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Flotação de Minerais: Conceitos e Reagentes

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1. Flotação de Minerais: Relevância, Conceitos e Reagentes. 
 
1.1 Introdução 
Baseando-se nos dados relativos à produção mineral brasileira de 1999 [1], é possível estimar que 50 
milhões de toneladas de concentrados de diversos bens minerais (apatita, carvão, chumbo, cobre, ferro, 
fluorita, grafita, lítio, magnesita, nióbio, níquel, ouro, silvita, talco e zinco) são produzidas anualmente 
no Brasil por flotação. Dentro deste universo, considerando-se escala de produção e valor dos produtos 
gerados, destaca-se a concentração de ferro, apatita, zinco, ouro, magnesita e nióbio. 
 
No âmbito mundial, a flotação é responsável por quase toda a produção de concentrados de antimônio, 
berilo, bismuto, chumbo, cobre, grafita, lítio, molibdênio, nióbio, prata, sais de potássio, vanádio e 
zinco; além de contribuir para a produção de concentrados de barita, cromo, carvão, feldspato, ferro, 
fluorita, fosfato, manganês, micas, níquel, ouro, talco e tungstênio [2][3]. Fora da indústria mineral, tal 
tecnologia ainda é utilizada no tratamento de efluentes domésticos e industriais, indústria química e 
alimentícia [4]. 
 
Tão variado leque de aplicações apresenta o processo de flotação e tamanha contribuição ele trouxe 
para o desenvolvimento da indústria mineral que Frank R. Milliken [2], comemorando o 50o 
aniversário da implantação do primeiro processo industrial de flotação nos E.U.A.; considerou o 
advento dos processos pirometalúrgicos de fundição (“smelting”), há 5000 anos, e a flotação 
(patenteada em 1906) como os dois desenvolvimentos tecnológicos que mais progresso trouxeram para 
a indústria mineral em todos os tempos. 
 
O advento da flotação, no início do último século, viabilizou o aproveitamento de minérios mais 
pobres, exibindo associações mineralógicas mais complexas e liberação em granulometria mais fina 
que as de até então. Contrariando as previsões pessimistas de Malthus [5], ao longo do século XX, a 
humanidade foi capaz de produzir concentrados minerais na quantidade e qualidade de que necessitava 
(fertilizantes, metais básicos, carvão, cargas, cimento, explosivos), com custos decrescentes e sob 
desafios tecnológicos progressivamente maiores. Sem a flotação, dificilmente o progresso material da 
humanidade seria tão intenso como tem sido. 
 
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1.2 Conceito de Flotação e suas Implicações [6] [7] 
 
No âmbito da tecnologia mineral, flotação é um processo de separação de minerais que é conduzido em 
meio aquoso e na presença de bolhas de ar. Para que seja possível separar as espécies minerais 
presentes na suspensão aquosa, o processo faz uso de diferenças entre as energias livres (G) das 
interfaces envolvidas: sólido/líquido, líquido/gás e sólido/gás. 
 
À temperatura e pressão constantes, a derivada da energia livre interfacial com relação à área da 
interface (dG/dA) é denominada tensão interfacial (). O significado físico dessa grandeza assume 
diferentes interpretações, dependendo do ponto de vista da abordagem: 
i. Sob o ponto de vista termodinâmico,  é definida como sendo o trabalho necessário para 
aumentar a área da interface de uma unidade, num processo isotérmico e reversível. Nesse caso, ela é 
expressa em unidades de energia por unidade de área (J.m-2 no SI ou erg.cm-2 no sistema CGS); 
ii. Sob o ponto de vista mecânico, a interface pode ser enfocada como sendo uma membrana 
contrátil (hipotética) em permanente estado de tensão. Nesse caso,  estaria atuando em direção 
paralela à interface, opondo-se a qualquer esforço que resulte em aumento da área dessa mesma 
interface. Suas dimensões seriam: unidade de força por unidade de comprimento (N.m-1 no SI ou 
dyn.cm-1 no sistema CGS); 
iii. Tanto pela interpretação mecânica como pela termodinâmica,  constitui uma barreira (seja 
mecânica ou energética) a um aumento da área da interface, à temperatura e pressão constantes. Ambas 
abordagens são fundamentadas na interpretação de fatos experimentais. 
 
