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1585670860250EBOOK I TEORIA

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https://www.editorajuspodivm.com.br/manual-de-direito-tributario-2019
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https://www.editorajuspodivm.com.br/direito-tributario-1-e-2-fases-da-oab-20192
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
CONCEITO DE TRIBUTO 
 
 
Não há um conceito de tributo expresso na Constituição Federal, apenas um 
conceito implícito. O conceito expresso está no artigo 3º do Código Tributário 
Nacional – CTN: 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em 
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada 
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
(grifo nosso). 
 
a) Tributo é toda prestação pecuniária compulsória: Quer dizer o 
comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro, independem da 
vontade do sujeito passivo, que deve efetivá-la, ainda que contra seu interesse. 
O Código Tributário Nacional ao se referir a palavra “toda” prestação, 
estabelece que qualquer prestação que se enquadre em todos os requisitos do 
art. 3º do CTN será tributo, independentemente da denominação, conforme 
determina o art. 4º do CTN: 
 
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada 
pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes 
para qualificá-la: 
I - a denominação e demais características formais adotadas 
pela lei; 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. (grifos 
nossos). 
 
É importante frisar nesse momento, que ainda que o art. 4º do CTN no inciso 
II menciona que seria irrelevante a destinação legal do produto para ser tributo, 
temos que a partir da Constituição Federal de 1988, para as contribuições e 
empréstimo compulsório é relevante sim a destinação, pois nessas exações a 
denominação e a destinação são destacadas pelo próprio legislador constituinte, 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
não tendo relevância para a identificação do fato gerador do tributo, como ocorre 
com os impostos, taxas e contribuições de melhoria. 
 
b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: O legislador 
infraconstitucional incorreu em redundância ao repetir o caráter pecuniário da 
prestação, não havia a necessidade de insistir com a locução “em moeda” “ou 
cujo valor nela possa se exprimir”, pois ao tratar de obrigação pecuniária, é 
porque será paga em dinheiro. 
Ninguém poderá entregar ao fisco, como forma de pagamento, algo que não 
seja dinheiro, salvo o caso do art.156, XI do CTN, que trata sobre a dação de 
bem imóvel, quando houver expressa previsão em lei. Observa-se que mesmo 
nesse caso, por se tratar de uma exceção, há necessariamente a previsão em 
lei para autorizar o pagamento do tributo com a entrega de bem imóvel. 
 
c) Que não constitua sanção de ato ilícito: Ninguém paga o tributo por ter 
desrespeitado uma lei, tributo não é castigo. Ao contrário paga-se o tributo por 
incorrer em uma situação prevista em lei como hipótese de incidência tributária, 
ou seja, o legislador elegeu uma situação que uma vez praticada pelo sujeito, no 
mundo concreto, estará sujeita à incidência da norma tributária e por essa razão 
irá nascer a obrigação de pagar um tributo. 
Por exemplo: A Lei prevê que a hipótese de incidência tributária do Imposto 
sobre Renda ou proventos de qualquer natureza - IR é “auferir renda”, o sujeito 
terá que pagar IR quando auferir renda, porque praticou o fato previsto em lei. 
Assim sendo, pode-se afirmar que uma lei descreve hipoteticamente um 
estado de fato e dispõe que a realização concreta, no mundo fenomênico, do 
que foi descrito, determina o nascimento de uma obrigação de pagar um tributo.1 
As hipóteses de incidência da norma tributária são sempre constituídas por 
fatos lícitos, que uma vez ocorridos no mundo jurídico nasce a obrigação de 
pagar o tributo. 
Contudo, verifica-se que embora a hipótese de incidência tributária não possa 
ser algo ilícito, os frutos de uma atividade ilícita podem ser objeto de tributação. 
 
1 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 53. 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Como vimos, o legislador não pode eleger uma situação ilícita, mas ao eleger 
uma situação lícita como hipótese de incidência, essa hipótese lícita pode ter 
sido originada de uma atividade ilícita, o que não irá importar para fins de 
tributação. 
Veja no caso do Imposto sobre rendas ou proventos de qualquer natureza – 
IR, a hipótese de incidência, também chamada pelo legislador de “fato gerador” 
é “auferir renda”, assim o sujeito que auferir renda terá a obrigação de pagar IR, 
e não importa para fins de tributação como essa renda foi auferida, o que importa 
é que o sujeito incorreu na previsão da norma tributária, qual seja, auferir renda. 
Assim, se o sujeito auferiu renda de atividades ilícitas, para o direito tributário 
apenas importa que o sujeito praticou o fato previsto na norma tributária, qual 
seja, auferiu renda e por essa razão terá que pagar o IR. 
O artigo 118, I do Código Tributário Nacional – CTN prevê que a definição do 
fato gerador será interpretada abstraindo-se da validade dos atos praticados pelo 
sujeito. 
 
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada 
abstraindo-se: 
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados 
pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como 
da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; 
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. 
 
No caso do sujeito que aufere renda pela venda de entorpecentes, a ilicitude 
é irrelevante para fins tributários, o que importa é que foi praticado o fato gerador, 
“auferir renda” e por essa razão o sujeito deverá pagar IR. 
O STF tem o entendimento majoritário de que praticado o fato gerador previsto 
em lei, deve ser pago o imposto, independentemente da atividade ser lícita ou 
ilícita, conforme podemos observar da ementa do HC 77.530/RS da relatoria do 
Ministro Sepúlveda Pertence: 
 
Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas, 
com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e 
subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime de 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair pela 
conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita, mesmo 
quando criminal, da renda subtraída à tributação. 
A exoneração tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes 
de ser corolário do princípio da moralidade – constituiu violação do princípio da 
isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética. 
 
Os Tribunais Superiores aplicam o Princípio “Pecunia non olet”, segundo o 
qual o tributo não tem cheiro, não importa de onde vem, nesse caso, a renda 
auferida, o que importa é que ocorreu o fato gerador do IR, “auferir renda”, e por 
essa razão, aplicando-se o art. 118, I do CTN deve-se haver a tributação. 
Pelo princípio da “Pecunia non olet” extrai-se o conteúdo axiológico do valor 
de justiça, direcionando a exigibilidade da exação sobre quem possui 
capacidade contributiva,ainda que o rendimento provenha de atividade ilícita. 
d) Instituída em lei – o tributo só pode ser instituído por meio de lei, de acordo 
com o art. 150, I da Constituição Federal e art. 97 do CTN, e por meio de 
instrumento normativo com força de lei, ou seja, por meio de Medida Provisória, 
conforme prevê o art. 62 da CF. 
e) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada – O 
tributo será cobrado pelo Poder Público que não terá margens para escolhas 
discricionárias. O fiscal não poderá cobrar o tributo de acordo com a 
conveniência e oportunidade, irá exigir a obrigação tributária do contribuinte 
exatamente como está disposto na legislação. 
 
 
ESPÉCIES DE TRIBUTOS 
 
 
Muito se discute quantas espécies tributárias subsistem no nosso 
ordenamento jurídico, devido a possibilidade de diversas formas para classificá-
los. 
 
O art. 5º do CTN prevê três espécies tributárias: 
 1) Impostos 
 
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 2) Taxas 
 3) Contribuição de Melhoria 
 
A Constituição Federal no art. 145 prevê três espécies tributárias: 
 1) Impostos 
 2) Taxas 
 3) Contribuição de Melhoria 
O art. 148 da CF faz menção ao Empréstimo Compulsório e o art. 149 da 
CF refere-se às Contribuições. 
O art. 149 divide as contribuições em três modalidades, que serão estudadas 
em outro capítulo: 
a) Contribuição Social 
b) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) 
c) Contribuição de interesse de categoria profissional ou econômica 
 
E o art. 149-A da CF traz a Contribuição para custeio do serviço de 
iluminação pública – COSIP. 
 
