que proporcionam lucros ou prejuízos pela análise da rentabilidade destes, por meio das receitas geradas e dos consumos de recursos vinculados a esses departamentos e/ou produtos. Como você pode notar, as vantagens proporcionadas pela contabilidade de custos são basicamente duas: custo unitário e análise gerencial. O custo unitário é fácil de calcular com a planilha. 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Quanto à análise, não existe uma fórmula pronta de análise de custos. Como será estruturada a planilha, quais informações farão parte da planilha, que informações dela serão extraídas, que importância será dada a ela no gerenciamento da empresa? Observe que todos estes tópicos de análise dependerão dos gestores das empresas. A necessidade da empresa, a sua necessidade como gestor do custo, a sua cultura em relação ao assunto (custo) é que vai determinar a estrutura da planilha e, principalmente, que tipo de análise será feita. Saber utilizar a planilha de custos na comparação de valores talvez seja mais importante do que as simples técnicas de análise de custos, presentes nos livros didáticos. A título de exemplo, deve ser considerado o consumo de M. P. em relação à produção, acréscimo ou decréscimo do custo da MDO em relação à produção, entre outros. Estas são informações que não se aprendem na escola, o contador de custos deve aprender no dia a dia. Ao tratar dos sistemas de contas, alguns autores distinguem dois tipos: o sistema monista – que compreende um só conjunto de livros, uma só razão geral, ou seja, as contabilidades externas e internas estão resumidas; e o sistema dualista – formado por duas contabilidades autônomas, embora mutuamente subsidiadas. Esta noção, entretanto, não é aplicada na contabilidade atualmente. 35 Contabilidade de Custos Unidade 1 Síntese Você estudou, nesta unidade, os dois objetivos básicos da contabilidade de custos (ou sistema de custos, dependendo do porte da empresa). Você também aprendeu em quais tipos de empresa pode-se aplicar a contabilidade de custos e por que não se aplicam esses conteúdos nas empresas comerciais. Você teve, igualmente, uma visão genérica do funcionamento dos estoques nos quatros tipos de empresa. Estudou a diferença entre contabilidade de custos e sistemas de custos, suas vantagens e desvantagens. Para você ter certeza se alcançou os objetivos propostos, antes de prosseguir, releia-os no início da unidade. Atividades de autoavaliação Ao final de cada unidade você vai ser instigado/a (provocado/a) a realizar atividades de autoavaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas se esforce para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem. Responda, então: 1) Para um produto existir na realidade, quais são os fatores que concorrem para sua existência? 36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2) Em quais tipos de empresa pode-se aplicar a contabilidade de custos? 3) Por que não se aplica a contabilidade de custos nas empresas comerciais? 4) Qual o “estoque” que existe nas empresas industriais e rurais e que não existe nas empresas prestadoras de serviços? 37 Contabilidade de Custos Unidade 1 5) Qual a diferença básica entre um sistema de custos e uma contabilidade de custos? 6) Quais são os dois objetivos da contabilidade de custos? 7) Qual a principal desvantagem do sistema de custos? Explique a sua resposta. 38 Universidade do Sul de Santa Catarina 8) Nos dias de hoje, com a popularização dos computadores, qual a principal vantagem da contabilidade de custos? 9) Existe uma “fórmula” pronta e acabada de se fazer análise de custos? Comente sua resposta. 10) Vamos supor que determinada empresa comercial, um supermercado, por exemplo, convide você para implantar um sistema de custos. Como você aceitou o desafio, pergunta-se: qual o seu objetivo com a implantação da “contabilidade de custos” em uma empresa comercial? 