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Orçamento Empresarial Thiago Coelho Soares Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Orçamento Empresarial Livro Digital Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Edição – Livro Digital Professor Conteudista Thiago Coelho Soares Coordenação de Curso Thiago Coelho Soares Design Instrucional Lis Airê Fogolari Projeto Gráfico e Capa Equipe Design Visual Diagramação Frederico Trilha Revisão B2B Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul 658.154 S65 Soares, Thiago Coelho Orçamento empresarial : livro digital / Thiago Coelho Soares ; design instrucional Lis Airê Fogolari. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 158 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Orçamento empresarial. I. Fogolari, Lis Airê. II. Título. Palhoça UnisulVirtual 2011 Designer instrucional Lis Airê Fogolari Orçamento Empresarial Livro Digital Thiago Coelho Soares 7 Apresentação 9 Palavras do professor 11 Plano de Estudo 15 Unidade 1 Orçamento 33 Unidade 2 Etapas do orçamento 53 Unidade 3 Elaboração do orçamento 81 Unidade 4 Controle orçamentário 105 Unidade 5 Novos conceitos orçamentários 145 Para concluir os estudos 147 Minicurrículo 149 Respostas e comentários das atividades de autoaprendizagem e colaborativas 155 Referências Sumário Caro/a estudante, O Livro Digital desta disciplina foi organizado didaticamente, de modo a oferecer a você, em um único arquivo pdf, elementos essenciais para o desenvolvimento dos seus estudos. Constituem o livro digital: • Palavras do professor (texto de abertura); • Plano de estudo (com ementa, objetivos e conteúdo programático da disciplina); • Objetivos, Introdução, Síntese e Saiba mais de cada unidade; • Leituras de autoria do professor conteudista; • Atividades de autoaprendizagem e gabaritos; • Enunciados das atividades colaborativas; • Para concluir estudo (texto de encerramento); • Minicurrículo do professor conteudista; e • Referências Bibliográficas. Lembramos, no entanto, que o Livro Digital não constitui a totalidade do material didático da disciplina. Dessa forma, integram o conjunto de materiais de estudo: webaulas, objetos multimídia, leituras complementares (selecionadas pelo professor conteudista) e atividades de avaliação (obrigatórias e complementares), que você acessa pelo Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem. Tais materiais didáticos foram construídos especialmente para este curso, levando em consideração as necessidades da sua formação e aperfeiçoamento profissional. Atenciosamente, Equipe UnisulVirtual Apresentação Prezado(a) aluno(a), O planejamento é a chave da gestão empresarial para as pequenas empresas, grandes corporações, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos ou simplesmente para a vida pessoal dos indivíduos. Pode-se afirmar, portanto, que todos os gestores fazem algum tipo de planejamento, muito embora em algumas vezes, nas pequenas organizações, os planos não sejam formalizados. O orçamento empresarial não deve ser entendido como instrumento limitador e controlador de gastos. O orçamento deve ser encarado como forma de focalizar a atenção nas operações e finanças da empresa, antecipando os problemas, sinalizando metas e objetivos que necessitem de cuidado por parte dos gestores. Com isso, contribuindo para a tomada de decisões com vistas ao atendimento da missão e do cumprimento das estratégias das empresas. Então, nesta disciplina, vamos discutir sobre os efeitos do orçamento na gestão geral da organização. Bons estudos! Prof. Thiago Coelho Soares. Palavras do professor O plano de estudos visa a orientá-lo/a no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o/a ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: • o livro digital • o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); • as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); • o Sistema Tutorial. Objetivo Geral: • Utilizar a técnica orçamentária como instrumento de ação que auxilia a orientar o processo de tomada de decisão na gestão financeira e administrativa, bem como o planejamento e controle das atividades de uma empresa. • Compreender e aplicar os conceitos, as normas, a prática de estimativas e previsões, as técnicas de projeção, a elaboração do orçamento e acompanhamento. Ementa: Conceito de planejamento orçamentário. Finalidade do orçamento. Mecanismos orçamentários. Implantação do sistema orçamentário. Elaboração do orçamento: balanço projetado, resultado projetado e fluxo de caixa. Orçamento e capital de giro. Orçamento de investimentos fixos. Controle orçamentário. Orçamento Base Zero. Plano de Estudo Pós-graduação Conteúdo Programático/objetivos A seguir, as unidades que compõem o livro digital desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a este nível de estudo. Unidades de estudo: 5 Unidade 1 – Orçamento O orçamento é um instrumento de planejamento e controle de longo prazo. Nesta unidade, veremos os objetivos do planejamento, as principais características, o processo de elaboração, os tipos de orçamento, as vantagens e limitações do orçamento. Unidade 2 – Etapas do orçamento O orçamento operacional determinará as quantidades por produtos a serem fabricadas, para que viabilize as vendas planejadas no orçamento, administrando também os estoques disponíveis da empresa. Assim, envolve diversos orçamentos elaborados pelas fábricas, complementados por outros, preparados por órgãos da administração central. Além disto, focaremos no orçamento de vendas, que tem por finalidade determinar a quantidade e o valor total dos produtos a vender, bem como calcular os impostos, a partir de projeções de vendas elaboradas pelas unidades de vendas e/ou executivos e especialistas em marketing. Baseado no orçamento de vendas, considerando os estoques existentes, a empresa deverá, com base nos seus números, estabelecer um plano de produção adequado que viabilize o negócio. Unidade 3 – Elaboração do orçamento O orçamento é um instrumento de planejamento e controle de longo prazo. Nesta leitura, verificaremos um exemplo prático de como elaborar um orçamento operacional para uma empresa privada calculando cada etapa do processo: orçamento de vendas, orçamento de produção, orçamento de despesas, orçamento de capital, orçamento de caixa e projeção dos demonstrativos contábeis. Orçamento Empresarial Unidade 4 – Controle orçamentário O orçamento empresarial deve ser acompanhado, para que se possa visualizar se estão sendo cumpridos os planos estabelecidos e quais as variações que podem afetar as principais causas e os efeitos desse processo no conjunto de produção e vendas, na administração e nos resultados e desempenho da empresa. Os padrões de comparação ocorrem pelo confronto entre os valores orçados e os valores efetivos das operações que a empresa executa ao longo do período, assim, consistem no acompanhamento orçamentário, ou seja, é o encerramento de todo o conjunto de informações. O controle orçamentário proporciona a visualização geral das informações de um sistema orçamentário. Unidade 5 – Novos conceitos orçamentários O estudo do orçamento remonta à década de 1950. A gestão organizacional vem tendo saltos de qualidade desde a Revolução Industrial no Século XIX. Esta evoluçãona gestão propiciou diversas técnicas na elaboração dos orçamentos, partindo do orçamento tradicional. Surgiram, então, o Orçamento de Desempenho, o Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento (PPBS), o Orçamento Base Zero, o Orçamento-Programa, o Beyond Budgeting, o Rationalization des Choix Budgetaires, dentre outros. Carga horária: 45 horas Orçamento Unidade 1 Objetivos de Aprendizagem • Compreender os conceitos orçamentários; • Compreender as normas orçamentárias. Introdução O orçamento é um plano financeiro para determinado exercício de uma organização. O orçamento empresarial tem por finalidade a identificação dos componentes do planejamento financeiro, que abrange todo o conjunto das operações anuais de uma empresa por meio da formalização do desempenho dessas funções. Um orçamento é o conjunto de informações referentes às receitas e despesas da empresa relativo a um período de execução determinado, normalmente anual, mas que também pode ser mensal, trimestral, plurianual, etc. O orçamento deriva do processo de planejamento estratégico da organização. A administração de qualquer empresa deve estabelecer objetivos e metas para um período determinado, transformando-os em um plano financeiro, ou seja, convertendo em moeda, para o devido acompanhamento e avaliação da gestão. 