Para que partículas minerais sofram adesão a bolhas de ar, é necessário que a área das interfaces 
sólido/líquido e líquido/gás sofram retração, acompanhadas de uma conseqüente expansão da área da 
interface sólido/gás. Como as tensões interfaciais agem sempre no sentido de impedir um aumento da 
área da interface que representam, um equilíbrio estático entre as três tensões interfaciais é atingido 
quando a equação 1.1., também conhecida como equação de Young, é obedecida. Tal equilíbrio é 
ilustrado através da figura 1.1. 
 
Cos  = (S/G - S/L) / L/G Equação 1.1. 
 3
Onde: 
 = Ângulo de contato, ou seja, o ângulo formado entre a fase sólida e a fase gasosa, medido através da 
fase líquida; 
S/G = Tensão interfacial sólido/gás ou variação da energia livre da interface sólido/gás com a área da 
interface, à temperatura e pressão constantes; 
S/L = Tensão interfacial sólido/líquido ou variação da energia livre da interface sólido/líquido com a 
área da interface, à temperatura e pressão constantes; 
L/G = Tensão interfacial líquido/gás (mais comumente chamada de tensão superficial) ou variação da 
energia livre da interface líquido/gás com a área da interface, à temperatura e pressão constantes. 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.1 - Ângulo de contato e tensões interfaciais em sistema trifásico. 
 
Através da equação de Young e também da figura 1.1, é possível observar que; quanto maior a 
magnitude apresentada pelo ângulo de contato (), maior a afinidade da espécie mineral pelo ar e 
menor sua afinidade pela água. Deste modo,  constitui um parâmetro indicativo do grau de 
hidrofobicidade apresentado por uma determinada fase sólida em contato com o ar e a água. De fato: 
i. Hidrofobicidade é uma propriedade apresentada pelos sólidos de repelir água de sua superfície. 
Quanto mais hidrofóbico for um sólido, maior será sua repelência por água e também maior será sua 
afinidade por substâncias apolares ou “lipofílicas”, como são o ar atmosférico e substâncias graxas, 
como os hidrocarbonetos alifáticos (diesel, querosene, octano). Tais substâncias apresentarão tendência 
de se espalhar espontaneamente pela superfície de sólidos hidrofóbicos. A tendência ao espalhamento 
de um líquido sobre um sólido pode ser prevista com base científica através do trabalho de adesão do 
líquido ao sólido versus trabalho de coesão do líquido. 
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ii. Hidrofilicidade é uma propriedade exibida por sólidos de serem umectados ou “molhados” pela 
água. Quanto mais hidrofílico for um sólido, maior será o espalhamento de água (ou outros líquidos 
polares) por sua superfície, isto é, maior será sua umectação por esse(s) mesmo(s) líquido(s); 
 
No que diz respeito à polaridade, as substâncias podem apresentar caráter polar, apolar ou polar/apolar 
em função de suas moléculas apresentarem ou não um dipolo permanente. Assim sendo: 
i. H2O, NH3 e CO apresentam caráter polar, isto é, suas moléculas exibem permanentemente 
regiões com maior ou menor concentração de elétrons. Nas moléculas de água, os átomos de 
oxigênio constituem seu pólo negativo, enquanto que a região ocupada por átomos de 
hidrogênio constitui seu pólo positivo; 
ii. N2, O2, CO2 e hidrocarbonetos alifáticos (CnH2n+1) apresentam caráter apolar, devido ao fato de 
suas moléculas não apresentaram um dipolo permanente, embora dipolos induzidos possam ser 
momentaneamente criados e desfeitos (forças de dispersão de London); 
iii. Álcoois (CnH2n+1OH), ácidos graxos (CnH2n+1COOH), fenóis (C6H5OH), apresentam caráter 
polar/apolar em função de suas moléculas serem constituídas de partes polares (-COOH, -OH) e 
apolares (CnH2n+1, C6H5). A literatura também se refere a tais substâncias como anfipáticas. 
 