Ainda que o Código Tributário Nacional adote a teoria tripartida, por classificar 
as espécies tributárias em apenas três, (impostos, taxas, contribuição de 
melhoria), a maioria dos doutrinadores, dentre eles, Aliomar Balleiro, e o 
Supremo Tribunal Federal adotam a teoria pentapartida, que seriam 5 
espécies tributárias: 
 
 a) Impostos 
 b) taxas 
 c) contribuição de melhoria 
 d) contribuição 
 e) empréstimo compulsório 
 
Nesse sentido, transcreve-se trecho do voto do Ministro do STF Moreira Alves, 
em 29-06-1992, no RE nº 146.733-9/SP: 
 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
(…) De fato, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas 
e as contribuições de melhoria), a que se refere o art. 145, para declarar que 
são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Município, os arts. 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para 
cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as 
contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de 
interesse das categorias profissionais ou econômicas. (grifos nossos) 
 
Visto o conceito de tributo e as espécies tributárias passamos para análise de 
como os tributos irão ingressar em nosso ordenamento jurídico. 
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 
 
Competência Tributária é a outorga de poder concedido pela Constituição 
Federal aos Entes Federativos para que eles possam criar, instituir e majorar 
tributos. 
Somente os entes federativos apresentam competência tributária, pois os 
tributos só podem ser instituídos por meio de lei, e apenas os entes federativos 
apresentam Poder Legislativo. 
Não podemos confundir competência tributária com competência para 
legislar em direito tributário. 
A competência para legislar sobre direito tributário é a outorga de poder 
concedido pela Constituição Federal para editar leis que versem sobre tributos e 
relações jurídicas a eles pertinentes. É uma competência concedida aos entes 
federativos para traçarem regras sobre o exercício do poder de tributar. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR EM 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Criação, Instituição e Majoração de 
tributos 
 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 Leis que versem sobre tributos já 
instituídos e relações jurídicas a eles 
pertinentes. 
 
 
Todos os Entes Federativos apresentam competência para legislar sobre 
direito tributário. 
O art. 24 da Constituição Federal prevê competência concorrente entre a 
União, os Estados e Distrito Federal para legislar sobre direito tributário. 
Compete à União a edição de normas gerais e aos Estados e Distrito Federal 
poderá suplementar a legislação federal. 
Mas se não existir norma federal, Estados e Distrito Federal apresentam 
competência plena para legislar sobre direito tributário. 
Se sobrevier a norma geral pela União, haverá suspensão da lei estadual no 
que lhe for contrária. A lei federal não irá revogar a lei estadual porque não há 
entre elas uma hierarquia. 
Diante da ausência de norma geral da União sobre IPVA, cada Estado 
exerceu a competência legislativa plena, com base no art. 24, § 3º da CF. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal 
legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico 
(...) 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a 
suas peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais 
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 
O art. 30 da CF estabelece a competência dos Municípios para legislarem 
sobre assuntos de interesse local e suplementar legislação federal, estadual no 
que lhe couber. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem 
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de 
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; 
 
A competência Tributária como vimos é o poder concedido pela Constituição 
Federal aos Entes Federativos para que eles possam instituir, criar e majorar 
tributos. A competência Tributária Apresenta 5 características importantes: 
 
a) Indelegabilidade: 
A Constituição não só prevê a competência tributária como também reparte, 
partilha esse poder entre as pessoas políticas que compõe a Federação, porque 
essas precisam ter autonomia financeira, não basta terem apenas autonomia 
administrativa, autonomia política. 
A base do federalismo é a autonomia dos Entes, por essa razão há a 
repartição do Poder de Tributar entre os Entes Federativos. Quando a 
Constituição outorga o poder para os Entes Federativos, ela estabelece 
exatamente quais serão os tributos de competência de cada Ente e a 
competência tributária é indelegável, quer dizer, intransferível. 
O Ente Federativo não poderá transferir a sua competência tributária para 
nenhum outro Ente. Assim, se a Constituição outorgou poder para a União 
instituir o Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI) apenas ela poderá instituir 
esse imposto, mais ninguém! 
Vejamos quais são os tributos de competência tributária de cada Ente 
Federativo: 
 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO –TEORIA JOSIANE MINARDI 
UNIÃO ESTADOS DISTRITO 
FEDERAL 
MUNICÍPIOS 
IMPOSTOS DO 
ART. 153 CF 
IPI 
IE 
IR 
II 
ITR 
IOF 
IGF 
IMPOSTOS DO 
ART. 154 
IEG (Imposto 
Extraordinário 
Guerra) 
Imposto Residual 
IMPOSTOS DO 
ART. 155 CF 
 
ICMS 
IPVA 
ITCMD (Imposto 
sobre Transmissão 
causa mortis ou 
doação) 
IMPOSTOS DO 
ART. 155 CF 
 
ICMS 
IPVA 
ITCMD (Imposto 
sobre Transmissão 
causa mortis ou 
doação) 
 
IMPOSTOS DO 
ART. 147 CF 
IPTU 
ITBI 
ISS 
IMPOSTOS DO 
ART. 156 CF 
 
IPTU 
ITBI 
ISS 
TAXAS TAXAS TAXAS TAXAS 
CONTRIBUIÇÕES 
DE MELHORIA 
CONTRIBUIÇÕES 
DE MELHORIA 
CONTRIBUIÇÕES 
DE MELHORIA 
CONTRIBUIÇÕES 
DE MELHORIA 
CONTRIBUIÇÕES 
ART. 149 
1) Contribuição 
Social 
2) Contribuição de 
intervenção no 
domínio econômico 
(CIDE) 
3) Contribuição de 
Interesse de 
categoria Profissional 
ou Econômica 
CONTRIBUIÇÕES 
ART. 149, § 1º 
 
Contribuição 
Social Previdenciária 
do Servidor Público 
 
 
CONTRIBUIÇÕES 
ART. 149, § 1º 
 
Contribuição 
Social Previdenciária 
do Servidor Público 
 
CONTRIBUIÇÃO 
ART. 149-A CF 
 
Contribuição para 
custeio do Serviço de 
CONTRIBUIÇÕES 
ART. 149, § 1º 
 
Contribuição 
Social Previdenciária 
do Servidor Público 
 
CONTRIBUIÇÃO 
ART. 149-A CF 
 
Contribuição para 
custeio do Serviço de 
 
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Iluminação Pública 
(COSIP) 
Iluminação Pública 
(COSIP) 
EMPRÉSTIMO 
COMPULSÓRIO 
ART. 148 CF 
 
Não tem 
 
Não tem 
 
Não tem 
 
Obs: O Distrito Federal apresenta competência tributária para instituir o IPTU, 
ITBI e ISS por força do disposto no art. 147 da CF que estabelece que os 
impostos dos Municípios serão do Distrito Federal. (Art. 147. Competem à União, 
em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido 
em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal 
cabem os impostos municipais). 
 
Como vimos a competência tributária que consiste na criação, instituição e 
majoração de tributo é indelegável. Contudo as funções administrativas de 
arrecadar, fiscalizar tributos e executar leis que compreendem a capacidade 
ativa tributária essa sim pode ser delegável. 
 
