Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2009 Operações ImObIlIárIas Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares Copyright © UNIASSELVI 2009 Elaboração: Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 333.33 G244c Gartner, Roberto. Caderno de estudos : operações imobiliárias / Roberto Gartner [e] Daniel Alves Soares, Centro Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial : UNIASSELVI, 2009. x ; 126 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-149-1 1. Mercado imobiliário. 2. Operações imobiliárias – Contratos. 3. Corretor de imóveis – Profissão. I. Soares, Daniel Alves. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Núcleo de Ensino a Distância. III. Título. III apresentaçãO Prezados(as) acadêmicos e acadêmicas! Como em todos os setores da economia, a cada dia que passa, vemos uma maior competitividade entre os profissionais que atuam nas intermediações imobiliárias, levando o cliente a escolher o profissional melhor preparado. Neste sentido, a busca por todo o tipo de informação fornece melhores subsídios para a avaliação de imóveis e para desenvolvimento de um trabalho de qualidade. Com isso, o corretor passa a agir como um consultor, assessorando o cliente em todas as fases da comercialização do imóvel, auxiliando-o no fechamento do negócio. Como na maioria dos casos, o sonho da casa própria acontece depois de uma vida inteira, estando nas mãos do corretor a escolha de como seu cliente irá aplicar o dinheiro juntado quase que uma vida inteira. Por isso, a importância de seu constante aperfeiçoamento e da fiscalização rigorosa do CRECI e COFECI para manter no mercado somente profissionais registrados, além da fiscalização, que deve acontecer por iniciativa dos próprios corretores de imóveis, visando garantir uma conduta ética e profissionais sérios em sua categoria. Esta apostila tem o intuito de apresentar as principais atividades das intermediações imobiliárias, além dos órgãos da classe, os princípios éticos e a legislação que rege as transações imobiliárias. Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES ........................................ 1 TÓPICO 1 – O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS ......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O CORRETOR DE IMÓVEIS ............................................................................................................. 3 3 HISTÓRICO DA PROFISSÃO .......................................................................................................... 4 4 ESPÉCIES DE CORRETORES ............................................................................................................ 8 5 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO ........................................................................................ 8 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 9 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 11 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 – OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA ........................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15 2 TIPOS DE CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA .................................................. 15 3 A CORRETAGEM NO NOVO CÓDIGO CIVIL ............................................................................ 17 4 COMPETÊNCIA LEGAL ..................................................................................................................... 19 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 21 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25 TÓPICO 3 – A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS ............................................... 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ....................................................................................................... 27 3 REMUNERAÇÃO ................................................................................................................................. 29 3.1 TABELAS DE COMISSÃO ............................................................................................................. 29 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 35 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 UNIDADE 2 – A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS ................................ 43 TÓPICO 1 – SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS ..................................................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45 2 SIGILO PROFISSIONAL .................................................................................................................... 45 3 IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL E OBRIGAÇÕES CLASSISTAS...................................... 47 4 RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL ......................................................................................... 47 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52 TÓPICO 2 – O CÓDIGO DE ÉTICA .................................................................................................... 55 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55 sumárIO VIII 2 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL ........................................................................................ 55 3 ÉTICA, OBRIGAÇÕES GERAIS E VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL .................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62 TÓPICO 3 – ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES ................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES E FISCALIZADORES DA PROFISSÃO ....................... 66 3 COFECI ................................................................................................................................................... 66 4 CRECI ...................................................................................................................................................... 68 5 ÓRGÃOS DE CLASSE ......................................................................................................................... 71 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 UNIDADE 3 – A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS ........................................................................................................................ 77 TÓPICO 1 – A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA ......................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA ............................................................................................. 79 3 CONHECIMENTO PRÉVIO DO NEGÓCIO ................................................................................. 81 4 CONTRATO DE INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA .................................................................. 82 5 DOCUMENTAÇÃO E CERTIDÕES ................................................................................................. 87 6 CERTIDÕES ........................................................................................................................................... 88 7 REGISTRO DE IMÓVEIS ................................................................................................................... 90 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 92 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 95 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96 TÓPICO 2 – ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS .................................... 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS................................ 99 3 COMPRA ................................................................................................................................................ 100 4 VENDA ................................................................................................................................................... 104 5 LOCAÇÃO ............................................................................................................................................. 104 5.1 DIREITO DE PREFERÊNCIA ........................................................................................................ 107 5.2 BENFEITORIAS ............................................................................................................................... 108 6 TROCA OU PERMUTA ....................................................................................................................... 109 7 ARRENDAMENTO .............................................................................................................................. 109 8 ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................. 