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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 02 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I T O R GRUPO MULTIVIX R E I 03 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com S581h Silveira, Marilia Alves Chaves. História da educação / Marília Alves Chaves Silveira, Tatiana de Santana Vieira(revisora). – Serra: Multivix, 2017. 90 f.: il.; 30 cm Inclui referências. 1. História da educação I. Vieira, Tatiana de Santana(revisora) II. Faculdade Multivix – NeaD. III. Título. CDD: 370.9 EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2017 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Felix Soares Multivix Educação à Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EAD 04 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO - R E I T O R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu- rança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 05 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Bem vindo(a) à disciplina de História da Educação, na qual estudaremos, para aprofundar seus conhe- cimentos, a educação desde a era primitiva até a pós-modernidade, correlacionando-os com a sua formação profissional. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em 06 (seis) unidades, com temas e subtemas que, por sua vez, podem ser subdivididos em se- ções (tópicos), atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. De modo geral, na disciplina de História da Edu- cação, apresenta em seu contexto: a história da Educação; a Educação na Antiguidade; a Educa- ção na Idade Média; a Educação na Renascença e na Modernidade; a História da Educação no Brasil; Educação para a Democracia e o Paradigma da Pós-Modernidade. Ao longo da disciplina destacaremos e promovere- mos uma discussão partindo da contextualização dos principais conceitos da História da Educação destacando os vários enfoques específicos em cada época, assim, realizarmos um bom curso. Para tanto, fique atento(a) à leitura dos mais impor- tantes conceitos da atualidade no que se refere ao Educação dentro da realidade da sociedade vigen- te, sempre tendo como premissa de que a Educa- ção ocorre em todos os espaços sociais nos quais o ser humano está inserido. Enfim, esperamos promover reflexões acerca do as- sunto e desejamos sucesso e bons estudos! 06 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 1UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 11 1.2 EDUCAÇÃO PRIMITIVA 15 1.2.1 EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES PRIMITIVAS 15 1.2.1.1 O PERÍODO PALEOLÍTICO: CAÇADORES - COLETORES 15 1.2.1.2 NEOLÍTICO: O PROCESSO DE SEDENTARIZAÇÃO 16 1.2.1.3 O PROCESSO EDUCACIONAL 17 2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE 22 2.1 OS PROCESSOS EDUCACIONAIS DAS CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE 22 2.1.1 O EGITO 22 2.1.2 A GRÉCIA 23 2.1.3 ESPARTA E O PROCESSO EDUCACIONAL 24 2.1.4 ATENAS E O PROCESSO EDUCACIONAL 26 2.1.5 SÓCRATES E OS SOFISTAS3 27 2.1.6 SÓCRATES E PLATÃO3 28 2.1.7 A EDUCAÇÃO ROMANA 28 3 IDADE MÉDIA: EDUCAÇÃO E FÉ 32 3.1 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 32 3.2 ATUAÇÃO DA SANTA INQUISIÇÃO OU SANTO OFÍCIO A PARTIR DO SÉCULOXI 33 3.3 A PATRÍSTICA 34 3.4 A ESCOLÁSTICA 36 4 A RENASCENÇA E A MODERNIDADE NA EDUCAÇÃO 41 4.1 ASPECTOS DA MENTALIDADE RENASCENTISTA 41 4.2 PRINCIPAIS PENSADORES DA MODERNIDADE E SEUS IDEAIS4 43 4.3 O RENASCIMENTO COMO ELEMENTO PARA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE MODERNA5 52 07 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 5 CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 56 5.1 PANORAMA HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 56 6 A SOCIEDADE DEMOCRÁTICA E O PENSAMENTO EDUCACIONAL 81 6.1 EDUCAÇÃO PARA A DEMOCRACIA 81 6.2 A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO 82 6.3 EDUCAÇÃO E PÓS-MODERNIDADE 85 CONCLUSÃO DA DISCIPLINA 88 REFERÊNCIAS 90 SUMÁRIO 6UNIDADE 5UNIDADE 08 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 09 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO UNIDADE 1 > Apreender o conceito de Educação; > Compreender a relação entre história e educação na formação das sociedades; > Estabelecer a interface da Educação com o desenvolvimento cultural, econômico e político das distintas sociedades. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 10 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO O fenômeno educacional se desenrola no tempo e faz parte de um contexto geral, assim, existe uma analogia entre História e Educação. Essa analogia parte de uma simples delimitação temporal a ideologias intrínsecas nas práticas pedagógicas. Nes- se sentido, os estudos de História da Educação articulam intensamente o passado, o presente e o futuro. Estudar História da Educação é investigar os acontecimentos, é assumir ao mesmo tempo dois papéis: o de historiador e o de educador. Na História, não nos deparamos apenas com as práticas pedagógicas e a relação professor-aluno, mas sim com todo o contexto histórico, os personagens, os locais, as instituições. A História da Educação, capacita o profissional em direção à uma per- cepção da educação como algo resultante de um contexto, e o torna um crítico dos fenômenos sócio educacionais (ARANHA, 1996). Ninguém escapa da educação, pois ela ocorre em todos espaços sociais no qual o ser humano interage: dos núcleos familiares à comunidade, em casa, na rua, na igreja, na escola, dentre outros locais. A educação existe em cada povo, nas diversas cultu- ras, onde há vida humana, há educação uma vez que para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação (BRANDÃO, 2007, p. 07). 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Leia um trecho de uma história contada por Brandão em “O que é educação?”: Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jo- vens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costu- me de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa: “[...] nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que dife- rentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. [...] Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e apren- deram toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus cor- redores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerrei- ros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferece- mos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.” Disponível em: http://www.sitiodarosadosventos.com.br/livro/images/stories/anexos/o_ que_educacao.pdf. Acesso em: 14 jun. 2017. SUGESTÃO DE LEITURA Como se lê acima no texto de Brandão (2007), a carta dos indígenas relata que a educação não ocorre somente nas escolas. Tal como não há um modelo de se fazer educação. A educação surgiu sem salas de aula, professores especialistas, escola ou métodos pedagógicos, ou seja, sua existência antecede a organização de estruturas sociais complexas e a criação de modelos de ensino formal, pois é uma criação so- 12 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO cial para tornar comum (como saber, ideia, crença) o que é comunitário, os saberes produzidos e as regras de conduta. A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desi- gualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos (BRANDÃO, 2007, p. 10). Nas chamadas sociedades tribais o saber é construído e socializado em diversos tempos-espaços do cotidiano comunitário como nas celebrações religiosas, no lazer, na preparação dos alimentos, a educação acontece sem tempos marcados ou méto- dos específicos e está acessível a todos indivíduos. São nas sociedades complexas, onde ocorre a divisão social do trabalho, que os pro- cessos de transmissão do saber são pensados como um problema social, ou seja, o conhecimento não é transmitido de forma igual a todos, a informações comparti- lhadas com os diversos grupos são selecionadas, o saber passa a ser então objeto de poder. Nesse contexto, foram criados os espaços, tempos, profissionais, sistemas de ensinar-aprender cada vez menos comunitários e espontâneos. Em todas as comunidades ou sociedades do mundo as pessoas não aprendem ao acaso, no movimento de ensinar-aprender são formadas as crianças, jovens, adultos e idosos de um grupo. O objetivo da educação é que os sujeitos desenvolvam-se fisicamen- te, moralmente e intelectualmente, de acor- do com as expectativas da sociedade à qual estão inseridos. A educação é, portanto, universal, mas com variações de acordo com a sociedade e suas concepções de mundo, de ser humano, de vida social e do processo educativo. Além disso, a educação é fundamental para a me- Mais informações sobre Paulo Freire e sua contribuição para o pensamento pedagógico serão apresentadas na Unidade 6 desta apostila. 