Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas Doença mieloproliferativa Quando se fala de doenças mieloproliferativas, vai acabar citando desde a célula tronco as suas células progenitoras e suas células maduras. Como plaquetas, eritrócitos e os granulócitos. Dando ênfase aos monócitos, neutrófilo. As doenças Mieloproliferativas são dividias por cronicidade, tem as crônicas (tem 4 principais) e as agudas (ex: leucemia mieloide aguda). • São diversas doenças mieloproliferativas, tanto aguda como crônica, por isso que será abordada apenas as principais. • Todas as doenças Mieloproliferativa tem um marcador de doença bem delimitado, os mais famosos são: A proteína aberrante BCR-ABL, causada de uma translocação entre dois cromossomos – 9 e 22, chamado de cromossomo Filadélfia. Essa alteração será encontrada nas doenças mieloproliferativas crônica e na leucemia mieloide crônica. Outro marcador é o JAK2: ela se encontra nas principais doenças mieloproliferativas crônicas quando o BCR é negativo, sendo as principais: a policitemia vera, trombocitemia essencial e mielofibrose idiopática. Essas alterações podem ocorrer também em leucemias agudas, apesar de ser mais raro. Fora as leucemias mieloides crônicas, tem mais 3 doenças que serão vistas na prática médica, são elas, a policitemia vera, trombocitemia essencial e a mielofibrose. Sempre que pensarmos em doenças mieloproliferativa crônica, será um aumento de alguma parte da celularidade: ❖ Policitemia vera é o aumento de células vermelhas; ❖ Trombocitemia essencial é o aumento do número de plaquetas; ❖ Mielofibrose: é a única que foge um pouco desse pensamento. Tem a fisiopatologia decorrente de uma mutação que ocorre na célula tronco, isso gera um processo inflamatório intenso que gera uma fibrose da medula óssea, o gera uma substituição do conteúdo de medula por um novo conteúdo celular. O conteúdo antigo da medula é expulso, ou seja, irá para o sangue. Assim, será visto células jovens na periferia como eritoblastos (células jovens da hemácia), que sempre deveria estar na medula óssea e nunca no sangue. Assim, quando ela é vista na periferia, há algo de estranho na medula óssea. Também será visto células jovens da serie branca (leucócitos), como bastões, mielócitos, metamielócitos → aquele desvio a esquerda, com isso será visto até mesmo o blasto. 2 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas Quando tiver eritoblasto e o blasto na periferia provavelmente é um envolvimento dentro da medula óssea que está ocupando aquele local e expulsando as células As células expulsas vão fazer implante em outros órgãos, fazendo uma hematopoese extramedular. Então, a característica da mielofibrose e ver no hemograma células jovens tanto da série vermelha como da série branca e notar uma hepatoesplenomegalia, isso é bem característica da mielofibrose. • A doença mieloproliferativa da série vermelha é a policitemia vera: vamos pensar quando o valor da hemoglobina estiver acima do valor de referência, no homem maior que 16,5 e a mulher acima de 16. Então, quando encontrar hemoglobina acima do valor de referência, deve-se pensar em grandes grupos: 1. a doença mieloproliferativa – que seria a policitemia vera, com isso vale investigar alteração na medula óssea para ver se é compatível com a doença e fazer pesquisa do JACK2 (importante), pois 95% da policitemia vera vai ter jack2 positivo. Assim basta ter hemoglobina alta e a presença de mutação que já fecha critério para diagnostico. 2. Policetemias secundárias - As principais causas são quadros que levam a hipoxemia, sendo as mais importantes as doenças pulmonares e doenças cardíacas. Então, em hipoxemia, pensar em pulmão e coração. Ou pode ser por doença renal (ex.: estenose de aorta pode levar à hipoxemia local e o rim vai produzir EPO, que vai levar a MO a produzir mais hemácias). Então são processos que podem levar secundariamente a uma policitemia, sendo a estenose renal a causa mais comum (diminuição de fluxo que o rim entende como hipoxemia). Além disso, a causa secundária pode ter por conta de um tumor: as síndromes paraneoplásicas. Tumores acaba produzido PO, que estimula a MO a produzir mais hemácias. Então, toda vez que há policetemia tem que descartar policitemia vera e causas secundarias (hipoxemia, doença renal ou tumor fazendo síndrome paraneoplasica. 