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1 2 https://www.editorajuspodivm.com.br/manual-de-direito-tributario-2019 https://www.editorajuspodivm.com.br/vade-mecum-tributario-20193 https://www.editorajuspodivm.com.br/direito-tributario-1-e-2-fases-da-oab-20192 https://www.editorajuspodivm.com.br/caderno-de-treino-para-a-2-fase-da-oab-direito-tributario-2020 https://www.editorajuspodivm.com.br 1 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI CONCEITO DE TRIBUTO Não há um conceito de tributo expresso na Constituição Federal, apenas um conceito implícito. O conceito expresso está no artigo 3º do Código Tributário Nacional – CTN: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (grifo nosso). a) Tributo é toda prestação pecuniária compulsória: Quer dizer o comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro, independem da vontade do sujeito passivo, que deve efetivá-la, ainda que contra seu interesse. O Código Tributário Nacional ao se referir a palavra “toda” prestação, estabelece que qualquer prestação que se enquadre em todos os requisitos do art. 3º do CTN será tributo, independentemente da denominação, conforme determina o art. 4º do CTN: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. (grifos nossos). É importante frisar nesse momento, que ainda que o art. 4º do CTN no inciso II menciona que seria irrelevante a destinação legal do produto para ser tributo, temos que a partir da Constituição Federal de 1988, para as contribuições e empréstimo compulsório é relevante sim a destinação, pois nessas exações a denominação e a destinação são destacadas pelo próprio legislador constituinte, 2 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI não tendo relevância para a identificação do fato gerador do tributo, como ocorre com os impostos, taxas e contribuições de melhoria. b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: O legislador infraconstitucional incorreu em redundância ao repetir o caráter pecuniário da prestação, não havia a necessidade de insistir com a locução “em moeda” “ou cujo valor nela possa se exprimir”, pois ao tratar de obrigação pecuniária, é porque será paga em dinheiro. Ninguém poderá entregar ao fisco, como forma de pagamento, algo que não seja dinheiro, salvo o caso do art.156, XI do CTN, que trata sobre a dação de bem imóvel, quando houver expressa previsão em lei. Observa-se que mesmo nesse caso, por se tratar de uma exceção, há necessariamente a previsão em lei para autorizar o pagamento do tributo com a entrega de bem imóvel. c) Que não constitua sanção de ato ilícito: Ninguém paga o tributo por ter desrespeitado uma lei, tributo não é castigo. Ao contrário paga-se o tributo por incorrer em uma situação prevista em lei como hipótese de incidência tributária, ou seja, o legislador elegeu uma situação que uma vez praticada pelo sujeito, no mundo concreto, estará sujeita à incidência da norma tributária e por essa razão irá nascer a obrigação de pagar um tributo. Por exemplo: A Lei prevê que a hipótese de incidência tributária do Imposto sobre Renda ou proventos de qualquer natureza - IR é “auferir renda”, o sujeito terá que pagar IR quando auferir renda, porque praticou o fato previsto em lei. Assim sendo, pode-se afirmar que uma lei descreve hipoteticamente um estado de fato e dispõe que a realização concreta, no mundo fenomênico, do que foi descrito, determina o nascimento de uma obrigação de pagar um tributo.1 As hipóteses de incidência da norma tributária são sempre constituídas por fatos lícitos, que uma vez ocorridos no mundo jurídico nasce a obrigação de pagar o tributo. Contudo, verifica-se que embora a hipótese de incidência tributária não possa ser algo ilícito, os frutos de uma atividade ilícita podem ser objeto de tributação. 1 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 53. 3 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Como vimos, o legislador não pode eleger uma situação ilícita, mas ao eleger uma situação lícita como hipótese de incidência, essa hipótese lícita pode ter sido originada de uma atividade ilícita, o que não irá importar para fins de tributação. Veja no caso do Imposto sobre rendas ou proventos de qualquer natureza – IR, a hipótese de incidência, também chamada pelo legislador de “fato gerador” é “auferir renda”, assim o sujeito que auferir renda terá a obrigação de pagar IR, e não importa para fins de tributação como essa renda foi auferida, o que importa é que o sujeito incorreu na previsão da norma tributária, qual seja, auferir renda. Assim, se o sujeito auferiu renda de atividades ilícitas, para o direito tributário apenas importa que o sujeito praticou o fato previsto na norma tributária, qual seja, auferiu renda e por essa razão terá que pagar o IR. O artigo 118, I do Código Tributário Nacional – CTN prevê que a definição do fato gerador será interpretada abstraindo-se da validade dos atos praticados pelo sujeito. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. No caso do sujeito que aufere renda pela venda de entorpecentes, a ilicitude é irrelevante para fins tributários, o que importa é que foi praticado o fato gerador, “auferir renda” e por essa razão o sujeito deverá pagar IR. O STF tem o entendimento majoritário de que praticado o fato gerador previsto em lei, deve ser pago o imposto, independentemente da atividade ser lícita ou ilícita, conforme podemos observar da ementa do HC 77.530/RS da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence: Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de 4 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de ser corolário do princípio da moralidade – constituiu violação do princípio da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. Os Tribunais Superiores aplicam o Princípio “Pecunia non olet”, segundo o qual o tributo não tem cheiro, não importa de onde vem, nesse caso, a renda auferida, o que importa é que ocorreu o fato gerador do IR, “auferir renda”, e por essa razão, aplicando-se o art. 118, I do CTN deve-se haver a tributação. Pelo princípio da “Pecunia non olet” extrai-se o conteúdo axiológico do valor de justiça, direcionando a exigibilidade da exação sobre quem possui capacidade contributiva,ainda que o rendimento provenha de atividade ilícita. d) Instituída em lei – o tributo só pode ser instituído por meio de lei, de acordo com o art. 150, I da Constituição Federal e art. 97 do CTN, e por meio de instrumento normativo com força de lei, ou seja, por meio de Medida Provisória, conforme prevê o art. 62 da CF. e) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada – O tributo será cobrado pelo Poder Público que não terá margens para escolhas discricionárias. O fiscal não poderá cobrar o tributo de acordo com a conveniência e oportunidade, irá exigir a obrigação tributária do contribuinte exatamente como está disposto na legislação. ESPÉCIES DE TRIBUTOS Muito se discute quantas espécies tributárias subsistem no nosso ordenamento jurídico, devido a possibilidade de diversas formas para classificá- los. O art. 5º do CTN prevê três espécies