CTN - Art. 7º - A competência tributária é indelegável, salvo 
atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, 
ou de executar leis, serviços, atos ou decisões 
administrativas em matéria tributária, conferida por uma 
pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 
3º do artigo 18 da Constituição. 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios 
processuais que competem à pessoa jurídica de direito 
público que a conferir. 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por 
ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a 
tenha conferido. 
§ 3º Não constitui delegação de competência o 
cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou 
da função de arrecadar tributos 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 
Exemplo é o caso do Imposto Territorial Rural (ITR) cuja competência 
tributária, ou seja, a competência para criá-lo, institui-lo ou majorá-lo é da União, 
conforme estabelece o art. 153, VI da CF, que poderá, no entanto, delegar a 
função de arrecadar e fiscalizar, ou seja, a capacidade ativa tributária aos 
Municípios, nos termos do art. 153, § 4º, III da CF. 
Pela literalidade do art. 7º do CTN a capacidade ativa tributária só pode ser 
delegada para uma pessoa jurídica de direito público. 
Para fixar, temos: 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – 
INDELEGÁVEL! 
CAPACIDADE ATIVA TRIBUTÁRIA – 
PODE SER DELEGÁVEL 
Criar, instituir, Majorar Arrecadar, Fiscalizar Tributos e Executar 
Leis 
 
 
b) Facultatividade: Os Entes Federativos não estão obrigados a instituir os 
tributos, cuja competência tributária lhe foi atribuída pela Constituição Federal. 
O art. 145 da CF determina que a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios “poderão”, e não “deverão” instituir tributos. A partir dessa regra a 
doutrina diz que a competência tributária no Brasil é facultativa. 
Exemplo: o Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF, que compete à União a 
sua instituição, até hoje não foi criado e não há problema algum, porque a 
competência tributária é facultativa! 
Muitos indagam sobre a Lei de responsabilidade Fiscal, LC nº 101/2000 que 
estabelece em seu art. 11 que somente exerce uma boa gestão fiscal o Ente 
Federativo que instituir e cobrar todos os tributos. 
 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da 
responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e 
efetiva arrecadação de todos os tributos da competência 
constitucional do ente da Federação. 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
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Parágrafo único. É vedada a realização de transferências 
voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no 
que se refere aos impostos. 
 
Quanto a arrecadação não restam dúvidas dessa obrigatoriedade, mas a 
obrigatoriedade quanto à Instituição fere a Constituição Federal que não obriga 
aos Entes Federativos instituírem os tributos. 
Observa-se, ainda, que o parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 prevê 
uma sanção para o Ente Federativo que não instituir todos os impostos de sua 
competência. O dispositivo legal proíbe a realização de transferências 
voluntárias àquele que não instituir todos os impostos. 
 
LC nº 101/200 - Art. 11 (...) 
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências 
voluntárias para o ente que não observe o disposto no 
caput, no que se refere aos impostos. 
 
O STF em Medida Cautelar ADI nº 2238 entendeu que o parágrafo único do 
art. 11 da LC nº 101/2000 não viola a Constituição Federal porque a Lei trata de 
transferências voluntárias. 
As transferências obrigatórias de impostos que estão nos artigos 153, § 5º, 
157, 158 e 159 da Constituição Federal essas sim só poderão deixar de serem 
repassadas no caso do art. 160 da CF, quando o Ente Federativo não estiver 
aplicando o percentual exigido na área da saúde, e também, no caso de débitos 
de um Ente, e suas Autarquias com outro Ente que irá fazer o repasse. 
O parágrafo único do art. 11 da LC nº 101/2000 proibiu apenas o repasse das 
transferências voluntárias e não das obrigatórias, por isso não seria 
inconstitucional. 
 
c) Incaducabilidade: O direito do Ente Federativo instituir o tributo pode ser 
exercido a qualquer tempo. O fato da União não ter instituído o IGF, em 1988, 
quando da promulgação da Constituição Federal, não lhe retira o direito de 
institui-lo agora, passados mais de 20 anos. 
 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
d) Inalterabilidade: a competência tributária não pode ser alterada por lei 
infraconstitucional. Assim, quando a Constituição, no art. 156, I prevê que o IPTU 
irá incidir sobre a propriedade de imóvel urbano, não pode uma lei modificar tal 
competência ao ponto de determinar que o IPTU tenha como hipótese de 
incidência, fato gerador a mera posse de imóvel urbano. 
Observe que o art. 32 do CTN prevê como fato gerador do IPTU a 
propriedade, a posse e o domínio útil de imóvel urbano. 
O fato é que o Código Tributário Nacional é de 1966 e a nossa Constituição é 
de 1988, assim esse artigo do CTN só foi recepcionado pelo nosso ordenamento 
jurídico, ao considerar que será contribuinte do IPTU o possuidor ou aquele que 
detenha o domínio útil se houver o animus domini.Logo, o mero detentor da posse, como o locatário não é contribuinte do IPTU, 
porque a lei não pode alterar a competência tributária e a CF determina que 
apenas o proprietário é contribuinte desse imposto. 
A competência tributária não pode ser alterada por meio de lei, mas Emenda 
Constitucional poderá alterá-la. 
Como exemplo temos a EC nº 19/02 que inseriu na Constituição o art. 149-A 
e criou a Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP). 
 
e) Irrenunciabilidade: A competência tributária é irrenunciável, o Ente 
Federativo não pode jamais renunciar sua competência tributária em favor de 
outro Ente, ele pode apenas deixar de exercê-la. 
Assim, o fato da União não ter criado ainda o IGF não confere o direito dos 
Estados, por exemplo, instituírem esse imposto, porque a competência é 
Irrenunciável. 
 
Para memorizar, a competência tributária é: 1) Indelegável 
 2) facultativa 
 3) Incaducável 
 4) Inalterável 
 5) Irrenunciável 
 
 
REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 
A Constituição Federal prevê algumas hipóteses de transferência obrigatória 
da arrecadação dos impostos, conforme os artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159. 
No art. 153,§ 5º da CF – A União é obrigada a repassar 30% da arrecadação 
do IOF incidente sobre o ouro ativo financeiro para o Estado, conforme a origem 
e 70% para o Município, conforme a origem. 
 
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou 
instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do 
imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido 
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, 
assegurada a transferência do montante da arrecadação nos 
seguintes termos: 
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o 
Território, conforme a origem; 
II - setenta por cento para o Município de origem. 
 
De acordo com o art. 157 da CF competem aos Estados e Distrito Federal: 
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, 
a qualquer título, pelos Estados, suas autarquias e pelas fundações que 
instituírem e mantiverem; 
b) 20% do produto da arrecadação do imposto residual. 
 
Nos termos do art. 158 da CF competem aos Municípios: 
 
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, 
a qualquer título, pelos Municípios, suas autarquias e pelas fundações que 
instituírem e mantiverem; 
b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR quando o Município detiver 
a capacidade ativa tributária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse 
imposto. 
c) 50% do IPVA 
d) 25% do ICMS 
 
 
15 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% da arrecadação do 
Imposto sobre Renda e proventos de qualquer natureza (IR) e sobre produtos 
industrializados (IPI) da seguinte forma: 
 
a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; 
b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios; 
c) 3% para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das 
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições 
financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de 
desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos 
recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; 
d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no 
primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano 
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será 
entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano; (Incluída pela 
Emenda Constitucional nº 84, de 2014) 
 
Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que: 
 
a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos industrializados será 
repassado aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das 
respectivas exportações de produtos industrializados. 
b) 29% do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio 
econômico prevista no art. 177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuídos 
na forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido 
parágrafo. 
 
 
Princípio da Legalidade 
 
 
Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou 
aumentado, a não ser por intermédio de LEI! 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc84.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc84.htm#art1
 
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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça 
 
Além dos tributos só poderem ser instituídos, extinto ou majorados, reduzidos 
por lei, temos outras matérias, de acordo com o art. 97 do CTN que também só 
podem ser tratadas por meio de lei, e como o CTN menciona apenas lei, temos 
que poderá ser por meio de lei ordinária. 
 