3 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas FLUXOGRAMA: • Confirmado a policitemia, então o segundo passo é ver a dosagem da EPO (eritropoietina), pois quando é policitemia vera não é um estimulo na medula (a EPO não está indo na medulo para produzir mais hemácias), mas sim uma doença dentro da medula onde perde a regulação, pois há mutação do jack2, faz com que ocorra o estímulo da proliferação da série vermelha. Com isso a EPO do paciente vai estar baixo. • Então com uma policitemia o primeiro exame de escolha é a dosagem de EPO. • Se vier baixo será pensado na policitemia vera, a outra é policitemia familiar, mas que é bem rara não deve ser pensada de início, é congênita. • Diagnóstico de policitemia vera: é biopsia ou pesquisa de mutação de jak2. Jak2 positivo fecha o diagnóstico e encaminha para um hemato. Hemoglobina alta → dosagem EPO → EPO baixa → biópsia ou pesquisa de JAK 2 positivo diagnostico de policetia vera. PENSANDO NO EPO ELEVADA: • Será visto se o paciente tem presença de cianose ou não; • Se TEM CIANOSE: é doença do coração (Cardiopatia) ou é do pulmão (ex: hipertensão pulmonar); • Se NÃO TEM CIANOSE, será pensado em quadro de intoxicações ou alterações congênitas (que são quadros mais raros, precisa de exames mais difíceis – desconsiderar no momento) OU vai considerar síndromes paraneoplásicas. OBS: policitemia vera é adquirida. Policitemia congênita tem alteração no receptor da EPO, que a pessoa já nasce com isso. Um fator que puxa muito para ser uma doença mieloproliferativa é que elas podem dar esplenomegalia. Assim, um paciente com policitemia com esplenomegalia já fica mais sugestivo de uma doença mieloproliferativa crônica (todas elas – policitemia vera, trombolia essencial, leucemia mieloide crônica e a mielofibrose). Outro achado que deve ser visto são quadros de trombose, ainda mais intrabdominal, veia porta ou esplênica → tem que pensar em mutações de JAK2, pois pode ser policitemia vera. • Explicação sobre a esplenomegalia: não é por sequestro esplênico. Pode-se pensar em 3 possibilidades 1. Aumento da função Todo quadro de anemia hemolítica aumenta o baço, pois aumenta a hemólise. Esferocitose, síndrome falciforme, talassemias, anemias hemolíticas, o grande exemplo é a anemia falciforme, no início o paciente faz uma esplenomegalia e ao longo da doença terá uma alta chance de fazer esplenectomia. A doença falciforme vai manter a esplenomegalia durante todo o curso de sua doença. Algumas doenças imunes também podem aumentar o baço, por exemplo, Lúpus, artrite reumatoide, podem cursar com esplenomegalia. Quadros infecciosos, onde é necessário fazer uma limpeza, e o baço, além de fazer a reciclagem, é também um órgão linfoide, ou seja, ele produz imunoglobulinas e faz a limpeza de células ou bactérias opsonizadas por anticorpos. Dessa forma, quadros infecciosos crônicos (endocardite infecciosa, tuberculose) podem vir acompanhados de esplenomegalia. Em resumo, quadros que fazem aumentar a função do baço causam esplenomegalia. 2. Alteração na distribuição: Doença/fisiopatologia que altera a distribuição do sangue provocando esplenomegalia Cirrose pelo mecanismo de hipertensão portal, gerando vasodilatação esplâncnica. Falando da hipertensão portal intra hepática, esta pode ocorrerem 3 localidades, pré- sinusoidal, sinusoidal e pós-sinusoidal. Na esquistossomose, por exemplo, o impacto é pré- sinusoidal, alterando o fluxo da veia porta, que, em condições normais, é um fluxo hepatopetal (do baço para o fígado), se torna hepatofugal (foge do fígado), retornando para o baço. Portanto, há uma redistribuição do fluxo, causando uma esplenomegalia e, consequentemente, as demais alterações encontradas na hipertensão portal (varizes de esôfago, varizes em região abdominal – cabeça de medusa, quadros hemorroidais). 