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PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE

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Módulo X Saúde Da Mulher 
 
Raquel Rogaciano 1 
PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ATENDIMENTO AO 
ADOLESCENTE 
Os princípios éticos no atendimento a adolescentes nos 
serviços de saúde se referem especialmente à 
privacidade, caracterizada pela não permissão de 
outrem no espaço da consulta; confidencialidade, 
definida como acordo entre profissional da saúde e 
cliente de que as informações discutidas durante e após 
a consulta não podem ser passadas aos responsáveis sem 
a permissão do adolescente; sigilo, regulamentado pelo 
Artigo 103, publicado no DOU de 26 de janeiro de 1983: “É 
vedado ao médico revelar segredo profissional referente 
a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou 
responsáveis legais, desde que o menor tenha 
capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se 
por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a 
não revelação possa acarretar danos ao paciente” do 
Código de Ética Médica*; e autonomia, contida no 
Capítulo II, art. 17, do ECA+. 
 
Estudo realizado nos EUA mostra que, quando o sigilo e a 
confidencialidade não são garantidos, a maioria dos 
adolescentes não revela certas informações. Existem, 
entretanto, situações em que o profissional percebe que 
o adolescente não tem condições de arcar sozinho com 
sua saúde ou se conduz de forma a causar danos a si ou 
a outras pessoas. Nessas, a quebra do sigilo é justificada. 
Nas situações em que se caracterizar a necessidade da 
quebra do sigilo médico, o paciente deve ser informado, 
justificando-se os motivos para essa atitude. 
A consulta deve sempre acontecer em dois momentos, 
um junto com a sua família e outro só com o adolescente, 
às vezes a família não autoriza essa privacidade. No 
entanto, é um direito do adolescente, garantido pelo 
ECA. O art. 3o descreve que "a criança e o adolescente 
gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de 
que trata essa lei, assegurando- se-lhes, por lei ou por 
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim 
de lhes facultar os desenvolvimentos físico, mental, moral, 
espiritual e social, em condições de liberdade e de 
dignidade". Portanto, qualquer exigência que possa 
afastar ou impedir o exercício pleno do adolescente de 
seu direito fundamental à saúde e à liberdade, como a 
obrigatoriedade da presença de um responsável para 
acompanhamento no serviço de saúde, constitui lesão 
ao direito maior de uma vida saudável. 
 MENORES DE 14 ANOS: 
A população entre 10 e 14 anos (fase inicial da 
adolescência) também deve ser considerada como de 
risco para atividade sexual consentida e, 
frequentemente, desprotegida. Assim, métodos e 
técnicas de prevenção precisam estar direcionados à 
adolescência inicial. Não esquecer que, neste grupo, 
prevalecem a curiosidade, experimentação e 
consequentemente, comportamentos de risco. É 
interessante, ainda, lembrar que nesta faixa etária, onde 
prevalece a fantasia, é imprescindível que se garanta 
uma abordagem mais ampla da sexualidade, com 
ênfase para a afetividade e o prazer. 
Independentemente da idade, os profissionais devem 
valorizar a autonomia de decisão e capacidade do 
adolescente de administrar suas tarefas. Mesmo que não 
haja solicitação, o médico deverá realizar a orientação 
sexual pertinente, ressaltando-se a importância da 
informação sobre todos os métodos anticoncepcionais, 
com ênfase no uso de preservativos, sem colocar, a priori, 
juízo de valor. A prescrição de anticoncepcionais está 
relacionada à solicitação dos adolescentes, respeitando-
se os critérios de elegibilidade, independentemente da 
idade. Em relação ao temor da prescrição de 
anticoncepcionais para menores de 14 anos, faixa em 
que haveria violência presumida (estupro), esse deixa de 
existir frente à informação ao profissional da não 
ocorrência da violência, a partir da informação da 
adolescente e da avaliação criteriosa do caso, que deve 
ser devidamente registrada no prontuário médico. 