16 Pós-graduação Introdução ao orçamento Thiago Coelho Soares O orçamento, conforme Antony e Govindarajan (2001), é um instrumento para o planejamento e controle das operações em curto prazo. Geralmente, um orçamento operacional cobre um período de um ano e inclui as receitas e as despesas e custos previstos para esse período. Grande parte das empresas de grande porte e multinacionais têm entre suas responsabilidades, o desenvolvimento de orçamentos para seus períodos de operação. Um orçamento empresarial deve identificar quais serão as receitas e despesas da organização que compreende períodos de tempo futuros. Conforme Lunkes (2003), existem dois tipos principais de orçamento, o orçamento de capital ou investimento, e o orçamento operacional ou de período. O orçamento de investimento, analisa as diversas alternativas de investimento que dispõe a empresa para implantar ou expandir a sua capacidade de produção e/ou comercialização. O orçamento operacional envolve receitas e custos, sendo orientado pelos objetivos e metas propostos pela organização. É formado pelo orçamento de vendas, de produção, de despesas, de caixa e DRE projetada. Assim, Frezatti (2000, p.27) conclui: “A elaboração do orçamento exige que os objetivos definidos pela organização sejam contemplados e perseguidos. Caso isso não ocorra, o orçamento deve ser revisado e ajustado, já que ele é o instrumento gerencial que deve proporcionar a realização dos objetivos.” Objetivos do orçamento empresarial Dentre os objetivos da elaboração do orçamento empresarial, podem ser citados os seguintes pontos (FREZATI, 2000; HOJI, 2001): • Tomada de decisão; • Planejamento e controle; • Fixar objetivos e metas; • Manter a administração informada; e • Confrontar o realizado com o orçado. Orçamento 17 Principais características do orçamento operacional Dentre as principais características do orçamento operacional podem ser apontadas as seguintes (FREZATI, 2000; HOJI, 2001): • Projeção para o futuro; • Flexibilidade na aplicação (adapta-se a conjuntura externa e interna); e • Participação direta dos responsáveis (plano imposto vs plano estudado). Além de tais características, o orçamento apresenta as seguintes peculiaridades (ANTHONY; GOVINDARAJAN (2001): • Estima o potencial lucro/prejuízo; • É apresentado em termos monetários, embora as cifras possam ser fundamentadas em valores não monetários (como por exemplo, unidades produzidas ou vendidas); • Cobre, geralmente, o período de um ano (algumas empresas influenciadas por atividades sazonais podem elaborar dois orçamentos anuais, como as empresas do ramo de roupas); • É um compromisso gerencial (os executivos comprometem-se a aceitar a responsabilidade de atingir os objetivos do orçamento); • A proposta orçamentária é aprovada por autoridade mais alta do que os responsáveis pela execução do orçamento; • Uma vez aprovado, o orçamento só pode ser alterado sob condições especiais; e • O desempenho financeiro real é comparado com o orçamento e as variações são analisadas e explicadas. Processo de elaboração do orçamento empresarial No processo de elaboração do orçamento empresarial, devem ser seguidas as seguintes fases (FREZATI, 2000; HOJI, 2001): • Fase 1- Determinar objetivos e metas; • Fase 2- Programar as atividades de cada departamento ou setor; • Fase 3- Comparar os resultados com o orçado; • Fase 4 - Ajustes, realimentação (feedback). 18 Pós-graduação Na fase 1, é a mais importante e complexa. Momento em que são determinados os objetivos e metas a serem atingidos, ocasião em que a equipe que elabora o orçamento analisará os Fatores Macroeconômicos, o Mercado Financeiro e as Necessidades Internas. Vejamos quais são os elementos considerados em cada análise: Fatores Macroeconômicos: a. Economia nacional; b. Legislação específica; c. Tendência da política governamental; d. Evolução setorial; e. Inflação; f. Mercado de trabalho; g. Fornecimento de matéria-prima, h. Posicionamento das exportações e importações, tanto de insumos como de produtos. Mercado Financeiro a. Disponibilidades atuais e futuras de crédito; b. Possibilidades de aplicações; c. Captação de recursos e modalidades; d. Taxas de juros. Necessidades Internas a. Processo produtivo; b. Políticas de comercialização; c. Participação mercadológica; d. Posicionamento frente à concorrência. A elaboração de um orçamento necessita ser feita com base em previsões, nunca limitando a sua elaboração ao histórico, aos resultados e pressupostos passados. A adoção de uma estratégia deste tipo, de elaboração de orçamentos exclusivamente com base nos pressupostos passados, constitui um erro estratégico, cujo resultado é invariavelmente o desperdício. Orçamento 19 Tipos de orçamentos Os dois tipos principais de orçamento empresarial são (FREZATI, 2000; HOJI, 2001): • Orçamento de CAPITAL ou INVESTIMENTO • Orçamento OPERACIONAL ou de PERÍODO O orçamento operacional ou de período envolve as receitas e custos, sendo orientado pelos objetivos e metas propostos pelo comitê orçamentário. Os componentes do orçamento operacional são: Orçamento de vendas, Orçamento de Produção (Matéria-Prima, Mão-de-Obra Direta, Custos Indiretos de Fabricação), Orçamento de Despesas Operacionais (Administrativas, Vendas, Financeiras), Projeções dos Demonstrativos Contábeis (Orçamento de Caixa, Demonstração do Resultado do Exercício Projetado, Balanço Patrimonial Projetado). É necessário definir a previsão de vendas, ou seja, determinar a quantidade e o valor total dos produtos a vender, bem como calcular os impostos, a partir de projeções de vendas elaboradas pela área de Marketing, por período de tempo. Após a elaboração do orçamento de vendas, é preciso preparar o orçamento de produção, ou seja, determinar a quantidade de produtos que devem ser produzidos. Sempre considerando os produtos acabados e estoques existentes. Estabelecendo a quantidade a ser produzida, o próximo passo é preparar o orçamento de compra de matéria-prima direta, também levando em consideração os estoques iniciais e de fim de período, a quantidade de funcionários, seus salários e encargos sociais. Na sequência, o orçamento de custos indiretos de produção e orçamento de despesas próprias. O cálculo de orçamento de fluxo de caixa, o demonstrativo do resultado projetado e balanço patrimonial projetado fazem parte da sequência natural do processo orçamentário. Essa formatação permite que haja uma integração com as contas contábeis, facilitando o acompanhamento da “execução orçamentária”. Vantagens do orçamento A utilização do Orçamento Operacionalproporciona os seguintes benefícios (FREZATI, 2000; HOJI, 2001): • Obriga a análise antecipada das políticas da empresa; • Define responsabilidades de cada função na empresa; • Exige sintonia da direção com os departamentos; 20 Pós-graduação • Força a administração a expressar em números as metas e objetivos; • Exige adequação ao sistema contábil; • Força a administração a planejar mais economicamente a utilização dos seus recursos para minimizar custos e otimizar receitas; • Libera os executivos de muitas decisões já determinadas no orçamento, aumentando seu tempo para criar novas soluções; • Autoanálise periódica da empresa; • Facilita adequação da empresa a fatores externos (redefinição de rumos); e • Verifica progresso ou retrocesso na realização dos objetivos prioritários. Limitações e problemas na elaboração do orçamento Apesar das vantagens mencionadas, o orçamento apresenta algumas limitações: • Dificuldade de conscientizar a cúpula para a mentalidade de planejamento e controle financeiro; • Alcançar a flexibilidade na aplicação do orçamento; • Fixar padrões realistas e quantificáveis; e • Desenvolver orçamento de vendas. A falta de alinhamento do orçamento com o planejamento estratégico, torna o processo orçamentário pouco eficiente no gerenciamento estratégico. Os orçamentos anuais apresentam bons resultados quando as condições de mercado estão estáveis, os competidores são conhecidos e as ações das pessoas são previsíveis. Nessas condições, poucos tomam decisões, os preços acabam refletindo os custos internos, a estratégia e o ciclo de vida dos produtos são longos e os clientes têm poucas opções de escolha (BORNIA; LUNKES, 2007). A centralização exagerada na definição das metas orçamentárias inviabiliza a participação e motivação dos colaboradores. O orçamento é determinado pela alta administração, assim, os orçamentos são baseados na centralização da gestão. Com isso, atrapalham as tentativas de mudança organizacional, como: gerenciamento em equipe e empowerment. Porém, o mercado sofreu alterações e tais características mencionadas anteriormente não fazem mais parte do cenário de muitas empresas. Com o ambiente de mercado dinâmico e com o trabalhador do conhecimento, o processo orçamentário centralizado perde sua eficácia, até porque consome muito tempo e dinheiro (BORNIA; LUNKES, 2007). Empowerment É a descentralização de poderes pelos vários níveis hierárquicos da empresa, o que se traduz em incentivos para a tomada de iniciativas em benefício da empresa como um todo. Orçamento 21 Ishisaki (2003) corrobora tal pensamento enfatizando que na atual conjuntura da era da informação, quando o conhecimento dá forma às economias e empresas, o orçamento empresarial é um dos instrumentos de valor para as empresas, tendo em vista o cenário competitivo do mercado sob o efeito da globalização; do impacto da tecnologia; dos desequilíbrios mercadológicos; dos novos contratos trabalhistas; entre outras variáveis: políticas, sociais e econômicas de peso. Assim, alocar recursos representa um grande desafio para a redução de custos frente às pressões constantes em relação aos preços dos produtos, buscando com isso a otimização dos resultados. Nesse sentido, Hope (1999, apud BORNIA; LUNKES, 2007) adverte que o orçamento formal pode funcionar como uma camisa-de-força, impedindo o aproveitamento das oportunidades imprevistas, ou como um recurso para dirimir lutas internas de poder. As empresas detectam que os orçamentos podem reprimir a inovação, geram conflitos internos e impedem que os gestores alcancem seus objetivos. A implantação, a manutenção e o aperfeiçoamento de um sistema de orçamento empresarial, certamente trarão uma mudança cultural que envolverá todas as áreas da empresa e todos os níveis hierárquicos (ISHISAKI, 2003). Processo Orçamentário Barbosa Filho e Parisi (2004) apresentam uma descrição de como é realizado o modelo de