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Artigo Cientifico Habitação

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Disciplina: Habitação. Modos de Produção (PGC-005/2017)
Titulo: Habitação Favela
Yasmin Sipahi
Problema de pesquisa:
Tema de pesquisa: habitação social x Favelização 
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo entender o processo de urbanização no Brasil marcado por um desenvolvimento social desigual, limitado e atrasado/desinformado ...., bem como a implantação da urbanização informal por assentamentos precários e sua continua corrida para obtenção do direito a moradia digna. 
O estudo se dá
Palavras chaves: urbanização, favela, cidade informal, políticas públicas,
Processo de urbanização vigente no Brasil
O processo de urbanização vigente no Brasil se apresenta de maneira heterogênea, com a valorização de determinadas áreas em detrimento de outras, favorecendo pequenos grupos de poder da civilização (classes dominantes) e não a maioria da população.
No final do século XIX e começo do século XX os primeiros assentamentos precários que vieram a surgir no Brasil foram lugares primeiramente e unicamente ocupados por ex-escravos, imigrantes sem terras e/ou excluídos da sociedade, pois com a emergência do trabalho livre, desprovido de itens de subsistência e moradia, antes providos pelo patrão, dá origem ao problema da habitação.
 No entanto, com os indícios da revolução industrial, o país começou a se desenvolver de maneira significativa, e, com o final da República das Oligarquias[footnoteRef:1], a indústria configurou um novo modelo econômico nacional. Embora tardia, os efeitos da Revolução Industrial no Brasil foram positivos em muitos aspectos econômicos, porém, quanto aos impactos socioambientais não se pode dizer o mesmo. Outro fator considerável, pós revolução, foi o crescimento desordenado dos centros urbanos com o êxodo rural e constante chegada de imigrantes para as grandes cidades. [1: República da Oligarquias (1894/1930) constituídas por grandes proprietários de terras no qual exerciam o monopólio do poder local, caracterizado particularmente pela burguesia cafeeira.] 
Ao longo do século XX, a produção do espaço urbano no Brasil foi marcada pela desigualdade do acesso a terra e pela valorização desigual de porções de seu território. Dentre os principais fatores para determinados acontecimentos, destacam-se: 1) a terra como mercadoria de alto valor e 2) a falta de integração do território e população em relação as cidades no planejamento urbano proposto (BRASIL, 2016). Nesse momento o país vivenciou um intenso processo de urbanização com grandes mudanças na distribuição demográfica do território. Distribuída entre o espaço rural, a população passa a migrar para as cidades, devido as transformações da estrutura produtiva, a concentração de oportunidades de trabalho e serviços, aos investimentos urbanos, as inovações do campo da tecnologia, entre outros (PEQUENO, 2008).
Com a mecanização do campo, o maciço fenômeno migratório, denominado êxodo rural, em massa, foi forçado a ocupar zonas periféricas das grandes cidades, pois, devido ao elevado número de pessoas, os empregos ofertados não eram suficientes para todos. Contudo, os demais migrantes não possuíam qualificação necessária para a ocupação de determinados ofícios, o que resultava na perda de serviços para a mão-de-obra especializada dos imigrantes, que na época contribuíram com o aumento da população. Desse modo, sem renda para comprar ou alugar, a alternativa era a ocupação de áreas improprias e periféricas da cidade por meio de habitações precárias, desprovidas de regularização, serviços públicos e infraestrutura. 
	O grande crescimento demográfico da cidade dilatou sua área central e, em especial, os espaços metropolitanos do centro sul do país, tornando-os carentes de instrumentos de planejamento e gestão, da infraestrutura, bem como do controle da ocupação do território. Apesar de tentativas estratégicas do favorecimento da industrialização em cidades de médio porte, a era do crescimento explosivo de favelas nessa região já havia se consolidado no processo de governo de Getúlio Vargas e em conseguinte com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, quando ambos favoreceram a industrialização.
	Nessa época, de 1940 a 1980 o PIB brasileiro cresceu a 7% ao ano. O processo de urbanização industrialização parecia representar um caminho para a independência de séculos de dominação da produção agrário-exportadora e de mando coronelista (MARICATO, 2003).
Focados em procedimentos de progresso e avanços econômicos, os governantes não privilegiaram o planejamento urbano das cidades e muito menos o combate as desigualdades, mas sim os investimentos públicos e privados, que objetivaram o favorecimento de pequenos grupos da sociedade. 
Dessa forma, nota-se que a formação urbana das cidades brasileiras consolidou-se em um crescimento de espaços segregados, espraiados ...
Favelização e cidade informal
Favela é o principal tipo de assentamento precário urbano brasileiro. Sua origem no Brasil se deu de maneira acelerada acompanhada a intensa expansão populacional e ao déficit habitacional da cidade do Rio de Janeiro, no final do século XIX (QUEIROZ, 2011).
