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2 PLANEJAMENTO, GESTÃO ESTRATÉGICA E SUSTENTABILIDADE Neste módulo você aprenderá: Sobre planejamento e gestão estratégica relativos a unidades museais; Inovação e sustentabilidade em museus; Leis de incentivo para financiamento da cultura. 1. PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA DA UNIDADE MUSEAL, DO ACERVO E/OU DO PATRIMÔNIO. 1.1 PLANO MUSEOLÓGICO E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: INSTRUMENTOS DE GESTÃO O Plano Museológico é o principal instrumento para a compreensão das funções dos museus. Por meio do planejamento institucional é possível definir prioridades, indicar os caminhos a serem tomados, acompanhar as 22 MÓDULO II ações e avaliar o cumprimento dos objetivos. É a partir dele que as ações administrativas, técnicas e políticas são sistematizadas tanto no âmbito interno, quanto na sua atuação externa. Assim, o Plano Museológico per- mite que a instituição utilize todo o seu potencial para realizar seu trabalho e alcançar seus objetivos da forma mais eficaz (IBRAM, 2016). No Brasil é dever de todos os museus desenvolver um Plano Museológico que contemple a adequação de di- ferentes realidades, conforme apontado no Estatuto de Museus (Lei no 11.904, de 14 de janeiro de 2009). A importância do Plano Museológico está associada às recentes mudanças nas diretrizes da política museal, sobretudo a partir das conferências e fóruns que reu- niram profissionais da área museológica para discutir as mudanças e os avanços na política pública para museus desde 2003, conforme já abordado no mó- dulo 1 deste curso (IBRAM, 2016). “O Plano Museológico deve ser elaborado com a finalidade de orientar a gestão do museu e estimular a articulação entre os diversos setores de funcionamento, tanto no aprimoramento das instituições museo- lógicas já existentes, quanto na criação de novos museus.” (IBRAM, 2016, p. 35) O Plano é também uma ferramenta de planejamento estratégico e por isso deve ordenar e priorizar as ações Em 2016 o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) disponibilizou um documento com o objetivo de oferecer subsídios para a elaboração de Planos Museológicos pelos museus brasileiros, O documento está disponível para download em: https://www. museus.gov.br/ wp-content/ uploads/2017/06/ Subs%C3%A Ddios-para-a- elabora%C3 %A7%C3%A3o-de- planos- museol%C3%B 3gicos.pdf 23MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II a serem desenvolvidas pelo museu para o cumprimento da sua função social. Esse documento orienta a trajetó- ria do museu e de suas atividades ao longo do tempo. O Plano tem como função fundamentar a criação ou a fusão de museus. Em teoria, um novo museu já deve ter um Plano Museológico quando for criado e, no caso da fusão de museus, deve implicar a elaboração de um plano que dê conta desta nova realidade. Esse docu- mento indica um conjunto de programas, que corres- pondem às diferentes atividades que integram a ges- tão de museus. De acordo com Ibram (2016), esses programas estão divididos em doze categorias: • Institucional: abrange o desenvolvimento e a gestão técnica e administrativa do museu, além dos processos de articulação e cooperação entre a instituição e os diferentes agentes com os quais ela se relaciona. • Gestão de Pessoas: abrange as ações destina- das à valorização, capacitação e bem-estar do conjunto de servidores, empregados, prestadores de serviço e demais colaboradores do museu, o diagnóstico da situação funcional existente e ne- cessidades de readequação. 24 MÓDULO II • Acervos: abrange o processamento técnico e o gerenciamento dos diferentes tipos de acervos da instituição, incluídos os de origem arquivística e bi- bliográfica. • Exposições: abrange a organização e utilização de todos os espaços e processos de exposição do museu, intra ou extramuros, de longa ou curta duração. • Educativo e Cultural: abrange os projetos e as atividades educativo-culturais desenvolvidos pelo museu, destinados a diferentes públicos e articu- lados com diferentes instituições. • Pesquisa: abrange o processamento e a disse- minação de informações, destacando-se as linhas de pesquisa institucionais e os projetos voltados para estudos de público, patrimônio cultural, mu- seologia, história institucional e outros. • Arquitetônico-Urbanístico: abrange a identifica- ção, a conservação e a adequação dos espaços livres e dos construídos, bem como das áreas em torno da instituição, com a descrição dos espaços e instalações adequados ao cumprimento de suas funções, e ao bem-estar dos usuários, servidores, empregados, prestadores de serviços e demais colaboradores do museu. Envolvendo, ainda, a 25MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II identificação dos aspectos de conforto