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO mória de um povo, resguardando ou recriando saberes, costumes e conhecimentosconstruídos historicamente. O educador brasileiro Paulo Freire, companheiro de muitos trabalhos com o pro- fessor Brandão, e referência presente em suas falas, acreditava no caráter coletivo do ato de educar, para ele ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Na concepção freireana a educação tem sua centralidade nos sujeitos do processo educativo, ou seja, edu- candos e educadores, no sentido de que o conhecimento é construído nas relações com outros seres humanos e com o mundo. Desse modo, educar para além de en- sinar-aprender, é também humanizar, pois nos tornamos mais humanos por meio da educação. Contudo, no momento em que uma sociedade – seja ela primitiva ou complexa – ocorre a divisão do trabalho e/ou são criadas hierarquias sociais, os saberes também são divididos e sua reprodução é distribuída desigualmente, afirmando as diferenças, enquanto anteriormente afirmava a comunidade. Com a divisão do trabalho, a edu- cação é compreendida como ensino e ocorre uma divisão social do saber, se estabe- lece quem irá ensinar o saber (BRANDÃO, 2007). E o que isso significa? Significa que, para além das fronteiras do saber comum de todas as pes- soas do grupo é transmitido entre todos livre e pessoalmente, para além do saber dividido dentro do grupo entre categorias naturais de pessoas (homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e velhos) e transferido de uns aos outros segundo suas linhas de sexo ou de idade, por exemplo, emergem tipos e graus de saber que correspondem desigualmente a di- ferentes categorias de sujeitos (o rei, o sacerdote, o guerreiro, o profes- sor, o lavrador), de acordo com a sua posição social no sistema político de relações do grupo onde todos aprendem para serem “gente”, “adulto”, “um dos nossos” e, meio a meio, alguns aprendem para serem “homem” e outros para serem “mulher”, outros ainda para serem “chefe”, “feiticeiro”, “artista”, “professor”, “escravo” (BRANDÃO, 2007, p. 28). 14 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.2 EDUCAÇÃO PRIMITIVA 1.2.1 EDUCAÇÃO NAS SOCIEDADES PRIMITIVAS Para Cotrim (1991), a palavra civilização está intrínseca à ideia de desenvolvimento, de pro- gresso. Essa perspectiva está relacionada à con- cepção de sociedade civilizada as que com- põem em sua formação uma divisão social do trabalho, a formação de um estado, a diferen- ciação de classes sociais, entre dominantes e dominados produção econômica e apareci- mento da escrita. As sociedades que não pos- suem essa característica são denominadas de pré-civilizadas, ou pré-histórias. O termo pré-história, delimita-se do longo pe- ríodo que vai do aparecimento do homem ao surgimento da escrita. Nesse contexto, grande parte das comunidades desenvolveram pro- cessos de evolução culturais e possuíam uma característica própria no que se refere ao desenvolvimento sociocultural e educacional (ARANHA, 1996). 1.2.1.1 O PERÍODO PALEOLÍTICO: CAÇADORES - COLETORES Durante cerca de 600 mil a 10 mil a. C., apro- ximadamente, as sociedades humanas tinham características peculiares, marcadas pela uti- lização de técnicas rudimentares e um senso profundo de cooperação pela sobrevivência. Essa conduta coletiva, não é inata no indivíduo, ela vinha da luta pela vida, a conduta do ser 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO humano era estimulada pelas necessidades naturais em contato com o meio am- biente. Nas comunidades primitivas, os clãs atendiam de modo coletivo e de acordo com as habilidades de cada membro as funções do grupo. As atividades de divisão de trabalho, eram baseadas no sexo e as horas livres destinadas ao lazer e ao prazer (COTRIM, 1991). Mediante a imensa quantidade de grupos no período paleolítico, historicamente é impossível definir as particularidades educacionais de cada grupo (ARANHA, 1996). Entretanto, práticas comuns são evidenciadas: o foco central da educação era a in- tegração dos mais jovens na cultura do grupo social, mas, essa responsabilidade não era da escola enquanto instituição social e sim do grupo familiar. No conteúdo práti- co da educação primitiva estavam, os gestos e a fala, o manejo dos instrumentos de produção feitos de osso ou pedra lascada, técnicas para coleta e caça de alimentos confecção de vestuário e preparação dos alimentos. 1.2.1.2 NEOLÍTICO: O PROCESSO DE SEDENTARIZAÇÃO Ao contrário de caçadores - coletores, no Neolítico, período que vai de 10 mil à 2 mil anos a. C., aproximadamente, o homem torna-se sedentário. Habilidades como identificar a melhor terra para o cultivo e para a criação, modificou o modo de viver e consequentemente a qualidade de vida do homem (PILETTI, 2006). No período Neolítico, de apropriador dos recursos naturais, o homem assume o pa- pel de protagonista e propõe intervenções na sociedade, interferindo no meio am- biente, cultivando cereais, legumes, frutas, etc., domesticando animais como, aves, bois, ovelhas etc. A Revolução Neolítica, teve uma relevante consequência, a multi- plicação da espécie humana, pesquisas arqueológicas apontam que na Ásia Menor, Egito e Europa conservaram-se milhares de esqueletos humanos do Neolítico, em paralelo com os poucos fósseis do Paleolítico (PILETTI, 2006). Grandes Inovações surgiram no Neolítico: instrumentos de pedra polida, como ma- 16 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO chados, enxadas, moinho de pedra, aperfeiçoamento da cerâmica, novas técnicas para fabricação de roupas e construção de casas. A partir da Revolução Neolítica, algumas sociedades, e várias regiões do mundo, foram acumulando sucessivas inovações tecnológicas, acompa- nhadas da adoção de novas formas de relação social. Após atingir um certo nível, o desenvolvimento dessas inovações configurou um novo es- tágio sociocultural que identificamos com o nome genérico de civilização (COTRIM, 1991, p. 87) 1.2.1.3 O PROCESSO EDUCACIONAL Grande parte de historiadores que abordam a temática educação, evidenciam que as sociedades no Neolítico, preservaram a estrutura educacional do Paleolítico, culti- vando as atividades comunitárias. No Neolítico, o processo educacional possuía a tarefa de transmitir valores e difundir as novas técnicas aos membros do grupo. As mulheres recebiam ensinamentos com o cuidado da casa e dos filhos e os homens eram destinados à criação de animais, agricultura e construções. Embora o processo educacional fosse informal, seus re- sultados eram eficientes. O ensino informal ou educação informal ocorre sem um processo sistemático de ensino, ele se faz em todos campos sociais, é um processo mais espontâneo. Em contrapartida, o ensino formal ou educação formal, ocorre quando há objetivos, planos e conteúdos traçados para a aprendizagem. Vincula-se o ensino formal à ins- tituição escolar. Decerto, a escola é a agencia por excelência dessa forma de ensino, entretanto, o ensino também ocorre em outras instituições sociais como a família, a igreja, dessa forma o espaço educacional não é, somente, o espaço escolar, um exemplo seria a educação na Grécia Antiga, que será estudada adiante. A educação grega e a romana são fundamentais para compreensão da “nossa” educação. Em- bora separadas pelo tempo e desenvolvimento social, cultural e tecnológico, deles deriva todo nosso sistema de ensino (BRANDÃO, 2007). Diferentes formas de organização social foram surgindo no Neolítico, de uma socie- dade primitiva, chega-se à uma sociedade de classes, onde a aquisição material se- 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA gregapessoas. Graças à propriedade privada, os donos das melhores terras e dos maiores bens, se tornam membros de uma nova ins- tituição chamada de Estado. Esse grupo en- tão, passa a defender seus privilégios e suas propriedades, acumulando riqueza e poder. “O fato é que, em contraste com os povos primitivos, encontramos na civilização, gover- nantes que somente servem aos interesses da comunidade para garantir que a comuni- dade sirva aos interesses dos governos” (CO- TRIM, 1991, p. 88). Assim, junto à evolução da sociedade, surge o Estado, a sociedade de classes e a proprie- dade de terras como marco desse contexto, que seguirá com transformações e inovações sócio educacionais até a pós-modernidade. IMPORTANTE LEMBRAR É possível afirmar, sob prisma pedagógico, que nas sociedades, ditas primitivas, a educação era integral (COTRIM, 1991). A educação integral considera a formação total dos seres humanos: corpo, alma, sentimentos. A EDUCAÇÃO NA PRÉ-HISTÓRIA Augusto Pereira da Rosa Ester Miriane Zingano Desde que a linguagem surgiu, a educação ajuda o homem a garantir a sobrevivência. Ela permite que as habilidades e os conhecimentos adqui- ridos com a experiência sejam repassados para as gerações seguintes. Mas, por muitos séculos, não existiam professores, e todos os adultos transmi- tiam informações aos jovens. Isso acontecia de forma oral e espontânea (LOMBARDO, 2008). 