tributárias: 1) Impostos 5 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 2) Taxas 3) Contribuição de Melhoria A Constituição Federal no art. 145 prevê três espécies tributárias: 1) Impostos 2) Taxas 3) Contribuição de Melhoria O art. 148 da CF faz menção ao Empréstimo Compulsório e o art. 149 da CF refere-se às Contribuições. O art. 149 divide as contribuições em três modalidades, que serão estudadas em outro capítulo: a) Contribuição Social b) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) c) Contribuição de interesse de categoria profissional ou econômica E o art. 149-A da CF traz a Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública – COSIP. Ainda que o Código Tributário Nacional adote a teoria tripartida, por classificar as espécies tributárias em apenas três, (impostos, taxas, contribuição de melhoria), a maioria dos doutrinadores, dentre eles, Aliomar Balleiro, e o Supremo Tribunal Federal adotam a teoria pentapartida, que seriam 5 espécies tributárias: a) Impostos b) taxas c) contribuição de melhoria d) contribuição e) empréstimo compulsório Nesse sentido, transcreve-se trecho do voto do Ministro do STF Moreira Alves, em 29-06-1992, no RE nº 146.733-9/SP: 6 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI (…) De fato, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria), a que se refere o art. 145, para declarar que são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Município, os arts. 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. (grifos nossos) Visto o conceito de tributo e as espécies tributárias passamos para análise de como os tributos irão ingressar em nosso ordenamento jurídico. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Competência Tributária é a outorga de poder concedido pela Constituição Federal aos Entes Federativos para que eles possam criar, instituir e majorar tributos. Somente os entes federativos apresentam competência tributária, pois os tributos só podem ser instituídos por meio de lei, e apenas os entes federativos apresentam Poder Legislativo. Não podemos confundir competência tributária com competência para legislar em direito tributário. A competência para legislar sobre direito tributário é a outorga de poder concedido pela Constituição Federal para editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. É uma competência concedida aos entes federativos para traçarem regras sobre o exercício do poder de tributar. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR EM DIREITO TRIBUTÁRIO Criação, Instituição e Majoração de tributos 7 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Leis que versem sobre tributos já instituídos e relações jurídicas a eles pertinentes. Todos os Entes Federativos apresentam competência para legislar sobre direito tributário. O art. 24 da Constituição Federal prevê competência concorrente entre a União, os Estados e Distrito Federal para legislar sobre direito tributário. Compete à União a edição de normas gerais e aos Estados e Distrito Federal poderá suplementar a legislação federal. Mas se não existir norma federal, Estados e Distrito Federal apresentam competência plena para legislar sobre direito tributário. Se sobrevier a norma geral pela União, haverá suspensão da lei estadual no que lhe for contrária. A lei federal não irá revogar a lei estadual porque não há entre elas uma hierarquia. Diante da ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado exerceu a competência legislativa plena, com base no art. 24, § 3º da CF. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (...) § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 8 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI O art. 30 da CF estabelece a competência dos Municípios para legislarem sobre assuntos de interesse local e suplementar legislação federal, estadual no que lhe couber. Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; A competência Tributária como vimos é o poder concedido pela Constituição Federal aos Entes Federativos para que eles possam instituir, criar e majorar tributos. A competência Tributária Apresenta 5 características importantes: a) Indelegabilidade: A Constituição não só prevê a competência tributária como também reparte, partilha esse poder entre as pessoas políticas que compõe a Federação, porque essas precisam ter autonomia financeira, não basta terem apenas autonomia administrativa, autonomia política. A base do federalismo é a autonomia dos Entes, por essa razão há a repartição do Poder de Tributar entre os Entes Federativos. Quando a Constituição outorga o poder para os Entes Federativos, ela estabelece exatamente quais serão os tributos de competência de cada Ente e a competência tributária é indelegável, quer dizer, intransferível. O Ente Federativo não poderá transferir a sua competência tributária para nenhum outro Ente. Assim, se a Constituição outorgou poder para a União instituir o Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI) apenas ela poderá instituir esse imposto, mais ninguém! Vejamos quais são os tributos de competência tributária de cada Ente Federativo: 9 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO –TEORIA JOSIANE MINARDI UNIÃO ESTADOS DISTRITO FEDERAL MUNICÍPIOS IMPOSTOS DO ART. 153 CF IPI IE IR II ITR IOF IGF IMPOSTOS DO ART. 154 IEG (Imposto Extraordinário Guerra) Imposto Residual IMPOSTOS DO ART. 155 CF ICMS IPVA ITCMD (Imposto sobre Transmissão causa mortis ou doação) IMPOSTOS DO ART. 155 CF ICMS IPVA ITCMD (Imposto sobre Transmissão causa mortis ou doação) IMPOSTOS DO ART. 147 CF IPTU ITBI ISS IMPOSTOS DO ART. 156 CF IPTU ITBI ISS TAXAS TAXAS TAXAS TAXAS CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA CONTRIBUIÇÕES ART. 149 1) Contribuição Social 2) Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) 3) Contribuição de Interesse de categoria Profissional ou Econômica CONTRIBUIÇÕES ART. 149, § 1º Contribuição Social Previdenciária do Servidor Público CONTRIBUIÇÕES ART. 149, § 1º Contribuição Social Previdenciária do Servidor Público CONTRIBUIÇÃO ART. 149-A CF Contribuição para custeio do Serviço de CONTRIBUIÇÕES ART. 149, § 1º Contribuição Social Previdenciária do Servidor Público CONTRIBUIÇÃO ART. 149-A CF Contribuição para custeio do Serviço de 10 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Iluminação Pública (COSIP) Iluminação Pública (COSIP) EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO ART. 148 CF Não tem Não tem Não tem Obs: O Distrito Federal apresenta competência tributária para instituir o IPTU, ITBI e ISS por força do disposto no art. 147 da CF que estabelece que os impostos dos Municípios serão do Distrito Federal. (Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais). Como vimos a competência tributária que consiste na criação, instituição e majoração de tributo é indelegável. Contudo as funções administrativas de arrecadar, fiscalizar tributos e executar leis que compreendem a capacidade ativa tributária essa sim pode ser delegável. CTN - Art. 7º - A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos 11 