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2009 Operações ImObIlIárIas Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares Copyright © UNIASSELVI 2009 Elaboração: Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 333.33 G244c Gartner, Roberto. Caderno de estudos : operações imobiliárias / Roberto Gartner [e] Daniel Alves Soares, Centro Universitário Leonardo da Vinci. – Indaial : UNIASSELVI, 2009. x ; 126 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-149-1 1. Mercado imobiliário. 2. Operações imobiliárias – Contratos. 3. Corretor de imóveis – Profissão. I. Soares, Daniel Alves. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Núcleo de Ensino a Distância. III. Título. III apresentaçãO Prezados(as) acadêmicos e acadêmicas! Como em todos os setores da economia, a cada dia que passa, vemos uma maior competitividade entre os profissionais que atuam nas intermediações imobiliárias, levando o cliente a escolher o profissional melhor preparado. Neste sentido, a busca por todo o tipo de informação fornece melhores subsídios para a avaliação de imóveis e para desenvolvimento de um trabalho de qualidade. Com isso, o corretor passa a agir como um consultor, assessorando o cliente em todas as fases da comercialização do imóvel, auxiliando-o no fechamento do negócio. Como na maioria dos casos, o sonho da casa própria acontece depois de uma vida inteira, estando nas mãos do corretor a escolha de como seu cliente irá aplicar o dinheiro juntado quase que uma vida inteira. Por isso, a importância de seu constante aperfeiçoamento e da fiscalização rigorosa do CRECI e COFECI para manter no mercado somente profissionais registrados, além da fiscalização, que deve acontecer por iniciativa dos próprios corretores de imóveis, visando garantir uma conduta ética e profissionais sérios em sua categoria. Esta apostila tem o intuito de apresentar as principais atividades das intermediações imobiliárias, além dos órgãos da classe, os princípios éticos e a legislação que rege as transações imobiliárias. Prof. Roberto Gartner Prof. Daniel Alves Soares IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES ........................................ 1 TÓPICO 1 – O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS ......................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 O CORRETOR DE IMÓVEIS ............................................................................................................. 3 3 HISTÓRICO DA PROFISSÃO .......................................................................................................... 4 4 ESPÉCIES DE CORRETORES ............................................................................................................ 8 5 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO ........................................................................................ 8 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 9 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 11 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 – OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA ........................................... 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15 2 TIPOS DE CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA .................................................. 15 3 A CORRETAGEM NO NOVO CÓDIGO CIVIL ............................................................................ 17 4 COMPETÊNCIA LEGAL ..................................................................................................................... 19 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 21 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25 TÓPICO 3 – A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS ............................................... 27 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27 2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ....................................................................................................... 27 3 REMUNERAÇÃO ................................................................................................................................. 29 3.1 TABELAS DE COMISSÃO ............................................................................................................. 29 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 35 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 UNIDADE 2 – A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS ................................ 43 TÓPICO 1 – SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS ..................................................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45 2 SIGILO PROFISSIONAL .................................................................................................................... 45 3 IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL E OBRIGAÇÕES CLASSISTAS...................................... 47 4 RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL ......................................................................................... 47 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 48 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52 TÓPICO 2 – O CÓDIGO DE ÉTICA .................................................................................................... 55 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 55 sumárIO VIII 2 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL ........................................................................................ 55 3 ÉTICA, OBRIGAÇÕES GERAIS E VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL .................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62 TÓPICO 3 – ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES ................................... 65 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65 2 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES E FISCALIZADORES DA PROFISSÃO ....................... 66 3 COFECI ................................................................................................................................................... 66 4 CRECI ...................................................................................................................................................... 68 5 ÓRGÃOS DE CLASSE ......................................................................................................................... 71 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75 UNIDADE 3 – A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS ........................................................................................................................ 77 TÓPICO 1 – A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA ......................................................................... 79 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79 2 A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA ............................................................................................. 79 3 CONHECIMENTO PRÉVIO DO NEGÓCIO ................................................................................. 81 4 CONTRATO DE INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA .................................................................. 82 5 DOCUMENTAÇÃO E CERTIDÕES ................................................................................................. 87 6 CERTIDÕES ........................................................................................................................................... 88 7 REGISTRO DE IMÓVEIS ................................................................................................................... 90 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 92 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 95 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96 TÓPICO 2 – ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS .................................... 99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS................................ 99 3 COMPRA ................................................................................................................................................ 100 4 VENDA ................................................................................................................................................... 104 5 LOCAÇÃO ............................................................................................................................................. 104 5.1 DIREITO DE PREFERÊNCIA ........................................................................................................ 107 5.2 BENFEITORIAS ............................................................................................................................... 108 6 TROCA OU PERMUTA ....................................................................................................................... 109 7 ARRENDAMENTO .............................................................................................................................. 109 8 ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................. 109 9 AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS................................................................................................................ 110 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 112 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 115 TÓPICO 3 – ATUAÇÃO NA PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS ................................ 117 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 117 2 ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS ............................................................................. 117 3 CONSTITUIÇÃO DE UMA IMOBILIÁRIA ................................................................................... 118 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 120 IX RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 125 X 1 UNIDADE 1 O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto a: • conhecer e adotar as questões relativas às atribuições do corretor de imó- veis; • identificar as necessidades e medidas adotadas pelo profissional desta área; • possibilitar o reconhecimento de suas atividades e responsabilidades. Esta unidade está dividida emtrês tópicos, no final de cada um deles você encontrará atividades que o ajudarão a fixar os conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS TÓPICO 2 – OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA TÒPICO 3 – A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 1 INTRODUÇÃO O corretor de imóveis é o profissional que, havendo satisfeito todas às exigências legais, encontra-se apto a agenciar negócios para terceiros, intervindo na aproximação de partes interessadas em transações imobiliárias, procurando eliminar os pontos divergentes e diminuindo as distâncias até a otimização do negócio, que é o seu fechamento. Como qualquer outra profissão regulamentada, aquele que não atende às exigências de seu conselho ou nele não estiver inscrito, não poderá desenvolver as atividades privativas da profissão. Neste sentido, a lei é clara. Respondem civil e criminalmente todos aqueles que cometem atos ilícitos no desempenho profissional ou que exerçam a profissão sem estarem regularmente inscritos. Com o advento dos cursos de nível superior nas áreas das Ciências e Gestão de Negócios Imobiliários, o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) admitiu também a inscrição nos CRECIs dos formandos que se diplomarem nessa graduação. Mas, o que é afinal um corretor de imóveis? Quais as atividades que desempenha? Como surgiu esta profissão? 2 O CORRETOR DE IMÓVEIS Para Raposo e Heine (2004), o corretor de imóveis exerce a intermediação na compra, venda, permuta e locação, assim como atua na administração de imóveis em geral, podendo figurar nas incorporações e loteamentos e, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária. Este profissional procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem ou mal sucedida na medida em que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o produto, quase sempre um imóvel, certo para a pessoa certa. O corretor é, assim, um promotor de transações comerciais. A mais comum dessas transações é a imobiliária. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 4 A transação imobiliária é uma modalidade de trabalho de exploração econômica. Assim, deve ser desempenhada de forma tal que todas as partes envolvidas tenham um tratamento igualitário e coerente com os princípios básicos de qualquer profissional que prima pela melhor forma de desenvolver o seu trabalho. O corretor de imóveis, como profissional liberal, pode exercer sua atividade como autônomo, inclusive como pessoa jurídica. Conforme Macedo et al. (1990), o corretor de imóveis é o profissional especializado e habilitado que, com absoluta imparcialidade, honestidade e lealdade aos padrões de ética, atua como mediador na transação imobiliária, aproximando as partes interessadas para a concretização do negócio. Na realização do seu trabalho, ele informa os interessados das vantagens e condições do mercado, promovendo, com segurança, o acordo de vontades para a celebração do contrato. 3 HISTÓRICO DA PROFISSÃO Desde a Antiguidade, já se percebiam nos homens as ações de negociação e de questões relativas à propriedade, o que foi tomando maior expressão e importância com a formação de novas nações, principalmente na Europa Ocidental e com o surgimento dos novos países da América. Conforme Resende (2001), as grandes navegações, a partir do século XV, ocasionaram modificações substanciais no comércio marítimo e na economia mundial, deslocando o centro comercial das grandes cidades italianas do Mediterrâneo, principalmente Veneza, Florença e Gênova, para as cidades banhadas pelo Atlântico. Assim, franceses, ingleses, holandeses, espanhóis e portugueses travaram uma guerra na disputa pelo domínio do comércio mundial e ainda pelo descobrimento dos tesouros encontrados na América, cujos metais preciosos eram levados para toda a Europa, notadamente para a Espanha e para Portugal. Já no Brasil, após seu “descobrimento” e dos ciclos do café e da cana-de- açúcar, o país encontrava-se em uma situação de exportador de produtos agrícolas e importador de manufaturados, surgindo também numerosas casas bancárias, companhias de seguro, indústrias, empresas de transporte, aumentando o número de profissionais liberais. Conforme dados do COFECI (2008), a vinda família real portuguesa deslocou definitivamente o eixo da vida administrativa da colônia para o Rio de Janeiro, mudando também a fisionomia da cidade. Basta dizer que, durante o período de permanência de Dom João VI no Brasil, o número de habitantes da capital dobrou de cerca de cinquenta mil a cem mil pessoas. A presença da corte implicava uma alteração do acanhado cenário urbano da Colônia. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 5 As cidades começaram a tomar uma forma mais urbana, com infraestrutura. Com o seu crescimento, começou a nascer uma nova profissão, a de agente de negócios imobiliários. No início, eram comerciantes locais que passaram a ter seus rendimentos aumentados com a intermediação imobiliária, ou então leiloeiros, que se especializaram neste ramo com o potencial do mercado imobiliário. Resende (2001) afirma que foi neste cenário que aparecem os primeiros agentes de negócios imobiliários, denominação que se dava àqueles que exerciam a atividade de descobrir os proprietários dos terrenos que poderiam ser vendidos aos novos negociantes e aos emigrantes que aqui chegavam, necessitando de moradia. Assim, verifica-se já no Brasil Colônia a figura do corretor de imóveis, sem qualquer tipo de normatização, sem princípios ou leis de proteção ao seu trabalho. A limitação dos meios de comunicação e a dificuldade pela descoberta de novas oportunidades de negócios geraram um movimento de troca de informações pessoais entre os agentes imobiliários. Eles, diariamente, encontravam-se nos cafés de esquina e outros pontos movimentados das cidades maiores para procurar e oferecer imóveis para seus clientes. Os anúncios de jornal, comprovando a comercialização de imóveis, surgiram a partir de 1821, junto com a introdução da imprensa no país. O Sentinela e O Tamoio, no Rio de Janeiro, foram os primeiros jornais publicados no Brasil, e neles já eram publicados anúncios de imóveis. Conforme dados do COFECI (2008), o jornal Diário do Rio de Janeiro, o periódico mais antigo nos arquivos da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, publicado no dia 2 de junho de 1821, já continha um anúncio imobiliário. Na edição seguinte (04/06/1821), constata-se a presença de um intermediário, Venâncio José Lisboa, que havia recebido “poderes” do dono do imóvel para vendê-lo. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 6 FONTE: Diário do Rio de Janeiro de 04 jun. 1821 apud COFECI (2008) FIGURA 1 – DIARIO DO RIO DE JANEIRO – 1821 Na sessão de classificados do Diário do Rio de Janeiro, bem como em outros periódicos posteriores, eram anunciadas diversas coisas, desde a perda de escravos, a venda de tecidos, esporas, secos e molhados até produtos medicinais. No dia 06 de junho de 1821, foram publicados os primeiros anúncios de aluguel, um deles era feito por uma loja de louças, marcando a presença dos comerciantes no mercado imobiliário. (COFECI, 2008). O primeiro Sindicato dos Corretores de Imóveis somente surgiu em 1927, no Rio de Janeiro, devido ao aumento de profissionais que ingressavam nesta profissão e a necessidade de regulamentação da profissão. Por décadas, a profissão era avaliada como sem importância, de modo que qualquer um podia exercê-la, já que pertencer ao sindicato era uma vantagem, mas não uma obrigatoriedade. NOTA O elevado número de profissionais corretores de imóveis fez, em 27 de agosto de 1962, surgir a Lei nº 4.116, dispondo sobre a regulamentação do exercício da Profissão de Corretor de Imóveis. Para Raposo e Heine (2004), a profissão de Corretor de Imóveis foi regulamentada no Brasil através da Lei nº. 4.116,de 27 de agosto de 1962. Essa data é tão importante que até hoje é festejada pela categoria como sendo o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 7 Contudo, a trajetória da profissão de Corretor de Imóveis não foi nada fácil. Quando ela parecia ter alcançado o patamar de uma atividade devidamente regulamentada juridicamente, outras categorias, preocupadas com esse crescimento, uniram-se e conseguiram a anulação da Lei nº 4.116/62. Com isso, os corretores voltaram à mera condição de vendedores de imóveis, deixando, assim, de serem vistos como integrantes de uma profissão, e regredindo ao nível de apenas executores de uma atividade. Entretanto, por conter algumas falhas, tornou-se incapaz de atender à expansão e às novas características impostas pela atividade cada vez mais dinâmica, sendo, com isso, revogada em 1978, pela Lei nº 6.530, que, devidamente regulamentada pelo Decreto nº. 81.871/78, encontra-se em vigor até hoje. A Lei nº 6.530/78, ao revogar a anterior, manteve os direitos dos corretores, conforme preceitua o art. 23 do novo dispositivo legal: “Art. 23. Fica assegurado aos Corretores de Imóveis, inscritos nos termos da Lei nº 4.116/62, de 27 de agosto de 1962, o exercício da profissão, desde que o requeiram conforme o que for estabelecido na regulamentação desta Lei.” Salientam Raposo e Heine (2004) que, em 1978, essa situação foi definitivamente resolvida, pois graças à união da categoria foi conseguida a edição da Lei nº 6.530, de 12 de maio daquele ano, que revalidou o exercício da profissão de corretor de imóveis em todo o Brasil. Para assegurar os direitos dos corretores de imóveis, justifica-se pelo teor de seu art. 2º, que restringe o exercício da profissão quando diz: Art. 2º. O exercício da profissão de corretores de imóveis será permitido ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias. Assim, a profissão de corretor de imóveis é regida atualmente através da mencionada Lei nº. 6.530/78, que foi regulamentada pelo Decreto nº 87.871, de 29 de junho de 1978, sendo essa, portanto, a legislação que rege os preceitos básicos da intermediação imobiliária em nosso país. Fez-se a divisão do país em regiões subordinadas aos conselhos regionais, que, por sua vez, se reportam ao Conselho Federal – COFECI, o órgão maior da categoria, do qual emanam todas as decisões, portarias e resoluções, cuja representatividade é composta por dois conselheiros de cada regional, o que será observado em capítulos mais adiante. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 8 4 ESPÉCIES DE CORRETORES Da mesma forma como ocorreu em outros países, no Brasil, a atividade de intermediar negócios teve diversos segmentos, fazendo com que o vocábulo corretor fosse sempre acompanhado de um qualificativo para designar a sua verdadeira função, como, por exemplo, corretor de seguros, corretor da bolsa de valores, corretor de navios, corretor de imóveis entre outros. Os corretores podem ser classificados em duas grandes divisões: Corretores oficiais: são aqueles profissionais que, para o exercício de determinada atividade prevista em lei, são investidos de fé pública própria do seu oficio, tais como: os corretores de fundos públicos (Lei nº 4.728/65); corretores de mercadorias (Decreto-Lei nº 806, de 1851, art. 26); corretores de câmbio (operações de câmbio, Lei nº 5.601/70); corretores de seguro (Lei nº 5.594/64). Corretores livres: são aqueles profissionais que atuam como intermediários, em negócios próprios, na comercialização de coisas móveis, imóveis, bens ou serviços, promovendo a aproximação das partes e tendo direito à remuneração pelo trabalho prestado. Algumas dessas atividades de corretagem ainda não possuem legislação específica e, por isso, qualquer pessoa, desde que tenha capacidade jurídica, pode praticar o serviço. Podem ser citados como exemplo os corretores de automóveis, os agentes literários, de espetáculos públicos. 5 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO A legitimidade para o exercício da profissão de corretor de imóveis está amparada na Lei nº 6.530/78 e regulamentada pelo Decreto nº 81.871/78 já há mais de vinte anos. Após a regulamentação da profissão e o surgimento de órgãos de fiscalização, a atividade de corretagem já havia se espalhado por todo o país de forma artesanal, devido ao crescimento das áreas urbanas e da necessidade de profissionais para intermediar as transações de compra, venda, permuta, aluguéis, entre outros. Destaca Resende (2001) que a profissão de corretor de imóveis é uma atividade regulada por lei, e somente poderão exercê-la aquelas pessoas que estiverem habilitadas para tal, sejam elas físicas ou jurídicas, obedecendo, cada uma, a normas específicas, não só da referida lei e seu regulamento, mas também das resoluções e portarias emanadas do COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis), seu órgão maior, com sede em Brasília, e jurisdição em todo o território nacional. TÓPICO 1 | O PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 9 MARKETING IMOBILIÁRIO: CONHEÇA AS ESTRATÉGIAS DA PLANTA À COBERTURA Thiago Terra O setor imobiliário vem crescendo junto com o crédito disponível para os brasileiros. Tijolo por tijolo, parcela por parcela, os consumidores caminham juntos com as construtoras e já planejam e executam o projeto de aquisição do imóvel próprio com cada vez mais frequência. É verdade que o boom imobiliário que o país vive tem uma grande parcela de responsabilidade pelo aumento da demanda. O resto é com o marketing mesmo. Com tantas ofertas, como fazer o inquilino optar pelo financiamento de uma ou outra construtora? Com ou sem argamassa, o marketing das empresas precisa construir um relacionamento forte e confiável para fazer com que o consumidor encaixe a chave na maçaneta do prédio que ela construiu. Seja na planta ou na apresentação do apartamento – ou casa -, o que o cliente quer é se encantar com a proposta. E esta proposta não se baseia em letras espalhadas por papéis oficiais de um contrato, mas sim pelo que o empreendimento oferece para ele e sua família. Mudança nas estratégias Com vinte anos neste mercado, a Eugênio Marketing Imobiliário apostou na profissionalização do marketing neste setor. “As empresas eram menores e todas as questões de marketing eram resolvidas em segundo plano”, conta Carlos Valladão, Presidente da empresa do Grupo Eugênio. Para outros executivos do setor, o cenário não mostra tantas mudanças nas estratégias de marketing. De acordo com Paulo Pôrto, Diretor de marketing e Vendas do grupo Klabin Segall, a maioria das empresas ainda oferece o mesmo conceito: casa, família, sorrisos e imagens. “Como um todo não mudou muito, mas a Klabin Segall adotou o sonho, o intangível do negócio como estratégia, já que o imóvel é o sonho da vida da maioria das pessoas”, acredita Pôrto. De acordo com ele, o cliente que fica cinco, dez anos sonhando com a casa própria precisa ser comunicado de uma forma lúdica. “Ninguém comunica cerveja dizendo que tem lúpulo ou sementes do oriente médio. Colocam uma mulher bonita para chamar a atenção do consumidor, por exemplo”, compara o Diretor da Klabin Segall. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 10 Diferenciando tijolo de tijolo Partindo do princípio de que o setor imobiliário oferece um produto commodity, é preciso que as empresas busquem a diferenciação da concorrência desde a planta até a cobertura mobiliada do empreendimento. “Confiabilidade e credibilidade são dois grandes chavões deste setor. Partimos do princípio de compromisso com projetos de vida, devido ao tempo que o imóvel estará presente na vida do cliente”, aponta Rafael Rossi, Gerente de Marketing Institucional da Rossi. De acordo com Rossi, vender um produto imobiliário requer responsabilidade porque existe um compromisso com as pessoas, já que elas vão viver naquele lugar. Isto mexe com o emocional do consumidore é um trabalho de relacionamento em longo prazo. A busca pela diferenciação é simples para Paulo Pôrto. Basta que o setor responsável pela comunicação das empresas pare e pense nas estratégias que estão fazendo e nas que virão pela frente. Segundo ele, é preciso que o marketing não fique no lugar comum. “Para se diferenciar é necessário usar o marketing alternativo, o boca a boca, ser diferente, mas com bom custo para o cliente”, avalia Paulo Pôrto, da Klabin Segall. Oferta X demanda Para explicar o que o consumidor leva em consideração na hora de escolher o seu lar, o empresário do setor imobiliário, Donald Trump, definiu em três palavras: localização, localização e localização. Porém, na realidade de diversos brasileiros este não é o principal atributo para a tomada de decisão. Além da localização, é preciso destacar outros itens de um empreendimento. “Precisamos respeitar a inteligência do consumidor e parar com a comunicação “burra” que mostra uma planta, as dependências do prédio, condomínio, entre outros”, alerta Carlos Valladão, da Eugênio Marketing Imobiliário. “Procuramos o encantamento, o conceito do negócio. Procuramos conhecer profundamente o produto que temos e ser agressivo no preço”, completa. Segundo Paulo Pôrto, são poucas as características de um imóvel que decidem a compra, mas existem variáveis muito importantes. “O cliente hoje compra um espaço de convivência para a família, amigos e com o comércio próximo. O espaço dele é primordial”, diz. O Diretor de marketing e Vendas do grupo Klabin Segall mais uma vez cita o setor de bebidas como exemplo. “Todas as marcas de cerveja vendem o produto gelado. Em todos os pontos de venda encontramos cerveja em garrafa e qualquer uma estará gelada e pronta para ser consumida”, conta. FONTE: TERRA, Thiago. Mundo do Marketing. Marketing imobiliário: conheça as estratégias da planta à cobertura. Disponível em: <http://www.mundodomarketing. com.br/materia.asp?codmateria=4543>. Acesso em: 20 jul. 2008. 