Ainda no que concerne à polaridade das substâncias, é importante e oportuno ressaltar: 
i. Substâncias apolares apresentam tendência de se dissolver ou formar misturas homogêneas com 
outras substâncias de natureza também polar; “mutatis mutandis” para substâncias polares. 
Substânciasanfipáticas, dependendo do seu HLB (equilíbrio lipofílico/hidrofílico) serão mais ou 
menos solúveis em ambos os meios polar e apolar; 
ii. Substâncias apolares, quando em contato com substâncias polares, apresentarão tendência de se 
segregar, formando uma mistura heterogênea. A fronteira entre as duas fases é denominada 
interface (ou interfase) e apresenta propriedades que diferem daquelas que caracterizam 
individualmente cada fase; 
iii. Em misturas heterogêneas que contêm uma fase polar e outra apolar e ainda uma substância 
anfipática dissolvida em ambas fases ou em uma delas; as espécies (moléculas ou íons) 
anfipáticas concentrar-se-ão na interface formada entre as duas fases, orientando-se de modo tal 
que sua parte polar fique voltada para a fase polar e sua porção apolar fique voltada para a fase 
apolar. Tais substâncias também são chamadas de “surfatantes” (do inglês “surfactant”). Sua 
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atividade interfacial pode ser tão intensa que elas serão capazes de até estabilizar uma emulsão 
da fase polar na apolar ou vice-versa, fazendo com que a mistura antes heterogênea se 
transforme em homogênea. A miscibilidade espontânea entre dois líquidos ocorrerá sempre que 
a tensão interfacial entre as ambas as fases seja nula ou negativa; 
 
Com base nos conceitos apresentados, podemos agora estabelecer uma fundamentação lógica formal 
para explicar como ocorre a separação entre partículas de diferentes espécies minerais por flotação: 
 
Seja uma mistura heterogênea composta de partículas p e q tais que: 
 Partículas p apresentam propriedades interfaciais capazes de lhes conferir intensa afinidade por uma 
determinada fase A (*) e aversão por uma fase B; 
 Partículas q apresentam propriedades interfaciais capazes de lhes conferir intensa afinidade por uma 
determinada fase B e aversão à fase A. 
 Se tais partículas p e q estiverem suspensas na fase A e criarmos uma interface A/B (**) neste meio, 
as partículas p permanecerão preferencialmente na fase A, enquanto as partículas q apresentarão 
tendência de se concentrar na interface A/B ;efetivando-se, por conseguinte, a separação das partículas 
p e q quando tal interface A/B for removida do sistema. 
 
Nos processos modernos, somente a interface ar/água (bolha de ar) é utilizada para efetuar a separação. 
Essas bolhas, ao abandonarem a fase aquosa, transportam as partículas hidrofóbicas para uma espessa 
camada de espuma que se forma no topo das células de flotação, justificando a denominação “flotação 
por espuma” ou “froth flotation” para esse processo de concentração. Por outro lado, nos primórdios do 
processo, a interface água/óleo foi muito utilizada, porém caindo em desuso com o advento das células 
aeradas (Seção 1.4). Deste modo, a literatura moderna utiliza o termo flotação para se referir à variante 
que sobreviveu, isto é, a flotação por espumas ou “froth flotation”. 
 
_________________________________________________________________ 
(*) Se a fase A for a água, as partículas p serão chamadas de hidrofílicas (do grego “hydros”=água e “phylos”=amigo) enquanto que 
as partículas q serão chamadas de hidrofóbicas (“phobos”=aversão, medo). 
(**) A fronteira entre as duas fases é denominada interface (ou interfase) e apresenta propriedades que diferem daquelas que 
caracterizam individualmente cada fase. 
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Quando se almeja flotar o mineral de minério, então o processo é denominado de flotação direta; 
todavia quando almeja flotar a ganga, ele é denominado flotação reversa. Muitas vezes um minério 
apresenta vários minerais de minério (como os sulfetos polimetálicos) e se deseja flotar todos em 
conjunto. Nesse caso, a flotação é denominada coletiva ou “bulk flotation”. 
 
1.3 A Versatilidade do Processo de Flotação e o Papel dos Reagentes 
 
O uso disseminado da flotação para concentrar diferentes espécies minerais, presentes na natureza em 
variadas associações mineralógicas, se deve à grande versatilidade apresentada por essa tecnologia. Isto 
porque o caráter hidrofóbico/hidrofílico dos minerais pode ser modulado (induzido, reforçado ou 
inibido), em grande extensão, através da utilização de substâncias químicas (“reagentes” de flotação) 
que são adicionadas à polpa com o intuito de desempenhar um papel específico [6] [8] [9]. A 
escolha/adoção dos reagentes, concentração com que são utilizados no processo, seqüência de adição e 
tempo de condicionamento obedecem a um compromisso entre: 
i. Obtenção de um concentrado que satisfaça às especificações do mercado consumidor (indústria 
química e metalúrgica); 
ii. Máxima recuperação de mineral útil de modo tal que se viabilize técnica e economicamente o 
processo de concentração. 
 