109 9 AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS................................................................................................................ 110 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 112 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 115 TÓPICO 3 – ATUAÇÃO NA PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS ................................ 117 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 117 2 ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS ............................................................................. 117 3 CONSTITUIÇÃO DE UMA IMOBILIÁRIA ................................................................................... 118 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 120 IX RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 125 X 1 UNIDADE 1 O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto a: • conhecer e adotar as questões relativas às atribuições do corretor de imó- veis; • identificar as necessidades e medidas adotadas pelo profissional desta área; • possibilitar o reconhecimento de suas atividades e responsabilidades. Esta unidade está dividida emtrês tópicos, no final de cada um deles você encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS TÓPICO 2 – OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA TÒPICO 3 – A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 1 INTRODUÇÃO O corretor de imóveis é o profissional que, havendo satisfeito todas às exigências legais, encontra-se apto a agenciar negócios para terceiros, intervindo na aproximação de partes interessadas em transações imobiliárias, procurando eliminar os pontos divergentes e diminuindo as distâncias até a otimização do negócio, que é o seu fechamento. Como qualquer outra profissão regulamentada, aquele que não atende às exigências de seu conselho ou nele não estiver inscrito, não poderá desenvolver as atividades privativas da profissão. Neste sentido, a lei é clara. Respondem civil e criminalmente todos aqueles que cometem atos ilícitos no desempenho profissional ou que exerçam a profissão sem estarem regularmente inscritos. Com o advento dos cursos de nível superior nas áreas das Ciências e Gestão de Negócios Imobiliários, o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) admitiu também a inscrição nos CRECIs dos formandos que se diplomarem nessa graduação. Mas, o que é afinal um corretor de imóveis? Quais as atividades que desempenha? Como surgiu esta profissão? 2 O CORRETOR DE IMÓVEIS Para Raposo e Heine (2004), o corretor de imóveis exerce a intermediação na compra, venda, permuta e locação, assim como atua na administração de imóveis em geral, podendo figurar nas incorporações e loteamentos e, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária. Este profissional procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem ou mal sucedida na medida em que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o produto, quase sempre um imóvel, certo para a pessoa certa. O corretor é, assim, um promotor de transações comerciais. A mais comum dessas transações é a imobiliária. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 4 A transação imobiliária é uma modalidade de trabalho de exploração econômica. Assim, deve ser desempenhada de forma tal que todas as partes envolvidas tenham um tratamento igualitário e coerente com os princípios básicos de qualquer profissional que prima pela melhor forma de desenvolver o seu trabalho. O corretor de imóveis, como profissional liberal, pode exercer sua atividade como autônomo, inclusive como pessoa jurídica. Conforme Macedo et al. (1990), o corretor de imóveis é o profissional especializado e habilitado que, com absoluta imparcialidade, honestidade e lealdade aos padrões de ética, atua como mediador na transação imobiliária, aproximando as partes interessadas para a concretização do negócio. Na realização do seu trabalho, ele informa os interessados das vantagens e condições do mercado, promovendo, com segurança, o acordo de vontades para a celebração do contrato. 3 HISTÓRICO DA PROFISSÃO Desde a Antiguidade, já se percebiam nos homens as ações de negociação e de questões relativas à propriedade, o que foi tomando maior expressão e importância com a formação de novas nações, principalmente na Europa Ocidental e com o surgimento dos novos países da América. Conforme Resende (2001), as grandes navegações, a partir do século XV, ocasionaram modificações substanciais no comércio marítimo e na economia mundial, deslocando o centro comercial das grandes cidades italianas do Mediterrâneo, principalmente Veneza, Florença e Gênova, para as cidades banhadas pelo Atlântico. Assim, franceses, ingleses, holandeses, espanhóis e portugueses travaram uma guerra na disputa pelo domínio do comércio mundial e ainda pelo descobrimento dos tesouros encontrados na América, cujos metais preciosos eram levados para toda a Europa, notadamente para a Espanha e para Portugal. Já no Brasil, após seu “descobrimento” e dos ciclos do café e da cana-de- açúcar, o país encontrava-se em uma situação de exportador de produtos agrícolas e importador de manufaturados, surgindo também numerosas casas bancárias, companhias de seguro, indústrias, empresas de transporte, aumentando o número de profissionais liberais. Conforme dados do COFECI (2008), a vinda família real portuguesa deslocou definitivamente o eixo da vida administrativa da colônia para o Rio de Janeiro, mudando também a fisionomia da cidade. Basta dizer que, durante o período de permanência de Dom João VI no Brasil, o número de habitantes da capital dobrou de cerca de cinquenta mil a cem mil pessoas. A presença da corte implicava uma alteração do acanhado cenário urbano da Colônia. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 5 As cidades começaram a tomar uma forma mais urbana, com infraestrutura. Com o seu crescimento, começou a nascer uma nova profissão, a de agente de negócios imobiliários. No início, eram comerciantes locais que passaram a ter seus rendimentos aumentados com a intermediação imobiliária, ou então leiloeiros, que se especializaram neste ramo com o potencial do mercado imobiliário. Resende (2001) afirma que foi neste cenário que aparecem os primeiros agentes de negócios imobiliários, denominação que se dava àqueles que exerciam a atividade de descobrir os proprietários dos terrenos que poderiam ser vendidos aos novos negociantes e aos emigrantes que aqui chegavam, necessitando de moradia. Assim, verifica-se já no Brasil Colônia a figura do corretor de imóveis, sem qualquer tipo de normatização, sem princípios ou leis de proteção ao seu trabalho. A limitação dos meios de comunicação e a dificuldade pela descoberta de novas oportunidades de negócios geraram um movimento de troca de informações pessoais entre os agentes imobiliários. Eles, diariamente, encontravam-se nos cafés de esquina e outros pontos movimentados das cidades maiores para procurar e oferecer imóveis para seus clientes. Os anúncios de jornal, comprovando a comercialização de imóveis, surgiram a partir de 1821, junto com a introdução da imprensa no país. O Sentinela e O Tamoio, no Rio de Janeiro, foram os primeiros jornais publicados no Brasil, e neles já eram publicados anúncios de imóveis. Conforme dados do COFECI (2008), o jornal Diário do Rio de Janeiro, o periódico mais antigo nos arquivos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, publicado no dia 2 de junho de 1821, já continha um anúncio imobiliário. Na edição seguinte (04/06/1821), constata-se a presença de um intermediário, Venâncio José Lisboa, que havia recebido “poderes” do dono do imóvel para vendê-lo. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 6 FONTE: Diário do Rio de Janeiro de 04 jun. 1821 apud COFECI (2008) FIGURA 1 – DIARIO DO RIO DE JANEIRO – 1821 Na sessão de classificados do Diário do Rio de Janeiro, bem como em outros periódicos posteriores, eram anunciadas diversas coisas, desde a perda de escravos, a venda de tecidos, esporas, secos e molhados até produtos medicinais. No dia 06 de junho de 1821, foram publicados os primeiros anúncios de aluguel, um deles era feito por uma loja de louças, marcando a presença dos comerciantes no mercado imobiliário. (COFECI, 2008). O primeiro Sindicato dos Corretores de Imóveis somente surgiu em 1927, no Rio de Janeiro, devido ao aumento de profissionais que ingressavam nesta profissão e a necessidade de regulamentação da profissão. Por décadas, a profissão era avaliada como sem importância, de modo que qualquer um podia exercê-la, já que pertencer ao sindicato era uma vantagem, mas não uma obrigatoriedade. NOTA O elevado número de profissionais corretores de imóveis fez, em 27 de agosto de 1962, surgir a Lei nº 4.116, dispondo sobre a regulamentação do exercício da Profissão de Corretor de Imóveis. Para Raposo e Heine (2004), a profissão de Corretor de Imóveis foi regulamentada no Brasil através da Lei nº. 4.116,de 27 de agosto de 1962. Essa data é tão importante que até hoje é festejada pela categoria como sendo o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 7 Contudo, a trajetória da profissão de Corretor de Imóveis não foi nada fácil. Quando ela