11 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: O corretor de imóveis é um profissional que procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem ou mal sucedida, na medida em que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o produto, quase sempre um imóvel, certo para a pessoa certa. O corretor é, assim, um promotor de transações comerciais. A mais comum dessas transações é a imobiliária. Encontra-se a figura do corretor de imóveis no Brasil Colônia, sem qualquer tipo de normatização, sem princípios ou leis de proteção ao seu trabalho, que realizava a oferta de seus imóveis para seus clientes nos cafés de esquina e outros pontos movimentados das cidades maiores. Mas, a profissão de corretor de imóveis somente foi regulamentada no Brasil através da Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962. Essa data é tão importante que, até hoje, é festejada pela categoria como sendo o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. Por apresentar algumas falhas, esta lei foi anulada e, atualmente, a categoria é regida pela Lei nº 6.530/78, que foi regulamentada pelo Decreto nº 87.871, de 29 de junho de 1978, sendo essa, portanto, a legislação que rege os preceitos básicos da intermediação imobiliária em nosso país. RESUMO DO TÓPICO 1 12 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: O corretor de imóveis exerce a intermediação na compra, venda, permuta e locação, atuando na administração de imóveis em geral, podendo interagir nas incorporações e loteamentos, e opinar quanto à comercialização imobiliária. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Classifique a seguinte sentença: A transação imobiliária não é uma modalidade de trabalho de exploração econômica, sendo desempenhada de maneira tal que todas as partes envolvidas tenham um tratamento igual e coerente com os princípios de qualquer profissional. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 3 Leia e complete a seguinte sentença: O primeiro Sindicato dos Corretores de Imóveis surgiu no ano de _______________, na cidade de __________________________, devido ao aumento de profissionais que ingressavam nesta profissão e a necessidade de_ _______________________________________________________________ Por muito tempo, a profissão era avaliada como ___________________________ ___________ em que qualquer um podia exercê-la, já que pertencer ao sindicato era uma ______________________, mas não uma __________________________ ___________________________________ . 4 Os corretores podem ser classificados em duas grandes divisões. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA. a) ( ) Corretores oficiais: são os profissionais que, para o exercício de determinada atividade, prevista pela lei, são investidos de fé pública próprias do seu ofício. b) ( ) Corretores livres: são aqueles profissionais que atuam como intermediários, em negócios próprios, na comercialização de coisas móveis, imóveis, bens ou serviços. AUTOATIVIDADE 13 c) ( ) Corretores livres: promovem a aproximação das partes e têm direito à remuneração pelo trabalho realizado. d) ( ) Previsto pela lei, temos os corretores de fundos públicos, corretores de mercadorias, corretores de câmbio e corretores de seguro. e) ( ) Todas as sentenças acima estão corretas. 5 Referente à regulamentação da profissão de corretor de imóveis, assinale a alternativa CORRETA : a) ( ) A legitimidade para o exercício da profissão de corretor de imóveis está amparada pela Lei nº 8.109/83 há mais de quinze anos. b) ( ) Após a regulamentação da profissão e o surgimento de órgãos de fiscalização, a atividade de corretagem ainda não havia decolado devido ao baixo crescimento das áreas urbanas. c) ( ) A profissão de corretor de imóveis é uma atividade que pode ser exercida por qualquer pessoa com o conhecimento da sua atividade. d) ( ) O exercício da profissão de corretor de imóveis se dá através daquelas pessoas que estiverem enquadradas na lei e de seu regulamento, mas também das resoluções e portarias emanadas do COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis). e) ( ) Todas as sentenças acima estão corretas. 14 15 TÓPICO 2 OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Através da Lei nº 10.406, de janeiro de 2002, foi instituído o novo Código Civil, que dedicou um capítulo inteiro à corretagem. São oito artigos exclusivamente sobre o assunto, e esse capítulo se encontra dentro do tópico referente a contratos. Ou seja, trouxe o contrato de corretagem para o mundo jurídico do Código Civil, dando direitos e cobrando obrigações do profissional. Trabalhamos, em Direito Imobiliário, com cinco tipos de contratos: corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho. O contrato dos corretores é chamado de mediação, para aproximar as partes para que elas contratem entre si. Se elas se contratarem, os corretores estão exitosos, felizes e com direito à remuneração; caso contrário, não, pois o contrato de corretagem é aleatório e de sorte para o corretor e para o contratante. Salienta Rios (2006) que o contrato de corretagem é mais do que uma obrigação de fazer. É uma obrigação do fechamento do negócio, ou de conseguir a realização do contrato entre as partes aproximadas. O contratante pode ser vítima do desfazimento do contrato, e ter de pagar a corretagem. É o caso do negócio fechado e acertado posteriormente desfeito. O corretor, caso as partes não contratem, terá gasto o seu tempo e dinheiro sem ser recompensado. Essa é uma característica do contrato aleatório, ou seja, pode ter resultado benéfico ou não para as partes. A remuneração é pelo resultado e não pelo trabalho, destacando-se como um contrato de resultado. 2 TIPOS DE CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA O contrato é a forma pela qual se manifesta um acordo entre duas ou mais pessoas, criandoentre elas uma relação jurídica de direito. Conforme Raposo e Heine (2004), o contrato é o ato pelo qual se criam, modificam, conservam ou extinguem direitos, mediante acordo, ajuste ou convênio entre duas ou mais pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. O contrato, seja na modalidade que for, deve estar dentro da lei e estabelecer um equilíbrio entre as partes. O novo Código Civil, frequentemente, se refere à probidade e à boa-fé, assim como à correção. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 16 Alguns termos são importantes quando se fala em contratos. Assim, Raposo e Heine (2004) mostram as suas definições: Conclusão: é o ato final ou ultimação de um contrato, após o qual esse é considerado concluído ou ajustado. Resolução: é o término do vínculo contratual pela não execução do compromisso. Extinção: é o fim da obrigação contratual, seja pelo pagamento, execução, prazo etc. Implemento: é o cumprimento da obrigação, isto é, o seu pagamento. Suspensão: é a pausa, paralisação do contrato, do pagamento. Os cinco contratos - corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho - possuem diferenças. a) Corretagem: Projeto de Lei nº 634/75, art. 722. Pelo contrato de corretagem de prestação de serviços ou qualquer relação de dependência, uma pessoa não ligada à outra em virtude do mandato, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. b) Mandato: é outro tipo de contrato de ação ocasional ampla e diversificada em nome do representado. Exemplo é o ‘mandato’, contrato representado por uma procuração, cujo advogado recebe poder para defesa judicial do cliente em uma determinada ‘ação’, com poderes amplos e diversificados. c) Representação/agência: tem a diferença de que a ação em nome do representado é habitual. O contrário da ação ocasional do mandato. No caso da agência bancária, há a dependência e subordinação entre o agente e a casa bancária. Projeto de Lei nº 634/75, Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, por conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada. Caracteriza-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. d) Comissão: é o contrato de compra e venda em nome do próprio comissário, seguindo ordens do comitente. e) Contrato de trabalho: é aquele em que existe uma ação subordinada. Comandada pelo patrão para que se faça de uma determinada maneira. É o comando do empregador. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 17 O contrato do corretor é simples, começa promovendo o encontro dos que desejam negociar. Se já existem as partes negociando e é solicitado o corretor para ajudar na negociação, o contrato será de mandato. No contrato de comissão, o comissário compra e vende em seu próprio nome, mas a aquisição é para o comitente, que fica oculto. No mandato, o mandatário fala em nome do mandante. Na comissão, a transação é feita em nome do próprio representante que arca com as obrigações e no mandato o negócio é feito em nome do mandante. 3 A CORRETAGEM NO NOVO CÓDIGO CIVIL Os contratos de corretagem eram regidos pelo Código Civil, de 1916, hoje substituído pelo Código Civil (CC) de 2002, contratos inominados, contratos não disciplinados, especificamente, no nosso direito. Hoje, são contratos disciplinados pelo Código Civil e, portanto, contratos nominados, especificamente regrados pela lei. Com base no capítulo anterior, salienta também Arthur Rios (2006) que existem cinco contratos de trabalho (corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho). O contrato de corretagem é um deles, que visa aproximar as partes para o negócio. Há, porém, uma certa confusão: muitas vezes toma-se um ‘contrato de corretagem’ e ao mesmo tempo uma procuração que é contrato de mandato. São diferentes: ou se faz contrato de corretagem, ou de mandato, que é uma ação ocasional em nome do representante, nos termos do art. 653 do CC. Bem diferente é o contrato de corretagem, conforme o Código Civil de 2002, no art. 722 mencionado anteriormente. A representação e agência é uma ação habitual em nome do representado, nos termos do art. 710 do Código Civil. Na comissão, confunde-se muito corretagem com comissão. Comissão é outro contrato, onde há compra ou venda em nome do próprio comissário, mas por ordem do outro contratante chamado de comitente. Os direitos são do comitente enquanto as obrigações ficam por conta do ‘comissário’. Código Civil, art. 693. O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, por conta do comitente. Código Civil, art. 694. O comissário fica diretamente obrigado para com as partes com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes. Já o contrato de trabalho é uma ação subordinada ao comando do empregador, ou seja, conforme a sua vontade, que assume os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 18 No contrato de corretagem, a obrigação principal e característica do corretor é a aproximação das partes para o negócio. Inicia-se com a aproximação das partes e é o corretor que aproxima as partes para que negociem, e quando elas se ajustam e contratam finalizou-se o contrato de corretagem. O corretor faz juz à remuneração, quando a mediação foi exitosa com a efetivação do contrato. No caso do mandato, é um risco receber um ‘contrato de corretagem’ e um ‘mandato’ paralelamente, ou seja, a procuração, pois são contratos com obrigações diferentes. Na corretagem, agenciar o negócio ou fornecer informações, quer dizer, procurar realizar esses negócios, não tem nada de contrato de agência que é uma promoção de negócios de forma habitual. A corretagem, que é eventual, não é só no aspecto de procurar negócios. A doutrina entende que o corretor pode, também, dar informações e, se essa informação for útil, se concretizar em contrato futuro, os corretores ganham. Além da mediação, existe o contrato de corretagem pelo fornecimento de informações, o que é reconhecido na jurisprudência brasileira. Na intermediação entre o contratante e terceiro, o contratado, que é o corretor, procura aproximar o contratante e terceiros para a negociação pretendida pelo primeiro. NOTA Hoje, o contrato de corretagem tem muita importância. As bolsas de valores funcionam através de corretores, e o corretor tende a ter cada vez mais importância, não se buscando negócios sem se passar pelo técnico de transações, que deve agir com diligência e prudência, prestando ao cliente os esclarecimentos ao seu alcance, pertinentes à segurança e risco do negócio, alterações de valores e o que possa influir para fechamento ou não do contrato. O contrato de corretagem é um misto de prestação de serviço e um mandato. Essa prestação de serviço não pode ter o caráter de continuidade, porque, se houvesse uma grande continuidade, descaracterizaria o ‘contrato de corretagem’ para termos um de agência ou de representação. O contrato de corretagem é bilateral, ambas as partes têm que dispor de alguma coisa do patrimônio. Não é um contrato unilateral, mas, sim, um contrato bilateral oneroso, consensual, além de ser aleatório. Aleatório vem do latim Alea, que significa jogo de azar, cartas, dados, a incerteza da fortuna, a incerteza de ser remunerado ou não. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 19 4 COMPETÊNCIA LEGAL O corretor de imóveis é o profissional que aproxima suas partes em torno de um objetivo comum, que é o imóvel. Assim, podemos definir o seu trabalho, do ponto de vista técnico, como sendo a intermediação imobiliária. Assim, afirmam Raposo e Heine (2004)que, pela clareza e perfeição jurídica que essa expressão possui, procuramos chamar, sempre que possível, o corretor de imóveis como profissional das intermediações imobiliárias. O corretor de imóveis é o único profissional legalmente habilitado para intermediar as transações imobiliárias, nos seus mais variados tipos. A Lei nº 6.530, de 1978, regulamenta a profissão do corretor de imóveis. O exercício da profissão de corretor de imóveis será permitido ao possuidor de título de ‘técnico em transações imobiliárias’, ou àqueles que têm registros no CRECI, nos termos da Lei nº 4.116/62. O Decreto nº 81.871/78, a propósito de regulamentar a Lei nº 6.530/78, afirma: O exercício da profissão de corretor de imóveis em todo o território nacional somente será permitido ao possuidor de títulos de técnicos em transações imobiliárias e ao corretor de imóveis inscrito no ‘Conselho Regional de Corretores de Imóveis’ da jurisdição, pela Lei nº 4.116. Salienta Rios (2006) que, em decorrência, quem não for corretor registrado, parece-nos que não tem o direito de mediar negócios. A jurisprudência brasileira tem sido vacilante em conceder ou não a legitimidade processual para não corretores registrados e que cobram o direito de mediação em negócios pelos mesmos incentivados. Outro aspecto importante a compreender está no fato de que as imobiliárias (pessoas jurídicas) estão sujeitas aos mesmos deveres e obrigações dos Corretores de Imóveis pessoas físicas, devendo, inclusive, estar registradas junto ao CRECI. Sobre o funcionamento das pessoas jurídicas, é extremamente importante observar que o atendimento ao público só poderá ser realizado por corretor de imóveis devidamente habilitado, seja ele sócio ou não da empresa. Uma vez apto a exercer a atividade, o profissional tem vários campos de atuação, devendo orientar-se para aquele segmento que mais se aproxima de seu perfil profissional, sem nunca perder de vista as mutações do mercado, as conveniências e as oportunidades que a atividade está sempre oferecendo. Como prestador de serviços, seus ganhos são decorrentes da tarefa desempenhada, cuja remuneração lhe é garantida por lei, sendo seu campo de trabalho principalmente de: UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 20 compra e venda de imóveis novos e usados; venda de lotes à vista ou em prestações; venda de imóveis rurais; administração de imóveis para locação; assessoria e planejamento de lançamentos de prédios e loteamentos. NOTA Como em toda profissão regulamentada, prevê a lei, para o corretor de imóveis, direitos e obrigações, a cuja subordinação deve ele estar atento, recorrendo a ela quando seus direitos estão sendo violados e respondendo pelos seus atos quando, no cumprimento de seu trabalho, agir em desacordo com as normas legais, prejudicando, por culpa ou dolo, interesses de terceiros, sejam eles clientes, parceiros ou estranhos. É por esses motivos que existem diversas leis que o corretor de imóveis deve obedecer, tanto na esfera cível como na criminal. Exemplificamos a responsabilidade do corretor de imóveis, no exercício de sua profissão, através da transcrição do art. 65 da Lei nº 4.591/64, que trata sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias: Artigo 65. É crime contra a economia popular promover incorporação, fazendo, em proposta, contratos, prospectos ou comunicação ao público ou aos interessados, afirmação falsa sobre a constituição do condomínio, alienação de frações ideais do terreno ou sobre a construção das edificações. Pena – reclusão de 1 a 4 anos e multa de 5 a 50 vezes o maior salário mínimo vigente no país. Parágrafo 1º – Incorrem na mesma pena: I – o incorporador, o corretor e o construtor, individuais, bem como os diretores ou gerentes de empresas coletivas, incorporadora, corretora ou construtora que, em proposta, contrato, publicidade, prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou aos condôminos, candidatos ou subscritores de unidades, fizerem afirmação falsa sobre a constituição do condomínio, alienação de frações ideais ou sobre a construção das incorporações. Conclui-se que a prática da atividade de corretor de imóveis necessita de aprimoramento e de responsabilidade pelos negócios que intermedeia, direta ou indiretamente. TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 21 LEITURA COMPLEMENTAR GOLPES NO MERCADO IMOBILIÁRIO Vanessa Paes Barreto Quando o assunto é golpe no mercado imobiliário, a palavra de ordem é precaução. “Os golpes geralmente são aplicados por falsos corretores e todos eles somem após receber qualquer quantia de sinal ou entrada. Por isso, é fundamental ser cauteloso e tomar muito cuidado, pois é praticamente impossível pegar o golpista e, consequentemente, reaver o dinheiro”, alerta o advogado Sérgio Sender, do Rio de Janeiro, especialista em mercado imobiliário. “O mais indicado é procurar um advogado especialista no assunto para acompanhar a negociação e, em primeiro lugar verificar a documentação e a procuração do vendedor no Fórum ou no cartório”, aconselha Sender. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI), de Minas Gerais, registra de 12 a 15 as denúncias diárias de golpes, de acordo com o presidente da entidade, Rubens Ribeiro Batista. “Os consumidores preferem comprar ou alugar imóvel com qualquer um, em vez de pagar 5% do valor da transação a um corretor cadastrado no CRECI. Assim, correm risco e podem perder o dinheiro guardado a vida inteira. O sonho acaba virando pesadelo”, diz Rubens, acrescentando que, quando ocorre algum problema com um corretor habilitado no CRECI, o consumidor tem como se defender. Os golpes mais comuns aplicados no mercado imobiliário e como você pode evitá-los: • Prevenção contra os golpes Qualquer documentação do vendedor deve ser checada cuidadosamente e seu nome deve ser verificado no Fórum. Em caso de o vendedor ter procuração para vender o imóvel, esta deve ser checada no cartório que a emitiu. Confira a identidade do corretor no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) de seu estado, onde há listagem dos corretores. Tenha em mente que, ao comprar um imóvel, nenhum documento é dispensável. Qualquer dúvida em relação à documentação deve ser tirada com um advogado. Como acontece com qualquer outro produto, o consumidor deve desconfiar de ofertas que parecem ter caído do céu. Antes de procurar um imóvel, procure saber seu valor médio no mercado, de acordo com a localização, estado e características. UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES 22 É essencial que o interessado faça uma cuidadosa vistoria no imóvel. Golpes mais comuns Documentação falsa: o vendedor (proprietário ou corretor) obtém a cópia da escritura no cartório com os dados do verdadeiro dono e falsifica documentos, como a carteira de identidade e CPF. Quem comparece para assinar a nova escritura não é o dono e sim o falso vendedor. • Documentação esquentada: o dono do imóvel está com o nome sujo e promete compra e venda do imóvel para um conhecido que tem ficha limpa e que não abre mão das certidões negativas do dono. Esta pessoa vende o imóvel para terceiros. A venda pode ser anulada se o verdadeiro proprietário for acionado para pagar os débitos. • Quem chegar primeiro leva: o dono vende o imóvel para várias pessoas ao mesmo tempo, aproveitando a mesma documentação. Ao receber o sinal ou até mesmo o valor total dos compradores, desaparece. • Cônjuge sem consentimento: nenhum imóvel de posse de um casal pode ser vendido sem comum acordo. Isso é válido para qualquer regime de casamento, até mesmo absoluta separação de bens. Neste tipo de golpe, o marido ou a mulher vende o imóvel sem consentimento do cônjuge. Apresenta-se procuração falsa e a venda é realizada. A venda pode ser anulada. • Localização errada: a localização de um lote vendido não corresponde ao endereço de registro de imóvel. • Loteamentoque não existe: é a venda de lotes que ficam em áreas inabitáveis. • Golpe da portaria: o falso corretor vê o anúncio no jornal, no qual se avisa que as chaves do apartamento para locação estão na portaria. Ele leva interessados para ver o imóvel, fazendo o papel do corretor, e os convence a pagar uma taxa para reservar o imóvel. Depois de pagar, o interessado não vê mais o “corretor”. Outro caso conhecido que segue a mesma linha: o golpista que se diz corretor na portaria do prédio, sobe ao imóvel, faz um molde de cera com a chave e passa a ter livre acesso. • Viagem do proprietário: Outra história famosa é a que o dono está viajando e, como vai demorar, aceita alugá-lo por um preço bem menor, para não deixá-lo vazio por muito tempo. Esse golpe é realizado através do golpe das chaves na portaria. Como no caso anterior, é praticamente impossível encontrar o “corretor” novamente. Outro golpe também relacionado à viagem do proprietário: o falso corretor oferece o imóvel dizendo que o dono precisa TÓPICO 2 | OS CONTRATOS DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA 23 viajar com urgência e por isso está querendo um aluguel muito abaixo do de mercado. O golpista diz que o imóvel está fechado ou mostra o de um cúmplice. Basta levar o dinheiro e desaparecer. FONTE: BARRETO, Vanessa Paes. Imobiliária em Barão Geraldo – Ismê Imobiliária. Golpes no mercado imobiliário. Disponível em: <http://isme.zip.net/>. Acesso em: 20 jul. 2008. 24 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você viu que: • O contrato é a maneira pela qual se manifesta um acordo entre duas ou mais pessoas, criando entre elas uma relação jurídica de direito. • Em Direito Imobiliário, convive-se com cinco tipos de contratos: corretagem, mandato, representação/agência, comissão, contrato de trabalho. O contrato dos corretores é um contrato também chamado de mediação, para aproximar as partes para que elas contratem entre si. Mas, dependendo da forma que o negócio está sendo intermediado pelo corretor, mudará o tipo de contrato a ser elaborado e formado entre as partes. • Uma vez apto a exercer a atividade, o corretor de imóveis tem vários campos de atuação, devendo orientar-se para aquele segmento que mais se aproxima de seu perfil profissional, sem nunca perder de vista as mutações do mercado e as conveniências e as oportunidades que a atividade está sempre oferecendo. 25 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem. 1 Leia e complete a seguinte sentença: O contrato é uma forma pela qual se manifesta um ________________entre duas ou mais pessoas, criando entre elas uma __________________________ jurídica de direito. O contrato é um ato pelo qual se criam, modificam, conservam ou extinguem direitos, mediante acordo, ajuste ou convênio entre ___________________________, sejam elas fiscais ou jurídicas. 2 No que se refere aos contratos, alguns termos são de extrema importância, como: a) ( ) Extinção: é o fim da obrigação contratual, seja pelo pagamento, execução, prazo etc. b) ( ) Conclusão: é o ato final ou ultimação de um contrato, após o qual esse é considerado concluído ou ajustado. c) ( ) Implemento: é o cumprimento da obrigação, isto é, o seu pagamento. d) ( ) Resolução: é o término do vínculo contratual pela não execução do compromisso. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 3 Classifique a seguinte sentença: No contrato de comissão, o comissário compra e vende em seu próprio nome, mas a aquisição é para o comitente, que fica oculto. Na comissão, a transação é feita em nome do próprio representante que arca com as obrigações, sendo que no mandato o negócio é feito em nome do mandante. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 4 Classifique a seguinte sentença: Na corretagem, agenciar o negócio ou fornecer informações, quer dizer, procurar realizar esses negócios, tem tudo a ver com contrato de agência que é uma promoção de negócios de forma habitual. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. AUTOATIVIDADE 26 5 Classifique a seguinte sentença: Hoje, o contrato de corretagem tem muita importância. As bolsas de valores funcionam através de corretores, e o corretor tende a ter cada vez mais importância, não se buscando negócios sem se passar pelo técnico de transações, que deve agir com prudência, prestando ao cliente os esclarecimentos ao seu alcance, pertinentes à segurança e risco do negócio. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 27 TÓPICO 3 A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como em todas as atividades profissionais, pela intermediação imobiliária, os corretores de imóveis recebem uma certa quantia de dinheiro, em troca dos serviços prestados. Normalmente, a remuneração é fixada pelos órgãos de classe de sua região, através de legislação específica. Se não houver essa fixação legal, pode ser ajustada entre as partes. Caso nenhuma dessas opções ocorra, será determinada de acordo com a natureza do negócio e os usos e costumes do local em que foi realizada a transação. 