3. Infiltração com célula estranha. Qualquer neoplasia pode infiltrar o baço. E aqui estão as doenças mieloproliferativas crônicas, onde há um 4 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas excesso de células que o baço tem que dar conta. Não é pelo excesso de hemácias. Aquela célula neoplásica da policitemia vera vai circular no corpo, normalmente fica esse excesso no baço e por isso causa esplenomegalia (Ficou um pouco solto, então copiei exatamente o que foi dito). Nota-se a esplenomegalia principalmente em duas doenças das mieloproliferativas crônicas: na mielofibrose (A medula fibrosou, saiu aquela célula tronco que vai infiltrar outros órgãos, por isso que vai para o baço, fazendo uma esplenomegalia )e na leucemia mieloide crônica. A esplenomegalia é vista, mas não de grande monta (não se vê tanto), na policitemia vera e na trombocitemia essencial, aumento das hemácias e das plaquetas, respectivamente. Reexplicando: Toda doença mieloproliferativa tem alguma alteração em célula progenitora. No caso da policitemia vera, é na parte progenitora, não da célula tronco inicial, mas sim da célula que vai dar origem às hemácias. A célula alterada fica circulando no corpo, mas geralmente ela gosta de ficar em algum local, e o local que ela dá preferência é o baço, por isso a esplenomegalia. Todas as doenças mieloproliferativas crônicas podem apresentar esplenomegalia. Além disso, por um mecanismo ainda não muito esclarecido, as doenças mieloproliferativas, tanto as agudas quanto as crônicas (ambas consideradas neoplasias), aumentam o risco de trombose. Portanto, faz parte do quadro clínico das doenças mieloproliferativas o paciente ter algum tipo de trombose, que pode, inclusive, aparecer até antes de ser feito o diagnóstico. Por exemplo, o paciente já até tem a mutação do JAK2, mas não tem um hemograma característico da policitemia vera, então a doença vai vir a aparecer, ele tem o diagnóstico de policitemia vera e faz um quadro de trombose. Outro exemplo: na investigação de um quadro de trombose, acaba fechando o quadro de doença mieloproliferativa crônica. Tratamento da policetemia vera: É necessário diminuir a hemoglobina. Esse tratamento pode, inclusive, ser utilizado nos outros quadros de policitemia. Para diminuir a hemoglobina desses pacientes, é feita a SANGRIA TERAPÊUTICA. O paciente vai ao banco de sangue, conforme orientação do hematologista, pelo menos uma vez na semana, para doar sangue, mas esse sangue não serve para outros pacientes, será, então, descartado. A referência de valor será medida pelo hematócrito (não vai ser o valor da hemoglobina). O hematócrito deve estar menor que/em torno de 45 a 50 para suspender o uso da sangria e continuar observando o paciente. Caso o hematócrito volte a subir, retomar as sangrias terapêuticas. Importante lembrar que esse paciente, ao longo do tempo, por causa das sangrias, ele vai perdendo ferro, consequentemente, podem fazer anemia ferropriva induzida pela sangria. Na maioria das vezes, NÃO se deve tratar a anemia ferropriva desse paciente, pois, mesmo com a deficiência de ferro, esses pacientes continuam fazendo a hemoglobina. A reposição de ferro será feita apenas naqueles pacientes com algum sintoma característico de anemia, como uma astenia importante, queilite angular. Portanto, inicialmente, mesmo que o paciente tenha uma ferropenia, continua-se fazendo as sangrias conforme o valor do hematócrito. Existem pacientes com policitemia vera que, além de aumentar os níveis de hemoglobina, também aumentam leucócitos e plaquetas, o que é chamado de PANMIELOSE aumento das três séries perifericamente, ou seja, o paciente tem uma hemoglobina elevada, faz uma leucocitose e uma plaquetose. Qual o tratamento desse paciente? Varia conforme a série: • Para a hemoglobina, é feita a sangria, mas a sangria não reduz os níveis nem de leucócitos nem de plaquetas. • Para leucócitos e plaquetas, normalmente é utilizada alguma droga que as reduza. A droga de escolha nessas doenças é a Hidroxiureia, que é a mesma utilizada no tratamento da anemia falciforme, mas com uma dose um pouco mais elevada de forma a reduzir a produção