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: 
(…) 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária 
principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, 
e do seu sujeito passivo; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, 
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões 
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela 
definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de 
créditos tributários, ou de dispensa ou redução de 
penalidades. 
 
A mera atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo NÃO 
constitui majoração de tributo, nos termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser 
realizada por meio de simples Decreto. 
Todos os tributos estão sujeitos ao Princípio da Legalidade, ou seja, só podem 
ser instituídos ou majorados por intermédio de lei. 
Conquanto, a Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns 
impostos que podem ter as alíquotas alteradas, desde que observados os 
limites e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, 
o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da 
Fazenda. São eles: 
 
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Imposto sobre a Importação (II) 
Imposto sobre a Exportação (IE) 
Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) 
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) 
 
O art. 153, § 1º da CF ao estabelecer que o Poder Executivo poderá alterar 
as alíquotas do II, IE, IPI e IOF, possibilitou, inclusive, que esses tributos tenham 
suas alíquotas majoradas, por decreto, por exemplo, desde que observados os 
limites e condições estabelecidos em lei, é claro. 
O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir 
e restabelecer as alíquotas da Contribuição de intervenção no domínio 
econômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, no 
caso, o decreto presidencial. 
O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e 
restabelecer as alíquotas do ICMS incidência monofásica, nas operações com 
combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal. 
No caso do ICMS combustível os convênios interestaduais, celebrados no 
âmbito do CONFAZ (Conselho de Política Fazendária) é quedefinirão as suas 
alíquotas. 
 
Princípio da Isonomia 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir 
tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou 
função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos 
rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II da CF). 
Pelo princípio da isonomia deve-se tratar igualmente os iguais e 
desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. 
Enquanto o art. 5º da CF determina a igualdade de modo genérico, o art. 150, 
II da CF, explora-a de modo específico, no campo do direito tributário. 
A concessão de isenção, dispensa legal do dever de pagar tributo, ou 
tratamento diferenciado para algumas atividades, não viola o princípio da 
 
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isonomia, quando se busca tratar desigualmente contribuintes em situações 
desiguais. 
A Lei Complementar nº 123/2006, por exemplo, traz tratamento diferenciado 
para as microempresas e empresas de pequeno porte, pelo fato dessas 
apresentarem capacidade contributiva distinta das demais empresas. 
 
Princípio da Irretroatividade 
 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar 
tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei 
que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF). 
O princípio da Irretroatividade também reflete a segurança jurídica, nos termos 
do art. 5º, XXXVI da CF, o qual determina que “a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
O Código Tributário Nacional prevê três exceções ao princípio da 
irretroatividade, artigos 106, I e II e art. 144, § 1º. 
Primeira Possibilidade: (art. 106, I, do CTN) - Quando se tratar de lei 
expressamente interpretativa e desde que não comine penalidade. 
Uma lei interpretativa apenas esclarece o sentido de uma outra anterior, sem 
inovar a ordem jurídica e por essa razão somente retroagirá se a interpretação 
que der à lei anterior coincidir com a interpretação que lhe der o Judiciário e 
havendo qualquer agravação na situação do contribuinte, será considerada 
ofensiva ao princípio da irretroatividade das leis. 
 
Segunda Possibilidade: (art. 106, II, “a” e “b”e “c” do CTN) - A lei tributária 
poderá retroagir tratando-se de ato NÃO definitivamente julgado: 
a) quando deixe de defini-lo como infração; 
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou 
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta 
de pagamento de tributo; 
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente 
ao tempo da sua prática. 
 
 
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Terceira Possibilidade: (art. 144, § 1º do CTN) - Em se tratando de 
lançamento tributário, lei que instituir novos critérios de apuração ou fiscalização. 
 
Princípio da Anterioridade 
 
O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide 
com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), 
somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham 
transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou 
majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). 
a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO 
RESPEITA o Princípio da Anterioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o 
Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: 
IMEDIATAMENTE!!!! Sãoeles: 
 
- Imposto extraordinário guerra (IEG) 
- empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, 
- Imposto sobre importação (II), 
- Imposto sobre exportação (IE) 
- Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
 
b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo 
exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam 
aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio 
Nonagesimal), são: 
 
- IPI 
- casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível 
e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. 
− Contribuição Social (195,§ 6º da CF) 
 
c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade 
(RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam 
respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: 
 
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-IR 
- alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA 
 
Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não 
respeitam 90 dias significa dizer 
NRAE e 
NR90 dias 
cobrança 
IMEDIATA! 
GUERRA, 
(IEG e 
Empréstimo 
Compulsório 
guerra ou 
calamidade 
pública. 
II IE IOF 
NRAE 
R90 dias 
IPI Reduzir e 
Restabelecer 
CIDE 
COMBUSTÍVEL 
Reduzir e 
Restabelecer 
ICMS 
COMBUSTÍVEL 
Contribuição 
Social 
RAE NR90 
dias 
IR Alteração Base 
de cálculo IPTU 
Alteração Base 
de cálculo IPVA 
 
 
Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da 
anterioridade do exercício e nonagesimal, só se aplicam no caso de instituição 
ou majoração de tributo. 
 
Princípio da Anterioridade 
 
O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide 
com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), 
somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham 
transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou 
majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). 
a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício (NÃO 
RESPEITA o Princípio da Anterioridade) e nem 90 dias (NÃO RESPEITA o 
 
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Princípio Nonagesimal), ou seja, o tributo pode ser cobrado: 
IMEDIATAMENTE!!!! São eles: 
 
- Imposto extraordinário guerra (IEG) 
- empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, 
- Imposto sobre importação (II), 
- Imposto sobre exportação (IE) 
- Imposto sobre operações financeiras (IOF) 
 
b) Existem tributos, no entanto, que não precisam aguardar o próximo 
exercício (NÃO RESPEITAM o Princípio da Anterioridade) MAS precisam 
aguardar 90 dias, para poder ser exigido, (RESPEITAM o Princípio 
Nonagesimal), são: 
 
- IPI 
- casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível 
e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. 
− Contribuição Social (195,§ 6º da CF) 
 
c) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade 
(RESPEITAM o Princípio da Anterioridade do Exercício), mas não precisam 
respeitar 90 dias (NÃO RESPEITAM o Princípio Nonagesimal), são: 
 
-IR 
- alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA 
 
Dizer que esses tributos respeitam a anterioridade do exercício e não 
respeitam 90 dias significa dizer 
NRAE e 
NR90 dias 
cobrança 
IMEDIATA! 
GUERRA, 
(IEG e 
Empréstimo 
Compulsório 
guerra ou 
II IE IOF 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
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calamidade 
pública. 
NRAE 
R90 dias 
IPI Reduzir e 
Restabelecer 
CIDE 
COMBUSTÍVEL 
Reduzir e 
Restabelecer 
ICMS 
COMBUSTÍVEL 
Contribuição 
Social 
RAE NR90 
dias 
IR Alteração Base 
de cálculo IPTU 
AlteraçãoBase 
de cálculo IPVA 
 
 
Importante: o art. 150, III, “b” e “c” que se refere aos princípios da 
anterioridade do exercício e nonagesimal, só se aplicam no caso de instituição 
ou majoração de tributo. 
A mudança da data do prazo de pagamento do tributo não está sujeita aos 
princípios da anterioridade. Nesse sentido, temos a Súmula 669 do STF: 
 
Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se 
sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
 
Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de 
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 
 
 
 Os Princípios da Anterioridade e a Medida Provisória 
 
Para o STF o princípio da anterioridade nonagesimal é observado, via de 
regra, no momento em que a medida provisória é editada. Conta-se 90 dias 
apenas da data da conversão da medida provisória em lei, quando houver 
modificação substancial no texto. 
 