2 O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO Corretar é fazer o ofício de corretor, servindo de intermediário entre as partes, representando ora o vendedor, ora o comprador. NOTA É o profissional que anda, procura ou agencia negócios imobiliários. A intermediação será bem-sucedida ou não, à medida que o corretor usa de sua capacidade profissional aliada à ética, honestidade e disposição para encontrar o imóvel certo para a pessoa certa. Conforme Raposo e Heine (2004), enquanto ainda não efetivado o negócio, ou seja, enquanto não se der a sua formalização, com sinal de negócio ou pagamento integral, poderá haver a desistência do contrato, que é a renúncia ao negócio, antes de o mesmo ser concretizado, ainda em fase preliminar de pactualização. Nessa hipótese não tem o corretor de imóveis direito à percepção de sua remuneração, pois não se deu a ‘aproximação útil’ entre as partes. 28 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES NOTA Diferentemente, pois, do arrependimento do negócio, em que o mesmo já se realizou e a parte que se arrepende fica sujeita à eventual composição de perdas e danos. Nesse caso, o corretor de imóveis tem direito aos honorários, pois se desincumbiu de seus deveres, tendo havido fatos independentes de sua boa atuação. Ou seja, uma vez conseguido o resultado previsto no contrato de intermediação, o corretor tem direito a receber a remuneração. Se as partes se arrependerem do negócio ainda assim o corretor tem direito à remuneração. Ressaltam Raposo e Heine (2004) que, caso o corretor tenha um contrato de exclusividade sobre o imóvel, terá ele direito à remuneração mesmo que o negócio tenha sido realizado sem a sua intermediação, ou seja, diretamente entre as partes. Porém, se o corretor tem a exclusividade, mas se comportou de forma inerte ou ociosa, ficando comprovada essa inércia ou ociosidade, não terá direito à remuneração. O contrato deverá impor, pois, uma pena para tal ocorrência, desde que não seja uma quebra do princípio do equilíbrio contratual, nem venha trazer, para uma das partes, o proibido ‘enriquecimento ilícito’. A lei prevê os casos chamados fortuitos e de força maior, em que o contratante não tem a menor culpa pela quebra do contrato. Porém, se isso se der por vontade sua, invariavelmente terá de arcar com uma indenização em prol da outra parte, principalmente se houve a fruição do imóvel (o comprador morou no mesmo, dele obtendo vantagem, por algum tempo, acarretando envelhecimento do bem e a correlata depreciação de seu valor). Para esses casos existe a possibilidade do distrato, que é o contrato que desfaz o contrato, podendo, nessa possibilidade, prever-se o pagamento de indenização. Se não houver prazo determinado para o contrato e o negócio se realizar após a dispensa do corretor, mas em virtude de sua mediação anterior, terá ele direito à remuneração. No caso de haver prazo contratual, se o negócio for realizado após esse prazo, mas em função do trabalho docorretor, ele tem direito à remuneração. Havendo conclusão do negócio em que participavam vários corretores, a remuneração será paga em partes iguais para todos, a menos que todos tenham combinado percentuais diferentes. TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 29 3 REMUNERAÇÃO Para as empresas imobiliárias prestadoras de serviços de locação e administração de imóveis, sua remuneração é dada através da “Taxa de Administração”. O Conselho Federal – COFECI, em sua Resolução n. 005/78, art. 1º, letra ‘f’, determina que no contrato padrão para a intermediação imobiliária conste a “remuneração do corretor e forma de pagamento”. Em uma transação com imóveis, são as imobiliárias que recebem a remuneração, ainda que o negócio em si tenha sido conduzido pelo corretor. Somente após receber o total da comissão devida é que a imobiliária faz o repasse da parte correspondente ao corretor. Existem algumas situações de exceções, como nos loteamentos em que o corretor, no ato da venda, já recebe a sua parte, situações que constituem apenas uma pequena parcela dentro do universo da corretagem. 3.1 TABELAS DE COMISSÃO Muitos escritórios ou corretores autônomos utilizam-se de tabelas de comissão. Conforme o inciso IV, artigo 17 da Lei nº 6.530/78, ratificado pelo inciso VIII, do artigo 16 do Decreto nº 81.871/78, compete aos Conselhos Regionais: “homologar, obedecidas a peculiaridades locais, tabelas de preços de serviços de corretagem para uso dos inscritos, elaboradas e aprovadas pelos sindicatos respectivos”. Em suma, será do sindicato e não dos CRECIs a responsabilidade de fixar os percentuais a serem cobrados pelos profissionais, a título de remuneração pelo seu trabalho. Os conselhos apenas homologam essas tabelas. Conforme Resende (2001), ao Sindicato dos Corretores cabe a incumbência de elaborar a tabela para a classe, e ao Sindicato das Imobiliárias, que representa a categoria das empresas, pessoa jurídica, a mesma providência para determinar a remuneração dos serviços prestados. Independentemente de serem filiados ou não, a tabela é o norteador a que todos deverão estar atentos, sendo ela utilizada conforme as particularidades de cada região, e sendo utilizada como um referencial nas questões controvertidas sobre a cobrança de comissão. De uma maneira geral, a comissão da intermediação imobiliária é paga pelo proprietário do imóvel, sendo obrigatório, ao se preencher a “opção de venda”, a estipulação da remuneração do corretor e a forma de pagamento. Na visão de Raposo e Heine (2004), os tipos de remuneração podem ser: 30 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES a) Comissão ou honorários: Antes de mais nada, precisamos nos acostumar a mencionar corretamente o nome da remuneração do Corretor de Imóveis. Como profissional liberal que é, o Corretor de Imóveis não deve chamar a sua remuneração de comissão, mas, sim, de HONORÁRIOS. NOTA Isso pode até parecer algo sem grande importância, mas, se analisarmos bem, perceberemos que o termo comissão é aplicado para qualquer vendedor, enquanto honorário é o que se aplica apenas aos profissionais liberais. b) Fixação dos honorários: O mais importante na determinação dos honorários do corretor de imóveis é a exata configuração de sua fonte geradora, que é a transmissão da propriedade (compra, venda e permuta) ou da posse (locação) de um bem imóvel. Assim, a remuneração do corretor deve constar do contrato assinado com o seu cliente, tomando-se por base, para isso, o valor fixado em legislação especifica. Caso não exista essa previsão legal, o valor será baseado no tipo de negócio realizado e nos usos locais. A remuneração deverá ser paga quando tiver sido alcançado o resultado previsto no contrato. No caso de arrependimento de qualquer das partes, ainda assim a remuneração é devida. Note-se que, para caracterizar o arrependimento, não basta a simples palavra de que o negócio não será realizado. Um sinal (arras) já caracteriza a intenção do negócio. NOTA Em linha geral, os honorários do corretor de imóveis sempre estão fixados na tabela divulgada pelos órgãos de classe da região. Portanto, é fundamental procurar o CRECI ou o sindicato local para obtenção de uma cópia da mesma. Como o trabalho do corretor de imóveis abrange diversos tipos de modalidades, não há um valor único. Assim, cada tipo de intermediação deve ser analisado individualmente. TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 31 c) Venda: Nesse caso, o corretor deve seguir, rigorosamente, o percentual fixado na Tabela de Honorários de sua região, sendo ele aplicado sob o total do valor do negócio, mesmo que a venda seja financiada. d) Permuta: Na permuta, devem ser obedecidos os mesmos critérios estabelecidos para a venda, sendo que, ao corretor, é permitido receber honorários referentes aos dois imóveis transacionados, pois, na verdade, dois bens imóveis tiveram a sua propriedade alterada, isso para o caso de permuta total (um imóvel pelo outro). Quando o bem entra apenas como parte de pagamento, o critério muda, uma vez que nesse caso o imóvel está valendo como moeda para o comprador. Logo, os honorários só podem ser calculados sobre o imóvel que deu origem ao negócio. Obviamente, o de maior valor. e) Honorários do corretor de imóveis nas locações: A Lei nº 8.245/91 determina claramente que quem deve pagar as despesas de intermediação na locação é o proprietário do imóvel (locador) e não o inquilino (locatário), como se faz normalmente. Destacam Raposo e Heine (2004) que, na locação, o corretor pode cobrar, sempre do locador (proprietário do imóvel), o valor correspondente a um aluguel, sem prejuízo dos valores relativos à administração imobiliária, que é um outro tipo de serviço. O corretor de imóveis pode trabalhar com a locação de dois modos: na simples intermediação (encontrar um locatário) ou na administração. Apesar de essas situações poderem ser aplicadas simultaneamente, devemos entender que são dois trabalhos diferentes. No primeiro, a missão do corretor é encontrar um locatário, enquanto no segundo sua tarefa é administrar a locação. De acordo com Bueno (1996), nada impede que o corretor de imóveis trabalhe apenas em uma das fases, seja ela qual for. Exatamente por isso, ou seja, por serem duas atividades distintas, pode o corretor de imóveis cobrar dois tipos de honorários, que são: pela intermediação na locação: para encontrar um locatário pode-se cobrar, do locador, o valor correspondente a um aluguel mensal, sem prejuízo da cobrança dos honorários devidos pela administração; 32 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES para administração de imóveis: um percentual, cobrado do locador, de até 12% do valor dos recebimentos mensais, salvo no caso de aluguel garantido por todo o período da locação, quando este valor pode ser maior. Apesar disso, existem casos em que o corretor de imóveis cobra por outras tarefas na locação, a exemplo da elaboração do contrato, porém, como se trata de assunto sem grande embasamento legal, entendemos que o corretor deve cobrar apenas com base no que foi explicado anteriormente. Bueno (1996) destaca ainda que, em muitas cidades do Brasil, o mercado imobiliário aplica, quase que como regra, a cobrança do primeiro aluguel do inquilino. No entanto, não há como se questionar tal fato, pois a Lei nº 8.245 é muito clara neste sentido - quem paga as despesas de intermediação é o locador. f) Administração de imóveis: Para esse caso, administração de imóveis, o corretor pode cobrar, do locador um percentual de até 12% dos valores recebidos mensalmente, salvo no caso de aluguel garantido por toda a locação, quando, então, pode ser cobrado um percentual maior do que esse, desde que devidamente ajustado com o dono do imóvel. g) Avaliação de imóveis: Esse serviço somente dever ser cobrado quando realizado isoladamente de uma operação de venda, respeitando-se, para isso, o que determinar atabela de honorários da região. O quadro a seguir apresenta um modelo de tabela de honorários utilizada pelos corretores do Estado de São Paulo. QUADRO 1 – TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA O SCIESP – Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo possui uma tabela que é usada como referência para a cobrança dos serviços prestados pelas empresas corretoras de imóveis. CRECI - 2ª Região. TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA. 1º - O corretor de imóveis deve contratar por escrito a corretagem imobiliária sem a qual não poderá anunciar publicamente o imóvel. Recomenda-se que esta contratação seja prévia e com exclusividade. 2º - Os documentos necessários para realização do negócio imobiliário serão de responsabilidade do vendedor e do comprador, sendo por eles fornecidos, O SCIESP – Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo possui uma tabela que é usada como referência para a cobrança dos serviços prestados pelas empresas corretoras de imóveis. CRECI - 2ª Região. TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA. 1º - O corretor de imóveis deve contratar por escrito a corretagem imobiliária sem a qual não poderá anunciar publicamente o imóvel. Recomenda-se que esta contratação seja prévia e com exclusividade. 2º - Os documentos necessários para realização do negócio imobiliário serão de responsabilidade do vendedor e do comprador, sendo por eles fornecidos, TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 33 QUADRO 1 – TABELA DA REMUNERAÇÃO DE CORRETAGEM IMOBILIÁRIA no que lhes couberem. Caso seja solicitada ao corretor de imóveis a obtenção dos documentos necessários à transação, deverá ele ser reembolsado pelos respectivos gastos e remunerado pelos serviços prestados. 3º - Os convênios fi rmados para venda de imóveis adjudicados ou não, fi rmados com instituições que representem os corretores de imóveis, visando a participação de seus inscritos, poderão estabelecer percentuais diversos dos constantes desta Tabela. VENDA 1) Imóveis urbanos....................................................................6% a 8% 2) Imóveis rurais.......................................................................6% a 10% 3) Imóveis industriais................................................................6% a 8% 4) Venda judicial........................................................................5% Nota 1: Nas permutas, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sob o valor de venda de cada imóvel. Nota 2: Quando a transação envolver diversos imóveis, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sobre o valor de venda de cada um dos imóveis. Nota 3: Nos casos de vendas com transferência de financiamento, a remuneração será devida sobre o total da transação realizada. LOCAÇÃO De qualquer espécie e sempre por conta do locador..................Equivalente ao valor de 1(um) aluguel ADMINISTRAÇÃO DE BENS IMÓVEIS Sobre o aluguel recebido.......................................................8% a 10% EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Venda de empreendimentos imobiliários.................................4% a 6% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral no que lhes couberem. Caso seja solicitada ao corretor de imóveis a obtenção dos documentos necessários à transação, deverá ele ser reembolsado pelos respectivos gastos e remunerado pelos serviços prestados. 3º - Os convênios fi rmados para venda de imóveis adjudicados ou não, fi rmados com instituições que representem os corretores de imóveis, visando a participação de seus inscritos, poderão estabelecer percentuais diversos dos constantes desta Tabela. VENDA 1) Imóveis urbanos....................................................................6% a 8% 2) Imóveis rurais.......................................................................6% a 10% 3) Imóveis industriais................................................................6% a 8% 4) Venda judicial........................................................................5% Nota 1: Nas permutas, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sob o valor de venda de cada imóvel. Nota 2: Quando a transação envolver diversos imóveis, a remuneração será devida pelos respectivos proprietários a quem estes contrataram, calculada sobre o valor de venda de cada um dos imóveis. Nota 3: Nos casos de vendas com transferência de financiamento, a remuneração será devida sobre o total da transação realizada. LOCAÇÃO De qualquer espécie e sempre por conta do locador..................Equivalente ao valor de 1(um) aluguel ADMINISTRAÇÃO DE BENS IMÓVEIS Sobre o aluguel recebido.......................................................8% a 10% EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS Venda de empreendimentos imobiliários.................................4% a 6% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral 34 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES LOTEAMENTOS 1) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (urbanas), já aprovadas e registradas...........................................................................6% a 8% 2) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (rurais), já aprovadas e registradas............................................................................6% a 10% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral, bem como a administração. ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS Sobre o arrecadado pelo condomínio mensalmente...................5% a 10% COMPRA Autorização expressa da procura de imóveis..............................6% a 8% ATIVOS IMOBILIÁRIOS Intermediações de Fundos Imobiliários, cotas de consórcio imobiliário, certifi cados de recebíveis do SFI e outros........................................................................................4% a 6% PARECERES 1) Parecer por escrito quanto à comercialização de imóvel. Sobre o valor apresentado, mínimo............................................................................................1% 2) Parecer verbal quanto às operações imobiliárias. A partir do valor de 1(uma) anuidade vigente do CRECI 2ª Região. A presente tabela deverá ser acatada pelos Corretores de Imóveis, dentro dos percentuais acima estabelecidos, tal como determina o Código de Ética. LOTEAMENTOS 1) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (urbanas), já aprovadas e registradas...........................................................................6% a 8% 2) Estudo, organização de vendas de áreas loteadas (rurais), já aprovadas e registradas............................................................................6% a 10% Nota: Não estão incluídas nos percentuais acima as despesas de promoção e publicidade em geral, bem como a administração. ADMINISTRAÇÃO DE CONDOMÍNIOS Sobre o arrecadado pelo condomínio mensalmente...................5% a 10% COMPRA Autorização expressa da procura de imóveis..............................6% a 8% ATIVOS IMOBILIÁRIOS Intermediações de Fundos Imobiliários, cotas de consórcio imobiliário, certifi cados de recebíveis do SFI e outros........................................................................................4% a 6% PARECERES 1) Parecer por escrito quanto à comercialização de imóvel. Sobre o valor apresentado, mínimo............................................................................................1% 2) Parecer verbal quanto às operações imobiliárias. A partir do valor de 1(uma) anuidade vigente do CRECI 2ª Região. A presente tabela deverá ser acatada pelos Corretores de Imóveis, dentro dos percentuais acima estabelecidos, tal como determina o Código de Ética. A presente tabela deverá ser acatadapelos Corretores de Imóveis, dentro dos percentuais acima estabelecidos, tal como determina o Código de Ética. A presente tabela deverá ser acatada pelos Corretores de Imóveis, dentro dos FONTE: Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo – SCIESP (2008) TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 35 LEITURA COMPLEMENTAR CORRETOR DE VENDAS PRECISA TER TÉCNICA E PACIÊNCIA Quando dá o último retoque na maquiagem antes de sair de casa, Mônica S. P. Galvão se olha no espelho e tenta imaginar como será o seu dia de trabalho. Geralmente ela tem alguns compromissos agendados, mas o desdobrar do expediente é sempre imprevisível. Como todo corretor de imóveis, ela “mata um leão” por dia e não se contenta com migalhas. Gosta de desafios. Vestida com um terninho, ela pega a pasta com o notebook e vai à luta. Para ganhar as ruas de Natal e cidades vizinhas, a corretora prefere o dinamismo que a motocicleta oferece para facilitar o vai e vem. A rotina de um corretor de vendas é acompanhar visitas de potenciais clientes a apartamentos, casas e empreendimentos que ainda estão sendo construídos e providenciar toda a papelada para a transação, caso o negócio se concretize. Os tipos de clientes que compram imóveis em Natal variam desde casais de noivos a profissionais liberais, que compram para si ou porque gostam de investir em imóveis, e ainda estrangeiros quando escolhem a cidade para se estabelecer ou como segunda moradia. Para saber lidar com expectativas tão diferentes, o profissional deve compreender o universo de várias profissões. “O corretor é um pouco engenheiro, arquiteto, advogado e psicólogo. A gente tem que entender o sonho do cliente e atender seus desejos”, define. Aos 40 anos de idade e 10 de profissão, Mônica tem consciência das novas exigências do mercado e busca se capacitar sempre, como forma de sobreviver no mercado cada vez mais competitivo. Com tantos imóveis à venda, valorizados sobremaneira devido à entrada de capital estrangeiro no Estado, houve uma peregrinação de vendedores para a área imobiliária. Por isso os corretores têm que ter conhecimentos em matemática financeira, legislação (além das leis que regem as transações imobiliárias, devem conhecer as leis ambientais), informática, mercado financeiro, topografia com aplicação de GPS e idiomas. “Nós somos os maiores responsáveis pela transação. Se algo der errado, os corretores é que são responsabilizados. Os novatos ficam aturdidos com tanta burocracia”, diz. Segundo ela, o Creci-RN (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) é muito severo e impõe rígida fiscalização. As empresas só podem atuar com corretores que tenham registro profissional expedido pelo conselho. A profissão é regulamentada e exige nível técnico. A corretora Mônica fez o curso de técnico em Transações Imobiliárias no Cetrede, há 10 anos, quando decidiu mudar de ramo a conselho do marido, pois ela sempre foi uma ótima vendedora. Trabalhava para uma editora de revistas e alcançava a cota de 100 assinaturas por mês. FONTE: Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo – SCIESP (2008) 36 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES “Eu gostei muito da mudança, amo a minha profissão, mas a gente passa por muitas desilusões também. Trabalhar com vendas requer ética e muita paciência”. Mônica ingressou este ano no curso universitário de Gestão em Negócios Imobiliários, estuda inglês e faz planos para entrar no curso de espanhol. E tem sempre um objetivo em mente: vender cada vez mais. Profissional tem que ter ética. Existem vários imóveis em Natal e no litoral que custam mais de um milhão de reais. Geralmente são apartamentos em edifícios localizados na praia de Areia Preta e no bairro de Petrópolis ou casas de veraneio na costa potiguar. A corretora Mônica Galvão revela, um pouco tímida, que já intermediou transações com essa cifra. “Mas é muito difícil. Quando os clientes são da cidade, muitas vezes eles conhecem os donos das construtoras e negociam diretamente na empresa”. Ela conta que é muito difícil compradores de imóveis de alto luxo comparecerem aos estandes montados pela construtora, a não ser quando se tratam de empresas vindas de outros polos. “As empresas que não têm influência na cidade são a oportunidade para nós corretores negociarmos imóveis mais caros”, explicou, contando que recentemente comercializou várias unidades de um condomínio em duas semanas após o lançamento. O preço dos imóveis negociados variava entre R$ 120 mil e 160 mil. “É muito bom trabalhar com empreendimentos. As construtoras facilitam o pagamento até perder de vista”. O interessante é que embora haja imóveis de todo preço, o perfil dos compradores é praticamente o mesmo. Advogados, juízes, promotores, médicos, empresários e políticos que compram apartamentos luxuosos, acima de R$ 400 mil, também investem nos imóveis mais baratos, localizados em bairros mais afastados do centro. “Quem compra um mais caro, investe em dois ou três mais baratos. O apartamento na planta é mais em conta. Se a pessoa compra por R$ 120 mil, quando fica pronto não vende por menos de R$ 180 mil. A aplicação não rende essa quantia em três anos”, analisa Mônica, demonstrando que entender do mercado financeiro é essencial para ser um bom corretor. Para lidar com estrangeiros, que chegam às imobiliárias geralmente por indicação de amigos, os corretores se desdobram para se fazer entender e para compreender os anseios dos clientes. Nessa hora, muitos recorrem à parceria com colegas que dominam idiomas estrangeiros. TÓPICO 3 | A REMUNERAÇÃO DO CORRETOR DE IMÓVEIS 37 “A ética e o companheirismo entre os colegas são dois itens imprescindíveis no nosso meio. Com essas duas características, o corretor vai longe”, aconselha. Ela quer dizer que um colega supre as deficiências do outro, como é o caso do recém-ingresso na profissão, Felipe Peixoto, 22 anos. Ele é formado em administração de empresas e optou por atuar na profissão de corretor de imóveis. A remuneração teve um peso muito importante na hora da decisão. “Eu sempre trabalhei em escritório e estou me adequando a uma nova rotina”. Como não tem carro - “ainda”, de acordo com seus cálculos - ele divide as visitas e as comissões com um colega. “A gente dobra a possibilidade de contatos e de argumentação com os clientes, pois esses contatos são muito importantes”, afirma. Sua rotina consiste em fazer visitas com potenciais compradores, realizando o pré-lançamento dos empreendimentos. Esse trabalho justifica a venda em tempo recorde de alguns empreendimentos quando são lançados oficialmente. Felipe faz pós-graduação em gestão de negócios imobiliários, curso recém-criado para atender à demanda do mercado cada vez mais exigente. O jovem iniciante e a corretora Mônica, que tem dez anos de profissão, são testemunhas de que a profissão requer dinamismo, ética, técnica, autocontrole, capacidade para se moldar às situações mais adversas e, sobretudo, disponibilidade de tempo para entrar de corpo e alma no negócio. “Não temos horários para expedientes formais. Se for preciso, trabalhamos de domingo a domingo”. Corretor precisa avaliar os imóveis O corretor deixou de ser um mero demonstrador de imóveis para ser um profissional que, além de intermediar as transações, é capaz de fazer avaliações de imóveis, gerir empreendimentos e prestar consultorias no ramo. A profissão é regulamentada através da Lei 6.530/78 e exige curso técnico em nível médio, embora já existam cursos de graduação e pós-graduação em negócios imobiliários. Para o exercício legal da profissão, é imprescindível que os interessados solicitem o registro no Creci-RN, Conselho Regional dos Corretores de Imóveis, sendo necessário apresentar o diploma do curso. Os estudantes podem atuar como estagiários. O empresário Renato Gomes, presidente do Secovi-RN (Sindicatos das Empresas Imobiliárias), afirma que realmente há uma migração de pessoasde outras áreas para o ramo imobiliário. “Muitos caíram com a cara e a coragem no mercado, mas ao sentir a necessidade de buscar conhecimentos estão se profissionalizando”. Ele comemora a criação de cursos superiores em Natal e está no grupo dos empresários que investe na equipe, arcando com parte da mensalidade 38 UNIDADE 1 | O CORRETOR DE IMÓVEIS E SUAS ATRIBUIÇÕES da faculdade. “É uma boa iniciativa, mas como os corretores são profissionais liberais, o Secovi sugere que os colegas providenciem contratos para que não haja prejuízos”. Ele se refere ao ressarcimento do investimento caso o corretor se desligue da imobiliária ao concluir o curso. Segundo Renato, a intenção da categoria é que em breve a graduação em nível superior seja exigida aos corretores. Ele relata que o nível de exigências inclui boa rede de relacionamento, fluência verbal no português além de noções em outros idiomas (“pelo menos termos técnicos”) e muitos conhecimentos acerca da legislação. “Por força do Código Civil, o corretor deve alertar o cliente do riscos que pode correr”, refere-se ao artigo 732 do Código Civil, revisado em 2003. De acordo com o texto, o profissional deve prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que possa influir nos resultados da incumbência, sob pena de responder por perdas e danos se não cumprir com sua função corretamente. Grande parte dos corretores não têm vínculo empregatício com as empresas. Eles são prestadores de serviços e fazem o “salário” através das comissões. O percentual estabelecido pelo Creci-RN prevê comissões entre 5 e 10%, dependendo do tipo de imóvel, para a imobiliária. O responsável direto pelas transações receberá cerca de 40 a 45% da comissão recebida pela empresa. “Quando o profissional é melhor preparado, tem o poder de negociação melhor”, afirmou Renato. Ele explicou que as comissões pagas à imobiliária estavam abaixo do percentual estipulado na tabela, mas com a expansão do mercado, as construtoras estão voltando ao patamar de 5% ou mais. FONTE: IMOBILIÁRIA RIBEIRÃO. Corretor de vendas precisa ter técnica e paciência. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=case+%C3%A9tica+corretor+im%C3%B3v eis&start=80&sa=N>. Acesso em: 22 jul. 2008. 39 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você esteve em contato com os seguintes conteúdos: Nas intermediações imobiliárias, enquanto ainda não efetivado o negócio, ou seja, enquanto não se der a formalização do mesmo, com sinal de negócio ou pagamento integral, poderá haver a desistência do contrato, que é a renúncia ao negócio, antes de o mesmo ser concretizado, ainda em fase preliminar de pactualização. Nessa hipótese, não tem o corretor de imóveis direito à percepção de sua remuneração, pois não se deu a ‘aproximação útil’ entre as partes. Diferentemente, pois, do arrependimento do negócio, em que o mesmo já se realizou e a parte que se arrepende fica sujeita à eventual composição de perdas e danos. Nesse caso, o corretor de imóveis tem direito aos honorários, pois se desincumbiu de seus deveres, tendo havido fatos independentes de sua boa atuação. Em uma transação com imóveis, são as imobiliárias que recebem a remuneração, ainda que o negócio em si tenha sido conduzido pelo corretor. Somente após receber o total da comissão devida é que a imobiliária faz o repasse da parte correspondente ao corretor. Muitos escritórios ou corretores autônomos utilizam-se de tabelas de comissão. 40 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: Se não houver prazo determinado para o contrato e o negócio se realizar após a dispensa do corretor, mas, em virtude de sua mediação anterior, terá ele o direito à remuneração. No caso de haver prazo contratual, se o negócio for realizado após esse prazo, mas em função do trabalho do corretor, ele tem direito à remuneração. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Classifique a seguinte sentença: Referente a tabelas de comissão, compete aos conselhos regionais: “homologar, obedecidas às peculiaridades locais, tabelas de preços de serviços de corretagem para uso dos inscritos, elaboradas e aprovadas pelos CRECIs.” Ou seja, será do CRECI e não do sindicato a responsabilidade de fixar os percentuais a serem cobrados pelos profissionais, a título de remuneração pelo trabalho realizado. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 3 A comissão da intermediação imobiliária é paga pelo proprietário do imóvel, sendo obrigatório, ao se preencher a “Opção de Venda”, a estipulação da remuneração do corretor e a forma de pagamento. Os tipos de remuneração podem ser: a) ( ) Comissão ou honorários b) ( ) Fixação dos honorários. c) ( ) Venda, permuta e honorários do corretor de imóveis nas locações. d) ( ) Administração de imóveis e avaliação de imóveis. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 4 Classifique a seguinte sentença: Nos casos de venda com transferência de financiamento, a remuneração do corretor terá como base o valor pago à vista, não sendo considerado o valor financiado. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. AUTOATIVIDADE 41 5 Leia e complete as sentenças a seguir: Em uma transação com imóveis, são as _________________________ que recebem a remuneração, ainda que o negócio em si tenha sido conduzido pelo ______________________________. Somente após receber o total da comissão devida é que a ___________________________ faz o repasse da parte correspondente ao __________________________________________________. 42 43 UNIDADE 2 A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto a: • compreender e respeitar a ética relacionada ao corretor de imóveis; • adotar uma postura ética e profissional ao mercado imobiliário; • possibilitar o reconhecimento das atividades do corretor de imóveis; • promover ações visando organizar e melhorar a imagem do corretor. Esta unidade está dividida em três tópicos, no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS TÓPICO 2 – O CÓDIGO DE ÉTICA TÒPICO 3 – ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES 44 45 TÓPICO 1 SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Comprar, vender, alugar e permutar imóveis não são transações simples de serem realizadas. Apesar da pretensa facilidade de se colocar em contato, por exemplo, pessoas que querem vender e outras que têm intenção de adquirir imóveis residenciais, comerciais ou mesmo rurais, a responsabilidade do corretor vai bem além do fato de mostrar ao cliente a propriedade na qual este estiver interessado. Segundo a Lei n° 6.530, que disciplina o exercício da profissão, “compete ao corretor exercer a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária”. Graças ao bom desempenho dos corretores de imóveis, muitas são as pessoas que já realizaram o sonho de aquisição da casa própria ou do seu estabelecimento comercial. 2 SIGILO PROFISSIONAL Uma das mais importantes obrigações do corretor de imóveis, tendo em vista a natureza da sua atividade, é manter absoluto sigilo dos negócios que intermedia. Na verdade, essa questão, conforme Raposo e Heine (2004), precisa ser muito bem interpretada quando estamos diante do caso concreto, uma vez que a principal arma de venda do corretor de imóveis é justamente uma situação que parece estar contrária ao princípio do sigilo, isto é, a publicidade. Portanto, ele deve ser observado, valendo-se muito do seu bom senso de cada profissional, em pontos que digam respeito a assuntos de caráter pessoal docliente ou da transação. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 46 NOTA O profissional que deseja desempenhar de forma competente suas funções necessita de conhecimentos envolvendo Direito Imobiliário, Matemática Financeira, Engenharia, Arquitetura, Topografia, Informática, dentre outras disciplinas. Se essas noções sempre auxiliaram o corretor a prestar boa assessoria a seus clientes nas intermediações imobiliárias, mais que necessárias se fazem atualmente, após a entrada em vigência do novo Código Civil, em janeiro de 2003. De acordo com o art. 723 do Código Civil: O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos negócios; deve, ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que possa influir nos resultados da incumbência. (CRECI/RS, 2008). Em relação aos clientes, cumpre ao corretor de imóveis, dentre outros deveres: 1) inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio, antes de oferecê-lo; 2) apresentar, ao oferecer um negócio, dados rigorosamente certos, nunca omitindo detalhes que o depreciem, informando o cliente dos riscos e demais circunstâncias que possam comprometer o negócio; 3) recusar transação que saiba ilegal, injusta ou imoral; 4) comunicar, imediatamente, ao cliente o recebimento de valores ou documentos a ele destinados; 5) zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica do negócio, reservando ao cliente a decisão do que lhe interessar pessoalmente. NOTA É vedado ao corretor, de acordo com a ética profissional, dentre outros atos considerados antiéticos, receber comissões em desacordo com a tabela aprovada pelo Plenário do CRECI, ou vantagens que não correspondam a serviços, efetiva e licitamente prestados. Ou, ainda, praticar quaisquer atos de concorrência desleal aos colegas, além de reter em suas mãos negócio quando não tiver probabilidade de realizá-lo. TÓPICO 1 | SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS 47 Compete ao CRECI, sob cuja jurisdição se ache inscrito o corretor de imóveis, a apuração de faltas que o profissional vier a cometer contra o Código de Ética da profissão, aplicando as penalidades previstas pela legislação em vigor. (CRECI/RS, 2008). 3 IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL E OBRIGAÇÕES CLASSISTAS O corretor de imóveis deve mostrar a sua identificação profissional sempre que assim o for exigido. Na verdade, o corretor deve sempre andar com a sua identificação, pois realmente é seu dever mostrá-la quando solicitado. Mais uma importante responsabilidade do profissional das intermediações imobiliárias é a de estar em dia com todas as obrigações relativas ao CRECI em que está registrado, sejam elas de caráter financeiro, administrativo ou operacional. Não se pode esquecer que o pagamento da anuidade ao CRECI constitui condição obrigatória ao exercício da profissão de corretor de imóveis, valendo tal situação tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas. 4 RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL O novo Código Civil traz um título que trata especificamente da responsabilidade civil. A pessoa que causar dano a outra, mesmo que exclusivamente moral, tem a obrigação de repará-lo. Destacam Raposo e Heine (2004) que responde civil e penalmente o corretor de imóveis que praticar atos danosos aos seus clientes, quer por imperícia, imprudência, negligência ou por infrações éticas. Vamos explicar cada um desses termos: Imperícia: falta de técnica necessária para a realização de uma determinada atividade. Imprudência: falta de cautela ou cuidado. Negligência: falta ou deficiência do cuidado que se deve ter na realização de certo ato. Infração ética: descumprimento de algum preceito estabelecido no Código de Ética Profissional ou nos costumes. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 48 Por isso que o cuidado profissional, a valorização do estudo e, sobretudo, a preocupação com a qualidade deve estar presente no dia a dia dos corretores. A indenização devida será medida pela extensão do dano, guardando proporção entre ele e a gravidade da culpa. O empregador também é responsável pela reparação civil que seu empregado ou preposto em função do trabalho der causa. A responsabilidade civil é independente da criminal, porém, uma vez conformada a criminal, não restará dúvidas sobre a civil. LEITURA COMPLEMENTAR 27 DE AGOSTO - DIA DO CORRETOR DE IMÓVEIS Todo o ano é comemorado o Dia do Corretor de Imóveis em 27 de agosto. A atividade do corretor, que emergiu na década de 30 com o desenvolvimento das cidades, hoje é reconhecida como forma de vida, como profissão. Nos últimos anos, muito se procurou fazer pela categoria. E para celebrar o dia desse profissional, a Rede Morar destaca os atuais feitos dos órgãos que o representa. O Sindimoveis/MG (Sindicato dos Corretores de Imóveis), que iniciou um choque de gestão em janeiro de 2005, para representar melhor a categoria, é um exemplo expressivo. Entre seus feitos, estão o escritório virtual para o corretor, a Unimóveis (Universidade Coorporativa do Sindimóveis em Minas Gerais), além do portal do corretor (www.bolsaodeimoveismg.com.br) e várias parcerias com empresas e instituições, como o Jornal Balcão, o Hoje em Dia e a Caixa Econômica Federal. Também reformularam o auditório do sindicato, fazendo dele um dos maiores em infraestrutura no país, e nomearam 18 delegados no interior do Estado, sendo que estão levando para Uberaba palestras e o 1º curso para Perito Avaliador Judicial, que se estende, posteriormente, para o restante de Minas Gerais. “Hoje, ser corretor é uma das grandes profissões. O mercado é promissor, porque ainda faltam muitas pessoas com moradia própria no Brasil. Por isso, temos a preocupação em capacitar a categoria procurando oferecer o melhor para o mercado”, explica Paulo César Dias de Souza, presidente do Sindimóveis/MG. Mas, em meio às virtudes da profissão, há também os problemas que precisam ser sanados. Preocupado com a concorrência desleal nesse mercado, Paulo César diz que hoje é necessária uma maior valorização da profissão. “Para exercer a função de advogado, por exemplo, não basta ter somente o diploma. É preciso também da carteira da Ordem dos Advogados do Brasil, ou seja, uma autorização mais rígida para se evitar que uma pessoa não capacitada ocupe o TÓPICO 1 | SIGILO, RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS 49 lugar do profissional de Direito. Esse tipo de procedimento ainda não é feito com o corretor. Por isso, esbarramos no problema de muitas pessoas, sem a formação de corretor, venderem imóveis, ou seja, exercerem a função de corretor”. Mas, diante dessa realidade, o presidente do sindicato esclarece: “Procuramos sempre cobrar maior fiscalização em cima disso, e o Cresci-MG (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) tem feito um ótimo trabalho junto ao Ministério Público de identificação desse profissional”. Por falar em Cresci, o órgão fiscalizador e disciplinador da classe de corretor de imóveis também tem trabalhado em prol desse profissional. Dentre os trabalhos, estão palestras para o corretor, o “Papo de Corretor”, a cada 15 dias, além de uma importante novidade: recentemente o Conselho fechou parceria com o engenheiro e professor Ricardo Teixeira Massara, avaliador e perito em imóveis, lotado no Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) para dar curso de avaliação de imóveis. Com o curso, o corretor fica apto a fazer avaliações judiciais e extrajudiciais em imóveis urbanos e rurais, tanto com relação a vendas quanto à locação, função até então atribuída aos engenheiros. “O Cresci lutava por isso há algum tempo, para tornar o profissional, após o curso, competentepara elaborar Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM), antes conferido ao engenheiro”, diz Paulo Vieira Tavares, vice - presidente do Cresci-MG. Ele ainda esclarece: “Só pode fazer o curso a pessoa regularmente inscrita no Cresci e com registro válido no Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários, sendo possuidor de diploma de curso superior em gestão imobiliária ou o equivalente; e de certificado de especialista em avaliação imobiliária. Serão aceitos somente os certificados de cursos reconhecidos pelo Cofeci” (Conselho Federal de Corretores de Imóveis). Perspectivas para o mercado. Para o presidente do Sindimóveis/MG, Paulo César Dias de Souza, o mercado é muito promissor, pois há intensa demanda por imóveis: “Brasileiros residentes no exterior, por exemplo, têm comprado muitos imóveis no Brasil, em especial, em Minas Gerais. Só para se ter uma ideia, 90% dos prédios construídos em Governador Valadares vêm de dinheiro de brasileiros que moram nos Estados Unidos”. O vice-presidente do Cresci-MG, Paulo Vieira Tavares, diz que há motivos de sobra para se comemorar o dia do corretor, por ser este o momento do profissional: “O mercado nunca esteve tão rentável, como agora. Está em velocidade extraordinária, com grande volume de vendas, grandes negócios. Principalmente com as linhas de crédito lançadas pelo governo, os bancos particulares concorrendo fortemente com a Caixa Econômica Federal, as taxas de juros em queda, e a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, principalmente em Belo Horizonte”. Importância das redes imobiliárias. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 50 Tendência mundial, o trabalho realizado em rede tem beneficiado e agilizado os negócios imobiliários. Para o presidente da Rede Morar e da Rede Brasil de Imóveis, Haldane José Ribeiro Teixeira, essa estratégia de trabalho resulta em profissionalismo e retorno ao corretor: “Sempre em nossos encontros destacamos que em nosso ambiente não temos corretores e sim ‘Consultores de Rede’. O profissional de rede convive em uma realidade diferente, onde o compartilhamento gera resultados. O foco é maior, pois o cliente cobra isso naturalmente. Esse ambiente de confiança, com uma gama variada de ofertas em toda a cidade, gera ao profissional de rede retorno e segurança para planejar sua vida”. Haldane Teixeira observa que alguns profissionais que tentaram uma nova alternativa em imobiliárias, fora do sistema de rede, retrocederam, pois não conseguiram se adaptar a um universo mais limitado de trabalho. O que se esperar do profissional? É certo que ainda há muito a se fazer pelo corretor, e isso demanda tempo e disposição dos órgãos que os representam. Mas ele também tem de fazer a sua parte para honrar a categoria. Por isso, tanto profissionais quanto seus representantes têm batido em uma mesma tecla: o profissional tem de estar preparado para atender às expectativas do mercado. “Diante de um cenário propício, é preciso que o corretor se especialize, pois ninguém pode ser excelente em tudo. Para o tirador de pedido, ou melhor, franco atirador, não há mais lugar no mercado. Hoje o corretor tem de conhecer profundamente o que vende e o mercado em que atua”, diz o vice - presidente do Cresci-MG. FONTE: Texto publicado na Revista Eletrônica e-Morar em Setembro de 2007. Disponível em: <http://www.redemorar.com.br/noticias. php?subaction=showfull&id=1189652151&archive=&start_from=&ucat=&>. Acesso em: 23 fev. 2009. 51 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: Segundo a Lei n° 6.530, que disciplina o exercício da profissão, “compete ao corretor exercer a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária”. O corretor de imóveis deve mostrar a sua identificação profissional sempre que assim o for exigido. Na verdade, o corretor deve sempre andar com a sua identificação, pois realmente é seu dever mostrá-la quando solicitado. Mais uma importante responsabilidade do profissional das intermediações imobiliárias é a de estar em dia com todas as obrigações relativas ao CRECI em que está registrado, sejam elas de caráter financeiro, administrativo ou operacional. O novo Código Civil traz um título que trata especificamente da responsabilidade civil. A pessoa que causar dano a outra, mesmo que exclusivamente moral, tem a obrigação de repará-lo. O cuidado profissional, a valorização do estudo e, sobretudo, a preocupação com a qualidade deve estar presente no dia a dia dos corretores. 52 AUTOATIVIDADE Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: Uma das mais importantes obrigações do corretor de imóveis, em relação à natureza da sua atividade, é manter absoluto sigilo dos negócios que intermédia. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Em relação aos clientes, cumpre ao corretor de imóveis, os seguintes deveres: a) ( ) Inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio, antes de oferecê-lo. b) ( ) Comunicar imediatamente ao cliente o recebimento de valores ou documentos a ele destinados. c) ( ) Zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica do negócio, reservando ao cliente a decisão do que lhe interessar pessoalmente. d) ( ) As sentenças A e B estão corretas. e) ( ) As sentenças A, B e C estão corretas. 3 Classifique a seguinte sentença: Não é de responsabilidade do CRECI a apuração de faltas que o profissional vier a cometer contra o Código de Ética da Profissão, aplicando penalidades. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 4 Associe os itens, utilizando o código a seguir: I) Imperícia ( ) Falta de cautela ou cuidado. II) Infração ( ) Falta de técnica necessária para a realização de uma determinada atividade. III) Imprudência ( ) Descumprimento de algum preceito estabelecido no Código de Ética Profissional. IV) Negligência ( ) Falta ou deficiência do cuidado que se deve ter na realização de certo ato. 53 Agora assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II - I - IV - III. b) ( ) I - III - II - IV. c) ( ) IV - I - III - II. d) ( ) III - I - II - IV. 5 Leia e complete as sentenças a seguir: O novo código civil traz um título onde trata especificamente da responsabilidade ______________. A pessoa que causar dano a outra, mesmo que exclusivamente __________, tem a obrigação de repará-lo. Por isso que o cuidado profissional, a valorização do estudo e, sobretudo, a preocupação com a ________________deve estar presente no dia a dia dos corretores. 54 55 TÓPICO 2 O CÓDIGO DE ÉTICA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO O Código de Ética da Profissão de Corretor de Imóveis atualmente está em vigor através da Resolução nº 326 do COFECI, de 25 de junho de 1992. Essa Resolução, ao aprovar o Código de Ética, teve como objetivo básico estabelecer a conduta correta dos profissionais inscritos nos CRECIs. Conhecer o Código de Ética, conforme Raposo e Heine (2004), é uma responsabilidade, segui-lo, uma obrigação. Este código tem como objetivo determinar a postura profissional do corretor de imóveis. É dever de todo profissional ligado à intermediação imobiliária conhecer e obedecer este instrumento legal. 2 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL A palavra ética tem origem grega (ethos) e significa morada, ou seja, é a morada do caráter humano. A ética está relacionada aos valores morais, à conduta de uma sociedade. É um conjunto de regras que está na base do relacionamento humano. NOTA O Código de Ética Profissional, aprovado pela Resolução COFECI nº 326/92, tem por objetivo fixar a conduta do corretor de imóveis no exercício de sua profissão, a qual deve ser considerada como alto título de honra e na qual não se deve praticar nem permitir que se pratiquem atos que comprometam a sua dignidade (art. 3º.). Na visão de Resende (2001), além de obrigar-se a defender os interessesque lhe são confiados, deverá o corretor de imóveis cuidar para que sua categoria seja respeitada e valorizada pela sociedade. Para tanto, necessário se torna observar os preceitos do Código de Ética, quando do exercício de sua profissão, tanto no que se refere à classe e aos colegas, quanto no que diz respeito aos clientes. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 56 O Código de Ética Profissional, com a justa preocupação de valorizar os profissionais que atuam no mercado imobiliário, e ao mesmo tempo cobrar deles responsabilidades, é taxativo quando, em seu art. 5º, escreve: “O corretor de imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou infrações éticas”. O art. 6º, por sua vez, enumera uma série de proibições, as quais, se não forem observadas, sujeitam o infrator às penalidades, que podem ser de natureza leve ou grave, conforme preceitua o art. 8º, e podem ser aplicadas com fundamento no Código de Processo Disciplinar e ainda no art. 38 do Decreto Lei nº 81.871/78. NOTA A apuração das faltas contra os preceitos do Código de Ética e a aplicação das penalidades previstas, competem ao CRECI, em cuja jurisdição se encontrar inscrito o corretor de imóveis. Para Resende (2001), o conhecimento das proibições do art. 6º é de fundamental importância. Além das proibições e infrações previstas no Código de Ética Profissional, tem-se ainda outras enumeradas no art. 20 da Lei nº 6.530 e no art. 38 do Decreto nº 81.871, que podem ser classificadas como de natureza leve ou de natureza grave: Constituem infrações de natureza leve: I – anunciar publicamente sem estar autorizado por escrito; II – anunciar sem constar o número de inscrição; III – anunciar loteamento ou condomínio sem o número do Registro de Imóveis; IV – violar sigilo profissional; V – violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão; VI – deixar de pagar a contribuição do CRECI; VII – recusar a apresentação da Carteira Profissional quando couber. Constituem infrações de natureza grave: TÓPICO 2 | O CÓDIGO DE ÉTICA 57 I – prejudicar por dolo ou culpa os interesses que lhe foram confiados; II – exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou facilitar para que outros a exerçam; III – negar-se a prestar contas de quantias ou documentos que lhe forem confiados; IV – praticar, no exercício da profissão, atos que a lei defina como crime de contravenção; V – promover ou facilitar transações ilícitas que prejudiquem a terceiros. De conformidade com o art. 39 do Decreto nº. 81.871, as sanções disciplinares consistem em: • advertência verbal; • censura; • multa; • suspensão até 90 dias; • cancelamento da inscrição. De acordo com Resende (2001), o enquadramento em falta leve ou grave será definido conforme as circunstâncias de cada caso. A sanção de multa pode ser cumulativa com outra penalidade, e podem as infrações leves constantes do Código de Ética Profissional ser fixadas entre uma a três anuidades. Para as infrações consideradas graves, a multa deverá ser, no mínimo, de duas e, no máximo, de seis anuidades, sem prejuízo das demais sanções em ambos os casos. 3 ÉTICA, OBRIGAÇÕES GERAIS E VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL A primeira obrigação ética do corretor de imóveis é defender o interesse que lhe é confiado, isto é, cuidar do seu cliente e dos seus propósitos. Para honrar a classe a que pertence, deve o corretor de imóveis zelar pelo prestígio da categoria. Esta determinação é mais do que uma norma legal, é uma obrigação inerente ao profissional que atua nesta atividade. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 58 NOTA O corretor não pode praticar nenhum ato que comprometa a dignidade da sua categoria. O erro cometido por um só corretor pode comprometer a imagem de toda a classe. No entendimento de Raposo e Heine (2004), além de cuidar da sua postura, o corretor de imóveis deve estar atento aos atos praticados por seus colegas, visando preservar a imagem da profissão como um todo. Para isso, não pode permitir, quando tiver conhecimento, que outros corretores pratiquem atos ilegais. Na verdade, precisamos modificar a nossa postura, aprendendo a denunciar aqueles que sabemos estar agindo de forma incorreta ou ilegal. Raposo (1995) destaca que os corretores pertencem a uma categoria profissional devidamente reconhecida por lei. Somos enquadrados como profissionais liberais. Contribuímos com uma grande parcela no desenvolvimento do país. Portanto, devemos ser valorizados. Do corretor de imóveis moderno se exige muito mais conhecimento do que se imagina a princípio. Tais conhecimentos, são voltados não apenas para o mercado imobiliário propriamente dito, mas, também, às noções de Direito, Engenharia, Arquitetura, Relações Humanas, Informática e tantos outros assuntos. A importância do corretor, segundo Raposo (1995), é fomentar e incentivar o mercado imobiliário e, por consequência, uma série de outras atividades. Daí a importância do corretor para a sociedade brasileira e para o desenvolvimento do país. O Código de Ética do Corretor de Imóveis tem um ponto extremamente interessante, isso porque define como obrigação legal do corretor a busca pelo aperfeiçoamento da técnica das transações imobiliárias. Em relação aos deveres, o primeiro dever profissional do corretor de imóveis é dar valor à sua atividade. Para tanto, o corretor não pode praticar atos que comprometam a dignidade da profissão, nem permitir que os outros o façam. Para disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de corretor de imóveis no Brasil, existem os CRECIs, em nível regional, e o COFECI, em nível nacional. É obrigação de todo profissional inscrito no CRECI prestigiá-lo e atendê-lo, contribuindo, no que for possível, com o seu trabalho. TÓPICO 2 | O CÓDIGO DE ÉTICA 59 É obrigação de todo corretor prestigiar os seus órgãos de classe, buscando contribuir com o seu trabalho, zelando pela sua existência, fins e prestígio. Os CRECIs têm como principais missões: credenciar, fiscalizar e orientar o exercício da profissão. Pode-se contribuir com o conselho. Para isso, deve-se manter contato constante com ele, procurando auxiliá-lo no que lhe for possível. O corretor de imóveis, por ser um profissional autônomo, deve estar sempre atento quanto às suas obrigações fiscais, tributárias e previdenciárias. Ele tem obrigações para com o Município, com a Receita Federal e com a Previdência Social. O corretor deve estar inscrito na Prefeitura Municipal da comarca em que reside e pagar o ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Normalmente, o imposto é feito por estimativa e o contribuinte poderá optar por pagar de uma só vez quando recebe o carnê ou, parceladamente, em pagamentos mensais. Quanto à Receita Federal, o corretor deve manter em ordem todos os recibos de comissões pela intermediação dos negócios por ele realizados durante o ano. Quando seu serviço é prestado a uma pessoa jurídica, a empresa pagadora deverá fazer o pagamento mediante a emissão do RPA – Recibo de Pagamento a Autônomo, recolhendo o imposto pela rede bancária a favor da Receita Federal. Não havendo a retenção do imposto ou sendo o serviço prestado à pessoa física, cabe ao corretor declarar os rendimentos por ocasião de sua declaração de renda, feita anualmente. Todos os negócios intermediados pelo corretor deverão ser objeto de anotações. Na declaração anual de Imposto de Renda, é obrigatória a indicação da fonte pagadora da remuneração pela intermediação imobiliária, devendo constar da declaração, o nome e o CPF de quem efetuou o pagamento, bem como o valor recebido. Com referência às contribuições previdenciárias, é importante que o corretor de imóveis seja inscrito no INSS e faça o recolhimento mensal por meio de carnê, usando sempre a tabela e a escala para definir o montante da contribuição. NOTA É extremamente importante queo corretor contribua para a Previdência Social, uma vez que a sua aposentadoria por idade, por tempo de contribuição ou por invalidez só estará assegurada se as contribuições forem feitas regularmente pelo tempo e pelos valores fixados pelo INSS. UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS 60 LEITURA COMPLEMENTAR METTA IMOBILIÁRIA A METTA IMOBILIÁRIA é uma empresa que nasce com intuito de trabalhar diariamente para a satisfação dos seus clientes, temos como METTA ser uma empresa reconhecida como símbolo de vanguarda em sua área de atuação, seja aperfeiçoando e reciclando seus métodos de trabalho sempre guiada pela filosofia de que nenhuma empresa pode se considerar grande, bem-sucedida ou experiente o bastante quando o assunto é a busca de maior aprendizado e aprimoramento, mantendo os olhos voltados para o futuro e os novos desafios. Nossa busca é ser referência de profissionalismo e sucesso no segmento de consultoria imobiliária, realizando o desejo de moradia ou trabalho para que nossos clientes possam usufruir de toda qualidade de vida oferecida por nossa maravilhosa ilha, popularmente conhecida como “ILHA DA MAGIA”. Nossa MISSÃO é proporcionar a cada cliente um atendimento diferenciado, focado na realização do seu projeto de vida, contando para isso com um assessoramento técnico imobiliário à altura do rápido crescimento da cidade, onde nossos profissionais têm conhecimento e preparo para poder com excelência atender as suas reais necessidades. A filosofia de trabalho dos nossos profissionais consiste de muito planejamento e pesquisa para detectar os melhores negócios, atendendo adequadamente cada cliente individualmente, buscando sempre a melhor alternativa, atestando assim a realização do melhor negócio, seja para o cliente comprador, como para o cliente vendedor. Nosso perfil de trabalho agrega as qualidades necessárias para o sucesso, entre elas estão à agilidade, competitividade e a ousadia, lincados obviamente a uma conduta extremamente ética onde o melhor negócio é aquele em que todos saem com seu grau de satisfação a contento. METTA IMOBILIÁRIA uma empresa disposta a mudar os rumos do mercado imobiliário, agradece e espera que em breve você possa fazer parte do nosso “case” de negócios bem realizados. FONTE: METTA IMOBILIÁRIA. Histórico da empresa. Disponível em: <http://www. mettaimobiliaria.com.br/engine.php?id=787&page=secao&cd_secao=1785>. Acesso em: 18 jul. 2008. 61 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos: A ética está relacionada aos valores morais, à conduta de uma sociedade. É um conjunto de regras que está na base do relacionamento humano. O Código de Ética da profissão de corretor de imóveis atualmente está em vigor através da Resolução nº 326 do COFECI, de 25 de junho de 1992, e tem como objetivo determinar a postura profissional do corretor de imóveis. É dever de todo profissional ligado à intermediação imobiliária conhecer e obedecer este instrumento legal. A primeira obrigação ética do corretor de imóveis é defender o interesse que lhe é confiado, isto é, cuidar do seu cliente e dos seus propósitos. O corretor não pode praticar nenhum ato que comprometa a dignidade da sua categoria. O erro cometido por um só corretor pode comprometer a imagem de toda a classe. Por ser um profissional autônomo, o corretor de imóveis deve estar sempre atento quanto às suas obrigações fiscais, tributárias e previdenciárias. Ele tem obrigações para com o Município, com a Receita Federal e com a Previdência Social. 62 AUTOATIVIDADE Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: O Código de Ética Profissional, aprovado pela Resolução COFECI, tem por objetivo fixar a forma pela qual deve se conduzir o corretor de imóveis no exercício de sua profissão, que deve ser considerada como alto título de honra e em que não se deve praticar nem permitir que se pratiquem atos que comprometam a sua dignidade. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 As infrações previstas no Código de Ética Profissional podem ser classificadas como de natureza leve ou de natureza grave. Identifique a seguir uma das infrações de natureza grave: a) ( ) Anunciar publicamente sem estar autorizado por escrito. b) ( ) Violar o sigilo profissional. c) ( ) Deixar de pagar a contribuição do CRECI. d) ( ) Promover ou facilitar transações ilícitas que prejudiquem a terceiros. e) ( ) Anunciar sem constar o número de inscrição. 3 De conformidade com o art. 39 do Decreto nº 81.871, as sanções disciplinares consistem em: a) ( ) Advertência verbal. b) ( ) Censura. c) ( ) Multa. d) ( ) Cancelamento da inscrição. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 4 Sobre as infrações de natureza leve, analise as sentenças a seguir: I- Negar-se a prestar contas de quantias ou documentos que lhe forem confiados. II- Violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão. III- Anunciar o loteamento ou condomínio sem o número do registro de imóveis. IV- Prejudicar por dolo ou culpa os interesses que lhe foram confinados. V- Praticar, no exercício da profissão, atos que a lei defina como crime de contravenção. 63 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) As sentenças I e III estão corretas. b) ( ) As sentenças II, IV e V estão corretas. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. e) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. 5 Leia e complete a sentença a seguir: É extremamente importante que o corretor contribua para a _____________________ uma vez que a sua aposentadoria por idade, por tempo de contribuição só estará ______________________ se as contribuições forem feitas regularmente pelo tempo e pelos valores fixados pelo ______________________. 64 65 TÓPICO 3 ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Só podem servir de intermediários em transações imobiliárias os profissionais devidamente registrados nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis. A primeira obrigação do corretor de imóveis nasce antes de dele iniciar suas atividades, pois, para que isso seja permitido, é preciso primeiro que ele obtenha o título de Técnico em Transações Imobiliárias. Esta determinação legal é bem clara e, ainda assim, existem várias pessoas que atuam na profissão sem estarem regularizadas. Essa obrigatoriedade foi introduzida na profissão através da Lei nº 6.530, em 1978. Até então, o pretendente a corretor de imóveis obtinha o seu registro mediante a simples comprovação de experiência anterior. O Código de Ética da profissão de corretor de imóveis estabelece claramente, em seu artigo 6º, inciso IX, que é ilegal tornar-se cúmplice, por qualquer forma, daqueles que exercem ilegalmente a profissão. Por isso, ressalta Raposo (1995) que os proprietários de imobiliárias que possuem funcionários não regularizados, procurem encaminhá-los a algum Curso de Formação de Técnicos em Transações Imobiliárias. Obtendo o título de Técnico em Transações Imobiliárias, através de cursos especializados, o pretendente está apto a buscar o seu registro junto ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) de sua região, condição indispensável para que possa atuar na intermediação imobiliária. NOTA Destaca-se a importância do registro no CRECI e que esse não é facultativo, mas, sim, obrigatório àqueles que pretendem trabalhar como corretores de imóveis. 66 UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS Dessa maneira, se o profissional não possui o registro no CRECI ou se está dando abrigo a quem não o detém, procure regularizar tal situação imediatamente, até porque esse não é um delito apenas administrativo, mas, principalmente, uma INFRAÇÃO PENAL, conforme estabelece o art. 47 da Lei das Contravenções Penais (Decreto-Leinº 3.688, de 3 de outubro de 1941), o que pode levar à cadeia o seu infrator. Conforme o Decreto-Lei nº 3.688/1941, art. 47, exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício, sujeita o infrator à pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa. 2 ÓRGÃOS REGULAMENTADORES E FISCALIZADORES DA PROFISSÃO As relações dos corretores entre si, tanto pessoas físicas como jurídicas, e entre seus clientes são reguladas e fiscalizadas pelos seus órgãos COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis) e CRECI (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), que representam, em juízo ou fora dele, os legítimos interesses da categoria profissional, respeitadas as respectivas áreas de competência. O Conselho Federal de Corretores de Imóveis e o Conselho Regional de Corretores de Imóveis são os órgãos de disciplina e fiscalização do exercício da profissão de corretor de imóveis. São constituídos em autarquias, dotados de personalidade jurídica de direito público e vinculadas ao Ministério do Trabalho, com autonomia administrativa, operacional e financeira (art. 5º, da Lei nº 6.530/78). O corretor de imóveis que esteja exercendo atividade em órgão ou entidades de classe não pode utilizar sua posição para obtenção de vantagens pessoais. 3 COFECI O COFECI é composto por quatro representantes de cada Conselho Regional, sendo dois efetivos e dois suplentes. Os efetivos constituem o plenário e são eleitos para um mandato de três anos, competindo-lhes eleger o presidente e demais diretores. Entre outras funções, compete aos conselheiros participar de reuniões, relatar processos e desempenhar encargos que lhes forem atribuídos. O COFECI, através de sua diretoria, exerce, principalmente, as ações de natureza: I– normativa; II– disciplinar; III– deliberativas; TÓPICO 3 | ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES 67 IV– administrativa; V– supervisora. A sua estrutura organizacional compõe-se de: a) plenário; b) diretoria; c) conselho Fiscal; d) comissão de Ética e Disciplina; e) outras Comissões e Grupos de Trabalho. Explicam Macedo et al. (1990) que compete ao COFECI (art. 16 da Lei nº 6.530/78): I– eleger sua diretoria; II– elaborar e alterar seu regimento; III– aprovar o relatório anual, o balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão orçamentária para o exercício seguinte; IV– criar e extinguir conselhos regionais e subregiões, fixando-lhes a sede e jurisdição; V – baixar normas de ética profissional; VI– elaborar contrato padrão para os serviços de corretagem de imóveis, de observância obrigatória pelos inscritos; VII– fixar multas, anuidades e emolumentos devidos aos conselhos regionais; VIII– decidir as dúvidas suscitadas pelos conselhos regionais; IX– julgar os recursos das decisões dos conselhos regionais; X– elaborar o regimento-padrão dos conselhos regionais; XI– homologar o regimento dos conselhos regionais; XII– aprovar o relatório anual, o balanço e as contas dos conselhos regionais; XIII– credenciar representantes junto aos conselhos regionais para verificação de irregularidades e pendências acaso existentes; 68 UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS XIV– intervir temporariamente nos conselhos regionais, nomeando diretoria provisória, até que seja regularizada a situação ou, se isso não ocorrer, até o término do mandato: a) se comprovada irregularidade na administração; b) se tiver havido atraso injustificado no recolhimento da contribuição; XV– destituir diretor de conselho regional por ato de improbidade no exercício de suas funções; XVI– promover diligências, inquéritos ou verificações sobre o funcionamento dos conselhos regionais e adotar medidas para sua eficiência e regularidade; XVII– baixar resoluções e deliberar sobre os casos omissos. 4 CRECI Os conselhos regionais – CRECIs dividem o território nacional em regiões, com foro e sede na capital de seu estado, ou de um dos estados de sua jurisdição, a critério do Conselho Federal, são regidos por um estatuto próprio, conforme padrão do COFECI aprovado em 26 de junho de 1998, através da Resolução nº 574, que em seu art. 4º assim determina: Art. 4º. Aprovar o anexo Estatuto Padrão dos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, facultada a promoção de adaptações exigidas pelas peculiaridades locais ou regionais de cada Conselho Regional, desde que não se contraponham às disposições nele contidas. Cada Conselho Regional – CRECI é composto por 27 conselheiros efetivos e por igual número de suplentes, eleitos dois terços por votação secreta em assembleia geral e um terço integrado por representantes do sindicado da respectiva região e eleitos a cada três anos para mandatos de igual período. De acordo com Resende (2001), a exemplo do COFECI, também o CRECI tem a sua estrutura organizacional formada pelo Plenário, pela Diretoria, pelo Conselho Fiscal, pela Comissão de Ética e Fiscalização Profissional, pela Comissão de Análise de Processos de Inscrição e por outras Comissões e Grupos de Trabalho, que poderão ser criadas em razão de algum procedimento que as justifique. O órgão máximo é o deliberativo, formado pelo plenário, através de seus membros; e como órgão administrativo, a diretoria, cujo funcionamento é fixado em seu regimento. Destacam Macedo et al. (1990) que compete ao CRECI (art. 17º da Lei nº 6.530/78): TÓPICO 3 | ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES 69 I– eleger sua diretoria; II– aprovar o relatório anual, o balanço e as contas de sua diretoria, bem como a previsão orçamentária para o exercício seguinte, submetendo essa matéria à consideração do Conselho Federal; III– propor a criação de sub-regiões, em divisões territoriais que tenham um número mínimo de Corretores de Imóveis inscritos, fixado pelo Conselho Federal; IV– homologar, obedecidas as peculiaridades locais, tabelas de preços de serviços de corretagem para uso dos inscritos, elaboradas e aprovadas pelos sindicatos respectivos; V– decidir sobre os pedidos de inscrição de corretor de imóveis e de pessoas jurídicas; VI– organizar e manter o registro profissional das pessoas físicas e jurídicas inscritas; VII– expedir carteiras profissionais e certificados de inscrição; VIII– impor as sanções previstas nesta lei; IX– baixar resoluções no âmbito de sua competência. No âmbito de sua competência e jurisdição, o CRECI exerce, entre outras, ações de natureza: I – normativa; II – fiscalizadora; III – disciplinar; IV – deliberativa; V – administrativa; VI – supervisora. As eleições para a composição do conselho processam-se sempre por chapa, na forma prevista na legislação própria e complementada por Resolução do Conselho Federal, realizando-se sempre na primeira quinzena de junho do ano em que vencer o triênio do mandato anterior. 70 UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS A profissão de corretor de imóveis vem progredindo cada vez mais no preparo de seus profissionais. O maior exemplo desse progresso está na chegada da profissão em nível universitário. Atualmente, várias faculdades oferecem cursos de formação na área imobiliária, marca indiscutível do avanço da profissão nos últimos anos, avanço esse consagrado pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis ao possibilitar a inscrição nos CRECI’s com base nos diplomas relativos aos citados cursos (Resolução-COFECI nº 695, de 06/04/2001). Segundo Raposo e Heine (2004), podem se inscrever no CRECI: os possuidores do Título de Técnico de Transações Imobiliárias, obtido em cursos que exigem formação a nível de Ensino Médio; os detentores de diplomas conferidos a concluintes de Cursos de Graduação de Bacharel em Ciências Imobiliárias e de Cursos Superiores Sequenciais de Ciências Imobiliárias ou de Gestão de Negócios Imobiliários, expedidos por Instituições de Ensino Superior devidamente autorizadas e reconhecidas pelas autoridades competentes.Atuar na intermediação imobiliária sem o credenciamento no CRECI caracteriza “exercício ilegal de profissão regulamentada”, sujeitando os infratores aos rigores da legislação penal. NOTA Todo profissional da corretagem regularmente inscrito no CRECI possui a Carteira Profissional e a Cédula de Identidade Profissional. É dever do profissional exibir suas credenciais aos clientes. Este ato referencia o corretor, valoriza seu trabalho e dá maior segurança aos clientes. Outra importante inovação implantada pelo COFECI, através da Resolução nº. 800, de 26 de dezembro de 2002, foi a instituição obrigatória do exame de proficiência para fins de inscrição no CRECI, destinado à comprovação de que o profissional detém conhecimentos técnicos mínimos ao desempenho de sua atividade. Portanto, além de possuir formação em um dos cursos referidos anteriormente, o pretendente à inscrição no CRECI deverá obter aprovação no exame de proficiência, sem o qual não consegue a sua inscrição profissional, aplicando-se o mesmo tanto para os possuidores do Título de Técnico em Transações Imobiliárias quanto para aqueles habilitados em cursos universitários. TÓPICO 3 | ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES 71 5 ÓRGÃOS DE CLASSE O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis são órgãos encarregados de disciplinar, fiscalizar e orientar o exercício da profissão de corretor de imóveis, em conformidade com a legislação federal e que, desde 1978, vem expressa na Lei nº 6.530 e no Decreto-Lei nº 81.871. A inscrição do corretor de imóveis no Conselho Regional é obrigatória por lei. NOTA Outro órgão importante para o corretor de imóveis e o sindicato da categoria, de filiação facultativa. Os sindicatos têm um caráter social voltado para defender os interesses de seus filiados. Ele é assistencial no sentido de estar ao lado de seus membros na defesa da categoria como um todo ou a um filiado, em casos individuais. Por isso, os sindicatos contam com uma assessoria jurídica sempre à disposição daqueles que dela necessitarem. Possui ainda a função de apoio aos seus filiados, em razão dos diversos convênios que firma com entidades de saúde, educação, empresas privadas, sempre tendo como objetivo trazer vantagens a seus membros. No caso dos sindicatos dos corretores de imóveis, há um vínculo muito forte com os conselhos regionais, principalmente porque: até o advento da Lei nº 10.795/02, os sindicatos tinham a prerrogativa de indicar um terço para compor o Conselho Regional, escolhido entre os seus filiados; é o sindicato quem elabora as tabelas de comissão sobre os serviços prestados pelos corretores de imóveis, cabendo ao conselho somente homologar referidas tabelas e que, uma vez homologada, torna-se regra geral, mesmo para aqueles que não pertencem ao sindicato; os sindicatos foram os responsáveis pelos primeiros passos para o nascimento, aperfeiçoamento e evolução da profissão de corretor de imóveis. Os sindicatos têm a existência também prevista em dispositivos legais, mas com filiação facultativa dos profissionais. 72 UNIDADE 2 | A ÉTICA DO PROFISSIONAL CORRETOR DE IMÓVEIS A dinâmica do mercado imobiliário gerou o surgimento de outras associações de natureza particular e sem previsão legal. Algumas com grande atuação no mercado, outras com menor expressão. Dentre essas, destacam-se as principais: Sindicato das Empresas de Compra e Venda – SECOVI. Associação das Empresas do Mercado Imobiliário – ADEMI. Associação das Empresas Loteadoras – AELO. TÓPICO 3 | ÓRGÃOS FISCALIZADORES E REGULAMENTADORES 73 LEITURA COMPLEMENTAR CORRETOR SEM CRECI É EMPREGADO DA IMOBILIÁRIA!!! O corretor que não está inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) e vende imóveis não é autônomo, mas sim empregado da imobiliária onde trabalha. Este é o entendimento da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Um ex-corretor da Fernandez Mera Negócios Imobiliários S/C Ltda. entrou com processo na 56ª Vara do Trabalho de São Paulo, reclamando vínculo empregatício com a imobiliária e o respectivo pagamento das verbas e indenizações decorrentes do contrato de trabalho. Segundo o reclamante, ele exerceu as funções de vendedor, sem a anotação do contrato em sua carteira de trabalho, tampouco o pagamento de direitos como férias e FGTS, entre outros. (RO 01124.2002.056.02.00-6) - (fonte: Notícias - Comunicação Social) Com esta novidade, o nosso CRECI está dando mostras de que as coisas não estão assim tão definidas, para a categoria. Se Vendedores de Imóveis, contratados por imobiliárias podem exercer a profissão, acho mesmo que devem receber as verbas indenizatórias a que fazem direito. A minha e acredito que possa dizer nossa pergunta é:??? Se levarmos as coisas realmente a sério neste País, podemos ter nossos direitos realmente reconhecidos, como trabalhadores que somos, autônomos sim, mas sem a menor sombra de duvidas “TRABALHADORES”????. Pois acho que os CRECIs de qualquer Região, devem se manifestar, para que a sociedade nos veja como trabalhadores e não como pessoas que ganham muito no mole, como é corrente opinião de muitas pessoas. Está mais do que na hora de termos a nossa imagem realmente defendida e melhorada, junto à opinião pública e até mesmo junto ao poder judiciário, onde poderíamos contar com o apoio explícito de nossa entidade. Fiquem atentos!!!! ELEIÇÕES À VISTA!!!! FONTE: UTSCH IMÓVEIS. Corretor sem CRECI, é empregado na imobiliária! Disponível em: <http://utschimoveis.blogspot.com/2008/06/corretor-sem-creci-empregado-da. html>. Acesso em: 21 jul. 2008. 74 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: O registro no CRECI não é facultativo, mas, sim, obrigatório àqueles que pretendem trabalhar como Corretores de Imóveis. As relações dos corretores entre si, tanto pessoas físicas como jurídicas, e entre seus clientes, são reguladas e fiscalizadas pelos seus órgãos COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis) e CRECI (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), que representam, em juízo ou fora dele, os legítimos interesses da categoria profissional, respeitadas as respectivas áreas de competência. O COFECI implantou, através da Resolução nº 800, de 26 de dezembro de 2002, a instituição obrigatória do exame de proficiência para fins de inscrição no CRECI, destinado à comprovação de que o profissional detém conhecimentos técnicos mínimos ao desempenho de sua atividade. Portanto, além de possuir formação em um dos cursos referidos anteriormente, o pretendente à inscrição no CRECI deverá obter aprovação no exame de proficiência, sem o qual não consegue a sua inscrição profissional, aplicando- se o mesmo tanto para os possuidores do Título de Técnico em Transações Imobiliárias quanto para aqueles habilitados em cursos universitários. Outro órgão importante para o corretor de imóveis e o sindicato da categoria, de filiação facultativa. Os sindicatos têm um caráter social voltado para defender os interesses de seus filiados, contando com uma assessoria jurídica sempre à disposição daqueles que dela necessitam, além de diversos convênios firmados com entidades de saúde, educação, empresas privadas, sempre tendo como objetivo trazer vantagens a seus membros. 75 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: A primeira obrigação do corretor de imóveis nasce antes dele iniciar suas atividades, pois, para que isso seja permitido, é necessário primeiro que ele obtenha o título de técnico em transações imobiliárias. a) ( ) Verdadeira. b) ( ) Falsa. 2 Classifique a seguinte sentença: Entre outras funções, compete aos conselhos participar de reuniões, relatar processos e desempenhar encargos que lhes forem atribuídos. O COFECI, através de sua diretoria, exerce principalmente as ações de natureza:normativa, disciplinar, deliberativa, administrativa e supervisora. a) ( ) Verdadeira. b) ( ) Falsa. 3 O órgão máximo é o deliberativo, formado pelo plenário, através de seus membros; e como órgão administrativo, a diretoria, cujo funcionamento é fixado em seu regimento. Ao órgão máximo, cabe: a) ( ) Eleger sua diretoria. b) ( ) Decidir sobre os pedidos de inscrição de corretor de imóveis e de pessoas jurídicas. c) ( ) Impor as sanções previstas nesta lei. d) ( ) Baixar resoluções no âmbito de sua competência. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 4 Leia e complete a sentença a seguir: Todo profissional da corretagem regularmente inscrito no __________________ possui a Carteira Profissional e a Cédula de Identidade Profissional. É dever do profissional exibir suas credenciais aos _______________. Este ato referencia o corretor, valoriza seu __________________e dá maior segurança aos clientes. 