gestão tradicional, o processo orçamentário quanto aos objetivos, recompensas, plano de ação, gestão de recursos, coordenação de ações, mensuração e controle de desempenho. • Ações com referência aos objetivos - o orçamento apresenta conjunto de objetivos baseados em finanças e, com frequência, estes números são negociados entre superiores e subordinados antes do início do período orçamentário. Estes números são fixados para o período seguinte. Estes números representam componente essencial para concluir um contrato de desempenho. Todas as ações são focadas em reuniões específicas de números. • Recompensar as pessoas – Os gestores estão motivados e serão recompensados com justiça se os objetivos e incentivos estiverem definidos corretamente. As recompensas estão relacionadas a um resultado fixado em um acordo antecipado. Os benefícios são aqueles os quais os gestores já sabem como encontrá-los, pois sabem onde eles estão. Este é um possível ponto de conflito no orçamento, pois os gestores conhecem os objetivos orçados, e podem optar em derrotá-los, jogando 22 Pós-graduação para o seu fracasso ou, então, pressionados, passam a realizar os objetivos orçados a qualquer custo. • Gerenciar o plano de ação - O processo de planejamento é feito de cima para baixo, preparado pelos gestores da alta administração ou em algumas ocasiões com equipes locais para posteriormente negociar e acordar os desempenhos a serem fixados. Muitos planos se baseiam em melhorias departamentais que estão necessariamente de acordo com os objetivos estratégicos da empresa. O plano orçamentário elaborado fornece as linhas mestras que identifica o que cada um terá de fazer. Porém, a evidência sugere que os problemas e a imprevisibilidade são ignorados. • Gerenciar os recursos - Os recursos são alocados no momento da definição do orçamento, independente de outros planejamentos (estratégico, tático e operacional). Tais recursos são negociados antecipadamente juntamente com o departamento responsável pela apuração dos custos da empresa. Os altos executivos atuam como um comitê central aprovando ou desaprovando as propostas de investimentos baseados nos orçamentos. Portanto, nota-se que nenhuma atenção adicional de gestão é necessitada até a próxima revisão do orçamento que ocorrerá no próximo ano. • Coordenar as ações do modelo - Os planos são vinculados à coordenação central de departamentos e das unidades de negócios no orçamento. Assim, se verifica se a produção e vendas estão afinadas, e o marketing terá os recursos necessários para suportar os planos de vendas. Desta forma, cada unidade interage uma com a outra gerando um plano coerente para a empresa toda. O que se observa neste modelo é que, os gestores de departamentos, com frequência se empenham em melhorar o seu próprio departamento sem considerar como isto pode se ajustar às metas estratégicas mais amplas da empresa. • Mensurar e controlar os desempenhos – Controla-se o desempenho comparando os números reais contra o orçamento já predeterminado, após, caso haja necessidade, toma-se às ações corretivas de curto prazo para assegurar que o desempenho continue no caminho. Assim, os gestores necessitam explicar as variações e fornecer orçamentos atualizados ou projeções com uma base para maiores ações. Eles raramente olham além do próximo ano fiscal. Portanto, o orçamento resulta do somatório destes planos de atividade. Entende- se, assim, que haja envolvimento pleno e coordenado de toda a organização na elaboração do Orçamento. Orçamento 23 Os períodos mais comuns para o levantamento orçamentário são para os próximos 12 meses, também conhecido como orçamento anual; orçando totais para cada mês; totalizações por trimestre quarter americano; e Business Plan ou Orçamento Plurianual, que corresponde ao orçamento dos próximos 5 anos. A utilização de sistemas informatizados para a gestão financeira é uma necessidade nas empresas modernas, envolvendo desde sistemas simples, baseadosem planilhas eletrônicas, até sistemas especialistas, configurados para necessidades específicas de processos de tomada de decisão. Empresas de grande porte e multinacionais, dispõem de sistemas informatizados que auxiliam o processo de orçamentação. Esses softwares são destinados à orçamentação de empresas de grande porte, e são classificados como softwares de Business Inteligence. Existe o que se chama de empresa sem Orçamento ou Budgetless. Essas empresas seguem a premissa de não efetuarem um orçamento para suas despesas e receitas em determinado período, assim, estarão susceptíveis a surpresas em seus controles orçamentários. Referências ANTHONY, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2001. BARBOSA FILHO, Francisco; PARISI, Cláudio. A proposta do modelo beyond budgeting: modelo coerente de gestão, sem ênfase em orçamentos. VII SEMEAD, São Paulo, 2004. BORNIA, Antonio Cezar; LUNKES, Rogério João. Uma Contribuição à Melhoria do Processo Orçamentário. Contabilidade Vista & Revista, v. 18, p. 37-59, 2007. FREZATI, Fábio. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. 3 ed.. São Paulo: Atlas, 2001. ISHISAKI, Norio. A utilização do orçamento empresarial: um Estudo em Empresas da Região do Vale do Paraíba – SP. Dissertação de Mestrado. Universidade de Taubaté, 2003. LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. Quarter americano Por se tratar de um orçamento trimestral, este é dividido em quatro partes, assim se obtém o orçamento de um ano, ou seja, um trimestre é um quarto de ano. 24 Pós-graduação Evolução do Orçamento Thiago Coelho Soares O termo orçamento, segundo Lunkes (2007), tem sua origem atrelada a uma bolsa de tecido chamada fiscus e utilizada pelos antigos romanos para coletar os impostos. O ser humano sente a necessidade de orçar desde os seus primórdios. Os homens das cavernas necessitavam prever a necessidade de alimentos para os longos invernos; assim, desenvolveram práticas orçamentárias antigas. Há vestígios de práticas orçamentárias formais mais antigas que a origem do dinheiro. O orçamento público sempre fez parte dos sistemas de administração das principais civilizações ocidentais. Em empresas, o orçamento foi utilizado primeiramente por Brown, gerente financeiro da Du Pont de Memours, nos Estados Unidos, em 1919 (ZDANOWICZ, 1989). Como consequência da Revolução Industrial, os proprietários de empresas passaram a direcionar somas significantes de capital para seus processos de produção e a contratarem empregados para longos prazos. O objetivo era a máxima eficiência dos investimentos de capital. Assim, para Johnson e Kaplan (1987) o orçamento empresarial começou a ser necessário e adotado. Tavares (1991) foi um autor que desenvolveu um panorama comparativo do que ele chama de evolução do Planejamento Estratégico, colocando a Gestão Estratégica como uma prática que veio para resolver diversos dos problemas de implementação deste planejamento. A figura, a seguir, contempla a evolução do Planejamento Estratégico, e apresenta o orçamento como a primeira forma de se pensar estrategicamente uma organização. Orçamento 25 Figura 1: Evolução do Planejamento Estratégico. Fonte: Tavares, 1991. A década de 1950 foi o período do Planejamento Financeiro, no qual as organizações desenvolviam orçamentos anuais baseados em receitas previstas, estimando seus gastos. Foi a época do controle orçamentário. No entanto, muitas organizações privadas e públicas ainda desenvolvem apenas esse tipo de planejamento, no qual os participantes do orçamento definem seus gastos futuros com base no que foi gasto no passado (TAVARES, 1991). O Orçamento aplicado em empresas surgiu no início dos anos 1900, mas foi a partir de 1950 que o orçamento rapidamente tornou-se o elemento central da maioria dos sistemas de gestão usados pelas empresas. O orçamento propicia à empresa um gerenciamento central, assim como certa disciplina financeira sobre as diferentes divisões. Geralmente, o plano orçamentário é elaborado e posto em prática sem alterações para ser observado pelas divisões no decorrer do ano (BORNIA; LUNKES, 2007). A concepção tradicional do orçamento tem sido alvo de críticas. Este orçamento, além de estabelecer uma esmiuçada metodologia para a preparação, execução e controle de resultado, cita ações para solucionar imperfeições que possam vir da 26 Pós-graduação condução do processo. No entanto, a reiterada verificação dessas imperfeições na prática orçamentária (relativas à fixação de metas, participação dos funcionários, alinhamento com a estratégia etc.), leva a crer na inviabilidade das soluções propostas e, consequentemente, na ineficácia da metodologia (HANSEN; et al, 2003). Por esta razão, novas formas orçamentárias foram e são elaboradas. Na sequência, é apresentada uma figura para ilustrar a evolução do orçamento ao longo dos tempos. 