parecia ter alcançado o patamar de uma atividade devidamente regulamentada juridicamente, outras categorias, preocupadas com esse crescimento, uniram-se e conseguiram a anulação da Lei nº 4.116/62. Com isso, os corretores voltaram à mera condição de vendedores de imóveis, deixando, assim, de serem vistos como integrantes de uma profissão, e regredindo ao nível de apenas executores de uma atividade. Entretanto, por conter algumas falhas, tornou-se incapaz de atender à expansão e às novas características impostas pela atividade cada vez mais dinâmica, sendo, com isso, revogada em 1978, pela Lei nº 6.530, que, devidamente regulamentada pelo Decreto nº. 81.871/78, encontra-se em vigor até hoje. A Lei nº 6.530/78, ao revogar a anterior, manteve os direitos dos corretores, conforme preceitua o art. 23 do novo dispositivo legal: “Art. 23. Fica assegurado aos Corretores de Imóveis, inscritos nos termos da Lei nº 4.116/62, de 27 de agosto de 1962, o exercício da profissão, desde que o requeiram conforme o que for estabelecido na regulamentação desta Lei.” Salientam Raposo e Heine (2004) que, em 1978, essa situação foi definitivamente resolvida, pois graças à união da categoria foi conseguida a edição da Lei nº 6.530, de 12 de maio daquele ano, que revalidou o exercício da profissão de corretor de imóveis em todo o Brasil. Para assegurar os direitos dos corretores de imóveis, justifica-se pelo teor de seu art. 2º, que restringe o exercício da profissão quando diz: Art. 2º. O exercício da profissão de corretores de imóveis será permitido ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias. Assim, a profissão de corretor de imóveis é regida atualmente através da mencionada Lei nº. 6.530/78, que foi regulamentada pelo Decreto nº 87.871, de 29 de junho de 1978, sendo essa, portanto, a legislação que rege os preceitos básicos da intermediação imobiliária em nosso país. Fez-se a divisão do país em regiões subordinadas aos conselhos regionais, que, por sua vez, se reportam ao Conselho Federal – COFECI, o órgão maior da categoria, do qual emanam todas as decisões, portarias e resoluções, cuja representatividade é composta por dois conselheiros de cada regional, o que será observado em capítulos mais adiante. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 8 4 ESPÉCIES DE CORRETORES Da mesma forma como ocorreu em outros países, no Brasil, a atividade de intermediar negócios teve diversos segmentos, fazendo com que o vocábulo corretor fosse sempre acompanhado de um qualificativo para designar a sua verdadeira função, como, por exemplo, corretor de seguros, corretor da bolsa de valores, corretor de navios, corretor de imóveis entre outros. Os corretores podem ser classificados em duas grandes divisões: Corretores oficiais: são aqueles profissionais que, para o exercício de determinada atividade prevista em lei, são investidos de fé pública própria do seu oficio, tais como: os corretores de fundos públicos (Lei nº 4.728/65); corretores de mercadorias (Decreto-Lei nº 806, de 1851, art. 26); corretores de câmbio (operações de câmbio, Lei nº 5.601/70); corretores de seguro (Lei nº 5.594/64). Corretores livres: são aqueles profissionais que atuam como intermediários, em negócios próprios, na comercialização de coisas móveis, imóveis, bens ou serviços, promovendo a aproximação das partes e tendo direito à remuneração pelo trabalho prestado. Algumas dessas atividades de corretagem ainda não possuem legislação específica e, por isso, qualquer pessoa, desde que tenha capacidade jurídica, pode praticar o serviço. Podem ser citados como exemplo os corretores de automóveis, os agentes literários, de espetáculos públicos. 5 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO A legitimidade para o exercício da profissão de corretor de imóveis está amparada na Lei nº 6.530/78 e regulamentada pelo Decreto nº 81.871/78 já há mais de vinte anos. Após a regulamentação da profissão e o surgimento de órgãos de fiscalização, a atividade de corretagem já havia se espalhado por todo o país de forma artesanal, devido ao crescimento das áreas urbanas e da necessidade de profissionais para intermediar as transações de compra, venda, permuta, aluguéis, entre outros. Destaca Resende (2001) que a profissão de corretor de imóveis é uma atividade regulada por lei, e somente poderão exercê-la aquelas pessoas que estiverem habilitadas para tal, sejam elas físicas ou jurídicas, obedecendo, cada uma, a normas específicas, não só da referida lei e seu regulamento, mas também das resoluções e portarias emanadas do COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis), seu órgão maior, com sede em Brasília, e jurisdição em todo o território nacional. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 9 MARKETING IMOBILIÁRIO: CONHEÇA AS ESTRATÉGIAS DA PLANTA À COBERTURA Thiago Terra O setor imobiliário vem crescendo junto com o crédito disponível para os brasileiros. Tijolo por tijolo, parcela por parcela, os consumidores caminham juntos com as construtoras e já planejam e executam o projeto de aquisição do imóvel próprio com cada vez mais frequência. É verdade que o boom imobiliário que o país vive tem uma grande parcela de responsabilidade pelo aumento da demanda. O resto é com o marketing mesmo. Com tantas ofertas, como fazer o inquilino optar pelo financiamento de uma ou outra construtora? Com ou sem argamassa, o marketing das empresas precisa construir um relacionamento forte e confiável para fazer com que o consumidor encaixe a chave na maçaneta do prédio que ela construiu. Seja na planta ou na apresentação do apartamento – ou casa -, o que o cliente quer é se encantar com a proposta. E esta proposta não se baseia em letras espalhadas por papéis oficiais de um contrato, mas sim pelo que o empreendimento oferece para ele e sua família. Mudança nas estratégias Com vinte anos neste mercado, a Eugênio Marketing Imobiliário apostou na profissionalização do marketing neste setor. “As empresas eram menores e todas as questões de marketing eram resolvidas em segundo plano”, conta Carlos Valladão, Presidente da empresa do Grupo Eugênio. Para outros executivos do setor, o cenário não mostra tantas mudanças nas estratégias de marketing. De acordo com Paulo Pôrto, Diretor de marketing e Vendas do grupo Klabin Segall, a maioria das empresas ainda oferece o mesmo conceito: casa, família, sorrisos e imagens. “Como um todo não mudou muito, mas a Klabin Segall adotou o sonho, o intangível do negócio como estratégia, já que o imóvel é o sonho da vida da maioria das pessoas”, acredita Pôrto. De acordo com ele, o cliente que fica cinco, dez anos sonhando com a casa própria precisa ser comunicado de uma forma lúdica. “Ninguém comunica cerveja dizendo que tem lúpulo ou sementes do oriente médio. Colocam uma mulher bonita para chamar a atenção do consumidor, por exemplo”, compara o Diretor da Klabin Segall. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 10 Diferenciando tijolo de tijolo Partindo do princípio de que o setor imobiliário oferece um produto commodity, é preciso que as empresas busquem a diferenciação da concorrência desde a planta até a cobertura mobiliada do empreendimento. “Confiabilidade e credibilidade são dois grandes chavões deste setor. Partimos do princípio de compromisso com projetos de vida, devido ao tempo que o imóvel estará presente na vida do cliente”, aponta Rafael Rossi, Gerente de Marketing Institucional da Rossi. De acordo com Rossi, vender um produto imobiliário requer responsabilidade porque existe um compromisso com as pessoas, já que elas vão viver naquele lugar. Isto mexe com o emocional do consumidore é um trabalho de relacionamento em longo prazo. A busca pela diferenciação é simples para Paulo Pôrto. Basta que o setor responsável pela comunicação das empresas pare e pense nas estratégias que estão fazendo e nas que virão pela frente. Segundo ele, é preciso que o marketing não fique no lugar comum. “Para se diferenciar é necessário usar o marketing alternativo, o boca a boca, ser diferente, mas com bom custo para o cliente”, avalia Paulo Pôrto, da Klabin Segall. Oferta X demanda Para explicar o que o consumidor leva em consideração na hora de escolher o seu lar, o empresário do setor imobiliário, Donald Trump, definiu em três palavras: localização, localização e localização. Porém, na realidade de diversos brasileiros este não é o principal atributo para a tomada de decisão. Além da localização, é preciso destacar outros itens de um empreendimento. “Precisamos respeitar a inteligência do consumidor e parar com a comunicação “burra” que mostra uma planta, as dependências do prédio, condomínio, entre outros”, alerta Carlos Valladão, da Eugênio Marketing Imobiliário. “Procuramos o encantamento, o conceito do negócio. Procuramos conhecer profundamente o produto que temos e ser agressivo no preço”, completa. Segundo Paulo Pôrto, são poucas as características de um imóvel que decidem a compra, mas existem variáveis muito importantes. “O cliente hoje compra um espaço de convivência para a família, amigos e com o comércio próximo. O espaço dele é primordial”, diz. O Diretor de marketing e Vendas do grupo Klabin Segall mais uma vez cita o setor de bebidas como exemplo. “Todas as marcas de cerveja vendem o produto gelado. Em todos os pontos de venda encontramos cerveja em garrafa e qualquer uma estará gelada e pronta para ser consumida”, conta. FONTE: TERRA, Thiago. Mundo do Marketing. Marketing imobiliário: conheça as estratégias da planta à cobertura. Disponível em: <http://www.mundodomarketing. com.br/materia.asp?codmateria=4543>. Acesso em: 20 jul. 2008. 