39 Contabilidade de Custos Unidade 1 Saiba mais Nesta unidade, serão indicadas algumas referências bibliográficas para o seu aprofundamento nos conteúdos estudados. Perceba que qualquer bibliografia a respeito do tema deve ser consultada, lida e estudada, pois é importante para o seu aprendizado. Ademais, qualquer assunto estudado nesta disciplina encontra-se na grande maioria dos livros de contabilidade de custos. Sobre esta matéria, do nosso ponto de vista, o livro mais didático que se encontra na “praça” é o do professor Eliseu Martins (indicado abaixo), embora existam vários outros bons livros. Existem alguns que são muito mais fáceis, mas não completos o suficiente. Já outros são bastante completos, mas a redação deles deixa um pouco a desejar, principalmente para os que estão iniciando nessa área. Então, aqui, você fica convidado/a a folhear alguns livros da matéria e formar uma opinião: se são fáceis ou difíceis, se são completos, ou não. Ainda, uma sugestão: como é interessante o aluno possuir uma biblioteca básica referente às disciplinas do curso, sugiro a aquisição os em sebos (lojas de livros usados), principalmente dos livros que não mudam muito emrelação ao tempo, como Contabilidade de Custos, Análise de Balanço, Auditoria, Perícia, o próprio Manual de Contabilidade por Ações (um livro básico para a profissão), entre outros. Evite comprar livros sobre o imposto de renda em sebo, pois a atualização deste tipo de bibliografia é constante. Neste último caso, pesquise os assuntos na internet, já que os sites estão mais atualizados do que os livros. Referência Básica: MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina Referência Complementar: DUTRA, Rene. G. Custos: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2000. HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: contabilidade e controle. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. HORGREN, Charles; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1997. LEONE, George S. Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 1996. 2UNIDADE 2 Nomenclaturas básicas aplicadas à contabilidade de custos Objetivos de aprendizagem � Compreender o que é gasto, custo, despesa e perda para a contabilidade de custos. Seções de estudo Seção 1 O que são gastos? Seção 2 O que é custo? Seção 3 O que é despesa? Seção 4 O que são perdas? 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo O professor Eliseu Martins, em sua obra Contabilidade de Custos (2003), argumenta que, desde que duas pessoas resolvam se comunicar, deve haver um mínimo de entendimento nessa troca de ideias. E que, para haver comunicação, as pessoas devem utilizar os mesmos nomes para os objetos, os conceitos e as ideias, sob pena de não haver entendimento na troca de palavras. O autor ainda ressalta que, nas Ciências Sociais, de maneira geral, e na área econômica, de maneira especial (Contabilidade, Administração e Economia), encontramos uma profusão de nomes para um único conceito ou uma variedade grande de entendimento para uma única palavra (MARTINS, 2003). Sílvio Crepaldi (2009) argumenta neste mesmo sentido. Para podermos nos comunicar sem que o entendimento fique truncado, a contabilidade de custos definiu conceitos para algumas palavras-chave utilizadas no seu contexto. Essas palavras são usadas frequentemente no cotidiano das pessoas e adquirem os mais diferentes significados. Então, para nos entendermos, devemos saber efetivamente a definição dessas nomenclaturas na “esfera” da contabilidade e, de maneira especial, no âmbito da contabilidade de custos. É este assunto que você irá estudar nesta unidade. 43 Contabilidade de Custos Unidade 2 Seção 1 - O que são gastos? Você sabe o que são gastos? Gastos são sacrifícios financeiros desembolsados pela empresa para adquirir bens ou serviços. Estes sacrifícios financeiros se caracterizam pela entrega ou promessa de entrega de valores do ativo (ou contabilizados diretamente no grupo despesa), normalmente dinheiro. Vamos recapitular! Como exemplos de bens, temos dinheiro (caixa), estoques, máquinas, terrenos etc. Como exemplo de direitos, temos banco (dinheiro depositado no banco), clientes (contas a receber), empréstimos a diretores etc. O gasto somente se define quando há a