 Os Princípios da Anterioridade e a Revogação da Isenção 
 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Nos termos do art. 104, III do CTN quando a revogação da isenção se referir 
a imposto sobre renda ou patrimônio, o imposto só será cobrado no primeiro 
dia do exercício seguinte. 
Para o STJ e STF, entendimento majoritário é que no caso de revogação de 
isenção, quando não se referir ao art. 104, III do CTN, não devem ser respeitadas 
as anterioridades, a cobrança do tributo será imediata. 
No final de 2015, o STF ao julgar o RE 564.225 compreendeu que a revogação 
de incentivos, benefícios é na verdade, uma majoração indireta de tributo e por 
essa razão deve respeitar as anterioridades do exercício e nonagesimal. 
 
 A súmula 584 do STF 
 
Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se 
a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração. 
 
O STF ao julgar o RE nº 183.130 entendeu que a súmula 584 não deve ser 
aplicada quando o IR assume o caráter extrafiscal, sustentando sua aplicação 
para o IR com viés fiscal. 
Princípio do não-confisco 
 
 
O princípio da vedação ao confisco, disposto no art. 150, IV da CF, decorre 
do direito de propriedade, que coíbe o confisco ao estabelecer prévia e justa 
indenização na desapropriação. O tributo não pode inviabilizar o direito de 
propriedade. 
Por essa razão, deve-se analisar individualmente cada situação à luz de todo 
o sistema tributário, isto é, analisar a soma de todos os tributos devidos pelo 
contribuinte e não apenas o tributo isoladamente. Deve-se, ainda, aplicar os 
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 
Verifica-se, ainda, que a Constituição Federal, ao tratar do princípio do não-
confisco em seu artigo 150, IV, refere-se aos tributos, ou seja, de acordo com a 
literalidade desse dispositivo constitucional, apenas os tributos devem respeitar 
o não-confisco. 
 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios: 
(...) 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco. 
 
Nesse sentido, muitos indagam se as multas estariam sujeitas ao princípio do 
não-confisco, pois se sabe que multa não é tributo, mas sanção exigível pelo 
descumprimento de obrigação tributária. 
O STF ai julgar a ADI 551 compreendeu que as multas tributárias também 
estão sujeitas ao princípio do não confisco. 
E ao julgar o RE 838.302 entendeu que será considera multa com efeito 
confiscatório aquela que ultrapassar a 100% do valor da obrigação principal. 
 
 
Princípio da Liberdade de Tráfego 
 
O princípio da liberdade de tráfego está previsto no art. 150, V da CF e veda 
os Entes Federativos de instituírem tributos interestaduais ou intermunicipais que 
visem estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, ressalvada, 
contudo, a exigência do pagamento de pedágio pela utilização das vias 
conservadas pelo Poder Público. 
O STF compreendeu ao julgar a ADIN 800 que pedágio não é tributo, é preço 
público. 
 
Princípio da Uniformidade Geográfica 
 
 
O princípio da uniformidade geográfica veda a União “instituir tributo que não 
seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou 
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em 
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a 
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes 
regiões do País”. (art. 151, I da CF). 
 
25 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Não é possível à União, por exemplo, instituir IPI com alíquotas diferenciadas 
para certos Estados, salvo se for concessão de incentivo fiscal. 
 
Princípio da Proibição das Isenções Heterônomas 
 
A União não pode conceder isenção para tributos que não estejam em sua 
competência tributária. 
Art. 151. É vedado à União: 
(...) 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito 
Federal ou dos Municípios 
 
A União não pode conceder isenções de tributos estaduais ou municipais, sob 
pena de violar o princípio do pacto federativo. 
Assim, só pode conceder isenção de determinado tributo o Ente Federativo 
que tem competência para a sua instituição. 
Quando um Ente Federativo diferente daquele que detém a competência para 
instituir o tributo concede a isenção, tem-se a isenção heterônoma. 
Será heterônoma, por exemplo, a concessão de isenção do ITBI pela União, 
vez que esse imposto é de competência dos Municípios. 
Como dito anteriormente, a isenção heterônoma é vedada no Brasil, mas há 
exceções: 
1) ISS sobre serviços prestados no exterior: O art. 156, § 3º, II da 
CF prevê a possibilidade da União, por lei complementar, conceder isenção do 
ISS nas exportações de serviços. O art. 2º, I da LC nº 116/03 trata sobre a 
referida isenção. 
2) Tratados e Convenções Internacionais – O Supremo Tribunal 
Federal tem o entendimento pacífico de que os Tratados e Convenções 
Internacionais PODEM conceder isenções de tributos estaduais e 
municipais, visto que a União, ao celebrar o tratado, não se mostra como 
pessoa política de Direito Público Interno, mas como pessoa política 
internacional. 
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – GASODUTO BRASIL- -
BOLÍVIA – ISENÇÃO DE TRIBUTO MUNICIPAL (ISS) CONCEDIDA PELA 
 
26 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MEDIANTE ACORDO BILATERAL 
CELEBRADO COM A REPÚBLICA DA BOLÍVIA – A QUESTÃO DA ISENÇÃO 
DE TRIBUTOS ESTADUAIS E/OU MUNICIPAIS OUTORGADA PELO 
ESTADO FEDERAL BRASILEIRO EM SEDE DE CONVENÇÃO OU TRATADO 
INTERNACIONAL - POSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL – DISTINÇÃO 
NECESSÁRIA QUE SE IMPÕE, PARA ESSE EFEITO, ENTRE O ESTADO 
FEDERAL BRASILEIRO (EXPRESSÃO INSTITUCIONAL DA COMUNIDADE 
JURÍDICA TOTAL), QUE DETÉM “O MONOPÓLIO DA PERSONALIDADE 
INTERNACIONAL”, E A UNIÃO, PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO 
INTERNO (QUE SE QUALIFICA, NESSA CONDIÇÃO, COMO SIMPLES 
COMUNIDADE PARCIAL DE CARÁTER CENTRAL) - NÃO INCIDÊNCIA, EM 
TAL HIPÓTESE, DA VEDAÇÃO ESTABELECIDA NO ART. 151, III, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CUJA APLICABILIDADE RESTRINGE-SE, TÃO 
SOMENTE, À UNIÃO, NA CONDIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO 
PÚBLICO INTERNO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A cláusula de 
vedação inscrita no art. 151, III, da Constituição - que proíbe a concessão 
de isenções tributárias heterônomas - é inoponívelao Estado Federal 
brasileiro (vale dizer, à República Federativa do Brasil), incidindo, 
unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se 
estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno. Doutrina. 
Precedentes. - Nada impede, portanto, que o Estado Federal brasileiro celebre 
tratados internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária em 
matéria de tributos locais (como o ISS, p. ex.), pois a República Federativa do 
Brasil, ao exercer o seu treaty-making power, estará praticando ato legítimo que 
se inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito 
internacional público, que detém - em face das unidades meramente federadas 
- o monopólio da soberania e da personalidade internacional. - Considerações 
em torno da natureza político-jurídica do Estado Federal. (…) 
(RE 543943 AgR/PR, Rel. Min. Celso de Mello, D.J. 30-11-2010) 
 
Princípio da Capacidade Contributiva 
 
O princípio da capacidade contributiva é princípio basilar do Direito Tributário 
e está preceituado no art. 145, §1º da Constituição Federal: 
 
27 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Art. 145 - (...) 
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à 
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o 
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. 
 