11 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: O corretor de imóveis é um profissional que procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem ou mal sucedida, na medida em que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o produto, quase sempre um imóvel, certo para a pessoa certa. O corretor é, assim, um promotor de transações comerciais. A mais comum dessas transações é a imobiliária. Encontra-se a figura do corretor de imóveis no Brasil Colônia, sem qualquer tipo de normatização, sem princípios ou leis de proteção ao seu trabalho, que realizava a oferta de seus imóveis para seus clientes nos cafés de esquina e outros pontos movimentados das cidades maiores. Mas, a profissão de corretor de imóveis somente foi regulamentada no Brasil através da Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962. Essa data é tão importante que, até hoje, é festejada pela categoria como sendo o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. Por apresentar algumas falhas, esta lei foi anulada e, atualmente, a categoria é regida pela Lei nº 6.530/78, que foi regulamentada pelo Decreto nº 87.871, de 29 de junho de 1978, sendo essa, portanto, a legislação que rege os preceitos básicos da intermediação imobiliária em nosso país. RESUMO DO TÓPICO 1 12 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: O corretor de imóveis exerce a intermediação na compra, venda, permuta e locação, atuando na administração de imóveis em geral, podendo interagir nas incorporações e loteamentos, e opinar quanto à comercialização imobiliária. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Classifique a seguinte sentença: A transação imobiliária não é uma modalidade de trabalho de exploração econômica, sendo desempenhada de maneira tal que todas as partes envolvidas tenham um tratamento igual e coerente com os princípios de qualquer profissional. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 3 Leia e complete a seguinte sentença: O primeiro Sindicato dos Corretores de Imóveis surgiu no ano de _______________, na cidade de __________________________, devido ao aumento de profissionais que ingressavam nesta profissão e a necessidade de_ _______________________________________________________________ Por muito tempo, a profissão era avaliada como ___________________________ ___________ em que qualquer um podia exercê-la, já que pertencer ao sindicato era uma ______________________, mas não uma __________________________ ___________________________________ . 4 Os corretores podem ser classificados em duas grandes divisões. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. a) ( ) Corretores oficiais: são os profissionais que, para o exercício de determinada atividade, prevista pela lei, são investidos de fé pública próprias do seu ofício. b) ( ) Corretores livres: são aqueles profissionais que atuam como intermediários, em negócios próprios, na comercialização de coisas móveis, imóveis, bens ou serviços. AUTOATIVIDADE 13 c) ( ) Corretores livres: promovem a aproximação das partes e têm direito à remuneração pelo trabalho realizado. d) ( ) Previsto pela lei, temos os corretores de fundos públicos, corretores de mercadorias, corretores de câmbio e corretores de seguro. e) ( ) Todas as sentenças acima estão corretas. 5 Referente à regulamentação da profissão de corretor de imóveis, assinale a alternativa CORRETA : a) ( ) A legitimidade para o exercício da profissão de corretor de imóveis está amparada pela Lei nº 8.109/83 há mais de quinze anos. b) ( ) Após a regulamentação da profissão e o surgimento de órgãos de fiscalização, a atividade de corretagem ainda não havia decolado devido ao baixo crescimento das áreas urbanas. c) ( ) A profissão de corretor de imóveis é uma atividade que pode ser exercida por qualquer pessoa com o conhecimento da sua atividade. d) ( ) O exercício da profissão de corretor de imóveis se dá através daquelas pessoas que estiverem enquadradas na lei e de seu regulamento, mas também das resoluções e portarias emanadas do COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis). e) ( ) Todas as sentenças acima estão corretas. 14 15 TÓPICO 2 OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Através da Lei nº 10.406, de janeiro de 2002, foi instituído o novo Código Civil, que dedicou um capítulo inteiro à corretagem. São oito artigos exclusivamente sobre o assunto, e esse capítulo se encontra dentro do tópico referente a contratos. Ou seja, trouxe o contrato de corretagem para o mundo jurídico do Código Civil, dando direitos e cobrando obrigações do profissional. Trabalhamos, em Direito Imobiliário, com cinco tipos de contratos: corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho. O contrato dos corretores é chamado de mediação, para aproximar as partes para que elas contratem entre si. Se elas se contratarem, os corretores estão exitosos, felizes e com direito à remuneração; caso contrário, não, pois o contrato de corretagem é aleatório e de sorte para o corretor e para o contratante. Salienta Rios (2006) que o contrato de corretagem é mais do que uma obrigação de fazer. É uma obrigação do fechamento do negócio, ou de conseguir a realização do contrato entre as partes aproximadas. O contratante pode ser vítima do desfazimento do contrato, e ter de pagar a corretagem. É o caso do negócio fechado e acertado posteriormente desfeito. O corretor, caso as partes não contratem, terá gasto o seu tempo e dinheiro sem ser recompensado. Essa é uma característica do contrato aleatório, ou seja, pode ter resultado benéfico ou não para as partes. A remuneração é pelo resultado e não pelo trabalho, destacando-se como um contrato de resultado. 2 TIPOS DE CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA O contrato é a forma pela qual se manifesta um acordo entre duas ou mais pessoas, criandoentre elas uma relação jurídica de direito. Conforme Raposo e Heine (2004), o contrato é o ato pelo qual se criam, modificam, conservam ou extinguem direitos, mediante acordo, ajuste ou convênio entre duas ou mais pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. O contrato, seja na modalidade que for, deve estar dentro da lei e estabelecer um equilíbrio entre as partes. O novo Código Civil, frequentemente, se refere à probidade e à boa-fé, assim como à correção. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 16 Alguns termos são importantes quando se fala em contratos. Assim, Raposo e Heine (2004) mostram as suas definições: Conclusão: é o ato final ou ultimação de um contrato, após o qual esse é considerado concluído ou ajustado. Resolução: é o término do vínculo contratual pela não execução do compromisso. Extinção: é o fim da obrigação contratual, seja pelo pagamento, execução, prazo etc. Implemento: é o cumprimento da obrigação, isto é, o seu pagamento. Suspensão: é a pausa, paralisação do contrato, do pagamento. Os cinco contratos - corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho - possuem diferenças. a) Corretagem: Projeto de Lei nº 634/75, art. 722. Pelo contrato de corretagem de prestação de serviços ou qualquer relação de dependência, uma pessoa não ligada à outra em virtude do mandato, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. b) Mandato: é outro tipo de contrato de ação ocasional ampla e diversificada em nome do representado. Exemplo é o ‘mandato’, contrato representado por uma procuração, cujo advogado recebe poder para defesa judicial do cliente em uma determinada ‘ação’, com poderes amplos e diversificados. c) Representação/agência: tem a diferença de que a ação em nome do representado é habitual. O contrário da ação ocasional do mandato. No caso da agência bancária, há a dependência e subordinação entre o agente e a casa bancária. Projeto de Lei nº 634/75, Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, por conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada. Caracteriza-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. d) Comissão: é o contrato de compra e venda em nome do próprio comissário, seguindo ordens do comitente. e) Contrato de trabalho: é aquele em que existe uma ação subordinada. Comandada pelo patrão para que se faça de uma determinada maneira. É o comando do empregador. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 17 O contrato do corretor é simples, começa promovendo o encontro dos que desejam negociar. Se já existem as partes negociando e é solicitado o corretor para ajudar na negociação, o contrato será de mandato. No contrato de comissão, o comissário compra e vende em seu próprio nome, mas a aquisição é para o comitente, que fica oculto. No mandato, o mandatário fala em nome do mandante. Na comissão, a transação é feita em nome do próprio representante que arca com as obrigações e no mandato o negócio é feito em nome do mandante. 3 A CORRETAGEM NO NOVO CÓDIGO CIVIL Os contratos de corretagem eram regidos pelo Código Civil, de 1916, hoje substituído pelo Código Civil (CC) de 2002, contratos inominados, contratos não disciplinados, especificamente, no nosso direito. Hoje, são contratos disciplinados pelo Código Civil e, portanto, contratos nominados, especificamente regrados pela lei. Com base no capítulo anterior, salienta também Arthur Rios (2006) que existem cinco contratos de trabalho (corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho). O contrato de corretagem é um deles, que visa aproximar as partes para o negócio. Há, porém, uma certa confusão: muitas vezes toma-se um ‘contrato de corretagem’ e ao mesmo tempo uma procuração que é contrato de mandato. São diferentes: ou se faz contrato de corretagem, ou de mandato, que é uma ação ocasional em nome do representante, nos termos do art. 653 do CC. Bem diferente é o contrato de corretagem, conforme o Código Civil de 2002, no art. 722 mencionado anteriormente. A representação e agência é uma ação habitual em nome do representado, nos termos do art. 710 do Código Civil. Na comissão, confunde-se muito corretagem com comissão. Comissão é outro contrato, onde há compra ou venda em nome do próprio comissário, mas por ordem do outro contratante chamado de comitente. Os direitos são do comitente enquanto as obrigações ficam por conta do ‘comissário’. Código Civil, art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, por conta do comitente. Código Civil, art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as partes com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes. Já o contrato de trabalho é uma ação subordinada ao comando do empregador, ou seja, conforme a sua vontade, que assume os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 18 No contrato de corretagem, a obrigação principal e característica do corretor é a aproximação das partes para o negócio. Inicia-se com a aproximação das partes e é o corretor que aproxima as partes para que negociem, e quando elas se ajustam e contratam finalizou-se o contrato de corretagem. O corretor faz juz à remuneração, quando a mediação foi exitosa com a efetivação do contrato. No caso do mandato, é um risco receber um ‘contrato de corretagem’ e um ‘mandato’ paralelamente, ou seja, a procuração, pois são contratos com obrigações diferentes. Na corretagem, agenciar o negócio ou fornecer informações, quer dizer, procurar realizar esses negócios, não tem nada de contrato de agência que é uma promoção de negócios de forma habitual. A corretagem, que é eventual, não é só no aspecto de procurar negócios. A doutrina entende que o corretor pode, também, dar informações e, se essa informação for útil, se concretizar em contrato futuro, os corretores ganham. Além da mediação, existe o contrato de corretagem pelo fornecimento de informações, o que é reconhecido na jurisprudência brasileira. Na intermediação entre o contratante e terceiro, o contratado, que é o corretor, procura aproximar o contratante e terceiros para a negociação pretendida pelo primeiro. NOTA Hoje, o contrato de corretagem tem muita importância. As bolsas de valores funcionam através de corretores, e o corretor tende a ter cada vez mais importância, não se buscando negócios sem se passar pelo técnico de transações, que deve agir com diligência e prudência, prestando ao cliente os esclarecimentos ao seu alcance, pertinentes à segurança e risco do negócio, alterações de valores e o que possa influir para fechamento ou não do contrato. O contrato de corretagem é um misto de prestação de serviço e um mandato. Essa prestação de serviço não pode ter o caráter de continuidade, porque, se houvesse uma grande continuidade, descaracterizaria o ‘contrato de corretagem’ para termos um de agência ou de representação. O contrato de corretagem é bilateral, ambas as partes têm que dispor de alguma coisa do patrimônio. Não é um contrato unilateral, mas, sim, um contrato bilateral oneroso, consensual, além de ser aleatório. Aleatório vem do latim Alea, que significa jogo de azar, cartas, dados, a incerteza da fortuna, a incerteza de ser remunerado ou não. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 19 4 COMPETÊNCIA LEGAL O corretor de imóveis é o profissional que aproxima suas partes em torno de um objetivo comum, que é o imóvel. Assim, podemos definir o seu trabalho, do ponto de vista técnico, como sendo a intermediação imobiliária. Assim, afirmam Raposo e Heine (2004)que, pela clareza e perfeição jurídica que essa expressão possui, procuramos chamar, sempre que possível, o corretor de imóveis como profissional das intermediações imobiliárias. O corretor de imóveis é o único profissional legalmente habilitado para intermediar as transações imobiliárias, nos seus mais variados tipos. A Lei nº 6.530, de 1978, regulamenta a profissão do corretor de imóveis. O exercício da profissão de corretor de imóveis será permitido ao possuidor de título de ‘técnico em transações imobiliárias’, ou àqueles que têm registros no CRECI, nos termos da Lei nº 4.116/62. O Decreto nº 81.871/78, a propósito de regulamentar a Lei nº 6.530/78, afirma: O exercício da profissão de corretor de imóveis em todo o território nacional somente será permitido ao possuidor de títulos de técnicos em transações imobiliárias e ao corretor de imóveis inscrito no ‘Conselho Regional de Corretores de Imóveis’ da jurisdição, pela Lei nº 4.116. Salienta Rios (2006) que, em decorrência, quem não for corretor registrado, parece-nos que não tem o direito de mediar negócios. A jurisprudência brasileira tem sido vacilante em conceder ou não a legitimidade processual para não corretores registrados e que cobram o direito de mediação em negócios pelos mesmos incentivados. Outro aspecto importante a compreender está no fato de que as imobiliárias (pessoas jurídicas) estão sujeitas aos mesmos deveres e obrigações dos Corretores de Imóveis pessoas físicas, devendo, inclusive, estar registradas junto ao CRECI. Sobre o funcionamento das pessoas jurídicas, é extremamente importante observar que o atendimento ao público só poderá ser realizado por corretor de imóveis devidamente habilitado, seja ele sócio ou não da empresa. Uma vez apto a exercer a atividade, o profissional tem vários campos de atuação, devendo orientar-se para aquele segmento que mais se aproxima de seu perfil profissional, sem nunca perder de vista as mutações do mercado, as conveniências e as oportunidades que a atividade está sempre oferecendo. Como prestador de serviços, seus ganhos são decorrentes da tarefa desempenhada, cuja remuneração lhe é garantida por lei, sendo seu campo de trabalho principalmente de: UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 20 compra e venda de imóveis novos e usados; venda de lotes à vista ou em prestações; venda de imóveis rurais; administração de imóveis para locação; assessoria e planejamento de lançamentos de prédios e loteamentos. NOTA Como em toda profissão regulamentada, prevê a lei, para o corretor de imóveis, direitos e obrigações, a cuja subordinação deve ele estar atento, recorrendo a ela quando seus direitos estão sendo violados e respondendo pelos seus atos quando, no cumprimento de seu trabalho, agir em desacordo com as normas legais, prejudicando, por culpa ou dolo, interesses de terceiros, sejam eles clientes, parceiros ou estranhos. É por esses motivos que existem diversas leis que o corretor de imóveis deve obedecer, tanto na esfera cível como na criminal. Exemplificamos a responsabilidade do corretor de imóveis, no exercício de sua profissão, através da transcrição do art. 65 da Lei nº 4.591/64, que trata sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias: Artigo 65. É crime contra a economia popular promover incorporação, fazendo, em proposta, contratos, prospectos ou comunicação ao público ou aos interessados, afirmação falsa sobre a constituição do condomínio, alienação de frações ideais do terreno ou sobre a construção das edificações. Pena – reclusão de 1 a 4 anos e multa de 5 a 50 vezes o maior salário mínimo vigente no país. Parágrafo 1º – Incorrem na mesma pena: I – o incorporador, o corretor e o construtor, individuais, bem como os diretores ou gerentes de empresas coletivas, incorporadora, corretora ou construtora que, em proposta, contrato, publicidade, prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou aos condôminos, candidatos ou subscritores de unidades, fizerem afirmação falsa sobre a constituição do condomínio, alienação de frações ideais ou sobre a construção das incorporações. Conclui-se que a prática da atividade de corretor de imóveis necessita de aprimoramento e de responsabilidade pelos negócios que intermedeia, direta ou indiretamente. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 21 LEITURA COMPLEMENTAR GOLPES NO MERCADO IMOBILIÁRIO Vanessa Paes Barreto Quando o assunto é golpe no mercado imobiliário, a palavra de ordem é precaução. “Os golpes geralmente são aplicados por falsos corretores e todos eles somem após receber qualquer quantia de sinal ou entrada. Por isso, é fundamental ser cauteloso e tomar muito cuidado, pois é praticamente impossível pegar o golpista e, consequentemente, reaver o dinheiro”, alerta o advogado Sérgio Sender, do Rio de Janeiro, especialista em mercado imobiliário. “O mais indicado é procurar um advogado especialista no assunto para acompanhar a negociação e, em primeiro lugar verificar a documentação e a procuração do vendedor no Fórum ou no cartório”, aconselha Sender. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI), de Minas Gerais, registra de 12 a 15 as denúncias diárias de golpes, de acordo com o presidente da entidade, Rubens Ribeiro Batista. “Os consumidores preferem comprar ou alugar imóvel com qualquer um, em vez de pagar 5% do valor da transação a um corretor cadastrado no CRECI. Assim, correm risco e podem perder o dinheiro guardado a vida inteira. O sonho acaba virando pesadelo”, diz Rubens, acrescentando que, quando ocorre algum problema com um corretor habilitado no CRECI, o consumidor tem como se defender. Os golpes mais comuns aplicados no mercado imobiliário e como você pode evitá-los: • Prevenção contra os golpes Qualquer documentação do vendedor deve ser checada cuidadosamente e seu nome deve ser verificado no Fórum. Em caso de o vendedor ter procuração para vender o imóvel, esta deve ser checada no cartório que a emitiu. Confira a identidade do corretor no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) de seu estado, onde há listagem dos corretores. Tenha em mente que, ao comprar um imóvel, nenhum documento é dispensável. Qualquer dúvida em relação à documentação deve ser tirada com um advogado. Como acontece com qualquer outro produto, o consumidor deve desconfiar de ofertas que parecem ter caído do céu. Antes de procurar um imóvel, procure saber seu valor médio no mercado, de acordo com a localização, estado e características. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 22 É essencial que o interessado faça uma cuidadosa vistoria no imóvel. Golpes mais comuns Documentação falsa: o vendedor (proprietário ou corretor) obtém a cópia da escritura no cartório com os dados do verdadeiro dono e falsifica documentos, como a carteira de identidade e CPF. Quem comparece para assinar a nova escritura não é o dono e sim o falso vendedor. • Documentação esquentada: o dono do imóvel está com o nome sujo e promete compra e venda do imóvel para um conhecido que tem ficha limpa e que não abre mão das certidões negativas do dono. Esta pessoa vende o imóvel para terceiros. A venda pode ser anulada se o verdadeiro proprietário for acionado para pagar os débitos. • Quem chegar primeiro leva: o dono vende o imóvel para várias pessoas ao mesmo tempo, aproveitando a mesma documentação. Ao receber o sinal ou até mesmo o valor total dos compradores, desaparece. • Cônjuge sem consentimento: nenhum imóvel de posse de um casal pode ser vendido sem comum acordo. Isso é válido para qualquer regime de casamento, até mesmo absoluta separação de bens. Neste tipo de golpe, o marido ou a mulher vende o imóvel sem consentimento do cônjuge. Apresenta-se procuração falsa e a venda é realizada. A venda pode ser anulada. • Localização errada: a localização de um lote vendido não corresponde ao endereço de registro de imóvel. • Loteamentoque não existe: é a venda de lotes que ficam em áreas inabitáveis. • Golpe da portaria: o falso corretor vê o anúncio no jornal, no qual se avisa que as chaves do apartamento para locação estão na portaria. Ele leva interessados para ver o imóvel, fazendo o papel do corretor, e os convence a pagar uma taxa para reservar o imóvel. Depois de pagar, o interessado não vê mais o “corretor”. Outro caso conhecido que segue a mesma linha: o golpista que se diz corretor na portaria do prédio, sobe ao imóvel, faz um molde de cera com a chave e passa a ter livre acesso. • Viagem do proprietário: Outra história famosa é a que o dono está viajando e, como vai demorar, aceita alugá-lo por um preço bem menor, para não deixá-lo vazio por muito tempo. Esse golpe é realizado através do golpe das chaves na portaria. Como no caso anterior, é praticamente impossível encontrar o “corretor” novamente. Outro golpe também relacionado à viagem do proprietário: o falso corretor oferece o imóvel dizendo que o dono precisa TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 23 viajar com urgência e por isso está querendo um aluguel muito abaixo do de mercado. O golpista diz que o imóvel está fechado ou mostra o de um cúmplice. Basta levar o dinheiro e desaparecer. FONTE: BARRETO, Vanessa Paes. Imobiliária em Barão Geraldo – Ismê Imobiliária. Golpes no mercado imobiliário. Disponível em: <http://isme.zip.net/>. Acesso em: 20 jul. 2008. 24 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você viu que: • O contrato é a maneira pela qual se manifesta um acordo entre duas ou mais pessoas, criando entre elas uma relação jurídica de direito. • Em Direito Imobiliário, convive-se com cinco tipos de contratos: corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho. O contrato dos corretores é um contrato também chamado de mediação, para aproximar as partes para que elas contratem entre si. Mas, dependendo da forma que o negócio está sendo intermediado pelo corretor, mudará o tipo de contrato a ser elaborado e formado entre as partes. • Uma vez apto a exercer a atividade, o corretor de imóveis tem vários campos de atuação, devendo orientar-se para aquele segmento que mais se aproxima de seu perfil profissional, sem nunca perder de vista as mutações do mercado e as conveniências e as oportunidades que a atividade está sempre oferecendo. 25 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem. 1 Leia e complete a seguinte sentença: O contrato é uma forma pela qual se manifesta um ________________entre duas ou mais pessoas, criando entre elas uma __________________________ jurídica de direito. O contrato é um ato pelo qual se criam, modificam, conservam ou extinguem direitos, mediante acordo, ajuste ou convênio entre ___________________________, sejam elas fiscais ou jurídicas. 2 No que se refere aos contratos, alguns termos são de extrema importância, como: a) ( ) Extinção: é o fim da obrigação contratual, seja pelo pagamento, execução, prazo etc. b) ( ) Conclusão: é o ato final ou ultimação de um contrato, após o qual esse é considerado concluído ou ajustado. c) ( ) Implemento: é o cumprimento da obrigação, isto é, o seu pagamento. d) ( ) Resolução: é o término do vínculo contratual pela não execução do compromisso. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 3 Classifique a seguinte sentença: No contrato de comissão, o comissário compra e vende em seu próprio nome, mas a aquisição é para o comitente, que fica oculto. Na comissão, a transação é feita em nome do próprio representante que arca com as obrigações, sendo que no mandato o negócio é feito em nome do mandante. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 4 Classifique a seguinte sentença: Na corretagem, agenciar o negócio ou fornecer informações, quer dizer, procurar realizar esses negócios, tem tudo a ver com contrato de agência que é uma promoção de negócios de forma habitual. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. AUTOATIVIDADE 26 5 Classifique a seguinte sentença: Hoje, o contrato de corretagem tem muita importância. As bolsas de valores funcionam através de corretores, e o corretor tende a ter cada vez mais importância, não se buscando negócios sem se passar pelo técnico de transações, que deve agir com prudência, prestando ao cliente os esclarecimentos ao seu alcance, pertinentes à segurança e risco do negócio. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 27 TÓPICO 3 A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como em todas as atividades profissionais, pela intermediação imobiliária, os corretores de imóveis recebem uma certa quantia de dinheiro, em troca dos serviços prestados. Normalmente, a remuneração é fixada pelos órgãos de classe de sua região, através de legislação específica. Se não houver essa fixação legal, pode ser ajustada entre as partes. Caso nenhuma dessas opções ocorra, será determinada de acordo com a natureza do negócio e os usos e costumes do local em que foi realizada a transação. 2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO Corretar é fazer o ofício de corretor, servindo de intermediário entre as partes, representando ora o vendedor, ora o comprador. NOTA É o profissional que anda, procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem-sucedida ou não, à medida que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o imóvel certo para a pessoa certa. Conforme Raposo e Heine (2004), enquanto ainda não efetivado o negócio, ou seja, enquanto não se der a sua formalização, com sinal de negócio ou pagamento integral, poderá haver a desistência do contrato, que é a renúncia ao negócio, antes de o mesmo ser concretizado, ainda em fase preliminar de pactualização. Nessa hipótese não tem o corretor de imóveis direito à percepção de sua remuneração, pois não se deu a ‘aproximação útil’ entre as partes. 