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Exemplo é o caso do Imposto Territorial Rural (ITR) cuja competência tributária, ou seja, a competência para criá-lo, institui-lo ou majorá-lo é da União, conforme estabelece o art. 153, VI da CF, que poderá, no entanto, delegar a função de arrecadar e fiscalizar, ou seja, a capacidade ativa tributária aos Municípios, nos termos do art. 153, § 4º, III da CF. Pela literalidade do art. 7º do CTN a capacidade ativa tributária só pode ser delegada para uma pessoa jurídica de direito público. Para fixar, temos: COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – INDELEGÁVEL! CAPACIDADE ATIVA TRIBUTÁRIA – PODE SER DELEGÁVEL Criar, instituir, Majorar Arrecadar, Fiscalizar Tributos e Executar Leis b) Facultatividade: Os Entes Federativos não estão obrigados a instituir os tributos, cuja competência tributária lhe foi atribuída pela Constituição Federal. O art. 145 da CF determina que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios “poderão”, e não “deverão” instituir tributos. A partir dessa regra a doutrina diz que a competência tributária no Brasil é facultativa. Exemplo: o Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, que compete à União a sua instituição, até hoje não foi criado e não há problema algum, porque a competência tributária é facultativa! Muitos indagam sobre a Lei de responsabilidade Fiscal, LC nº 101/2000 que estabelece em seu art. 11 que somente exerce uma boa gestão fiscal o Ente Federativo que instituir e cobrar todos os tributos. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. 12 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Quanto a arrecadação não restam dúvidas dessa obrigatoriedade, mas a obrigatoriedade quanto à Instituição fere a Constituição Federal que não obriga aos Entes Federativos instituírem os tributos. Observa-se, ainda, que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 prevê uma sanção para o Ente Federativo que não instituir todos os impostos de sua competência. O dispositivo legal proíbe a realização de transferências voluntárias àquele que não instituir todos os impostos. LC nº 101/200 - Art. 11 (...) Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. O STF em Medida Cautelar ADI nº 2238 entendeu que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 não viola a Constituição Federal porque a Lei trata de transferências voluntárias. As transferências obrigatórias de impostos que estão nos artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159 da Constituição Federal essas sim só poderão deixar de serem repassadas no caso do art. 160 da CF, quando o Ente Federativo não estiver aplicando o percentual exigido na área da saúde, e também, no caso de débitos de um Ente, e suas Autarquias com outro Ente que irá fazer o repasse. O parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 proibiu apenas o repasse das transferências voluntárias e não das obrigatórias, por isso não seria inconstitucional. c) Incaducabilidade: O direito do Ente Federativo instituir o tributo pode ser exercido a qualquer tempo. O fato da União não ter instituído o IGF, em 1988, quando da promulgação da Constituição Federal, não lhe retira o direito de institui-lo agora, passados mais de 20 anos. 13 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI d) Inalterabilidade: a competência tributária não pode ser alterada por lei infraconstitucional. Assim, quando a Constituição, no art. 156, I prevê que o IPTU irá incidir sobre a propriedade de imóvel urbano, não pode uma lei modificar tal competência ao ponto de determinar que o IPTU tenha como hipótese de incidência, fato gerador a mera posse de imóvel urbano. Observe que o art. 32 do CTN prevê como fato gerador do IPTU a propriedade, a posse e o domínio útil de imóvel urbano. O fato é que o Código Tributário Nacional é de 1966 e a nossa Constituição é de 1988, assim esse artigo do CTN só foi recepcionado pelo nosso ordenamento jurídico, ao considerar que será contribuinte do IPTU o possuidor ou aquele que detenha o domínio útil se houver o animus domini.Logo, o mero detentor da posse, como o locatário não é contribuinte do IPTU, porque a lei não pode alterar a competência tributária e a CF determina que apenas o proprietário é contribuinte desse imposto. A competência tributária não pode ser alterada por meio de lei, mas Emenda Constitucional poderá alterá-la. Como exemplo temos a EC nº 19/02 que inseriu na Constituição o art. 149-A e criou a Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). e) Irrenunciabilidade: A competência tributária é irrenunciável, o Ente Federativo não pode jamais renunciar sua competência tributária em favor de outro Ente, ele pode apenas deixar de exercê-la. Assim, o fato da União não ter criado ainda o IGF não confere o direito dos Estados, por exemplo, instituírem esse imposto, porque a competência é Irrenunciável. Para memorizar, a competência tributária é: 1) Indelegável 2) facultativa 3) Incaducável 4) Inalterável 5) Irrenunciável REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 14 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI A Constituição Federal prevê algumas hipóteses de transferência obrigatória da arrecadação dos impostos, conforme os artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159. No art. 153,§ 5º da CF – A União é obrigada a repassar 30% da arrecadação do IOF incidente sobre o ouro ativo financeiro para o Estado, conforme a origem e 70% para o Município, conforme a origem. § 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem. De acordo com o art. 157 da CF competem aos Estados e Distrito Federal: a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, pelos Estados, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; b) 20% do produto da arrecadação do imposto residual. Nos termos do art. 158 da CF competem aos Municípios: a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, pelos Municípios, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR quando o Município detiver a capacidade ativa tributária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse imposto. c) 50% do IPVA d) 25% do ICMS 15 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% da arrecadação do Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) da seguinte forma: a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios; c) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 84, de 2014) Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que: a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados será repassado aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. b) 29% do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo. Princípio da Legalidade Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser por intermédio de LEI! http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc84.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc84.htm#art1 16 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça Além dos tributos só poderem ser instituídos, extinto ou majorados, reduzidos por lei, temos outras matérias, de acordo com o art. 97 do CTN que também só podem ser tratadas por meio de lei, e como o CTN menciona apenas lei, temos que poderá ser por meio de lei ordinária. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (…) III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. A mera atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo NÃO constitui majoração de tributo, nos termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser realizada por meio de simples Decreto. Todos os tributos estão sujeitos ao Princípio da Legalidade, ou seja, só podem ser instituídos ou majorados por intermédio de lei. Conquanto, a Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas alteradas, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da Fazenda. São eles: 17 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Imposto sobre a Importação (II) Imposto sobre a Exportação (IE) Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) O art. 153, § 1º da CF ao estabelecer que o Poder Executivo poderá alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, possibilitou, inclusive, que esses tributos tenham suas alíquotas majoradas, por decreto, por exemplo, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, é claro. O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da Contribuição de intervenção no domínio econômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, no caso, o decreto presidencial. O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas do ICMS incidência monofásica, nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal. No caso do ICMS combustível os convênios interestaduais, celebrados no âmbito do CONFAZ (Conselho de Política Fazendária) é quedefinirão as suas alíquotas. Princípio da Isonomia É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II da CF). Pelo princípio da isonomia deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Enquanto o art. 5º da CF determina a igualdade de modo genérico, o art. 150, II da CF, explora-a de modo específico, no campo do direito tributário. A concessão de isenção, dispensa legal do dever de pagar tributo, ou tratamento diferenciado para algumas atividades, não viola o princípio da 18 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI isonomia, quando se busca tratar desigualmente contribuintes em situações desiguais. A Lei Complementar nº 123/2006, por exemplo, traz tratamento diferenciado para as microempresas e empresas de pequeno porte, pelo fato dessas apresentarem capacidade contributiva distinta das demais empresas. Princípio da Irretroatividade É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF). O princípio da Irretroatividade também reflete a segurança jurídica, nos termos do art. 5º, XXXVI da CF, o qual determina que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. O Código Tributário Nacional prevê três exceções ao princípio da irretroatividade, artigos 106, I e II e art. 144, § 1º. Primeira Possibilidade: (art. 106, I, do CTN) - Quando se tratar de lei expressamente interpretativa e desde que não comine penalidade. Uma lei interpretativa apenas esclarece o sentido de uma outra anterior, sem inovar a ordem jurídica e por essa razão somente retroagirá se a interpretação que der à lei anterior coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário e havendo qualquer agravação na situação do contribuinte, será considerada ofensiva ao princípio da irretroatividade das leis. Segunda Possibilidade: (art. 106, II, “a” e “b”e “c” do CTN) - A lei tributária poderá retroagir tratando-se de ato NÃO definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. 19 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Terceira Possibilidade: (art. 144, § 1º do CTN) - Em se tratando de lançamento tributário, lei que instituir novos critérios de apuração ou fiscalização. Princípio da Anterioridade O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITA o Princípio da Anterioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: IMEDIATAMENTE!!!! Sãoeles: - Imposto extraordinário guerra (IEG) - empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, - Imposto sobre importação (II), - Imposto sobre exportação (IE) - Imposto sobre operações financeiras (IOF) b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: - IPI - casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. − Contribuição Social (195,§ 6º da CF) c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: 20 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI -IR - alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não respeitam 90 dias significa dizer NRAE e NR90 dias cobrança IMEDIATA! GUERRA, (IEG e Empréstimo Compulsório guerra ou calamidade pública. II IE IOF NRAE R90 dias IPI Reduzir e Restabelecer CIDE COMBUSTÍVEL Reduzir e Restabelecer ICMS COMBUSTÍVEL Contribuição Social RAE NR90 dias IR Alteração Base de cálculo IPTU Alteração Base de cálculo IPVA Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da anterioridade do exercício e nonagesimal, só se aplicam no caso de instituição ou majoração de tributo. Princípio da Anterioridade O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITA o Princípio da Anterioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o 21 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: IMEDIATAMENTE!!!! São eles: - Imposto extraordinário guerra (IEG) - empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, - Imposto sobre importação (II), - Imposto sobre exportação (IE) - Imposto sobre operações financeiras (IOF) b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: - IPI - casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. − Contribuição Social (195,§ 6º da CF) c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: -IR - alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não respeitam 90 dias significa dizer NRAE e NR90 dias cobrança IMEDIATA! GUERRA, (IEG e Empréstimo Compulsório guerra ou II IE IOF 22 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI calamidade pública. NRAE R90 dias IPI Reduzir e Restabelecer CIDE COMBUSTÍVEL Reduzir e Restabelecer ICMS COMBUSTÍVEL Contribuição Social RAE NR90 dias IR Alteração Base de cálculo IPTU AlteraçãoBase de cálculo IPVA Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da anterioridade do exercício e nonagesimal, só se aplicam no caso de instituição ou majoração de tributo. A mudança da data do prazo de pagamento do tributo não está sujeita aos princípios da anterioridade. Nesse sentido, temos a Súmula 669 do STF: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Os Princípios da Anterioridade e a Medida Provisória Para o STF o princípio da anterioridade nonagesimal é observado, via de regra, no momento em que a medida provisória é editada. Conta-se 90 dias apenas da data da conversão da medida provisória em lei, quando houver modificação substancial no texto. Os Princípios da Anterioridade e a Revogação da Isenção 23 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Nos termos do art. 104, III do CTN quando a revogação da isenção se referir a imposto sobre