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Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 1 O precursor do PTH, o pré-pró-paratormônio, é sintetizado nos ribossomos do REG e rapidamente clivado à medida que é transportado para o lúmen do REG para formar o pró-paratormônio e um polipeptídeo. Quando alcança o aparelho de Golgi, o pró-paratormônio é novamente clivado em PTH e em um pequeno polipeptídeo, onde é empacotado em grânulos. Ele é degradado pelo rim e pelo fígado em fragmentos aminoterminais (10%), que são biologicamente ativos, mas com meia-vida curta; e carboxiterminais (80%), sem atividade biológica e meia-vida mais longa. A liberação é controlada por um estreito sistema de retroalimentação pelas concentrações plasmáticas de Ca2+. ↑ Ca+2 → suprime a secreção de PTH. O calcitriol (forma ativa da vitamina D) reduz a transcrição do gene do PTH. ↓Ca+2 → estimula a liberação de PTH. Um exemplo é uma situação de hipocalcemia aguda, que desencadeia uma liberação em poucos segundos do PTH pré-formado, seguido de uma redução da degradação de PTH e aumenta liberação desse hormônio em algumas horas. Os níveis de fosfato também estimulam a liberação. A ocorrência de pequenas alterações nos níveis plasmáticos de Ca2+ é detectada pelo receptor paratireoidiano sensor de Ca2+. Por conseguinte, para determinado nível de Ca2+, existe um nível ótimo de PTH na circulação. Receptor de cálcio → é um sensor de Ca++ (CaSR) acoplado à proteína G. É localizado nas células principais das paratireoides, nas células tubulares renais em nas células C da tireoide. ↑[Ca++] ativam o receptor, promovendo inibição da liberação. Ocorre uma cascata de sinalização envolvendo as fosfolipases C, D e A2, que está relacionada com a formação de ácido araquidônico e síntese de leucotrienos. Há também, nesse complexo cálcio-CaSR, leva a ativação de um elemento de resposta ao cálcio, inibindo a expressão do gene e da síntese de PTH (também inibido por vitD). A vitamina D também atua no estímulo do gene do CaSR, coordenado pelos elementos de resposta à vitD, que estão na região promotora do gene do CaSR. A hipercalcemia persistente leva a uma rápida degradação da maior parte (90%) do PTH maduro na célula, com formação de fragmentos de PTH carboxiterminais, que são liberados na circulação ou degradados ainda mais nas glândulas paratireoides. Os aminoácidos liberados durante a degradação do PTH formado no interior das células paratireoides são reutilizados na síntese de outras proteínas. Na hipocalcemia, o receptor de Ca2+ fica relaxado, e não ativa os segundos mensageiros envolvidos na degradação do PTH pré-formado. A rápida secreção do PTH pré-formado, desencadeada pela hipocalcemia aguda, é rapidamente seguida de aumento na estabilidade do mRNA do PTH e síntese de novo hormônio. Os metabólitos ativos dos leucotrienos e os níveis elevados de Ca++ inibem a secreção do PTH por aumento da degradação de PTH pré- formado armazenado nos grânulos secretores. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 2 Fosfato → elevações nos níveis plasmáticos de fosfato aumentam a secreção de PTH por: ↓atividade da fosfolipase A2, removendo o efeito inibitório sobre a secreção de PTH; ↓níveis de Ca2+, indiretamente; Ativação da vitamina D. Por outro lado, a hipofosfatemia diminui de modo acentuado o mRNA do PTH e os níveis plasmáticos desse hormônio. O papel do fosfato na liberação de PTH é de importância crítica nos pacientes com comprometimento da função renal. Se não forem controlados, os níveis crescentes de fosfato nesses indivíduos resultam em elevações anormais da liberação de PTH. Com o progresso da doença, a regulação da liberação desse hormônio por retroalimentação negativa pelo Ca2+ e pela vitamina D também é afetada, contribuindo para o aumento da liberação de PTH. Magnésio → regula de modo semelhante ao cálcio. A liberação de PTH pode ser estimulada por uma diminuição moderada do Mg2+ plasmático. Entretanto, a presença de concentrações séricas muito baixas de Mg2+ induz um bloqueio paradoxal na liberação de PTH. Foi sugerido que o mecanismo desse efeito resulte da