 
Os reagentes de flotação podem ser classificados de acordo com o papel que exercem no processo [6]: 
 
i. Coletores: são espécies químicas surfatantes dotadas de uma cadeia hidrocarbônica acoplada a 
grupo(s) funcional(is) polar(es). Elas são capazes de adsorver na interface mineral/solução para 
induzir ou reforçar sua hidrofobicidade; 
ii. Modificadores: são espécies químicas que atuam tanto na interface mineral/solução como no 
seio da solução (“bulk”). Eles podem ser classificados de acordo com sua função: 
 Ativadores: são geralmente sais inorgânicos que, quando adicionados à polpa antes da adição 
do coletor, promovem ou facilitam sua adsorção na interface mineral/solução; 
 Depressores: são sais ou polímeros utilizados com o intuito de adsorver seletivamente na 
superfície dos minerais que não se tem interesse em flotar. Neste caso, os depressores competem 
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com o coletor por sítios da interface mineral/solução e ainda reforçam a hidrofilicidade dos 
minerais que não se deseja flotar. As moléculas dos depressores são, via de regra, ricas em 
grupos funcionais polares (-OH alcoólico, -OH fenólico, -COOH, -NH2, etc.); 
Reguladores: são substâncias utilizadas com o intuito de atuar no “bulk” (reguladores de pH, 
pCa, pMg, promotores de formação de micelas) ou nas interfaces mineral/solução (dispersantes) 
ou ar/solução (reguladores de espuma) com o intuito de estabilizar o processo ou promover 
condições ótimas para a atuação dos demais reagentes; 
 
iii. Espumantes: são espécies capazes de adsorver na interface ar/solução, rebaixar a tensão 
interfacial ar/solução e, com isto, produzir condições ótimas de geração de espuma, além de 
agilizar a cinética de interação entre partículas e bolhas. Suas moléculas apresentam cadeias 
ramificadas ligadas a vários grupos polares não-iônicos, principalmente –OH. 
 
As tabelas 1.1., 1.2. e 1.3. e 1.4. reportam as principais substâncias utilizadas como reagentes de 
flotação nos variados processos hoje existentes no mundo. Alguns comentários quanto à 
estrutura/composição dos reagentes se faz necessária: 
i. Reguladores são sais inorgânicos, ácidos ou bases; 
ii. Depressores de sulfetos são sais; 
iii. Depressores de minerais oxidados são polímeros (ou sais inorgânicos que produzem espécies 
polimerizadas na polpa) dotados de vários grupos funcionais polares; 
iv. Coletores apresentam cadeias lineares e seus grupos funcionais são iônicos ou ionizáveis; 
v. Espumantes apresentam, via de regra, cadeias ramificadas e grupos funcionais polares não-
iônicos, como o OH alcoólico e cetona (-O-). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8
 
 
Tabela 1.1. Principais coletores e suas aplicações 
Substância 
 
Fórmula (*) Aplicações 
Aminas primárias e seus sais R-NH3+ A-(*) 
 
Silicatos e KCl 
Sais quaternários de amônio R-N-(CH3)3+ A- 
 
Silicatos e óxidos 
Ácido alquil aril arsênico R-B-AsO(OH)2 
 
Cassiterita 
Alquil-carboxilatos de sódio RCOO- Na+ Óxidos e minerais semi-
solúveis 
Alquil ditiocarbamatos R1,R2-N-CSS- Na+ 
R1,R2-N-CSS- K+ 
 
Sulfetos 
Mercaptans R-SH 
 
Mercaptobenzotiazol R-B-SH 
 
 
 
Sulfetos e ouro metálico Alquil ditiocarbonatos R-O-CSS- Na+ 
R-O-CSS- K+ 
Dialquil ditiofosfatos (R-O)2-PSS-Na+ 
(R-O)2-PSS-K+ 
Hidrocarbonetos alifáticosCnH2n+2 Carvão, molibdenita, talco, 
grafita e ouro metálico 
Alquil hidroxamatos R-C=N-O- Na+ 
  