renda ou patrimônio, o imposto só será cobrado no primeiro dia do exercício seguinte. Para o STJ e STF, entendimento majoritário é que no caso de revogação de isenção, quando não se referir ao art. 104, III do CTN, não devem ser respeitadas as anterioridades, a cobrança do tributo será imediata. No final de 2015, o STF ao julgar o RE 564.225 compreendeu que a revogação de incentivos, benefícios é na verdade, uma majoração indireta de tributo e por essa razão deve respeitar as anterioridades do exercício e nonagesimal. A súmula 584 do STF Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. O STF ao julgar o RE nº 183.130 entendeu que a súmula 584 não deve ser aplicada quando o IR assume o caráter extrafiscal, sustentando sua aplicação para o IR com viés fiscal. Princípio do não-confisco O princípio da vedação ao confisco, disposto no art. 150, IV da CF, decorre do direito de propriedade, que coíbe o confisco ao estabelecer prévia e justa indenização na desapropriação. O tributo não pode inviabilizar o direito de propriedade. Por essa razão, deve-se analisar individualmente cada situação à luz de todo o sistema tributário, isto é, analisar a soma de todos os tributos devidos pelo contribuinte e não apenas o tributo isoladamente. Deve-se, ainda, aplicar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Verifica-se, ainda, que a Constituição Federal, ao tratar do princípio do não- confisco em seu artigo 150, IV, refere-se aos tributos, ou seja, de acordo com a literalidade desse dispositivo constitucional, apenas os tributos devem respeitar o não-confisco. 24 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco. Nesse sentido, muitos indagam se as multas estariam sujeitas ao princípio do não-confisco, pois se sabe que multa não é tributo, mas sanção exigível pelo descumprimento de obrigação tributária. O STF ai julgar a ADI 551 compreendeu que as multas tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. E ao julgar o RE 838.302 entendeu que será considera multa com efeito confiscatório aquela que ultrapassar a 100% do valor da obrigação principal. Princípio da Liberdade de Tráfego O princípio da liberdade de tráfego está previsto no art. 150, V da CF e veda os Entes Federativos de instituírem tributos interestaduais ou intermunicipais que visem estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, ressalvada, contudo, a exigência do pagamento de pedágio pela utilização das vias conservadas pelo Poder Público. O STF compreendeu ao julgar a ADIN 800 que pedágio não é tributo, é preço público. Princípio da Uniformidade Geográfica O princípio da uniformidade geográfica veda a União “instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País”. (art. 151, I da CF). 25 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Não é possível à União, por exemplo, instituir IPI com alíquotas diferenciadas para certos Estados, salvo se for concessão de incentivo fiscal. Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas A União não pode conceder isenção para tributos que não estejam em sua competência tributária. Art. 151. É vedado à União: (...) III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios A União não pode conceder isenções de tributos estaduais ou municipais, sob pena de violar o princípio do pacto federativo. Assim, só pode conceder isenção de determinado tributo o Ente Federativo que tem competência para a sua instituição. Quando um Ente Federativo diferente daquele que detém a competência para instituir o tributo concede a isenção, tem-se a isenção heterônoma. Será heterônoma, por exemplo, a concessão de isenção do ITBI pela União, vez que esse imposto é de competência dos Municípios. Como dito anteriormente, a isenção heterônoma é vedada no Brasil, mas há exceções: 1) ISS sobre serviços prestados no exterior: O art. 156, § 3º, II da CF prevê a possibilidade da União, por lei complementar, conceder isenção do ISS nas exportações de serviços. O art. 2º, I da LC nº 116/03 trata sobre a referida isenção. 2) Tratados e Convenções Internacionais – O Supremo Tribunal Federal tem o entendimento pacífico de que os Tratados e Convenções Internacionais PODEM conceder isenções de tributos estaduais e municipais, visto que a União, ao celebrar o tratado, não se mostra como pessoa política de Direito Público Interno, mas como pessoa política internacional. E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – GASODUTO BRASIL- - BOLÍVIA – ISENÇÃO DE TRIBUTO MUNICIPAL (ISS) CONCEDIDA PELA 26 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MEDIANTE ACORDO BILATERAL CELEBRADO COM A REPÚBLICA DA BOLÍVIA – A QUESTÃO DA ISENÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS E/OU MUNICIPAIS OUTORGADA PELO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO EM SEDE DE CONVENÇÃO OU TRATADO INTERNACIONAL - POSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL – DISTINÇÃO NECESSÁRIA QUE SE IMPÕE, PARA ESSE EFEITO, ENTRE O ESTADO FEDERAL BRASILEIRO (EXPRESSÃO INSTITUCIONAL DA COMUNIDADE JURÍDICA TOTAL), QUE DETÉM “O MONOPÓLIO DA PERSONALIDADE INTERNACIONAL”, E A UNIÃO, PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO (QUE SE QUALIFICA, NESSA CONDIÇÃO, COMO SIMPLES COMUNIDADE PARCIAL DE CARÁTER CENTRAL) - NÃO INCIDÊNCIA, EM TAL HIPÓTESE, DA VEDAÇÃO ESTABELECIDA NO ART. 151, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CUJA APLICABILIDADE RESTRINGE-SE, TÃO SOMENTE, À UNIÃO, NA CONDIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A cláusula de vedação inscrita no art. 151, III, da Constituição - que proíbe a concessão de isenções tributárias heterônomas - é inoponívelao Estado Federal brasileiro (vale dizer, à República Federativa do Brasil), incidindo, unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno. Doutrina. Precedentes. - Nada impede, portanto, que o Estado Federal brasileiro celebre tratados internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária em matéria de tributos locais (como o ISS, p. ex.), pois a República Federativa do Brasil, ao exercer o seu treaty-making power, estará praticando ato legítimo que se inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito internacional público, que detém - em face das unidades meramente federadas - o monopólio da soberania e da personalidade internacional. - Considerações em torno da natureza político-jurídica do Estado Federal. (…) (RE 543943 AgR/PR, Rel. Min. Celso de Mello, D.J. 30-11-2010) Princípio da Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva é princípio basilar do Direito Tributário e está preceituado no art. 145, §1º da Constituição Federal: 27 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Art. 145 - (...) § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Segundo o princípio da capacidade contributiva, o cidadão tem o dever de contribuir na exata proporção da sua capacidade econômica, ou seja, a sua capacidade de suportar o encargo fiscal. Por sua vez, a capacidade contributiva não se confunde com a econômica. Como dito alhures, a capacidade contributiva se define naquela que o contribuinte apresenta