ATIVIDADE SEXUAL E CONTRACEPÇÃO ANTES DOS 15 
ANOS 
As relações sexuais antes dos 15 anos, segundo o Código 
Penal Brasileiro, configuram-se em crime de estupro, 
previsto no art. 213, estando a violência presumida na 
razão da idade da vítima (art.224, alínea a). Portanto, 
nesses casos, seria necessária notificação ao Conselho 
Tutelar. Essa lei está totalmente defasada da realidade 
social atual, em que cerca da metadedos adolescentes 
inicia a atividade sexual antes dos 15 anos, e a 
jurisprudência vem reduzindo o rigor do dispositivo 
quando se comprova que esses têm discernimento para 
consentir a prática sexual. 
O art. 103 do ECA supera o Código Penal Brasileiro 
quando preconiza que os direitos básicos de saúde e 
liberdade predominam sobre qualquer outro que possa 
prejudicá-los. A avaliação médica pode, junto com a 
paciente, decidir pela contracepção, se assim considerar 
o melhor para ela. 
A orientação contraceptiva envolvendo métodos de 
curta duração, como pílulas, geralmente é realizada sem 
problemas seguindo esses preceitos. Por outro lado, os 
métodos de longa ação (métodos intrauterinos e 
implantes), por necessitarem de procedimento médico 
para a inserção, podem suscitar dúvidas. Para esses 
métodos, quando indicados, a FEBRASGO sugere que 
pode-se considerar o consentimento da adolescente e 
do responsável, reforçando o aconselhamento 
contraceptivo 
Módulo X Saúde Da Mulher 
 
Raquel Rogaciano 2 
Segundo a Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a prescrição de 
métodos anticoncepcionais para menores de 15 anos 
deverá levar em conta a solicitação delas, respeitando-
se os critérios médicos de elegibilidade, o que não 
constitui ato ilícito. A presunção de estupro deixa de 
existir, frente ao conhecimento que o profissional possui 
de sua não-ocorrência, a partir da informação da 
paciente e avaliação criteriosa do caso. 
É importante que você aborde aqui sobre esse impasse e 
todos os problemas que diversas crianças e adolescentes 
se encontram. Problematize aqui a prostituição infantil. 
MÉDICO X RELIGIÃO X CÓDIGO DE ÉTICA – Código de 
Ética Médico 
Capítulo I 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
I - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser 
humano e da coletividade e será exercida sem 
discriminação de nenhuma natureza. 
VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou 
sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade 
profissional, nem permitir quaisquer restrições ou 
imposições que possam prejudicar a eficiência e a 
correção de seu trabalho. 
VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, 
não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os 
ditames de sua consciência ou a quem não deseje, 
excetuadas as situações de ausência de outro médico, 
em caso de urgência ou emergência, ou quando sua 
recusa possa trazer danos à saúde do paciente. 
Capítulo II 
 DIREITOS DOS MÉDICOS 
É direito do médico: 
I - Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões 
de religião, etnia, sexo, nacionalidade, cor, orientação 
sexual, idade, condição social, opinião política ou de 
qualquer outra natureza. 
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora 
permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua 
consciência. 
Capítulo III 
 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL 
 É vedado ao médico: 
 Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, 
caracterizável como imperícia, imprudência ou 
negligência. 
Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, 
religiosos ou de quaisquer outras ordens, do seu 
empregador ou superior hierárquico ou do financiador 
público ou privado da assistência à saúde, interfiram na 
escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico 
ou tratamento disponíveis e cientificamente 
reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da 
sociedade. 
Capítulo V - RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 
É vedado ao médico:Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu 
representante legal de decidir livremente sobre a 
execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo 
em caso de iminente risco de morte. 
Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de 
diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos 
e a seu alcance, em favor do paciente. 
Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir 
livremente sobre método contraceptivo, devendo 
sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança, 
reversibilidade e risco de cada método. 
Capítulo VI( não falava nada sobre o assunto) 
Capítulo VII - Art. 47. Utilizar sua posição hierárquica para 
impedir, por motivo de crença religiosa, convicção 
filosófica, política, interesse econômico ou qualquer 
outro, que não técnico-científico ou ético, que as 
instalações e os demais recursos da instituição sob sua 
direção sejam utilizados por outros médicos no exercício 
da profissão, particularmente se forem os únicos existentes 
no local. 