18 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A educação estava diretamente ligada à sobrevivência do grupo. Como não sabiam dis- tinguir o que era ciência e o que era magia, as pessoas agiam por instinto, transmitindo para os mais jovens aquilo que achavam ser necessário para garantir a sobrevivência. A educação dos jovens, nesta fase, torna-se o instrumento central para a sobrevivência do grupo e a atividade fundamental para realizar a transmis- são e o desenvolvimento da cultura. [...] o homem primitivo, que através da imitação, ensina ou aprende o uso das armas, a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, as técnicas de transformação e domínio do meio ambiente (VIRTUOUS, 2008). Com a revolução verde, que ocorre na época do Neolítico, inicia-se o surgimento da propriedade privada, a diferenciação entre os sexos e a divisão social, “[...] cria-se uma divisão do trabalho cada vez mais nítida entre homem e mulher e um domínio sobre a mulher por parte do homem [...]” (VIRTUOUS, 2008). A revolução neolítica é também uma revolução educativa: fixa uma divisão educativa paralela à divisão do trabalho (entre homem e mulher, entre especialistas do sagrado e da defesa e grupos de produtores); fixa o papel- -chave da família na reprodução das infraestruturas culturais: papel sexual, papéis sociais, competências elementares, introjeção da autoridade; pro- duz o incremento dos locais de aprendizagem e de adestramento especí- ficos (nas diversas oficinas artesanais ou algo semelhante; nos campos; no adestramento; nos rituais; na arte) [...]. (VIRTUOUS, 2008). Embora não estivessem claros os diversos aspectos da educação primitiva, podemos observar alguns aspectos importantes. Assim, Krauss (2010) faz a seguinte observação: A divisão da educação nas civilizações primitivas A educação nas civiliza- ções primitivas é dividida em dois gêneros: educação para a sobrevivência: conhecimentos reais úteis à garantia da sobrevivência humana: prepa- ro do alimento, técnicas de caça, confecção do vestuário, construção de abrigo e armas. Educação para o mistério (magia): fenômenos naturais de origem desconhecida - como não tinha respostas para os fenômenos da natureza que ocorriam ao seu redor, o homem se lança às atividades de FÉ. Desenvolveu uma coleção de teorias mágicas e religiosas para explicar tais “mistérios”. É interessante o observar que na “educação para o mistério” havia as cerimônias de iniciação (rituais sagrados para os jovens): nestes rituais a autoridade do ancião deveria ser respeitada. Caso isto não ocorresse, poderia haver uma punição com expulsão ou até mesmo morte. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA FALA PROFESSOR: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 1. Ed. 49. Reimp. Coleção primeiros passos. São Paulo: Brasiliense, 2007. Prezado estudante, já entendemos os preceitos educacionais das comunidades pri- mitivas, nesse momento, temos a ciência de que educação é um processo contextual, assim parte de uma realidade sócio histórica e não se configura como um fato isolado. ANOTAÇÕES 20 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO UNIDADE 2 > Conceber o grande legado das sociedades clássicas para a educação ocidental; > Caracterizar elementos educacionais e sócio históricos de civilizações como Egito, Grécia e Roma. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE 2.1 OS PROCESSOS EDUCACIONAIS DAS CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE 2.1.1 O EGITO O Egito é uma civilização de grande destaque da antiguidade, o governo teocrático com poder centrado no Faraó, as pirâmides e a crença na vida após a morte, trazem um deslumbramento à essa sociedade. Essa civilização desenvolveu-se nas margens do Rio Nilo, considerado um presente para a civilização egípcia pois graças às suas águas dava segmento à vida econômica, política e social no Egito (PILETTI, 1996). Para Aranha (2006), seu processo educacional consistia numa metodologia de me- morização com o uso constante dos castigos. As escolas funcionavam nos templos e 22 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO em algumas casas, frequentadas por uma média de 20 alunos. As escolas mais de- senvolvidas, situavam-se em Mênfis, Heliópolis ou Tebas e formavam o mais elevado grau de instrução, os escribas, funcionários administrativos, médicos, engenheiros e arquitetos. Ainda segundo Aranha (1996, p. 34): Apesar do forte teor religioso da cultura egípcia, as informações são muito práticas, como o cálculo da ração das tropas em campanha, o número de tijolos necessários para uma construção e complicados problemas de geo- metria destinados à agrimensura. Extensas listas de plantas e animais indi- cam grande conhecimento de botânica, zoologia, mineralogia e geografia. O volume de informação e áreas do conhecimento, como Matemática, Medicina, Astronomia, Arquitetura e descobertas feitas pelos egípcios, marcou a história da humanidade. Observe a imagem sobre a educação no Egito: As crianças no Antigo Egito ficavam com a mãe até a idade de quatro anos. Durante estes anos, era incutido nas crianças um grande respeito pelas mães. A partir dos quatro anos de idade, a educação dos meninos ficava a cargo dos pais (EDUCATION IN ANCIENT EGYPT)1. 2.1.2 A GRÉCIA A enorme herança de amor pelo saber é um marco da civilização grega, a in- vestigação intelectual, a curiosidade e a preocupação com o corpo e a mente, marcam esse povo e seu processo edu- cacional. As explicações fantasiosas, delegando uma divindade à realidade, durante muito tempo foram expres- sas pelos gregos. Entretanto, graças às condições sócio históricas o saber filo- sófico, encontrou um campo propício para seu surgimento, dando lugar ao saber metódico e investigativo (COTRIM, 1991). 1 Disponível em: <http://historylink101.com/n/egypt_1/a-education.htm>. Acesso em jul. 2017. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicadano D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Para Piletti (1996), as primeiras reflexões sistemáticas sobre a educação na Grécia surgiram da visão de educação como um ato grandioso e necessário a todos. O ho- mem era o centro dos princípios educacionais, dando à essa perspectiva a ideia de educação humanista, assim, dois processos educacionais se destacam nesse período: a Educação de Esparta e a Educação de Atenas. 2.1.3 ESPARTA E O PROCESSO EDUCACIONAL “Banhada pelo Rio Eurotas, Esparta situa-se ao sul do Peloponeso, na região da Lacô- nia. A cidade foi fundada pelos dórios, tendo desde suas origens uma história mar- cada por guerras” (COTRIM, 1991, p. 115). Em Esparta, dividia-se basicamente três classes: Os Espartanos, aqueles que se dedicavam toda a vida aos negócios públicos ou ao exército; os Periecos, antigos babilônicos habitantes da Lacônia, que dedica- vam-se ao comércio e ao artesanato; e os Hilotas, servos presos à terra dos Esparta- nos. Hierarquizados da seguinte maneira: ESPARTANOS PERIECOS HILOTAS A educação dos Espartanos objetivava a formação dos bons soldados, tornando-se sempre hábeis para se proteger e proteger Esparta. Nesse contexto, não se focava o cultivo das artes ou da literatura, frente à instrução, o espartano aprendia apenas o que era básico para um soldado, ler, escrever e contar. As mulheres recebiam uma instru- ção similar à dos homens, após seu nascimento, se fosse considerada saudável poderia receber educação do estado, se fosse doente era repelida pelo governo (COTRIM, 1991). 