para contribuir com os gastos públicos conforme sua capacidade econômica. A capacidade econômica – mais abrangente –, não coincide com a capacidade contributiva, pois muitas vezes a pessoa apresenta capacidade econômica, sem, contudo, apresentar a capacidade contributiva. Para aclarar o entendimento, citam-se, como exemplo, os Entes Federativos, que apresentam capacidade econômica, pois dispõem de recursos financeiros próprios, todavia não manifestam capacidade contributiva. Em atenção ao Princípio Federativo, esses entes não irão cobrar tributos uns dos outros, para cobrir seus gastos públicos. Muitos doutrinadores nacionais afirmam que não haveria a necessidade de previsão da imunidade recíproca para os Entes Federativos, em nosso texto constitucional, justamente por lhes faltar a capacidade contributiva, o que, por si só, bastaria para impedir a tributação. o primeiro obstáculo que se verifica na tributação é o não tributar o mínimo vital –valores imprescindíveis para sobrevivência do ser humano. Por isso, a capacidade contributiva coaduna-se com os valores fundamentais fixados pela Constituição, de modo a fazer a verificação do mínimo existencial, não podendo ocorrer a incidência de tributos sobre esses valores utilizados pelo contribuinte para sua manutenção básica. Assim, pode-se afirmar que a capacidade contributiva só é evidenciada após a mensuração do mínimo vital, antes disso não há que se falar em capacidade contributiva. 28 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Em suma, a capacidade contributiva consiste no dever de contribuir para os gastos públicos, para suprir as necessidades públicas, que a pessoa apresenta, segundo os ditames constitucionais, e que deve estar intimamente relacionada à capacidade econômica do sujeito, de modo que ele contribua de acordo com o seu orçamento, sem violação ao mínimo vital e ao não confisco. Da leitura do art. 145, § 1º da CF, extrai-se, ainda, que os impostos serão graduados conforme a capacidade econômica, “sempre que possível”, uma vez que nem sempre é possível aferir de modo claro e preciso a capacidade econômica de cada contribuinte. No caso dos tributos indiretos, fica prejudicada a apreciação da capacidade econômica do contribuinte, pois há a possibilidade de repassar para o consumidor final o encargo financeiro, como ocorre com o IPI e o ICMS. A título de exemplo de tributo indireto, sabe-se que sobre a industrialização do cigarro incide atualmente uma alíquota de 330% de IPI, se considerar que o industrial irá repassar esse encargo financeiro para o consumidor final, seja esse pobre ou rico, irão ter a mesma carga tributária. Para alguns doutrinadores a capacidade contributiva será verificada no caso do IPI e ICMS (tributos indiretos), por serem tributos seletivos que apresentam alíquotas maiores para produtos supérfluos e alíquotas menores para produtos essenciais, de acordo com consumo do bem. Assim, verificar-se-á a capacidade contributiva não pelo fato de um sujeito ser igual a outro, mas pelo o consumo do bem. Logo, o fato do sujeito comprar um iate demonstra que terá capacidade econômica igual à de outro que também comprar esse bem, por exemplo. Outra observação que se faz necessária com relação ao princípio da capacidade contributiva é que o art. 145, § 1º da CF menciona que os impostos devem respeitar esse princípio. O STF já se manifestou por entender que esse princípio deve ser seguido por todas as espécies tributárias e não apenas os impostos. (RE n. 177835, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 25.05.2001. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp#resultado>. Acesso em: 16 jun. 2012). 29 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI IMUNIDADES GENÉRICAS As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI da CF e referem-se apenas aos Impostos. As pessoas e situações previstas no artigo 150, VI da CF não devem pagar apenas os impostos, devendo pagar as demais espécies tributárias, como as taxas, contribuição de melhoria, contribuições e empréstimo compulsório. IMUNIDADES RECÍPROCAS A imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, “a” da CF, consequência do modelo Federal de Estado, cujas bases repousam na necessária igualdade política-jurídica entre as unidades que compõe o Estado Federal, veda a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e serviços um dos outros. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. O artigo supracitado prevê que a imunidade tributária recíproca alcança apenas os impostos, podendo incidir, portanto, em outras espécies tributárias, como taxas, contribuições e etc. De acordo com o § 2º, § 3º do art. 150 da CF a imunidade recíproca é extensiva às AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS desde que cumpram 4 requisitos: a) Cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas decorrentes; b) Sejam instituídas e mantidas pelo Poder Público; c) Não cobraem preços e nem tarifas; d) Não entrem na concorrência privada. No entanto, o Supremo Tribunal Federal tem entendido que algumas empresas públicas, bem como algumas sociedades de economia mista, são merecedoras 30 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI da regra imunizante, quando prestamserviço público de caráter obrigatório e de forma exclusiva. Cita-se como exemplo da ECT – Empresa de Correios e Telégrafos, conforme jurisprudência a seguir: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ECT - EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. TAXAS: IMUNIDADE RECÍPROCA: INEXISTÊNCIA. I. - As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 22, X; C.F., art. 150, VI, a. Precedentes do STF: RE 424.227/SC, 407.099/RS, 354.897/RS, 356.122/RS e 398.630/SP, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma. II. - A imunidade tributária recíproca -- C.F., art. 150, VI, a -- somente é aplicável a impostos, não alcançando as taxas. III. - R.E. conhecido e improvido. (RE 364202, Rel. Min. Carlos Velloso, D.J. 05-10-2004) Outro exemplo de empresa pública que teve a imunidade reconhecida pelo STF, em 2007 (RE-AgR 363.412) é a INFRAERO. Em fevereiro de 2007, o STF, na Ação Cautelar nº 1.550-2 reconheceu também a imunidade da sociedade de economia mista – CAERD, Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia. IMUNIDADES DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO O art. 150, VI, “b” da CF veda aos Entes Federativos instituírem IMPOSTOS sobre os templos de qualquer culto. A expressão “templos de qualquer culto” deve ser interpretada de forma ampla, abrangendo todas as formas de expressão de religiosidade. Só não irá abranger os templos de inspiração demoníaca, nem cultos satânicos, nem suas instituições, por contrariar a teleologia do texto constitucional. Portanto, deve haver valores morais e religiosos. 31 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI A imunidade dos templos de qualquer culto visa tutelar a liberdade religiosa, e por essa razão tudo, exatamente tudo, que estiver em nome da instituição religiosa e cumprir sua finalidade essencial terá imunidade, ou seja, não terá que pagar impostos. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (...) VI - instituir impostos sobre: (...) b) templos de qualquer culto (...) § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Recentemente, o STF decidiu que não incide IPTU sobre os cemitérios que sejam extensão da entidade religiosa: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, "B", CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, VI, 19, I e 150, VI, "b". 3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são antípodas. Recurso extraordinário provido. (RE 578562, Min. Rel. Eros Grau, D.J. 21-05-2008) Imunidade Subjetiva – Art. 150, VI, “c” da CF 1) Entidades de Assistência Social Sem Fins Lucrativos 2) Entidades de Educação Sem Fins Lucrativos 3) Partidos Políticos e suas Fundações 32 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 4) Sindicato dos Trabalhadores Requisitos: I - Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título. II - Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais. III - Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Súmula nº 724 STF e SV 52. Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. Súmula nº 730 STF A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. Classificação Tributária 1) Tributo Real – Leva em consideração os tributos da coisa. Exemplo: IPTU, IPVA, etc.. Tributo Pessoal – Lei va em consideração os atributos da pessoa. Exemplo: IR 33 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 2) Tributo Fiscal – Tem por finalidade a arrecadação. Tributo Extrafiscal – Visa estimular ou desestimular condutas. Exemplo: Tributo regulatório de mercado (II, IE, IOF e IPI) Tributo Parafiscal – Quando a pessoa que detém a competência tributária é distinta daquela que detém a capacidade ativa tributária. 3) Tributo Direto – Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo não existe intercalação de sujeitos. Tributo Indireto - Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar tributo existe intercalação de sujeitos. Exemplo: (IPI, ICMS) 4) Tributo Progressivo: A alíquota do tributo irá aumentar de acordo com o aumento da base de cálculo do tributo. (IR, ITR, IPTU e ITCMD) Tributo Proporcional: A alíquota é invariável ainda que a base de cálculo do tributo. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Nos termos do artigo 96 do CTN, a legislação tributária compreende: Leis, Tratados e Convenções Internacionais, Decretos e Normas Complementares. Assim, quando houver menção à expressão “legislação tributária”, não temos apenas a lei em sentido estrito, mas os demais atos normativos que cuidam de relações jurídicas tributárias. Lei Ordinária A lei ordinária é o veículo, por excelência, da matéria tributária, pois é o instrumento de instituição, modificação e extinção dos tributos. Os tributos irão ingressar no sistema jurídico pátrio, via de regra, por meio de lei ordinária. 34 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI O artigo 97 do CTN estabelece as matérias que somente poderão ser tratadas por meio de lei: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Lei Complementar Existem quatro tributos que só podem ser instituídos e majorados por meio de lei complementar. Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º CF); Empréstimo Compulsório (art. 148 CF); IGF (art. 153, VII CF); Imposto Residual (art. 154, I CF); Além desses 4 tributos que só podem ser instituídos pormeio de lei complementar, a Constituição Federal determina que algumas matérias também só podem ser tratadas por meio de lei complementar, nesse sentido, temos o art. 146 da CF: 35 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como dos impostos discriminados nesta Constituição, e dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributárias; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239 Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (...) Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. Lei Delegada Nos termos do art. 68 da CF, é um ato normativo de feitura do Poder Executivo, em que o Presidente da República solicita autorização do Congresso Nacional para poder legislar sobre a matéria. 36 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI A delegação pelo Congresso Nacional ocorrerá por meio de Resolução. O § 1º do art. 68 da CF proíbe a lei delegada tratar sobre matérias reservadas à lei complementar. § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: (...) A lei delegada está praticamente em desuso atualmente, dado a possibilidade do Presidente da República valer-se das Medidas Provisórias para instituir e majorar impostos, sem a necessidade de buscar autorização do Congresso Nacional. Decreto Trata-se de instrumento normativo, utilizado pelo Presidente da República, conforme previsão do art. 84, IV da CF, para obter a correta aplicação e execução da lei, sem ampliar ou restringir o conteúdo por ela definido. Nesse sentido, estabelece o art. 99 do CTN: Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Tratados e Convenções Internacionais 37 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI A Convenção de Viena de 26 de maio de 1969, sobre o Direito dos Tratados, no art. 2º, §1º, “a” esclarece não importar a terminologia atribuída aos atos internacionais, por essa razão não se faz distinções entre as expressões “tratado” e “convenção internacional”. Os tratados internacionais (ou Convenções) são atos firmados entre dois ou mais Estados, no intuito de estabelecer normas comuns a serem observadas no âmbito internacional. Em matéria tributária, os tratados e convenções internacionais são muito utilizados para evitar a bitributação, estabelecer a tributação de mercadorias exportadas e importadas. Nos termos do art. 84, VIII, da CF compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados ou convenções internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. O art. 98 do CTN estabelece que: Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Aplica-se a literalidade do dispositivo supracitado, no sentido de que “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna”. Contudo, observa-se que uma vez denunciado o tratado, a norma interna volta a produzir efeitos. Assim, tendo em vista que a legislação interna volta a vigorar, uma vez denunciado o tratado, não se pode dizer que ela havia sido revogada, mas apenas estava com sua eficácia suspensa. Tratados e Convenções Internacionais e a Isenção Heterônoma Os Tratados Internacionais podem conceder isenção de tributos estaduais e municipais, uma vez que o Presidente da República ao assinar esses tratados, assina como chefe de Estado e não 38 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI como chefe de governo e, por isso, não seria considerado uma isenção heterônoma, vedada pela nossa Constituição Federal no art.151, III. EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados- membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF, Pleno, RE, nº 229.096, Min. Rel. Ilmar Galvão, DJ. 16-08-2007). Normas Complementares Nos termos do art. 