 CASOS DE TRANSFUSAO SANGUÍNEA 
RESOLUÇÃO CFM nº 1.021/80 
Em caso de haver recusa em permitir a transfusão de 
sangue, o médico, obedecendo a seu Código de Ética 
Médica, deverá observar a seguinte conduta: 
1º - Se não houver iminente perigo de vida, o médico 
respeitará a vontade do paciente ou de seus 
responsáveis. 
2º - Se houver iminente perigo de vida, o médico 
praticará a transfusão de sangue, independentemente 
de consentimento do paciente ou de seus responsáveis. 
Módulo X Saúde Da Mulher 
 
Raquel Rogaciano 3 
CONDUTA MÉDICA AO ADOLESCENTE DE ACORDO A 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 
No momento da consulta, o profissional vai ao encontro 
das problemáticas, dos anseios e frustrações do 
adolescente, sendo altamente recomendável evitar 
julgamentos de valores para que se estabeleça uma 
relação de confiança, o que não impede de realizar as 
intervenções pertinentes. O pediatra deve, pois, atuar 
enquanto mediador, apaziguando conflitos e dirigindo-se 
ao cliente de forma empática, assertiva e sincera, para 
esclarecer dúvidas e orientar, estendendo suas ações aos 
familiares. 
No início do primeiro encontro, deve-se pontuar que a 
pessoa central da consulta é o adolescente, deixando 
claro seus direitos ao sigilo, privacidade, confiabilidade, 
porém alertando quanto aos limites das questões éticas, 
tanto para o cliente quanto seus 
É preciso que fique claro ao jovem que nada será tratado 
com seus pais/responsáveis sem que ele seja informado 
previamente, mesmo quando é preciso romper o sigilo, 
conscientizando-o da importância de informar 
determinadas situações. Segredos íntimos próprios da 
adolescência não requerem quebra de sigilo, havendo 
necessidade de informar se houver riscos à saúde ou 
integridade de vida do cliente ou de terceiros. 
Cabe aqui, também, abordar as novas formas de 
comunicação na era da informática. As mensagens 
instantâneas – WhatsApp, Messenger do Facebook, 
FaceTime, Skype, dentre outros – facilitam a 
comunicação rápida entre o médico e o paciente, mas 
é preciso utilizá-los seguindo cuidados. Assim, 
recomenda-se adotar o que dispõe o Código de Ética 
Médica, sendo vedado ao profissional: “Art. 37. Prescrever 
tratamento ou outros procedimentos sem exame direto 
do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência 
e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, 
nessas circunstâncias, fazê-lo imediatamente após cessar 
o impedimento. Fica claro que o CFM proíbe consultas, 
diagnóstico ou prescrições por qualquer meio de 
comunicação, por entender que a consulta física é 
insubstituível. Contudo, o próprio Conselho informa que “o 
médico pode orientar por telefone pacientes que já 
conheça, aos quais já prestou atendimento presencial, 
para esclarecer dúvidas em relação a um medicamento 
prescrito, por exemplo”. 
ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE 
Esse momento da consulta implica coletar informações 
sobre o paciente, familiares e o ambiente onde vive. 
Necessita ser ampla e abordar os aspectos físicos, 
psíquicos, sociais, culturais, sexuais e espirituais. Do ponto 
de vista didático, pode-se dividir a anamnese em três ou 
mais momentos: entrevista com paciente e familiares 
juntos, entrevista com o paciente a sós e retorno para 
cliente e pais/responsáveis. 