de leucócitos e plaquetas. Na tabela abaixo, estão os diagnósticos diferenciais de policitemia: 5 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas Trombocitemia essencial Ocorrem algumas mutações, principalmente no receptor de megacariócito, perdendo o controle e liberando plaquetas sem o estímulo a mais. Com a mutação, perde-se o controle, produzindo mais plaquetas de forma que o número pode vir bem elevado. A fisiopatologia é mais ou menos a mesma da policitemia vera. São doenças com níveis plaquetários até de 1 milhão. Vamos pensar em trombocitemia essencial com plaquetas acima do valor de referência (>450.000). Plaquetas acima de 450.000, ficar atento para essa doença mieloproliferativa crônica – trombocitemia essencial. O que deve chamar a atenção é a esplenomegalia. Se o paciente tiver esplenomegalia, já ajuda no diagnóstico. Mas, caso o paciente não tenha aumento do baço, como partir para investigação de trombocitemia essencial? Deve-se fazer a pesquisa do JAK2 → 60% dos pacientes com trombocitemia essencial dão positivo na pesquisa, ou seja, tem a mutação. Existem ainda outras duas mutações (não vale a pena decorá-las), a CARL e o MPL. Podem estar as 3 mutações positivas, ou apenas uma delas, junto com a plaqueta aumentada, fecha o diagnóstico da trombocitemia essencial. Mas, nesse caso, precisa da biópsia de medula óssea que é característica daquela doença. Portanto, ao se deparar com níveis de plaqueta elevados, com história de esplenomegalia, ou até mesmo histórico de trombose fazer a investigação através da pesquisa de mutação + biópsia de medula óssea. Deve-se pensar nos diagnósticos diferenciais. 95% das vezes que as plaquetas estiverem elevadas será um quadro reacional, sendo necessário investigar qual é esse quadro reacional que está provocando aumento nas plaquetas. Uma das patologias é um quadro com anemia, microcitose e por acaso vem acompanhada de um 6 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas aumento de plaquetas (plaquetose), ou seja, é uma anemia hipo-micro com plaqueta elevada, a deficiência de ferro/anemia ferropriva. Paciente fez uma cirurgia e tem um quadro infeccioso associado, levando ao aumento de plaquetas. Possivelmente, esse processo infeccioso foi o que gerou o nível elevado de plaquetas. Mas depende muito do contexto, tem pacientes que, ao fazer reação infecciosa, fazem plaquetopenia, outros fazem plaquetose. O paciente cirúrgico ele já está inflamado, se faz um quadro infeccioso, ele inflama ainda mais, então esse paciente pode fazer uma plaquetose, as citocinas podem estimular o megacariócito a produzir mais plaquetas, cascata de coagulação, etc. Nesse caso, identificou-se o quadro clínico que justifica o aumento das plaquetas. Caso não seja identificado o quadro clínico que esteja causando a plaquetose, deve-se fazer a investigação. • Analisar a ferritina que, se estiver baixa, pensar em deficiência de ferro. • Pacientes pós-esplenectomia podem fazerplaquetose como reação à retirada do baço. Doenças que podem levar à diminuição da função do baço, como a anemia falciforme, doença em que o baço para de funcionar. Na anemia falciforme, normalmente, o hemograma vem com plaquetose, porque, com o baço não funcionante, os 30% de plaquetas normais circula no baço. E se este não está funcionando, retornam para a corrente sanguínea, aumentando o número de plaquetas no hemograma. • Identificar qualquer processo inflamatório crônico, através da análise do PCR. Não encontrada nenhuma das hipóteses acima, começar a investigar a trombocitemia essencial biópsia de medula óssea em conjunto com a pesquisa de mutações (JAK2, CARL ou MPL). Resumindo, não encontradas alterações que expliquem a plaquetose (infecção, doença que explique a hipofunção do baço levando à plaquetose, anemia ferropriva), deve- se pensar em trombocitemia essencial e investigar se o problema está dentro da medula óssea. Para fazer essa investigação, realizar a biópsia de medula óssea junto com a pesquisa de mutações dos genes JAK2 (principalmente), CARL e/ou MPL. No quadro abaixo, estão as principais causas de