28 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES NOTA Diferentemente, pois, do arrependimento do negócio, em que o mesmo já se realizou e a parte que se arrepende fica sujeita à eventual composição de perdas e danos. Nesse caso, o corretor de imóveis tem direito aos honorários, pois se desincumbiu de seus deveres, tendo havido fatos independentes de sua boa atuação. Ou seja, uma vez conseguido o resultado previsto no contrato de intermediação, o corretor tem direito a receber a remuneração. Se as partes se arrependerem do negócio ainda assim o corretor tem direito à remuneração. Ressaltam Raposo e Heine (2004) que, caso o corretor tenha um contrato de exclusividade sobre o imóvel, terá ele direito à remuneração mesmo que o negócio tenha sido realizado sem a sua intermediação, ou seja, diretamente entre as partes. Porém, se o corretor tem a exclusividade, mas se comportou de forma inerte ou ociosa, ficando comprovada essa inércia ou ociosidade, não terá direito à remuneração. O contrato deverá impor, pois, uma pena para tal ocorrência, desde que não seja uma quebra do princípio do equilíbrio contratual, nem venha trazer, para uma das partes, o proibido ‘enriquecimento ilícito’. A lei prevê os casos chamados fortuitos e de força maior, em que o contratante não tem a menor culpa pela quebra do contrato. Porém, se isso se der por vontade sua, invariavelmente terá de arcar com uma indenização em prol da outra parte, principalmente se houve a fruição do imóvel (o comprador morou no mesmo, dele obtendo vantagem, por algum tempo, acarretando envelhecimento do bem e a correlata depreciação de seu valor). Para esses casos existe a possibilidade do distrato, que é o contrato que desfaz o contrato, podendo, nessa possibilidade, prever-se o pagamento de indenização. Se não houver prazo determinado para o contrato e o negócio se realizar após a dispensa do corretor, mas em virtude de sua mediação anterior, terá ele direito à remuneração. No caso de haver prazo contratual, se o negócio for realizado após esse prazo, mas em função do trabalho docorretor, ele tem direito à remuneração. Havendo conclusão do negócio em que participavam vários corretores, a remuneração será paga em partes iguais para todos, a menos que todos tenham combinado percentuais diferentes. TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 29 3 REMUNERAÇÃO Para as empresas imobiliárias prestadoras de serviços de locação e administração de imóveis, sua remuneração é dada através da “Taxa de Administração”. O Conselho Federal – COFECI, em sua Resolução n. 005/78, art. 1º, letra ‘f’, determina que no contrato padrão para a intermediação imobiliária conste a “remuneração do corretor e forma de pagamento”. Em uma transação com imóveis, são as imobiliárias que recebem a remuneração, ainda que o negócio em si tenha sido conduzido pelo corretor. Somente após receber o total da comissão devida é que a imobiliária faz o repasse da parte correspondente ao corretor. Existem algumas situações de exceções, como nos loteamentos em que o corretor, no ato da venda, já recebe a sua parte, situações que constituem apenas uma pequena parcela dentro do universo da corretagem. 3.1 TABELAS DE COMISSÃO Muitos escritórios ou corretores autônomos utilizam-se de tabelas de comissão. Conforme o inciso IV, artigo 17 da Lei nº 6.530/78, ratificado pelo inciso VIII, do artigo 16 do Decreto nº 81.871/78, compete aos Conselhos Regionais: “homologar, obedecidas a peculiaridades locais, tabelas de preços de serviços de corretagem para uso dos inscritos, elaboradas e aprovadas pelos sindicatos respectivos”. Em suma, será do sindicato e não dos CRECIs a responsabilidade de fixar os percentuais a serem cobrados pelos profissionais, a título de remuneração pelo seu trabalho. Os conselhos apenas homologam essas tabelas. Conforme Resende (2001), ao Sindicato dos Corretores cabe a incumbência de elaborar a tabela para a classe, e ao Sindicato das Imobiliárias, que representa a categoria das empresas, pessoa jurídica, a mesma providência para determinar a remuneração dos serviços prestados. Independentemente de serem filiados ou não, a tabela é o norteador a que todos deverão estar atentos, sendo ela utilizada conforme as particularidades de cada região, e sendo utilizada como um referencial nas questões controvertidas sobre a cobrança de comissão. De uma maneira geral, a comissão da intermediação imobiliária é paga pelo proprietário do imóvel, sendo obrigatório, ao se preencher a “opção de venda”, a estipulação da remuneração do corretor e a forma de pagamento. Na visão de Raposo e Heine (2004), os tipos de remuneração podem ser: 30 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES a) Comissão ou honorários: Antes de mais nada, precisamos nos acostumar a mencionar corretamente o nome da remuneração do Corretor de Imóveis. Como profissional liberal que é, o Corretor de Imóveis não deve chamar a sua remuneração de comissão, mas, sim, de HONORÁRIOS. NOTA Isso pode até parecer algo sem grande importância, mas, se analisarmos bem, perceberemos que o termo comissão é aplicado para qualquer vendedor, enquanto honorário é o que se aplica apenas aos profissionais liberais. b) Fixação dos honorários: O mais importante na determinação dos honorários do corretor de imóveis é a exata configuração de sua fonte geradora, que é a transmissão da propriedade (compra, venda e permuta) ou da posse (locação) de um bem imóvel. Assim, a remuneração do corretor deve constar do contrato assinado com o seu cliente, tomando-se por base, para isso, o valor fixado em legislação especifica. Caso não exista essa previsão legal, o valor será baseado no tipo de negócio realizado e nos usos locais. A remuneração deverá ser paga quando tiver sido alcançado o resultado previsto no contrato. No caso de arrependimento de qualquer das partes, ainda assim a remuneração é devida. Note-se que, para caracterizar o arrependimento, não basta a simples palavra de que o negócio não será realizado. Um sinal (arras) já caracteriza a intenção do negócio. NOTA Em linha geral, os honorários do corretor de imóveis sempre estão fixados na tabela divulgada pelos órgãos de classe da região. Portanto, é fundamental procurar o CRECI ou o sindicato local para obtenção de uma cópia da mesma. Como o trabalho do corretor de imóveis abrange diversos tipos de modalidades, não há um valor único. Assim, cada tipo de intermediação deve ser analisado individualmente. TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 31 c) Venda: Nesse caso, o corretor deve seguir, rigorosamente, o percentual fixado na Tabela de Honorários de sua região, sendo ele aplicado sob o total do valor do negócio, mesmo que a venda seja financiada. d) Permuta: Na permuta, devem ser obedecidos os mesmos critérios estabelecidos para a venda, sendo que, ao corretor, é permitido receber honorários referentes aos dois imóveis transacionados, pois, na verdade, dois bens imóveis tiveram a sua propriedade alterada, isso para o caso de permuta total (um imóvel pelo outro). Quando o bem entra apenas como parte de pagamento, o critério muda, uma vez que nesse caso o imóvel está valendo como moeda para o comprador. Logo, os honorários só podem ser calculados sobre o imóvel que deu origem ao negócio. Obviamente, o de maior valor. e) Honorários do corretor de imóveis nas locações: A Lei nº 8.245/91 determina claramente que quem deve pagar as despesas de intermediação na locação é o proprietário do imóvel (locador) e não o inquilino (locatário), como se faz normalmente. Destacam Raposo e Heine (2004) que, na locação, o corretor pode cobrar, sempre do locador (proprietário do imóvel), o valor correspondente a um aluguel, sem prejuízo dos valores relativos à administração imobiliária, que é um outro tipo de serviço. O corretor de imóveis pode trabalhar com a locação de dois modos: na simples intermediação (encontrar um locatário) ou na administração. Apesar de essas situações poderem ser aplicadas simultaneamente, devemos entender que são dois trabalhos diferentes. No primeiro, a missão do corretor é encontrar um locatário, enquanto no segundo sua tarefa é administrar a locação. De acordo com Bueno (1996), nada impede que o corretor de imóveis trabalhe apenas em uma das fases, seja ela qual for. Exatamente por isso, ou seja, por serem duas atividades distintas, pode o corretor de imóveis cobrar dois tipos de honorários, que são: pela intermediação na locação: para encontrar um locatário pode-se cobrar, do locador, o valor correspondente a um aluguel mensal, sem prejuízo da cobrança dos honorários devidos pela administração; 32 