O termo favela é o nome popular de uma planta, comum no sertão baiano. Sua notoriedade está pautada no fato que surgiam em uma elevação denominada Alto da Favela, localizada ao sul da vila de Belo Monte, que foi cenário de combates da Guerra de Canudos. Ao que se sabe, após ser ocupado pelos guerrilheiros de Canudos no final da batalha, o morro carioca da Providencia foi batizado como Morro da Favela. Tornou-se então um substantivo comum, impulsionado pela ação de jornalistas e escritores, entre os quais Euclides da Cunha (Os Sertões), que ajudaram a formar o imaginário coletivo sobre favela (VALLADARES, 2000).
	Segundo dados do IBGE (2010), favelas são aglomerados de domicílios subnormais. Determinada nomenclatura se baseia nos seguintes critérios:
· Ocupação ilegal da terra: construção em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente com o título de propriedade do terreno obtido há dez ou menos anos.
· Possuir: a) urbanização fora dos padrões vigentes. Exemplo de vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais, construções não regularizadas por órgãos públicos; b) precariedade de serviços públicos essenciais. 
No Brasil, “favela” significa uma forma específica de moradia precária de pessoas de baixa renda residentes nas grandes cidades, que tem como principais características a carência de infraestrutura, a insalubridade da moradia, o adensamento do uso e ocupação do solo, a ocupação de áreas de risco ou de terras pública ou privada, especialmente em zonas periféricas e devido a isto, a dificuldade de acessos a cidade formal e serviços sociais oferecidos por esta. 
Segundo dados do UN-Habitat, a população das favelas no mundo cresce com base de 25 milhões de pessoas por ano, bem como suas maiores taxas de urbanização são expostas em áreas mais pobres como países na África e América Latina.
Estes assentamentos, ditos subnormais, constituíram-se verdadeiros incômodos urbanos a medida em que cresceram, gerando: barreiras físicas; impedimentos a expansão do sistema viário; degradação ambiental, dada a falta de saneamento; focos de insalubridade, devido as precárias condições de moradia; antros de marginalidade, fazendo da favela um lugar de exclusão social (PEQUENO, 2008)
Constata-se que a maior parte dos territórios urbanizados das grandes metrópoles do planeta, nos dias de hoje, são constituídos por assentamentos precários e que, desta forma, não são considerados parte da cidade formal, mas sim da denominada cidade informal. 
De acordo com Maricato (2000): 
Nas maiores cidades brasileiras, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mais de 1/5 dos habitantes mora em favelas. Em Salvador e Fortaleza a cifra chega a 1/3, e em Recife, 40% da população mora em favelas. Até mesmo a mitificada Curitiba convive com um anel de invasões que praticamente cerca todo o município, agredindo fortementeas áreas de proteção dos mananciais. 
Desta forma, os assentamentos precários que fazem parte de uma cidade informal, nada mais são que alternativas comuns de moradia da maior parte da população urbana desfavorecida financeiramente (abaixo de 5 salários mínimos), na qual comporta uma solução provisória de habitação.
De fato, transformar uma cidade informal em formal significa tornar digna suas limitações e condições de moradia, que por meio de políticas públicas, repercute na qualificação dos espaços públicos e prestação de serviços da moradia, como: condições de segurança urbana; infraestrutura básica (saneamento básico, rede de distribuição de energia, rede de distribuição de água tratada e coleta de lixo); condições de legalidade da apropriação do espaço; acesso ao transporte público; entre outros, afim de atingir níveis mínimos de civilidade e qualidade de vida urbana.
Mesmo em consideração aos programas existentes, como exemplo o “Minha Casa Minha Vida”, o Brasil ainda sofre com a ausência ou insuficiência/ineficácia de políticas públicas, que também incorporem o mercado local privado, dando acesso aos compradores de diferentes classes as mesmas opções de áreas da cidade. Politicas estas que prevejam subsídios para famílias menos favorecidas, reduzindo a reprodução de novos assentamentos precários e favorecendo a oportunidade e o direito a moradia digna na cidade. 
Enquanto essa questão de politica urbana da função social da propriedade e investimento voltado para a ampliação e democratização da infraestrutura urbana os loteamentos ilegais continuarão a se reproduzir. Por ser uma questão de politica publica e de regulação do financiamento imobiliário é urgente que os governos e mercados privados apresentem alternativas habitacionais. A habitação, transporte publico e saneamento devem ser prioritários no urbanismo brasileiro, em detrimento ao modismo provenientes de realidades diferentes que fogem da nossa (MARICATO, 2000) 
Urbanização da Favela
Com a extinção do BNH, durante os anos 80 e 90, a violência urbana tomou conta das grandes cidades brasileiras. O desemprego cresceu, as políticas públicas sociais recuaram, aumentaram os números de favelas, população de rua e de crianças abandonadas. Nesse período, marcado pela crise fiscal, o Brasil abandonou o discurso de remoção pelo de urbanização, sendo esta a opção mais econômica.
A urbanização de Favela ou transformar a cidade informal em formal, como citado no item anterior, resumidamente implica, no mínimo, em iluminação, água tratada, esgoto, drenagem, coleta de lixo, circulação viária e de pedestres, que resultam na eliminação dos riscos de vida e o exercício do direito a cidade. 
A urbanização desses assentamentos implica também em um beneficio relativo ao conforto territorial e cultural, sendo este pela oferta de trabalho próximo, a convivência comunitária (familiar e amigável) e a identificação territorial.