transferência de propriedade do bem ou serviço para a empresa, ou seja, no instante em que a empresa assume a dívida ou no momento da redução do valor do ativo (ou considerado imediatamente como despesas), entregue como pagamento. Este conceito de gasto é bastante amplo e está próximo do linguajar que se usa no dia a dia. Em uma empresa, muito dos valores desembolsados do caixa (ou do banco) da empresa são gastos, mas alguns valores não o são. Então, quando a empresa sacrifica algum valor do ativo para adquirir outro ativo, há o gasto. O mesmo acontece, quando a empresa sacrifica algum valor do ativo para adquirir uma despesa (pagamento de água, por exemplo). Veja alguns exemplos de gasto. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina Quando a empresa compra matéria-prima está incorrendo em gasto, pois trocou um ativo, dinheiro, por outro ativo, matéria-prima. A empresa também está incorrendo em gasto quando cumpre a folha de pagamento, pois está efetuando uma troca de ativos, neste caso dinheiro, por serviço de seus funcionários. Compra de máquinas e outros imobilizados também são gastos, já que há uma troca de ativos. Outro exemplo é o pagamento de despesas. Neste caso, a empresa está trocando um ativo, dinheiro, por um bem de consumo (gasolina do carro do presidente da empresa, por exemplo). Perceba que os gastos podem ser alocados no ativo ou lançados diretamente na despesa. Como exemplo de ativo podemos citar a compra de matéria-prima, compra de imobilizado, entre outros. Quanto à despesa, podemos citar a compra de material de expediente, pagamento de funcionários administrativos, entre outros. Mas observe que todo gasto, direta ou indiretamente, tornar-se-á despesa, pois todo ativo se tornará despesa, cedo ou tarde. Um exemplo é o gasto com imobilizado, que se tornará despesa com a depreciação deste (já que a depreciação será contabilizada futuramente no grupo Despesa). Quanto ao gasto com despesa, dispensa maiores comentários, pois, por natureza, já é despesa. Entretanto, há vários exemplos de desembolso do caixa que não são gastos. Neste caso, temos os valores que a empresa desembolsa da conta caixa ou da conta banco e que não serão lançados futuramente no grupo despesa. Acompanhe dois exemplos de desembolso que não são tidos como gastos. 45 Contabilidade de Custos Unidade 2 Amortização de empréstimos - neste caso, há a saída de dinheiro do caixa, mas não há a aquisição de bem ou de um direito. Veja que não há aumento do ativo e nem aumento da despesa. Há somente o pagamento do empréstimo. Perceba que a amortização do empréstimo não é gasto, mas o juro pago pelo empréstimo é gasto, já que o juro é o sacrifício em que a empresa incorre para utilizar o dinheiro do banco (neste caso, o juro do empréstimo será contabilizado no grupo despesa e a amortização do empréstimo, por sua vez, não será). Empréstimo a diretores - com esse mesmo raciocínio, também podemos dizer que o empréstimo a diretores não é gasto, pois a empresa não está entregando dinheiro em troca de um bem ou serviço. Em um futuro próximo, os diretores devolverão o empréstimo, e a empresa não arcará, então, com nenhuma despesa. Veja que todo “gasto” é uma despesa, direta ou indiretamente. Diretamente, quando os valores são lançados imediatamente no grupo despesa; e, indiretamente, quando os valores do gasto transitam primeiramente pelo grupo ativo e depois são lançados no grupo despesa. Seção 2 - O que é custo? Você sabe o que é custo? Custo é o consumo de recursos no processo produtivo. É o gasto em que a empresa incorre para fabricar um produto ou prestar um serviço. Perceba que custo ocorre somente no processo de produção (na fábrica). O seguinte trocadilho expressa uma grande verdade! Todo custo é um gasto, mas nem todo gasto é um custo. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Então, observe que os custos são somente o consumo de matéria- prima (M. P.), o gasto com mão de obra dos funcionários da fábrica (MOD) e os demais gastos (CIFs) que ocorrem no processo de transformação da matéria-prima em produtos, nas indústrias e empresas rurais, e os valores nos quais as prestadoras de serviços incorrem para prestar o serviço. Os demais gastos da empresa não são considerados custos, e sim despesas administrativas, de vendas ou financeiras. Para os objetivos deste trabalho, definiremos estas três despesas, já citadas, como despesas acessórias. De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (6.404/76), a demonstração do resultado do exercício deve discriminar o que são custos dos produtos vendidos (CPV) das despesas operacionais do exercício. No CPV, vão os gastos de fabricação dos produtos que já foram vendidos;e, nas despesas operacionais, os gastos com a manutenção da estrutura burocrática da empresa. A estrutura burocrática é representada pelos departamentos de contabilidade, contabilidade de custos, diretoria, financeiro, administração, vendas, marketing, as assessorias (jurídica, entre outras), entre outros exemplos. Uma particularidade importante entre os custos e as despesas é que os custos, necessariamente, são contabilizados primeiramente nos estoques, ou seja, todo valor gasto, e que seja custo, deve ser lançado na conta produto em processo e, depois, na conta produtos acabados. Já as despesas devem ser contabilizadas (lançadas) diretamente na conta despesas operacionais (despesas administrativas, despesas com vendas e despesas financeiras). Esta segregação, separação, justifica-se pelo fato de o gasto com a produção ser com o produto, e o produto, por sua vez, necessariamente dever estar estocado, ao menos durante o processo de fabricação. Se a empresa fabrica produto, esse deve ser contabilizado necessariamente na conta produto em processo, para, quando terminar a produção, ser transferido para a conta produto acabado. Quando da venda, aí sim, o custo é transferido 47 Contabilidade de Custos Unidade 2 para o resultado do exercício, para a conta custo do produto vendido. Esta sistemática também se aplica às empresas rurais e às empresas prestadoras de serviço. Como existem duas classificações distintas nas empresas rurais (agricultura e pecuária), você deve prestar atenção na especificação da empresa para definir o que seja “custo” e como alocá-lo aos estoques. As empresas agrícolas também possuem uma classificação específica, cultura permanente e cultura temporária. � Na cultura permanente, primeiro, há a plantação dos pomares. Então, todos os gastos na formação destes pomares devem ser contabilizados no ativo imobilizado da empresa, para posterior exaustão da plantação. Esta exaustão é contabilizada (lançada) na conta produtos em processo, ou outra nomenclatura de conta que informe efetivamente a colheita daquela cultura. Após a colheita, o valor da conta é transferido para produtos colhidos, ou outra nomenclatura de conta que informe efetivamente qual cultura foi colhida e que será estocada. � Na cultura temporária, os materiais (sementes, adubos, defensivos agrícolas etc.) são transferidos da conta insumos agrícolas (matéria-prima, na indústria) para a conta plantação em andamento – plantação de milho, plantação de feijão etc. (produto em processo, na indústria). Após a colheita, esses valores são transferidos para a conta que represente a cultura colhida – estoque de milho, estoque de feijão (trata-se da conta produtos acabados, na indústria). E, nas empresas prestadoras de serviço, o estoque de produtos em processo, da indústria, recebe o nome de serviço sendo executado ou serviço em andamento. Nessa conta, serão lançados (contabilizados) todos os gastos nos quais a empresa incorre para prestar o serviço, como, por exemplo, matéria- prima (nas empresas de serviços, a matéria-prima geralmente é irrelevante, mas existe – por exemplo: papel, tinta de impressão, caneta, entre outros), a mão de obra gasta para executar o serviço 48 Universidade do Sul de Santa Catarina (geralmente o valor mais preponderante dos gastos, nesse tipo de empresa) e os demais custos indiretos suportados pela empresa para prestar o serviço. Um detalhe importante nas empresas prestadoras de serviços é que não existe