1919 1970 1980 2000 Orçamento Empresarial Projeção dos recursos baseado nos objetivos e o controle através do acompanhamento pelos dados contábeis Renovação do período concluído e acréscimo do mesmo período no futuro Projeção dos recursos da estaca zero com justificativa para todos os novos gastos Projeção dos recursos para vários níveis de atividade Projeção dos recursos nas atividades através de direcionadores Projeção dos recursos de forma descentralizada e flexível, guiado por um conjunto de princípios Orçamento Contínuo Orçamento de Base Zero Orçamento Flexível Orçamento por Atividades Beyond Budgeting Figura 2: Evolução dos processos orçamentários. Fonte: Lunkes, 2007. Na primeira fase do orçamento, predominou o orçamento empresarial com a projeção dos recursos baseado na estrutura organizacional. Neste período, o orçamento correspondia a um plano projetado para atender a um nível de atividade do próximo período. A segunda fase orçamentária privilegiou o orçamento contínuo. Este tem como ênfase uma revisão contínua, removendo-se os dados do mês recém-concluído e acrescentando-se dados orçados para o mesmo mês do ano seguinte. A terceira fase foi o orçamento de base zero com a projeção dos dados em categorias de decisão, como se as operações começassem do zero a cada elaboração orçamentária, além da necessidade de justificar os gastos. No orçamento base zero, os gestores estimam e justificam os valores orçados como se a empresa estivesse iniciando suas operações. Orçamento 27 A quarta fase corresponde ao orçamento flexível, que destaca a projeção dos dados dos orçamentos em vários níveis de atividade. O orçamento flexível é projetado para abranger uma quantidade de atividades, portanto, pode ser usado para estimar custos a qualquer nível de atividade. Posteriormente, surgiu o orçamento por atividades. Este processo orçamentário é uma extensão do custeio baseado por atividades. O orçamento por atividades apresenta projeção dos recursos nas atividades e o uso de direcionadores de custos com o intuito de estimar e controlar a carga de trabalho e recursos. O orçamento por atividades, usa a informação sobre os direcionadores de custos no planejamento e no processo de avaliação dos resultados. O processo orçamentário mais recentemente elaborado é o beyond budgeting. Este utiliza meios mais relativos e adaptáveis de planejamento, avaliação e controle de desempenho. É um modelo de gestão formado por um conjunto de princípios, os quais são guias de atuação empresarial. O modelo de gestão orçamentário aplicado à avaliação de desempenho utilizado nos dias de hoje foi desenvolvido no início dos anos 1900 para ajudar os gerentes financeiros a controlar os gastos das grandes organizações como a Dupont, General Motors, ICI e Siemens. Foi desenhado para executar a condução da produção no negócio e com o passar dos tempos enfrentou um aumento de complexidade identificandocada atividade distinta de linha de produtos, por região, ou tecnologia. Sua abrangência tornou-se maior, pois influencia as unidades de negócio ou divisão (BARBOSA FILHO; PARISI, 2004). A evolução orçamentária conforme Johnson e Kaplan (1987, p.12): Todas as práticas de gestão contábeis usadas até os dias de hoje foram desenvolvidas em 1925: como os custos de mão-de-obra, material, e custos fixos; orçamento de caixa, receitas, e capital; orçamento flexível, previsão de vendas, custo padrão, análise de variação, transferência de preço, e medidas de desempenho divisional. Estas práticas evoluíram para servir às necessidades de informação e controle dos gerentes para as organizações cada vez mais complexas e diversas. Fundamentalmente, o modelo de orçamento utilizado pela maioria das empresas, implica em técnicas e procedimentos contábeis segundo os PCGA, e aplicados antecipadamente aos fatos decorrentes de planos, políticas e metas para a consecução de um resultado desejado (BARBOSA FILHO; PARISI, 2004). 28 Pós-graduação Orçamento, Inflação e Câmbio Uma questão a ser considerada é a validade ou não, da elaboração de um sistema orçamentário em ambientes econômicos, sob condições de inflação crônica, com índices significativos e variados de alteração geral de preços. Entende-se que um sistema orçamentário é valioso para qualquer organiza- ção em qualquer situação conjuntural. Assim, é necessário compreender os efeitos diversos da inflação nos segmentos do sistema orçamentário, e tratar adequadamente cada etapa orçamentária, no que se refere aos efeitos especí- ficos que a inflação, e a possível correção monetária, causam a cada etapa do orçamento. Orçamento e Inflação Quando existe inflação com índices variados ou crescentes, em conjunto com um processo de correção monetária, o orçamento deverá ser elaborado em uma moeda forte. Essa moeda forte deverá ser a que a empresa mais transacione ou que tenha como mais comum na linguagem de seus negócios. É provável que, nessas ocasiões, seja antieconômico elaborar o orçamento em um grau de detalhe muito grande de suas contas contábeis. Possivelmente, o orçamento deverá ser elaborado em contas mais sintéticas. Quando existe ambiente inflacionário, a gestão dos custos e das receitas tende a ficar mais complexa, consequentemente, uma tendência de gerir a organização com números mais agregados, e tendem a perder significância nos períodos seguintes, pois os dados detalhados transacionados na moeda fraca do país. Mesmo em ambiente inflacionário, o orçamento continua válido e tão imprescindível quanto em ambiente de estabilidade monetária. A técnica de ajustar o orçamento em decorrência da inflação é o orçamento corrigido. Nesse caso, admite-se, naturalmente, a correção das etapas orçamentárias pelo índice de inflação específico de cada gasto ou receita, mantendo-se, em um orçamento original, os valores inicialmente orçados. Orçamento 29 Orçamento em Moeda Estrangeira Independentemente da inflação, o orçamento em moeda estrangeira pode ser necessário caso a empresa componha um grupo internacional, que deva consolidar seus demonstrativos projetados. Para organizações que não apresentem essa obrigatoriedade organizacional, o orçamento em moeda estrangeira pode ser necessário para fins de comparação com concorrência externa, avaliação de investimento, etc. A elaboração do orçamento em moeda estrangeira se baseia nos seguintes critérios: a. Mensurar dados históricos em moeda estrangeira, criando parâmetros de dados a serem incorporados no orçamento; b. Mensurar dados passíveis de serem convertidos em moeda estrangeira; c. Prever taxas de câmbio para transformar os dados em moeda corrente para moeda estrangeira; d. Adotar critério de transformação, que pode ser uma taxa mensal, uma taxa média, uma taxa diária, entre outras; e e. Introduzir critérios de transformação dos demonstrativos contábeis em outras moedas. Referências BARBOSA FILHO, Parisi. A proposta do modelo beyond budgeting: modelo coerente de gestão, sem ênfase em orçamentos. VII SEMEAD, São Paulo, 2004. BORNIA, Antonio Cezar ; LUNKES, Rogério João. Uma Contribuição à Melhoria do Processo Orçamentário. Contabilidade Vista & Revista, v. 18, p. 37-59, 2007. JOHNSON, H. T.; KAPLAN, R. S. Relevance Lost: The Rise and Fall of Management Accounting, USA: Harvard Business School Press, 1987. LUNKES, Rogério J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. TAVARES, M.C. Planejamento estratégico: a opção entre sucesso e fracasso empresarial. São Paulo: Harbra, 1991. ZDANOWICZ, José Eduardo. Orçamento operacional. Porto Alegre: Sagra, 1989. 30 Pós-graduação Atividades de Autoaprendizagem 1) Associe as colunas de acordo com o estudado no material didático sobre as fases do orçamento: 1) Primeira fase do orçamento - orçamento empresarial com a projeção dos recursos baseado na estrutura organizacional. 2) Segunda fase orçamentária - orçamento contínuo. 3) Terceira fase - orçamento de base zero. 4) Quarta fase - orçamento flexível. 5) Quinta fase - orçamento por atividades. 6) Sexta fase - beyond budgeting. ( ) utiliza-se de direcionadores de custos com o intuito de estimar e controlar a carga de trabalho e recursos. ( ) um plano projetado para atender a um nível de atividade do próximo período. ( ) formado por um conjunto de princípios, os quais são guias de atuação empresarial. ( ) elabora-se o orçamento como se no ano anterior não tivesse sido elaborado um plano orçamentário. ( ) remove-se os dados do período recém-concluído e acrescenta-se dados orçados para mais um período. ( ) pode ser usado para estimar custos a qualquer nível de atividade. 2) Marque (V) se for uma vantagem do orçamento e (L) se for uma limitação: ( ) Necessita de mentalidade de planejamento e controle financeiro; ( ) A empresa deve ser analisada antecipadamente; ( ) Obriga os gestores a expressar em números as metas; ( ) Permite uma autoanálise periódica da empresa; ( ) Necessita fixação de padrões realistas e quantificáveis. Orçamento 31 Atividades colaborativas Fórum sobre: Após a leitura da primeira unidade, leia o artigo “Orçamento empresarial: levantamento da produção científica no período de 1995 a 2006”, disponível na Midiateca. LEITE, RM; SILVA, HFN; CHEROBIM, APMS; BUFREM, LS. Orçamento empresarial: levantamento da produção científica no período de 1995 a 2006. Revista Cont. Fin.USP, São Paulo, v. 19, n. 47, p. 56-72, maio/agosto 2008. A partir do que você leu, participe do Fórum, descrevendo os principais fatores que influenciam o orçamento nas organizações. É importante que você leia os comentários de seus colegas e contribua com seu parecer. A discussão entre os colegas contribuirá para a compreensão do conteúdo. Síntese Um orçamento é um processo multicíclico que culmina no equilíbrio entre os objetivos estratégicos, as iniciativas e os meios financeiros adequados à execução. Um orçamento pressupõe realismo, no sentido de não ser demasiadamente irreal e inatingível, o que implica enorme sensibilidade de quem o elabora e nem demasiadamente modesto, promovendo a desmobilização. Ao abordar o controle orçamentário, não existe nenhum valor percentual previamente fixado para limitar os desvios orçamentais, eles carecem necessariamente de justificação. Desta forma, um orçamento é um instrumento de gestão. É um instrumento de implementação da estratégia da empresa. É um instrumento de motivação, de comunicação e de avaliação. Saiba Mais FREZATI, Fábio. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. Etapas do orçamento Unidade 2 Objetivos de Aprendizagem • Compreender as etapas orçamentárias; • Compreender e aplicar as estimativas e previsões. Introdução Na sequência proposta no processo orçamentário, em primeiro lugar são estabelecidos as metas e os objetivos para o próximo exercício, decorrentes dos objetivos fixados no planejamento estratégico, ouseja, de longo prazo da empresa. Estas metas estabelecem os padrões necessários para determinar o desempenho das diversas atividades que compõem o orçamento de operações da empresa. A partir daqui, inicia-se o processo de preparação do orçamento operacional. Em primeiro lugar, através do departamento de marketing, onde deverá estimar as vendas para o período orçado, sendo, por isso, considerado pela maioria dos estudiosos o ponto principal e importante na elaboração do orçamento de operações. Posteriormente, tem-se os orçamentos de produção, ou das atividades fim da empresa. Finaliza-se o orçamento com a projeção de demonstrativos contábeis. 34 Pós-graduação Etapas do Orçamento de Operacional Thiago Coelho Soares O orçamento operacional ou de período envolve as receitas e custos, sendo orientado pelos objetivos e metas propostos pelo comitê orçamentário. Os componentes do orçamento operacional são: Orçamento de vendas, Orçamento de Produção, Orçamento de Despesas Operacionais, Projeção das Demonstrações Contábeis, conforme quadro a seguir. Orçamento de vendas Orçamento de Produção (Matéria-Prima, Mão-de- Obra Direta, Custos Indiretos de Fabricação) Orçamento de Despesas Operacionais (Administrativas, Vendas, Financeiras) Projeção das Demonstrações Contábeis (Fluxo de caixa, DRE, Balanço Patrimonial) Quadro 1: Componentes do Orçamento Operacional. Fonte: Elaborado pelo Autor, 2010. Agora, iniciamos o detalhamento de cada etapa orçamentária: Orçamento de Vendas É no orçamento de vendas que a empresa determina quais produtos, onde, a que preço e quantas unidades se projetam vender no período orçamentário. A equipe que desenvolverá o orçamento de vendas deve utilizar técnicas que facilitem a determinação de estimativas de volumes a serem vendidos no período orçamentário. As técnicas mais comuns são tendência (confron- ta o passado com o que pode ser no futuro), correlação (correlaciona dois ou mais eventos dependentes), estudo de mercado (vislumbra potencial de clientes potenciais ou efetivos, para orientar as estimativas de vendas) e questionário (estimativa em função de consulta à área de vendas). Orçamento de Produção Abrange os recursos necessários para a produção dos produtos que a empresa pretende comercializar no período orçado, ou seja, abrange o suprimento das matérias-primas, a disponibilidade de mão-de-obra fabril e os custos indiretos de fabricação. Etapas do orçamento 35 Objetivos do orçamento de produção Na elaboração do orçamento de produção se objetiva: a. Fixar políticas para níveis desejados de estoques de MP, PA e PEE; b. Planejar a quantidade de produtos a fabricar; e c. Programar a produção. Decisões necessárias para elaborar orçamento de produção Na elaboração do orçamento de produção, deve-se decidir sobre alguns aspectos importantes: Necessidades totais em termos de volume; Determinar políticas de estoques; Política da capacidade de produção; Adequação das instalações; Disponibilidade de mão-de-obra e de matéria-prima. Esses aspectos podem ser assim descritos: 1. Necessidades totais em termos de volume: informação obtida junto ao orçamento de vendas e ao estoque de produtos acabados; 2. Determinar políticas de estoques: considerar a estabilidade de vendas do produto e o tamanho do estoque necessário. Determinar o índice de rotação de estoques de Produtos Acabados e Produtos em Elaboração; 3. Política da capacidade de produção: limites em termos de disponibilidade de capital, a tecnologia a adotar e o tamanho da empresa; 4. Adequação das instalações: ajuste da empresa em termos de tempos e movimentos. Capacidade máxima teórica e capacidade normal. Ociosidade; 5. Disponibilidade de matéria-prima: fornecedores, tempo de entrega, qualidade, distância, atendimento, pontualidade, padrão; 6. Disponibilidade de mão-de-obra: disponibilidade atual e potencial, qualificação e treinamento. Orçamento de Matéria-prima A finalidade do orçamento de matéria-prima é estimar as quantidades para todo o período orçamentário e subdividir em períodos menores conforme a necessidade (mensal, semanal, diário, etc.). É a primeira etapa do orçamento de produção. 36 Pós-graduação Orçamento de Mão-de-obra Direta A segunda etapa do orçamento de produção consiste nos custos de mão-de- obra, que envolvem salários e encargos sociais dos funcionários da empresa. No orçamento de produção se usa somente a mão-de-obra direta, pois a mão-de-obra indireta faz parte do orçamento de custos indiretos de fabricação. Orçamento de Custos Indiretos de Fabricação Este orçamento abrange os custos do setor produtivo, exceto mão-de-obra direta e matérias-primas, ou seja, seus componentes variam conforme o tipo e o porte da empresa, geralmente, constitui-se de: • mão-de-obra indireta; • seguros; • aluguéis; • serviços de terceiros; • energia elétrica, etc. Orçamento Custo do Produto Vendido Este tipo de orçamento determina o valor do produto vendido pela empresa. Este valor é determinado em função do estoque da empresa, da compra de materiais, da mão-de-obra direta e dos custos indiretos de fabricação. 1. Estoque inicial de matéria-prima 2. (+) Compras 3. (=) Matéria-prima disponível 4. (-) Estoque final de matéria-prima 5. (=) Matéria-prima consumida na produção 6. (+) Custo da mão-de-obra direta 7. (+) Custo indireto de fabricação 8. (=) Custo de produção orçado 9. (+) Estoque inicial de produtos acabados 10. (-) Estoque final de produtos acabados 11. (=) Custo Orçado dos Produtos Vendidos Quadro 2: Orçamento custo do produto vendido. Fonte: Elaborado pelo Autor, 2010. Etapas do orçamento 37 Orçamento de Despesas São as despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa, extra-produção, ou seja, são as despesas administrativas (normalmente, são gastos fixos que ocorrem na supervisão ou prestação de serviços a várias funções na empresa, sem relação direta com uma única função). Despesas de vendas (despesas do departamento comercial, comissões sobre vendas, promoções e publicidades, despesas de expedição, fretes e transportes e demais despesas). E despesas financeiras (são os gastos com juros, descontos por pagamentos antecipados, atualizações monetárias e cambiais, etc.). Orçamento de Caixa Esta parte do orçamento é muito semelhante ao Fluxo de Caixa. Por isso, alguns autores considerem que ambos têm o mesmo significado e importância. É a parte do plano orçamentário que visa prever as entradas e saídas de recursos durante o período orçado, objetivando antecipar as prováveis datas em que haverá falta ou excedentes de caixa. Métodos de elaboração do orçamento de caixa Para as finalidades desta disciplina, aborda-se o método direto, que é semelhante ao Fluxo de Caixa. Consiste na projeção de ingressos e desembolsos de caixa provenientes das movimentações operacionais e de investimento da empresa num dado período. Orçamento de caixa pelo método direto A literatura técnica apresenta, com pequenas variações entre os autores, a seguinte estrutura para o orçamento de caixa pelo método direto: 1. Saldo inicial de caixa: é o valor que inicia o período orçamentário. 2. Ingressos de caixa (recebimentos): todos os recursos que entram no caixa, tais como: vendas, resgate de aplicações, etc. 3. Desembolso de caixa (pagamentos): os recursos que a empresa vai desembolsar no pagamento de quaisquer dívidas ou aquisições no período orçamentário. Exemplo: pagamento de salários, dívidas e empréstimos, compra de matéria-prima, etc. 4. Disponibilidade acumulada: o saldo inicial de caixa, somado aos ingressos no período orçado, deduzido todos os desembolsos deste período orçado. 38 Pós-graduação 5. Nível desejado de caixa: é o valor que a empresa deseja manter em caixa durante o período orçamentário. Normalmente, é o utilizado para eventuais pagamentos que não possam ser previstos. 6. Empréstimos a captar: se a disponibilidade acumulada (item 4) for menor que o Níveldesejado de caixa (item 5), contrair-se-á empréstimos no valor necessário para alcançar o valor desejado a ser mantido no caixa. 7. Aplicações financeiras: quando a disponibilidade acumulada (item 4) for maior que o nível desejado de caixa (item 5), o valor que supera deve ser aplicado no mercado financeiro. 