 OH 
Minerais de ferro, 
wolframita e cassiterita 
Alquil oximas R-CH-C-R 
 ‼ 
 OH NOH 
Crisocola e cassiterita 
Alquil sulfatos e sulfonatos R-O-SO3- Na+ 
R-SO3- Na+ 
Óxidos de ferro, boratos, 
barita, fluorita e sulfatos 
solúveis 
Alquil Sarcosinatos R-N-R-COO- Na+ Apatita e scheelita 
 
Alquil Sulfosuccinatos 
Sulfossuccinamatos 
R-CH-COO- Na+ 
  
 SO3- Na+ 
Apatita 
Alquil fosfatos 
 
R-PO4- Na+ Óxidos 
(*) Símbolos adotados: R= Cadeia hidrocarbônica; B=Anel benzênico A- = Cloreto, acetato. 
 
 
 
 
 9
Tabela 1.2. Principais depressores e suas aplicações 
Substâncias Aplicações 
 
Na2S, NaHS Depressores de sulfetos 
 
NaCN, Ca(CN)2 Depressores de sulfetos 
 
Na2Cr2O7 Depressor de galena 
 
ZnSO4 Depressor de esfalerita 
 
Na4Fe(CN)6, KMnO4 Depressores de pirita 
 
SO2 Depressor de esfalerita previamente ativada 
 
Na2S2O3 Fonte de SO2 em meio ácido 
 
Na2SiO3 
Na2SiF6 
Depressor de óxidos e silicatos, dispersante 
Depressor de óxidos e silicatos, dispersante 
Na2C2O4/H2C2O4 
 
Depressor de zircão na flotação de nióbio 
Amido Depressor de óxidos e sais semi-solúveis 
 
Carboximetil celulose Depressor de talco 
 
Sulfonatos de lignina 
 
Depressor de barita e óxidos 
Gomas naturais Depressor de óxidos e sais semi-solúveis 
 
Polifenóis 
(Quebracho, tanino) 
Depressores de carbonatos na flotação de fluorita 
 
 
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Tabela 1.3. Principais reguladores e suas aplicações 
Substâncias Aplicações 
 
CaO Regulador de pH 
 
CO2, Na2CO3, NaHCO3 Regulador de pH, pCa e pMg, dispersante 
 
NaOH Regulador de pH 
 
H2SO4 Regulador de pH 
 
Óleo diesel Controlador de espuma 
 
Amido Controlador de espuma 
 
Siliconas Controlador de espuma 
 
Fosfatos, Polifosfatos Dispersante, regulador de pCa e pMg 
 
Nonil fenol (etoxilado) Promotor de formação de micelas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11
Tabela 1.4. Principais espumantes 
Substância 
 
Fórmula 
 
Óleo de cânfora 
 
 
 
 
 
 
 
 - terpenol 
 
 
 
 
 
 
 
 
o – cresol 
 
 
 
 
Dimetilfenilcarbinol 
 
 
 
 
Óleo de eucalipto 
 
 
 
 
Metil isobutil carbinol 
 
 
 
 
Polietilenoglicol 
 
 
 
 
H(OC3H6)nOH 
n = 2 - 5 
 
Polipropilenoglicol 
 
 
R(OC3H6)nOH 
n = 2 – 5 
R = CH3, C4H9 
 
Trietoxibutano 
 
 
 
 
CH3
OH
CCH3 CH3
OH
H
CH3CH3 C
O
CH3
CH3CHCH2CHCH3
CH3 OH
R(OC2H4)nOC2H4OH
n = 2 - 5
 OC 2H5
OC2H5C2H5O
CH3CHCCH3
O
CH3CH3
CH3
O
O
CH3 CH CH2
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Tabela 1.5. Principais ativadores e suas aplicações. 
Substâncias Aplicações 
 
CuSO4 Ativador de esfalerita, estibnita e arsenopirita 
 
Pb(CH3COO)2 Ativador de estibnita 
 
NaF Ativador na flotação catiônica de silicatos 
 
Hidroxocomplexos de 
cátions metálicos 
Ativador na flotação aniônica de óxidos e silicatos 
 