 Primeiro momento da anamnese: adolescente e 
familiares juntos 
 • Tópicos a serem abordados; 
• Motivo da consulta – nem sempre é uma patologia, mas 
uma situação ou agravo, por exemplo, queda no 
rendimento escolar, “timidez excessiva”; 
• Histórico da situação atual e pregressa do paciente, 
incluindo agravos e doenças; 
• Estado vacinal (verificar o cartão de imunizações); 
• Dados da gestação, parto e condições de nascimento, 
e peso ao nascer; 
• Hábitos alimentares (horário das refeições, quantidade 
e qualidade dos nutrientes, hábitos de guloseimas); 
• Condições de habitação, ambiente e rendimento 
escolar, exposição a ambientes violentos, uso de 
tecnologia da informática (tempo em celular, games, 
computador); 
• História familiar – refere-se à configuração, dinâmica e 
funcionalidade: com quem o(a) adolescente mora, 
situação conjugal dos pais e consanguinidade, outros 
agregados na residência, harmonia ou situações 
conflituosas no ambiente. 
• Não se esquecer de obter dados sobre o sono, lazer, as 
atividades culturais, exercícios físicos, religião. 
Segundo momento da anamnese: a sós com o 
adolescente 
 Constitui o tempo mais importante da consulta, uma vez 
que é a oportunidade de o paciente se expressar de 
forma mais livre e aberta. A conversa deve ocorrer em 
ambiente sigiloso, abordando novamente o motivo que o 
traz à consulta, pois pode diferir do relato da família. 
Convém relembrar a abordagem de acordo com a ética 
profissional, sem julgar a sua versão dos fatos. 
Nesta etapa, devem ser coletadas informações sobre: 
• A percepção corporal e autoestima; 
• Relacionamento com a família (pais, irmãos, parentes), 
ocorrência de conflitos; 
• A utilização das horas de lazer, as relações sociais, grupo 
de iguais, desenvolvimento afetivo, emocional e sexual; 
• Conhecer outros espaços por onde o adolescente 
transita e mantém relacionamentos interpessoais – escola, 
comunidade, grupos de jovens, e trabalho (normas 
adequadas do tipo e local, salubridade, não interferência 
na escola e remuneração); 
• Crenças e atividades religiosas; 
Módulo X Saúde Da Mulher 
 
Raquel Rogaciano 4 
• Investigar situações de risco e vulnerabilidade a que os 
adolescentes se expõem: contato com drogas lícitas 
(álcool, tabaco, cigarro eletrônico, narguilés) e ilícitas, 
• Aspectos relacionados aos comportamentos sexuais, 
gênero e orientação sexual saúde reprodutiva, gestações 
não planejadas, infecções sexualmente transmissíveis 
(ISTs); 
• Ocorrência de acidentes, submissão a violências; 
• Tempo de exposição às telas digitais – celulares, 
notebooks, televisão e videogames. 
Existem exceções para o não atendimento a sós com o 
cliente: déficit intelectual do paciente que o incapacite 
responder, distúrbios psiquiátricos graves ou mesmo o 
próprio desejo do paciente em não ficar sozinho com o 
profissional. 
Terceiro momento da anamnese: com os pais 
/responsáveis 
Na existência de conflitos evidentes, ou de violência 
familiar, torna-se necessário mais uma etapa, desta vez 
para uma conversa a sós com os responsáveis. Assim 
como, para orientá-los sobre as hipóteses diagnósticas 
percebidas e as explicações sobre as condutas 
terapêuticas a serem tomadas. 
Exame físico 
Devem ser avaliados ou examinados: 
• Aspectos gerais (aparência física, pele hidratada, 
eupneico, normocorado, etc.); 
• Peso, altura, índice de massa corporal (IMC)/ idade e 
altura/idade – utilizar gráficos e critérios da OMS; Pregas 
cutâneas; 
• Pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma 
vez/ano e compará-las às curvas de pressãoarterial para 
idade); 
• Acuidade visual com escala de Snellen. 
• Estado nutricional; 
• Tireoide, cavidade oral, otoscopia; 
• Coluna Vertebral e postura; 
• Exame neurológico e mental (sumários); 
• A genitália deve ser avaliada ao final do exame físico, 
no próximo momento oportuno se paciente não permitiu, 
especialmente se houver queixa específica. O profissional 
deve ser habilitado para tal exame, evitando a exposição 
desnecessária do paciente. 