Em uma cidade informal, que se dá sem consideração regulatória, financeira e/ou ausência de técnicos (de engenharia, arquitetura, urbanismo, entre outros), não é planejada, mas sim de configuração puramente espontânea, o que resulta em gambiarras funcionais e orgânicas surgidas da construção informal. O ponto negativo na urbanizacão informal, não é somente a falta técnica de infraestrutura necessária ou a sua intrínseca precariedade, mas sim, principalmente a exclusão social e a interrupção da continuidade da cidade devido ao aglomerado existente. Com o comprometimento do Estado na participação da urbanização da Favela essa situação muda, pois a medida que o cidadão se sente parte da cidade, ele volta a investir na melhoria de suas casas com o sentimento da segurança de que não haverão desapropriações futuras. O sentimento de segurança, a elevação da auto-estima e a satisfação sao notáveis quando há essa participação (BUENO, 2000).
Apesar de rumos promissores quanto as estratégias para urbanização de Favelas, nem todos os casos chegam a alcançar este patamar do direito a urbanização. Isto porque dentre os tipos de assentamentos precários existem os que se encontram em areas de risco e os que estão dispostos em áreas de território da união ou territórios privados, e que portanto não podem ser instituídos. Com relação a estes, dependendo da situação em que se encontrarem, não possuirão o direito a moradia naquele determinado sítio e provavelmente sofrerão com a desapropriação do local.
Ou seja, para formulação de estratégias eficientes, além da preocupação com a infraestrutura básica, deve haver um plano que envolva a realocação para os casos de desapropriação (regulamentação fundiária), composta por instrumentos que favoreçam a inserção do morador na área e garantam o conforto territorial e cultural. Somente desta forma um planejamento pode tornar digna as condições de moradia de um assentamento informal.
Conclusão
Historicamente marcado pela desigualdade de seu desenvolvimento, o Brasil apresenta problemas atuais, cuja origens se associam a fatores diversos, tais como a descontinuidade das políticas públicas, a desvalorização dos direitos sociais e
 trazendo impedimentos a que grupos sociais diversos não encontrem arena para discutir problemas comuns. 
A política federal passou a ser conduzida de forma fragmentada, mediante a criação de programas alternativos marcados pela descontinuidade, pela mudança de endereço institucional alocada em diferentes ministérios. Além disso, várias das ações que vinham sendo implementadas, foram desaceleradas por conta de reduções orçamentárias, o que induziu a progressiva retirada dos governos estaduais deste setor com a extinção das COHABs, não mais condizentes com os princípios do neoliberalismo que passam a predominar nos governos estaduais. Pequeno 
Três grandes períodos podem ser apontados: um que antecede o reconhecimento da favela e de seu conteúdo social como parte da cidade, marcado pela remoção e pelo re-assentamento distante; um intermediário, em que a favela como lócus da miséria torna-se alvo de intervenção parcial e fragmentada, sem que questões estruturais viessem a ser mencionadas; e por fim, a fase atual que avança na formulação de intervenções integradas, abrangendo regularização fundiária, desenvolvimento sócio-ambiental, fortalecimento comunitário e direito à cidade e à moradia.
No Brasil atual, a ausência de um conhecimento sistemático sobre o fenômeno da preca- riedade urbana e habitacional ainda representa sérias dificuldades ao desenvolvimento de políticas públicas nacionais nessa área. Os obstáculos dizem respeito não só à multiplicidade das situações de precariedade habitacional existentes (favelas, loteamentos clandestinos e/ou irregulares, cortiços, conjuntos habitacionais públicos deteriorados), situações em geral mar- cadas por intensas heterogeneidades internas, que por si só demandam intervenções especí- ficas, mas também à escassez de dados abrangentes e comparáveis nacionalmente, e que possam ser obtidos a baixo custo. A disponibilidade para os governos locais de informações consistentes metodologicamente, mas flexíveis de modo a considerar a grande heterogenei- dade das condições locais, é um outro grande desafio. A ausência desse tipo de informação sobre o problema é um importante obstáculo para a construção de políticas eficazes, bem es- pecificadas e justas, cuja implementação gere o resgate das condições de moradia dos mora- dores de assentamentos precários em todo o país. 
BIBLIOGRAFIA
IBGE
MARICATO, Erminia. Conhecer para resolver a cidade ilegal. em: CASTRIOTA, L.B. (org.) Urbanização Brasileira: Redescobertas. Belo Horizonte: editora Arte, 2003. p. 78-96.
MARICATO, Erminia. A bomba relógio das cidades brasileiras. Revista Democracia Viva, Rio de Janeiro: IBASE, vol 11, pág 3 a 7, 2001. 
PEQUENO, Renato. POLÍTICAS HABITACIONAIS, FAVELIZAÇÃO E DESIGUALDADES SÓCIO-ESPACIAIS NAS CIDADES BRASILEIRAS: TRANSFORMAÇÕES E TENDÊNCIAS. X Coloquio Internacional de Geocrítica, Barcelona, 2008.
QUEIROZ(2011),
UN-Habitat,
Valladares, 2000).

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