trombocitose/plaquetose secundária, também chamada de plaquetose reacional. Estes são os quadros que devem ser investigados na maioria dos pacientes que se apresentam com aumento do número de plaquetas. Mielofibrose Abaixo, estão os critérios para mielofibrose. Mielofibrose primária: Mutações que acontecem na célula tronco primordial. Há um processo inflamatório intenso dentro da medula, de forma que a medula começa a fibrosar. Aquela célula tronco, junto com as outras células da medula óssea, é expulsa e, por isso, as células jovens são vistas circulando na periferia, consequentemente, essas células jovens irão se implantar em outros órgãos. Nesse caso, a implantação se dá pela maior quantidade de células, é uma maior infiltração nos outros órgãos pela expulsão dessas células da medula óssea, causando uma hepatoesplenomegalia de grande monta. Pode até ver um fígado de 8- 9 cm no rebordo costal. Um baço que vai até 7 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas a linha média do abdome, até a região umbilical, condição bem característica da mielofibrose. Lembrando que essas outras doenças vistas – policetemia vera e trombocitopenia essencial – podem evoluir para o quadro de mielofibrose secundário. Porque todas elas têm praticamente as mesmas mutações (Jak 2- tanto na trombocitopenia essencial quanto na policetemia vera), havendo também o processo inflamatório dentro da medula óssea. Pacientes de longa duração, com 10, 15 anos de policetemia vera e trombocitopenia essencial faz parte da evolução natural da doença, uma transformação. E o que seria essa transformação? Se tem um quadro de policitemia vera vai evoluir para um quadro de mielofibrose secundaria. E como se nota no paciente? Policetemia vera é o aumento da hemoglobina. Como tratar? Sangria. Em algum momento esse paciente parou de fazer sangria, é estranho. E do nada começa a fazer anemia? Ligou o alarme que deve ter transformado. Outra coisa que chama atenção é o baço. O baço aumenta de tamanho porque começou a expulsar célula tronco para dentro da medula óssea porque começou a fibrosar, o baço começou aumentar de tamanho. Mesmo raciocínio para trombocitopenia essencial. Há plaqueta de 900, 1000, começa a normalizar até fazer plaquetopenia, o baço começou a aumentar de tamanho, provavelmente esse paciente transformou. Todas essas doenças mieloproliferativas crônicas, pacientes de longa duração podem evoluir para quadro de leucemia mieloide aguda, estágio final de qualquer doença dessa. Quando essa leucemia mieloide aguda acontece de transformação, quando a leucemia é secundaria à alguma outra doença, o prognóstico é péssimo. Pergunta: A policitemia vera tem alta longevidade? Não é a mesma perspectiva de vida de uma pessoa normal, mas tem paciente que vive 10, 15 anos com a doença. Tem que ter alguns cuidados. Tem risco maior de trombose, a depender de algumas características, principalmente idade, fazer uma profilaxia secundária para trombose, com uso de anticoagulantes orais, aas ou varfarina. Manter o quadro de sangria, no caso, se não conseguir diminuir a quantidade de células, uso do hydrea no policetemia vera. E na trombocitopenia essencial diminuir o número de plaquetas. Pergunta: As leucemias fazem parte das doenças linfoprolifetivas ou mieloproliferativas? Ou depende da leucemia? Tem dois de leucemia aguda: ❖ Leucemia mieloide aguda: faz parte das doenças mieloproliferativas; ❖ Leucemias linfoides: faz parte das doenças linfoproliferativas. Lembrar do linfoma/leucemia de Burkitt. Porque tem mais ou menos a mesma origem. Há linfoma que em algum momento podem fazer leucemização, aquela apresentação do linfoma com aumento do linfonodo, aquela célula pode sair do linfonodo e começar a circular. Então, 2 tipos de leucemias, quando são agudas: leucemia linfoblástica aguda ou leucemia mieloide aguda, de origens diferentes. Lembrando que há também as leucemias crônicas, aqui vai ser abordado a leucemia mieloide crônica. E no slide tem a LLC, leucemia linfocítica crônica. São compartimentos diferentes. Na tabela acima, da policetemia vera, os critérios