100 do CTN, são quatros as normas complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e decretos: I - Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II - As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; 39 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI III - As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV - Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. (CTN, art. 100, parágrafo único). Interpretaçãoda Legislação Tributária A aplicação da lei a um caso concreto, seja pela autoridade administrativa, pelo julgador ou ainda pelo próprio sujeito passivo, requer a sua interpretação para que seja identificado o seu significado e o seu alcance. Assim, fazem-se necessárias no momento de aplicação da legislação considerações de ordem léxica, lógica, sistemática, histórica e teleológica. Por essa razão, admite-se em direito tributário, salvo as hipóteses previstas no art. 111 do CTN, a utilização de todos os métodos de interpretação admitidos em direito, tais como o método literal, sistemático, teleológico e histórico. A interpretação literal analisa pura e simplesmente o significado das palavras constantes no texto legal. Quanto às hipóteses de suspensão, exclusão do crédito tributário, bem como dispensa do cumprimento de obrigação acessória, conforme disposto no art. 111 do CTN, o aplicador somente poderá se valer da interpretação LITERAL. Assim, todas as hipóteses de suspensão do crédito tributário previstas no art. 151 do CTN, e as de exclusão, constantes no art. 175 do CTN, só podem ser interpretadas literalmente. 40 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Matérias que só podem ser interpretadas LITERALMENTE nos termos do Art. 111 CTN 1) Causas de suspensão (art. 151 CTN) e Exclusão do Crédito Tributário (art. 175 CTN); 2) Outorga de isenção; 3) Dispensa de cumprimento de obrigações acessórias. Ademais, nos termos do art. 112 do CTN a lei tributária que define infrações, ou que comina penalidades, será interpretada da maneira mais favorável ao acusado, sempre que houver dúvida quanto: (i) à capitulação legal do fato; (ii) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (iii) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; (iv) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Ressalta-se, ainda, que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. (CTN, art. 110). 41 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Vistas as possibilidades de interpretação da legislação tributária acima, tem-se ainda as situações em que há obscuridade ou lacuna da lei e que se deve preencher o vácuo por meio de integração. O art. 108 do CTN permite a utilização da integração desde que ocorra na seguinte ordem sucessiva: (i) analogia; (ii) princípios gerais de direito tributário; (iii) princípios gerais de direito público; (iv) equidade. O aplicador da legislação se vale da analogia: quando diante de um caso sem previsão expressa, utiliza uma norma legal prevista para uma situação semelhante. Conquanto, ninguém pode se valer da analogia para cobrar tributo, conforme estabelece o § 1º do art. 108 do CTN. A equidade atua como instrumento de realização concreta da justiça. Mas ninguém pode utilizar a equidade para ser dispensado do pagamento do tributo. Integração da Legislação Tributária (Art. 108 CTN) 1) Analogia; 2) Princípios Gerais de Direito Tributário; 3) Princípios Gerais de Direito Público; 4) Equidade. 42 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Conforme prevê o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser Principal ou Acessória. A obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. (art. 113, § 1º CTN), consiste em dar dinheiro, pagar. A obrigação acessória refere-se, na verdade, aos deveres formais que o sujeito passivo está obrigado, a fim de facilitar a arrecadação e a fiscalização. Nos termos do art. 113, § 2º do CTN, são prestações positivas ou negativas que irão facilitar a arrecadação e a fiscalização dos tributos. Por prestações positivas, tem-se como obrigação acessória do sujeito passivo o dever de “emitir nota fiscal”, “escriturar livros”, “declarar impostos”, etc. Quanto às prestações negativas, cita-se o dever de “não receber mercadorias desacompanhadas da devida documentação fiscal”. A inobservância de uma obrigação acessória pelo sujeito passivo implica no surgimento de uma obrigação principal referente à penalidade tributária. Assim, por exemplo, se o sujeito deixar de declarar o imposto de renda, terá que declará-lo com atraso e por esse motivo deverá pagar uma multa, essa multa é uma obrigação principal. Art. 113 CTN (...) § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. O fato do sujeito passivo não ter uma obrigação principal, por gozar de imunidade ou isenção tributária, por exemplo, não afasta a sua obrigação acessória, vez que essa é autônoma em relação à obrigação principal. O sujeito que goza de imunidade ou isenção, ainda assim, deve manter suas obrigações acessórias em dia. 43 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI Pessoa com Imunidade Tributária Pessoa com Isenção Tributária Pessoa que paga Tributos Normalmente Não tem obrigação principal Não tem obrigação principal Tem obrigação principal TEM obrigação acessória TEM obrigação acessória TEM obrigação acessória Sujeito Ativo É a pessoa jurídica de direito público que detém a competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Pode ser o ente federativo, autarquia, ou qualquer outra pessoa jurídica de direito público que detenha capacidade ativa tributária, ou seja, as funções de arrecadar e fiscalizar os tributos, conforme estabelece o art. 119 do CTN. Sujeito Passivo O sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou da penalidade tributária. À luz do art. 121 do CTN destacam-se dois tipos de sujeitos passivos na relação jurídico-tributária: o contribuinte e o responsável. O contribuinte, também denominado pela doutrina de sujeito passivo direto, é aquele que tem relação direta e pessoal com a situação que constitua o fato gerador da obrigação. Na verdade, é quem pratica o fato gerador. O proprietário de um imóvel urbano, por praticar o fato gerador do IPTU, “ser proprietário de imóvel urbano”, irá pagar esse imposto na condição de contribuinte. 44 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI O responsável (sujeito passivo indireto) é aquele que sem revestir a condição de contribuinte, mas por ter relação indireta com a situação que constitua o fato gerador, a lei lhe atribui o dever de pagar o tributo. Assim, os pais pagam os tributos devidos pelos seus filhos menores, na condição de responsáveis, pois o art. 134 do CTN assim estabelece. É importante ressaltar que a responsabilidade tributária decorre tão somente de lei. Os sujeitos passivos (contribuinte ou responsável) podem ser solidários, desde que haja interesse comum na situação que constitua o fato gerador do tributo, ou sempre que a lei assim determinar. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum
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