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• CONCURSO DE PESSOAS. • Conceito: duas ou mais pessoas que, conjuntamente e com ciência, concorrem para a prática de determinado crime. • Consequência penal: como regra, todos respondem pelo mesmo tipo penal. • Consequência processual: como regra, unidade de processo e julgamento por motivo de continência concursal ou por cumulação subjetiva (art. 77, I, CPP). • Art. 29, CP: • “Quem, de qualquer modo (como autor ou como partícipe), concorre (requisitos para que haja concurso de pessoas) para o crime incide nas penas a este (consequência de quando há concurso de pessoas: identidade de infração penal) cominadas, na medida de sua culpabilidade (cada um, seja autor ou partícipe, terá direito uma própria dosimetria, a uma pena individualizada. Esta pena pode ser igual? Pode, mas também pode ser diferente).” • Requisitos do concurso de pessoas. • Pluralidade de sujeitos ativos: critério estritamente numérico, independentemente dos envolvidos serem ou não imputáveis e independentemente dos envolvidos estarem ou não no momento de prática do crime. • Relevância causal das condutas: somente as condutas que tenham efetivamente contribuído, de qualquer forma, para o resultado podem ser consideradas para fins penais. • Liame subjetivo: ocorre quando os envolvidos possuem o mesmo elemento subjetivo para com a ocorrência do crime e existe ciência do agir conjunto. Cuidado: não se exige prévio ajuste/acordo entre os envolvidos. • Como isto já foi cobrado em concursos públicos? • (CESPE - PC/SE - DELEGADO) Para que fique caracterizado o concurso de pessoas, é necessário que exista o prévio ajuste entre os agentes delitivos para a prática do delito. • (FCC - ALESE - ANALISTA LEGISLATIVO) Hamilton resolve chamar um táxi pelo aplicativo do celular a fim de conduzi-lo até determinado endereço. Após ingressar no veículo, Hamilton recebe uma ligação em seu telefone, ocasião em que diz a pessoa que está do outro lado da linha que está se dirigindo até o endereço do amante de sua esposa a fim de matá-lo. O motorista do táxi, mesmo após ouvir a conversa de seu passageiro, o conduz até seu destino. No dia seguinte, o motorista toma conhecimento pelo noticiário televisivo de que Hamilton realmente matou o amante de sua mulher. Diante do caso hipotético, o taxista não responderá por nenhum crime. • (IBADE - PC/AC - ESCRIVÃO) São elementos caracterizadores do concurso de pessoas (coautoria e participação em sentido estrito), entre outros: acordo de vontades entre os agentes e relevância causal das condutas. • (CESPE - TCE/PA - AUDITOR) Pedro, funcionário público, solicitou a Maria a quantia de R$ 10.000 para não lavrar auto de infração decorrente de ato ilícito descoberto durante fiscalização fazendária. Ao perceber que teria que pagar uma multa de mais de R$ 20.000, Maria prontamente concordou com a proposta e realizou o pagamento. Nessa situação, Maria responderá como partícipe do delito de corrupção passiva, uma vez que, quanto ao concurso de agentes, o Código Penal adotou exclusivamente a teoria unitária do crime. • (FAPEC - MPE/MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) É descaracterizado o concurso de pessoas, para fins penais, mesmo havendo pluralidade de pessoas e condutas, se um dos agentes for inimputável. • (CESPE - TRE/GO - ANALISTA JUDICIÁRIO) Caso um indivíduo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua intenção de utilizá-la para matar outrem, o amigo que emprestar a arma será considerado partícipe do homicídio se o referido indivíduo cometer o crime pretendido, ainda que este não utilize tal arma para fazê-lo e que o amigo não o estimule a praticá-lo. • (CESPE - TJ/PB- JUIZ DE DIREITO) A coautoria pressupõe acordo prévio, o que a doutrina denomina de pactum sceleris. • Havendo os 3 requisitos, como regra, a consequência é identidade de infração penal (os envolvidos responderem pelo mesmo tipo penal): teoria monista. • A teoria monista comporta exceção? Sim. Quando houver tipo penal específico para cada uma das condutas dos sujeitos que concorreram para o fato, cada sujeito responderá pelo tipo que abarca sua conduta (exceção pluralista à teoria monista). • Como isto já foi cobrado em concursos públicos? • (FAPEC - MPE/MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) O Direito Penal brasileiro adotou a teoria unitária ou monista, com exceções pluralistas que provocam a punição dos agentes que concorreram para o mesmo fato de acordo com