menores, descreve a reação leucoeritrócitoblástica, que é quando há células jovens circulando, quando há tanto eritoblasto (série vermelha) e blasto (série branca) circulando na periferia. Não é patognomônico de policetemia vera. Mas sim de alguma coisa que está infiltrando a medula óssea e expulsando essas células de lá. Então pode ver isso em mielofibrose ou doenças que infiltram medula óssea: tuberculose, neoplasia fazendo metástases para medula óssea. Leucemia mieloide crônica 8 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas E quando se fala das células granulocíticas, o destaque é a leucemia mieloide crônica surge quando acontece a translocação entre dois cromossomos (9 e 22. Vai perder parte do braço longo do cromossomo 22 e vai translocar para o braço longo do cromossomo 9, surgindo a fusão dos genes que vai levar a uma protena aberrante (BCR- ABL=tirosinaquinase). Na fusão, ela não precisa de estímulo, então sempre está ativada, vai desencadear várias cascatas intra-celulares, fazendo com que a célula perca o controle e vai se proliferando. O que se chama atenção na policetemia vera (não sei se está falando de policitemia vera ou de leucemia mieloide crônica) é que pode ter várias sintomatologias porque aquela célula estranha circulando faz um processo inflamatório, fazendo um quadro de fraqueza, sudorese noturna, perda de peso. Pode ter um desconforto no quadrante esquerdo do abdome secundário à uma esplenomegalia que acontece em todas essas doenças mieloproliferativas crônicas. Diagnóstico dessa doença (não sei se está falando de policitemia vera ou de leucemia mieloide crônica): Leucocitose importante, mais de 30.000, 50.000, com desvio à esquerda visto em quadros infecciosos e inflamatórios, começou a aparecer as células jovens. Mas aqui tem um desvio à esquerda importante. Todas essas células jovens, pode até ver blastos na periferia, que não é para aparecer e nessa doença pode acontecer. E que chama mais atenção, uma basofilia (basófilo aumentado). Em nenhuma doença se vê basófilo aumentado, nesse caso sim. Quando se vê leucograma com desvio à esquerda e o basófilo acima do valor de referência, significa leucemia mieloide crônica (LLC). Diagnóstico da leucemia mieloide crônica: Fazer o estudo medular para analisar dentro da medula óssea, característica da LLC. E pesquisar a translocação 9-22. Existem alguns estudos específicos: o estudo do cariótipoou pesquisa por PCR desse gene alterado que vai gerar essa proteína aberrante. Consegue identificar a alteração genética em conjunto da biópsia da medula óssea. Essa doença revolucionou as doenças oncológicas. Porque é uma doença genética bem característica que é a translocação 9-22, que dá origem à uma tirosinaquinase aberrante. Tratamento da leucemia mieloide crônica: Inibição dessa tirosinaquinase. Por causa dessa doença, surgiu uma classe de drogas que são inibidores da tirosina quinase. Nessa doença a droga é imatinib (Glivec). Revolucionou o tratamento dessa doença. PERGUNTA? E isso não repercute em outras utilizações dessa enzima não? Repercute, mas de uma forma não tão intensa. Pode ter efeitos colaterais, que normalmente câimbras, 9 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas alterações de alguns eletrólitos, mas nada tão importante que impeça o uso dessa droga. Antigamente, era obrigatório fazer transplante de medula óssea alogênica (de uma pessoa para essa pessoa). Porque essa doença poderia evoluir de uma maneira rápida para uma leucemia mieloide aguda. Como aqui é uma leucemia secundária à uma leucemia mieloide crônica, prognostico é reservado. Então todos eles quando o diagnostico inicial era feito, já tinha indicação de transplante. Com o surgimento dessa droga, raríssimas vezes esse paciente vai para o transplante. Mais ou menos deixou uma doença crônica no paciente, igual a hipertensão. Toma-se o remédio todo dia e está controlado. E a partir desse modelo de doença, várias outras tirosinaquinase foram fabricadas para tratar várias outras alterações de tirosinaquinase que existem em várias outras neoplasias. Na leucemia mieloide crônica, divide