5 A dinâmica do mercado imobiliário gerou o surgimento de outras associações de natureza particular e sem previsão legal. Algumas com grande atuação no mercado, outras com menor expressão. Dentre essas, destacam-se: AUTOATIVIDADE 76 a) ( ) SECOVI – Sindicato das Empresas de Compra e Venda. b) ( ) ADEMI – Associação das Empresas do Mercado Imobiliário. c) ( ) AELO – Associação das Empresas Loteadoras. d) ( ) As alternativas A e C estão corretas. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 77 UNIDADE 3 A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto(a) a: • conhecer as atividades inerentes ao corretor de imóveis; • conhecer e adotar seus direitos e obrigações como corretor; • identificar as necessidades deste mercado de trabalho; • possibilitar uma melhoria junto ao mercado imobiliário. Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que, no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos apre- sentados. TÓPICO 1 – A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA TÓPICO 2 – ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS TÓPICO 3 – ATUAÇÃO NA PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS 78 79 TÓPICO 1 A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A função do corretor é aproximar as pessoas. Ele não compra, vende, aluga ou permuta o imóvel. Além de aproximar as pessoas, este profissional tem ainda a responsabilidade de acompanhar o negócio até o efetivo registro no Cartório do Registro de Imóveis. O corretor vive dessa intermediação e se oferece publicamente para executar esse serviço. A lei, ao listar casos em que a pessoa não se enquadra em corretagem, foi alcançar os casos que acontecem esporadicamente. Ou seja, os casos em que as pessoas aparentemente estariam executando o serviço de corretor, mas como apenas o fazem naquele caso específico, naquela situação que não é habitual, e não vivem disso, não são consideradas corretores. 2 A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA Sendo o corretor de imóveis um profissional altamente especializado e devidamente habilitado em promover acordo de vontades entre duas ou mais pessoas para a concretização de um negócio imobiliário, sua atuação como mediador é de máxima importância, facilitando e auxiliando a conclusão de um negócio, fazendo que as partes fiquem atendidas nas suas pretensões, poupando- lhes tempo e dinheiro que gastariam para promover o exame, vistoria, avaliação, situação jurídica etc. do objeto da transação. NOTA O profissional consciente desta realidade tem condições de identificar as pretensões dos interessados, satisfazendo-os com a prestação de um serviço eficiente e seguro. Uma transação imobiliária envolve dois aspectos de grande importância. Conforme Resende (2001), o primeiro refere-se à materialidade do negócio, ou seja, ao seu aspecto físico. Mas, antes de mais nada, é preciso que o comprador goste do imóvel, passando a desejá-lo como seu. A satisfação desse desejo está UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 80 diretamente vinculada ao valor necessário para a sua realização. Inútil alguém gostar de um imóvel, se o preço não é compatível com a sua conveniência e adquiri-lo. É, portanto, um ato de vontade exclusivamente do comprador. Já o segundo aspecto tem uma complexidade bem maior, pois, além da vontade do proprietário em vender, é necessário que tanto ele como o imóvel atendam às condições documentais impostas pela lei para que o bem vendido possa ser consumado através da tradição e da legitimação junto aos órgãos responsáveis pelas formalidades essenciais de que se reveste a compra e venda de um imóvel. Ressaltam Macedo et al. (1990) que os procedimentos fundamentais da mediação imobiliária são: 1º) Recebimento de propostas de intermediação de imóveis: A recepção de propostas para intermediação de imóveis deve ser por escrito, isto representa uma garantia para as partes envolvidas, bem como uma orientação à análise sobre o negócio, além, evidentemente, de servir de documento para o corretor. 2º) Demonstração do imóvel ao cliente futuro: É a apresentação da mercadoria, objeto da transação comercial, no nosso caso, apresentação do imóvel. 3º) Análise e julgamento preliminar de propostas: Esta é uma responsabilidade exclusiva do corretor de transações imobiliárias. Ele só deve levar ao cliente propostas exaustivamente analisadas. 4º) Encaminhamento de cadastro ou processos de financiamento: Esta não é uma tarefa específica do corretor, entretanto, deve o mesmo inteirar-se de seus trâmites para prestar a devida orientação ao cliente. Em geral, há departamento ou pessoas especializadas encarregadas desta área. 5º) Relato periódico do procedimento e resultados dos serviços prestados ao cliente contratado: TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 81 NOTA Neste caso, a intermediação envolve duas partes, e desse envolvimento decorrem direitos e obrigações. Uma das obrigações do corretor é manter o cliente contratado permanentemente informado do andamento das negociações referentes ao seu imóvel. 3 CONHECIMENTO PRÉVIO DO NEGÓCIO Conforme determinado pelo Código de Ética Profissional, o corretor de imóveis é obrigado a inteirar-se do negócio antes de oferecê-lo. O primeiro passo do corretor, inegavelmente, é conhecer pessoalmente o imóvel. Não se pode vender um produto sem conhecê-lo profundamente, pois todos os detalhes são importantes para a realização da intermediação imobiliária. Na visão de Raposo e Heine (2004), é preciso saber todos os pormenores em relação ao imóvel, a exemplo de saber se naquela rua ocorrem enchentes, se há boa incidência de luz solar, se há ocorrência de perturbações sonoras, enfim, ir a fundo nas condições e características do imóvel. O próximo passo, muitas vezes esquecido ou ignorado, é verificar as situações de caráter legal referentes ao imóvel. Para isso, poderíamos estabelecer o seguinte roteiro: 1º) Requerer certidão atualizada junto ao respectivo Cartório de Registro de Imóveis, através da qual será possível observar diversos pontos sobre o imóvel, por exemplo: saber quem é o verdadeiro proprietário; verificar se o imóvel tem algum tipo de embaraço ou ônus, como uma hipoteca; comprovar se a área construída está ou não averbada; enfim, conhecer toda a vida do bem. Na verdade, o corretor de imóveis não pode colocar um imóvel à venda sem antes providenciar essa certidão. 2º) Verificar, através de certidão negativa a situação tributária do imóvel, observando o IPTU; a contribuição de melhoria, se houver; as taxas públicas, e outras. Muitos Corretores não se preocupam com esse quadro, porém, ele é de suma importância, pois uma dívida tributária acompanha o imóvel, mesmo havendo troca de propriedade. E, lembre-se, se o comprador descobrir algum problema no futuro, será na porta do corretor que ele irá bater, e não na do vendedor. 3º) No caso de condomínios, observar se o imóvel encontra-se quite com essaobrigação, podendo ser obtida certidão na administradora do imóvel ou com o síndico do prédio. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 82 4º) Requerer toda e qualquer certidão que se descubra necessária naquele caso, por força de situação específica. 5º) Ter a certeza de que o cônjuge do vendedor, se houver, está de acordo com a venda. Por isso que é importante fazê-lo assinar o contrato de intermediação imobiliária. 6º) Se o imóvel estiver em inventário, ter a anuência de todos os herdeiros. 7º) Se o imóvel estiver sendo vendido de um pai para um filho, ter a concordância expressa de todos os outros filhos, se existirem, e do cônjuge do vendedor, pois se não houver essa formalidade, a venda pode ser anulada futuramente. 8º) Caso o imóvel esteja alugado, promover a oferta ao locatário (inquilino), para que ele tenha a oportunidade de exercer o seu direito de preferência. Todas essas informações devem ser repassadas, integralmente, ao comprador, mesmo que elas possam desvalorizar o imóvel ou colocar em risco o negócio. Determinam os artigos 186 e 927 do novo Código Civil que a pessoa que causar dano à outra, inclusive por omissão, é obrigada a repará-lo. 4 CONTRATO DE INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA A finalidade básica da mediação é decorrente do crescimento do mercado imobiliário. O corretor de imóveis é um prestador de serviços, e a finalidade básica da mediação é ser o elemento de ligação nas leis da oferta e da procura, é buscar o imóvel onde está sendo oferecido e levá-lo até onde está sendo procurado. Ao corretor de imóveis compete intermediar, de maneira proveitosa, a compra, a venda, a permuta e a locação de imóveis, cabendo-lhe ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária. Da mesma forma, salientam Raposo e Heine (2004), que o atendimento ao público interessado em efetivar uma das transações anteriormente citadas, intermediadas por pessoa jurídica, apenas poderá ser feito por corretor de imóveis, pessoa física, legalmente habilitado (aquele regularmente inscrito no CRECI de sua área e em dia com suas obrigações para com o mesmo, principalmente pagamento das anuidades). TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 83 NOTA Somente poderá anunciar publicamente o corretor que dispuser de contrato escrito de mediação ou autorização escrita para alienação do imóvel anunciado. Explica Resende (2001) que o contrato de mediação, intermediação ou opção é um documento verbal ou escrito que tem como objetivo definir direitos e obrigações de quem quer vender e o profissional que se propõe a executar este trabalho, podendo também ser feito entre o corretor e o comprador, embora esta modalidade não seja comum. Mesmo podendo ser verbal, é recomendável que haja o documento escrito, uma vez que o descumprimento por uma das partes dificulta que a outra busque a reparação de maneira mais objetiva e probatória. Neste sentido, o Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, através da Resolução nº 005/78, estabelece, em seu artigo 1º, que: Toda e qualquer intermediação imobiliária será contratada, obrigatoriamente, por instrumento escrito, que incluirá, dentre outros, os seguintes dados: a) nome e qualificação das partes; b) individualização e caracterização do objeto do contrato; c) preço e condições de pagamento da alienação ou da locação; d) dados do título de propriedade declarados pelo proprietário; e) menção da exclusividade ou não; f) remuneração do corretor e forma de pagamento; g) prazo de validade do instrumento; h) previsão de até 06 (seis) meses de subsistência da remuneração, depois de vencido o prazo previsto na alínea anterior, na hipótese de se efetivar a transação com pessoa indicada pelo profissional dentro do prazo de validade do instrumento; i) autorização expressa para receber, ou não, sinal de negócio. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 84 NOTA Após pactuada a autorização de venda, o profissional deverá se empenhar no sentido de que haja o fechamento do negócio. Caso o comprador procure diretamente o vendedor para fazer a sua proposta, o corretor de imóveis deverá resguardar os seus direitos à comissão, devendo, ao término do contrato de intermediação, comunicar por escrito ao proprietário o nome e a identificação das pessoas por ele trabalhadas. Se possível, fazer um pequeno resumo de como se procederam os entendimentos, incluindo as datas de visita e demais dados que poderão reforçar os fundamentos para pleitear os honorários pelos trabalhos prestados na tentativa de concretizar a transação. Estando bem fundamentado e documentado, dificilmente poderá o proprietário eximir-se do pagamento da comissão. (RESENDE, 2001). Ressaltam Raposo e Heine (2004) que, no exercício de suas atividades, muitas vezes, o corretor ver-se-á chamado a elaborar, ele mesmo, os contratos logrados, devendo, pois, possuir conhecimentos sobre os mesmos, jamais se esquecendo da trilogia ‘legalidade – ética – zelo’, na realização de seus deveres profissionais. Não existe exclusividade de quem quer que seja para elaborar contratos, sendo tal permissão dada a todos os cidadãos maiores e capazes, desde que os acordos sejam lícitos e haja livre manifestação da vontade de contratar (ou de aderir ao contrato-padrão, no caso dos chamados ‘contratos de adesão’), tudo conforme a Constituição Federal, em seu art. 170, que traz o princípio da liberdade de exercício da atividade econômica. Quanto aos advogados, é importante destacar que a lei exige, contudo, sua participação na elaboração dos atos constitutivos das empresas. (art. 1º, §2º, da Lei Federal nº 8.906/94): Lei nº 8.906/94 Art. 1º. São atividades privativas da advocacia: §2º. Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro nos órgãos competentes quando visados por advogados. O corretor de imóveis, responsável pelas intermediações imobiliárias, não pode deixar de conhecer as técnicas de confecção de contratos, suas particularidades, seus reflexos na vida de cada contratante, suas consequências no mundo jurídico. Talvez, na assinatura daquele contrato esteja o emprego de muitos anos de poupança e sacrifícios pessoais do comprador; motivo pelo qual a atuação do corretor tem de ser firme, confiável e precisa (lealdade – ética – zelo). TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 85 Explicam Raposo e Heine (2004) que não existem regras rígidas para a confecção de um contrato, senão possuir cláusulas claras e precisas, de conteúdo a não deixar dúvidas. Não se deve esquecer o casamento obrigatório entre a teoria e a prática, buscando-se, sempre, o equilíbrio entre as partes contratantes, repudiando-se o enriquecimento ilícito de uma em detrimento da outra. O instrumento particular é a forma mais comum de se registrar as manifestações de vontade, sendo que, por instrumento público – ou escritura pública – senão elaborados aqueles que a lei assim o exigir, e serão, então, confeccionados por oficial público. Exemplos: distratos de contratos assim celebrados; negócios entabulados por analfabetos ou por pessoas impossibilitadas de assinar; procuração de menor de idade entre 16 e 18 anos não emancipado, desde que devidamente assistido por seu representante legal e outros. Igualmente, não se deve esquecer de, ao final, lançar o local e a data da celebração. O CRECI da 5ª Região elaborou um modelo de contrato de intermediação, que auxilia no momento da formalização da autorização por parte do proprietário para que o imóvel seja trabalhado. O modelo não é obrigatório, podendo cada profissional ou empresa criar o seu próprio formulário, obedecidos, todavia, os requisitos constantes da já citada Resolução nº 005/78. Nas situações em que o proprietário não assina a opção de venda, mas tão-somente uma autorização para que o imóvel seja trabalhado, esse poderá ser revogado a qualquer momento pelo cliente, enquanto que o contrato de intermediaçãoou opção cria um vínculo de direitos e obrigações recíprocas. CONTRATO PARTICULAR DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM OPÇÃO DE VENDA 1) Contratante Nome: Estado Civil: Profissão: CPF: Identidade n.: Nome do cônjuge: CPF do cônjuge: Identidade do cônjuge n.: Endereço Residencial: Fones: QUADRO 2 – MODELO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO COM OPÇÃO DE VENDA UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 86 2) Contratado Nome: CNPJ ou Identidade n.: CRECI n.: Endereço: Fones: 3) Objeto do Contrato Tipo de Imóvel: Localização: Documento de Propriedade: Matrícula: Inscrição na Prefeitura: Outros dados: 4) Preço para Venda a) pelo imóvel quitado: b) pelos direitos (Ágio): c) saldo devedor a transferir: d) outras formas de venda: 5) Condições para Pagamento: 6) Comissão do Contratado: 7) Vigência do Contrato: Pelo presente instrumento e na melhor forma de direito, o PROPRIETÁRIO identificado e qualificado no item 1 do Quadro Resumo, doravante denominado CONTRATANTE, coloca o imóvel de sua propriedade constante no item 3 do Quadro Resumo, com exclusividade, para que o CONTRATADO identificado no item 2 do Quadro Resumo possa vendê-lo a terceiros, obedecidas as seguintes cláusulas e condições: Cláusula Primeira: O CONTRATADO promoverá o oferecimento para venda do imóvel, podendo para tal, anunciar da maneira que lhe convier, obedecendo o preço e as condições estipuladas pelo CONTRATANTE nos itens 4 e 5 do Quadro Resumo, sendo-lhes facultado, no entanto, apresentar para estudo, ao CONTRATANTE, proposta diferente do preço ali fixado; Cláusula Segunda: O CONTRATADO poderá fazer parceria com outra imobiliária ou corretor para venda do imóvel, ficando, entretanto com a responsabilidade total pelo encaminhamento das negociações, bem como pelo acerto de comissão com o co-participante; TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 87 Cláusula Terceira: Pela intermediação na venda do imóvel, o CONTRATADO receberá a comissão fixada no item 6 do Quadro Resumo a ser paga pelo CONTRATANTE. Todas as despesas com anúncio e publicidade correrão por conta do CONTRATADO, ainda que a venda não seja realizada; Cláusula Quarta: Os direitos de receber a comissão ficam assegurados por 180 (cento e oitenta) dias além do prazo deste instrumento, desde que o CONTRATADO tenha entregue ao CONTRATANTE o nome dos candidatos e eventuais interessados na operação com os quais antevê entendimentos durante a sua vigência e desde que o nome do comprador ou cônjuge conste desta relação; Cláusula Quinta: Em caso de rescisão ou arrependimento deste instrumento por parte do CONTRATANTE e já tendo o CONTRATADO feito oferecimento do imóvel ou gasto com anúncios, fica o CONTRATANTE sujeito ao pagamento da comissão a que o CONTRATADO faria jus; e Cláusula Sexta: Fica eleito o Foro desta capital para dirimir quaisquer dúvidas que forem suscitadas pelas partes. Local: Data: Contratante: Cônjuge: Contratado: CRECI n.: FONTE: O Autor. De acordo com o art. 722 do novo Código Civil, o corretor tem um contrato com seu Cliente, e através desse contrato se obriga a obter um ou mais negócios, de acordo com as instruções recebidas pelo cliente e constantes do contrato. 5 DOCUMENTAÇÃO E CERTIDÕES O corretor de imóveis não pode se negar a prestar contas aos seus clientes, sob pena de ser configurada uma infração penal denominada de apropriação indébita. NOTA Assim, o corretor deve repassar imediatamente os valores que não lhe pertencem. Outro ato que o Corretor não pode se negar é o de fornecer recibo de todas as quantias que forem pagas, respeitadas as disposições legais e contábeis para tanto. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 88 Além disso, o corretor de imóveis também não pode se negar a devolver todos os documentos que tenha recebido no decorrer da transação imobiliária. Ressaltam Raposo e Heine (2004) que, dessa forma, procure manter seus documentos bem organizados, de maneira a propiciar a sua devolução imediata ao final do negócio. Se possível, procure manter em seu domínio apenas os documentos realmente necessários. 6 CERTIDÕES Existe uma infinidade de certidões relativas aos bens imóveis. O que o corretor precisa ter é a capacidade de saber qual deve ser solicitada de acordo com cada caso. Dentre as situações mais comuns, Raposo (1995) destaca: A comprovação da titularidade: chamada de certidão atualizada e expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, permite conferir quem é o verdadeiro proprietário do imóvel. A verificação tributária: expedida pelo departamento público competente, permite saber se o imóvel é devedor de algum tributo. O mais comum é o IPTU, informado pela prefeitura local, porém, é importante saber que existem outros, a exemplo da contribuição de melhoria (valor que o governo cobra cada vez que promove uma obra que valoriza o imóvel). A existência de ônus: chamada de Certidão Negativa de Ônus Reais e expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis, permite observar se o imóvel encontra-se embaraçado, a exemplo de uma hipoteca. Muito embora exista esta certidão específica, a situação do ônus sobre o imóvel também pode ser verificada na própria Certidão Atualizada do Registro de Imóveis. A certidão mais importante no trabalho do corretor de imóveis é, inegavelmente, a Certidão Atualizada do Registro de Imóveis. Através dela podemos conhecer a vida do bem. O corretor de imóveis que quer trabalhar dentro do mais alto padrão jurídico, no que se refere à documentação, deve implantar, pelo menos, a seguinte rotina inicial de trabalho: Contrato de intermediação imobiliária. Certidão atualizada do imóvel. Certidão Negativa do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e de outros tributos que incidam sobre o imóvel. Providenciar toda e qualquer certidão que saiba ser necessária naquele caso. TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 89 Conforme o CRECI – Distrito Federal (2008), as certidões podem ser tanto do imóvel quanto do vendedor, sendo algumas de caráter obrigatório e outras exigidas de acordo com as características da transação. Antes de qualquer pagamento, seja a que título for, é necessário verificar se o negócio é viável no seu aspecto documental, ou seja, se é uma operação revestida das formalidades para torná-lo um negócio jurídico perfeito, entendido este como todo ato lícito que tenha por objetivo imediato de adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, dando dessa forma, segurança para todas as partes envolvidas. Existem quatro certidões que são obrigatórias para qualquer transação de compra e venda, cujo rol tem a finalidade própria e específica, sendo duas do imóvel e duas do proprietário. São elas: CERTIDÕES QUANTO AO IMÓVEL: Certidão expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis em que o mesmo encontra-se matriculado. (para fazer prova de quem é o legítimo proprietário). Certidão negativa de ônus. (verifica se existe algum gravame judicial ou extrajudicial, como arresto, penhora, hipoteca etc.). Certidão vintenária (verifica todos os atos a que esteve submetido nos últimos vinte anos, bem como todas as pessoas que direta ou indiretamente tiveram algum interesse no bem). Certidão negativa de tributos municipais (quitação de ITU ou IPTU relativo aos últimos cinco anos). Regularidade junto ao INCRA. (tratando-se de imóvel rural). IPLAN. (liberdade e limitação ao uso do solo). Patrimônio Histórico. (imóvel sujeito a tombamento). Certidão do registroda incorporação. (para condomínios em construção). Certidão do registro de loteamento. (para lotes à prestação). CERTIDÕES QUANTO AO TITULAR: Cartório distribuidor do cível. (Certidão negativa de ações reais e pessoais reipersecutórias). Justiça Federal. (ações e execuções federais em contencioso da União). Procuradoria da Fazenda Nacional. (qualquer tributo e contribuições devidos à União). Receita Federal. (impostos e tributos administrados pelo órgão). UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 90 Secretaria da Fazenda. (tributos estaduais). Secretaria das Finanças. (tributos municipais). Cartórios de Protestos. (inexistência de protestos de títulos de crédito nos últimos cinco anos e que possam caracterizar a insolvência do vendedor). Justiça do Trabalho. (inexistência de ações trabalhistas mesmo tratando-se de pessoas físicas, já que o imóvel residencial pode responder por dívidas para com o trabalhador doméstico). Cartório de Notas. (quando uma das partes for representada por procuração e a mesma for antiga ou suscitar alguma dúvida, deve-se pedir a certidão de sua validade). CND/INSS – Certidão negativa de débito para com a previdência social. (exigido de todas as pessoas, para a obtenção do termo de habite-se, e para as pessoas jurídicas sempre que estiverem alienando um imóvel pertencente ao seu ativo imobilizado. As pessoas jurídicas que exerçam a atividade de construção e venda de imóveis estão dispensadas de sua apresentação). Certidão de regularidade de situação junto ao INSS (para pessoas jurídicas que exerçam a atividade de construtor, renovável a cada seis meses. Este roteiro apresenta o mínimo de segurança que o corretor de imóveis pode oferecer aos seus clientes e a si próprio. 7 REGISTRO DE IMÓVEIS Os serviços notariais podem ser definidos como as atividades desempenhadas por oficiais públicos, a quem se confere o encargo de instrumentar na forma legal os atos jurídicos e os contratos elaborados pelas partes interessadas. Peres, Viana e Gazola (2002) afirmam que a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, em seu art. 1º, conceitua os serviços notariais e de registro como os de organização técnica e administrativa destinados a garantir publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. Compete ao oficial de registro de imóveis a prática dos seguintes atos: o registro: é o lançamento que se faz sobre a matrícula do imóvel dos atos geradores da transmissão do domínio, de atos que impõem ônus ou estabelecem direitos reais e de atos que não digam diretamente respeito a determinado imóvel; TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 91 a averbação: é a anotação pela qual se efetua sob a matrícula ou registro de fatos ou atos que, de qualquer modo, alteram, modificam ou ampliam o conteúdo dos mesmos, tanto em relação ao imóvel quanto às pessoas nele existentes. Sua função é a mesma do documento originário: da publicidade ao ato, para que possa valer contra terceiros. O art. 167, II, da Lei de Registros Públicos enumera alguns atos jurídicos sujeitos à averbação; a matrícula: é a qualificação formal do imóvel. É o ato pelo qual o imóvel se enquadra no registro imobiliário através do seu primeiro registro, mediante os elementos constantes do título apresentado, contendo, resumidamente, o número de ordem, a data, a identificação do imóvel (características e confrontações, localização, área e denominação), nome, CPF ou CNPJ, RG, domicílio, naturalidade, profissão do proprietário e o número do registro anterior. Cada imóvel será matriculado uma só vez e nela serão feitos os registros e as averbações dos atos a ele relativos. O cancelamento da matrícula será feito: a) por decisão judicial; b) em casos de alienações parciais, for o imóvel inteiramente transferido a outros proprietários; c) pela fusão da matrícula; e d) pelo desdobramento em novas matrículas. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 92 LEITURA COMPLEMENTAR MARKETING DE VIZINHANÇA Empresas que ‘adotam’ quarteirões - Construtoras recuperam bairros para valorizar obras e fazer política de boa vizinhança Num processo que urbanistas e especialistas do mercado imobiliário classificam como valorização da cidadania, construtoras estão “adotando” o entorno onde constroem seus empreendimentos. Seguindo exemplos de empresas privadas parceiras do Poder Público, adotam uma estratégia de marketing que ganha, como contrapartida, a simpatia dos vizinhos e a valorização imobiliária. “É uma visão nova, superconsistente e uma excelente política junto ao Município”, afirma o diretor do Sindicato da Habitação (Secovi), Sérgio Ferrador. Na Vila Olímpia, em São Paulo/SP, por exemplo, edifícios comerciais de alto padrão estão reformulando a Rua Gomes de Carvalho. Com investimento que pode chegar a R$ 10 milhões, os empreendedores decidiram levar melhor infraestrutura ao local onde estão sendo construídos pelos menos cinco prédios. Além da duplicação, a rua não terá mais postes e as calçadas serão padronizadas. Eles formaram uma ONG, a Colmeia, e vão dividir com a Prefeitura as modificações na região. “Achamos que essa experiência pode se multiplicar para outras áreas. Não podemos esperar só pelas ações da municipalidade; a iniciativa privada também precisa fazer a sua parte”, diz o diretor-presidente da Sandria Projetos e Construções, Victor Sandri, uma das envolvidas no projeto. A empresa é responsável pela construção de seis prédios inteligentes na região da Rua Funchal. As iniciativas acabam se tornando uma vitrine para a população, ao mesmo tempo que acrescentam valor comercial ao empreendimento. Ou política de boa vizinhança, na opinião do urbanista João Valente Filho, do Instituto de Engenharia (IE). “Temos de imaginar que, quando se faz uma intervenção para a construção de um prédio, nada mais justo do que tentar beneficiar o entorno”, afirma Valente. Embora seja uma iniciativa ainda nova na cidade, o urbanista salienta que a tendência é que cada vez mais empresas adotem essa postura, que está prevista no Estatuto das Cidades. “Nós somos a cidade e felizmente cada vez mais pessoas percebem a sua responsabilidade; há uma tendência forte de os cidadãos tomarem conta de onde vivem”. Entorno - Essa foi uma das ideias que motivaram a JHSF Incorporadora a mudar a cara do entorno do Edifício Paris, no Itaim. TÓPICO 1 | A INTERMEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA 93 Empreendimento de alto padrão, o prédio está sendo construído numa região valorizada, mas com estabelecimentos comerciais antigos. Quando ficar pronto, em outubro, ficará entre pontos comerciais com fachadas mais coloridas e várias árvores ao longo das Ruas Bandeira Paulista e Eduardo de Souza Aranha. “Lançamos o Projeto Restaurar em junho de 2002 para devolver à comunidade maior qualidade de vida”, diz o diretor da empresa, André Coletti, que reconhece aí a estratégia comercial. “Isso também é importante para o empreendimento, que vai ser mais valorizado”. Até os taxistas da região obtiveram vantagem. Ganharam um local mais arborizado - com 50 árvores e 100 vasos de plantas de médio porte - e uma cobertura no ponto de táxi. Os comerciantes, que tiveram suas placas e fachadas readequadas ou restauradas, comemoram. “Foi uma iniciativa democrática, porque consultou todos os envolvidos, e arrojada, porque provavelmente demoraria muito se cada um fosse reformar seu imóvel”, diz a comerciante Sueli Elizabeth Gomes. Mesmo letreiros nem tão antigos foram readequados. Um estacionamento da Rua Eduardo de Souza Aranha ganhou um luminoso novo. “Antes, a fachada era muito grande e estava meio velha. Agora ficou muito melhor e a rua está mais bonita”, diz o gerente do estacionamento, Marcos Roberto Belmonte. A Odebrecht Empreendimentos Imobiliários é outra que pretende surpreender vizinhos com o que classifica de “arquitetura mais humanista”. Os novos lançamentos da empresa dão grandepeso à integração com o entorno. “O morador de São Paulo está buscando mais qualidade de vida. Uma praça na frente do seu imóvel, o comércio mais seguro é muito importante”, diz o diretor de atendimento da Lopes Consultoria de Imóveis, Tomás Salles. Estratégia das empresas é conquistar vizinhos Como forma de amenizar transtornos causados por obra, hotel investiu R$ 670 mil na rua. Praças adotadas, ruas reurbanizadas e avenidas inteiras ganhando árvores, flores e monumentos. Em boa parte da cidade, empresas privadas vêm contribuindo para embelezar o entorno do seu empreendimento e conquistado a comunidade. A manutenção de canteiros em avenidas foi o primeiro passo nessa direção. “A cidade vive um importante momento de cidadania, de valorização”, afirma o urbanista João Valente Filho, do Instituto de Engenharia (IE). O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, virou parceiro da Prefeitura em várias obras. A empresa também tem cuidado de praças no entorno de algumas de suas lojas na cidade. A Fnac, megastore de livros, CDs e DVDs, seguiu o exemplo. Desde 1999 cuida da manutenção da Praça dos Omaguás, em Pinheiros, na frente de uma de suas lojas. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 94 Ruas como a Victorio Fasano, nos Jardins, viraram atração turística depois da intervenção feita pela família Fasano, dona de um hotel e restaurante no local. Com investimento de R$ 670 mil, o grupo substituiu os postes por fiação subterrânea e padronizou as calçadas. “Foi uma maneira de recompensar a comunidade pelos transtornos durante a construção do hotel”, diz Rogério Fasano. “Pena que outros comerciantes não tenham aderido à ideia”. Mas falta um passo à frente, como ressalva o urbanista Wilson Edson Jorge, professor de Planejamento Urbano da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). “A iniciativa é ótima, mas normalmente essas obras são feitas em áreas já privilegiadas, em território restrito. Há outras regiões que também precisam ser beneficiadas”. FONTE: SKYWALKER. Marketing de vizinhança. Disponível em: <http://www.skywalker. com.br/artigos/corpo.php?id=79>. Acesso em: 20 jul. 2008. 95 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: O corretor de imóveis, responsável pelas intermediações imobiliárias, não pode deixar de conhecer as técnicas de confecção de contratos, suas particularidades, seus reflexos na vida de cada contratante, suas consequências no mundo jurídico. Talvez, na assinatura daquele contrato, esteja o emprego de muitos anos de poupança e sacrifícios pessoais do comprador; motivo pelo qual a atuação do corretor tem de ser firme, confiável e precisa. Conforme determinado pelo Código de Ética Profissional, o corretor de imóveis é obrigado a inteirar-se do negócio antes de oferecê-lo. O primeiro passo do corretor, inegavelmente, é conhecer pessoalmente o imóvel. Não se pode vender um produto sem conhecê-lo profundamente, pois todos os detalhes são importantes para a realização da intermediação imobiliária. O profundo conhecimento do bem dar-se-á através de certidões e registros. RESUMO DO TÓPICO 1 96 Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Os procedimentos fundamentais da mediação imobiliária são: a) ( ) Recebimento de propostas de intermediações de imóveis, demonstração do imóvel ao futuro cliente. b) ( ) Análise e julgamento preliminar de propostas; encaminhamento de cadastro ou processos de financiamento. c) ( ) Relato periódico do procedimento e resultados dos serviços prestados ao cliente contratado. d) ( ) As alternativas A e C estão corretas. e) ( ) As alternativas A, B e C estão corretas. 2 Classifique a seguinte sentença: Conforme determinado pelo Código de Ética Profissional, o corretor de imóveis é obrigado a se inteirar do negócio antes de oferecê-lo, mas não é necessário conhecer o imóvel pessoalmente. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 3 Classifique a seguinte sentença: Ao corretor de imóveis compete intermediar, de maneira proveitosa, a compra, a venda, a permuta e a locação de imóveis, cabendo-lhe, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 4 Existe uma infinidade de certidões relativas aos bens imóveis. O que o corretor precisa ter é a capacidade de saber qual deve ser solicitada de acordo com cada caso. As que mais se destacam são: a) ( ) A comprovação da titularidade, verificação tributária e a existência de ônus. b) ( ) O contrato de intermediação imobiliária e certidão atualizada do imóvel. c) ( ) A certidão negativa do IPTU e certidão negativa de tributos municipais. d) ( ) As alternativas A e C estão corretas. e) ( ) As alternativas A, B e C estão corretas. AUTOATIVIDADE 97 5 Referente às certidões quanto ao imóvel e quanto ao titular, classifique as sentenças, utilizando o código a seguir: I– Certidões quanto ao Imóvel. II– Certidões quanto ao Titular. ( ) Receita federal (impostos e tributos administrativos pelo órgão). ( ) Certidão de registro de loteamento. ( ) Patrimônio histórico (imóvel sujeito a tombamento). ( ) Certidão do registro da incorporação (para condomínios em construção). ( ) Cartório de protestos (inexistência de protestos de títulos de crédito). Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I - I - II - I - II. b) ( ) II - II - I - I - II. c) ( ) I - II - II - II - I. d) ( ) II - I - I - I - II. e) ( ) II - II - I - II - I. 98 99 TÓPICO 2 ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A modalidade da operação imobiliária consiste na forma de exploração econômica a que se destina o imóvel, a fim de atender o interesse do seu proprietário. As várias modalidades de operação imobiliária surgiram em decorrência do crescimento da economia e da necessidade de exploração racional dos imóveis, não só em razão da alta valorização da propriedade em determinadas localidades, como também pela enorme defasagem entre a oferta e a procura de determinadas modalidades e, até mesmo por questões de segurança pessoal. 2 PRINCIPAIS ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS Uma das principais atividades do corretor de imóveis é o cadastramento e vistoria de um imóvel. Explica Resende (2001) que cadastrar um imóvel é colocá-lo em condições de ser oferecido, apresentando todas as informações necessárias para que o comprador tenha conhecimento pleno da situação física, documental e financeira do bem pretendido. A situação física é aquela que apresenta a descrição da parte física do imóvel, com o oferecimento de informações precisas sobre o tamanho das áreas, tanto internas como externas, e sobre outros dados que podem enriquecer a imagem do imóvel que se quer vender. A situação documental deve igualmente ser transparente na sua veracidade e objetiva na sua espécie. Informar se determinada construção não tem o “habite-se” ou se não está averbada constitui mais do que um dever; é questão de obrigação. Constar o número da matrícula, ou o registro, ou a inscrição na prefeitura é procedimento normal a que todo corretor deverá estar habituado. Por fim, deve ser apresentada a situação financeira do bem à venda. Se está quitado, financiado, hipotecado ou se recai sobre ele algum ônus são dados de capital importância, pois é a parte financeira que mais pesa na hora 100 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS de uma transação imobiliária. Tratando-se de imóvel financiado, as informações complementares são indispensáveis, quais sejam: • o agente financeiro; • o prazo de financiamento; • as prestações vincendas; • o valor atual da prestação; • o sistema de amortização; • o prazo para transferência etc. O cadastramento de um imóvel representa a chegada de um novo produto a ser comercializado e trabalhado, devendo o profissional preparar-se para que tenha condições de trabalharnele eficazmente, tendo a venda como resultado final. 3 COMPRA A compra e venda é a modalidade de operação regida pelo Código Civil Brasileiro, pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de coisa certa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Para que o processo de compra de imóvel seja feito nos trâmites legais, o corretor deverá providenciar os seguintes documentos: • Certidões cíveis e criminais da Justiça Estadual e Federal do vendedor. • Certidão de propriedade do imóvel, no caso do vendedor. • Se for condomínio, se o vendedor está em dia com os débitos. • Certidões da Justiça do Trabalho, para saber se o proprietário está sendo executado em alguma ação trabalhista. • Sendo o proprietário casado, a certidão de casamento ou comprovante de separação. • Certidão de nascimento, com a finalidade de saber se a pessoa está interditada, ou não tem autonomia para realizar a venda. Explicam Raposo e Heine (2004) que o contrato de compra e venda ocorre quando uma das partes se obriga a transferir a propriedade sobre uma coisa, enquanto a outra se obriga a pagar determinado valor por isso. TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 101 NOTA Para que a operação de compra e venda possa ser considerada perfeita, é necessário que as partes acordem no objeto e no preço, sendo vedada a imposição arbitrária de um valor. Até o momento da entrega definitiva do bem, os riscos sobre ele correm por conta do vendedor, enquanto os do preço são de responsabilidade do comprador. Se a venda for à vista, o vendedor não é obrigado a entregar o bem antes de receber o valor integral, ficando essa decisão ao seu inteiro critério, devendo comunicá-la previamente ao comprador. Para Macedo et al. (1990), são consideradas obrigações do comprador: • pagar o preço; • receber a coisa comprada. O pagamento pode efetuar-se após o recebimento da coisa ou ainda preceder a sua entrega, porém deve realizar-se no tempo e lugar previsto. Se o comprador recusar-se a receber a coisa, incorre em mora e cumpre-lhe pagar as despesas com a sua conservação. Da mesma maneira, são direitos do comprador: • exigir a coisa comprada e não aceitar coisa diversa; • no caso de a coisa não lhe ser entregue, tem o direito à restituição do que pagou e o direito à indenização por perdas e danos; • o direito de exigir a diminuição no preço da coisa com vício redibitório; • o direito de exigir a indenização pelos prejuízos sofridos com a perda da coisa pela evicção; • o direito de exigir o complemento da área e, não sendo possível, reclamar a rescisão do contrato ou abatimento proporcional do preço, quando se preceder a venda ad mensuram, não correspondendo às dimensões e se a diferença encontrada exceder a 1/20 da extensão total enunciada. O Código Civil, em seu art. 1.122, estabelece que, pelo contrato de compra e venda, um dos contraentes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 102 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS Para Peres, Viana e Gazola (2002), o compromisso de compra e venda é um contrato pelo qual as partes se comprometem a efetuar um contrato de compra e venda, por isso também é chamado de pré-contrato, em que o compromissário comprador pactua a aquisição de um determinado bem, e a outra parte, o compromitente vendedor, se empenha a vendê-lo. Este documento pode ser feito por instrumento particular e, na prática, surge quando as partes não querem ou não podem celebrar desde logo, por escritura pública, o contrato definitivo. O compromisso de compra e venda não registrado em Cartório, embora não tenha eficácia em face de todas as pessoas, é plenamente válido em face do promitente vendedor. A grande discussão neste caso é saber se o compromissário comprador tem direito à adjudicação compulsória. A tendência atual dos tribunais é de conceder a esse compromissário o direito à adjudicação. Entretanto, essa posição não é unânime. NOTA Os elementos que constituem a compra e venda são: a coisa, o preço e o consentimento (art. 1.126 do Código Civil). Da Coisa Para que haja a venda, é preciso que haja algo a vender, ou a venda será impossível. É preciso que a coisa exista na ocasião da venda, ou venha a existir mais tarde. Se a coisa venha a perecer antes de completada a venda, o comprador tem direito de receber de volta o que pagou. É necessário, ainda, que a coisa possa ser vendida, ou seja, que possa ser comerciável, passível da propriedade privada. Do Preço O contrato de compra e venda tem de determinar o preço, devendo ser expresso em dinheiro ou outro valor representativo do dinheiro, como cheques, duplicatas, notas promissórias, títulos da dívida pública e outros, segundo critério previamente estabelecido pelas partes. A indeterminação absoluta do preço não é admitida pelo direito brasileiro, mas pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que ambos os contratantes designarem ou prometerem designar antecipadamente (art. 1.123 do Código Civil). O que não é admissível é que o preço fique completamente aleatório ou ao arbítrio exclusivo de uma das partes, sob a nulidade do contrato de compra e venda. (art. 1.125 do Código Civil). QUADRO 3 – ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 103 FONTE: Adaptado de Peres, Viana e Gazola (2002, p. 112) QUADRO 3 – ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA Do Consentimento É o acordo de vontades, com relação ao objeto do contrato (coisa), o preço e as demais cláusulas contratuais. O contrato de compra e venda poderá ser anulado se houver vício de vontade, como, por exemplo, a coação para assinatura de escritura definitiva. Um quarto elemento da compra e venda, que é essencial nas transações com imóveis, é a forma. O formalismo é uma exigência legal que se expressa na obrigatoriamente de se valer de documento público, sob pena de nulidade. A compra e venda de imóvel é um ato solene, subordinado às regras predeterminadas na lei. Além das cláusulas normais, o contrato de compra e venda pode ainda ter as chamadas cláusulas especiais, que são: • Retrovenda: permite ao vendedor resgatar o bem vendido, restituindo o preço pago, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive os melhoramentos que porventura tiver realizado no imóvel. As partes podem acertar livremente o tempo de duração deste direito, que não pode ser superior a três anos. • Venda a contento: é aquela em que, mesmo tendo sido entregue o bem, a venda só estará perfeita (realmente concluída) quando o adquirente manifestar o seu agrado (aceite). • Direito de preferência: também chamado de preempção, consiste em garantir ao vendedor o direito de recomprar o imóvel, caso o comprador decida vendê- lo. • Venda sobre documentos: não há a entrega da coisa. O que ocorre é a entrega do título representativo e dos outros documentos necessários. Nesse tipo de venda, estando os documentos em ordem, o comprador não pode se recusar a pagar o valor combinado. Destacam ainda Macedo et al. (1990) que, caso na venda de um imóvel se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área e esta não corresponder, em qualquer dos casos das dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área e, não sendo isso possível, o de reclamar a rescisão do contrato ou abatimento proporcional do preço. Não lhe cabe, porém, esse direito, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, presumindo-se essa enunciativa quando a diferença encontrada não exceder de 1/20 da extensão total enunciada (art. 1.136, parágrafo único do CC). 104 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 4 VENDA Salientam Macedo et al. (1990) que as principais obrigações do vendedor são: • entregar a coisa, transferindo ao comprador a sua propriedade; • garantir-lhea efetividade ao direito sobre a coisa: • é com a entrega da coisa vendida que ocorre a execução do contrato por parte do vendedor; • o vendedor deve fazer a entrega após a conclusão do contrato, sendo usual a cláusula que estabelece o prazo para a entrega; • a coisa deve ser entregue pelo vendedor com tudo o que estiver destinado permanentemente ao seu uso, com todas as suas pertenças; • o vendedor fica ainda obrigado a assegurar ao comprador a propriedade da coisa com as coisas e as qualidades prometidas. É obrigado a prestar a evicção e responde também pelos vícios redibitórios da coisa vendida; • de conformidade com o art. 1.129 do Código Civil, salvo cláusula em contrário, as despesas de tradição ficam a cargo do vendedor e as de escritura a cargo do comprador. Da mesma forma, os direitos do vendedor são: • reter a coisa antes de receber o preço, desde que não se trate de venda a crédito; • exigir o preço uma vez entregue a coisa. 5 LOCAÇÃO Locação é o ato pelo qual uma pessoa cede a outra, em caráter temporário, o uso e gozo de um bem. As locações podem ter como objeto tanto bens imóveis quanto móveis. A locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível (que não pode ser substituída) mediante certa retribuição. A locação se divide em residencial, regida pela Lei nº 6.649/79, conhecida como Lei do Inquilinato, que não permite a retomada do imóvel a não ser em certas situações que especificam e limitam as majorações do aluguel, pela Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991 e pelo Código Civil de 2002; e as não residenciais, que se submetem a dois regimes: a Lei nº 6.649/79 (Lei do Inquilinato), em que é TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 105 permitida a retomada do imóvel ao término do contrato sem nenhuma restrição ao locador, fato conhecido como denúncia vazia, e ao Decreto-Lei nº 24.150, de 20 de abril de 1933 (Lei de Luvas), que dá especial proteção aos contratos comerciais em razão do fundo de comércio e que garante, dentro de determinadas normas, a renovação compulsória do contrato por meio de sentença judicial. Na visão de Márcio A. Bueno (1996), o contrato de locação tem a possibilidade de ser feito tanto de forma escrita quanto verbal, sendo que este se prova pelos recibos de pagamento dos aluguéis. NOTA Na locação existem sempre duas partes: o locador e o locatário. Locador é o proprietário do imóvel e locatário é aquele que ocupa efetivamente o bem. Nesta situação, o locador detém o direito de propriedade e de posse indireta, enquanto ao locatário cabe o direito à posse direta. Existindo mais de um locador, ou mais de um locatário, entende-se que são solidários, salvo expressa determinação em contrário. O locatário é obrigado a utilizar o imóvel para o fim pactuado. Caso o locatário venha a empregar o imóvel em uso diverso do estabelecido, é facultado ao locador, além de exigir perdas e danos, rescindir o contrato. Durante o prazo de vigência do contrato, o locador não pode mudar a forma nem o destino do imóvel. Explica Bueno (1996) que o contrato de locação pode ter prazo determinado ou não. Por isso, locador e locatário têm ampla liberdade para estabelecerem o prazo que melhor entenderem. Se o contrato tiver prazo igual ou superior a dez anos, faz-se obrigatória a concordância do cônjuge. As locações firmadas através de contrato e com prazo igual ou superior a trinta meses são consideradas terminadas quando do fim deste prazo, independente de aviso ou notificação. Caso o locatário permaneça no imóvel após o término deste prazo, sem oposição do locador, considera-se renovada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas do contrato, inclusive o valor do aluguel. Acontecendo esta renovação automática, pode o locador encerrar a locação a qualquer tempo, sendo obrigado a conceder trinta dias para que o locatário desocupe o imóvel. 106 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS Nas locações com prazo indeterminado, o locatário tem o direito de pedir a sua rescisão, com trinta dias de antecedência, através de aviso por escrito ao locador. Não havendo este aviso, o locador pode cobrar o valor correspondente a um aluguel, mais os encargos existentes na época. A devolução do imóvel ocorre quando o locatário pode devolver o imóvel, mesmo durante a vigência do contrato. Para isso, deve pagar a multa estabelecida no contrato. Explica Bueno (1996) que o locatário fica dispensado de pagar esta multa caso a devolução do imóvel decorra de transferência de serviço, seja público ou particular, acarretando mudança para outro município. Neste caso, o locatário é obrigado a notificar o locador com trinta dias de antecedência. Com exceção das locações que não tiverem garantia ou das locações para temporada, é vedado exigir pagamento antecipado do aluguel. O quadro a seguir apresenta os deveres do locador. Entregar ao locatário o imóvel em estado que possa ser usado para o fim a que se destina. Garantir, durante a locação, o uso pacífico do imóvel alugado. Manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel. Responder pelos vícios ou defeitos anteriores à locação. Fornecer ao locatário, se ele pedir, descrição detalhada do imóvel, quando da sua entrega, apresentando os eventuais defeitos existentes. Fornecer ao locatário recibo de tudo aquilo que ele pagar. Pagar as taxas de administração imobiliária, se houver, bem como as de intermediação, nestas compreendidas as despesas relativas à verificação da idoneidade do pretendente à locação e do fiador. Pagar os impostos, taxas e o prêmio de seguro complementar contra fogo, salvo se o contrário for estipulado no contrato. Exibir ao locatário, quando este solicitar, os comprovantes relativos às parcelas que estejam sendo exigidas. Pagar as despesas extraordinárias de condomínio, ou seja, aquelas não rotineiras de manutenção do prédio, tais como obras de reformas que digam respeito à estrutura ou à habitabilidade do imóvel, pintura de fachadas e outras. FONTE: Adaptado de Bueno (1996, p. 27) Veja a seguir quais são os deveres do locatário: QUADRO 4 – DEVERES DO LOCADOR TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 107 Veja a seguir quais são os deveres do locatário: Pagar pontualmente o aluguel e demais encargos, no local que estiver determinado no contrato. Usar o imóvel para o fim convencionado, devendo tratá-lo como se fosse seu. Devolver o imóvel, no fim da locação, no mesmo estado em que o recebeu, salvo as deteriorações do seu uso normal. Informar ao locador, imediatamente, a necessidade de reparação de sua responsabilidade, bem como as turbações de terceiros. Realizar, imediatamente, os reparos nos danos provocados por ele ou por seus dependentes. Não modificar a forma do imóvel sem a prévia autorização do locador. Entregar ao locador, imediatamente, todas as cobranças de tributos e encargos condominiais, bem como qualquer intimação a ele dirigida. Pagar as despesas de telefone, energia, gás, água e esgoto. Permitir que o imóvel seja vistoriado, com combinação prévia, inclusive no caso de venda do mesmo. Cumprir a convenção de condomínio e os seus regulamentos. Pagar o seguro fiança, se houver. Pagar as despesas ordinárias de condomínio, ou seja, aquelas necessárias à administração normal do prédio. FONTE: Adaptado de Bueno (1996, p. 27) Caso o pagamento dos tributos fique sob a responsabilidade do locatário, pode o locador exigir que ele o pague juntamente com o aluguel, bem como os encargos e as despesas ordinárias. QUADRO 5 – DEVERES DO LOCATÁRIO 5.1 DIREITO DE PREFERÊNCIA O locatário tem direito de preferência para adquirir o imóvel, no caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos e na dação em pagamento. O locador deve dar ciência ao locatário do fato através de notificação judicial, extrajudicial ou por outro meio confiável. ExplicaBueno (1996) que esta comunicação deve conter todas as condições do negócio, principalmente: • o preço; • a forma de pagamento; • a existência de ônus sobre o imóvel; • local e horário em que pode examinar a documentação pertinente. Depois de notificado, o locatário tem trinta dias para manifestar sua posição. Caso não se pronuncie dentro deste prazo, perde o direito de preferência. 