• Maturação sexual - utilizar critérios de Tanner (masculino 
e feminino), orquidômetro para avaliar o volume 
testicular. 
A Caderneta de Saúde de Adolescentes, nas versões 
masculina e feminina, foi desenvolvida pelo Ministério da 
Saúde para ser um instrumento de apoio aos profissionais, 
adolescentes e famílias, objetivando a promoção da 
saúde e do autocuidado, devendo ser utilizada desde o 
início da adolescência, a partir dos 10 anos. Contém 
gráficos das curvas de crescimento, espaço para registro 
das medidas antropométricas e dos estágios de 
maturação sexual, das intervenções odontológicas, 
calendário vacinal, períodos menstruais. Possui ainda 
informações em linguagem prática sobre questões 
comuns: acne, amizades e afeto, alimentação, 
colocação do preservativo masculino, calendário para 
registro dos ciclos menstruais. 
Direito a Escolhas 
-Os adolescentes têm o direito de receber informações 
sobre qualquer aspecto relacionado com sua 
sexualidade e saúde reprodutiva. Orientados por 
profissionais de saúde, inclusive o pediatra, podem e 
devem decidir pela escolha de métodos contraceptivos 
adequados para essa fase, para o exercício de uma vida 
sexual saudável e responsável: preservativos masculino e 
feminino, anticoncepcionais hormonais orais, 
anticoncepcional injetável, diafragma, DIU e, se 
necessária, a contracepção de emergência. 
-Os adolescentes têm direito à escolha de realizar 
consulta médica, procedimentos não invasivos como 
coleta de exames laboratoriais, sozinhos ou 
acompanhados por familiares, amigos ou parceiros, 
desde que o profissional reconheça que ele tem 
discernimento adequado de sua saúde e compreensão 
de seu autocuidado. Este atendimento vem se revelando 
como elemento indispensável para a melhoria do acesso 
aos serviços, da qualidade da prevenção, assistência e 
promoção de sua saúde. Toda e qualquer exigência, 
como a obrigatoriedade da presença de um responsável 
para acompanhamento no serviço de saúde, constitui 
lesão ao direito maior de uma vida saudável. Em casos de 
internação hospitalar, será necessária a autorização de 
pai-mãe-responsável legal, o que não impedirá qualquer 
conduta de emergência, por motivos éticos e profissionais 
de omissão de socorro. Solicitar, sempre que possível, a 
presença de um profissional da equipe do serviço social. 
ORIENTAÇÕES PARA O ATENDIMENTO AO ADOLESCENTE 
SEGUNDO O SUS 
-No atendimento à saúde de adolescente, alguns pontos 
devem ser considerados na abordagem clínica, 
destacando-se o estabelecimento do vínculo de 
confiança entre a equipe de saúde da família, o 
adolescente e sua família. Uma atitude acolhedora e 
compreensiva também possibilitará a continuidade de 
um trabalho com objetivos específicos e resultados 
satisfatórios no dia a dia. Princípios importantes que 
facilitam a relação entre a equipe de saúde e o 
adolescente: 
1. O adolescente precisa perceber que o profissional de 
saúde inspira confiança, que adota atitude de respeito e 
imparcialidade, restringindo-se às questões de saúde 
física. Não julga as questões emocionais e existenciais 
Módulo X Saúde Da Mulher 
 
Raquel Rogaciano 5 
escutadas. Nesse terreno, o profissional de saúde não 
deve ser normativo. 
2. O adolescente precisa estar seguro do caráter 
confidencial da consulta, mas ficar ciente também das 
situações nas quais o sigilo poderá ser rompido, o que, no 
entanto, ocorrerá sempre com o conhecimento dele. 
 3. É importante estar preparado não só para ouvir com 
atenção e interesse o que o adolescente tem a dizer, mas 
também ter sensibilidade suficiente para apreender 
outros aspectos que são difíceis de serem expressados 
oralmente por eles. 
4. Geralmente, o atendimento de adolescente necessita 
de tempo e, na maioria das vezes, demanda mais de um 
retorno. 