a conta contábil serviços acabados (conta produtos acabados, na indústria), já que, na realidade humana, não podemos conceber o “estoque de um produto intangível”. Como você irá visualizar na figura seguinte, todos os gastos em que a empresa incorrer no prédio da fábrica são custos; já o gasto no prédio da administração é despesa. Figura 2.1 - Distinção entre o prédio da fábrica e o prédio da administração Fonte: Elaboração do autor, 2007. A partir deste momento, fique atento/a à palavra “custo”, pois, toda vez que você a ler neste livro didático, ela terá esta conotação, ou seja, gasto no processo produtivo. Mas mais importante do que utilizar a palavra “custo” nesta disciplina é você utilizar esta palavra em todos os assuntos relacionados à profissão de contador. 49 Contabilidade de Custos Unidade 2 Como já falado, a conta sintética estoque está subdividida em três contas analíticas (por enquanto, vamos ficar nestas três: mais tarde, veremos a subdivisão delas). Estoque � Matéria-prima � Produtos em processo � Produtos acabados Perceba que somente podemos usar a denominação “custo” em duas contas: produtos em processo e produtos acabados. Não podemos usar a palavra “custo” no estoque de matéria-prima, pois o custo é a soma de M. P., mais a MOD e os CIFs. E, no estoque de matéria-prima não existe esta soma, e sim somente nos estoques de produtos em processo e produtos acabados. Então, a palavra “custo” se confunde com aqueles dois estoques e não se confunde com o estoque de matéria-prima. Seção 3 - O que é despesa? Você conhece a definição de despesa? Em contabilidade, define-se despesa como a contrapartida da receita. Então, para a empresa auferir, obter uma receita, deve incorrer em despesa. Se a empresa vender um produto, ela vai conseguir uma receita (vai receber um dinheiro ou direito), e a principal despesa vinculada a essa receita é o custo do produto vendido (ou o custo do serviço prestado ou, ainda, o custo do produto rural vendido). Aqui você pode ter ficado em dúvida. Poderia estar se perguntando: se o custo do produto vendido é uma despesa, e o “custo”, como já estudado, somente existe no processo de produção, como esta nomenclatura pode estar sendo utilizada como despesa? 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe que estamos usando esta terminologia, custo do produto vendido, por imposição da Lei das Sociedades Anônimas, a qual determina que esta conta contábil receba tal denominação. E como essa é a Lei que nomeia as contas contábeis no Brasil (ao menos as principais contas), somos forçados a segui-la. Entretanto, segundo a definição de despesa, essa conta deveria denominar-se “despesa do produto vendido”, seguindo a lógica de existirem custos somente nos estoques. Quando o produto é baixado pela venda, aquele custo de produção perde a condição de “custo” e passa a ser uma despesa com o produto vendido. Como a Lei é soberana, iremos nos referir a essa conta como custo do produto vendido, entretanto, cientes de que a denominação correta (teoricamente falando) deveria ser “despesa do produto vendido”. A par desta explicação, a peça contábil que informa as receitas e as despesas do exercício é a demonstração do resultado do exercício (DRE). E, na DRE, existem duas despesas vinculadas às receitas: uma principal e outra a que podemos nos referir como acessória. A despesa principal é o próprio custo do produto vendido, pois é o valor relacionado diretamente com a receita. Se uma empresa vende um produto, o gasto principal com aquela venda é o valor que a empresa desembolsou para fabricá-lo – ou comprá-lo, no caso de uma empresa comercial. Então, essa é a principal despesa na venda do produto. E as despesas acessórias são as despesas operacionais em que a empresa incorre para ter condições de vender o seu produto, as quais não estão relacionadas diretamente com o produto, mas indiretamente. Vejamos um exemplo. 