ambiental, circulação, identidade visual, possibilidades de ex- pansão, e acessibilidade física e linguagem expo- gráfica voltadas às pessoas com deficiência. • Segurança: abrange os aspectos relacionados à segurança do museu, da edificação, do acervo e dos públicos interno e externo, incluídos sistemas, equipamentos e instalações, e a definição de ro- tinas de segurança e estratégias de emergência. • Financiamento e Fomento: abrange o planeja- mento de estratégias de captação, aplicação e gerenciamento dos recursos econômicos. • Comunicação e Marketing: abrange ações de di- vulgação de projetos e atividades da instituição, e de disseminação, difusão e consolidação da ima- gem institucional nos âmbitos local, regional, nacio- nal e internacional. • Socioambiental: abrange um conjunto de ações articuladas, comprometidas com o meio ambiente e áreas sociais, que promovam o desenvolvimento dos museus e de suas atividades, a partir da in- corporação de princípios e critérios de gestão am- biental (incluído pelo Decreto nº 8.124, de 2013). 26 MÓDULO II • Acessibilidade Universal (incluído pela Lei nº 13.146, de 2015): projetos e ações relativas à aces- sibilidade de todas as pessoas deverão ser expli- citados em todos os programas, além de integrar um programa específico. É recomendado que o Plano Museológico seja elabo- rado de forma participativa, envolvendo os funcioná- rios do museu e outros atores relevantes, como, por exemplo, representantes da comunidade, associação de amigos, professores ou representantes de ativi- dades econômicas que se relacionem com o museu. Também se recomenda a avaliação permanente e a revisão periódica, com a temporalidade definida no regimento interno. A legislação, no entanto, não espe- cifica o período a ser abrangido pelo plano, embora sugira o prazo de cinco anos como um razoável para implementação das ações. 1. 2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO – PLANEJAMENTO DAS AÇÕES AO LONGO DO TEMPO, AVALIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE INDICADORES. O Planejamento Estratégico é uma ferramenta de com- preensão e aprendizagem acerca do funcionamento institucional. No caso de uma instituição pública, a ser- 27MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II viço da sociedade e de seu desenvolvimento, como são os museus, o objetivo do planejamento é a otimização dos processos gerenciais visando a melhoria do aten- dimento oferecido pelo museu para seus públicos. Como premissa fundamental desse processo, enten- demos que um bom Planejamento Estratégico é, an- tes de tudo, um processo participativo. Para que ele alcance os resultados esperados, toda a instituição deve estar engajada o que, nem sempre, é uma ta- refa simples. Planejar significa, antes de tudo, se co- nhecer: conhecer suas próprias potencialidades, limi- tes, fraquezas e forças, antes de definir qual a rota a se seguir. Todo esse processo deve ser feito em con- junto para que o reconhecimento das questões a se- rem trabalhadas leve a sua resolução, resultando em uma instituição mais eficiente e com maior potencial de transformação social. A primeira etapa do planejamento é o diagnóstico das potencialidades patrimoniais. Essa etapa prevêo levantamento de informações sistematizadas sobre ações e programas que vêm sendo realizados pelo museu, bem como suas potencialidades institucionais, visando a estruturação do Planejamento Estratégico. Nesse sentido, o diagnóstico volta-se para a compre- ensão do museu a partir de alguns aspectos: missão, Para saber mais sobre planejamento na área museal a partir de uma perspectiva internacional, acesse: https://www. sisemsp.org.br/ download/14843/ 28 MÓDULO II modelo de gestão, programas, ações e procedimentos museológicos e os fluxos de trabalho e reciprocidade entre as áreas fins e as áreas meio. Considerando-se esses aspectos, evidenciam-se as principais forças e fraquezas institucionais, além dos desafios a serem enfrentados pela instituição nos próximos anos. Além de se considerar os aspectos internos e externos à instituição, os parâmetros para a construção do diag- nóstico levam em consideração uma análise histórica do desenvolvimento institucional, da inauguração do museu até a situação atual. Para o estabelecimento da estratégia de diagnóstico, é indicado que seja realizado um processo de parce- ria com a diretoria da instituição na conformação dos instrumentos utilizados e na coleta de dados. A seguir, estão listados alguns dos instrumentos que podem ajudar neste processo: • Organograma da instituição;Relatórios anuais; • Pesquisas de público já realizadas; • Documentos de planejamento interno; • Plano museológico, quando houver; • Documentos das áreas fins (relatórios de proje- tos, manuais de conteúdo, planilhas de controle); • Materiais de comunicação (press release, site, rede social, newsletter, etc.). 29MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II Para complementar esse levantamento é também sugerido que sejam realizadas entrevistas com re- presentantes das equipes (diretores, educadores, coordenadores) e outras metodologias, como ques- tionários, para ouvir o maior número de funcionários possível. Essa etapa da pesquisa pode ser feita com o envio de uma pequena pesquisa anônima para to- dos. Após a fase diagnóstico, os resultados podem ser sistematizados a partir de uma análise SWOT. 30 MÓDULO II BOX Análise SWOT Análise SWOT ou Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fra- quezas e Ameaças) é uma ferramenta utilizada para fazer aná- lise de um cenário institucional específico. É usada como base para gestão e planejamento estratégico de empresas, mas pode ser utilizada para análise de qualquer tipo de instituição, como museus e instituições culturais por exemplo. Os resulta- dos do diagnóstico podem ser sintetizados e agrupados a partir dos parâmetros de Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ame- aças. FORÇAS O que o museu está fazendo bem? OPORTUNIDADES Qual o potencial em aumentar o público? Quais fatores externos podem contribuir para isso? Como o museu pode alcançá-los? AMEAÇAS Quais fatores externos podem reduzir o número de visitantes? Como o museu pode se preparar para impedir que isso aconteça? FRAQUEZAS O que não está funcionando ou não está sendo bem sucedido no museus? Imagem criada pelos autores No link a seguir, temos um exemplo de análise swot em uma galeria de art, na Wriston Art Center Galleries vinculada a Uni- versidade de Lawrence nos Estados Unidos: https://wristonart- gallery.wordpress.com/formative-evaluation/swot-analysis/ Após apresentação dos resultados da fase de diag- nóstico, na qual serão apresentadas as Forças, Opor- tunidades, Fraquezas e Ameaças institucionais para todas as equipes, devem ser estabelecidas as metas 31MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II de cada programa, que podem ser divididas em me- tas estruturantes e metas de ação. Para garantir um processo participativo, a metodo- logia mais indicada é a organização de grupos de trabalho envolvendo todas as equipes do museu. A partir de um cronograma de encontros e tópicos de discussão, as equipes em conjunto encaminham as resoluções para as metas listadas na fase diagnós- tica e dá-se o início à construção de indicadores de acompanhamento que vão balizar a curto, médio e longo prazo se as ações estabelecidas estão sendo atingidas ou não, e quais os obstáculos encontrados no caminho. 1.3 PLANO ANUAL DE ATIVIDADES: INSTRUMENTO DE GESTÃO PARA INSTITUIÇÕES PÚBLICAS De acordo com o documento “Subsídios para elabo- ração de Planos Museológicos” (IBRAM, 2016), o poder público firmará um plano anual prévio que deve ga- rantir o funcionamento dos museus públicos e permi- tir o cumprimento de suas finalidades. O plano anual prévio – denominado Plano Anual de Atividades – é um instrumento que permitirá à uni- dade mantenedora (institutos estaduais, secretarias, 32 MÓDULO II fundações, etc.) definir os recursos e as metas de de- sempenho daquele museu, em conformidade o Plano Museológico e o Planejamento Estratégico de cada museu. O Plano Anual de Atividades deverá contemplar, no mínimo: • as ações a serem desenvolvidas e as metas a serem atingidas no ano seguinte à sua elaboração; • os recursos orçamentários e financeiros destina- dos ao museu, destacando-se os investimentos; • os recursos humanos disponíveis e as ações de capacitação previstas. A forma que este plano terá e seu processo de cons- trução serão definidos entre o museu público e o órgão ou entidade ao qual o museu está vinculado. Naturalmente, os recursos financeiros previstos no plano deverão ter correspondência na Lei Orçamen- tária, embora o plano não a repita, na medida em que trata de outras questões, como metas e recursos hu- manos. Vale lembrar, ainda, que o plano anual deverá estar embasado no Plano Museológico (IBRAM, 2016). 33MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II ENTREVISTAS Com o objetivo de apresentar experiências concretas de museus que desenvolveram seus Planos museoló- gicos e planejamento estratégicos, apresentamos, no final deste módulo, duas entrevistas de gestores de museus que estiveram à frente desses processos em suas respectivas instituições: 1. MUSEU DO FUTEBOL, SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO. O Planejamento Estratégico é uma ferramenta im- portante para conhecermos em profundidade o fun- cionamento de uma instituição. No caso dos museus e instituições culturais, o objetivo do Planejamento é a otimização dos processos gerenciais visando a me- lhoria do atendimento oferecido para os públicos. O