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES para administração de imóveis: um percentual, cobrado do locador, de até 12% do valor dos recebimentos mensais, salvo no caso de aluguel garantido por todo o período da locação, quando este valor pode ser maior. Apesar disso, existem casos em que o corretor de imóveis cobra por outras tarefas na locação, a exemplo da elaboração do contrato, porém, como se trata de assunto sem grande embasamento legal, entendemos que o corretor deve cobrar apenas com base no que foi explicado anteriormente. Bueno (1996) destaca ainda que, em muitas cidades do Brasil, o mercado imobiliário aplica, quase que como regra, a cobrança do primeiro aluguel do inquilino. No entanto, não há como se questionar tal fato, pois a Lei nº 8.245 é muito clara neste sentido - quem paga as despesas de intermediação é o locador. f) Administração de imóveis: Para esse caso, administração de imóveis, o corretor pode cobrar, do locador um percentual de até 12% dos valores recebidos mensalmente, salvo no caso de aluguel garantido por toda a locação, quando, então, pode ser cobrado um percentual maior do que esse, desde que devidamente ajustado com o dono do imóvel. g) Avaliação de imóveis: Esse serviço somente dever ser cobrado quando realizado isoladamente de uma operação de venda, respeitando-se, para isso, o que determinar atabela de honorários da região. O quadro a seguir apresenta um modelo de tabela de honorários utilizada pelos corretores do Estado de São Paulo. QUADRO 1 – TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA O SCIESP – Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo possui uma tabela que é usada como referência para a cobrança dos serviços prestados pelas empresas corretoras de imóveis. CRECI - 2ª Região. TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA. 1º - O corretor de imóveis deve contratar por escrito a corretagem imobiliária sem a qual não poderá anunciar publicamente o imóvel. Recomenda-se que esta contratação seja prévia e com exclusividade. 2º - Os documentos necessários para realização do negócio imobiliário serão de responsabilidade do vendedor e do comprador, sendo por eles fornecidos, O SCIESP – Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo possui uma tabela que é usada como referência para a cobrança dos serviços prestados pelas empresas corretoras de imóveis. CRECI - 2ª Região. TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA. 1º - O corretor de imóveis deve contratar por escrito a corretagem imobiliária sem a qual não poderá anunciar publicamente o imóvel. Recomenda-se que esta contratação seja prévia e com exclusividade. 2º - Os documentos necessários para realização do negócio imobiliário serão de responsabilidade do vendedor e do comprador, sendo por eles fornecidos, TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 33 QUADRO 1 – TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA no que lhes couberem. Caso seja solicitada ao corretor de imóveis a obtenção dos documentos necessários à transação, deverá ele ser reembolsado pelos respectivos gastos e remunerado pelos serviços prestados. 3º - Os convênios fi rmados para venda de imóveis adjudicados ou não, fi rmados com instituições que representem os corretores de imóveis, visando a participação de seus inscritos, poderão estabelecer percentuais diversos dos constantes desta Tabela. VENDA 1) Imóveis urbanos....................................................................6% a 8% 2) Imóveis rurais.......................................................................6% a 10% 3) Imóveis industriais................................................................6% a 8% 4) Venda judicial........................................................................5% Nota 1: Nas permutas, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sob o valor de venda de cada imóvel. Nota 2: Quando a transação envolver diversos imóveis, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sobre o valor de venda de cada um dos imóveis. Nota 3: Nos casos de vendas com transferência de financiamento, a remuneração será devida sobre o total da transação realizada. LOCAÇÃO De qualquer espécie e sempre por conta do locador..................Equivalente ao valor de 1(um) aluguel ADMINISTRAÇÃO DE BENS IMÓVEIS Sobre o aluguel recebido.......................................................8% a 10% EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Venda de empreendimentos imobiliários.................................4% a 6% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral no que lhes couberem. Caso seja solicitada ao corretor de imóveis a obtenção dos documentos necessários à transação, deverá ele ser reembolsado pelos respectivos gastos e remunerado pelos serviços prestados. 3º - Os convênios fi rmados para venda de imóveis adjudicados ou não, fi rmados com instituições que representem os corretores de imóveis, visando a participação de seus inscritos, poderão estabelecer percentuais diversos dos constantes desta Tabela. VENDA 1) Imóveis urbanos....................................................................6% a 8% 2) Imóveis rurais.......................................................................6% a 10% 3) Imóveis industriais................................................................6% a 8% 4) Venda judicial........................................................................5% Nota 1: Nas permutas, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sob o valor de venda de cada imóvel. Nota 2: Quando a transação envolver diversos imóveis, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sobre o valor de venda de cada um dos imóveis. Nota 3: Nos casos de vendas com transferência de financiamento, a remuneração será devida sobre o total da transação realizada. LOCAÇÃO De qualquer espécie e sempre por conta do locador..................Equivalente ao valor de 1(um) aluguel ADMINISTRAÇÃO DE BENS IMÓVEIS Sobre o aluguel recebido.......................................................8% a 10% EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Venda de empreendimentos imobiliários.................................4% a 6% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral 34 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES LOTEAMENTOS 1) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (urbanas), já aprovadas e registradas...........................................................................6% a 8% 2) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (rurais), já aprovadas e registradas............................................................................6% a 10% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral, bem como a administração. ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS Sobre o arrecadado pelo condomínio mensalmente...................5% a 10% COMPRA Autorização expressa da procura de imóveis..............................6% a 8% ATIVOS IMOBILIÁRIOS Intermediações de Fundos Imobiliários, cotas de consórcio imobiliário, certifi cados de recebíveis do SFI e outros........................................................................................4% a 6% PARECERES 1) Parecer por escrito quanto à comercialização de imóvel. Sobre o valor apresentado, mínimo............................................................................................1% 2) Parecer verbal quanto às operações imobiliárias. A partir do valor de 1(uma) anuidade vigente do CRECI 2ª Região. A presente tabela deverá ser acatada pelos Corretores de Imóveis, dentro dos percentuais acima estabelecidos, tal como determina o Código de Ética. LOTEAMENTOS 1) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (urbanas), já aprovadas e registradas...........................................................................6% a 8% 2) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (rurais), já aprovadas e registradas............................................................................6% a 10% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral, bem como a administração. ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS Sobre o arrecadado pelo condomínio mensalmente...................5% a 10% COMPRA Autorização expressa da procura de imóveis..............................6% a 8% ATIVOS IMOBILIÁRIOS Intermediações de Fundos Imobiliários, cotas de consórcio imobiliário, certifi cados de recebíveis do SFI e outros........................................................................................4% a 6% PARECERES 1) Parecer por escrito quanto à comercialização de imóvel. Sobre o valor apresentado, mínimo............................................................................................1% 2) Parecer verbal quanto às operações imobiliárias. A partir do valor de 1(uma) anuidade vigente do CRECI 2ª Região. A presente tabela deverá ser acatada pelos Corretores de Imóveis, dentro dos percentuais acima estabelecidos, tal como determina o Código de Ética. A presente tabela deverá ser acatada
Compartilhar