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TOMATE - TRAÇA-DO-TOMATEIRO, Tuta absoluta O tomate (Lycopersicon esculentum), segunda hortaliça em importância no Brasil tem significativa importância socioeconômica, envolvendo grandes áreas e a utilização de considerável mão-de-obra. Em 2015, o País produziu aproximadamente 4,15 milhões de toneladas em 62 mil hectares (IBGE, 2016). Os Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo são os principais produtores nacionais e a maior parte da colheita se destina ao mercado in natura, porém a produção de tomates para as indústrias vem crescendo nos últimos anos (Melo; Vilela, 2005). Dentre os problemas fitossanitários da cultura, a traça-do-tomateiro, Tuta absoluta (Meyrick,1797) (Lepidoptera: Gelechiidae), é uma das pragas mais severas não só pelos danos ao produto in natura, mas também pela dificuldade em efetuar seu controle (Silva; Carvalho, 2004). T. absoluta é um dos principais entraves da produtividade da cultura do tomate (Picanço et al.,1998; Filho; Guimarães; Moura, 2013), estando presente em todo o ciclo da cultura (Silva; Carvalho, 2004). Esta praga possui hábito minador, penetrando nas folhas 20 a 45 minutos após a eclosão. Os danos são causados pelas lagartas que se alimentam do parênquima foliar, formando galerias transparentes ou minas. Em alta infestação podem destruir completamente as folhas do tomateiro, podendo causar perdas de até 100% das lavouras (Arnó; Gabarra, 2011; Coelho; França, 1987; Lourenção et al., 1984; Haji et al., 2002; Michereff Filho; Vilela, 2001). Os danos provocados nos brotos terminais dos tomateiros interrompem o crescimento em altura, provocando o superbrotamento lateral, o que prejudica a produção de frutos. T. absoluta atacam em qualquer estádio de crescimento, resultando na queda dos botões florais e dos frutos. Os frutos que conseguem atingir amadurecimento apresentam perfurações e galerias, junto à região do cálice, que diminuem seu valor comercial, e com as galerias abertas pelo inseto ocorre a penetração de patógenos (fungos e bactérias), tornando os frutos impróprios para o consumo e processamento (Souza; Reis, 2003). Os adultos de T. absoluta são mariposas pequenas (10-11 mm de comprimento), coloração cinza-prateada, com asas franjadas, antenas filiformes e aparelho bucal sugador maxilar com os palpos labiais recurvados (Coelho; frança, 1987). Os ovos são elípticos amarelados medindo 0,36 x 0,22 mm, tornando-se avermelhados ou marrons quando estão próximos a eclosão das lagartas. Os ovos são depositados isoladamente, na superfície superior e inferior, ao longo das nervuras dos folíolos, e também podem aparecer nos brotos apicais, nas hastes, no cálice das flores e nos frutos do tomateiro (Souza; Reis, 2000; OEPP/EPPO, 2005). Após 4-5 dias, as lagartas da traça eclodem, no 1º ínstar são verdes-claras, e nos instares posteriores apresentam coloração verde intensificada à medida que as lagartas crescem. Quando chegam ao quarto e último ínstar apresentam uma faixa longitudinal dorsal rósea e avermelhada (Coelho; França, 1987; Souza; Reis, 2000). Em todos os ínstares larvais as lagartas possuem uma placa quitinosa escura na parte dorsal no primeiro segmento torácico. O ciclo completo de ovo a adulto de T. absoluta dura de 26 a 30 dias, sendo que a fase de ovo dura entre três a seis dias e o período larval 13 a 15 dias (Alvino, 2009). T. absoluta pode ocorrer durante todo o ciclo da cultura, o ano todo e em todos os estados produtores do país, sendo o período crítico a fase de formação dos frutos. Períodos quentes e secos favorecem sua ocorrência, verificando menor população em períodos chuvosos, e sua disseminação é feita pelo vento e pelo transporte de frutos atacados contendo lagartas (Souza; Reis, 1992). A adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem sido uma alternativa viável e promissora para se conviver com as principais pragas dessa cultura. O MIP é definido como um conjunto de medidas que visam manter os prejuízos das pragas abaixo do nível de dano econômico, possibilitando a diminuição do uso de defensivos agrícolas e contribuindo com a sobrevivência dos inimigos naturais (Smith & Van Den Bosch, 1967). De acordo com Picanço et al., (2004) nesses programas, só são tomadas decisões de controle quando a intensidade do ataque das pragas é igual ou maior do que os níveis de controle ou de ação. Esse sistema objetiva a preservação ou o incremento dos fatores de mortalidade natural, por meio do uso integrado dos métodos de controle selecionados com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos. Para o controle desta praga podem ser recomendadas várias estratégias como métodos biológicos, culturais e químicos. Contudo, o controle químico é hoje a técnica mais empregada para o controle da traça do tomateiro (Miranda et al., 2005). O alto potencial reprodutivo e os danos ocasionados por esse inseto tornam o método químico o controle comumente utilizado na cultura, já que o hábito minador e a existência de populações resistentes tornam o controle do inseto difícil e dispendioso. Recomenda-se utilizar os produtos registrados para o controle da praga e as pulverizações devem ser iniciadas quando o inseto for constatado na área. ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of Economy Entomology, New York, v. 18, n. 1, p. 265-267, 1925. ALVINO, C. A.; ULIAN, I. Z.; DIAS, J. C.; CORREIA, J. C.; GODOY, A. R. 2009. Controle da traça do tomateiro. Revista científica eletrônica de agronomia. Ano VII, n. 15, Garça-SP. ARNÓ, J.; GABARRA, R. 2011. 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