Segundo o princípio da capacidade contributiva, o cidadão tem o dever de 
contribuir na exata proporção da sua capacidade econômica, ou seja, a sua 
capacidade de suportar o encargo fiscal. 
Por sua vez, a capacidade contributiva não se confunde com a econômica. 
Como dito alhures, a capacidade contributiva se define naquela que o 
contribuinte apresenta para contribuir com os gastos públicos conforme sua 
capacidade econômica. A capacidade econômica – mais abrangente –, não 
coincide com a capacidade contributiva, pois muitas vezes a pessoa apresenta 
capacidade econômica, sem, contudo, apresentar a capacidade contributiva. 
Para aclarar o entendimento, citam-se, como exemplo, os Entes Federativos, 
que apresentam capacidade econômica, pois dispõem de recursos financeiros 
próprios, todavia não manifestam capacidade contributiva. Em atenção ao 
Princípio Federativo, esses entes não irão cobrar tributos uns dos outros, para 
cobrir seus gastos públicos. Muitos doutrinadores nacionais afirmam que não 
haveria a necessidade de previsão da imunidade recíproca para os Entes 
Federativos, em nosso texto constitucional, justamente por lhes faltar a 
capacidade contributiva, o que, por si só, bastaria para impedir a tributação. 
o primeiro obstáculo que se verifica na tributação é o não tributar o mínimo 
vital –valores imprescindíveis para sobrevivência do ser humano. Por isso, a 
capacidade contributiva coaduna-se com os valores fundamentais fixados pela 
Constituição, de modo a fazer a verificação do mínimo existencial, não podendo 
ocorrer a incidência de tributos sobre esses valores utilizados pelo contribuinte 
para sua manutenção básica. 
Assim, pode-se afirmar que a capacidade contributiva só é evidenciada 
após a mensuração do mínimo vital, antes disso não há que se falar em 
capacidade contributiva. 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Em suma, a capacidade contributiva consiste no dever de contribuir para os 
gastos públicos, para suprir as necessidades públicas, que a pessoa apresenta, 
segundo os ditames constitucionais, e que deve estar intimamente relacionada 
à capacidade econômica do sujeito, de modo que ele contribua de acordo com 
o seu orçamento, sem violação ao mínimo vital e ao não confisco. 
Da leitura do art. 145, § 1º da CF, extrai-se, ainda, que os impostos serão 
graduados conforme a capacidade econômica, “sempre que possível”, uma vez 
que nem sempre é possível aferir de modo claro e preciso a capacidade 
econômica de cada contribuinte. 
No caso dos tributos indiretos, fica prejudicada a apreciação da capacidade 
econômica do contribuinte, pois há a possibilidade de repassar para o 
consumidor final o encargo financeiro, como ocorre com o IPI e o ICMS. 
A título de exemplo de tributo indireto, sabe-se que sobre a industrialização 
do cigarro incide atualmente uma alíquota de 330% de IPI, se considerar que o 
industrial irá repassar esse encargo financeiro para o consumidor final, seja esse 
pobre ou rico, irão ter a mesma carga tributária. 
Para alguns doutrinadores a capacidade contributiva será verificada no caso 
do IPI e ICMS (tributos indiretos), por serem tributos seletivos que apresentam 
alíquotas maiores para produtos supérfluos e alíquotas menores para produtos 
essenciais, de acordo com consumo do bem. 
Assim, verificar-se-á a capacidade contributiva não pelo fato de um sujeito ser 
igual a outro, mas pelo o consumo do bem. 
Logo, o fato do sujeito comprar um iate demonstra que terá capacidade 
econômica igual à de outro que também comprar esse bem, por exemplo. 
Outra observação que se faz necessária com relação ao princípio da 
capacidade contributiva é que o art. 145, § 1º da CF menciona que os impostos 
devem respeitar esse princípio. O STF já se manifestou por entender que esse 
princípio deve ser seguido por todas as espécies tributárias e não apenas os 
impostos. 
(RE n. 177835, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 25.05.2001. Disponível em: 
<http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp#resultado>. 
Acesso em: 16 jun. 2012). 
 
 
 
29 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
IMUNIDADES GENÉRICAS 
 
As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI da CF e referem-se 
apenas aos Impostos. As pessoas e situações previstas no artigo 150, VI da 
CF não devem pagar apenas os impostos, devendo pagar as demais espécies 
tributárias, como as taxas, contribuição de melhoria, contribuições e empréstimo 
compulsório. 
 
IMUNIDADES RECÍPROCAS 
A imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, “a” da CF, 
consequência do modelo Federal de Estado, cujas bases repousam na 
necessária igualdade política-jurídica entre as unidades que compõe o Estado 
Federal, veda a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de 
instituírem impostos sobre o patrimônio, renda e serviços um dos outros. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
(...) 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. 
O artigo supracitado prevê que a imunidade tributária recíproca alcança apenas 
os impostos, podendo incidir, portanto, em outras espécies tributárias, como 
taxas, contribuições e etc. 
 
De acordo com o § 2º, § 3º do art. 150 da CF a imunidade recíproca é extensiva 
às AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS desde que cumpram 4 requisitos: 
a) Cumpram suas finalidades essenciais ou qualquer uma delas 
decorrentes; 
b) Sejam instituídas e mantidas pelo Poder Público; 
c) Não cobraem preços e nem tarifas; 
d) Não entrem na concorrência privada. 
 
No entanto, o Supremo Tribunal Federal tem entendido que algumas empresas 
públicas, bem como algumas sociedades de economia mista, são merecedoras 
 
30 
 
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da regra imunizante, quando prestamserviço público de caráter obrigatório e 
de forma exclusiva. 
Cita-se como exemplo da ECT – Empresa de Correios e Telégrafos, conforme 
jurisprudência a seguir: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ECT - EMPRESA BRASILEIRA 
DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: 
C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE 
ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: 
DISTINÇÃO. TAXAS: IMUNIDADE RECÍPROCA: INEXISTÊNCIA. I. - As 
empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que 
exercem atividade econômica. A ECT - Empresa Brasileira de Correios e 
Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e 
exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade 
tributária recíproca: C.F., art. 22, X; C.F., art. 150, VI, a. Precedentes do STF: 
RE 424.227/SC, 407.099/RS, 354.897/RS, 356.122/RS e 398.630/SP, Ministro 
Carlos Velloso, 2ª Turma. II. - A imunidade tributária recíproca -- C.F., art. 150, 
VI, a -- somente é aplicável a impostos, não alcançando as taxas. III. - R.E. 
conhecido e improvido. 
(RE 364202, Rel. Min. Carlos Velloso, D.J. 05-10-2004) 
Outro exemplo de empresa pública que teve a imunidade reconhecida pelo STF, 
em 2007 (RE-AgR 363.412) é a INFRAERO. 
Em fevereiro de 2007, o STF, na Ação Cautelar nº 1.550-2 reconheceu também 
a imunidade da sociedade de economia mista – CAERD, Companhia de Águas 
e Esgotos de Rondônia. 
 
IMUNIDADES DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO 
 
O art. 150, VI, “b” da CF veda aos Entes Federativos instituírem IMPOSTOS 
sobre os templos de qualquer culto. 
A expressão “templos de qualquer culto” deve ser interpretada de forma ampla, 
abrangendo todas as formas de expressão de religiosidade. Só não irá abranger 
os templos de inspiração demoníaca, nem cultos satânicos, nem suas 
instituições, por contrariar a teleologia do texto constitucional. Portanto, deve 
haver valores morais e religiosos. 
 
31 
 
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A imunidade dos templos de qualquer culto visa tutelar a liberdade religiosa, e 
por essa razão tudo, exatamente tudo, que estiver em nome da instituição 
religiosa e cumprir sua finalidade essencial terá imunidade, ou seja, não terá que 
pagar impostos. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
(...) 
VI - instituir impostos sobre: 
(...) 
b) templos de qualquer culto 
(...) 
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem 
somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades 
essenciais das entidades nelas mencionadas. 
 