51 Contabilidade de Custos Unidade 2 O salário da secretária do presidente da empresa não mantém uma relação direta com a venda de um produto em particular. Mas o trabalho da secretária contribui para que o produto seja fabricado, em um primeiro momento, e vendido, em um segundo momento. Isto pode ser justificado, se você imaginar o presidente da empresa sem uma pessoa que o auxilie. Primeiramente, toda empresa deve ter uma pessoa que a comande, e, depois, se esta pessoaé muito atarefada, o acúmulo de tarefas dificulta o discernimento do gestor. Se ele não tiver tempo para gerir a empresa da melhor forma possível, provavelmente essa empresa não cumprirá seus objetivos, quais sejam, produzir e vender produtos. Percebe-se, então, que todos os gastos operacionais que não estão vinculados diretamente ao produto contribuem para o esforço de produção e venda, por isto são considerados despesas operacionais. Aqui estão incluídos os salários administrativos, o consumo de água da administração, a depreciação dos computadores e mobiliários da parte administrativa da empresa, a depreciação dos automóveis da diretoria, todos os gastos com o departamento de vendas, todos os juros pagos pela empresa, entre outros. Um detalhe importante que você deve perceber é que toda receita possui uma despesa vinculada, do contrário não seria receita – veja bem, sem exceção. Algumas pessoas citam exemplos de receita sem despesa, notadamente juro da poupança, por exemplo, e doação. Quanto ao juro da poupança, este não é receita, mas sim o lucro da aplicação. Se compararmos os lançamentos da compra e venda de uma mercadoria com a aplicação financeira na caderneta de poupança, veremos que os dois lançamentos são equivalentes. Acompanhe, na sequência, esses lançamentos. 52 Universidade do Sul de Santa Catarina Compra e venda de um bem do estoque (mercadoria qualquer) Lançamento na compra D – Estoque de mercadoria C – Caixa, banco ou fornecedores 1.000,00 Lançamentos na venda Pelo recebimento do dinheiro ou reconhecimento do direito D – Caixa, banco ou clientes C – Receita com vendas 1.200,00 Baixa do Estoque D – Custo da mercadoria vendida C – Estoque de mercadoria 1.000,00 Então, como a receita foi de $ 1.200,00 e a despesa foi de $ 1.000,00, a transação gerou um lucro de $ 200,00 para a empresa. Aplicação e resgate da poupança (não utilizado – mas que deveria ser utilizado) Lançamento da aplicação D – Aplicação financeira – poupança C – Caixa ou banco 1.000,00 Lançamentos no resgate D – Caixa ou banco C – Receita com aplicação 1.2000,00 Baixa da aplicação D – “Custo da aplicação financeira” C – Aplicação financeira – poupança 1.000,00 53 Contabilidade de Custos Unidade 2 Igualmente ao lançamento da compra e venda da mercadoria, a empresa obteve uma receita de $ 1.200,00 e uma despesa de $ 1.000,00. O lucro com a aplicação financeira foi de $ 200,00. Entretanto, o lançamento que se faz na prática do dia a dia das empresas é o seguinte: Aplicação e resgate da poupança (utilizado na prática diária – incorreto) Lançamento da aplicação D – Aplicação financeira – poupança C – Caixa ou banco 1.000,00 Lançamento de resgate da aplicação D – Caixa ou banco 1.200,00 C – Aplicação financeira – poupança 1.000,00 C – Receita com juros 200,00 Perceba que a técnica mais correta é a primeira, pois é a mesma do lançamento da mercadoria. A segunda é uma técnica simplificada, que não revela, na DRE, o valor aplicado pela empresa (“custo da aplicação” – similar ao custo da mercadoria / produto). Devido a este segundo lançamento é que muitas pessoas dizem não existir “despesa” na aplicação financeira. Mas, como vimos no primeiro lançamento, existe sim e é justamente o quanto a empresa perdeu ($ 1.000,00) para ganhar o valor de $ 1.200,00 obtendo, com isso, um lucro de $ 200,00, como já comentado. Também aqui muitas pessoas dizem que não há condições de se fazer este primeiro lançamento, devido à tributação dos impostos; mas, convenhamos, a contabilidade deveria seguir os princípios contábeis, e não os ditames do fisco. Existe toda uma metodologia para transformar os dados da contabilidade para o fisco, que se denomina Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) – aliás, é como previsto na Lei das Sociedades Anônimas (6.404/76). 