Planejamento Estratégico do Museu do Futebol (São Paulo/SP) foi realizado em um processo da constru- ção coletiva de resultados envolvendo representantes de todas as equipes do Museu. Antes de começar esta seção, escute a entrevista com Daniela Alfonsi, diretora do Museu do Futebol durante desenvolvimento do planejamento estratégico. Para saber mais sobre o Museu do Futebol, acesse: https://www. museudofutebol. org.br/pagina/ sobre-o-museu- do-futebol 34 MÓDULO II 2. MUSEU DA VIDA, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – PLANO MUSEOLÓGICO A inauguração do Museu da Vida, em 1999, materializa um projeto amadurecido ao longo da década de 1990. Durante sua concepção, o Museu já trazia consigo o conhecimento acumulado de experiências anteriores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) relacionadas à preservação do patrimônio, promoção da saúde e di- vulgação científica e cultural. Nesta perspectiva, o pro- jeto inicial do Museu da Vida foi elaborado pela Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade dedicada à história, memória, preservação do patrimônio e à divulgação científica, e contou com a contribuição de profissio- nais de outras unidades da Fiocruz. É nessa relação dinâmica, em que cada instância alimenta e inspira as demais, que se assenta esse primeiro Plano Museoló- gico do Museu da Vida, instrumento de planejamento e de gestão formulado para dar a dimensão e o sen- tido claro do trabalho desse museu para a sociedade. Antes de começar esta seção, escute aentrevista com Daniela Alfonsi, diretora do Museu do Futebol durante desenvolvimento do planejamento estratégico. Para acessar o Planejamento Estratégico do Museu da Vida, clique aqui: http://www. museudavida.fiocruz. br/images/educacao/ planomuse ologico_maio_ museudavida_2018. pdf 35MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II 2. SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO EM MUSEUS E INSTITUIÇÕES CULTURAIS. 2.1. POSSIBILIDADES DE FINANCIAMENTO PÚBLICO E PRIVADO PARA MUSEUS E PATRIMÔNIO Para driblar os desafios impostos pelos tempos atuais para o mercado da cultura, as instituições mesclam inúmeras estratégias visando um modelo de gestão e financiamento que subsidie suas ações. Os principais mecanismos utilizados nos últimos anos foram as leis de incentivo, federal e estaduais. Atual- mente existe uma discussão crescente sobre o papel que os fundos patrimoniais podem vir a ter no finan- ciamento das instituições culturais. Além dessas, ou- tras estratégias como a criação de associações de amigos de museus, doações diretas de pessoas físi- cas e pessoas jurídicas e aporte diretos com verba dos departamentos de marketing de grandes empre- sas, podem ser alternativas para o financiamento dos museus e instituições culturais. 36 MÓDULO II 2.2. LEIS DE INCENTIVO PARA FINANCIAMENTO DA CULTURA • Leis de Incentivo Federal – Lei Rouanet (http:// rouanet.cultura.gov.br/) A Lei Rouanet é o nome pelo qual é mais conhecida a Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei nº 8.313, criada em 1991). O nome Rouanet, celebrizado popular- mente, deriva do seu criador, o então Secretário Na- cional de Cultura, o diplomata, filósofo e membro da Academia Brasileira de Letras, Sérgio Paulo Rouanet. O sistema de funcionamento da Lei foi originalmente concebido com três mecanismos (Fundo Nacional de Cultura, Mecenato e Ficart) distintos e complemen- tares (FBDC, 2016). O seu mecanismo mais conhe- cido, o Mecenato, equivocadamente chamado de Lei Rouanet, permite que empresas e cidadãos do Brasil possam destinar parte de seu Imposto de Renda (IR) devido para apoiar projetos culturais. As pessoas fí- sicas podem aplicar um percentual máximo de 6% do IRPF. O limite estabelecido para as pessoas jurídicas é de 4% do IRPJ. No caso das empresas, somente as empresas tributadas com base no lucro real podem participar. As propostas para a Lei Rouanet devem ser enca- minhadas por meio do Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura (Salic). No site do Ministério da Para saber mais sobre o funcionamento da Lei Rouanet, acesse a cartilha elaborada pelo Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais no seguinte link: https://www.fbdc. com.br/wp-content/ uploads/2016/11/Lei_ Rouanet_20161128.pdf 37MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II Cultura está disponível uma série de vídeos tutoriais sobre o Salic. Em cinco etapas, o proponente é orien- tado a inscrever o seu projeto cultural de acordo com as novas regras da Instrução Normativa nº 1/2017: Etapa I: Novo Cadastro e Primeiros Passos da Nova Proposta Etapa II: Corpo da Proposta Etapa III: Local de Realização e Plano de Distribuição Etapa IV: Planilha Orçamentária Etapa V: Envio da Proposta http://www.fbdc.com.br/wp-content/uploads/2016/11/ Lei_Rouanet_20161128.pdf • Leis de incentivo à cultura estaduais As leis estaduais de incentivo à cultura começaram a ser criadas na esteira da Lei Rouanet nos anos 90. Esses instrumentos legais também funcionam com base nos mecanismos de renúncia fiscal e permitem que pessoas físicas e jurídicas aportem recursos pú- blicos (incentivos fiscais) e privados (contrapartidas dos incentivadores) no setor cultural. O mecanismo de incentivo fiscal estadual, de forma análoga ao modelo federal, funciona por meio da de- dução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de empresas que promovem a viabili- Antes de começar esta seção, escute a entrevista com Daniela Alfonsi, diretora do Museu do Futebol durante desenvolvimento do planejamento estratégico. Acesso os vídeos com os tutoriais pro meio do seguinte link: http:// rouanet.cultura.gov. br/tutoriais/ 38 MÓDULO II zação de projetos culturais previamente cadastrados e aprovados pelas Secretarias de Cultura. • Leis de incentivo à cultura municipais As leis municipais de incentivo à cultura também fo- ram criadas a partir da Lei Rouanet. À semelhança das leis federal e estaduais, funcionam com base no mecenato cultural. O mecanismo de incentivo fiscal no nível municipal concede dedução do Imposto so- bre Serviço de Qualquer Natureza (ISS) e do Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU) para contribuintes interessados no incentivo à projetos cul- turais. • Fundos Patrimoniais (endowments) O fundo patrimonial permite a criação de um patrimô- nio perpétuo que gera recursos contínuos para a con- servação, expansão e promoção de instituições cultu- rais, por meio da utilização dos rendimentos financeiros desse patrimônio (o montante do fundo propriamente dito não pode ser utilizado, apenas os rendimentos). Per- mite a construção de uma base financeira sólida para as instituições e alinha-se a tendências internacionais de excelência em gestão. Os recursos dos fundos são compostos de doações de pessoas físicas e jurídicas. Para saber mais sobre fundos patrimoniais, acesse http://www. museus.gov.br/tag/ fundos-patrimoniais/ e, também, https:// gife.org.br/osc/fundos patrimoniais/ 39MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II No Brasil os fundos patrimoniais ainda não contam com legislação própria. Projetos de lei sobre o tema estão em tramitação tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal. OUTRAS AÇÕES/AGENTES: • Associação de amigos de museus Associações de Amigos de Museus são instituições não-governamentais e sem fins lucrativos, compostas por pessoas que têm por finalidade apoiar e colabo- rar com as atividades dos museus, contribuindo para seu desenvolvimento e para a preservação do patri- mônio museológico. A Federação de Amigos de Museus do Brasil (Feam- bra) é uma entidade sem fins lucrativos que tem o papel primordial de favorecer a criação e o desen- volvimento de Associações de Amigos de Museus em todo o território nacional. A FEAMBRA publicou em 2014 um guia prático para orientar interessados em fundar associações de amigos de museus. • Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais O Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais foi criado em junho de 2016 com cerca de cem gestores de vários Para saber mais sobre a FEABRA e sobre o guia, acesse: http://www. feambra.org/ downloads/2014/ guia_ feambra_14/guia_ feambra.pdf 40 MÓDULO II estados do país. O grupo reúne organizações, institui- ções, coletivos, gestores e associações representativas do setor cultural (música, artes cênicas, artes visuais, li- teratura, audiovisual, arquitetura, game, design, promo- ção de direitos, entre outras áreas), além de museus, galerias, orquestras, instituições culturais e bibliotecas. Juntos, irão atuar no diálogo com as diferentes instân- cias de governo, classe política e com a sociedade para estabelecer diretrizes e ampliar o desenvolvimento do setor. O fórum representa parte importante do mundo da cultura, que nos últimos cinco anos operou um orça- mento de 3 bilhões de reais e, somente em 2015, teve um público de cerca de 15 milhões de pessoas em suas ações e projetos. Para saber mais sobre o Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais, acesse: Canal no Youtube: https: //www.youtube.com/ channel/ UCQ6Y65t4DzkF DZ3eD01JOUA/about Facebook: https: //www.facebook.com/ ForumBP DireitosCulturais/ Site: http://www.fbdc. com.br/ 41MUSEUS E PATRIMÔNIO MÓDULO II REFERÊNCIAS IBRAM. Subsídios para a elaboração de planos museológicos. Brasí- lia: Instituto Brasileiro de Museus, 2016. Disponível em: https://www. museus.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/Subs%C3%ADdios--para-a-elabora%C3%A7%C3%A3o-de-planos-museol%C3%B3gi- cos.pdf Acesso em maio de 2018.
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