 
Vejamos uma situação prática que ilustra a versatilidade do processo de flotação: seja um minério 
composto de calcita (CaCO3) e quartzo (SiO2). Embora ambas espécies minerais sejam naturalmente 
hidrofílicas (~0o), torna-se possível separá-las por flotação através do uso de um conjunto de 
reagentes capazes de induzir seletivamente a hidrofobicidade em uma determinada espécie mineral 
(>0o), promovendo sua flotação e impedindo que a outra espécie exiba semelhante comportamento. 
Tal seletividade pode ser obtida de duas maneiras [10]: 
i. Se a mistura for composta predominantemente de calcita e apresentar o quartzo como impureza; 
por razões econômicas, a prática industrial recomenda a flotação da ganga (flotação reversa). 
Assim, as partículas de quartzo poderiam se tornar hidrofóbicas (hidrofobicidade induzida) 
através da adsorção de aminas graxas na interface quartzo/solução. Para que o processo seja 
seletivo, será necessário trabalhar em uma faixa de pH tal que as partículas de quartzo 
apresentem carga líquida interfacial com sinal negativo e ainda na presença de um outro 
reagente (amido) capaz de reforçar o caráter hidrofílico da interface calcita/solução. Assim 
sendo, as aminas graxas desempenhariam o papel de coletor para o quartzo, o amido de 
depressor de calcita e o hidróxido de sódio de regulador de pH; 
ii. Se a mistura for composta predominantemente por quartzo e apresentar a calcita como mineral 
que se deseja concentrar, poder-se-ia utilizar flotação direta da calcita, cuja hidrofobicidade seria 
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induzida através da adição de sabões alcalinos de ácidos graxos (agente coletor), em meio 
alcalino (NaOH/HCl como reguladores de pH) com adição prévia de silicato de sódio para 
deprimir partículas de quartzo. 
 
1.4 Tamanho de Partículas Adequado à Flotação 
 
A flotação é uma operação unitária de concentração de minerais, assim como a jigagem se trata de uma 
operação gravítica de concentração. De acordo com a figura 1.2, toda operação unitária tem uma faixa 
ótima de tamanho, onde sua eficiência é máxima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.2 – Faixa ótima de tamanho de operações unitárias de tratamento de minérios. 
 
 14
Observa-se na figura 1.2 que é adequado utilizar a flotação para a faixa de tamanho entre 15m e 
300m. De fato, a densidade dos minerais irá influenciar nessa faixa de tamanhos: 
i. Minerais muito leves, como carvão poderão ser flotados em granulometria ainda mais 
grosseira; 
ii. Minerais leves que são flotados em soluções muito densas, como é o caso de silvita (KCl) e 
halita (NaCl) que são flotados em salmouras, também podem ser concentrados em 
granulometrias mais grossas; 
iii. Minerais muito densos podem ser flotados até granulometrias muito mais finas que 15m. 
 
REFERÊNCIAS 
1. MINÉRIOS & MINERALES. XII Universo da Mineração Brasileira. São Paulo, n. 250, jul 2000. 
2. MILLIKEN, F. R. Introduction to Flotation. In: FUERSTENAU, D. W. Froth Flotation-50th 
Anniversary Volume, New York, SME, 1962. pp.5-9. 
3. MERRIL, C. W.; PENNINGTON, J. W., The Magnitude and Significance of Flotation in the 
Mineral Industries. In: FUERSTENAU, D. W. Froth Flotation-50th Anniversary Volume, New 
York, SME, 1962, pp. 40-55. 
4. PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry´s Chemical Engineers´ Handbook, Sidney, McGraw Hill 
Editors, 7th ed., 1997. pp. 1956-1957. 
5. MALTHUS, T. R. Primer Ensayo Sobre la Población, Madrid, Alianza, 1968. 317p. (el libro de 
bolsillo. Sección: classicos, 15). 
6. LEJA, J. Surface Chemistry of Froth Flotation, New York, Plenum Press, 1982. 758 p. 
7. ADAMSON, A. W. Physical Chemistry of Surfaces, New York, Interscience, 2nd ed., 1967, 747 p. 
8. LEAL FILHO, L. S. Concentração por Flotação – Apostila. Escola Politécnica da USP, São Paulo, 
1997, 121p. 
9. DUDENKOV, S. V.; SHUBOV, L. Y.; GLAZUNOV, L. A. Fundamentos de la Teoria e la Práctica 
de Empleo de Reactivos de Flotación, Moscou, Mir, 1980. 404 p. 
10. LEAL FILHO, L. S. Flotação: Como Otimizar o Desempenho de Reagentes. Brasil Mineral, n. 
126, p. 28-36, 1995.

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