5. O modelo clássico de anamnese clínica mostra-se 
inadequado ao atendimento do adolescente na 
Unidade Básica de Saúde, pois não são considerados os 
aspectos da vida social, de trabalho, da sexualidade, da 
situação psicoemocional e violência, entre outros. 
 6. Na maioria das vezes, o adolescente não procura o 
médico espontaneamente, é levado pelos pais e, com 
certa frequência, contra a sua vontade. Assim, é comum 
defrontar-se com um jovem ansioso, inseguro, com medo 
ou, pelo contrário, assumindo uma atitude de 
enfrentamento, ou do mais absoluto silêncio. 
7. Se o adolescente procurar a Unidade Básica de Saúde 
sem o acompanhamento dos pais, ele tem o direito de ser 
atendido sozinho. No entanto, a equipe poderá negociar 
com ele a presença dos pais ou responsáveis se for o 
caso. 
8. A entrevista inicial poderá ser feita só com o 
adolescente, ou junto com a família. De qualquer forma, 
é importante haver momento a sós com o adolescente, 
que será mais de escuta, propiciando uma expressão 
livre, sem muitas interrogações, evitando-se observações 
precipitadas. 
9. O exame físico exige acomodações que permitam 
privacidade e propiciem ambiente em que o 
adolescente se sinta mais à vontade. O exame é de 
grande importância, devendo ser completo e detalhado, 
possibilitando a avaliação do crescimento, do 
desenvolvimento e da saúde como um todo. Alguns 
aspectos devem ser levados em conta pelo profissional: 
 a) Esclarecimento sobre a importância do exame físico; 
 b) Esclarecimento sobre os procedimentos a serem 
realizados; 
c) Respeito ao pudor; 
d) Compreensão do adolescente sobre as mudanças do 
seu corpo; 
e) Compreensão da imagem corporal que o adolescente 
traz. 
 Sempre, durante o exame físico, deverá ter um outro 
profissional presente para que preserve a ética em 
relação a interpretações diferentes por parte do 
adolescente, resguardando o profissional. Esclarecer ao 
adolescente, antes do exame, tudo o que vai ser 
realizado. 
O roteiro inclui: 
1- Aspecto geral (aparência física, humor, pele hidratada, 
eupneico, normocorado, etc.) 
2- Avaliação de peso, altura, IMC/idade e altura/idade – 
usar curvas e critérios da OMS (2007); 3- Verificação da 
pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma 
vez/ano usar curvas de pressão arterial para idade); 
 4- Avaliação dos sistemas: respiratório, cardiovascular, 
gastrointestinal, etc.; 
5- Avaliação do estagiamento puberal – usar critérios de 
Tanner (masculino e feminino). 
 
Aproveitar sempre este momento, após a consulta, para 
esclarecer o uso do preservativo (masculino e feminino) e 
dos contraceptivos para a prevenção da gravidez e das 
DSTs/AIDS, enfatizando a dupla proteção, que é o uso do 
preservativo masculino ou feminino, associado a outro 
método contraceptivo. Observar o estágio de maturação 
sexual, e qualquer anormalidade, encaminhar à 
referência. Encaminhar para exame ginecológico todas 
as adolescentes que já iniciaram atividades sexuais e/ou 
apresentarem algum problema ginecológico. Em relação 
ao adolescente masculino que já iniciou as atividades 
sexuais ou apresentaram algum problema geniturinários 
esclarecer suas dúvidas, orientando para o autocuidado 
e para a prevenção de doenças sexualmente 
transmissíveis e gravidez. Ao final da consulta devem ser 
esclarecidos os dados encontrados e a hipótese 
diagnóstica. A explicação da necessidade de exames e 
de medicamentos pode prevenir possíveis resistências aos 
mesmos. 
REFERÊNCIAS 
Berek & Novak. TRATADO DE GINECOLOGIA. 15ª ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 
TAQUETTE,Stella R. Conduta ética no atendimento à 
saúde de adolescentes. Adolescencia e Saude, v. 7, n. 1, 
p. 6-11, 2010.

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