8. Saldo final de caixa (inicial do próximo período): igual ao saldo desejado de caixa para o período orçamentário. A seguir, é apresentado um exemplo de orçamento de caixa pelo Método Direto mensal. Tabela 1: Exemplo de orçamento de caixa pelo Método Direto. Meses JAN FEV MAR ABR MAIO JUN 1) Saldo inicial 2) Ingressos Vendas à vista Vendas a prazo Aumento de capital Venda de ativo fixo Resgate aplicação Financiamento Outros 3) Desembolsos Compras à vista Compras a prazo Desp. Adm. MOD + ES Desp. Vendas MOI + ES Desp. Tributos Desp. Financ. Pagt. Empréstimo Pagt. Financiamento Outros 4) Disp. AC. (1+2-3) Etapas do orçamento 39 Meses JAN FEV MAR ABR MAIO JUN 5) Saldo desejado 6) Empréstimos 7) Aplicações 8) Saldo Final Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Com uma planilha alternativa para simplificar a elaboração do Orçamento de Caixa pode ser utilizada uma planilha adaptada, conforme abaixo: Tabela 2: Planilha alternativa para Orçamento de Caixa. Fluxo de Caixa - Mês: XX Ano: 200X Dia Recebimentos Pagamentos Saldo Rec. até fim mês Pag. até fim mês 1 245,80 500,00 (254,20) 81.123,33 61.694,34 2 2.500,00 859,00 1.641,00 80.877,53 61.194,34 3 719,15 236,56 482,59 78.377,53 60.335,34 4 800,00 789,30 10,70 77.658,38 60.098,78 5 20,00 2.369,25 (2.349,25) 76.858,38 59.309,48 6 569,23 3.695,23 (3.126,00) 76.838,38 56.940,23 7 10.899,00 5.236,25 5.662,75 76.269,15 53.245,00 8 566,23 899,36 (333,13) 65.370,15 48.008,75 9 9.632,00 5.236,36 4.395,64 64.803,92 47.109,39 10 269,23 1.023,58 (754,35) 55.171,92 41.873,03 11 1.236,59 1.059,23 177,36 54.902,69 40.849,45 12 2.369,25 2.000,00 369,25 53.666,10 39.790,22 13 36,20 599,23 (563,03) 51.296,85 37.790,22 14 8.256,30 3.269,00 4.987,30 51.260,65 37.190,99 15 825,65 236,12 589,53 43.004,35 33.921,99 16 1.245,01 1.111,11 133,90 42.178,70 33.685,87 17 234,56 125,00 109,56 40.933,69 32.574,76 18 7.895,14 5.236,36 2.658,78 40.699,13 32.449,76 19 10.245,32 2.369,74 7.875,58 32.803,99 27.213,40 20 5.645,12 4.561,12 1.084,00 22.558,67 24.843,66 21 963,25 666,89 296,36 16.913,55 20.282,54 22 1.200,00 1.200,00 - 15.950,30 19.615,65 40 Pós-graduação Fluxo de Caixa - Mês: XX Ano: 200X 23 855,27 1.112,03 (256,76) 14.750,30 18.415,65 24 568,33 1.425,01 (856,68) 13.895,03 17.303,62 25 788,85 1.425,60 (636,75) 13.326,70 15.878,61 26 655,36 1.236,54 (581,18) 12.537,85 14.453,01 27 987,36 1.569,56 (582,20) 11.882,49 13.216,47 28 2.589,24 1.987,50 601,74 10.895,13 11.646,91 29 2.145,36 2.113,78 31,58 8.305,89 9.659,41 30 2.895,23 3.331,85 (436,62) 6.160,53 7.545,63 31 3.265,30 4.213,78 (948,48) 3.265,30 4.213,78 81.123,33 61.694,34 19.428,99 Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Esta planilha permite a adoção de um gráfico de datas críticas úteis para o gerenciamento financeiro, conforme mencionado na sequência. Gráfico 1: Gráfico de dadas críticas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2010. As datas críticas evidenciam quais são os dias em que a empresa terá um maior desembolso financeiro. Assim, facilita o controle financeiro da organização. Etapas do orçamento 41 Projeção de Demonstrações Contábeis DRE Projetada Para verificar o resultado projetado para o período orçamentário, é elaborada a DRE projetada. Tal demonstrativo é obtido a partir dos orçamentos de vendas, produção e despesas operacionais, e envolve: receita operacional líquida, custo dos produtos vendidos, despesas operacionais e lucro líquido operacional. Objetivos da projeção de resultado Dentre os principais objetivos da projeção de resultados do período orçado, podem ser citados: a. Avaliar a sequência do orçamento geral; b. Para os credores, projeta a necessidade futura de financiamentos, pois os lucros projetados deveriam ser suficientes para cobrir as obrigações de longo prazo; c. Para os acionistas e novos investidores, permite avaliar se vale a pena investir ou não pela remuneração proveniente do lucro projetado; e d. Principalmente, projetar a capacidade de geração de lucros futuros. O formato da Demonstração do Resultado do Exercício Projeto é semelhante ao das DREs publicadas, ou seja, conforme a lei 6.404/76. A diferença é que costumam ser acrescentadas as colunas de Projetado, Realizado e Variação Percentual, conforme demonstrado a seguir: FATORES Projetado R$ Realizado R$ Variação % (+) Receita de Vendas (-) ICMS (saldo) (-) Custo Produto Vendido a) MP consumida b) MOD + INSS c) Custos indiretos de produção (=) Lucro Operacional Bruto (-) Despesas de vendas (-) Despesas Administrativas (-) Despesas Financeiras (-) Despesas Tributárias (=) Lucro Operacional Líquido Quadro 3: Demonstração do Resultado do Exercício Projeto. Fonte: Elaborado pelo Autor, 2010. 42 Pós-graduação Balanço Patrimonial projetado O Balanço Patrimonial Projetado é apresentado de forma a comparar o exercício projetado com o que realmente aconteceu no exercício orçado. Sua disposição gráfica segue a Lei 6.404/76, ou seja, os critérios de Liquidez decrescente para contas do Ativo, e de Exigibilidade decrescente para contas do passivo e Patrimônio Líquido. Objetivos Dentre os principais objetivos da projeção do balanço patrimonial, podem ser mencionados: • Reunir todos os elementos patrimoniais do período orçado; • Em termos financeiros, informa a liquidez orçada (capacidade financeira no período orçado); • Em termos econômicos, mostra a situação patrimonial da empresa; • Possibilita a análise do Balanço Patrimonial projetado através de indicadores como: liquidez, solvência geral, endividamento, imobilização, rentabilidade, lucratividade, prazos médios, análise vertical, análise horizontal e cálculo da taxa de retorno dos investimentos. Referências FREZATI, Fábio. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. MOREIRA, José Carlos. Orçamento empresarial: manual de elaboração. 3.ed.São Paulo: Atlas, 2002. SOBANSKI, Jaert. J. Prática de orçamento empresarial: um exercício programado. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1996. Etapas do orçamento 43 Orçamento de Vendas Thiago Coelho Soares O Orçamento de vendas também pode ser denominado de orçamento de receitas. Este é a quantificação do planejamento de vendas da empresa para o período futuro analisado. O planejamento de vendas tem que ser compatível com o nível de atividade que possa ser executado pela empresa. O orçamento de vendas possui importância fundamental no planejamento global da empresa, pois é a principal fonte de entrada de recursos financeiros. Além disto, o orçamento de vendas serve de base para se elaborar os demais orçamentos. Métodos para a previsão de vendas Existem vários métodos de previsão de vendas e também diversas classificações. As técnicas de previsão mais comumente utilizadas podem ser classificadas a seguir: 1. em métodos qualitativos (envolvem opiniões e julgamentos de pessoas) e quantitativos (envolvem processos matemáticos com base em dados históricos); 2. em abordagem causal (identifica as variáveis que influenciaram as vendas passadas e estimam o seu comportamento futuro para prever as vendas futuras) e não-causal (analisa a série histórica de vendas e procura projetar a futura, sem atentar para as causas que a condicionaram); 3. métodos indiretos (estimam, por exemplo, a demanda do setor que a empresa atua e depois projeta para a empresa) e diretos (faz a previsão diretamente para a empresa, sem avaliar o segmento no qual está inserida). Na sequência está expressa, de modo geral, a classificação dos métodos de previsão de vendas: a. Métodos de julgamento: - opiniões da equipe de vendas; - opiniões dos supervisores da divisão de vendas; - opiniões dos executivos da empresa; e - opiniões de especialistas. b. Métodos estatísticos: - análise de tendências; 44 Pós-graduação - análise correlacional; - analogias históricas especiais; e - método da transposição. c. Métodos de finalidades específicas: - análises do segmento econômico; - análises de linhas de produtos; e - análises de usos finais de produtos. d. Combinação de métodos. A aplicação de métodos estatísticos é recomendável apenas quando se dispõe de uma série histórica relevante e um corpo técnico habilitado. Não havendo informações suficientes, ou existindo expectativa de mudança considerável do comportamento futuro em relação ao passado, os métodos por julgamento são mais adequados. Na sequência, veremos os métodos estatísticos para se calcular a previsão de venda. Média, variância e desvio padrão Para resumir dados quantitativos aproximadamente simétricos calcula-se a média aritmética. Se x1, x2, ..., xn são os valores conhecidos, então, pode-se escrever a média como: x x x nx n x n i n i= + + + = =∑1 2 1... O desvio padrão é definido como o desvio quadrático médio da média, e é calculada de uma amostra de dados como s x x n x nx n i n i i n i2 1 2 1 2 2 1 1 = − − = − − = =∑ ∑( ) ( ) ( ) _ Uma informação útil a considerar consiste que para qualquer conjunto de dados, pelo menos 75% deles deve ficar dentro de uma distância de 2 (dois) desvio padrão da média, i.e. entre x s− 2 e x s+ 2 . Assim o cálculo apresenta validade estatística. Etapas do orçamento 45 Calculando a média e desvio padrão pelo Excel Para facilitar o entendimento destas ferramentas estatísticas, vamos à aplicação de um exemplo utilizando o Excel. Vejamos as vendas expressas na tabela a seguir: Tabela 1: Vendas Expressas. Ano Vendas Jan/2001 500 Jan/2002 600 Jan/2003 400 Jan/2004 500 Jan/2005 600 Jan/2006 ? Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Para calcular a média das vendas, podemos utilizar a equação média, como a ilustração a seguir. Figura 1: Cálculo da média das vendas no excel. Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. A etapa seguinte consiste em analisar o desvio padrão dessas sequências de vendas. 46 Pós-graduação Figura 2: Desvio padrão de vendas. Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Com o desvio padrão calculado, temos que verificar se 75% dos elementos estudados está entre dois desvios para mais ou para menos. Ou seja, se for considerar dois desvios a menos da média, temos, aproximadamente, 352 unidades (520-83,66x2), se for considerar dois desvios a mais temos 767. Assim, como todos os valores da série histórica estão no intervalo de 353 e 767 unidades, o cálculo apresenta validade estatística. Critérios de detalhamento do planejamento de vendas Com a definição da previsão de vendas por meio da metodologia que se julgar mais adequada, a etapa seguinte do orçamento de vendas corresponde à fixação das políticas de produtos, preços, distribuição e de comunicação. Ou seja, volta-se a atenção para a elaboração do plano de vendas. A quantificação desse plano se traduzirá no chamado Orçamento de Vendas. Para elaborar um orçamento de vendas, é necessário ter: • o conjunto de produtos a trabalhar (inclusive os novos produtos); • os preços dos produtos por área e por período; • o volume de vendas estimado por produto, por período e por área. Ao elaborar o orçamento, é necessário verificar se o volume definido na etapa de previsão de vendas é compatível com a capacidade de produção em termos financeiros, com a disponibilidade de recursos humanos, com a oferta de matérias- primas e materiais indiretos e com a disponibilidade de fundos. Etapas do orçamento 47 Calculando a projeção de vendas pela HP 12-C Na sequência, será apresentado como definir a previsão de vendas por meio de uma calculadora financeira. A imagem, a seguir, mostra as teclas da calculadora HP 12-C, em destaque, as teclas em azul que são as teclas estatísticas que utilizaremos para efetuar os cálculos. Figura 3: Imagem da Calculadora HP. Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Para facilitar a aplicação, veremos o seguinte exemplo: Tabela 2: Vendas Expressas. Ano Vendas Jan/2001 500 Jan/2002 600 Jan/2003 400 Jan/2004 500 Jan/2005 600 Jan/2006 ? Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Para calcularmos a média, utilizamos a sequência a seguir: 48 Pós-graduação Figura 4: Sequencia de Cálculo. Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Assim, a média de vendas da empresa para o mês de janeiro é de 520 unidades. Portanto, é possível calcular o desvio padrão, ou seja, a oscilação desta média. Na sequência de cálculo, a seguir, temos o cálculo de desvio padrão. Figura 5: Sequência de Cálculo. Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Etapas do orçamento 49 Observem que a tendência de oscilação desta média é de 83,67 unidades. Assim, podemos imaginar que o intervalo esperado de vendas é de 436,33 (520 – 83,67) a 603,67 (520+83,67). Porém, para determinarmos, pelo método dos mínimos quadrados, a previsão de venda para janeiro de 2006 seria: Figura 6: Sequência de Cálculo. Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Para janeiro de 2006 a expectativa seria de venda de 550 unidades. A calculadora HP 12-C, utiliza o Método dos Mínimos Quadrados, ou Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), que é uma técnica de otimização matemática que procura encontrar o melhor ajustamento para um conjunto de dados, tentando minimizar a soma dos quadrados das diferenças entre o valor estimado e os dados observados (tais diferenças são chamadas resíduos). É a forma de estimação mais amplamente utilizada na econometria. Consiste em um estimador que minimiza a soma dos quadrados dos resíduos da regressão, de forma a maximizar o grau de ajuste do modelo aos dados observados. http://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Res%C3%ADduos 50 Pós-graduação Referências FREZATI, Fábio. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. MOREIRA, José Carlos. Orçamento empresarial: manual de elaboração. 3. ed. SãoPaulo: Atlas, 2002. SOBANSKI, Jaert. J. Prática de orçamento empresarial: um exercício programado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1996. Etapas do orçamento 51 Atividades de Autoaprendizagem 1) Associe as colunas de acordo com o que foi estudado no material didático: (1) Métodos de julgamento: (2) Métodos estatísticos: (3) Métodos de finalidades específicas: ( ) análises do segmento econômico. ( ) opiniões de especialistas. ( ) análise de tendências. ( ) análise correlacional. ( ) análises de linhas de produtos. ( ) opiniões dos supervisores da divisão de vendas. 2) Calcule a média de vendas para janeiro de 2010 pela calculadora HP 12-C. Ano Vendas jan/01 10452 jan/02 15679 jan/03 13451 jan/04 14356 jan/05 11553 jan/06 17234 jan/07 14998 jan/08 15609 jan/09 13004 a) 14.037,33 b) 2.146,11 c) 15.333,33 d) 15.368,17 e) 15.000,00 52 Pós-graduação Atividades colaborativas Exposição sobre: Na atividade de autoaprendizagem, realizada nesta unidade, você calculou a média de vendas para janeiro de 2010 com o auxílio de uma calculadora, os seguintes valores: Ano Vendas jan/01 10452 jan/02 15679 jan/03 13451 jan/04 14356 jan/05 11553 jan/06 17234 jan/07 14998 jan/08 15609 jan/09 13004 Agora, descreva os passos para a resolução deste cálculo da média de vendas. Em seguida, você deve explicar a importância do orçamento de vendas para o sucesso do orçamento operacional. Síntese O processo orçamentário inicia-se pelas vendas estimadas, portanto, a administração de vendas cria o problema mais importante e complexo no procedimento orçamentário. É necessário definir a previsão de vendas, ou seja, determinar a quantidade e o valor total dos produtos a vender, bem como calcular os impostos, a partir de projeções de vendas elaboradas pela área de Marketing por período de tempo. Assim, o ponto de partida do cálculo do orçamento é a definição de metas e objetivos pela alta administração, no qual é calculado o orçamento de vendas para que se possam calcular os demais itens do orçamento. Saiba Mais LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003. Elaboração do orçamento Unidade 3 Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a técnica orçamentária como um instrumento de planejamento das atividades de uma empresa; • Compreender e aplicar as técnicas de projeção e a elaboração do orçamento. Introdução Uma das etapas do processo de planejamento é caracterizada pela necessidade de planejar o curto prazo. Esta elaboração consiste em elaborar planos operacionais de produção e vendas, além da mensuração econômico-financeira deste plano. Assim, um orçamento começa a ser elaborado com, pelo menos, três meses de antecedência da sua implementação. O primeiro passo é identificar o inventário das hipóteses e, posteriormente, escolher as hipóteses que podem ser validadas, gerando a implementação destas hipóteses e acompanhamento dos resultados. 54 Pós-graduação Elaboração do Orçamento Thiago Coelho Soares O orçamento operacional, ou de período, envolve as receitas e custos, sendo orientado pelos objetivos e metas propostos pelo comitê orçamentário. Os componentes do orçamento operacional são: Orçamento de vendas, Orçamento de Produção, Orçamento de Despesas Operacionais, Projeção das Demonstrações Contábeis. Se a empresa considera não adequados os cálculos planejados e apurados, deverão ser propostas modificações nos orçamentos de operações e de capital (investimento), a fim de buscar alterações que atendam aos níveis de atividades que conduzirá ao objetivo planejado, estabelecido, inicialmente, pela alta administração. O planejamento estratégico da empresa é expresso, na maioria das vezes, na forma de um orçamento detalhado, abrangente e integrado. O desenvolvimento do orçamento (budget) empresarial requer uma visão global e razoavelmente detalhada do futuro da empresa (ISHISAKI, 2003). A Figura 1, em linhas gerais, descreve o fluxo de atividades e informações que detalham a elaboração do orçamento (budget) empresarial para o período que está sendo planejado, seguindo uma rotina sequencial para a visualização das decisões financeiras planejadas. Elaboração do orçamento 55 METAS E OBJETIVOS ESTABELECIDOS O R Ç A M E N T O D E O P E R A Ç Ã O ORÇAMENTO DE VENDAS ORÇAMENTO DE OUTRAS RECEITAS ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO ORÇAMENTO DE DESPESAS CORPORATIVAS (despesas comerciais e administrativas) ORÇAMENTO DE CAPITAL (investimento) Orçamento de compra de martéria-prima Orçamento de fluxo de caixa Demonstração de Resultado Projetado Balanço Patrimonial Projetado Orçamento de despesas administrativas Orçamento de despesas administrativas Orçamento de despesas indiretas de produção Orçamento de despesas diretas de vendas Orçamento de despesas indiretas de vendas Orçamento de outras despesas Orçamento de outras despesas e/ou receitas Orçamento de despesas e/ou receitas financeiras Orçamento de mão de obra direta Orçamento de despesas próprias (custo indireto de produção) Composto de: Figura 1: Sequência de cálculo para o orçamento empresarial. Fonte: Ishisaki, 2003. Um orçamento operacional de uma empresa compõe-se de vários suborçamentos, que para referenciá-los, os designaremos como orçamentos, sendo alguns deles: orçamento de vendas, orçamento de despesas comerciais, orçamento de matérias-primas, etc.. A Figura 2 ilustra, apesar de não ser completa, a sequência dos orçamentos para compor o Orçamento Operacional. 