24 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA Leia o texto a seguir sobre a educação espartana: HISTÓRIA DE ESPARTA Esparta foi uma das principais polis (cidades-estados) da Grécia Antiga. Situava-se ge- ograficamente na região sudeste da Península do Peloponeso. Destacou-se no aspecto militar, pois foi fundada pelos dórios. A cidade de Esparta foi fundada no século IX a.C. pelo povo dório que penetrou pela península em busca de terras férteis. Quatro aldeias da região da Lacônia uniram-se para formar a cidade de Esparta. A cidade cresceu nos séculos seguintes e o aumento populacional fez com que os espartanos buscassem a ampliação de seu território atra- vés de guerras. No final do século VIII a.C., os espartanos conquistaram toda a planície da Lacônia. Nos anos seguintes, Esparta organizou a formação da Liga do Peloponeso, reunindo o poderio militar de várias polis da região, exceto a rival Argos. O poder mi- litar de Esparta foi extremamente importante nas Guerras Médicas (contra os persas). Uniu-se a Atenas e outras cidades para impedir a invasão do inimigo comum. O exército espartano foi fundamental na defesa terrestre (Atenas fez a defesa marítima) durante as batalhas. Após as Guerras Médicas, a luta pela hegemonia no território grego colocou Atenas e Esparta em posições contrárias. De 431 a 404, ocorreu a Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, que foi vencida pelos espartanos. Educação Espartana O princípio da educação espartana era formar bons soldados para abastecer o exército da polis. Com sete anos de idade o menino esparciata era enviado pelos pais ao exérci- to. Começava a vida de preparação militar com muitos exercícios físicos e treinamento. Com 30 anos ele se tornava um oficial e ganhava os direitos políticos. A menina esparta- na também passava por treinamento militar e muita atividade física para ficar saudável e gerar filhos fortes para o exército. ROSA, Augusto Pereira da; ZINGANO, Ester Miriane. Pré-história: educação para sobrevi- vência. Maimêutica, ano 1, n. 1, jan. 2013. Disponível em: https://publicacao.uniasselvi. com.br/index.php/art/article/download/.../58. Acesso em: 24 jul. 2017. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 2.1.4 ATENAS E O PROCESSO EDUCACIONAL “Atenas situa-se no centro da planície da Ática, a cinco quilômetros do Mar Egeu. Se- gundo a lenda, a cidade foi fundada por um personagem mítico, Teseu, no século X a.C., que reuniu sob seu comando várias comunidades separadas da Ática” (COTRIM, 1991, p. 117). Historicamente rival de Esparta, durante um vasto período esteve no topo do desenvolvimento político e cultural da Grécia. A sociedade ateniense, estava dividida em eupátridas, que eram considerados os cidadãos de Atenas, e que possuíam os direitos políticos, grupo composto somente por homens. Os Metecos, estrangeiros que habitavam em Atenas e que não possuí- am direito à terra nem à política os escravos, grande maioria dos cidadãos de Atenas, infelizmente a democracia e a política em Atenas centrava-se numa minoria (ARA- NHA, 2006). Para Cotrim (1991), no que se refere aos métodos e aos objetivos, a educação ate- niense era totalmente diferente da educação de Esparta. A educação não era exerci- da pelo estado, as leis apenas determinavam que os pais destinassem uma instrução a seus filhos. Assim, em escolas particulares, funcionava a educação apenas sob fis- calização do estado. A gramática, a retórica e a lógica compõe da solidez formadora do bom cidadão. Para a sobrevivência na sociedade da política, tinha obrigatoriamente que dominar aquelas artes, sendo que elas estavam à disposição de todos graças aos sofistas cujo objetivo era habilitar seus seguidores na arte política e no convencimento pelo ar- gumento. O principal objetivo da educação de Atenas era formar os cidadãos cons- cientes de sua liberdade individual e ao mesmo tempo de suas responsabilidades na vida em sociedade. 26 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Temos uma descrição completa dessas diversas etapas da escolaridade do jovem atenienses descritas num dos diálogos de Platão, o Protágoras, onde consta2: “Logo que a criança começa a compreender a linguagem, a nutriz, a mãe, o pedagogo, o próprio pai, esforçam-se sem cessar para torná-la tão perfeita quanto possível; a propósito de tudo o que ela diz ou faz, eles lhe dão explicações e lições; isso é justo e aquilo é injusto, isto é belo, aquilo é feio, isto é piedoso e aquilo ímpio, faz isso e não faz aquilo. Se a criança obedece, nada melhor; se não, como se corrige um bastão torto e curvado, corrige-se a criança com ameaças e golpes. Depois, quando é mandada para a escola, recomenda-se mais ao professor o bom comportamento do menino do que seus progressos no conhecimento das letras ou da cítara; o professor, por sua vez, lhe dispensa todo os cuidados, e quando as crianças, conhecendo as letras, são capazes de compreender as palavras escritas, como há pouco a linguagem falada, manda que a classe, sentada nos bancos, leia os versos dos grandes poetas, e aprenda de cor as obras completas de bons conselhos e também de digressões e elogios que exaltam os antigos heróis, para que o menino, tomado de emulação, os imite e procure ser semelhante a eles”. 2.1.5 SÓCRATES E OS SOFISTAS3 Observa-se que tecnicamente o grande sábio não se diferenciava dos demais so- fistas. Também ele deambulava pelos locais públicos oferecendo sua inteligência cortante e fazendo largo uso de todo os truques da dialética, que dominava com per- feição, para vencer os embates intelectuais em que se envolvia. Divergia deles, dos sofistas, ideologicamente, na medida em que contestava o relativismo dos mestres de ensino. Ao contrário deles, Sócrates buscava com tenacidade as coisas perenes, uma moral humana imutável, a que residia no imaginário mundo das formas perfei- tas, no tópos ouranos. Algo firme, que não flutuasse ao sabor dos ventos e das modas, uma concepção comum e imorredoura do que fosse o Belo, o Bem e o Justo (kalós, agatós, dikê). 2 Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/educacao_atenas3.htm.Acesso em jul. 2017. 3 Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/educacao_atenas5.htm. Acesso em jul. 2017. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 2.1.6 SÓCRATES E PLATÃO Platão, o mais famoso discípulo de Sócrates, divergiu do mestre num aspecto: não acreditava na difusão ampla, democrática da sabedoria. Para ele, ela só poderia ser alcançada pelo confinamento voluntário de aprendiz, da separação do iniciado do res- tante da sociedade. Nada de andar cami- nhando em meio a ágora (agora) tentando converter a gente comum às grandes idrias, embaraçando-as com exercício dialéticos como Sócrates costumava fazer. O conhecimento (episteme), era apanágio de alguns poucos, mantendo-se no alto, afasta- do do comum, como a acrópole encontra-se em relação à cidade. A fortaleza do saber de- mandava uma arte especial para conquistá- -la, uma técnica que requeria o domínio da geometria, do raciocínio, da meditação e da reflexão disciplinada. 2.1.7 A EDUCAÇÃO ROMANA Para Cotrim (1991), uma an- tiga lenda explica que Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo em 753 a.C., assim median- te a crença nessa concepção mitológica a origem de seus povos é incerta, os etruscos teriam vindo por volta do sé- culo VII e fundado Roma. Sua longa história é caracterizada por três grandes períodos: Monarquia, onde o estudo baseava-se no ato das lendas e pesquisas arqueológicas, República com o desen- Episteme: Na filosofia grega, esp. no platonismo, significa o conhecimento verdadeiro, de natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida. 28 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO volvimento de instituições político sociais e Império, onde Roma atinge decadência mediante os conflitos internos. A cultura romana, caracterizava-se pela evolução consequência da necessidade do desenvolvimento de táticas militares, os romanos eram superiores aos gregos apenas em tática militar e na coesão social. Até o período de sua decadência política, devido à ausência de um exército forte e coeso para administrar um território tão grande Roma, foi considerada culturalmente o paraíso dos gregos, não criaram nenhuma forma de arte, construíram estradas, códigos legais e grandes obras públicas, focan- do-se na organização civil (ARANHA, 1996). O direito romano é uma relevante contribuição dos romanos ao mundo ocidental, para administrar uma população tão extensa, Roma precisou-se dedicar-se às regras de convívio social. Havia o direito público e o direito privado, os principais ramos do direito romano privado, relacionava-se às questões de pais sobre os filhos, do senhor para com os escravos, do marido sobre a mulher (PILETTI, 1996). Na Roma antiga, predominava-se as seguin- tes classes sociais; os patrícios, membros do povo romano, desempenhavam funções pú- blicas e religiosas e possuíam as melhores terras, os plebeus, a plebe, considerada uma população de imigrantes e exercia o serviço militar e pagavam elevados tributos. Além dos escravos, constituídos pelos prisioneiros de guerra (COTRIM, 1991). Ainda segundo o autor, na educação é possível delinear as se- guintes características: a educação primitiva; a educação sob influência grega e a educa- ção imperial. Marco Fábio Quintiliano foi considerado um dos principais pedagogos romanos, seu mé- todo educacional, baseava-se na educação familiar, elementar, secundária e superior, fo- cando na relevância da oratória e na defesa dos princípios morais, além de defender a organização e o uso de memorização e imitação, desprezando as especulações filosóficas (COTRIM, 1991). A educação romana está centrada na família. Até os sete anos a responsabilidade educacional era da família, após os sete anos, um preceptor escolhido pelo pai era o instrutor do filho, após os 17 anos a educação era militar e de responsabilidade do governo. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA NUNES, Ruy Afonso da Costa Nunes. História da Educação na Antiguidade Cristã. São Paulo: EPU: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1978. FALA PROFESSOR: Estudar a antiguidade não é apenas desvendar o passado é encontrar elementos da educação que em nosso cotidiano ainda são utilizados, e perceber que a educação sempre esteve a ligar ás necessidades socioculturais e históricas, entretanto, com o dife- rencial que você, futuro professor, é capaz de trazer para o cotidiano do aluno é possível ir além tornar a educação um ato não de reprodução, mas de investigação crítica. Você é capaz! ANOTAÇÕES 30 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO UNIDADE 3 > Perceber a Idade Média como parte relevante na contextualização da História da Educação; > Identificar as principais características da História da Educação na Idade Média; > Entender os preceitos da educação cristã medieval. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 3 IDADE MÉDIA: EDUCAÇÃO E FÉ 3.1 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA Para Aranha (2006), a Idade Média compreende o período que vai do século V ao século XV, aproxima- damente mil anos de obscuridade como diziam os renascentistas. Nes- se contexto onde a população sofreu um processo de ruralização, predo- minava como sistema econômico, político e social, o Feudalismo. Uma relevante relação entre os reis e se- nhores feudais, acontecia e delegada ao sistema da época uma troca de favores onde somente os grandes proprietários de terras ficavam no poder. Essa relação era denominada de suserania e vassalagem. Ainda segundo Aranha (2006), é possível afirmar que com as invasões bárbaras, ouve a liberação do Mediterrâneo o desenvolvimento do comércio e do panorama econô- mico e social, pois a população se refugiou nos feudos em busca de proteção. Intensas disputas entre os senhores feudais enfraquecidos por gastarem muito com seus exércitos, deu consequência ao surgimento das vilas se libertaram formando comunas ou cidades livres. Ainda nesse período surgiram as escolas seculares, que significam do “século” do mundo, excluindo qualquer atividade não religiosa. “Essas escolas eram independentes umas das outras, forrava-se o chão e ali os alunos sen- taram, então os mestres esperavam os alunos” (COTRIM, 1991). No que se reporta a formação desse período, percebe-se a necessidade de prepa- ração militar e a centralização na educação do cavaleiro, com o fim da autoridade monárquica centralizada e a fragmentação dos reinos os soldados-nobres, represen- 32 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO tavam a imagem de autoridade. Partindo da perspectiva de Aranha (1996), observe a estrutura a seguir: • 7 até 15 anos: Pajem no castelo. • 15 até 21 anos: Jovem escudeiro aprendia a montar cavalo e a adestrar armas. • 21 anos: Após rigorosas provas de valentia o cavaleiro era consagrado cavaleiro em cerimônia religiosa. A educação do cavaleiro não dava destaque ao intelectual muitos nem sabiam ler ou escrever. As universidades não representavam lugares de ensino e sim assem- bleia corporativa de qualquer profissão, assim a família com maior renda, delegava o currículo a ser ensinado em prol da formação de seu filho, pois as universidades eram financiadas pela burguesia. Nesse contexto, as universidades, tornaram-se um centro de fomentaçãointelectual. Assim, igreja passou a ser afrontada e sentir-se afrontada pelas mesmas, pois os preceitos religiosos começaram a ser questionados pela ciência. 3.2 ATUAÇÃO DA SANTA INQUISIÇÃO OU SANTO OFÍCIO A PARTIR DO SÉCULO XI Na tentativa de impedir a valorização de co- nhecimentos científicos em detrimento dos ensinamentos religiosos, a partir do século XII a Santa Inquisição começa a agir, comba- tendo as chamadas heresias, pois, questio- nar os ensinamentos de Deus era pecado. Já as mulheres, não tiveram acesso à educação formal: as pobres trabalhavam ao lado do marido; as ricas só aprendiam algo em seu próprio castelo; as burguesas tiveram aces- so à educação assim que surgiram as escolas seculares. Nos mosteiros eram consagradas à Deus pois representavam o fruto do pecado. Uma heresia é uma doutrina que se opõe frontalmente aos dogmas da Igreja. Fora do contexto da religião, uma heresia também pode ser um absurdo ou contrassenso. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 3.3 A PATRÍSTICA A Patrística, também denominada fi- losofia dos padres da igreja, foi uma corrente educacional que marcou a Idade Média, perdurou dos séculos II ao século V, tendo iniciado, portanto na antiguidade no decadente Impé- rio Romano, no século II, a patrícia possui como característica a inten- ção apologética, ou seja, seu foco era a conversão dos não cristãos e a de- fesa da fé (ARANHA, 1996). A Patrística atribuía a criação de uma doutrina religiosa para harmonizar a fé e a razão. Entre os representantes da Patrística é possível citar, Clemente de Ale- xandria, Orígenes e Tertuliano, mas o principal personagem foi Santo Agostinho (354- 430), bispo em Hipona no norte da África. Aprendeu retórica e teve contato com a filosofia napoleônica. Aderiu a seita dos maniqueus, compreendendo os princípios do bem e do mal. Logo converteu-se ao cristianismo e dedicou-se a ao cristianismo e seus estudos (COTRIM, 1991). Sustentada nos preceitos filosóficos de Platão, a Patrística defende a visão de que é plenamente necessário que o indivíduo tenha não apenas uma opinião sobre as coisas, mas que sobretudo desenvolva uma ideia, Santo Agostinho se reporta direta- mente a visão platônica e argumenta que: o conhecimento que provém dos sentidos pode levar o homem ao erro, pois os sentidos geram visões imperfeitas. Já o verda- deiro conhecimento, ou iluminação, vem de Deus, que é a fonte de todo o conheci- mento. Este sim, não leva o homem a cometer erros, pois Deus ilumina a razão e faz com que o homem pense corretamente (ARANHA, 1996). Santo Agostinho, esteve inserido num contexto histórico de invasão e destruição dos povos vândalos, mas seus ideais jamais foram destruídos, pois perduraram com importantes elementos de relação entre fé e razão. 34 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA PATRÍSTICA Por Patrística entende-se o período do pensamento cristão que se seguiu à época do novo testamento e chega até ao começo da Escolástica, isto é, os séculos II – VIII da era vulgar. Este período da cultura cristã é designado com o nome de Patrística, e repre- senta o pensamento dos padres da Igreja, que são os construtores da Teologia Católica, guias e mestres da doutrina cristã. É contemporânea do último período do pensamen- to grego, o período religioso, com o qual tem fecundo, entretanto dele diferenciando-se profundamente, sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo. A Patrística tem três períodos: antes de Agostinho, tempo de Agostinho e depois de Agostinho. Esse último período, foi sistematizado a filosofia patrística. No período antes de Agostinho, os padres defendiam o cristianismo contra o paganismo, os padres co- meçam a defender a fé e deixar de lado a razão grega como mostrava a filosofia helêni- ca. Período de Agostinho houve um crescimento, onde veremos mais à frente quando estudarmos Agostinho. Mas o crescimento do pensamento aconteceu pela causa de que tem jeito de fazer filosofia com fé. E a primeira necessidade da fé para o conhecimento é a verdade religiosa e moral, da- qui a importância do credo. Em segundo lugar, a necessidade de usar a razão para que a adesão à fé não seja cega e meramente passiva: eis a importância da inteligência. Eles diziam que as verdades religiosas não podem ser compreendidas a não ser pela fé. O que existe na realidade é maior ou mais perfeito do que o que existe só no intelecto. Afirmar que não existe na esfera do real aquilo maior do que o qual não se pode pensar nada implica uma contradição, porque significa admitir e ao mesmo tempo não admi- tir que se possa pensar outro maior do que ele, isto é, existente na realidade. Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br. Acesso em jul. 2017. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO 3.4 A ESCOLÁSTICA A Escolástica, foi outra corrente filosófica e educacional que marcou a Idade Média, que representa a mais alta expressão filosófica cristã. Delimitou-se num período que se es- tende do século IX ao século XVIII (ARANHA, 2006). Tomás de Aquino, foi considerado um dos maiores representantes da Escolástica, como delimita Cotrim (1987, p. 155): Tomás de Aquino (1226-1274) nasceu em Nápoles, sul da Itália, e faleceu no convento Fossanova, próximo de sua cidade natal, aos 49 anos de ida- de. Conhecido nos meios católicos como Doutor Angélico, Tomás de Aqui- no é considerado um dos maiores filósofos da escolástica medieval, isto é, do movimento católico cujo problema básico era buscar a harmonização entre a fé cristã e a razão. A filosofia de São Tomás de Aquino, destacou-se, mas já surgiu com limitações, no qual o foco era, filosofar, sim. Contrariar a fé, jamais. Neste sentido, os argumentos ra- cionais serviam para defender as revelações cristãs. Tomás escreveu especificamente sobre educação, seus princípios filosóficos são plenamente relevantes para a educa- ção, pois caracterizavam profundamente a pedagogia católica. Para Piletti (1996), São Tomás de Aquino defendia que para que ocorresse o desen- volvimento da aprendizagem, era necessário estimular a inteligência do aluno. De- fendia também que somente Deus é um autêntico mestre que possui a capacidade de ensinar no íntimo da alma, entretanto a responsabilidade do professor seria de orientar os alunos sobre os princípios cristãos a caridade e o amor ao próximo. Ara- nha (1996) compreende que a filosofia se torna um estudo plenamente obrigatório para o teólogo. Entretanto, passa a ser serva da teologia e perde seu foco maior que é o questionamento permanente (COTRIM, 1991). Segundo o historiador Monroe, cada assunto era analisado era estudado com mais rigor embasado na lógica aristotélica e trazia inclusive os estudos da metafísica para auxiliar nas vertentes cristãs, dessa forma os padres e seus discípulos podiam filosofar. 36 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA Aprenda um pouco mais sobre a Escolástica: ESCOLÁSTICA A Escolástica representa o último período da história do pensamento cristão, que vai do início do séc. IX até ao fim do séc. XV. Este período do pensamento cristão é denomi- nado ESCOLÁSTICO, porque era a filosofia ensinada nas escolas da época por mestres chamados escolásticos. Diversamente da patrística, cujo interesse é acima de tudo religioso e cuja glória é a elaboração da teologia dogmática católica, o interesse da escolástica é, acima de tudo, especulativo, e a sua glória é a elaboração da filosofia cristã. Tal elaboração será plena- mente racional, consciente e crítica, apenas Tomás de Aquino,que levou a escolástica ao seu apogeu. Até o Aquinate sobrevivem o pensamento e a tendência platônico-agostiniana, caracte- rísticas da patrística, em que era impossível uma filosofia verdadeira e própria por falta de distinção entre natural e sobrenatural, razão e fé, filosofia e teologia. Quanto à divisão da escolástica, distinguiremos a escolástica pré-tomista, com orientação agostiniana (IX- XIII); Tomás de Aquino, que foi o verdadeiro construtor da filosofia cristã (XIII); o pe- ríodo pós-tomista (XIV-XV), que representa a rápida decadência histórica da escolástica. Neste período, aconteceram grandes avanços na área filosófica, devido ao pensamento gnosiológico, místico, dialético, metafísico e moral. Os filósofos desta época foram: pré- -tomistas, Scoto e Erígena; pós-tomista, Rogério Bacon, João Duns Scoto, e Guilherme de Occam. Depois destes, entramos no pensamento moderno. Fonte: Introdução ao Pensar. Jolivet. 1970 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA Conheça uma síntese sobre a Idade Média: EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA O processo de educação na Idade Média era de responsabilidade da igreja. As escolas funcionavam anexas à igreja ou nas escolas monárquica que era nos mosteiros. A igreja assumiu o papel de disseminar a educação e a cultura, gerando com isso uma contri- buição muito importante para o legado da educação contemporânea. Os professores eram clérigos de ordem menores e lecionavam as sete artes liberais que era gramatica, retorica, lógica, aritmética, geografia, astronomia e música que posteriormente iriam fazer parte do currículo de várias universidades. Nesse período para que o ensino fosse realizado era preciso uma autorização dos bis- pos e dos diretores das escolas eclesiásticas e esses com medo de perder a influência dificultavam ao máximo essa autorização. E para reagir contra isso os professores e alunos organizaram-se em associações denominadas universitas que mais tarde gerou a palavra universidade. As universidades eram compostas por quatro divisões ou facul- dade que eram a faculdade de Artes, Direito, Medicina e Teologia. O estudo das sete artes liberais era dividido em dois ciclos: o trivium e o quadrivium. O primeiro compreendia a gramática, a retórica e a lógica; o segundo compunha-se do estudo da aritmética, geografia, astronomia e música. A metodologia de ensino base- ava-se na leitura de textos e na exposição de ideias feitas pelos professores, também muitas vezes ocorriam debates em público entre mestre e alunos essas aulas foram denominadas de scholastica disputattio. Esse processo de estudo foi muito usado por São Tomás De Aquino e foi chamado de escolástica. A escolástica teve seu apogeu no século XIII, o método proporcionou a criação de diversas Universidades por toda a Eu- ropa, como as de Paris, Oxford, Cambridge, Salerno, Bolonha, Nápoles, Roma, Pádua, Praga, Lisboa e assim por diante. Sendo que a Universidade de Bolonha ficou célebre por sua faculdade de Direito e Salerno, por sua faculdade de Medicina. Disponível em: http://licenciaturadacomputacao12.blogspot.com.br/2013/03/educa- cao-na-idade-media.html. Acesso em jul. 2017. 38 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUGESTÃO DE LEITURA CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: editora UNESP, 1999. FALA PROFESSOR: No Brasil ainda existe uma forte influência dos métodos religiosos aplicados à educa- ção. A religiosidade é relevante para o ser humano, entretanto é preciso seguir carac- terísticas do deísmo par evitar fanatismos e trabalhar o processo de ensino-aprendiza- gem no cotidiano escolar com a liberdade de crença e de expressão. ANOTAÇÕES 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO UNIDADE 4 > Perceber o Renascimento Cultural e seus preceitos educacionais como parte de um contexto histórico; > Entender os aspectos da mentalidade renascentista aplicados à educação; > Evidenciar o Renascimento - Humanismo como caminhos em direção à educação moderna e seus componentes históricos e educacionais. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: 40 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 A RENASCENÇA E A MODERNIDADE NA EDUCAÇÃO 4.1 ASPECTOS DA MENTALIDADE RENASCENTISTA Segundo Cotrim (1991) na Idade Média e Idade Moderna, a sociedade era estamen- tal, ou seja, formada por estamentos (estados, grupos sociais) bem definidos (nobre- za, clero e servos), com uma rígida hierarquia entre eles e sem mobilidade social. Nessa conjuntura, a posição social do indivíduo era definida pelo seu nascimento. Algumas transformações socioeconômicas ocorridas no final da Idade Média reper- cutiram em importantes mudanças sociais e culturais para o período. Com o desenvol- vimento do comércio, por exemplo, a bur- guesia ganhou importante destaque social e econômico, rompendo o modelo de acu- mulação de riqueza, até então concentrado nas mãos dos nobres, pela posse de terras. O desenvolvimento do comércio estimulou ainda o crescimento das cidades (burgos) e estimulou as movimentações culturais nesse novo espaço de vivência. As cidades medievais constituem importan- tes centros de produção intelectual e artís- tica. A vida urbana e a atividade comercial exigiam habilidades como ler, escrever e contar. O latim, língua hegemônica, divide espaço com as chamadas línguas vulgares, que dariam origem aos idiomas nacionais (português, espanhol, francês, inglês etc.). A educação torna-se uma exigência diante da LATIM Idiomas como português, francês, italiano e espanhol, entre outros, são derivados do latim. Contudo ele não é mais utilizado como língua materna ou nativa. Atualmente o latim é a língua oficial somente do Vaticano, mas ainda é utilizado em nomes científicos de plantas e animais e elementos da tabela de elementos químicos. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO nova visão de ser humano, por isso, a burguesia encaminha seus filhos para as esco- las, enquanto a nobreza cuidava da formação de seus filhos por meio dos precepto- res. Nesse cenário, as mudanças sociais eram irreversíveis. Ao contrário da mentalidade medieval, dominada pela nobreza e pelo clero, a bur- guesia e os tempos modernos, estimularam a formação de novos valores. Para a mentalidade cristã feudal, Deus estava no centro do universo (Teocentrismo), na con- cepção burguesa moderna, o homem assume esse posicionamento (Antropocentris- mo), numa perspectiva denominada Humanismo (COTRIM, 1991). O Humanismo constituiu um movimento intelectual voltado para o estudo dos autores da Antiguidade Clássica greco-ro- mana, sobretudo pela valoriza- ção do indivíduo, pela liberda- de e participação da vida social nas cidades. Preza o conheci- mento das línguas, literatura, filosofia, história e matemática. A partir da influência dos pen- sadores Clássicos, os humanis- tas buscam a formulação de uma nova concepção sobre o homem e o mundo. Para Piletti (1996), elementos como Racionalismo, focando na ciência experimen- tal, retirou a supervalorização da fé, o Individualismo e o nacionalismo, deu lugar a formação dos Estados Nacionais, em detrimento aos laços de fraternidade para a obtenção de favores. 42 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4.2 PRINCIPAIS PENSADORES DA MODERNIDADE E SEUS IDEAIS4 JEAN-JACQUES ROUSSEAU O filósofo, Rousseau é conhecidocomo o maior filósofo estudiosos da soberania de- mocrática pelo desenvolvimento do con- ceito de vontade geral como única força de poder legítimo na sociedade. Nasceu em Genebra, a 28 de junho de 1712, filho de Isaac Rousseau e Suzanne Bernard, filha do pastor da localidade. Sua mãe foi abandonada por seu esposo que partiu para Constantinopla. Após o retorno de seu esposo, nasceu Rousseau, um me- nino fraco, doente e que causara o faleci- mento da sua mãe. Com a morte de Suzanne, por muito tem- po, pai e filho viveram do culto a ela e os dois leram uma grande coleção de romances que ela deixará. Liam sem parar após a ceia e assim passavam a noite. Dessa forma, Rousseau tornou-se um amante apai- xonado da leitura, mas totalmente incapaz de adquirir os hábitos e atitudes conven- cionais da vida considerada normal para os padrões da época. Quando tinha dez anos, o seu pai o abandonou e ele foi enviado para a escola de Bossey junto com o seu primo. A estada em Bossey estendeu-se quando Rousseau completou doze anos de idade. Seus estudos serviram para familiarizá-lo com os problemas sociais e filosóficos comuns que agitavam os espíritos humanos. A leitura de Montaigne, Leibniz, Locke, Pope e Voltaire causaram-lhe a mais profunda impres- são (EBY, 1978, p. 279 apud PONTAROLO; COLLARES; NASCIMENTO [s.d].). 4 Este item é uma adaptação do texto de Pontarolo, Collares e Nascimento [s.d]. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Influenciado por inúmeros pensadores, Rousseau (1982, p. 157 apud PONTAROLO; COLLARES; NASCIMENTO [s.d].) acreditava que o governo e a educação influencia- riam a sociedade, independente das mudanças políticas. Para ele: Cada cidadão seria, então, completamente independente, de todos os seus semelhantes, e completamente dependente do Estado, o que sem- pre ocorre pelos mesmos métodos; porque é apenas pela força do estado que a liberdade de seus membros pode ser assegurada. Na sua importante obra “O Contrato Social”, Rousseau formula a teoria do Estado da natureza como condição da liberdade e da igualdade e com a afirmação da pessoa humana como sujeito de direito e, portanto, fonte e norma de toda lei. Para o filó- sofo, o Estado é o libertador do indivíduo das dificuldades da sociedade. Rousseau salienta que o homem ao nascer encontra-se puro e livre para a sua escolha, entende que o que realmente modifica o homem é a sociedade, moral fundada na liberda- de. Quando esta surge, muda e transforma o homem. Dessa forma, para Rousseau, a civilização é vista como responsável pela degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição pela cultura intelectual. Assim, o Contrato Social seria a única base legítima para uma comunidade que de- seja viver de acordo com os pressupostos da liberdade humana. O contrato social representava, portanto, a relação entre a natureza e a sociedade, uma vez que consti- tuía a moral fundada na liberdade, a primazia do sentimento sobre a razão e a teoria da bondade natural do homem. O objetivo primordial do Contrato Social seria assentar as bases sobre as quais legi- timamente possa efetuar a passagem da liberdade natural para a liberdade conven- cional. Outra contribuição relevante de Rousseau foi a obra “Emílio”, um ensaio peda- gógico, no qual procurou traçar em linhas gerais, o que deveriam fazer e seguir para tornar a criança um adulto bom. Nessa obra, o autor mostra que diferentes etapas a educação que o homem deve seguir para que os indivíduos humanos se tornem cada vez mais livres e soberanos, mais autênticos e autônomos. Segundo Fortes (1987 apud PONTAROLO; COLLARES; NASCIMENTO [s.d].) em “Emí- lio”, o principal objetivo é imunizá-lo a todos os males que a sociedade pode ma- nifestar, tentando desta forma, preveni-lo dos malefícios sociais. Mostrando para os outros a importância da escolha, ou seja, do livre arbítrio, e o respeito para com o 44 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO desenvolvimento da criança. Em síntese, podemos salientar que os processos educativos, tanto quanto as relações sociais, são sempre encarados pelo ponto de vista de liberdade de escolhas, outro aspecto é que todos homens nascem livres, sendo assim, a educação deve levar em conta o desenvolvimento da criança, a necessidade de torná-la autossuficiente, sem esquecer que as necessidades iniciais são: físicas, relacionadas ao aperfeiçoamento dos órgãos dos sentidos. Foi o primeiro a se preocupar com as fases do desenvolvi- mento infantil, com a psicologia da memória e da razão, o poder da imaginação ou fantasia e o sentimento da realidade. Outro precursor de Rousseau foi Pestalozzi. JOHANN HEINRICH PESTALOZZI Houve uma grande influência na Euro- pa do método de Educação proposto por Pestalozzi. Foram vários os países, entre eles Suíça, França, Inglaterra, Rússia, Polô- nia, Espanha que adotaram a sua proposta educativa. Embora fosse discípulo de Rous- seau, Pestalozzi, trouxe algumas inovações para a área da educação. Nasceu na Suíça no ano de 1746, foi filho de médico. Sua mãe, viúva, foi a principal responsável pela sua educação. Desde pe- queno Pestalozzi procurava ajudar as pes- soas, influenciado pelo meio em que vivia, cercado de miséria e pobreza. Quando seu pai faleceu, deixou a família sem nenhuma condição econômica. Tentou inicialmente ser um pastor, porém desistiu de tal profissão. Priorizou o lar, a agricultura e a edu- cação. Na fase adulta fundou duas das principais instituições de ensino: O Instituto, em Burgdorf, de 1800 a 1804, e um outro semelhante em Yverdun, de 1805 a 1825. Pestalozzi, sua mulher e professores residiam no instituto, porque para ele a escola deveria ser semelhante ao lar. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Foi pioneiro em estabelecer horários diversos e a separar as crianças por faixas etárias diferentes. Afirmava que “o método de toda a educação pode ser resumido em uma simples regra: seguir a natureza” (EBY,1978, p. 388 apud PONTAROLO; COLLARES; NASCIMENTO [s.d].). Utilizava a metáfora do professor como imagem e semelhança de um jardineiro, o qual deveria cuidar e dar condições para a planta se desenvolver. Por isso, em sua concepção educacional o desenvolvimento precisa ser espontâneo e livre de toda instrução educativa. JOHANN FRIEDRICH HERBART Herbart nasceu na Alemanha, em 1776 e faleceu em 1841. Filho de advogado e mãe inteligente, a qual gostava de literatura e se ocupava do acompanhamento de seus estudos. Seu pai enviou-o a Iena com o ob- jetivo de prepará-lo para a profissão de ad- vogado. Entretanto, tornou-se filósofo, psi- cólogo e teórico da educação, a partir de sua experiência como preceptor particular dos três filhos do governador de Interlaken, na Suíça e também sob a influência de Schiller. Foi educador dos filhos de Herbart. Nessa experiência confrontou-se com situações práticas de ensino, daí surgiu sua contri- buição para a pedagogia como ciência, conferindo rigor e cientificidade ao seu método. Foi também o primeiro a elaborar uma pedagogia que pretendia ser uma ciência da educação e de uma psicologia experimental aplicada a pedagogia. Por isso acabou sendo considerado o “Pai da Psicologia Moderna” e “Pai da moderna ciência da educação”. O sistema educativo de Herbart é muito amplo e complexo, aplicável desde a in- fância até a adolescência. Sua proposta educacional aspira a formação do indivíduo altamente moral, preocupado com a conformação do sujeito. O ponto culminante de sua doutrina pedagógica é conseguir a liberdade interior, ou seja, deseja que a criança se liberte de todas as influências do exterior e se transforme em um ser au- tônomo, comum forte autocontrole interno. 46 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO De acordo com Herbart, toda vida mental é o resultado da elaboração de impressões sensoriais que se transformam em representações (percepções e ideias) que por fim irão constituir os estados mentais superiores dos sujeitos. Tais representações podem nascer da experiência de coisas, onde a partir do concreto se dá o conhecimento dos objetos, das forças e das leis da natureza, que ele chama de conhecimento empírico; e vir das relações pessoais, onde se aprende a natureza do homem, a moralidade e a religião que Herbart vem chamar de solidariedade. Compreende ainda a existência de três funções básicas da vida mental: conhecer, sentir e querer. Para Herbart toda aprendizagem é perceptiva, ou seja, todo conhe- cimento novo vem por meio dos conhecimentos antigos, considera que a educação é possível e necessária, porém não é absoluta, pois varia com o tempo, o lugar e as circunstâncias. A educação é realizada por meio da instrução, que é educativa e criadora. Daí surge o seu sistema que denominou “instrução educativa” (GADOTTI, 1993, p. 99), onde o ensino deve fundamentar-se na aplicação dos conhecimentos da psicologia. Para tanto o educador propõe cinco passos formais que favorecem o desenvolvimen- to da aprendizagem do aluno: • Preparação: o mestre recorda o que já foi aprendido a fim de criar interesse pelos novos conteúdos; • Apresentação: sempre a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado; • Assimilação: o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo semelhanças e diferenças; • Generalização: onde o aluno a partir das experiências concretas é capaz de abstrair, chegando a conceitos gerais; • Aplicação: através de exercícios, o aluno evidencia que sabe usar e aplicar o novo conhecimento em novas situações onde as ideias passam a ter um senti- do vital e não apenas um acúmulo de conteúdo (EBY, 1978, p. 427 apud PON- TAROLO; COLLARES; NASCIMENTO [s.d].). Em síntese as principais contribuições de Herbart para o pensamento pedagógico foram sistematizações do seu o caráter de objetividade de análise; a tentativa de psi- cometria; o rigor dos passos a serem seguidos para a instrução e a método. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO Para ele, o professor deveria ser carismático e ter a capacidade de gerar o interesse pela aprendizagem, sua missão era educar o “ser íntimo” da criança; os alunos eram como folhas em branco, sem conteúdo, o qual é adquirido através do processo de ensino, ou seja, “ao nascer, a alma é como uma folha em branco, não possui faculda- des ou ideias inatas, mas apenas o poder de entrar em relação com o mundo exte- rior, por meio do sistema nervoso” (SANTOS, 1964, p. 291 apud PONTAROLO; COLLA- RES; NASCIMENTO [s.d].) e a cultura moral que forma a vontade é mais importante que a cultura intelectual. A partir do conceito de apercepção criado por Herbart, os métodos pedagógicos passaram a inspirar-se nas aquisições da psicologia. Todavia, a psicologia atual rejeita o associacionismo, o mecanicismo e o intelectualismo da psicologia herbartiana. FRIEDRICH FROEBEL Froebel nasceu em Oberweibach, na Ale- manha, filho de um pastor protestante, fi- cou órfão de mãe ainda criança e foi criado com certa aspereza pela sua madrasta, dos 10 aos 14 anos foi morar com seu tio ma- terno, também pastor, anos que conside- rou feliz. Introspectivo, passou a observar e interpretar as atividades das crianças, des- pertando nele um grande interesse pelas experiências de natureza infantil. Após vá- rias tentativas em encontrar uma profissão, tornou-se professor. Sua principal obra foi “A educação do ho- mem” (1826), nessa obra compreende a educação como processo em que o indiví- duo desenvolve a condição humana auto- consciente. Nesse período interessa-se pelas possibilidades educacionais dos primei- ros anos da infância. Daí surgiria a ideia inovadora estimular as atividades das crianças que mais tarde receberia o nome de Jardim de Infância, onde as crianças eram con- sideradas como plantinhas de um jardim do qual o professor seria o jardineiro. Foi um defensor do desenvolvimento genético. Segundo o educador, esse desenvol- 48 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO vimento se daria nas seguintes etapas: infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade, etapas estas que não eram divididas em anos, mas por tendências cen- trais. A tendência central controlaria todos os demais progressos e definiria assim o objetivo da educação para cada etapa. A realização plena de cada fase seria impres- cindível para o desenvolvimento da fase seguinte. Contudo, uma faze não seria mais importante do que a outra. Uma das principais ideias de Froebel para a pedagogia moderna foi a de que o ho- mem é essencialmente dinâmico e produtivo, e não meramente receptivo. Nessa concepção, o homem é uma força e não uma mera esponja que absorve o conheci- mento exterior. Com essa tese ele mudou completamente o conceito tradicional do processo educacional. É preciso destacar que Froebel foi o primeiro educador a valorizar o brinquedo e a atividade lúdica como forma de desenvolvimento intelectual na criança. Não se res- tringiu ao seu valor teórico, mas considerou também suas aplica- ções práticas, criando diversos ti- pos de brinquedos e elaborando diversas modalidades de recrea- ção. De acordo com sua teoria pe- dagógica a escola deve utilizar a auto atividade da criança para que ela possa apren- der as coisas mais importantes e úteis, não pelo estudo somente, mas por meio da própria vida. Ainda, valorizou a linguagem como sendo a primeira forma de expressão do ser humano a partir da qual se podem expressar os sentimentos. Conforme Froebel, o desenho desenvolve a habilidade de pensar abstratamente. Outro ponto importante foi o que ele chamou de atividades construtivas, nessas atividades, a criança deve participar do trabalho da casa, como por exemplo cultivar seu próprio jardim, de uma a duas horas diárias. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO SUMÁRIO O destaque da filosofia de Froebel foi a concepção de unidade. De acordo com esse conceito, cada objeto é parte de algo mais geral e é também uma unidade, se for considerado em relação a si. Trazendo essa concepção para campo das relações hu- manas, compreende-se o indivíduo como uma unidade, quando considerado em si mesmo, mas que mantém uma relação com o todo, isto é, incorpora-se a outros homens para atingir certos objetivos. Nessa direção, todas as atividades da criança, até mesmo as atividades físicas mais comuns, estão diretamente relacionadas com a vida social que a cerca. Como a crian- ça é um organismo em si e por si, ela também é uma parte de organismos maiores: a família e a humanidade como um todo. Desde o início da vida ela age num meio social e toda sua conduta tem relação imediata com outros. Em decorrência desse processo, o desenvolvimento de seus sentimentos sociais segue paralelo ao desen- volvimento de seu poder produtivo. Por isso, a expressão de objetivos e necessidades internas deve sempre ser integrada com a unidade social e o propósito comum. Segundo o autor a unidade social era sempre um princípio de unidade universal, inclusive cósmica. Esse propósito de naturalização de um sentimento de amor pelo universo criado por Deus e transferido para a sociedade deveria ser compreendido e defendido pela educação. A identificação da educação com o desenvolvimento, a subordinação da ação educativa como atividade interessada da criança, a utilização
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