dispositivos legais diversos. • Quem é autor e quem é partícipe? Depende da teoria adotada. • a) Teoria restritiva objetivo-formal: autor é aquele que pratica, total ou parcialmente, a conduta descrita no tipo penal; todos os envolvidos que concorrerem para o crime praticando qualquer outra conduta que não a conduta descrita no tipo serão considerados partícipes. • b) Teoria do domínio do fato: autor é aquele que pratica, total ou parcialmente, a conduta descrita no tipo penal de forma direta (ele mesmo) ou indireta (usando terceira pessoa que aja sem dolo ou culpa ou que não tenha culpabilidade); também é autor aquele que não praticou a conduta, seja de forma direta ou indireta, mas, dentro de um plano pré-concebido, teve participação indispensável para o êxito da empreitada criminosa. Partícipes serão aqueles que não forem considerados autores. Como isto já foi cobrado em concursos públicos? (CESPE - PC/SE - DELEGADO) João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente: Mesmo se tivesse assumido a condição de autora mediata por colocar em seu lugar na prática do delito pessoa inimputável, Ana seria responsabilizada pelo resultado do crime. (PGR - PGR - PROCURADOR DA REPÚBLICA) A teoria do domínio do fato é incompatível com a hipótese de coautoria. (MPE/RS - MPE/RS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Para a teoria do domínio do fato, autor é quem executa a ação típica, por conduta própria ou pela utilização de outro como instrumento de realização; também quem, mesmo não executando o fato típico em sentido estrito, participa da resolução criminosa, realizando parte necessária da execução do plano global. A teoria, partindo do conceito restritivo de autor, segue um critério objetivo- subjetivo. (MPE/PR - MPE/PR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) O autor mediato pode utilizar, como instrumento para a prática do crime, por exemplo, imputável em erro de tipo, imputável em erro de proibição, imputável em inexigibilidade de comportamento diverso ou inimputável. (CESPE - TRF 5ª- JUIZ FEDERAL) A autoria mediata distingue-se da participação em sentido estrito em razão do domínio do fato. Tem-se, como exemplo da primeira, a utilização de inimputáveis para a prática de crimes. (CESPE - TJDFT- ANALISTA JUDICIÁRIO) Idealizada por Welzel e Roxin e considerada objetivo-subjetiva, a teoria do domínio do fato diferencia autoria de participação em função da prática dos atos executórios do delito. (FUNCAB - PC/AC- PERITO CRIMINAL) Clécius Almeida induz o adolescente Carlos Sátiro, de dezessete anos de idade, a praticar o delito de roubo tendo como vítima a senhora Sandra Costa. Para convencer Carlos, Clécius lhe disse ser conhecido da vítima, por isto não poderia participar diretamente do crime, contudo permaneceria por perto, sem ser visto, e lhe daria cobertura no caso de um eventual problema. Diante disto, Carlos acaba por roubar o relógio e o dinheiro da senhora Sandra. No caso proposto, Cléciusresponde pelo resultado na condição de autor mediato. • Sobre o partícipe, existem dois tipos: • A) Partícipe em sentido estrito (artigo 29, caput); • B) Partícipe de menor importância (artigo 29, § 1º). • . . • § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) • Como isto já foi cobrado em concursos públicos? • (CESPE - PC/SE - DELEGADO) João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente: João e Pedro tiveram participação de menor importância no crime de furto; assim, eventual indiciamento dos dois será na condição de partícipes, razão por que eles poderão ser beneficiados pela diminuição de um a dois terços da pena. • (VUNESP - TJM/SP - JUIZ) O Código Penal taxativamente estabelece que as penas dos autores e partícipes devem ser diferenciadas, punindo sempre de forma diminuída quem apenas instiga, induz ou auxilia na prática delitiva. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art29 Como isto já foi cobrado em concursos públicos? (MPE/MS - MPE/MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) O desvio subjetivo de conduta não é alcançado pelas disposições do Código Penal sobre concurso de pessoas. Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A conduta do partícipe é sempre acessória. Não existe partícipe sem autor. E, para que se puna o partícipe, duas coisas tem que serem constatadas: 1) Se o fato praticado pelo autor chegou, no mínimo, à fase de tentativa (artigo 31); 2) Se o fato praticado pelo autor foi típico e antijurídico (teoria da acessoriedade limitada). Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Como isto já foi cobrado em concursos públicos? (CESPE - TJ/PR - JUIZ DE DIREITO) A teoria da acessoriedade limitada entende que basta o fato principal ser típico para que o partícipe seja punido. (FCC - TJ/SE - JUIZ DE DIREITO) Com relação ao concurso de pessoas, na dogmática penal brasileira, é preciso que todos os elementos da teoria tripartite estejam presentes para a punição do partícipe. Questões complementares: Admite-se concurso de pessoas em crimes omissivos próprios? Admite-se concurso de pessoas em crimes omissivos impróprios? Admite-se concurso de pessoas em crimes culposos? Admite-se participação culposa em crime doloso ou participação dolosa em crime culposo? Admite-se participação comissiva em crime omissivo? Admite-se participação omissiva em crime comissivo? O que vem a ser conivência? Esta é penalmente relevante? O que é cúmplice? O que é autoria colateral? O que é autoria incerta? Crimes próprios admitem concurso de pessoas? Crimes de mão própria admitem concurso de pessoas? Participação sucessiva; Participação em cadeia; O que é participação inócua? Como isto já foi cobrado em concursos públicos? (CESPE - TJ/PR - JUIZ DE DIREITO) A autoria colateral é aquela em que há pluralidade de agentes e liame subjetivo entre eles para a realização da conduta. (NUCEPE - PC/PI - DELEGADO) JOSÉ e PEDRO têm o mesmo desafeto, no caso, MEVIO. Mas desconhecem tal fato. Contratam pistoleiros para matar MEVIO. O pistoleiro, contratado por PEDRO se armou com um revólver, e o contratado por JOSÉ com uma pistola. Ocorre que fizeram uma tocaia no mesmo local e momento. Os dois atiram simultaneamente em MEVIO. O pistoleiro de JOSÉ atinge o coração de MEVIO e o de PEDRO atinge a perna de forma leve. Há prova de que o projétil usado pelo contratado por JOSÉ foi o causador da morte da vítima. PEDRO confessou ter mandado atirar em MEVIO. Com relação ao caso, JOSÉ e PEDRO devem responder por homicídio. (CESPE - PC/SE - DELEGADO) João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para juntos assaltarem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local durante o assalto, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente: como as ações paralelas de João, Pedro e Ana — agentes diversos — lesionaram o mesmo bem jurídico, constata-se a ocorrência da autoria colateral, haja vista que o resultado foi previamente planejado em conjunto. (MPE/BA - MPE/BA - PROMOTOR DE JUSTIÇA) A doutrina é pacífica em admitir que a circunstância de determinado crime ser delito de mão própria não impede a coautoria. (MPE/BA - MPE/BA - PROMOTOR DE JUSTIÇA) A coautoria é possível nos crimes omissivos, quando o coautor também tem o dever jurídico de não se omitir e, em vez de agir, ele adere ao dolo do agente e, igualmente, se omite. (CESPE - MPU - ANALISTA) João e Manoel, penalmente imputáveis, decidiram matar Francisco. Sem que um soubesse da intenção do outro, João e Manoel se posicionaram de tocaia e, concomitantemente, atiraram na direção da vítima, que veio a falecer em decorrência de um dos disparos. Não foi possível determinar de qual arma foi deflagrado o projétil que atingiu fatalmente Francisco. Nessa situação, João e Manoel responderão pelo crime de homicídio na forma tentada. (CESPE - TJ/AM - JUIZ DE DIREITO) É impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos, ante a ausência de vínculo subjetivo entre os agentes na produção do resultado danoso. (CESPE - TRF 5ª- JUIZ FEDERAL) O CP tipifica como crime a conivência, que ocorre quando o agente, mesmo que não tenha o dever de evitar o resultado, não intervém para fazer cessar a prática de infração penal de que tomou conhecimento. (CESPE - DPE/RN- DEFENSOR PÚBLICO) É admissível, segundo o entendimento doutrinário e jurisprudencial, a possibilidade de concurso de agentes em crime culposo, que ocorre quando há um vínculo psicológico na cooperação consciente de alguém na conduta culposa de outrem. O que não se admite nos tipos culposos é a participação. (CESPE - DPE/RN- DEFENSOR PÚBLICO) O falso testemunho, por ser crime de mão própria, não admite a coautoria ou a participação do advogado que induz o depoente a proclamar falsa afirmação. (CESPE - TJ/PB- JUIZ DE DIREITO) Será considerado cúmplice aquele que incutir na mente do autor principal o propósito criminoso. (CESPE - TJ/PB- JUIZ DE DIREITO) O crime omissivo admite a participação por meio de comissão.
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