108 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 5.2 BENFEITORIAS As benfeitorias são melhoramentos produzidos no imóvel por ação direta do proprietário, isto é, tudo o que se emprega num bem imóvel ou móvel, com a finalidade de salvaguardá-lo ou de embelezá-lo. Conforme Raposo e Heine (2004), a benfeitoria pode facilitar o uso do bem, conservá-lo ou simplesmente servir para deleite do usuário. Benfeitorias, conforme Bueno (1996), são acessórios que se introduzem no bem, podendo ser classificadas da seguinte forma: • voluptuárias: são aquelas de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável, mesmo que de valor elevado. Com relação à locação, o art. 36 da Lei de Locação (Lei nº 8.245/91) diz que as benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não afete a estrutura e a subsistência do imóvel; • úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso do bem. Produzem um aumento físico e funcional, mas não é o aumento físico que é dimensionado, e sim, o funcional. Se autorizadas pelo locador, as benfeitorias úteis são indenizáveis e geram, ainda, o direito de retenção (art. 35 da Lei de Locação); • necessárias: são as que têm por objetivo conservar o bem ou evitar que se deteriore. Se não tivesse sido realizada, o bem se deterioraria, poderia ser destruído, parcial ou totalmente, podendo chegar a perder a finalidade a que se destinava. Mesmo que não autorizadas pelo locador, as benfeitorias necessárias são indenizáveis e geram, ainda, o direito de retenção (art. 35 da Lei de Locação). As benfeitorias necessárias são as mais sérias, pois referem-se à própria possibilidade de habitação do imóvel. Estas, sem dúvida, devem ser indenizadas pelo locador, até porque há uma disposição expressa no Código de Defesa do Consumidor vedando a inserção de cláusulas que ’possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias’. Já as benfeitorias úteis devem ser indenizadas se tiverem sido expressamente autorizadas pelo locador. O fato de o imóvel estar ou não mobiliado não descaracteriza a tal forma de locação. No entanto, se ele estiver mobiliado, deve constar do contrato, obrigatoriamente, descrição detalhada dos móveis e utensílios, bem como o estado em que foram entregues. TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 109 6 TROCA OU PERMUTA Aplicam-se à troca, também chamada de permuta, as mesmas determinações existentes para compra e venda. As despesas com o documento da troca são divididas igualmente pelos contratantes, a não ser que combinado de outro modo. 7 ARRENDAMENTO O arrendamento é a forma de contrato pelo qual uma parte se obriga a ceder a outra, por um determinado tempo, o uso e gozo da coisa mediante o pagamento de determinada soma de dinheiro. Explicam Macedo et al. (1990) que, no ramo imobiliário, a forma mais comum de arrendamento se dá com propriedades rurais, cuja contratação segue as normas ditadas no Decreto nº 59.566, de 14 de novembro de 1966, que regulamentou as seções I, II, e III do Capítulo IV do Título III da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 (Estatuto da Terra), e o Capítulo III da Lei nº 4.947, de 06 de abril de 1966 (Contratos de Direito Agrário). O seu requisito principal é ser contrato escrito, contendo o nome e a qualificação completa das partes envolvidas, descrição e localização da propriedade, sua destinação, benfeitorias, equipamentos e animais existentes, além do prazo, preço, forma de pagamento, garantias e foro eleito para dirimir qualquer dúvida que surja. O prazo de arrendamento para lavoura temporária ou pecuária de pequeno e médio porte é de três anos, para a lavoura permanente e pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de matéria-prima de origem animal, o prazo é de cinco anos, sendo que se deve observar que os prazos terminam sempre após a última colheita. 8 ADMINISTRAÇÃO Administração é a reunião de atos praticados por um corretor de imóvel, pessoa física ou jurídica, para gerenciar imóvel de terceiro, mediante a percepção de honorários previamente contratados. Essa administração consiste na elaboração do contrato, assistência ao imóvel, controle de uso, recebimento dos aluguéis, pagamento dos impostos, contratação de empregados quando for o caso, compra de materiais de limpeza entre outros, com prestação de contas periódicas conforme for ajustado. 110 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS Esse tipo de atividade tem se desenvolvido bastante, já existindo, inclusive, corretores de imóveis altamente especializados no assunto, que a ela se dedicam com exclusividade. 9 AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS Outra contribuição do corretor é a avaliação de imóveis. Este tipo de atividade, no que se refere a imóveis urbanos, é normatizada pela NBR-5.676/80 e no que se refere a imóveis rurais pela NBR 8.799/85. A avaliação de imóveis pode ser conceituada como: • determinação técnica do valor de um imóvel ou de um direito sobre o imóvel; • ato ou efeito de avaliar, de apreciar, de analisar um imóvel; • valor determinado pelos avaliadores; • arte de estimar valores de propriedades específicas, em que o conhecimento profissional de engenharia, de corretagem imobiliária e do mercado imobiliário propriamente dito, e o bom julgamento são condições essenciais. O art. 3 da Lei nº 6.530/78 afirma: “Compete ao corretor de imóveis exercer a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo, ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária.” NOTA Com embasamento neste artigo, o corretor de imóveis pode assinar relatórios de avaliação que tenham a finalidade de determinar o valor de mercado de bens imóveis. Destaca-se que a avaliação de um imóvel, para determinação do valor de mercado, pressupõe a análise geral de todas as suas características, incluindo-se aspectos como: • região em que se encontra; relevo; • destinação (residencial, comercial, industrial, fins sociais, agricultura etc.); • extensão da área; • tipos de formas de acessos; TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 111 • vizinhança; • característica da construção, se houver ou se é o objeto da avaliação; • serviços públicos, serviços comunitários existentes e em potencial na região; • benfeitorias; • situação em relação ao código de postura e/ou plano diretor da cidade, se houver. Realizada a análise do imóvel, deve-se ainda considerar o valor de mercado. Valor de mercado é o preço de determinado bem, normalmente, praticado no mercado imobiliário. O valor de mercado pode ou não vir a ser praticado em uma transação. Ao valor realmente pago ou a ser pago em uma transação imobiliária dá- se o nome de preço de mercado. Para avaliação de um imóvel, podem ser utilizados métodos diretos e indiretos: • Métodos Diretos: utilizam a metodologia comparativa e a de custo. • Comparativo: a forma mais utilizada consiste em comparar a venda ou o aluguel de imóveis semelhantes, na mesma região e que tenham sido comercializados o mais recentemente possível. • Do custo: consiste na verificação rigorosa do custo da edificação e das benfeitorias incorporadas. Nem sempre é possível ser utilizado, especialmente se o imóvel tiver sido construído há muito tempo. • Métodos Indiretos: consideram as variáveis renda e/ou aspectos residuais. • Da Renda: a determinação do valor de venda ou para aluguel é feita levando- se em conta o quanto o imóvel pode render, inclusiveeventuais frutos que produza. 112 UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS LEITURA COMPLEMENTAR SALÃO IMOBILIÁRIO ACOMPANHA AQUECIMENTO DO SETOR E SUPERA EXPECTATIVAS Consolidado como a maior vitrine de imóveis da América Latina, segunda edição do evento ultrapassou a marca de 41 mil visitantes, gerando um total de R$ 1,2 bilhão em negócios para os próximos 12 meses. Em uma área de 16 mil m², o Salão Imobiliário São Paulo - Sisp, organizado e promovido pela Reed Exhibitions, Alcantara Machado Feiras de Negócios e Secovi-SP (Sindicato da Habitação), reuniu em sua segunda edição, realizada de 27 a 30 de setembro de 2007, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, 220 empresas, entre construtoras e incorporadoras nacionais e internacionais, bancos e empresas ligadas ao setor imobiliário. Consolidada como a maior vitrine imobiliária da América Latina, o Sisp apresentou mais de 30 mil ofertas de imóveis comerciais, residenciais, turísticos, além de lotes em diversas regiões do Brasil e do Exterior, e superou a marca de 41 mil visitantes interessados em conhecer as novidades. “Os números demonstram que o evento é um sucesso e veio para ficar. A expectativa de geração de negócios da ordem de R$ 1,2 bilhão para os próximos 12 meses foi plenamente atendida”, afirma Elbio Fernandez Mera, vice-presidente do Secovi-SP e coordenador do Salão, destacando ainda a expressiva participação de público proveniente de diversas localidades, principalmente de cidades do Interior paulista – “que é para onde o mercado imobiliário está se expandindo”. Para o presidente do Secovi-SP, João Crestana, o sucesso do Salão comprova a situação favorável que envolve o mercado atualmente. “Após 20 anos de estagnação, o mercado imobiliário vive um momento de reaquecimento e os resultados do Sisp estão aí para comprovar essa retomada. Com juros mais baixos e prazos mais longos, comprar imóvel é um bom e atraente negócio. As condições favoráveis de financiamento possibilitam que as prestações caibam no bolso dos compradores.” “Conseguimos trazer à segunda edição ofertas para as mais diversas classes sociais. No próprio evento foi possível realizar simulações de crédito, esclarecer dúvidas, assinar propostas, ampliar contatos e até mesmo fechar negócios”, comenta Ricardo Matrone, show-manager do evento. Durante quatro dias, o público conferiu ofertas de imóveis a partir de R$ 49,9 mil a mais de R$ 2 milhões, com variadas opções em áreas úteis e de lazer, número de dormitórios (com ou sem suítes) e vagas na garagem, localização e arquitetura. Também foram apresentadas condições especiais de financiamentos, TÓPICO 2 | ATIVIDADES DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 113 como agilidade nas aprovações dos créditos, taxas competitivas, prazos de até 30 anos e consórcios. Para atrair a atenção dos visitantes, algumas empresas realizaram promoções e atrações diferenciadas em seus estandes. Além de imóveis em vários Estados do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Bahia, Pará, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o Sisp ofereceu empreendimentos no Exterior, como Punta Del Este, Miami, Orlando, Las Vegas, Cancun, Bahamas e Nova Iorque. O Salão Imobiliário São Paulo integra a Semana Imobiliária em São Paulo, que compreende ainda o Prêmio Master e a Convenção Secovi. Para a próxima edição do Sisp, que ocorrerá de 25 a 28 de setembro de 2008, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, a totalidade das empresas já garantiu renovação, devendo a maior parte ampliar o tamanho de seus estandes. FONTE: SECOVI SÃO PAULO. Notícias da Convenção SECOVI. Disponível em: <http://www. convencaosecovi.com.br/mostraNoticias.php?intIdNoticia=3092>. Acesso em: 18 jul. 2008. 114 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos: As várias modalidades de operação imobiliária surgiram em decorrência do crescimento da economia e da necessidade de exploração racional dos imóveis, e são: compra e venda, locação, troca ou permuta, arrendamento, administração, avaliação de imóveis. O compromisso de compra e venda é um contrato pelo qual as partes se comprometem a efetuar um contrato de compra e venda, por isso também é chamado de pré-contrato, em que o compromissário comprador se compromete a comprar um determinado bem, e a outra parte, o compromitente vendedor se compromete a vendê-lo. Este documento pode ser feito por instrumento particular e, na prática, surge quando as partes não querem ou não podem celebrar desde logo, por escritura pública, o contrato definitivo. A locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível (que não pode ser substituída) mediante certa retribuição. Aplicam-se à troca, também chamada de permuta, as mesmas determinações existentes para compra e venda. O arrendamento é a forma de contrato pelo qual uma parte se obriga a ceder a outra, por um determinado tempo, o uso e gozo da coisa mediante o pagamento de determinada soma de dinheiro. Administração é a reunião de atos praticados por um corretor de imóvel, pessoa física ou jurídica, para gerenciar imóvel de terceiro, mediante a percepção de honorários previamente contratados. A avaliação de imóveis pode ser conceituada como a determinação técnica do valor de um imóvel ou de um direito sobre o imóvel; ou ainda é o ato ou efeito de avaliar, de apreciar, de analisar um imóvel. RESUMO DO TÓPICO 2 115 AUTOATIVIDADE Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: A física é aquela que apresenta a descrição da parte física do imóvel, com o oferecimento de informações precisas sobre o tamanho das áreas, tanto internas como externas, e sobre outros dados que podem enriquecer a imagem do imóvel que se quer negociar. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Quando se trata da negociação de um imóvel financiado, algumas informações complementares são indispensáveis como: a) ( ) O prazo de financiamento. b) ( ) As prestações vincendas. c) ( ) O valor atual da prestação. d) ( ) O prazo para transferência. e) ( ) Todas as alternativas acima estão corretas. 3 Os elementos que constituem a compra e venda são a coisa, o preço e o consentimento. Relacione as colunas, utilizando o código a seguir: I – da Coisa ( ) O contrato de compra e venda tem de determinar o preço, devendo ser expresso em dinheiro ou outro valor representativo do dinheiro, como cheques, duplicatas, notas promissórias ou títulos. II – do Preço ( ) É o acordo de vontades, com relação ao objetivo do contrato, o preço e as demais cláusulas contratuais. III – Consentimento ( ) Para que haja a venda, é preciso que haja algo a vender, ou a venda será impossível. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I - III - II. b) ( ) I - II - III. c) ( ) III - I - II. d) ( ) II - III - I. e) ( ) II - I - III. 116 4 Além das cláusulas normais, o contrato de compra e venda pode ainda ter as chamadas cláusulas especiais. Sobre isso, relacione as colunas, utilizando o código a seguir: I – Retrovenda. ( ) Também chamado de preempção, que consiste em garantir ao vendedor o direito de recomprar o imóvel, caso o comprador decida vendê-lo. II – Venda a contento. ( ) Permite ao vendedor resgatar o bem vendido, restituindo o preço pago, mais as despesas feitas pelo comprador. III – Direito de preferência. ( ) Não há a entrega da coisa. O que ocorre é a entrega do título representativo e dos outros documentos necessários. IV – Venda sobre documentos. ( ) É aquela em que, mesmo tendo sido entregue o bem, a venda só estará perfeita (concluída) quando o adquirente manifestar o seu aceite. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II - I - IV - III. b) ( ) I - III - II - IV. c) () IV - II - III - I. d) ( ) III - I - IV - II. e) ( ) I - II - IV - III. 5 São deveres do locatário: a) ( ) Pagar os impostos, taxas e o prêmio de seguro complementar contra fogo, salvo se o contrato for estipulado no contrato. b) ( ) Garantir, durante a locação, o uso pacífico do imóvel alugado. c) ( ) Usar o imóvel para o fim convencionado, devendo conservá-lo. d) ( ) Manter, durante a locação, a forma e o destino do imóvel. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 117 TÓPICO 3 ATUAÇÃO NA PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A fim de bem desempenhar sua profissão, deve o corretor de imóveis adotar alguns procedimentos, dentre os quais: 1) manter-se atualizado com relação ao perfil do mercado imobiliário; 2) reunir informações detalhadas sobre aquisição, venda, locação, avaliação, preço, financiamentos etc.; 3) firmar contrato relativo à sua prestação de serviço; 4) combinar preço e condições da transação; 5) examinar a documentação do imóvel, dando ciência a inquilinos e/ou compradores; 6) agendar visitas ao imóvel, mostrando-o ao cliente; 7) orientar todo cliente que queria investir em imóveis. 2 ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS O corretor de imóveis pode trabalhar de diversas maneiras, que podem ser: trabalho individual em casa ou em seu escritório; aliar-se a outros corretores e mantendo um escritório conjunto com rateio das despesas e participação nos negócios realizados por qualquer um dos parceiros; parceria com alguma pessoa jurídica, ou seja, uma empresa imobiliária; como empregado celetista de uma empresa imobiliária. O quadro a seguir apresenta as características de cada uma das situações acima. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 118 Trabalho individual em casa ou em seu escritório Trabalhando em casa, de modo que o escritório é a própria residência, as despesas são pequenas. No entanto, corre o risco de ficar distante do dia a dia próprio da atividade, cuja troca de informações é altamente positiva para o corretor manter-se atualizado com a dinâmica do mercado imobiliário. A troca de informações é uma oportunidade que se tem de oferecer algum imóvel a outros profissionais e de se informar com eles se os mesmos têm algum a oferecer. Muitas vezes um tem a mercadoria que o outro precisa. Trabalho aliado a outros corretores Exercendo a atividade aliado a outros, o corretor arca com as despesas do escritório sob forma de rateio e igualmente divide o resultado de seus ganhos. Na verdade, tudo vai depender da fórmula acordada para o funcionamento do escritório, que, em princípio, funciona como se fosse uma empresa jurídica, normalmente constituída. Parceria com uma empresa imobiliária Estar em uma empresa conveniada com uma imobiliária, tem se mostrado bastante eficaz e largamente utilizada em todo o Brasil, principalmente nas grandes cidades. É a parceria capital financeiro (da empresa) aliada ao capital trabalho (do corretor). Nesse sistema, a empresa oferece o suporte físico e operacional, bancando todos os custos, ficando o corretor com a função própria da intermediação, arcando tão somente com as despesas pessoais necessárias à execução de seu trabalho. Cada imobiliária tem uma forma de fazer a divisão dos resultados financeiros das comissões recebidas. No entanto, normalmente, é obedecido um princípio de tradição para essa modalidade de parceria, ou seja, uniforme quanto ao método e com pequenas variações quanto aos percentuais de cada uma das partes. Como empregado celetista de uma empresa imobiliária O corretor tem carteira assinada, passando a ser um empregado da empresa imobiliária, com salário definido, recolhimento de FGTS e, eventualmente, comissionamento por vendas, captação etc. FONTE: Autor QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS NA ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS 3 CONSTITUIÇÃO DE UMA IMOBILIÁRIA Para a constituição de uma empresa imobiliária, deve-se seguir os mesmos procedimentos para a abertura de uma empresa, podendo a sociedade ser: • Limitada por Cotas de Participação (Ltda.). • Sociedade Anônima (S. A.). TÓPICO 3 | ATUAÇÃO NA PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS 119 FONTE: Autor QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS NA ATUAÇÃO EM OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS 3 CONSTITUIÇÃO DE UMA IMOBILIÁRIA • Sociedade de Capital e Trabalho. As empresas imobiliárias devem ter seu contrato social elaborado por um contador, contendo a especificação do capital social de cada sócio. Obedecendo às disposições do art. 6º, parágrafo único da Lei nº 6.530/78, pelo menos um dos sócios deve ser corretor de imóveis regularmente inscrito no CRECI da região, devendo constar sua condição de responsável-técnico pela empresa: “Art. 6º. Parágrafo Único. As Pessoas Jurídicas a que se refere este artigo deverão ter como sócio-gerente ou diretor um corretor de imóveis individualmente inscrito.” O corretor de imóveis que deixar de ser responsável por pessoa jurídica deve comunicar o fato ao CRECI da região, no prazo de quinze dias, contados da data de desvinculação. Tal obrigação se estende à própria empresa, segundo os arts. 37 e 38 da Resolução nº 327/92. Após o registro do contrato social na Junta Comercial de sua sede, deve ser solicitada a inscrição da empresa no CRECI da região, obedecidas as regras dos arts. 24 a 29 da Resolução-COFECI nº 327/92. Os corretores de imóveis e as empresas imobiliárias podem se especializar em um ou mais tipos de atividades comuns à classe. As principais são: • Administração de aluguéis residenciais e comerciais. • Administração de condomínios residenciais. • Administração de condomínios não residenciais (flats, apart-hotéis, shoppings, resorts etc.). • Compra e venda de imóveis residenciais de terceiros. • Compra e venda de imóveis comerciais. • Compra e venda de imóveis rurais. • Incorporações, normalmente em parceria com empresas construtoras. • Loteamentos. Existem ainda outras atividades específicas, como a comercialização de pontos comerciais, de galpões e glebas destinadas a loteamentos. Outro ponto a ser tratado com atenção pelas imobiliárias é a captação de imóveis, seja para venda, seja para locação. UNIDADE 3 | A ATIVIDADE DO CORRETOR E DAS ADMINISTRADORAS DE IMÓVEIS 120 LEITURA COMPLEMENTAR IMOBILIÁRIAS ASSOCIADAS A Imobiliárias Associadas é formada por dez imobiliárias reconhecidas na região de Santa Maria por sua tradição, ética e conhecimento de mercado. A associação surgiu da necessidade de este grupo de empresas regular o mercado de imóveis, para que clientes e imobiliárias pudessem ter negociações justas e seguras. Por isso, a exclusividade é um dos pilares das Imobiliárias Associadas. Necessidade Em 2007, as Imobiliárias Associadas de Santa Maria buscavam um sistema que permitisse a divulgação dos imóveis à venda oferecidos pelas dez imobiliárias participantes do projeto e com isso alcançar maior divulgação da rede e valorização das imobiliárias como referência de qualidade e comprometimento na prestação de serviços. Solução A Netface venceu a concorrência com o planejamento de sistema que permitisse o gerenciamento das informações disponíveis nas dez imobiliárias associadas de forma que essas se transformassem em informações estratégicas para a venda e comercialização de imóveis. O sistema desenvolvido pela Netface oferece maior agilidade no cadastro dos imóveis, segurança das informações e divulgação mais rápida e barata. Resultado O site das Imobiliárias Associadas hoje é um sucesso de visitas pelos usuários, já que em menos de um ano de divulgação já alcançou quase dois milhões de páginas vistas, o que demonstrou que o planejamento realizado pela Netface em conjunto com as Imobiliárias Associadas alcançou os objetivos traçados, visto a grande divulgação e resultados positivos oriundos do projeto. FONTE: NETFACE. Imobiliárias associadas. Disponível em: <http://www.netface.com.br/ servicos/>. Acesso em: 22 jul. 2008. 121 Neste tópico, caro(a)acadêmico(a), você estudou os seguintes conteúdos: O Corretor de Imóveis pode trabalhar de diversas maneiras, que podem ser: trabalho individual em casa ou em seu escritório; aliar-se a outros corretores e mantendo um escritório conjunto com rateio das despesas e participação nos negócios realizados por qualquer um dos parceiros; parceria com alguma pessoa jurídica, ou seja, uma empresa imobiliária; como empregado celetista de uma empresa imobiliária. Para a constituição de uma empresa imobiliária, deve-se seguir os mesmos procedimentos para a abertura de uma empresa. As empresas imobiliárias devem ter seu contrato social elaborado por um contador, contendo a especificação do capital social de cada sócio. Os corretores de imóveis e as empresas imobiliárias podem se especializar em um ou mais tipos de atividades comuns à classe. As principais são: administração de aluguéis residenciais e comerciais; administração de condomínios residenciais; administração de condomínios não residenciais (flats, apart-hotéis, shoppings, resorts etc.); compra e venda de imóveis residenciais de terceiros; compra e venda de imóveis comerciais; compra e venda de imóveis rurais; incorporações, normalmente em parceria com empresas construtoras; loteamentos. RESUMO DO TÓPICO 3 122 AUTOATIVIDADE Para exercitar seus conhecimentos adquiridos no estudo deste tópico, resolva as questões que seguem: 1 Classifique a seguinte sentença: O corretor de imóveis pode trabalhar de diversas maneiras, sendo elas: • Trabalho individual em casa ou em seu escritório. • Aliar-se a outros corretores e mantendo um escritório conjunto com rateio das despesas. • Parceria com alguma pessoa jurídica, ou seja, uma empresa imobiliária. • Como empregado celetista de uma empresa imobiliária. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 2 Classifique a seguinte sentença: Referente ao trabalho aliado a outros corretores, podemos dizer que é estar em uma empresa conveniada com uma imobiliária, tem se mostrado bastante eficaz e largamente utilizada em todo o Brasil, principalmente nas grandes cidades. ( ) Verdadeira. ( ) Falsa. 3 Para a constituição de uma empresa imobiliária, deve-se seguir os procedimentos para a abertura de uma empresa, podendo a sociedade ser: a) ( ) Limitada por cotas de participação, sociedade anônima ou sociedade de capital e trabalho. b) ( ) Somente limitada por cotas de participação (Ltda). c) ( ) Somente sociedade anônima ou Ltda. d) ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 4 Os corretores de imóveis e as empresas imobiliárias podem se especializar em um ou mais tipos de atividades comuns à classe. Sobre isso, analise as sentenças a seguir: I– Administração de aluguéis residenciais e comerciais. II– Administração de condomínios residenciais. III– Administração de condomínios não residenciais (flats, apart-hotéis). IV– Compra e venda de imóveis residenciais de terceiros. V– Compra e venda de imóveis comerciais. 123 Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e V estão corretas. c) ( ) As sentenças I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) As sentenças II, IV e V estão corretas. e) ( ) Todas as sentenças estão corretas. 5 Analise a seguinte sentença: Após o registro do contrato social na junta comercial de sua sede, deve ser solicitada a inscrição da empresa no CRECI da região, obedecidas as regras dos arts. 24 a 29 da Resolução – COFECI número 327/92. a) ( ) Verdadeira. b) ( ) Falsa. 124 125 REFERÊNCIAS BUENO, Márcio A. O corretor de imóveis e as regras das locações residenciais. São Paulo: Editora Imobiliária, 1996. COFECI. Histórico da profissão. Disponível em: <http://www.cofeci.gov.br/>. Acesso em: 21 jul. 2008. CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS 3ª REGIÃO – RIO GRANDE DO SUL - CRECI-RS. Perfil do corretor de imóveis. Disponível em: <http://www.creci- rs.org. br/ index.asp? SECAO=30&SUBSECAO=0>. Acesso em: 20 jul. 2008. CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS – DISTRITO FEDERAL - CRECI-DF. A responsabilidade do corretor de imóveis face ao novo Código Civil. Disponível em: <http://201.34.255.153/Sistema_CRECI_Site_DF/_ contratos/a_responsabilidade.aspx>. Acesso em: 18 jul. 2008. DICAS IMÓVEL MT. Ética como princípio, excelência como meio, servir como fim. Disponível em: <http://dicasimovelmt.blogspot.com/2007_08_01_archive. html>. Acesso em: 20 jul. 2008. IMOBILIÁRIA EM BARÃO GERALDO – ISMÊ IMOBILIÁRIA. Golpes no mercado imobiliário. Disponível em: <http://isme.zip.net/>. Acesso em: 20 jul. 2008. IMOBILIÁRIA RIBEIRÃO. Corretor de vendas precisa ter técnica e paciência. Disponível em: <http://www.google.com.br/search?hl=pt- BR&q=case+%C3%A9tica+corretor+ im%C3%B3veis &start=80&sa=N>. Acesso em: 22 jul. 2008. MACEDO, Jamil Pereira et al. Manual do técnico em transações imobiliárias. 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