Recentemente, o STF decidiu que não incide IPTU sobre os cemitérios que 
sejam extensão da entidade religiosa: 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE 
TRIBUTÁRIA. IPTU. ARTIGO 150, VI, "B", CB/88. CEMITÉRIO. EXTENSÃO DE 
ENTIDADE DE CUNHO RELIGIOSO. 1. Os cemitérios que consubstanciam 
extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela garantia 
contemplada no artigo 150 da Constituição do Brasil. Impossibilidade da 
incidência de IPTU em relação a eles. 2. A imunidade aos tributos de que 
gozam os templos de qualquer culto é projetada a partir da interpretação da 
totalidade que o texto da Constituição é, sobretudo do disposto nos artigos 5º, 
VI, 19, I e 150, VI, "b". 3. As áreas da incidência e da imunidade tributária são 
antípodas. Recurso extraordinário provido. 
(RE 578562, Min. Rel. Eros Grau, D.J. 21-05-2008) 
 
Imunidade Subjetiva – Art. 150, VI, “c” da CF 
 
1) Entidades de Assistência Social Sem Fins Lucrativos 
2) Entidades de Educação Sem Fins Lucrativos 
3) Partidos Políticos e suas Fundações 
 
32 
 
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4) Sindicato dos Trabalhadores 
 
Requisitos: 
 
I - Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a 
qualquer título. 
II - Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus 
objetivos institucionais. 
III - Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de 
formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
 
Súmula nº 724 STF e SV 52. 
 
 
Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel 
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da 
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas 
atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 
 
 
Súmula nº 730 STF 
 
A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins 
lucrativos pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, somente alcança as entidades 
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos 
beneficiários. 
 
 
Classificação Tributária 
 
1) Tributo Real – Leva em consideração os tributos da coisa. Exemplo: 
IPTU, IPVA, etc.. 
Tributo Pessoal – Lei va em consideração os atributos da pessoa. Exemplo: IR 
 
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2) Tributo Fiscal – Tem por finalidade a arrecadação. 
Tributo Extrafiscal – Visa estimular ou desestimular condutas. Exemplo: Tributo 
regulatório de mercado (II, IE, IOF e IPI) 
Tributo Parafiscal – Quando a pessoa que detém a competência tributária é 
distinta daquela que detém a capacidade ativa tributária. 
 
3) Tributo Direto – Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de 
pagar tributo não existe intercalação de sujeitos. 
Tributo Indireto - Entre a ocorrência do fato gerador e a obrigação de pagar 
tributo existe intercalação de sujeitos. Exemplo: (IPI, ICMS) 
 
4) Tributo Progressivo: A alíquota do tributo irá aumentar de acordo com o 
aumento da base de cálculo do tributo. (IR, ITR, IPTU e ITCMD) 
Tributo Proporcional: A alíquota é invariável ainda que a base de cálculo do 
tributo. 
 
 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Nos termos do artigo 96 do CTN, a legislação tributária compreende: Leis, Tratados e 
Convenções Internacionais, Decretos e Normas Complementares. 
Assim, quando houver menção à expressão “legislação tributária”, não temos apenas a lei em 
sentido estrito, mas os demais atos normativos que cuidam de relações jurídicas tributárias. 
 
Lei Ordinária 
 
A lei ordinária é o veículo, por excelência, da matéria tributária, pois é o instrumento de 
instituição, modificação e extinção dos tributos. Os tributos irão ingressar no sistema jurídico 
pátrio, via de regra, por meio de lei ordinária. 
 
 
34 
 
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O artigo 97 do CTN estabelece as matérias que somente poderão ser tratadas por meio de lei: 
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
II - a majoração de tributos, ou sua redução; 
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal; 
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; 
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou 
para outras infrações nela definidas; 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou 
redução de penalidades. 
 
 
Lei Complementar 
 
 
Existem quatro tributos que só podem ser instituídos e majorados por meio de lei complementar. 
 
Contribuição Social Residual (art. 195, § 4º CF); 
Empréstimo Compulsório (art. 148 CF); 
IGF (art. 153, VII CF); 
Imposto Residual (art. 154, I CF); 
 
Além desses 4 tributos que só podem ser instituídos pormeio de lei complementar, a Constituição 
Federal determina que algumas matérias também só podem ser tratadas por meio de lei 
complementar, nesse sentido, temos o art. 146 da CF: 
 
 
35 
 
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Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, 
o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como dos impostos discriminados nesta 
Constituição, e dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributárias; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades 
cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as 
empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto 
previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição 
a que se refere o art. 239 
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um 
regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, observado que: 
(...) 
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de 
tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem 
prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual 
objetivo. 
 
 
Lei Delegada 
 
Nos termos do art. 68 da CF, é um ato normativo de feitura do Poder Executivo, em que o 
Presidente da República solicita autorização do Congresso Nacional para poder legislar sobre a 
matéria. 
 
36 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
A delegação pelo Congresso Nacional ocorrerá por meio de Resolução. 
O § 1º do art. 68 da CF proíbe a lei delegada tratar sobre matérias reservadas à lei complementar. 
§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, 
os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria 
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: (...) 
A lei delegada está praticamente em desuso atualmente, dado a possibilidade do Presidente da 
República valer-se das Medidas Provisórias para instituir e majorar impostos, sem a necessidade 
de buscar autorização do Congresso Nacional. 
 
Decreto 
 
 
Trata-se de instrumento normativo, utilizado pelo Presidente da República, conforme previsão 
do art. 84, IV da CF, para obter a correta aplicação e execução da lei, sem ampliar ou restringir 
o conteúdo por ela definido. 
Nesse sentido, estabelece o art. 99 do CTN: 
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais 
sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas 
nesta Lei. 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
Tratados e Convenções Internacionais 
 
 
37 
 
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E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 
A Convenção de Viena de 26 de maio de 1969, sobre o Direito dos Tratados, no art. 2º, §1º, “a” 
esclarece não importar a terminologia atribuída aos atos internacionais, por essa razão não se 
faz distinções entre as expressões “tratado” e “convenção internacional”. 
Os tratados internacionais (ou Convenções) são atos firmados entre dois ou mais Estados, no 
intuito de estabelecer normas comuns a serem observadas no âmbito internacional. 
Em matéria tributária, os tratados e convenções internacionais são muito utilizados para evitar a 
bitributação, estabelecer a tributação de mercadorias exportadas e importadas. 
Nos termos do art. 84, VIII, da CF compete privativamente ao Presidente da República celebrar 
tratados ou convenções internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. 
O art. 98 do CTN estabelece que: 
 
Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, 
e serão observados pela que lhes sobrevenha. 
Aplica-se a literalidade do dispositivo supracitado, no sentido de que “os tratados e as 
convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna”. Contudo, 
observa-se que uma vez denunciado o tratado, a norma interna volta a produzir efeitos. 
Assim, tendo em vista que a legislação interna volta a vigorar, uma vez denunciado o tratado, 
não se pode dizer que ela havia sido revogada, mas apenas estava com sua eficácia suspensa. 
 
 
 
 
Tratados e Convenções Internacionais e a Isenção Heterônoma 
 
 
Os Tratados Internacionais podem conceder isenção de tributos estaduais e municipais, uma vez 
que o Presidente da República ao assinar esses tratados, assina como chefe de Estado e não 
 
38 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
como chefe de governo e, por isso, não seria considerado uma isenção heterônoma, vedada 
pela nossa Constituição Federal no art.151, III. 
 
 
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 
1988 DO ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO ESTADUAL 
PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais 
prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países 
signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição 
da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com 
eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. 
No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar 
tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-
membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe 
de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção 
heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário 
conhecido e provido. (STF, Pleno, RE, nº 229.096, Min. Rel. Ilmar Galvão, DJ. 16-08-2007). 
 