56 Pós-graduação A figura demonstra parte do processo orçamentário composto pelos orçamentos. Segundo Gomes (2000), o Orçamento se divide em 9 partes, conforme descrito a seguir: • Orçamento de vendas; • Orçamento de quantidades a produzir; • Orçamento de matérias-primas e compras; • Orçamento de mão-de-obra direta; • Orçamento das despesas do edifício (despesas fixas); • Orçamento dos custos indiretos de fabricação; • Orçamento das despesas comerciais e administrativas; • Orçamento do ativo permanente; e • Orçamento de caixa. Orçamento de Vendas Orçamento de quantidades a produzir Orçamento de Caixa (e empréstimos) Projeção da Demonstração de Resultados Projeção do Balanço Patrimonial Projeção da Dem. das Origens e Aplicações de Recursos Orçamento do Ativo Permanente (inclui os investimentos) Orçamento da Mão de Obra Direta Orçamento dos Materiais de Produção Orçamento dos Custos Indiretos de Fabricação Orçamento das Despesas Administrativas e outras Orçamento das Despesas Comerciais e de Promoção Figura 2: Elaboração do Orçamento. Fonte: Gomes, 2000. Para a elaboração do orçamento empresarial, Hoji (2010) apresenta os seguintes orçamentos específicos: • grupo 1: orçamentos de vendas; • grupo 2: orçamentos de produção; Elaboração do orçamento 57 • grupo 3: orçamentos de gastos e despesas; • grupo 4: orçamentos de compras e vendas; • grupo 5: orçamentos de investimentos; e • grupo F: orçamentos de financiamentos. Para facilitar a visualização e o acompanhamento das diversas etapas da elaboração do orçamento, apresenta-se o esquema básico de fluxo de dados, na Figura 3. Figura 3: Esquema básico de fluxo de dados. Fonte: Hoji, 2010. 58 Pós-graduação Na sequência, veremos um estudo de caso onde elaboraremos o orçamento para a Cia OK. Vejamos o estudo de caso elaborado pelo professor José Carlos Vieira (2010) e adaptado pelo professor Thiago Coelho Soares (2010). A empresa Cia OK produz dois produtos: Sim e Bom. O processo orçamentário normalmente começa em outubro, antes do fim do período contábil em 31 de dezembro. Assumi-se que não existem mudanças no nível geral de preços, os valores dos ativos permanecerão constantes. Tabela 1: Projeção do Resultado para 31.12.09 – Cia OK. Projeção do Resultado para 31.12.09 – Cia OK Vendas 405.000 Custos (240.000) Margem Bruta 165.000 Despesas de Vendas eAdministrativas (75.000) Lucro antes do Imposto de Renda 90.000 Imposto de Renda (30%) (27.000) Lucro Líquido 63.000 Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Tabela 2: Balanço Patrimonial em 31.12.09 - Cia Ok. Balanço Patrimonial em 31.12.09 - Cia Ok Ativo Passivo Ativo Circulante Passivo Circulante Disponibilidade 15.000 Fornecedores 15.000 Contas a Receber 60.000 Impostos a Pagar 27.000 Estoques Patrimônio Líquido Matérias-Primas 4.950 Produtos Acabados 18.050 Capital Social 450.000 Ativo Permanente Reservas 180.000 Imobilizado 750.000 Lucros Acumulados 78.000 Depreciação Acumulada (98.000) Total 750.000 Total 750.000 Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Elaboração do orçamento 59 Informações adicionais para Elaboração do Orçamento de 2010. Projeção de Vendas Tabela 3: Projeção de Vendas para 2010. Produto SIM BOM Preço Unitário 35,00 50,00 Volume de vendas em unidades 1° Trimestre 3.750 4.500 2° Trimestre 3.000 7.500 3° Trimestre 4.500 5.250 4° Trimestre 3.750 6.750 Total 15.000 24.000 Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Custos Diretos Tabela 4: Custos Diretos para 2010. Horas de mão-de-obra necessárias por produto Salário/Hora Custo da mão-de-obra direta por unidade Sim Bom Sim Bom Dep. Corte 1,5 1,0 $2,00 $3,00 $2,00 Dep. Montagem 2,0 1,5 $2,00 $4,00 $3,00 Dep. Acabamento 0,5 0,5 $3,00 $1,50 $1,50 Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Tabela 5: Quantidade de Matéria-Prima por produto. Quantidade de Matéria- prima estimada Matéria-prima “A” 1,0/un. para cada unidade do produto SIM Matéria-prima “B” 2,0/un. para cada unidade do produto BOM Custos Estimados Matéria-prima “A” $2,50 por unidade Matéria-prima “B” $3,00 por unidade Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. 60 Pós-graduação Custos Indiretos Tabela 6: Custos Indiretos de Fabricação. Custos Fixos Depreciação 30.000 (ano) Taxas e seguros 10.000 (ano) Salário dos supervisores 15.000 (ano) Custos Variáveis SIM BOM Mão-de-obra indireta 0,50 0,75 Material indireto 0,75 0,75 Energia elétrica 0,50 0,75 Total variável 1,75 2,25 Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Projeção de estoques Tabela 7: Projeção de estoques de produtos acabados para 2010. Produtos Acabados Estimativa de Estoque Inicial Estimativa de Estoque Final Sim 423 unidades 1/5 das vendas esperados para o próximo trimestre Bom 675 unidades 1/5 das vendas esperados para o próximo trimestre Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Obs.: Em ambos os produtos, o estoque final será valorizado pelo custeio variável. O estoque final do último trimestre é igual ao dobro do estoque final do terceiro semestre. Tabela 8: Projeção de estoques de matéria-prima para 2010. Matérias-primas Estimativa de Estoque Inicial Estimativa de Estoque Final A 1.000 unidades 1/2 do consumo do trimestre seguinte B 1.500 unidades 1/2 do consumo do trimestre seguinte Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Obs.: O estoque do último trimestre é igual à metade do estoque do terceiro trimestre. Elaboração do orçamento 61 Despesas Administrativas e de vendas Tabela 9: Despesas para 2010. Despesas Administrativas Salários Administrativos 54.000 Despesas Fixas 3.000 Outras Despesas 3.000 Despesas de Vendas Salários 45.000 Propaganda 15.000 Fonte: Elaborada pelo autor, 2011. Projeção do Orçamento de Caixa Receita de Vendas • 60% são recebidos à vista e o restante no trimestre seguinte. Saídas de Caixa • Custos de Produção: mão-de-obra direta, material direto, custos variáveis são desembolsados no mês que ocorreram. • Custos Fixos Indiretos são pagos trimestralmente em parcelas iguais. • Outros Custos: taxas no montante de 27.000 serão pagas trimestralmente em parcelas iguais durante o ano. As despesas de capital foram assim planejadas 1° Trimestre 15.000 2° Trimestre 22.000 3° Trimestre 12.000 4° Trimestre 30.000 • Credores diversos: o saldo de 15.000 permanecerá inalterado durante o ano. Após a apresentação dos dados para a elaboração orçamentária, faremos a montagem do orçamento. Observem que possuímos as informações necessárias para a elaboração do orçamento para o ano de 2010. Observem que temos Demonstração do Resultado para 2009, Balanço Patrimonial de 2009, Projeção de Vendas para 2010, Custos Diretos para 2010, Quantidade de matéria-prima por produto, Custos Indiretos de Fabricação, Projeção de estoques de produtos acabados para 2010, Projeção de estoques de matéria-prima para 2010, Despesas para 2010 e Projeção do Orçamento de Caixa. 62 Pós-graduação Inicialmente, começamos pelo orçamento de vendas. É no orçamento de vendas que a empresa determina quais produtos, onde, a que preço e quantas unidades se projetam vender no período orçamentário. Vejamos a tabela a seguir. Tabela 10: Orçamento de Vendas. Trimestre Unidades 1,00 2,00 3,00 4,00 Total Produto Sim 3.750,00 3.000,00 4.500,00 3.750,00 15.000,00 Produto Bom 4.500,00 7.500,00 5.250,00 6.750,00 24.000,00 Faturamento Produto Sim 131.250,00 105.000,00 157.500,00 131.250,00 525.000,00 Produto Bom 225.000,00 375.000,00 262.500,00 337.500,00 1.200.000,00 Total 356.250,00 480.000,00 420.000,00 468.750,00 1.725.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Observem que temos para cada trimestre, a quantidade em unidades físicas vendidas para cada produto nas primeiras linhas da tabela. Estas informações podem ser extraídas da tabela 3. Na sequência, temos os valores da receita de cada produto. Esta tabela ilustrativa não necessariamente faz parte do orçamento das empresas, serve apenas para identificarmos como encontramos o faturamento para cada produto. Tabela 11: Faturamento por produto. Produto/Trimestre Unidade Preço Faturamento Produto Sim /1º.T 3.750 35,00 131.250,00 Produto Sim /2º.T 3.000 35,00 105.000,00 Produto Sim /3º.T 4.500 35,00 157.500,00 Produto Sim /4º.T 3.750 35,00 131.250,00 Produto Sim /ano 15.000 35,00 525.000,00 Produto Bom /1º.T 4.500 50,00 225.000,00 Produto Bom /2º.T 7.500 50,00 375.000,00 Produto Bom /3º.T 5.250 50,00 262.500,00 Produto Bom /4º.T 6.750 50,00 337.500,00 Produto Bom /ano 24.000 50,00 1.200.000,00 Fonte: Elaborada pelo autor, 2010 Elaboração do orçamento 63 Vejamos o exemplo do produto SIM para o primeiro trimestre. A quantidade vendida é de 3.750 unidades a preço de $35,00, gerando a receita de $131.250. Verifiquem que temos a expressão das vendas em unidades e em receita (lembrando que a receita é a multiplicação da quantidade vendida pelo preço de venda do produto). Com o orçamento de vendas elaborado, a etapa seguinte é iniciar o orçamento de produção. A primeira etapa deste orçamento consiste em determinar a quantidade de produtos necessária a serem produzidas de acordo com os estoques da empresa e o volume a ser comercializado. Vejamos a tabela a seguir. Tabela 12: Orçamento de Produção. Trimestre 1,00 2,00 3,00 4,00 Total Em Unidades Produto Sim Estoque Final 600,00 900,00 750,00 1.500,00 (+) Vendas 3.750,00 3.000,00 4.500,00 3.750,00 (=) Total 4.350,00 3.900,00 5.250,00 5.250,00 (-) Estoque Inicial 423,00 600,00 900,00 750,00 (=) Produção Necessária 3.927,00 3.300,00 4.350,00 4.500,00 16.077,00 Produto Bom Estoque Final 1.500,00 1.050,00 1.350,00 2.700,00 (+) Vendas 4.500,00 7.500,00 5.250,00 6.750,00 (=) Total 6.000,00 8.550,00 6.600,00 9.450,00 (-) Estoque Inicial 675,00 1.500,00 1.050,00 1.350,00 (=) Produção Necessária 5.325,00 7.050,00 5.550,00 8.100,00 26.025,00 Fonte: Elaborada pelo autor, 2010. Observem que temos a separação da necessidade de produção por produto. Assim, para o primeiro trimestre, temos para o produto SIM um estoque inicial de 600 peças, pois um quinto das vendas é esperado que vire estoque para o próximo trimestre (informação na tabela 7). As vendas de 3.750 peças gerando uma quantidade total a ser produzida de 4.350 peças. Porém, como existe um estoque inicial de 423 peças, a produção efetiva a ser elaborada para o produto SIM no
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