em 3 fases: ❖ Fase crônica (quadro clínico que foi dito): é a mais comum. Um paciente que pode ter um quadro de anemia leve, mas tem uma leucocitose importante, esplenomegalia; ❖ Fase acelerada: há critérios (não precisa decorar); ❖ Crise blástica: vem após a fase acelerada. Que vai ser uma leucemia mieloide aguda. Leucemia secundária à uma LMC. Como fecha critério para uma leucemia aguda? Mesmo critério para a leucemia mieloide aguda quanto linfoblástica aguda, que é do linfoide: ❖ Tem que ter 20 % de blasto na periferia ou na medula óssea. Por isso a necessidade do estudo da medula óssea no paciente com leucemia mieloide crônica. Porque pode ter a quantidade de blastos pequena embaixo. Mas quando faz a medula óssea (cortou) .... Então, ao invés de ser uma fase crônica vista na periferia, pode ser crise blástica na medula óssea. Por isso que é importante fazer a medula óssea nesses pacientes, porque muda totalmente o tratamento. Por isso é importante verificar a MO desses pacientes, pois muda completamente o tratamento. Leucemia mieloide aguda Leucemia mieloide aguda, pode ser originada do nada. Então o paciente tem as mutações que vão levar a essa leucemia mieloide aguda, chamada de leucemia primaria (le novo). Ou pode ser secundária à alguma outra doença, que da sua evolução, levou à uma leucemia mieloide aguda. Quais são essas doenças? Essas que eu citei. E tem uma outra: síndrome mielodisplásica São alterações genéticas que surgem, que são compatíveis com leucemia aguda, mas inicialmente surgem displasia das células, então elas não funcionam direito. Não tem o blasto que faz o diagnóstico da leucemia aguda. Quando essa célula não funciona direito, as taxas do sangue começam a cair. Então, surge um quadro de anemia, plaquetopenia que não conseguiu encontrar causas de base, vai para medula óssea, que vai estar cheia de displasia Diagnostico de uma síndrome mielodisplásica. Qual o problema dessa síndrome? Normalmente ela é estágio anterior da leucemia aguda. Então, alguns passos tem que se bem observados, porque pode evoluir para leucemia aguda, porque dentro de alguns achados eu vou tratar igual a leucemia mieloide aguda. No quadro acima algumas mutações, não precisa decorar. Tratamento da leucemia aguda Fazer uma quimioterapia, tem que tentar eliminar a célula blástica. Então fazer uma quimioterapia potente ou uma terapia direcionada que tem que eliminar essa célula blástica para que a medula volte a funcionar normalmente. 10 Beatriz Machado de Almeida Hematologia – Doenças mieloproliferativas O que acontece na maioria dos pacientes? Tem a chance de cura em torno de 30 a 40 %, porque toda vez que faz a quimioterapia, faz uma seleção de células que são resistentes à quimioterapia. Então pode progredir doenças mesmo tendo feito a quimioterapia. Por isso, que o prognostico da leucemia aguda é um pouco reservado. Porque na maioria das vezes já tem uma célula blástica que já é resistente à quimioterapia. Então, faz a quimioterapia, diminuiu aquelas que não são resistentes. Qual o tratamento curativo de uma leucemia mieloide aguda? É transplante de medula óssea. A maioria dos pacientes com leucemia aguda tem indicação de transplante de medula óssea. Porque tem que fazer a quimioterapia e substituir a medula doente, para que consiga eliminar totalmente essa medula óssea. E como decidir quem faz tratamento? Tem que fazer toda a investigação genética com as mutações que aí vai caracterizar de baixo ou alto risco. Todo paciente de alto risco merece ser encaminhado para o transplante de medula óssea. Nos próximos slides é para mostrar que a leucemia mieloide aguda é doença de idoso (aparece mais a partir dos 50 anos). Slide que mostra investigação e tratamento da doença. Não precisa gravar, mas saber que todo paciente com leucemia mieloide aguda talvez mereça tratamento. Slide que mostra curva de sobrevida das leucemias agudas. Na melhor da hipótese, em torno de 5 anos cerca de 70 % estão vivos. Mas a maioria que em torno dos 40 a 10 % estão vivos com 5 anos. Isso quando passa de 60 anos o prognostico é bem pior.
Compartilhar