ativação das subunidades α das proteínas G do receptor sensor de cálcio, simulando a ativação do receptor e inibindo, dessa maneira, a secreção de PTH. A depleção ou a deficiência de magnésio costumam estar associadas à hipocalcemia. Essa redução combinada do Mg2+ e do Ca2+ leva a um comprometimento na capacidade individual de secretar PTH. Além disso, a hipomagnesemia grave não apenas compromete a liberação de PTH pelas glândulas paratireoides em resposta à hipocalcemia, mas também impede a responsividade do osso à reabsorção óssea mediada pelo PTH. São mediados por sua ligação a um receptor acoplado à proteína G, encontrado nos órgãos-alvo. Foram identificados três tipos de receptor de PTH (PTHR1, PTHR2 e PTHR3). Mas apenas o PTHR1 tem efeitos fisiológicos importantes conhecidos. As concentrações plasmáticas de magnésio refletem, na maior parte do tempo, as de cálcio. O equilíbrio do Mg++ encontra-se estreitamente ligado ao do Ca++. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 3 PTHR1 → expresso em osteoblastos e no rim, onde se liga ao PTH e à proteína relacionada ao PTH (PTHrP). Não está presente em osteoclastos e intestino (ação do PTH nesses lugares é indireta). A PTHrP difere do PTH quanto a sua estrutura e tem um gene de origem distinto. Ela é importante porque simula os efeitos fisiológicos do PTH no osso e no rim. A identificação da PTHrP ocorreu após longa investigação à procura do fator responsável pela hipercalcemia dos processos malignos. Como é expressa em múltiplos tecidos, não medeia seus efeitos de modo endócrino, porém se comporta de maneira parácrina ou autócrina. A PTHrP liga-se ao PTHR1 no osso e no rim, resultando em níveis plasmáticos elevados de Ca2+. A ligação do PTH ao PTHR1 dá início a uma cascata de sinalização, pela subunidade α da proteína Gas, levando a uma síntese aumentada AMPc, à ativação PKA e fosforilação de proteínas-alvo nos resíduos de serina. O resultado consiste na ativação das proteínas pré-formadas e na indução da transcrição gênica. Além disso, a ativação do PTHR1 pode utilizar outras vias de sinalização pela Gaq, levando a ativação da PLC, aumento do PIP3 intracelular e aumento das concentrações de Ca++. Efeitos celulares renais sobre o Ca2+ → PTH estimula diretamente a reabsorção de Ca2+, excreção de fosfato e a atividade da 1α-hidroxilase, a enzima responsável pela formação da forma ativa da vitamina D (1,25-dihidroxicholecalciferol). Túbulo contorcido proximal → O Ca2+ é reabsorvido principalmente por uma via paracelular, que não é regulada por hormônios nem por fármaco. Ramo ascendente espesso → o Ca2+ é reabsorvido por uma combinação das vias transcelular e paracelular. O PTH regula o componente transcelular ativo, enquanto a via paracelular passiva é determinada pela extensão da absorção concomitante de sódio. Túbulo contorcido distal → o Ca2+ é reabsorvido totalmente por via transcelular e regulada pelo PTH, vitamina D e calcitonina; também pode ser afetada por fármacos poupadores de K+, como os diuréticos tiazídicos. O PTH estimula a inserção e a abertura do canal de Ca2+ apical, facilitando a entrada de Ca2+ no interior celular. No interior das células tubulares do néfron distal, o Ca2+ liga-se à calbindina-D28K (proteína de ligação dependente de vitamina D) e difunde-se através da membrana basolatera. A calbindina-D28K facilita a difusão citosólica do Ca2+ dos locais de influxo apical para os de efluxo basolateral. Acredita-se que ela atue como proteína de transporte ou como tampão para impedir uma elevação excessiva dos níveis de Ca2+ no citosol. O transporte do Ca2+ da célula para o espaço intersticial é mediado por um trocador Na+/Ca2+ e por uma Ca2+-ATPase. A vitamina D contribuiupara ↑reabsorção de Ca2+ ao estimular a síntese da calbindina e a atividade da Ca2+-ATPase. Existe um mecanismo semelhante para auxiliar a absorção de Ca2+ nas células epiteliais intestinais. Efeitos celulares renais sobre o fosfato → PTH diminui a reabsorção de fosfato, agudamente (min- hrs), por diminuir a expressão do cotransportador de Na+/PO42– do tipo II, presentes no túbulo proximal. A ligação PTH-PTHR desencadeia vias de sinalização (não estão bem elucidadas), levando à degradação lisossômica desse transportador. A expressão diminuída do transportador resulta em diminuição da reabsorção de fosfato. Por conseguinte, diferentemente de outros transportadores, como O PTHR1 medeia os efeitos fisiológicos do PTH e desempenha importante papel nos efeitos fisiopatológicos da PTHrP. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 4 a aquaporina 2, uma vez internalizado, o cotransportador de Na+/PO42– é degradado, constituindo uma internalização irreversível. A reabsorção de fosfato no túbulo proximal também pode ser diminuída pelo fator de crescimento dos fibroblastos 23 (FGF23), um peptídeo produzido nos osteoblastos e nos osteócitos. O FGF23 suprime a atividade da 1a-hidroxilase e a expressão renal e intestinal do cotransportador de Na+/PO42–. Efeitos sobre os ossos → PTH libera o cálcio das reservas disponíveis de imediato e em equilíbrio com o LEC. Subsequentemente, ele estimula a liberação de cálcio (e também a de fosfato) pela ativação da reabsorção óssea. Esse hormônio liga-se a receptores presentes nos osteoblastos, resultando em uma cascata de eventos que culminam na ativação dos osteoclastos e que resultam em rápida liberação de Ca2+ da matriz óssea no compartimento extracelular, onde ele entra na circulação sistêmica. Esses efeitos são mediados pela atividade de várias proteínas, incluindo o fator de diferenciação dos osteoclastos (FDO) ou receptor ativador do ligante do fator nuclear kB (RANKL). Além de aumentar o número de osteoblastos, diminuindo sua apoptose e aumentando sua proliferação o PTH ativa: Colagenase-3 → genes essenciais aos processos de degradação da matriz extracelular e remodelagem óssea; IGF-1 →produção de fatores de crescimento; RANKL e IL-6 → estimulação e recrutamento dos osteoclastos. Estrutura óssea → o osso consiste em matriz extracelular óssea, com uma fase orgânica e uma inorgânica: Orgânica → composta de colágeno do tipo I, proteoglicanos, proteínas não colagenosas, fatores de crescimento e citocinas, que desempenham importante papel regulador na remodelagem óssea ou na formação de novo osso. Inorgânica → composta principalmente de hidroxiapatita de cálcio, que atua como reservatório dos íons de Ca++ e fosfato e desempenha importante papel na homeostasia desses minerais. A maior parte do esqueleto (80%) é composta de osso cortical, encontrado principalmente nas diáfises dos ossos longos e na superfície dos ossos planos. Ele consiste em um osso compacto em torno de canais centrais (sistemas de Havers) que contêm vasos sanguíneos, tecido linfático, nervos e tecido conectivo. O osso trabecular, encontrado sobretudo nas extremidades dos ossos longos e nos ossos planos, consiste em placas e feixes entrelaçados, no interior dos quais se situa a medula óssea hematopoiética ou gordurosa. Três tipos de células estão envolvidos no metabolismo ósseo. Osteoblastos → expressam receptores de PTH e são responsáveis pela formação e mineralização ósseas. Originam-se de células tronco mesenquimatosas pluripotentes, que também podem se diferenciar em condrócitos, adipócitos, mioblastos e fibroblastos. Andressa S. Pereira | MedUNEB XIII 5 Várias moléculas hormonais e não hormonais estimulam a diferenciação dos osteoblastos a partir das células-tronco precursoras. Osteoclastos → grandes células multinucleadas de reabsorção óssea que se originam dos precursores hematopoiéticos de linhagem dos monócitos. São formados pela fusão de células mononucleares. São ricos em enzimas lisossômicas, têm uma borda pregueada, que consiste na invaginação da membrana plasmática. Osteócitos → células mais numerosas encontradas no osso, são células pequenas e achatadas no interior da matriz óssea. Estão conectados uns com os outros e com osteoblastos na superfície óssea por uma extensa rede canalicular que contém o LEC do osso. Eles constituem a diferenciação terminal dos osteoblastos e sofrem apoptose ou fagocitose durante a reabsorção osteoclástica. Fontes: Molina, 4ªEd; Berne, 6ª Ed.
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