 
Normas Complementares 
 
 
Nos termos do art. 100 do CTN, são quatros as normas complementares das leis, dos tratados 
e convenções internacionais e decretos: 
I - Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; 
II - As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua 
eficácia normativa; 
 
39 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
III - As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; 
IV - Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
A observância das normas complementares exclui a imposição de penalidades, a cobrança de 
juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. (CTN, art. 100, 
parágrafo único). 
 
 
Interpretaçãoda Legislação Tributária 
 
 
A aplicação da lei a um caso concreto, seja pela autoridade administrativa, pelo julgador 
ou ainda pelo próprio sujeito passivo, requer a sua interpretação para que seja identificado o seu 
significado e o seu alcance. Assim, fazem-se necessárias no momento de aplicação da legislação 
considerações de ordem léxica, lógica, sistemática, histórica e teleológica. 
Por essa razão, admite-se em direito tributário, salvo as hipóteses previstas no art. 111 
do CTN, a utilização de todos os métodos de interpretação admitidos em direito, tais como o 
método literal, sistemático, teleológico e histórico. 
A interpretação literal analisa pura e simplesmente o significado das palavras 
constantes no texto legal. 
Quanto às hipóteses de suspensão, exclusão do crédito tributário, bem como dispensa 
do cumprimento de obrigação acessória, conforme disposto no art. 111 do CTN, o aplicador 
somente poderá se valer da interpretação LITERAL. 
Assim, todas as hipóteses de suspensão do crédito tributário previstas no art. 151 do 
CTN, e as de exclusão, constantes no art. 175 do CTN, só podem ser interpretadas literalmente. 
 
 
 
 
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 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Matérias que só podem ser interpretadas LITERALMENTE nos termos do Art. 111 
CTN 
 
 
1) Causas de suspensão (art. 151 CTN) e Exclusão do Crédito Tributário (art. 175 
CTN); 
2) Outorga de isenção; 
3) Dispensa de cumprimento de obrigações acessórias. 
 
 
 
Ademais, nos termos do art. 112 do CTN a lei tributária que define infrações, ou que 
comina penalidades, será interpretada da maneira mais favorável ao acusado, sempre que 
houver dúvida quanto: 
(i) à capitulação legal do fato; 
(ii) à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos 
seus efeitos; 
(iii) à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; 
(iv) à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. 
 
 
Ressalta-se, ainda, que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o 
alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados, expressa ou 
implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis 
Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. 
(CTN, art. 110). 
 
41 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
Vistas as possibilidades de interpretação da legislação tributária acima, tem-se ainda 
as situações em que há obscuridade ou lacuna da lei e que se deve preencher o vácuo por meio 
de integração. O art. 108 do CTN permite a utilização da integração desde que ocorra na seguinte 
ordem sucessiva: 
 
(i) analogia; 
(ii) princípios gerais de direito tributário; 
(iii) princípios gerais de direito público; 
(iv) equidade. 
 
O aplicador da legislação se vale da analogia: quando diante de um caso sem previsão 
expressa, utiliza uma norma legal prevista para uma situação semelhante. 
Conquanto, ninguém pode se valer da analogia para cobrar tributo, conforme 
estabelece o § 1º do art. 108 do CTN. 
A equidade atua como instrumento de realização concreta da justiça. Mas ninguém 
pode utilizar a equidade para ser dispensado do pagamento do tributo. 
 
 
Integração da Legislação Tributária (Art. 108 CTN) 
 
 
1) Analogia; 
2) Princípios Gerais de Direito Tributário; 
3) Princípios Gerais de Direito Público; 
4) Equidade. 
 
42 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
 
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
 
 
Conforme prevê o art. 113 do CTN, a obrigação tributária pode ser 
Principal ou Acessória. 
A obrigação principal tem por objeto o pagamento de tributo ou 
penalidade pecuniária. (art. 113, § 1º CTN), consiste em dar dinheiro, pagar. A 
obrigação acessória refere-se, na verdade, aos deveres formais que o sujeito 
passivo está obrigado, a fim de facilitar a arrecadação e a fiscalização. Nos 
termos do art. 113, § 2º do CTN, são prestações positivas ou negativas que irão 
facilitar a arrecadação e a fiscalização dos tributos. Por prestações positivas, 
tem-se como obrigação acessória do sujeito passivo o dever de “emitir nota 
fiscal”, “escriturar livros”, “declarar impostos”, etc. Quanto às prestações 
negativas, cita-se o dever de “não receber mercadorias desacompanhadas da 
devida documentação fiscal”. 
A inobservância de uma obrigação acessória pelo sujeito passivo implica no surgimento 
de uma obrigação principal referente à penalidade tributária. Assim, por exemplo, se o sujeito 
deixar de declarar o imposto de renda, terá que declará-lo com atraso e por esse motivo deverá 
pagar uma multa, essa multa é uma obrigação principal. 
Art. 113 CTN (...) 
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em 
obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. 
O fato do sujeito passivo não ter uma obrigação principal, por gozar de imunidade ou 
isenção tributária, por exemplo, não afasta a sua obrigação acessória, vez que essa é autônoma 
em relação à obrigação principal. 
O sujeito que goza de imunidade ou isenção, ainda assim, deve manter suas 
obrigações acessórias em dia. 
 
 
43 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
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Pessoa com 
Imunidade Tributária 
Pessoa com 
Isenção Tributária 
Pessoa que paga 
Tributos Normalmente 
Não tem obrigação 
principal 
Não tem obrigação 
principal 
Tem obrigação 
principal 
TEM obrigação 
acessória 
TEM obrigação 
acessória 
TEM obrigação 
acessória 
 
Sujeito Ativo 
 
 
É a pessoa jurídica de direito público que detém a competência para exigir o 
cumprimento da obrigação tributária. Pode ser o ente federativo, autarquia, ou qualquer outra 
pessoa jurídica de direito público que detenha capacidade ativa tributária, ou seja, as funções de 
arrecadar e fiscalizar os tributos, conforme estabelece o art. 119 do CTN. 
 
 
Sujeito Passivo 
 
 
O sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa obrigada ao pagamento 
do tributo ou da penalidade tributária. 
À luz do art. 121 do CTN destacam-se dois tipos de sujeitos passivos na relação 
jurídico-tributária: o contribuinte e o responsável. 
O contribuinte, também denominado pela doutrina de sujeito passivo direto, é aquele 
que tem relação direta e pessoal com a situação que constitua o fato gerador da obrigação. Na 
verdade, é quem pratica o fato gerador. 
O proprietário de um imóvel urbano, por praticar o fato gerador do IPTU, “ser 
proprietário de imóvel urbano”, irá pagar esse imposto na condição de contribuinte. 
 
44 
 
 CURSO COMEÇANDO DO ZERO DIREITO TRIBUTÁRIO 
E-BOOK I - DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA JOSIANE MINARDI 
O responsável (sujeito passivo indireto) é aquele que sem revestir a condição de 
contribuinte, mas por ter relação indireta com a situação que constitua o fato gerador, a lei lhe 
atribui o dever de pagar o tributo. Assim, os pais pagam os tributos devidos pelos seus filhos 
menores, na condição de responsáveis, pois o art. 134 do CTN assim estabelece. 
É importante ressaltar que a responsabilidade tributária decorre tão somente de lei. 
Os sujeitos passivos (contribuinte ou responsável) podem ser solidários, desde que 
haja interesse comum na situação que constitua o fato gerador do tributo, ou sempre que a lei 
assim determinar. 
Art. 124. São solidariamente obrigadas: 
I - as pessoas que tenham interesse comum

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