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Pesquise na Lei das SAs qual artigo informa que as empresas devem fazer a contabilidade de acordo com os princípios contábeis, e depois utilizar o Lalur para converter os dados da contabilidade para a metodologia do fisco. Como sugestão, se você não possui o livro com a Lei, então faça a pesquisa na internet, pois vários sítios a disponibilizam. Quanto à “doação”, saiba que esta não é receita, pois não possui despesa. Alguns profissionais alegam que existem taxas, impostos, entre outros encargos na transmissão do bem. Mas os encargos são mais detalhes do que propriamente um gasto para se ter o bem. A doação tanto não é receita que o seu lançamento não é efetuado nas contas de resultados (receita e despesa), mas sim diretamente no patrimônio líquido da empresa. Seção 4 - O que são perdas? São os valores que desaparecem durante o processo produtivo e para os quais não há maneiras de recuperação. São os recursos consumidos na empresa, sem que haja uma contrapartida de receita. Normalmente, o termo “perda” está relacionado com o processo produtivo, mas pode-se usar este conceito também com relação às despesas operacionais. Assim, pode haver perda na atividade burocrática da empresa, como, por exemplo, perda de material no departamento de contabilidade, entre outras. No processo produtivo, as empresas incorrem em dois tipos de perdas: as normais e as anormais. 55 Contabilidade de Custos Unidade 2 1) Perdas normais As perdas normais são os gastos previsíveis que a empresa suporta e que não irão proporcionar nenhuma receita. Essas perdas podem ocorrer com os materiais, com a mão de obra e com os custos indiretos de produção. a) Perdas com materiais São os materiais consumidos de forma normal e involuntária pela empresa, sem que a empresa vá receber alguma receita. A título de exemplo, podemos citar as aparas de papel, em uma gráfica. Elas são consideradas perdas, pois a empresa está tendo um gasto que não irá recuperar. O custo dessas aparas será incorporado ao custo do produto, mas, se a empresa pudesse eliminá-las, o custo seria menor para fabricar o produto. Portanto, neste caso, as aparas são uma perda para a empresa. Sabemos que a receita do produto vai contemplar essa perda, mas, se a empresa pudesse eliminá-la, então poderia reduzir o valor da venda e, com isto, aumentar a quantidade vendida. Ademais, a empresa não pode vender “perdas”, ela deve vender um produto que tenha o menor custo possível. Mais exemplos de perdas com materiais são evaporação dos produtos voláteis, perda com estoques perecíveis (alimentos, por exemplo), entre outros. b) Perdas com mão de obra São os tempos não produtivos dos empregados, pelos quais a empresa remunera a hora trabalhada, embora eles não produzam. Como exemplo, podemos citar o tempo despendido para lanches, as faltas justificadas, as férias, o descanso semanal remunerado (DSR), as paradas de manutenção da fábrica, os feriados etc. Aqui somente é considerada perda, se a empresa remunerar a hora trabalhada. No caso do tempo de almoço, este não é considerado perda, pois, geralmente, a empresa não remunera esse tempo. 56 Universidade do Sul de Santa Catarina c) Perdas com custos indiretos de fabricação São os gastos involuntários e previsíveis que a empresa tem com esses valores. Os exemplos podem ser os mais variados possíveis, desde que a perda seja previsível e que o valor seja classificado como custos indiretos de fabricação. Para exemplificar, podemos citar as perdas com materiais indiretos, entre outros. As perdas normais possuem duas características bem definidas: são previsíveis e contabilizadas no estoque. São previsíveis à medida que a gerência da fábrica consegue fazer uma estimativa antecipada da ocorrência daqueles gastos. Por exemplo, a perda com produtos voláteis pode ser estimada, levando-se em consideração o volume de materiais. As faltas justificadas podem ser previstas em função do histórico de faltas dos funcionários nos anos anteriores. Como são previsíveis e
Compartilhar